pl00136_ memoria historica

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    N da proposio00136/2016

    Data de autuao15/06/2016

    Assunto principal: PROPOSIESAssunto: PROJETO DE LEI

    Autor: RENATO ROSENO

    Ementa:

    DISPE SOBRE ORIENTAES DE MEMRIA HISTRICA E D OUTRAS PROVIDNCIAS.

    Comisso temtica:

    COMISSO DE CONSTITUIO, JUSTIA E REDAOCOMISSO DOS DIREITOS HUMANOS E CIDADANIACOMISSO DE TRAB. ADM. E SERVIO PBLICO

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    N do documento: (S/N) Tipo do documento: PROJETO DE LEI Descrio: DISPE SOBRE ORIENTAES DE MEMRIA HISTRICA E D OUTRAS PROVIDNCIAS

    Autor: 99589 - RENATO ROSENO Usurio assinador: 99589 - RENATO ROSENO Data da criao: 14/06/2016 17:14:30 Data da assinatura: 14/06/2016 17:15:28

    GABINETE DO DEPUTADO RENATO ROSENO

    AUTOR: RENATO ROSENO

    PROJETO DE LEI14/06/2016

    Dispe sobre orientaes de memria histrica e d outras providncias.

    A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEAR DECRETA:

    Artigo 1. Fica vedado atribuir a prdios, rodovias e reparties pblicas, e bens de qualquer natureza

    pertencente ou sob gesto da Administrao Publica Estadual direta e indireta, nome de pessoa que consteno Relatrio Final da Comisso Nacional da Verdade de que trata a Lei Federal n 12.528/2011 comoresponsvel por violaes de direitos humanos, assim como agente publico, ocupante de cargo de direo,chefia, assessoramento ou assemelhados e pessoas que notoriamente tenham praticado ou pactuado, diretaou indiretamente, com violaes de direitos humanos, notadamente durante o perodo da ditadura militar.

    Artigo 2. A Administrao Publica estadual ter o prazo de um ano, a partir da publicao desta lei, parapromover a alterao da denominao de bens pblicos de qualquer natureza, bem como para promover aretirada de placas, retratos ou bustos que enalteam a memria de pessoas que constem no Relatrio Finalda Comisso Nacional da Verdade de que trata a Lei Federal n 12.528/2011 como responsvel porviolaes de direitos humanos assim como agente publico, ocupante de cargo de direo, chefia,

    assessoramento e assemelhados e pessoas que notoriamente tenham praticado ou pactuado, direta ouindiretamente, com violaes de direitos humanos, notadamente durante o perodo da ditadura militar.

    Paragrafo nico. A determinao do caput no se aplica a esculturas ou obras de arte que no enalteam enem exaltem a memria do homenageado ou, quando ocorram razes de ordem artstica, arquitetnica ouartstico-religiosa para sua manuteno.

    Artigo 3. Fica vedado o uso de bens ou recursos pblicos de qualquer natureza em eventos oficiais ouprivados em comemorao ou exaltao ao golpe militar de 1964 e s pessoas que constem no RelatrioFinal da Comisso Nacional da Verdade de que trata a Lei Federal n 12.528/2011 como responsvel porviolaes de direitos humanos.

    Artigo 4. Ficam cassadas todas as honrarias estaduais concedidas a pessoa que conste no Relatrio Finalda Comisso Nacional da Verdade de que trata a Lei Federal n 12.528/ 2011 como responsvel por

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    violaes de direitos humanos e a agentes pblicos, ocupante de cargo de direo, chefia, assessoramentoe assemelhados e pessoas que notoriamente tenham praticado ou pactuado, direta ou indiretamente, comviolaes de direitos humanos durante a ditadura.

    Paragrafo nico. A Administrao Publica Estadual ter o prazo de um ano, a partir da publicao dapresente lei, para praticar os atos administrativos necessrios para promover a cassao de honrarias quetrata o caput.

    Artigo 5. Esta lei entra em vigor na data de sua publicao.

    SALA DAS SESSES DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEAR, em 14 de Junhode 2016.

    JUSTIFICATIVA:

    A presente proposio tem como objetivo promover, em sintonia com diversas outras iniciativas estaduaise nacionais, os processos de correo histrica relativos memria e justia em nosso Estado.

    As homenagens de prdios pblicos constituem uma face relevante do poder simblico e das diretrizesadministrativas que orientam um Estado Democrtico. Desta forma, as exaltaes prestadas em temposantidemocrticos da nossa histria para violadores de direitos humanos e dos princpios democrticosdevem ser revistas, para que se prestigie o restabelecimento da verdade histrica, da memria s vtimasde torturas e violaes de direitos e para que se consolide a valorizao dos marcos democrticos denosso pas.

    Ademais, o projeto encontra-se de acordo com a tendncia mundial de proteo dos direitos humanos,tendo em vista que os pases que sofreram com governos ditatoriais no valorizam ou exaltam esteperodo histrico com homenagens em prdios pblicos. Como exemplo, podemos citar a Ley deMemoria Historica, da Espanha, que determinou a eliminao de placas, esculturas e nomes de prdiosque fizessem referncia a personalidades comprometidas com violaes de direitos vinculadas ditadurado general Francisco Franco (1939-1976).

    Deve-se destacar que a proposta encontra consonncia com o Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3, consubstanciado no Decreto Federal n 7.037, de 21/12/2009, com diretriz e objetivoestratgicos bem definidos no sentido de modernizar a legislao relacionada com promoo do direito a

    memria e a verdade e de suprimir do ordenamento jurdico brasileiro eventuais normas remanescentesde perodos de exceo que afrontem os compromissos internacionais e os preceitos constitucionais sobreos Direitos Humanos.

    Diversas outras iniciativas estaduais consolidaram legislao semelhante, a exemplo do projeto de lei99/2013 de Sergipe, Decreto N 30.618/2015, do Maranho e iniciativas de Porto Alegre e Paran. Dadosdo INEP apontam que 976 escolas pblicas brasileiras tm nomes de presidentes do perodo da Ditadura,nmero que vem se alterando devido s iniciativas legislativas semelhantes a esta.

    Ademais, vale salientar que a Lei Federal 12.528/2011 que Cria a Comisso Nacional da Verdade dispesobre a elaborao de Relatrio que contextualiza e dimensiona as violaes de direitos ocorridas durante

    a Ditadura Militar, trazendo o apontamento da autoria das graves violaes de direitos humanos em seuCaptulo 16. O documento pode ser consultado no link:.http://www.cnv.gov.br/images/pdf/relatorio/Capitulo%2016.pdf

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    Feita esta justificativa, deve-se destacar que a proposio possui ampla viabilidade e pertinncia jurdica.De incio, no que tange competncia legislativa, pacfico o entendimento de que a proteo dosdireitos humanos, do patrimnio histrico e a defesa dos princpios democrticos matria de atuaoconcorrente dos entes federativos, conforme assegura os artigos 23 e 24 da Constituio Federal.

    No que tange iniciativa legislativa, igualmente pacfico que tais projetos podem ser propostos pordeputados estaduais, a exemplo dos supracitados projetos de outras casas legislativas que tiveram sua

    admissibilidade plenamente reconhecida.

    Isto porque esta proposio no colide com qualquer vedao das iniciativas legislativas porparlamentares. Trata-se de disposio sobre o patrimnio histrico em relao nomeao dos bens doEstado, criando diretrizes e obrigaes que no se consubstanciam em alteraes de competncias dosrgos administrativos, tampouco altera as contas pblicas ou dispe sobre a estrutura da AdministraoEstadual, limitaes taxativas previstas na nossa Constituio Estadual.

    Ademais, sobre a iniciativa parlamentar, vale destacar o entendimento do Ncleo de estudos e pesquisasdo Senado Federal:

    Consideramos, destarte, adequada a teoria j aventada pelo Supremo TribunalFederal (embora no desenvolvida de forma aprofundada) de que o que se veda a iniciativa parlamentar que vise ao redesenho de rgos do Executivo,conferindo-lhes novas e inditas atribuies, inovando a prpria funoinstitucional da unidade orgnica.

    Perceba-se que, ao se adotar essa linha de argumentao, necessrio

    distinguir a criao de uma nova atribuio (o que vedado medianteiniciativa parlamentar) da mera explicitao e/ou regulamentao de uma

    . (grifo nosso)atividade que j cabe ao rgo

    As restries iniciativa parlamentar so previstas no texto da Constituio Estadual e no podem teruma interpretao extensiva. Em seu art.60, dita que:

    Art. 60. Cabe a iniciativa de leis:

    2So de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que disponhamsobre:

    c) criao, organizao, estruturao e competncias das Secretarias de Estado,rgos e entidades da administrao pblica direta e indireta, concesso,permisso, autorizao, delegao e outorga de servios pblicos;

    A princpio, cumpre observar que este projeto no dispe sobre a organizao e funcionamento daO projeto limita-se a dispor sobre normas para que se nomeiem osadministrao pblica estadual.

    prdios e bens pblicos.

    Jos Afonso da Silva define a Administrao Pblica sob dois sentidos: o objetivo e o subjetivo. Sob oaspecto subjetivo, ela consiste no conjunto de agentes, rgos e pessoas jurdicas que tenham aincumbncia de editar as atividades administrativas (SILVA, 2007, p.11). Sob o aspecto objetivo, a

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    administrao a prpria funo administrativa, ou seja, aquela exercida pelo Estado ou por seusdelegados, subjacentemente ordem constitucional e legal, sob regime de direito pblico, com vistas aalcanar os fins colimados pela ordem jurdica (SILVA, 2007, p.04). O autor afirma, ainda, que a funoadministrativa aquela residual em relao s funes jurisdicional e legislativa.

    No projeto em apreo no se disciplinou acerca de nenhuma das dimenses, objetiva ou subjetiva, quecompem a administrao. No redesenha a estrutura dos rgos da Administrao, tampouco lhesconfere atribuies funcionais inditas, apenas retira do escopo de possibilidade de nomeao dos prdios

    e bens pblicos as homenagens aos violadores de direitos humanos. Ademais, diante da farta experinciacom iniciativas legislativas semelhantes de outros Estados, no se olvida da pertinncia e adequao

    jurdica da proposio.

    Dito isto, aps explanao das razes jurdicas e de mrito que fundamentam o projeto, entende-se pelasua admissibilidade e aprovao por esta Assembleia Legislativa.

    RENATO ROSENO

    DEPUTADO (A)

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    N do documento: (S/N) Tipo do documento: DESPACHO Descrio: LEITURA NO EXPEDIENTE

    Autor: 99007 - ALBERTO PORTELA Usurio assinador: 99078 - SRGIO AGUIAR Data da criao: 16/06/2016 10:02:30 Data da assinatura: 16/06/2016 10:30:33

    PLENRIO

    DESPACHO16/06/2016

    LIDO NA 69 (SEXAGSIMA NONA ) SESSO ORDINRIA DA 2 SESSO LEGISLATIVA DA29 LEGISLATURA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEAR, EM 16 DEJUNHO DE 2016.

    CUMPRIR PAUTA.

    SRGIO AGUIAR

    1 SECRETRIO

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    N do documento: (S/N) Tipo do documento: INFORMAO Descrio: ENCAMINHE-SE PROCURADORIA Autor: 17714 - ANNA LUISA JORGE GURGO SALICE Usurio assinador: 17714 - ANNA LUISA JORGE GURGO SALICE Data da criao: 20/06/2016 08:39:23 Data da assinatura: 20/06/2016 08:39:34

    COMISSO DE CONSTITUIO JUSTIA E REDAO

    INFORMAO20/06/2016

    COMISSES TCNICAS CDIGO: FQ-COTEC-034-00

    FORMULRIO DE PROTOCOLO PARA

    PROCURADORIA

    DATA EMISSO: 27/04/2012

    DATA REVISO: 27/04/2012

    ITEM NORMA: 7.2

    MATRIA:

    MENSAGEM NPROJETO DE LEI N 136/2016.PROJETO DE INDICAO N.PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO NPROJETO DE LEI COMPLEMENTAR N.PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL N.PROJETO DE RESOLUO N

    AUTORIA: DEPUTADO RENATO ROSENO

    Encaminha-se Procuradoria para emisso de parecer.

    Comisso de Constituio, Justia e Redao.

    ANNA LUISA JORGE GURGO SALICE

    ASSESSOR (A) DA COMISSO

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    N do documento: (S/N) Tipo do documento: DESPACHO Descrio: PROJETO DE LEI 136/2016 - REMESSA CONSULTORIA TCNICO-JRDICA

    Autor: 99313 - WALMIR ROSA DE SOUSA Usurio assinador: 99313 - WALMIR ROSA DE SOUSA Data da criao: 21/06/2016 09:30:22 Data da assinatura: 21/06/2016 09:30:35

    COORDENADORIA DAS CONSULTORIAS TECNICAS

    DESPACHO21/06/2016

    ENCAMINH-SE CONSULTORIA TCNICO-JURDICA, PARA ANLISE E PARECER.

    WALMIR ROSA DE SOUSA

    COORDENADOR DA PROCURADORIA