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N.° 171 S. Paulo, 23 de Janeiro de 1915 ANNO IV PIEDADÃO JORNALISTA ^^^Jk ""N ^jf/lyk" ¦¦¦'.:¦¦.¦¦-.'.-¦.'¦¦^N, ^x_i«'-l> / Quando eu fôr deputado saberei defender os interesses da nossa classe!...

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N.° 171 S. Paulo, 23 de Janeiro de 1915 ANNO IV

PIEDADÃO JORNALISTA

^^^Jk ""N ^jf/lyk" ¦¦¦'.:¦¦.¦¦-.'.-¦.'¦¦ ^N, ^x_i«'-l>

/

Quando eu fôr deputado saberei defender os interesses da nossa classe!...

O PIRRALHO

A FELICIDADESociedade Mutua de Pecúlios por NASCIMENTOS, CASAMENTOS e MORTALIDADE

Approvada e autorizada a funccionar em toda a Republica pelos decretos Ns. 10.470 e 10.706**ea^.

PECÚLIOS PAGOS MAIS DE 35Q:QQQ$QQQ

Todos os que se inscreverem até 31 de Dezembro de 1914, nas séries de casamento

receberão os pecúlios um mino depois da inscripção.j)epois da inscripção os muiualistas podem casar quando quizerem.

- ¦ lli 3

Quem se inscrevei' nas séries de nascimento, até o fim do corrente anno, será chamado 10

meses depois da inscripção e receberá de uma só vez o pecúlio que lhe couber.õ nascimento pode dar-se em qualquer tempo.

^mmmm»~—wmmmmlüMBMBBM»^mÊÊmmÊmm*^^

•'! : Todo o sócio que propuzer outro.para a sua série terá a seu credito a importância de

cinco contribuições. Depois de completas as séries, por cada oito chamadas feitas, a sociedade

dispensará as contribuições dos mutualistas para as duas chamadas immediatas.

Sede Social: RUA S. BENTO N. 47 (sob.) ¦ Caixa Postal, U ¦ Telephone, 2588-*—¦ SÃO PAULO =s-

a<7vx^rnsem^x

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3Ê3^a^=31

Das marcas mais conhecidasSão estas que causam fé:As mais fortes, mais queridas,São marcas Renault e jjerliet

São os melhores da praça!Pasmem todos! Vejam só!Pois custam quasi de graçaOs autos Tíerliet e Renault

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IE^^E^^E=EEE3E==SE=íílTKJFPedidos: CASA ANTUNES DOS SANTOS - Rua Direita N. 41

S. Paulo, 23 de Janeiro de 1915Numero 171

^A-j2eZ^L£~

Semanário lllustradode Importância

: : : : : evidente

gJj Caixa do Correio, 1026

R e «ri e» oçã oRUA 15 DE NOVEMBRO, 50-B

Dr. BERNARDINO DE CAMPOS

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Foi sob a mais dolorosa impressãode tristeza e acabrunhamento que apopulação de São Paulo viu circular,segunda-feira passada, a desoladoranoticia do fallecimento repentino doegrégio brasileiro, dr. Bernardino deCampos, venerando presidente da Com-missão Directora do Partido Repubii-cano Paulista.

^E logo que se divulgou a tristíssimanoticia, pelo Brasil inteiro a mesmamagua se sentiu, provocando por todaa parte as mais intensas e profundasmanifestações de pezar.

E' que o dr. Bernardino de Campos,si bem que tivesse gasto quasi todasas suas energias no Estado de SãoPaulo, embora houvesse empregado

os melhores fructos da sua, intelligen-cia esclarecida e de seu trabalho inin-terrupto a bem deste Estado, tornara-se de ha muito pela grandeza de seusprincípios, pela nobreza do seu carac-ter, pela dedicação á causa publica,um vulto verdadeiramente nacional,digno do respeito e da admiração deloclos os brasileiros.

Republicano desde os tempos dapropaganda», o dr. Bernardino de Cam-pos foi um ardoroso combatente, umsoldado destemido, um estrenuo defen-sor dos seus ideacs políticos.

Implantado em nosso paiz o reghnenpor que elle tão apaixonadamente sebatera, consagrando-lhe as mais fortese profícuas energias dos seus inesti-maveis annos de maturidade, o glo-rioso extincto iniciou a sua grandeobra de político intemerato, de esta-dista brilhante, de administrador sa-bio e illibado.

Quer como ministro, quer como pre-siclente de Estado, quer como senadorelle foi sempre um servidor exemplarda sua pátria e do seu povo, um lio-mera cheio das mais bellas iniciativas,um paladino abnegado das instituições.

Dispondo de raros e brilhantes do-tes de espirito, que lhe fizeram galgaras mais culminantes posições políticas,sendo um trabalhador infatigavel, odiv Bernardino do Campos era, tani-bem um grande coração, que nuncasoube desamparar os que precisaramdos seus prestimosos serviços.

A morte do inclyto republicano en-cheu de luto a nossa pátria e para oEstado de São Paulo foi unia perdairreparável, quo a todos abalou econsternou.

Mas a sua obra ainda vive e o seunome imperecivel figurará nas pagi-nas da historia republicana comoexemplo de probidade e intelligencia,de trabalho e dedicação.

«O Pirralho» associando-se ás ma-infestações de pezar que partiram doBrasil inteiro, envia á distinctissimafamilia do dr. Bernardino de Camposas mais profundas e sentidas condo-lencias.

1Lol,-AT. C_

2/' o .'-«D.

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!»'-.

O PIKRALHO

Dr. Carlos Guimarães

Passou lia diasmais urna nniversa-rio do dr. CarlosGuimarães, dignovice presidente doEstado.

Intelligencia bri-lliante, caracter a-damantino, activi-dade assombrosa, odr. Carlos Guima-rães tem prestadoe continua a prestarinnumeros serviços

a São Paulo.Quando a enfermidade do Conselheiro Eo-drigues Alves o obrigou a affastar-se do seualto posto, o dr. Carlos Guimarães assumiuo governo do Estado e com raro brilliantis.mo desempenhou-se da não fácil missão, re-velando-se um administrador operoso e habi-lissimo, digno dos mais incondicionaes en-comios.

O ''Pirralho" que sempre foi admirador deS. Exeia, apresentando-lhe sinceros cumpri-mentos faz votou para que a sua vida poli-tica continue ininteruptamente assignaladapelos mais retumbantes triumphos.

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COISAS DA RUA

Um dia, vagueava incerto peia vida,nas Philipinas, um pobre monge quevivia sonhando.

Recolhido dentro de si, triste, só,pária talvez, os seus olhos eram fon-tes de lagrimas, o seu coração cri-sol de soífrimentos.

Era alto e louro, triste e muito triste,o desconhecido sem pátria.

Apavorado, sumido no dilúvio demystícismo que o envolvia todo, osseus olhos viviam volvidos para o céoe a sua figura eternamente tranfigu-rada nos extasis da Divindade.

A's vezes, contam-nos as velhas tra-dicções daquellas paragens, elle sahiada sua pobre tenda e apertando bemde encontro ao peito o seu grosso bre-viário, seguia mudo e só para o cam-po e lá ficava horas e horas ajoelhadoóra ao pé de uma flor, óra ao pé deoutra, rendendo ao Creador as suashomenagens, pela grandiosa obra dacreação das flores.

Desse heroe solitário, nada se sabia.Era talvez um santo que orava dia

e noite e que tinha predilecção pelasplantas. A's vezes, fazia elle longascaminhadas a pé, durante longos me-

zes, deixando abandonada a sua cela.Passavam-se os tempos e quando se

pensava que havia morrido o sol ita-rio monge das campinas, elle appare-cia de novo, examinando nervosamente,flor por flor que encontrava' no cami-nho.

Um dia, uma vista indiscreta viocahir do seu breviario, do grosso bre-viário que elle parecia rezar, um re-trato de mulher.

Era uma ephigie de santa, pensa-ram talvez.

Uma manhã, o desconhecido mysticosumio-se.

Na véspera do seu desapparecimento,viram-n'o muito contente, excepcio-nalmente feliz, empunhando com muitocarinho uma linda flor côr de rosa,de dezeseis pétalas, muito perfumada,cujo extracto inebriava, toda a redon-deza...

E elle sumio se...Passaram-se os tempos. ..Dezembro e Janeiro se succecleram,

uma, duas, trez, quatro vezes.Um dia, soube-se nas Philipinas,

para onde havia ido o desconhecidomystico.

Foi para o Oriente.Uma dama formosa e tentadora, por

quem elle um dia se apaixonara, man-dou-o partir para. o mundo em buscada rara flor que ella amava e queella uma vez tinha visto apenas, nasmão de um viajôr.

Elle partio levando nos olhos aamada visão e no coração os afagosdoces ao suave ideal de vida futurae feliz ao lado da sua eleita.

Ao cabo de longa ausência, o pobredescobrio a flor, mas quando chegouá cidade da sua amada, contaram-lheque ella acabava de fallecer.

E o pobre apaixonado, correndo,ainda teve tempo de collocar apenassobre o corpo ainda morno, da que-rida, a flor que ella amara e ambi-cionára.

Diz então a lenda, que elle, ao collo-car a flor sobre o peito da amada,no seu leito de morte, ella. foi per-dendo bruscamente a sua rosada côre o seu perfume e, ao cabo de algunsinstantes, ficou branca, completamentebranca e sem nenhum extracto.

Chamava-se Camélus o pobre amo-roso, rezava e era mystico para en-contrar a fiôr e o seu breviario erao seu diário, que elle a ninguém con-fiava e era a muda testemunha doseu soffrer e do seu luetar.

E foi dahi, diz a lenda botânica,que Linneu deu o nome de Cameliaa essa flor, rainha descolorida, que

reina de Fevereiro a Abril e que émuda, porque a vóz das flores é operfume e a camelia, coitada, nãofalia e é tisica. . .-

Marcus Priscus.

"Pirralho" Carteiro n-Z.J&

M.»e Fifi. Não pode/5 *ser. Com elle e pro- lvavel que M.lle enconti-e. Não ha razãoPôde. Gratos.

M.me Cândida: É sópor isso a sua tristeza?'. Então é triste por-qne quer. Eemediosnão faltam.

M.me GertrudesPaixão: E' muito eu-rioso tudo quanto nosdiz, não nos interês-sando comtudo. Enfim..

^% ir

mmuito gratos.

HaMello Nogueira: Venha sem falta,muita novidade aqui para si.

M.r Pablo: Não podemos informar. De-mais, esta redacção não é "bureau" deinformações.

Zezé: (Batataes) O meu e o nosso abraçode despedida. E' assim que se faz então?

M.-'e Ninon: Muito grato pelas felicita-ções embora tardias de anuo novo.

Sciente da historia daquelle Senhor BomJesus de Pirapóra.

Digo a M.lle que isso não se faz! SenhorBom Jesus de Pirapóra é muito milagrosoe pode, por castigo, fazel-a se casar com a-

quelle M.r victima da sua satyra. Daquininguém escreverá sobre Fradique... Nãotemos competência. Gostou da modéstia?...Pergunta quem é Dolly? E' uma travessacreatura, que brincando passa a vida, diver-tindo muito o meu carteiro, que aliás é mui-to sisudo e com ella ficou zangado.... porqueella não lhe deu bôas-festas

Kuy Blas, já sarou.O auetor do suelto "A' uma águia prisio-

neira" é o nosso novo sócio Cornelio Pro-ecrio de Carvalho, fino "gentlemann," Fra-dique II, muito e muito intelligente.

Por aram, não conhece Mario. Aquellahistoria da crença e da coragem, para Ninonnão tem significação, mas para Ella tem e...

grande. Garanto-lhe que Ella não está ca-ecteaua. Ha monotonias que nau eançam,já o disse um fino espirito, não é?

Mande a lista.... de graças. Descance quenão a chamarei de importuna. Muito obri-gado.

M.,,e Dolly: No próximo numero respon-derei á sua carta.

AZAMBUJA... Administrador

B§E? ^^=__ O PIRRALHO ~ Igfgjj/

fl NOSSA "EfiQUETE" SOBÇE FRADIQUE JVaEflDES

Fradique Mendes foi extravagantee perdulário. Saturado de um semnumero de phitosQphias, levou a vida.inteira viajando, quasi sempre só, abor-recidamente. Estudou religiões de pa-izes bárbaros, criticou mordazmente lio-mens e cousas, esbanjou inutilmentea immensa fortuna que lhe não custounem uma baga de suor. E? um typopuramente romântico. Não conheçoninguém que nem cie longe se lhepossa comparar: uns são ricos, farta-mente ricos de dinheiro, mas pobres deidéas, horrorosamente pobres; outrossão pobres de dinheiro e ricos de ge-nio; outros ainda, ricos de dinheiro,ricos de gênio, mas não aspiram afigurar ao lado dos personagens ir-reaes que fariam a gloria de Dumas,de Montépin, de Ponson. Basta tergênio para não descer ao exaggeroridiculo do exhibieionismo. Dahi oser Fradique Mendes genuinamenteartificial. Mas, ainda concretizado emcarne, ossos e nobrecasaca, eu o repu-taria inferior ao Pacheco, ao Theodo-rico .Raposo, ao Jacintho, ao Conse-lheiro Acacio...

Fradique Mendes, como poeta, seriatalvez um typo representativo cie vidasuperior, se a anciã febril de perfeiçãonão lhe mutilasse o gênio, se a suasensibilidade de estheta não repudias-se as estrophes das Lapidar/as, se oseu egoismo literário não lhe atrophias-se a expansão productiva da sua arte.Tivesse sido e não repudiaria, com a-queila indifferença sceptica de incon-tentado, as composições que produziupor dilettantismo e por acaso, e queos seus leitores taxavam, deslumbra-dos, de magnificas e monumentaes.Um artista de raça, um escriptor me-diocre ou um desses indivíduos semi-quadrúpedes que por ahi passeiam in-solentemente a sua fatuidade jamaisdeixaram de quedar-se commovidosante o trabalho próprio. E Fradique,etemamonts armado ue uma mame-rença, talvez postiça, pelos seus poe-mas, dá-nos a dolorosa impressão deum conquistador superficialmente le-trado em Índices e lombadas, quandoo vemos falar áquella Clara tão deli-ciosa, naquellas cartas tão quentes etão macias. . .

Fradique Mendes, que não teve cre-dores, que não teve um lar com es-posa e filhos, que não soffreu as agru-ras do trabalho, não foi grande nemno dia em que- deixou cahir um óbo-Io na saecola- murcha de umas cre-ancas maltrapilhas, pelas mãos do

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Smith. Se bem que praticasse umacto assim philanthropico na intimida-de, sem o apregoar pelas columnasdas gazetas e com a consciência dequem andava como um justo, tal ge-nerosidade assumiu proporções defici-entes e contraproducentes, não pas-sando de um reflexo fugitivo e dis-crepante da sua larga intelligencia.Dar esmolas aos mendigos profissio-naes, na rua. ao pé de todos, paraque todos vejam; por intermédio dealgum jornal, para que todos saibam,ou mesmo em casa, por um lacaio delibre, não é ser caridoso. E' que Fra-dique, que se preoccupava quasi exclu-sivamente com exotismos, não previuque com aquelia esmola poderia sus-tentar vicios de pães vagabundos oucontribuir involuntariamente para aproliferação de alguma familia invali-da, de degenerados ou enfermos, queporventura medrasse á sombra ma-ternal da piedade urbana. Por que nãoauxiliava elle os institutos de caridade?

Porque não salvava do opprobrio eda miséria gente válida que soffresseas investidas da sorte madrasta? Asua erudição e o seu gosto artísticonada perderiam com uma pratica maissensata e mais humana da grandevirtude.

Além disso, em amor, foi tambémde uma vulgaridade burgueza. E* in-crivei que um homem sábio, que levoutoda uma existência a guerrear o ri-diciüo, se quedasse por uma noite a tora,depois de deixar a companheira entre-tida com as iguarias de uma ceia, acontemplar um pescoço branco, unshombros largos, uma cabelleira loura.Ali, sob a janella da sua amiga, ion-dou elle por horas e horas, luxuriosa-mente, como um cão de fila.. . Nãose pode ser mais inferior e mais chato.

Será Fradique Mendes um eleganteperfeito ? Absolutamente não sei o queé ser elegante. Será andar pelos ul-timos figurinos? freqüentar as rodasmais altas? discutir modas com senho-ras luteis? levar por uma corrente umenorme perdigueiro através das ruas?assistir apenas ao ultimo acto das re-presentações? dizer graças á visinhae provocar a mulher do próximo? Se-rá trocar a noite pelo dia, freqüentaros clubs, usar monoculo ? Se é a issoque se chama ser elegante, FradiqueMendes não o foi. Preoccupava-se ellemais com as suas tendências analyticas,com as viagens e a critica implacável,do que com a pelintrice, que se nãoé bem elegância pouco lhe falta paraconfundir-se com ella. Fradique Men-des não foi positivamente um eleganteperfeito: envelheceu estupidamente eestupidamente arrebentou aos- 50 an-nos. Levou-o uma pleurisia quasifulminante, quando devera, á feiçãode Petronio, o Arbitro da Elegância,partir da existência menos prosaica-mente, nem que fosse pela porta dosuicídio. Os elegantes morrem assimelegantemente...

Para mim, o typo ideal do homemc tanto Eudha eomo Jesus Chrislo.

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OTjyr-SJ.^7?!_Sff-?.-.---1"-»-''irrt''''-™-B ¦?-¦'. ¦ ; .-..:

O PIRRALHO

NO ABANPONO

Fui rever a casinha abandonadaEm que viveu nossa afeição ardente.Como a encontrei soturna e desolada,Como estava mudada e diferente.

Vi nosso quarto, o alpendre e aquella escadaDe que me lembro tào saudosamente.E cada canto da casinha amadaChorava um bem, uma ventura ausente.

Vi no jardim a mesma solidão,Que de magnas me encheu o coração. .Seccas as dhalias, secco o jasmineiro,Nem uma flor siquer no roseiral,Tudo desfeito, tudo, e no quintalJá nem mais encontrei o gallinheiro...

Jau in ri iü Góes.

Dl*. BEWR^DlfiO ÜE CflJVLPOS

CARTAMinha Adorável Myrümv.

No vertiginoso crescendo em que vae omeu Amor, não sei, não sei men Anjo feitoMnllier, onde iremos parar.

Ja viste por acaso a caudalosa correntede um rio que tudo devasta? A sua quedae a espuma do íarfalhar das suas águas,não le trazem á mente a idéia do vertigi-noso curso de uma Paixão?...

O rio. fecunda a terra e é bom; outrasvezes é máo produzindo febres e miasmas...

Que a corrente do meu Amor me leveserenamente, sobre as suas vagas, ao alme-

jado porto, é o que desejo, recapitulando osuave desusar de Perv e Oecy, na folha da

palmeira sobre a caudalosa correnteza daságuas...

A tua carta ultima, foi-me um meio se-culo de ventura.

Porque lastimar a confissão do teu temor,o pavor da tua queda que esteve iminente'.!...

Ja viste um fogo fatuo que brilha e so-me-se rapidamente, nas velhas necropoles?E o raio que corta-o zig-zagueando e se somecegando-nos por alguns instantes?! E a flor

que a gente colhe e ao se tel-a na mãoella se desfaz em mil pétalas e se some emorre ?

E os fruetos dourados do mar morto quea sente abre e dentro só encontra a cin-za? E os vidros opacos de Pompeia? E asmiragens do Sahara? E os sonhos accorda-dos? E o extracto que morre e a musicacujas notas se quebram, se quebram, nosespaços, até morrer?

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O illüsttfe extineto na eamafa mcmtüaids..

E ainda assim és timida. Tudo na vidatende a um fim. Porque não havemos derealisar logo, depressa, o fim a que o meucoração e o teu, Querida, nos levam a rea-lisar?

A amizade ê a essência e o Amor é aforma.

A essência é a matéria prima: a fôrma éa vida. Porque não havemos pois de darvida, corpo, realidade, sangue, côr e luz, aessa essência que já me transborda a alma,impellindo-me na propulsão da sua fúriadiluviana, para te Amar, para ser teu, teu,buscando no teu Amor, o paraizo talvez

profanado por outros.Não confias ainda em mim? Que espécie

de Amizade é essa ?Quero que me mandes a historia que me

ias mandar.E' para mim só para mim. Quando te

leio, meu Amor, um mundo de coisas boasme innundam o espirito.

Attende-me pois concedendo-me uma mi-

galha de ventura, pois bem mais feliz euseria se tu mesma, me contasses essa singelahistoria, recebendo da minha bocea o sinetedo Amor, vendo no meu coração a custodiada tua almazinha feita de luz...

Detestas então o ponto final V Eu, detestoa reticência, que representa a falta de fran-

queza de tua parte commigo, prova eviden;te, de que ainda não me queres bem...

Tua ultima carta, meu Amor, chegou-meás mãos muito tarde. Por isso é que só hojete escrevo.

Adeus. Pensa em quem é teu com alma,coração e aftectos e tem no peito reverbérosdo teu Amor e no olhar anceios loucos datua visão...

_4' toi... Mario.

... I . msamam ^

O PÍER ALHOc^s

"PIRRALHO" SOCIALMoino já

ahi está, so-berboe vic-feoriosG,oomtodo o seuséquito tri-um i hal doseternos ad-mirado resda Folia eda Loucura... O carna-

tal bate á porta. E agora otempo em que até os frades ...de pedra, põem á margem asattribuições de uma existênciacheia de tropeços, abandonamo seu aspecto vetusto para seentregarem de alma e corpo aoeterno deus da loucura, aquelleque todos os annos nos visita,uma vez, para amenisar as ma-guas e o sofíre;' de' uma vidatoda cheia de abrolhos e ascuas,que nos torturam e nos marty-risani. E agora a época, por to-dos esperada com anciã, em queo mais sisudo mortal tem queceder ás influencias do ambiente,e trocar pela mascara a sua phy-sionomia séria e carrancnda dej>hilosopho aposentado, entrandoa fazer parte dessa inimensacohorte de « legionarios do A ver-no d que apaga, com a sua ale-gria e expansibilidade, nestesdias ruidosos, toda magna accu-mulada no incessante peregrinai*pela «via dolorosa» da exis-tencia.

Todos já se preparam para ostrês dias magnos. E nós desta

Paulicéa outr'ora « acaipirada»,parece que comprehendemostambém quê é necessário diver-tir-se a gente nos dias consagradosa alegria; e é cum esse intuito

que todas as noites um bandoalaere de moças e rapazes sereúnem no jardim da Praça daRepublica, e alli travam renhi-das batalhas de confetti e lança-

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1KI.LLE MARIA AMÉLIA CASTILHO DE ANDRADE

perfumes, pondo uma nota testiva naquellas alamedas ensom-bradas, onde dorme o sen somnode bronze esse extranho poetaque foi Alvares de Azevedo,t que no choro de praxe dosamargurados de estylo, conserva-va uma alma de rosa a rescenderperfumes ». E aquelle s a quema crise não permitte adquirirsiquer um tubo de perfume, es-ses se contentam com o vêr amultidão que se diverte; e gra-ças a esse interessante pheno-meno da synergia se divertemtambém sem despender um ma-

gro nickel. A Praça da liepu-blica é e sempre foi o pontochie nos dias que piecedem aocarnaval. Para ella aecorrem asmoças mais chies de S. Paulo, oelemento mais fino da nossa so-ciedade, e alli installam o « Cursode Preparatórios» ou «CursoAnnexo » do Carnaval. E a notainteressante do Curso Annexoc a seguinte: não ha almimos,todos são cathedraticos da ma-teria....

A propositoadas reuniões dar— -r. X

„..»; ÍJÜ- •...*>.- • -«Sun.-*..*»»*: -J->

Praça";;da JEepubliea, pede-nosum grupo de senhoritas solici-temos do dr. Washington Luiz,digno prefeito do município,uma providencia no sentido deampliar a illuminação do jar-dim, pelo menos nos dias (pie

precedem ao carnaval. Esse

pedido é dos mais justos, e é

por isso (pie de bom grado o

LANTERNA MÁGICAA Cotmelio Ppoeopio.

YlSÒES. E RECOÜDAÇÒES — U.MA REPRESENTAÇÃO DE GRASSO NA SrCILIAoo

As noticias telegi aphicas de terremotos na Itália acordam-me amemória para os dias em que me impressionaram os panoramas daGrande Grécia, e ponho a lembrar-me particularmente de Messinadestruída, pnant le cadavre três annos depois do cataclysma.

Ainda em Maio do anno passado, revolveu-se toda essa região decalma paysagem que vae de Catania a Acireale e d'ahi a GiardiniTaormina, onde a poesia do Kaiser vinha descançar em egloga dosmezes de locubração guerreira e trágica—toda essa região que se

diria fixada immorredouramente em puríssima tela, tão azul é o mar(1'nm só colorido, tão verde é" o laranjal immenso da costa; tão pa-rado está o Etna, na luz maravilhosa, com o seu fio de fumaçabranca, immovei!

E' a Sicilia vulcânica que abrigou os ultinios dias do venerandoEselrylo, pae da tragédia, e que na Itália renascente (Veste século,

produzio o gênio bárbaro de Giovanni Grasso.

Conheci Grasso aqui, nos dias em que o seu triumpho abalavade alto a baixo o velho Potytheama de zinco.

Em Londres, a nossa camaradagem se estreitara por freqüênciano mesmo circulo de forasteiros e artistas. E, uma tarde, abaleide Nápoles em rumo da desconhecida Calábria, d'onde passaria oestreito para abraçar o meu amigo.

A viagem fora cheia de suggestões, sendo a partida no scenariocrepuscular das raízes do Vesuvio que vinham espremer de encon-

O. PIRRALHO ^=^t(Í

transmittimos ao dr. Washington Luiz, que,sem duvida, attenderá a distincta comnrissão

que falia em nome daquelles que fazem daPraça o seu ponto predilecto de diversões.

uc jvfci JÜC

É digno de lêr-se o Propôs d'un parisien,que Clement Vantel assigna no Matin.

As leitoras que o apreciem :Um amigo submetteu á minha apreciação

o texto de um prospecto relativo a uniaemprezn que elle se propõe lançar.

Os nossos instantâneos

ÜB ~tÍmM *"* i^L^Lr—"K \

" jVupcial-cinema. "

JVoivos!

Quereis guardar uma lembrança animada,viva, do mais feliz dia da vossa vida.'' Fa-zci cinematographar a cerimonia (religiosaou civil) do vosso casamento e mais tarde

podereis vel-a passar na tela, como'jovensamorosos que fosteis, cheios de esperança no

futuro.Àpparelho de projeccòes. {Modelo conju-

gal). Pedi catálogos. »Acredita — pergunta-me o meu amigo,

no futuro do « Nirpcial-Oinema? >Hein ! ? Primeiro, pergunto se será in-

teressante conservar uma lembrança animada,viva, da velha tia que ficou mal collocadano cortejo, ou dos primos e outros parentescom quem mais tarde os noivos cortaramrelações. Ha mais :

O Nupcial-Cinema não pode ser um sue-cesso para aquelles homens que se casam,ouso dizel-o, condicionalmente.

Para os assignantes, registaremos na

fita os baptismos, as festas de anniversario,os... .

Os baptismos Dada a nossa época,o que o seu Nupcial Cinema deveria regis-

tar é o fim do drama passional, com pança-daria, descomposturas e . . .. o mais. Isso é

que seria um film de sensação, embora o

assumpto seja vulgar.Parece que o meu amigo vae optar pelo

< Divorcio-Cinema, » com seus precedentes...

zjc. zjc ^k-

E' de M.lle Maria Amélia Castilho de An-drade, o retrato que hoje com muito prazero Pirralho publica.

Incontestavelmente cheia de mil attractivose de mil encantos, M.lle Maria de Andradese tornou em nossa sociedade, um raro or-

Os nossos instantâneos

namento de reaes encantos ede grande realce.Os nossos leitores que se deliciem, com

essa encantadora visão...

zjc &. zte.

Inaugurou-se ha dias, á Rua Barão deItapetininga, um dos melhores cinemas quea Paulicéa possúe.

Referimo-nos ao Brasil- Cinema, a magni-fica e luxuosa casa de diversões que, não hacontestar, é o mais confortável cinema danossa iirbs. Fomos um destes dias ao Bra-sil-Cinema, mas com a mesma calma e in-

tro ao mar aldeias e caminhos; depois, na noite, gares mal defi-

nidas na frouxa luz do gaz, com typos encapotados e lentos de

guardas; depois, uma súbita gravura forte de festa d'igrcja a íllu-

minar um burgo perdido do antigo Lacio, e nomes bonitos de ei-

dades - Battipaglia, Salerno onde, em baixo, os lampeões marca-

vam a curva do golpho . ..Pela manhã, o litoral risonho da Calábria annunciou-me aspectos

novos _ parapeitos e abysmos sobre o largo mar a cada sabida de

túnel, uma estação balnearea de província, cidadezinhas pioto-rescas...

Villa San-Giovanni, o estreito azulissimo, Messina, Taormina,

Aci-Reale, Catnnia.* #

> •

O theatro original de Giovanni Grasso, conservado na sua nudez

primitiva como relíquia de família, chama-se Theatro Macchiavelli

e Dão sahe da vulgaridade de aspecto d'um casarão de rua pobreem Catania,

Apenas, depois da reputação tornada universal desse impetuoso

que presentido por um dramaturgo celebre no seu jogo de marion-

nettes e por elle impellido, juntou um dia um grupo desordenado

de companheiros e partiu a fazer tremer o mundo deante da sua

potência de expressão trágica — apenas uma serie de trinta mascaras

suas, de riso e de dor, de bandido calabrês a Othello, de heroe

operário de Suderman a velho camponio, ornam de redor o tecto

da platéa.0 resto é o theatrinho rústico de cidade rural italiana, enegre-

cido em dezenas de annos na fumarada dos cachimbos.

Aquella noite, reunira-se n'elle um publico commiun de dia útil.

E na promiscuidade pictoresca da sala, blasphemava-se e ria-se alto,

emquanto no pequeno palco, uma menina de ardente typo siciliano,

mettida numa roupa de lentejoulas d'onde brotava folgado o corpo mo-

reno, cantava ao compasso duma orchestra de três figuras.

No emtanto Grasso me promettera trocar o espectaculo habitual

da troupe que alli mantém em menagerie, por um acto que jogariacom o seu irmão Miccio.

E como terminasse o café-concerto, eu me divertia em percorreraquelle auditório disparatado e ruidoso. Estirado em ti es cadeiras

de ferro, em meio da balburdia, dormia um vagabundo adolescente,

desses que a vida pictoresca de Nápoles e da Itália Meridional

fez clássicos nas lithographias de cães. Tinha um braço por tra-

vesseiro, o chapéu cabido para os olhos e descalços os pés sujos.

** *

Mas eis que o drama começa. Uma mulher, uma velha e uma

creança enchem a scena que representa um mesquinho interior.

H6l O PIRE ALHO ^H3l-**3" )'j —: I r —*^__

/

y

diiierença de quem já conhece de sobejo oscinemas paulistas e o modo por que estãoinstallados. De maneira que foi para nósverdadeira surpresa, e das mais agradáveis,

-encontramo-nos numa sala de espera, ma-

gnificamente illuminada, e ante uma selec-tissima. sociedade, que outra não era a qnelá estava a ouvir, a deliciar-se com as es-

plendidas romanzas que o tenor Dondini e• d'Argentan cantavan no palco, ao fundo.

Bellissima idéia e original foi essa quetiveram os proprietários do Brasil-Cinema!

Em geral, as salas de espera dos nossoscinemas são bem illuminadas e arranjadasmesmo com certo esmero. Mas nenhumadellas, por certo, poderá siquer, comparar-seá do Brasil, tão encantadora é ella, jselaornamentação 3 gosto esthetico. E uma salaamplamente illuminada, com frizas e cama-rotes para as famílias.

O salão de exhibições também nada deixaa desejar. O luxo e a magnificência de um,são eguaes ao do outros.

As fitas, muito nitidas, e as projecçõesbem firmes na tela. Por tudo isso parece-nosque as nossas meninas chies devem fazeralli o seu ponto predilecto, principalmentenestes tempos de carnaval, em que seriadelicioso vêr-se travarem-se batalhas de Ian.ça perfumes na sala de espera do Erasil-Ci-nema. Anime-se a nossa elite, e compareçaem peso ao elegante cinema, para correspon-der assim ao esforço da empreza. E umacasa que merece bem ser freqüentada portoda gente chie. Ademais, annuncia-.se parabreve uma matinée dançante no Brazil; eestamos certos de que, ao depois dessa reu.nião chie, o Brasil será pequeno para contertoda gente que lá irá passar algumas horasdeliciosas.

Destas columnas, como chronista que so-mos das cousas sociaes da Paulicéa,, enviamosá esforçada empreza nossos parabéns ellusi-vos, por dotar a nossa opulenta capital commais um logar chie de reuniões.

Visitem as nossas gentis leitoras e os nos-sos leitores o elegante Brasil, c estas linhasestarão plenamente justificadas.

-*jj£ _t_ ._£.

M.He A. CM.lle é incontestavelmente uma das moças

mais distinetas da nossa sociedade. Formadapela Escola Normal, de onde sahiu ha qua-tros annos, m.lle conserva ainda bem gra-vados na memória os deliciosos tempos quealli passou. Foi, naquella casa de ensinosuma das mais distinetas alumnas e, em to-das as commemorações que lá havia, a pa-lavra de m.lle se fazia ouvir. E era umadelicia ouvil-a. O auditório a applaudiacom sinceridade sempre; e ao fim, não sesabia que mais admirar: si a sua palavraataviada e harmoniosa, si o seu porte dis-tineto ou o gesto delicado de oradora.

M.lle é morena, olhos verdes, cnbellos cas-tanhos. Eeside no bairro da Bella Vista.No seu olhar, ingênuo e doce, no andar ele-gante, altivo, e ao mesmo tempo modestotransj)arece um não sei que de exquisito eperfumado. Adora os bailes e os pic-nic,onde sempre vae em companhia de sua gen*til amiguinha H, R. Já estava tardando emapparecer nestas columnas, onde se tem tra-çado o perfil de quasi todas as moças chiesda Paulicéa, o de m.lle A. C.

Dizem que m.lle é muito geniosa. Irámaguar-se com este perfil ?

_XC. _4£ àfcLCom a senhorita Alcina Cozar, distineta

moça paulista, filha do dr. Silvino Braulio

Cezar, contractou seu casamento nesta capi-tal o nosso presado amigo Enrico Mendes.M.lle Alcina Cezar })ertence a distineta econsiderada família paulista, e possúe esme-rada educação e raros dotes de espirito. Onoivo, é bastante conhecido nesta capitalonde gosa de geral e merecida estima.

Ao futuro par, o Pirralho, ao mesmo tem-po qne agradece a amável participação, en-via suas felicitações.

Ruy Bi.as

D. JOSÉ' DE CAMARGO BARROS

na—a¦———mko—-——aBB>K_ii^ra~iB---a—<—b

0 magnífico busto do saudoso bispo de S."Paulo executado pelofestejado esculptor Júlio Starace.

Vaiini vae chegar do cárcere, um telegramma o annunciou. E ellas

presentem a tragédia. Elle partira entre dois gendarmes doze annosatraz, por ter assassinado um achincalhador da honra do lar. E airmã, ücando só, entregara-se a um seduetor com quem vive.

A velha, que é a mãe do Dom Juan de aldeia, teme pelo filho.Este entra. E' o irmão de Grasso. O publico reconhece-o e acla-ma-o. MagrOj anguloso, antipathico, é excellente o typo do mauhomem que elle faz, e quando as mulheres afflictas o cercam e lhefalam da immediata chegada de Vanni que nada sabe, eil-o queposa cynica indifferença.

Grasso estaca na porta, e logo de sua figura de fauve que con-centra todas as possibilidades de dor humana, de alegria, de amor,irradia um real prestigio de scena.

O seu pnblico, o publico que o vira nascer, partir, voltar cheiode gloria, emmudece galvanisado deante da inesperada resurreição.

Elle avança então, firme, grande, forte, contendo a alegria de re-vp>r a irmã, abraça-a n'um súbito elan meridional, beija-a e chora.E' um doloroso desabafo onde vem, em soluços e lagrimas, toda atriste aventura do seu captiveiro — doze annos, a mãe morta, airmã pobre alli!

Acalmara-se agora, espantara-se um tanto do intruso, beijara avelha.

Mas a creança o interessa, toma-a no collo, feliz de se ver denovo incorporado á vida de todos ...

Conta, quem é o teu papá ?Aquelle! e a pequenina aponta para o arrogante que perma-

nece de costas.Ah ! E' teu pae ! E a mama VAquella!

Ao ver a irmã indicada, elle vi-se fortemente, mas depressa arisada morre ante o desolado silencio da sala.

O teu pae ?Aquelle!

A tua mãe ?Aquella I

O seu olhar, vae d'um á outra, seguindo a direcçáo do bracinlio-

que mostra.Não é possível.

Levantou-se. E com voz surda.O teu pae ?

E a creança inflexível:Aquelle !

A tua mãe ?Aquella!

Num salto de fera, elle agarrou a irmã peccaminosa. Com umaúnica mão, a esquerda, levanta-a no ar, e bate-lhe tão forte no rosto,espanca-a toda, arranca-lhe os cabellos com tal raiva, que tenho-Ímpetos de gritar. Nunca o vira assim, nas suas ma« violenta»

m O PIREALHO

AS CARTAS D'ABAX'0 0 PIQUES4)s gandidato do partido democrático —

Io co Piedadó na Camera Afederala•' — O migno prugrammo — O pru-

grammo do Piedadó — A Xapa=

0 partido di-mocratico é opartido políticomaise impurtan-to di San Baoloi é o xefe dellio inlustro goro-nello Piedadó.

Io só o segre-tario i o Capitofoi barrado, purcausa chei lio erao tisoriere ma

abri o pala co aramo do partido.O P. D. é molto migliore clu P. R.

C, pur causa, che o P. R. C. tê o Pi-gnêre chi é un briganti, ladro i ca-çino i o P. D. os xefe só io co Pie-dado chi summo duos uomino onradoi! traba gliadore. Ninguê é gapaze diphivá che io co Piedadó fizemo qual-qüere gatunagio! Aposto si arguê égapaze di pruváü. , . Aquillo nigozioda Guardiã Anazionala che o Piedadóavubô tuttos aramo do glubo, é min-tira! Dó o migno piscoço p'ra gortásf non é mintiraf!. ..

O partido climocratico te per fineaclifèiidc os interesse do povo, dos is-primido i dos operário apirsiguido clirucubacea. Aprutegê os fraco i ins-gugliambá cos forte ista, é a bandióradu partido climocratico.

Aóra chi stó prossimando as épocadas inleçó afederala i chi tuttos par-tido pulittico tê gandidato, o P. D.tambê arisorvê apresenta duos inlustrogandidato chi summo io co Piedadó.

O Piedadó é incontestaveramenti unuómo inlustro i chi p'ros morto ser-vizio chi tê prestado p'râ gausa pu-blvça merece sê duvida o arto postochi a naçó quere che illo vá incupá.

Fui o Piedadó chi urganizô a briosae chi giunto co Capito dirigiro a nu-tabile gamp-agna hermiste andove furovirgognosamente adirrotado, ma nonligáro.

Fui gandidato na passata inleçó afe-dera Ia i tambê fui valentemente adi-rotado.

In seguiclamenti fui gandidato p'radisputado staduale, vereadpre i juizodi paiz du distrittimo da Gonçolaçó isempre fui barrado.

É un nutabile di voga do i giornalisteinzima o «Grito do povolo,» o giur-nale maise inclipendenti da zona,. Mol-to maise indipendenti du giornali cluGartola!

No sus prugrammo tê varas robbamolto impurtanta come seja a riformadu regimeo ripubligano, che cunformoo prugetto clu Piedadó devi sê na, se-guinte maniéra: o prisidenti devi agu-vcrná até morro i os disputados tam-bê. Tuttas genti, p'ra sê funzionariopubligo tê cli sê primiére ufficiali da«briosa» sino non podi, ecc. ecc. ecc.ecc

Otro gandidato só io, chi tengo tambêmoltos servizio p'ra gauza publiga.

Só io o migliore barbiére di SanBaolo i só io chi faccio a barba dituttos pissoalo impurtanto come o Ro-drigo Alveros, o Sampá Vidálo, o Ar-tigno, o G. Misquito, o Lavigido, oBurquerque Lignos ecc. ecc.

Sono tambê u primiére zanfonisteda banda du Fieramosea, i qua no iovó tucá fica xiigno di minina chi voiscuitá, pur causa che io só un Mas-cagni inzima a zanfona.

Come jura aliste ingoppa u «Piralhu»fui io che non dixê vim a tervencó inSan Baolo, pur causa chi o Hermezefico con paúra dos mignos artigolosvibrantimo.

Come capo inletorale io sono uncamerata gotuba. Inleçó che io tomogonta, aposto si tê arguê gapaze diarubá migliore de io.

Tegno moltos prugetto impurtanto,incrusivio in primiére lugáro adimittio Lacarato do lugaro di subrindiligatodo Bó Ritiro i inforcá o Capito.

Io co Piedadó sommo os miglioregandidato p'ra disputado afederale.

Vote tuttos no Banananére i noPiedadó!....

p'ra disputados afederale

Giuseppe Brasile Paulista Zanto AmaroPiedade

Divogado i giurnaliste, risidento na Capitale

Juó Intalia Napule d Abax'o PiguesBananére

Barbiére i giurnaliste, residente na Capitale

Vote tuttos in nois.Juó Baxankkk

creações. ,Tá não é theatro aquillo, não é gran-guigriol, não ! E' vida,vida trágica, impetuosa, vida siciliana, é Grasso no seu theatro deCatania!

E um frio gela-me os ossos quando elle mantém ainda a pobrecreatura, arfando, de olhos esbugalhados e a bocca tremula de dore os cabellos esparsos, sobre uma mesa, á mercê da sua justiça debruto.

D'alii, uma calma terrível, prenunciadora de desgraças, se esta-belece e enerva.

Elle largou a irmã e fita o bandido que a sedusio o não se quercasar.

Cinco minutos ainda de relutância fria, severa, contra a impe-tnosidade que lhe ferve por dentro e de novo, a luta estala, agitaa scena toda, e, num arranco só os corpos unidos rolam pelo chão.O outro com uma admirável presteza de magro, arrancara a faca

que Grasso apanhou no ar.

E por cima, esmagando o miserável que se esforce, eil-o quetorna contra elle a lamina aguda, emquanto pára traz, a velha mãedescabe liada soluça de braços erguidos.

Mas Grasso vacilou no gesto assassino, alguma coisa forte con-teve-lhe o braço, e o persuade, e o chama, e, no formidável grupo

dos corpos enlaçados, a sua cabeça de fora se desprende, se move

á luz da ribalta. preseruta....Súbito, arquejante de nova emoção que o possue e transfigura,

desvencilhou-se do outro, e, senhor da lamina, póz-se de pé, vaci-lante, como que illuminado. . .

E, no silencio, ouve-se um ligeiro tremulo de campainhas. Látora, na calma rua de aldeia siciliana, é o Viatico que passa. E o

acto fecha com as quatro figuras atiradas de joelhos, no rude chãoda casa pobre, na adoração humilde do Senhor que passando lhes

estancou a sede da alma, e lhes curou as feridas do coração.

Quando o panno cahiu, a reacção se estabelecera furiosa, indo.-mavel. E o pobre publico de Catania que fora aquella noite aotheatro por dèsoenvrement, correspondeu na apotheose turbulenta

que fez, á resurreiçãc maravilhosa do seu gênio nacional.

A ponto tal que o vagabundo estirado sobre as trcs cadenas de-ferro, esfregava os olhos, accordado.

OSWALD DE ANDRADE

D*. BE^fíRDIflO DE CAMPOS

wm/*tÊB*nmiMÊmmmÊÊiÊmimm&aiii^Bi^*B^n**ltmmÊmmmm^mmm'mmmmmm'mmmmm' »™»>j^(»»»b™»»«»sí«ij»«»jíi»i«ii^i»^ssí^^iiissis»í1ssss»«

Diversos aspeefcos apanhados poi* oeeasião do entetftfo do venerando chefe republicano

O PIRRALHO

Novas etiquetesDo nosso presado collaboradof Stiunirio

Gama recebemos com data de 14 deste, as

seguintes iüeas sobre enquêtes:

A propósito de Fradique — Euzebio Macario e José Fistula —

tj

Interessante; útil o instructiva a enquetdo «Pirralho» sobre a personalidade de Fra-dique Mendes — a extraordinária figura cre.

ada pelo nãu menus extraordinário xjça.

Quatro literatos, Amadeu Amaral, Gomesdos Santos, Mello Nogueira e Octavio Au-

gusto, responderam ao appello, embora fu-

gindo ás perguntas formuladas, divagarammuito, fizeram considerações philosophicas,citavam nomes diinceis de autores respei-tados, esquecendo-se da figura principal: —

Fradique. Octavio Augusto, porém, foi mais

positivo do que os outros.Affirmou cathegoricamente qne Fradique

não é o typo representativo da vida superior,mas sim um typo representativo da vidaficticia, futil apezar de erudita. Negou tam-bem que fosse um elegante perfeito e isso

porque a erudição tira o dom supremo daelegância perfeita, que é a ignorância.

Não concordo com a ultima parte. A eru-dição não impede que o indivíduo seja ele-

gante, refinadamente elegante. EduardoPrado, Eça, Ramalho Ortigão, Eostand, Joãodo Kio, Joaquim Nabaas, Roberto Moreira,Mello Nogueira e muitos outros, nacionaese extrangeiros, vivos ou mortos, foram esão elegantes e ninguém, apezar disso, po.dera, em consciência, affirmar que os cava-llieiros citados são ignorantes.

Referindo-me á resposta de Octavio Au-

gusto — o mais positivo, repito, de todas osliteratos que até agora responderam — nãotenbo a pretenção de criticar o seu trabalho,

que, a meu ver, é perfeito, ou quasi per-feito, porque a perfeição, é também opiniãominha, não existe.

Alludi á enquete exclusivamente para dizer

que a individualidade de Fradique é pordemais completa para o nosso meio litera-rio, ainda em embryão.

Teria sido outro o successo se o Pirralho,ao em vez de desencavar um typo compli-cado, tivesse escolhido outro mais accessivelao nosso talento e á nossa cultura literária,Existe por ahi uma infinidade de typos sim-

pies e modestos, dignos de estudo e de umaenquête. Porque não lançar sobre elles anossa attençâo ? Deixemos aos nossos netosa opinião sobre os super-homens; procure-mos, nós, os burguezes.

Será um tri amplio para o Pirralho.

Encerrada a de Fradique, abra o sym-

pathico orgam nova enquête sobre dois typoscreados pelo grande Camillo:

É Euzebio Macario, o typo completo do

orador politico-popular ?

# =':!

É José Fistula, o typo perfeito do boti-

cario pratico?Stiunirio Gama

Espere o nosso caro Stiunirio e verá como

só Fradique é capaz de movimentar o nosso

preguiçoso meio litterario e mundano.

Um Coroné, chefe do partidoda Zona Bíxiga está apertado; deveclivídir-se — metade p.a o Raui eoutra metade para o Commandaiitesuperior; este ao ter conhecimento dadivisão esclama: — lago, non sei piáCapitano! (Otello) e lá se vai a brigada

para o esquecimento.

A política nos bairros ***

Bella Vista

Dialogo entre dois Brasileiros, (!)

que dezejavam alistar-se eleitores paravotar com o Capitão da gravata ama-

rella (o Bernardo).Indo, agora é qui nu si arrangia

nata; O Curunello Niculai du Sandu,

nu descia passa ninhuno taliano, na

giundo littorale.Esto e una cumbersa, ieu vai

allá e endreco os papellos e si o Cu-

runello dice quarquere cosa dico praello che io sape a donde ello nasceu.

Ello e taliano també!?Cumo pote essere taliano si ello

e du SanduíAhi e che a mulhere do Porco,

storse achillo chi a genti sape!!!...Indo clice bé o dittato — «che

chi tene tigliato di vitros nu deve

pingiá petra pri incima na ária»., , 3*

Está havendo um trabalhinho paraderrubar um chefe do partido extincto— Hermista, e as cous^s andam ás

mil maravilhas. —

0 alferes Hernani, pleiteara sua

eleição para Juiz de Paz da SàracuraGrande, attendendo aos rogos do Dr.

Vianna: Os votos serão todos de côr ...

escura.

As conferências do Coronel Pedro

Reis e o seu Capitão ajudante, tem

dado u que pensar ao Niculàu queestá por um fio.

Cuidado seu Nicolau, lembre-se queesse pessoal não dorme e a bomba

estoura e é logo ,..

Porque será que de alguns temposa esta parte, certos empregados doCorreio, visitam muito amiudadamenteo Cartório de Paz?

Será para registrar ereanças... ou

pedidos de cartuchos?"E' chi lo sá!

Cabo Eleitoral.

Villa Cerqueira César

Então, dizem tanta coisa a res-

peito do Eiras.Nada ha de certo, meu caro,

sinão que o Eiras é independentissimo.Mas cie que partido?De nenhum, é franco atirador e

como tal as suas attitudes serão francas.

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o no Rio . I

Anno I RIO DE JANEIRO, Sabbado 23 de Janeiro de 1915 Num. IY

TROÇAS M StMU* *

Para o pobre chronista, a procurade assumpto é, sem duvida, uma tra-o-p.dia, tão hpiroina pomo a,a velhas tra-geclias gregas da escola de Sophochesou de Eschylo... Verdadeiras batalhas,tanto mais encarniçadas quanto sãodirigidas contra o vácuo cia escassezde themas a abordar ou da rebeldiaconstante ou momentânea do intelecto;de quantas luctas encarniçadas e fe-rozes como a das forças alliadas con-tra os soldados do Kaiser e de Mano-met - o propheta, não é theatro, brancocomo as estéreis e nevadas steppes daSibéria, uma tira esguia de desolado-ra brancura!

Quão repetidas vezes não procuraa penna o tinteiro, como se no pro-dueto da alchmia industrial fosse pos-sivel encontrar a inspiração que nãochega, segurar alli as idéias fugidias,eomo se estas podessem se esconderno crystal de um tinteiro cheio... Ah!meus amigos, qne o são todos os quetiverem a complacença, certo estra-nhavel em pessoas de bom gosto, deacompanharem estas linhas de prosainsulsa, não sabeis, e eu vos felicito, oque seja a mortal angustia de estudarthezes que não lembram, de fixar ide-ias differentes das que nos agitam opensamento. Terrivel tortura!

E ainda quando o chronista possuepara vestir as suas phantazias as rou-pagens ai acres de Pierrot, em cujofarfalhar sonoro se pode esconder acompleta auzencia de uma scentelhade espirito, da verdadeira e fina ver-ve de Pangloss, a sua missão torna-sefácil. Não necessita elle de um gostoa commentar; vai tilintanto os guizos,gargalhando pela estrada a fora, ecomo o riso è contagioso, segundo af-firmam os sábios que o estudaram -

que por certo não riem nunca, os se-us leitores também rirão, acharão gra-ça sem saberem seguramente porque...

O caso do Estado do Rio está velho.E quem leu as linhas que sobre ei-le escrevemos, no numero passado, cer-to não se surprehendeu com a attitu-de do sr. Nilo Peçanha, recusando osbons officios da politica paulista e mi-neira para uma acomodação honrosa epatriótica, que consultasse, no momen-to, os altos interesses nacionaes.

Estran havei para muitos, essa atti-tude é absolutamente coherente como passado político do honrado deten-tor do governo fluminense, como, ain-da ha dias demonstrou, com o brilhoda sua palavra candente, o mais no-tavel dos nossos parlamentares, o sr.Irineu Machado.

Perdeu pois o interesse dos primei-ros dias o -caso do Rio, sobre [o qualnada de novo se pode dizer antesque o Congresso Nacional diga a ulti-ma palavra.

E assim transcorreu, insipida e e-gual, a semana que findou.

A única troça digna de registro, aexclusão do deputado Irineu Machadodo P. R. L., devemos sobre ella sileu-ciar, pela magoa profunda que noscausa esse tristíssimo symptoina...

Rio de Janeiro 915

Fausto Brazil.

ENQUÊTE SENSACIONALSerá possível, nos nossos tempos, uiu

suicídio verdadeiramente original ebello?

Fala-nos Goulart de Andrade

O PirraJho... no Rio, encontrou hadias, mima ferrasse da Avenida Central,illuminando com os fuigidus clarõesda sua phrase burilada um grupo ele-gante de que fazia parte e que atten-

tamente o escutava, o grande, o extra-ordinário poeta, Goulart de Andrade.

E o scintillante artista de Assiunp-ção, assim falou:

Morrer antes que os perigalhos, aobesidade e a cal vicie completem a de-gradação da carcassa è, e foi sempre,o ideal dos que têm um pouco dere-cato, um certo gosto pela existênciasuperior...

Quai o melhor processo para umrápido trespasse, sem que os resíduosmáos fiquem ahi expostos, aviltandoa memória do desapparecido?

Jà um grande poeta o disse, cies-preocupadamente: - Numa travessia...

Durante a jornada o pensamentovagueia sobre cousas suaves: - de umamelena, que esvoaça, que para um li-vro em cujas paginas entreabertas hasempre um vinco de unha rosada amarcar a phrase intencional ou umestado de alma correspondente; de unsolhos que se fecham preguiçosos paraas hormonias que irrompem dos hallssussurantes.

Um dia avisam que se está sobre alinha, e antes que clesappareçam asestrellas familiares ou surjam comple-tamente as myriades de mundos quepovoam o outro hemispherio; depois dese ouvir uma canção, de escutar uma pro-messa de eternidade, de beijar uns Iabios frios, de guardar uma flor quen-te ainda do lugar em que se oceultava,esgueirar-se a gente às vistas dos noc-tivagos de bordo para mergullhar emsilencio nas águas tepidas do Equa-dor...

Logo á queda do corpo, a água quese refrange, aclara-se num halo deardentias:- o ultimo suspiro será umaapotlieose... Depois? Depois, a verti-gem... Depois? Depois ninguém veráas misérias da decomposição!. . . queé o essencial...

¦4 O PIRRALHO... NO RIO:—===jB(l

—= -1 E=5|jl

"0 melro eu conheci-o"...

Guerra Junqueiro, o assombroso e genial

poeta, conhecia o melro: era negro, luzidio

e acordava cedo. Como todos sabem, foi um

melro infeliz, graças á maldade resquintada

fie certo larvado de tonsura.Eu, como esse maravilhoso poeta da outra

banda, também conheci um melro. Conheci-

o e conheço-o ainda. Não é negro nem luzi-

dio, não acorda cedo e nem é tão infeliz co-

mo' o outro: é um melro branco, preguiçosoe felizardo. Ainda mais: a caprichosa Natu-

reza dera-lhe formas humanas, enchera-o de

fumaças litterarias e emprestara-lhe uma

vóz de sereia constipada.Duma feita - já vae longe - apparecera

esse aborto teratologico cantando ao publi-co do Eio. AviS rarae havia fugido duma

pequena gaiola que se acha encravada entre

a demolição civüisadora, á esquina do Pia-

neta.Come o melro famoso e amanhado á se-

melhança do pássaro sublime, logrou fazer

ninho numa agoa - furtada qualquer, iniciam

do as delicias duma liberdade inesperada.

Manhoso e astuto, aprazia-lhe o não rega-

teio dos seus cantos que, passados á letra

de fôrma, começaram a desprender-se da e-

normissima bocea de Guttemberg.Foi atravez dessas modulações interessam

tes que eu o conheci e vim a saber do seu

transcendental nome Altino Pacheco.

A principio voava elle, com certos olhares

de desconfiança, por logares escuros, receiam

do, talvez, o chumbo assassino de algum

caçador de raridades. Depois, como houvesse

notado que, em cada um habitante destas

paragens, estava a placidez dum justo, co-

meçou a descrever os seus vôos pelos pontosmais centraes: rua do Ouvidor, Avenida,

Largo do Rocio, de S. Francisco etc.

E era de vel-o, então, empoleirado nas

cadeiras dos cafés, entre o mármore escuro

das mesas redondas, gosando os abençoados

e benéficos vapores do álcool, que sobiam

de copos transbordant.es, emquanto elle se

desfazia em gestos mímicos e provocadoresde hilaridades. -

Se alguém tomova logar á sua mesa, na

esperança de vencer alguns momentos de

mao humor, o desopilante melro tomava po-se, abria o bico, atirava um olhar oblíquo

pelos circumstantes, e começava a discutir

sobre vários assumptos. A política, alittera-

tura eram os seus pratinhos prediletos. Er-

guia o dedo indicador da mão direita, e, da

altura dos seus vastíssimos conhecimentos,

piava arre batad o:, 1SLU ílclU UUUC OUIlUlllllcH. UOB1UXI

Isto vae mal, muito mal, meu amigo! Es-

ente lá: aqui não ha homens capazes de re-

mar dentro do barco político. Pois não ves ?

(a esta altura saia-lhes da bocea uma enor-

me aluvião de perdigotos) quando tentam

as primeiras remadas, a piroga vira e elles

naufragam todos... todos... todos!Aqui só mesmo a envergadura dum Robes-

pierre e o talento oratório dum Mirabeau po-deriam salvar, este lindo paiz tropical duma

catastrophe que não vem longe.E por abi ia o nosso melro. Falava so-

bre Guilhotin com tanto enthuziasmo, como

qualquer francez falaria sobre Napoleão.Fazia ainda alusões aleivosas aos nossos

politPcos mais em destaque, e quando os se-

us ouvintes já se torciam por conter o riso,

o melro descambava para o lado da littera-

tura. Neste terreno penetrava elle com a

mesma sapiência com que um cultivador de

batatas e nabos poderia penetrar n'um pa-lacio em dia de recepção. Mascava uns adje-

ctivos languorosos e com elles attribuia a

Hugo produções de Catullo da Paixão Cea-

rense, recitava versos de Musset com o mes-

mo sentimento que um sapateiro teria ao

carregar nas delicadas teclas dum piano.Quando alguém o contrariava para ver

mais aguçada a sua verbosidade estapafúrdia

o melro, então tomava um aspecto trágico:— dilatava as narinas cabelludas, abria de-

maziadamente os olhos, cujas orbitas aver-

melhadas e suporosas apresentavam o fia-

grante symptoma do ebrio constante, desem-

poleirava-se, e, de punhos cerrados, exas-

perado, alinhavava argumentos balofos, e

começava a esgravatar uma reprimenda pa-ra lançar sobre a cabeça daquelle que ha-

via ousado por em duvida a sua opinião in-

tangível.

O Arrojado arrojou-se no "abysmo in-

sondavel" do Frontin.Já é arrojo!

* *O Espirito Santo e S.ta Catharina an_

dam brigando, celestemente, por causa de-

terretorios. Qual o meio de acabar com a

pendência divina?E' dimeil. Dahi pode ser que S. Brazr

harmonize os brigões.

* *Da "litteratura futurista" ha uma obra

que sobrepuja a todas.Sim? Qual é?A de M.me Zizina.

NA "PASCHOAL" ÁS 7

Capitão: — Traga-me um chopp sem í:ga-

lão"O garçon: — V. Ex. é civilista?Capitão: — Sim... quando tomo chopp.

O melro regressou, mais tarde á doce pazda sua. aldeia, que fica á esquina do Planeta,

onde foi gosar dos rendimentos anarchica-

mente "arranjados" neste fecundo solo ba-

nhado pelas scintillações do Cruzeiro do

Sul, que tão hospitaleiro é para quantosmeiros aqui aportam

D'ÁNILO

Na ti COLOMBO 11 r ras oUm Wisky.Prompto.Quem lhe pediu Wisky com água, seu

energúmeno?Não sabia que V. Ex. era hydrophobo.

** *

Insinuam que o Irineu caminha a pas-sos largos para o Pinheiro e este para aquelle?

E' uma questão de machados

* *

Sabes? O Nilo declarou que só sahiria,do Ingá, morto.

E o Sodre?—O Sodre está morto por isso.

** *

Um português rústico: — Sdvesf O Pinhei-

ro entrou numa grande baia a sabida do>

Senado.— Sim — precisamente na ocasião em que>

tu entravas na espada, á sabida da outra.

* *

Que lindo cabello tem aquella clamaiÉ — a tinta vae toda là de casa.

*

Que é feito dos poetas da nova geração?Morreram todos do mal de 7 dias...

Que vem a ser um arrivista?O arrivista é um typo medíocre, mm

com habilidade preciza para vencer todos o*

obstáculos, e acabar gosando duma fe icida-

de plena.Mas como tu ês ferino!Perdão! Eu não tive intuito ... Apenas-

respondi à tua pergunta.

# #Sebastião Peçanha. — É o que lhe digo.

O Supremo é todo poderoso; é a força das-

forças; é intangível.Um conviva. — De sorte que o Sodré

com o ingresso do congresso não terá sue-

cesso no accesso...* - *

Eôa tardft.O' lorpa: não ves que está chovendo-

*

— O' Emilio: estas bebendo água?~ Noã. Estou lavando a bocea.

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LOCAÇÃO DE COFRES-FORTESO Banco do Credito Hipothecario e Agrícola, do Estado de S. Paulo, tem a disposição do Commercio e do

Publico, compartimentos de cofres fortes para a guarda de objectos preciosos, titulos, dinheiro, papeis de valores,

jóias, etc.A eonstrucção destes Compartimentos fechados em cofres fortes dc 2m 3*4 x lm 6<ò x D,m75 construídos

pela grande casa, «Fichet» de Paris, é idêntica, á dos grandes estabelecimentos do mundo.Esses compartimentos fecham-se por meio de uma fechadura d- toda segurança com chaves especiaes e

chaves de controle que exige sempre a, dupla, intervenção do locatário c do Banco para a abertura ou fechamento4do compartímento.

Cada compartímento tem seu segredo Systema de combinação «Fichet» com três botões que permitte formarum segredo que annula completamente o uso da chave dc abertura, a vontade do possuidor do compartímento.

Este systema de combinações «Fichet» é o mesmo adoptado em geral em todos os grandes estabelecimentosda França,

Os cofres dc locação acham-se depositados na caixa fortesituada no sub-solo do Banco, e a sua eonstrucção garante amais completa segurança.

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Redacção: Rua 15 de Novembro, 50-B