picinguaba - sp - ablimno.org.br · questão da transposição do são francisco (sf). o texto...

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Mensagem do presidente .................................1 Mensagem do Editor do Boletim .....................3 Mensagem do Editor da ACTA LIMNOLOGICA BRASILIENSIA..........3 Editor Alex Enrich-Prast Universidade Federal do Rio de Janeiro Editores Executivos Luciana Silva Carneiro Luiz Fernando Jardim Bento Rafael Dettogni Guariento SBL 2005 - 2007 Vice Presidente Antônio Fernando M. Camargo [email protected] Primeira Secretária Renata Panosso [email protected] Primeiro Tesoureiro Marcos Callisto [email protected] Segunda Secretária Andrea Figueiredo [email protected] Segundo Tesoureiro Luís Maurício Bini [email protected] Presidente Ricardo Motta Pinto Coelho [email protected] Artigos ................................................4 Opinião ..............................................11 Eventos Científicos ............................15 Calendário..........................................16 nº 34 [email protected] Boletim SBL Dezembro de 2005 Foto: Alex Enrich-Prast Picinguaba - SP

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Mensagem do presidente .................................1Mensagem do Editor do Boletim .....................3Mensagem do Editor daACTA LIMNOLOGICA BRASILIENSIA..........3

EditorAlex Enrich-PrastUniversidade Federal do Rio de Janeiro

Editores ExecutivosLuciana Silva CarneiroLuiz Fernando Jardim BentoRafael Dettogni Guariento

SBL 2005 - 2007

Vice PresidenteAntônio Fernando M. [email protected]

Primeira SecretáriaRenata [email protected]

Primeiro TesoureiroMarcos [email protected]

Segunda SecretáriaAndrea [email protected]

Segundo TesoureiroLuís Maurício [email protected]

PresidenteRicardo Motta Pinto [email protected]

Artigos ................................................4Opinião ..............................................11Eventos Científicos ............................15Calendário..........................................16

nº 34

[email protected]

Boletim SBL

Dezembro de 2005

Foto: Alex Enrich-Prast

Picinguaba - SP

Mensagem do Presidente

 Prezados Sócios, É com grande satisfação que dirijo-me atodos para informá-los sobre algumas dasatividades da SBL nesse último semestrede 2005. A atual diretoria foi eleita poraclamação na última assembléia geral daSBL ocorrida no X Congresso em Ilhéus(BA). Dela fazem parte, além de mim, osseguintes limnólogos: Antônio FernandoMonteiro Camargo (UNESP, Rio Claro,Vice Presidente), Renata Panosso (UFRN,Natal, Primeira Secretária), MarcosCallisto (UFMG, Belo Horizonte, PrimeiroTesoureiro), Andrea Figueiredo (MME,Brasília, Segunda Secretária) e LuísMaurício Bini (UFG, Goiânia, SegundoTesoureiro). 

A SBL é hoje uma sociedadecientífica que reflete o grande crescimentoacadêmico e científico da Limnologia nopaís, ocorrido especialmente nas últimasduas décadas. Uma prova disso é a pujançade nossos encontros bianuais. Apesar detodo esse crescimento, a Limnologia aindaé uma ciência praticamente desconhecidada sociedade em geral e também não deixade ser um termo “exótico” em certosgrupos técnicos do governo que cuidamde nossos recursos hídricos (ex: comitêsde bacia). Dessa forma, uma dasprioridades que a atual diretoria assumiu

em Ilhéus foi a realização de umtrabalho não só junto ao público emgeral, mas também junto a empresase ao governo no sentido depromover uma maior divulgação daSBL e da Limnologia no Brasil. Logoapós o regresso de Ilhéus, a atualdiretoria pôs-se a trabalhar em uma dasresoluções tomadas ainda naAssembléia Geral de Ilhéus, relativa aquestão da transposição do SãoFrancisco (SF). O texto elaborado pornossa secretária, Renata Panosso, foipostado no portal da SBL de onderecebeu inúmeras sugestões demelhoria. Uma vez aprovado peladiretoria e pelo conselho consultivo,  odocumento foi encaminhado aominist ro Ciro Gomes. Osacontecimentos políticos subseqüentese o grande interesse público despertadosobre a questão da transposição doSF demonstrou o acerto de nossapostura. Vários membros da atualdiretoria estiveram presentes ementrevistas tanto em jornais quanto natelevisão, ocasiões em que a SBL e aLimnologia estiveram em foco.

A SBL também esteve presenteem alguns importantes eventos técnico-científicos ao longo do segundosemestre de 2005. A nossa secretariaAndréa Figueiredo esteve em Santiago,Chile, representando a SBL noencontro da Parceria Mundial pelaÁgua (GWP).  O vice-presidente,

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Dezembro de 2005

Antônio Camargo esteve no CETEC-MGparticipando de um workshop sobre asnovas normas do CONAMA relativas àqualidade de água. Nessa ocasião, euarticulei para que a TV Minas estivessepresente dando a necessária cobertura edivulgação do evento. A Renata Panosso,primeira secretária, tem sido incansávelem sua luta por melhorias e adequaçõesno projeto da transposição do SF. Ela temenviado constantemente a diretoria todasas informações sobre esse e outrosprojetos envolvendo a questão do uso derecursos hídricos no nordeste do Brasil.Recentemente, eu estive em Brasília,participando de uma reunião convocadapelo MME/MCT com todas sociedadescientíficas na área de meio ambientepara prover subsídios para adelegação oficial do governo brasileiro naCOP8 - Reunião das Partes da Convençãoda Biodiversidade - que será patrocinadapela ONU em Curitiba em janeiropróximo.  

Agora estamos dando um grandefoco na questão da reformulação da ActaLimnologica Brasilensia. Conformeatesta a nossa colega Denise Bicudo,existe hoje uma grande preocupaçãocom as mudanças a serem implementadaspela CAPES nos critérios de qualificaçãodas revistas científicas brasileiras. Hoje,está ocorrendo uma enorme demandapelas Qualis A. A Revista Brasileira deBiologia já recebeu 173 novos trabalhoseste ano e no ano passado foramtotalizados 100 trabalhos. Emcontrapartida, a Acta LimnologicaBrasiliensia não está sendo muitoprocurada e, hoje, corre o risco de não terartigos suficientes para fechar o ano (4fascículos e 150 artigos, conforme

recomendação dos órgãos de fomentopara pleitear Qualis A). Todos nósreconhecemos o trabalho do Prof.Raoul Henry. Ele assumiu de formaheróica a revista, mas precisa de ajudae apoio urgente nesta tarefa. Assim,pretendemos submeter em breve aoProf. Raoul Henry, ao conselhoeditorial e a SBL, em geral, um novoprojeto gráfico para a revista que inclui,dentre outros aspectos, revista dotamanho carta, isto é, 21 x 28 cm,impressão em duas colunas e um novoprojeto de capa e contracapa. Estasmedidas reduziriam também bastanteo custo com a remessa pelocorreio. Pretendemos  implementar, atémeados de 2006, a submissão e revisãoeletrônica de manuscritos. Outrostópicos mais polêmicos tais como ocusto por página, à exclusividade parao idioma inglês ou a necessidade depagamento por página devem sersubmetidos ao conselho editorial parauma nova consulta. Acredito que osrecursos já captados pelo Prof. FábioRoland e pela antiga diretoria e quedeverão ser em breve repassados paraa atual diretoria (ver abaixo) bem comocom os recursos que pretendemoscaptar para a revista poderão isentarnossos autores do pagamento dessataxa.

No entanto, o maior desafio quetemos enfrentado até então refere-se àsdificuldades para efetivarmosa transição da diretoria 2003-2005 paraa atual diretoria. Essa transição (queainda não ocorreu totalmente) tem sidodemorada por vários motivos. Oprimeiro deles foi o acidente demotocicleta que sofri em 17 de agosto

2Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia - nº 34

Mensagem do Editor da ActaLimnologica Brasiliensia

Aos colegas limnológicosiniciantes e veteranos: ActaLimnologica Brasiliensia é operiódico cientifico oficial daSociedade Brasileira de Limnologia.Para assegurar regularidade econtinuidade e, conseqüentemente

e que me obrigou a ficar cerca de 40 diastotalmente imobilizado. Assim que pudelocomover-me, mesmo com auxílio demuletas, fui a Juiz de Fora para umareunião de trabalho com a antiga diretoria.Fizemos uma transição formal com aassinatura de uma ata, mas ainda existetoda uma burocracia a ser vencida paracompletarmos essa transição, burocraciaque decorre do fato de que a sede jurídicada SBL está em São Carlos (SP) e toda adocumentação necessária para efetivar atransição (reconhecimento e registro deatas, p. ex.) deve ser enviada para lá a fimde que possa ser validada em termoscartoriais e jurídicos. O contador da SBL,Sr. Paulo Vieira, ainda nos informa queexiste a necessidade urgente de revisão dasatas antigas da SBL e desde já peço aosantigos membros de diretoria para procurá-lo a fim de que possamos resolver essaquestão. Somente após esses trâmites é quepodemos, por exemplo, transferir osrecursos da SBL para a atual diretoria. Aoque parece, esse tem sido um problemaenfrentado por várias diretorias da SBL e,dessa forma, acho conveniente discutirmosa questão se é ou não necessáriotermos uma nova sede e umasecretaria permanentes para a SBL.

Apesar de todos os desafios,desejo, finalmente, expressar a todosvocês, caros sócios da SBL, que tem sidoum enorme prazer trabalhar com a atualdiretoria pois tenho encontrado emtodos muita garra e coragem para levaradiante e de forma cada vez maisinovadora a nossa querida SBL.

Saudações Limnólogicas

Ricardo Motta Pinto CoelhoUniversidade Federal de Minas Gerais

[email protected]

Mensagem do Editor

Esta é a primeira edição doBoletim da SBL publicadaexclusivamente em sua versãoeletrônica. Sei da preferência de várioslimnólogos pela versão impressa, mastenho certeza de que com o tempo todosirão se acostumar com esta versão. Aexclusividade da versão eletrônica nosdá uma maior flexibilidade em termosde número de páginas publicadas, bemcomo maior liberdade para a inclusão defiguras coloridas, fotos e mapas. Um dosartigos nesta edição já vemacompanhado de algumas fotos.

A partir deste ano de 2006algumas mudanças serão feitas. Aapresentação geral do Boletim irá mudare teremos a inclusão de novas seções.Além disso, já tenho o apoio de trêseditores executivos para auxiliar naedição do Boletim. Todos nós estamosmuito animados e com vontade detrabalhar para uma nova fase doBoletim.

Alex Enrich PrastUniversidade Federal do Rio de Janeiro

[email protected]@sblimno.org.br

3Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia - nº 34

ArtigosExperimentos em Mesocosmos:O Caminho do Meio

Experimentos em ecologia têm sidomuito criticados por vários motivos, desdedesenhos experimentais pobres atéirrelevância. As críticas refletem apreocupação em relacionar os resultadosexperimentais à realidade ecológica.

A maioria dos experimentos emecossistemas aquáticos envolve isolamentoe manipulação de pequenas partes dosistema em microcosmos. Apesar darestrição imposta ao sistema, taisexperimentos apresentam importantesvantagens como velocidade,replicabilidade, poder estatístico,elucidação de mecanismos eexeqüibilidade. No entanto, experimentosrealizados em escalas de tempo e espaçomuito distantes da escala ecológica tornamos resultados pouco extrapoláveis eportanto irrelevantes.

Experimentos que envolvem amanipulação de todo o sistema aquático

são bastante defendidos por umainexorável corrente de ecólogosrenomados (Carpenter, S.R. 1996.Ecology 77: 667-680; Schindler, D.W.1998. Ecosystems 1: 323-334).Segundo estes autores, taisexperimentos atingem umincontestável grau de realismo poisincorporam características ambientaisque são determinantes dos processosecológicos, como o tamanho dohabitat, escala temporal, variabilidadeespacial e integração entre habitats eecossistemas adjacentes. Apesar daescala mais realista, experimentosdesta abrangência sofrem críticasveementes, pois são caros, de difícilexecução e não podem serverdadeiramente replicados, razãopelas quais os ecólogos atualmentetêm favorecido experimentos emmenor escala, mas que atingem umgrau de confiabilidade estatísticasatisfatória.

O desafio da ecologia édesenvolver uma abordagemexperimental que mantenha ascaracterísticas dinâmicas do sistemae minimize o efeito de artefatosexperimentais, reflexão que envolveequilíbrio de custo e benefício entreo controle de experimentos emmicrocosmos e o realismo deexperimentos que abrangem todo osistema.

Assim como em todas assituações da vida, o ideal é seguir ocaminho do meio. A escalaintermediária de experimentaçãoparece trazer benefícios. Mesocosmosmaiores, construídos de plásticotransparente têm sido usados por maisde 30 anos. Assume-se que eles

manter o padrão de qualidade requeridopelos órgãos governamentais (ex.CAPES) e agências financiadoras (ex.CNPq, Fapesp,etc.) a colaboração detodos é necessária. Assim, venhonovamente apelar a todos que enviemsuas contribuições para nossa revista.Este ano percebi uma diminuição naprocura da Acta. Prestigiem a revistanacional. O impacto de seus trabalhos é,antes de tudo, medido pelo seu conteúdo.Obrigado a todos.

Raoul HenryUNESP- Botucatu

[email protected]

4Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia - nº 34

acrescentam mais realismo àexperimentação simplesmente por que emgeral são conduzidos no campo sobcondições naturais, são maiores e maisprofundos, permitindo fenômenos comomigração vertical de organismos,incluindo estratificações físicas e químicase trocas entre a coluna d’água e osedimento. E apesar de abranger escalasmaiores, os experimentos em mesocosmossão controlados e replicáveis, permitindoa construção de desenhos experimentaiscapazes de testar múltiplas hipóteses comrigor estatístico.

Logicamente, muitas críticaspodem ser feitas a experimentos emmesocosmos, como a restrição deprocessos biogeoquímicos peloconfinamento do sistema, grande efeito deborda das paredes da estrutura, reduzidadiversidade de organismos (normalmentepode-se incluir até 3 níveis tróficos),reduzida heterogeneidade espacial elimitação temporal pela interrupçãoprolongada do contato entrecompartimentos e por artefatosexperimentais.

Entender o contexto e a limitaçãodas ferramentas experimentais é oprimeiro passo para a construção de umaciência verdadeiramente preditiva. Sendoassim, no intuito de minimizar osproblemas da experimentação emmesocosmos é fundamental selecionar aescala temporal e espacial apropriada pararesponder a questão propulsora. Escolhero tamanho e o formato do mesocosmo eestabelecer a duração do experimento é omaior desafio para os pesquisadores quetêm a real intenção de extrapolar seusresultados para situações naturais. A teoriahierárquica sugere que a escala temporal

e espacial necessária para observar adinâmica ecológica aumenta com o nívelde organização ecológica (organismo-população-comunidade-ecossistema) ecom o número de níveis tróficosenvolvidos.

Recentemente no Brasil, doisexperimentos em mesocosmos foramconduzidos para avaliar questõesrelacionadas aos efeitos da onivoriasobre o funcionamento de cadeiastróficas aquáticas. Os sistemas incluíramprodutores (fitoplâncton), herbívoros(zooplâncton) e onívoros (peixes). NoRio de Janeiro estes experimentos foramcoordenados pelo Prof. Reinaldo Bozellie no Rio Grande do Norte pelo Prof. JoséLuiz Attayde.

As dimensões dos mesocosmosutilizados nesta pesquisa mostraram-sebastante apropriados para a condução deexperimentos desta natureza. Asestruturas foram construídas em formatocilíndrico, com 3,0 m2 de área basal e2,5 m de altura (7500 litros). As aberturassuperior e inferior dos mesocosmosforam feitas de aros de ferro ligadas porum cilindro plástico (o corpo daestrutura), impedindo o acesso dequalquer organismo pelos lados daestrutura. Os mesocosmos foramplanejados permitindo livre contato entrea coluna d’água e o sedimento. Aflutuação das estruturas foi mantidausando-se bombonas de 25 litrosacopladas a três barras de ferro ao redorda abertura superior do mesocosmo (Fig.1).

Cada estrutura foi preenchida comágua diretamente da lagoa, semnecessidade de nenhum outroequipamento, inoculando em cada uma

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das estruturas a biomassa e a composiçãode organismos naturalmente existentes.Através de procedimento manual, ospeixes da própria lagoa foramintroduzidos (de acordo com a biomassalocal estimada) ou removidos dosmesocosmos, nos tratamentos e noscontroles, respectivamente.

Fig 1: Desenho esquemático da estrutura dos mesocosmos e foto de 16 unidades experimentais utilizadas em pesquisa realizada na lagoa Cabiúnas, Macaé/RJ.

Bell e colaboradores (2003.Oecologia 134: 578-586) foramenfáticos ao afirmar que os resultadosda manipulação experimental sãoabsolutamente dependentes daduração do experimento. Nossaexperiência mostrou que três mesesde duração foram suficientes paraobservarmos os efeitos diretos eindiretos resultantes da manipulaçãode cadeias tróficas planctônicas. Apartir deste período, a variabilidadeentre réplicas aumentousignificativamente em conseqüênciada reprodução dos peixes,colonização diferenciada de insetosaquáticos e extinções locais ao acaso.No entanto, é importante ressaltar quecada ambiente terá o tempo der e s p o s t adependente decaracterísticaspróprias, sendofundamental oacompanhamentot e m p o r a lcriterioso dasv a r i á v e i sf í s i c a s ,químicas ebiológicas decada unidadeexperimental.

Esta breve comunicação teve porobjetivo encorajar aqueles que tenhaminteresse em utilizar mesocosmos comoferramenta experimental. Além decompreender escalas ecológicas maisreais, as estruturas são duráveis eresistentes a intempéries. E apesar deparecer distante da realidade financeirada maioria das instituições de pesquisabrasileiras, o custo de construção destasestruturas e execução dos experimentosestá dentro do orçamento disponívelpara projetos financiados pelasprincipais agências de fomento àpesquisa nacional.

Luciana Silva CarneiroUniversidade Federal do Rio de Janeiro

[email protected]

José Luiz AttaydeUniversidade Federal do Rio Grande do Norte

[email protected]

Reinaldo Luiz BozelliUniversidade Federal do Rio de Janeiro

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Boletim da Sociedade Brasileira de Limnologia - nº 34

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Foto: Adriano Caliman

Metodologia de estudo dedecomposição de detritos foliares emriachos

No Brasil estamos ainda iniciandoos estudos sobre decomposição de detritosfoliares em riachos. Recentemente foilançado pela editora Springer o livro“Methods to Study Litter Decomposition:A Practical Guide”, editado por ManuelA.S. Graça; Felix Bärlocher e Mark O.Gessner. Seu conteúdo abrange métodosutilizados em vários laboratórios depesquisa na Europa e nos EUA,organizado em 42 capítulos em 6 partes(Dinâmica de Matéria Orgânica,Propriedades físicas e químicas das folhas,Decompositores microbianos, CapacidadeEnzimática, Consumidores Detritívoros eAnálise de Dados). O grupo de autorescontou com a participação de 28pesquisadores de diferentes partes domundo, e os métodos propostos foramamplamente testados e aprovados emdiversos estudos publicados nas melhoresrevistas de nossa área. Este livrorepresenta uma importante contribuição ajovens iniciantes e pesquisadoresinteressados em estudar decomposição dedetritos foliares. As utilizações destasmetodologias favorecerão a comparaçãodos dados gerados nos rios brasileiros coma literatura internacional. Aqui abordareialguns métodos como: Dinâmica deMatéria Orgânica, Biomassa microbiana(ATP e Ergosterol), Atividade Reprodutivade Esporos de Hyphomicetos (ouEsporulação) e Taxa Respiratória (ouRespirometria). Estes métodos serão embreve disponibilizados em esquemas e

fotos na página do Laboratório deEcologia de Bentos da UFMG(www.icb.ufmg.br/~bentos).

O principal recurso energéticopara os riachos e córregos em regiõesde cabeceira com mata ciliar bemdesenvolvida é a matéria orgânicavegetal de origem alóctone (p.ex.folhas, galhos, frutos, etc). Diantedisso, para o estudo da dinâmica dematéria orgânica é fundamental (a) aidentificação da composição dasespécies vegetais e (b) a escolha dotipo de detrito (matéria orgânicaparticulada grossa-MOPG) a serutilizado. Estas duas etapas sãofundamentais para o estudo dedecomposição de detritos emecossistemas lóticos em qualquerbacia, bioma ou região do Brasil.

Devemos também avaliar adinâmica da matéria orgânicaparticulada grossa, qualificando equantificando o material que entra norio diretamente (aporte vertical),indiretamente (aporte lateral) e o queé transportado de montante até otrecho estudado (Drift in). Deve-seainda avaliar o aporte no solo (litter),que é o estoque potencial da matériaorgânica que poderá de forma indiretaser transportado para o rio. O estoqueno leito do rio (estoque bêntico) é afração disponível no ecossistemaaquático. Utilizando redes dediferentes tamanhos, é possíveldiferenciar as frações de CPOM (>1,00 mm) e FPOM (>0,050 e < 1,00mm).

Na avaliação da dinâmica damatéria orgânica é descrito o métodoutilizado em nosso laboratório, que é

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uma adapatação de vários artigoscientíficos. O aporte vertical, utilizamosuma fileira de baldes, com área de 0,053m2 (com furos no fundo, para evitaracúmulo de água), que vai de umamargem a outra, ligados por uma corda.Utilizamos pelo menos 3 filas de baldes,separadas por 10-15 metros. Cadaseqüência possui cerca de 10 baldes,porém este número pode variar com alargura do riacho estudado. No aportehorizontal são colocadas redes de 1,00mm de abertura de malha, com área de0.1 m2, espalhadas aleatoriamente nasduas margens - em nossos estudos nosriachos de Minas Gerais, são colocadascerca de 8 redes em cada margem. Oaporte no solo é avaliado com redes a 1,0mm, com área de 1m 2, colocadasaleatoriamente dentro da vegetação ripárianos dois lados do riacho, 1,0 m acima dosolo - em geral colocamos 3 redes de cadalado. Para avaliar o estoque bênticoutilizamos um coletor do tipo Surber paraas amostragens, com área de 0,1024 m2 emalha de 250 µm - são retiradas 5amostras aleatoriamente do leito doriacho. No laboratório, o material é lavadosobre uma peneira de 1,0mm para separarMOPG das demais frações. Para avaliaro material transportado são utilizadas 3redes de drift, composta por duas redes(malhas de 1,0mm e 68 µm), para avaliaras frações de matéria orgânica grossa efina (MOPG e MOPF). Esta rede deve sercolocada por 4 horas de esforço amostralem um local onde o riacho afina econcentra o volume da água.

Os microrganismos têm um papelfundamental na decomposição, são elesque promovem a degradação da matériaorgânica e aumentam a palatabilidade

deste detrito para os invertebrados.Muitos métodos são utilizados paraestudar os microrganismos, dentre elesdestacamos a Avaliação da Biomassade Fungos (que são os principaisdecompositores de MOPG emecossistemas aquáticos) porErgosterol. Este lipídio é comum naparede celular de Eumicetos, e temsido utilizado com sucesso paraestimativa da biomassa de fungos.Após a lavagem das folhas, sãosorteadas 5 a 8 folhas, onde é retiradoum par de discos de cada, formandoassim um jogo de 5-8 pares de discos,por amostra ou litter bag. De cada par,um disco é para avaliar o peso secolivre de cinzas e no outro é avaliado oconteúdo de ergosterol. Para adeterminação do conteúdo deergosterol das folhas são necessáriosos seguintes equipamentos e materiais:HPLC, bomba de vácuo, banho-maria,câmara de vácuo, estufa, colunas defiltração, frascos pirex (40ml,resistentes a pressão), água ultra pura,frascos para leitura em HPLC efreezer. Os reagentes necessários são:Metanol, isopropanol, padrão deergosterol, KOH, HCl e “bollingchips”. Os discos são preservados emmetanol. A extração lipídica esaponificação são realizadas porfervura em KOH/metanol. O extratoobtido é purificado por passagem porcolunas de filtração “SPE”, com aajuda de um sistema de vácuo. Oergosterol é então eluído comisopropanol e analisado em HPLC.

A estimativa da concentração deATP é um método que permite aavaliação da biomassa microbiana

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total, pois é uma molécula existente emorganismos vivos. Nesta análise o cuidadocom a lavagem das folhas é fundamental,pois não deve conter macroinvertebradosaderidos para que tenhamos os resultadosapenas dos microorganismos (bactérias,fungos e protozoários). Para a realizaçãodesta análise também se faz necessária aretirada de um conjunto de 5 a 8 pares dediscos, como foi descrito anteriormente.Para a realização desta análise sãonecessários os seguintes equipamentos emateriais: Homogenizador (que permitaa trituração dos discos), centrífugarefrigerada (para 10.000 rpm), estufa,pHmetro, tubos de centrífuga de 50 ml,filtros estéreis para seringas (0,2µm),seringas de 20ml, tubos hidrofóbicos,freezer e luminômetro (Turner DesingsTD-20/20, este é o que oferece melhorrelação custo-benefício). Os reagentesnecessários são: padrão de ATP, HEPESBuffer, ácido oxálico, H2SO4, NH4OH,HCL, água ultra pura e Firelight® (écomposta por uma mistura de luciferase,albumina bovina e luciferina). Os discosde folhas são colocados em 5 mL de0,05M de tampão (HEPES) e ácidosulfúrico 1,2N contendo 8 g L-1 de ácidooxálico e em seguida são triturados ecentrifugados. O eluente (amostra) éfiltrado, neutralizado e congelado a -20ºC. Para a quantificação de ATP, é retiradauma alíquota de 20 µL de amostra eadicionado 130 µL de tampão e 50 µL daenzima Firelight e medidos numluminômetro.

Existem outras formas de avaliar opapel da comunidade microbiana, atravésda sua atividade respiratória (taxa derespiração), como também o metabolismodesta comunidade. O método utilizado é

determinado por meio de um sistemade fluxo contínuo, onde sãonecessários: uma sala comtemperatura e foto-períodocontrolados, (um bom) oxímetro debancada, estufa, bomba peristáltica depelo menos 20 canais, câmaras deincubação (seringas de vidro de 5 ml),tubos de silicone para conectar oreservatório de água às câmaras(0,38mm de diâmetro), rolhas devedação para selar a seringa comconectores para os tubos, por onde aágua entrará na câmara, micro-seringas (0,5 ml), reservatório de águade 5 L, sistema de aeração doreservatório. O jogo de discos écolocado na seringa de vidro. Entre aseringa e o compartimento é colocadauma bomba peristáltica, que regula umfluxo constante de 0.2 mL.min-1. Osistema é montado em uma salaclimatizada a 15ºC. As medidas deconsumo de oxigênio são realizadasapós a renovação completa do volumede água da seringa. As amostras deágua para medição da concentração deoxigênio dentro das seringas sãoretiradas com uma seringa de 0.5 mLe em seguida injetadas em uma micro-câmara onde se liga a um oxímetro debancada. As taxas de respiração sãocalculadas pela diferença de oxigênioentre câmaras com as folhas e câmarascontrole (sem folhas), corrigindo paradiferenças no fluxo e peso seco dosdiscos de folhas.

Nos três métodos anteriormentedescritos é necessária a retira de umsegundo jogo de discos, para que sejaseco para estimativa da massa e emseguida queimado a 550ºC por 4h em

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mufla, para estimativa da massa secalivre de cinzas, pois as concentrações deergosterol, ATP e respirometria sãoextrapoladas para a massa foliar total daespécie de planta estudada.

A esporulação é um método quepermite avaliar a atividade de fungos, porsua capacidade em produzir suasestruturas reprodutivas (esporos). Alémdisso, permite uma avaliação dadiversidade e composição destaimportante comunidade dedecompositores. São necessários tambémum conjunto de 5 a 8 pares de discos. Osequipamentos e materiais necessáriossão: agitador magnético, Erlenmeyers de250 mL, água ultra pura, frascos de 50ml (tipo tubos de centrífuga), filtros(Millipore: 5.0µm, branco SMWP,25mm), aparato de filtração, shaker (podesubstituir por um sistema de aeração),estufa, balança (± 1mg precisão),microscópio. São necessários osseguintes reagentes: ácido láctico, águaultra pura, fenol, glicerol e “cotton blue”,Triton X-100, formol. Colocar 5-8 discosretirados do tecido foliar emErlenmeyers, adicionar 25 mL de águadestilada ou água filtrada do rio. Osfrascos são agitados (em Shaker entre100-150 rpm) por 48h em um ambienteà temperatura entre 15 e 20 oC (que emliteratura é considerada uma faixa deideal para atividade fúngica), a variaçãoda lâmina d’água deve ser de cerca de 1cm. Os discos são removidos e colocadospara secar. A água é colocada em tubos,adicionando cerca de 2 mL de formol(35%). A amostra pode ficar estocada porcerca de 6 meses. A amostra é colocadainteira (cerca de 35 mL) e em seguida éhomogenizada constantemente por

agitador magnético. Em seguidaadiciona-se cerca de 0,1 mL dedetergente (0,5% de Triton X-100) edeixa-se agitar por pelo menos 1minuto. Retira-se uma alíquota de 5mL da amostra para filtração. Após afiltração da amostra são adicionadascerca de 5 gotas de corante cottomblue, sobre o filtro e novamente deve-se filtrar. O filtro deve ser colocadona lâmina e em seguida colocada alamínula. Esperar pelo menos 1 horapara começar a contagem eidentificação dos esporos. As lâminaspermanecem em bom estado até ummês depois de preparadas. Em cadafiltro são contados cerca de 30campos, com aumento de 200 x. Onúmero total de esporos produzidospor disco de folha são estimados nacontagem de 20 a 30 camposmicroscópicos. O número de esporosé convertido para área do filtro(descontar as bordas) e o valor final écalculado baseado no peso seco livrede cinzas dos discos das folhas. Osdados disponíveis sobre a diversidadee composição de fungos aquáticos nosecossistemas neotropicais ainda sãomuito raros.

Os detalhes e procedimentosdos métodos descritos podem serobtidos com detalhes adquirindo olivro de Graça, Gessner e Chauvet(2005) ou então entrando em contatocom os autores dos capítulos esolicitando os protocolos deprocedimentos dos métodos. Aquineste texto, são apresentados apenasos métodos que podemos realizar noLaboratório de Ecologia de Bentos daUFMG, onde nos colocamos a

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disposição para ajudar os colegaslimnólogos que tenham interesse noestudo da decomposição de detritosfoliares em riachos.

Estes métodos descritos aquipermitem uma avaliação aprofundada nosestudos de decomposição emecossistemas aquáticos. No entanto, adecomposição não deve ser vista apenascomo um processo importante dosecossistemas aquáticos, mais sim comouma poderosa ferramenta na avaliação deimpactos ambientais, pois envolve microe macrorganismos, fatores físicos equímicos, na ciclagem de nutrientes.Atualmente estamos trabalhando esteenfoque em alguns riachos de altitude noEstado de Minas Gerais, em um projetofinanciado pela FAPEMIG. Buscamosavaliar a sensibilidade destes métodos naavaliação da decomposição em riachosnaturais e impactos. Os resultados quevimos obtendo são animadores eacreditamos que poderão contribuir parao entendimento do processo dedecomposição de detritos foliares emecossistemas aquáticos tropicais.

José Francisco Gonçalves JúniorUNILESTE

Universidade Federal de Minas [email protected]

Opinião

O que a comunidade científica fazpara que o Brasil olhe para aágua?

Você já deve ter ouvido falarsobre os inúmeros benefícios que apesquisa cientifica pode trazer àsociedade. Curas para doenças,desenvolvimento de novastecnologias, enfim vários confortosproporcionados pela chamadasociedade moderna. Entretanto, é claroo paradoxo entre os avançostecnológicos advindos da geração doconhecimento e os problemas sócio-ambientais que estamos enfrentandonas últimas décadas. Na calçada de umprédio construído com alta tecnologia,com sensores inteligentes e aparelhossofisticadíssimos, há mendigosdeitados. Enquanto isso são gastosmilhões em telecomunicações,falamos com pessoas do outro lado domundo e nem ao menos sabemos osnomes de nossos vizinhos. Sepensarmos em outros exemplos,rapidamente perceberemos que osbenefícios da pesquisa científica/tecnológica não chegam a todos, eainda assim, muitos dos que usufruemdesses benefícios, não têm a menoridéia de todos os mecanismosenvolvidos em tais benefícios.

Os centros de pesquisas euniversidades, que geralmenteconcentram grande parcela dospesquisadores são verdadeiras esferasde conhecimento isoladas dasociedade. Muito se tem discutido

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sobre a necessidade do comprometimentode alguns locais de pesquisa com oprocesso político do país, levando acomunidade acadêmica a refletir sobre anecessidade de uma aproximação práticados processos sociais. Cada vez mais asuniversidades devem pensar sobre o seupapel de realizar além do ensino epesquisa atividades de extensão. Mas nãoa extensão como via de mão única, na qualo pesquisador é considerado o únicodetentor do conhecimento. Há váriosmodos de a universidade ser ativa nasociedade e oportunizar mudanças naesfera social. Divulgar a ciência pode serentendida como uma ação decompromisso social nosso, enquantocidadãos que têm a oportunidade e oprivilégio de participar de instituiçõesuniversitárias de ensino.

A divulgação da ciência é umavertente mundial do novo século e jáexistem alguns programas nacionais einternacionais de divulgação científica.Estes programas de divulgação sãoalternativas para fazer o conhecimentocircular de modo mais rápido nasociedade. Alguns programas já emandamento (e.g. Ciência Hoje e CiênciaHoje das Crianças, da SBPC, entreoutros) têm ajudado significativamente noque diz respeito à releitura dosconhecimentos científicos que geralmentenão se encontram em linguagem acessívelà sociedade.

Este ano mais uma vez o país expe-rimentou a realização da Semana Nacio-nal da Ciência e Tecnologia, uma açãocoordenada pelo Ministério da Ciência eTecnologia do Governo Federal com acolaboração e a participação de diversasuniversidades e institutos de pesquisa,

escolas, e museus de ciência, empre-sas, órgãos governamentais e da so-ciedade civil de todo o País. Em 2004,a Semana contou com a participaçãode mais de 500 instituições de ensi-no e pesquisa e 1.842 atividadesaconteceram em 252 municípios.Neste ano a Semana foi realizada noperíodo de 3 a 9 de outubro e partici-param 844 instituições de ensino epesquisa com 6.710 atividades em333 municípios. O estado com maismunicípios envolvidos foi o Cearácom 59 cidades participantes. O Riode Janeiro foi o Estado que realizoumais atividades, com 1151 em 21municípios e 142 instituições e 227eventos.

O tema foi: “Brasil Olhe para aÁgua” e foram realizadas atividadescomo festivais e feiras de ciência,‘dias de portas abertas’ em institui-ções de pesquisa e universidades,concurso para crianças e jovens, ofi-cinas e atividades unindo ciência,cultura e arte, palestras e discussõespúblicas sobre temas científicos deinteresse geral, jornadas de iniciaçãocientífica, exibição de filmes e vídeoscientíficos, excursões científicas, en-trevistas, debates e documentáriosnos jornais, rádios e TVs sobre temasde ciência e tecnologia.

O Núcleo de Pesquisas Ecológi-cas de Macaé (NUPEM/UFRJ) par-ticipou deste evento realizando ati-vidades de divulgação científica paraescolas e comunidades em geral. Alu-nos e professores do Instituto de Bi-ologia da UFRJ participaram do pla-nejamento e execução das atividades,além da equipe de funcionários do

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NUPEM/UFRJ. A programação da Semana

proporcionava um circuito no NUPEM/UFRJ e atividades em campo, de acordocom o interesse da escola e adisponibilidade de equipe. No NUPEM/UFRJ foram realizadas exposições sobrea vida na lagoa, onde os visitantesconheciam o laboratório, osequipamentos e métodos de coleta deágua e organismos e observavam a vidana lagoa com microscópios e lupas (Fig.1). Além dessa exposição, foi montadauma piscina simulando uma lagoa compeixes, macrófitas aquáticas e organismosplanctônicos (Fig. 2). Também foirealizada com cada turma uma atividadelúdica, o jogo Lagoinha, onde osparticipantes montavam uma lagoa sobreuma placa de metal pintada, abordandoaspectos ecológicos como ofuncionamento do ecossistema, chegadae ocupação humana, discutindo com osalunos efeitos de impactos antrópicoscausados por essa ocupação e possíveissoluções e prevenções para os problemasobservados (Fig. 3).

As escolas que tiveram oportunidadede ir ao campo conheceram umecossistema da sua região, podendoescolher entre o Parque Nacional daRestinga de Jurubatiba, a LagoaImboassica e o Manguezal do Rio Macaé.Nessas visitas os alunos conheceram umpouco da ecologia desses ecossistemas,discutiram sobre a importância daconservação e seu papel no cuidado comesses ambientes. As visitas eram guiadaspor monitores da UFRJ e uma das turmasque foi para a restinga contou com aparticipação de monitores mirins, alunos

da Escola Municipal de Pescadores deMacaé.

Durante a semana, o NUPEM/UFRJ recebeu 18 escolas dosmunicípios de Macaé, Quissamã,Carapebus e Campos dos Goytacazes,sendo 4 delas da rede particular e 14 darede pública de ensino. No total foram1200 participantes entre alunos,professores, pais e funcionários, alémda visita de representantes da Secretariade Ciência e Tecnologia local.

Abrir as portas, permitir o novo,encontrar o outro e compartilhar dúvidase anseios. Foi assim que as atividadesforam pensadas e norteadas para umtrabalho que realmente envolvesse aciência e o público.

A divulgação científica é umaatividade útil e necessária, que merecemuito mais apoio do que tem, quenecessitaria de muito mais empenho dospesquisadores a fim de tornar cada vezmenor o desperdício de informaçãocientífica, que hoje é muito grande. Hámuitas barreiras que se interpõem entrea descoberta, o conhecimento científico,de um lado, e sua comunicação eabsorção pelo público de outro (barreirado próprio conhecimento limitado, dalinguagem, do segredo profissional,entre outras). A divulgação científicamerece maior compreensão acerca dasua importância dentro dasuniversidades, pois muitas vezes éconsiderada uma atividade menos nobredo que a de pesquisar, a de descobrir...Mas sem dúvida é muito importante,pois trabalha a educação do homemcomum e de sua integração mais segurana sociedade a que pertence.

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Fig. 1: Observação ao microscópio deorganismos coletados na LagoaCabiúnas- Macaé RJ.

Fig. 2: Observação de macrófitasaquáticas.

Fig. 3: Atividade lúdica “lagoinha” comalunos da Escola Municipal dePescadores de Macaé/ RJ.

Laísa Maria Freire dos [email protected]

Juliana [email protected]

Alexandre Ferreira [email protected]

Reinaldo Luiz [email protected]

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Foto:Laboratório de Limnologia/UFRJ Foto:Laboratório de Limnologia/UFRJ

Foto:Laboratório de Limnologia/UFRJ

Eventos Científicos

4th International Meeting on PlantLitter Processing in Freshwaters (PLPF4)

Nos dias 25 a 28 de julho de 2005tive a oportunidade de participar do 4th

International Meeting on Plant LitterProcessing in Freshwaters (PLPF 4) nacidade de Toulouse, França. Esteencontro, sediado no LaboratoireDynamique de la Biodiversité (CNRS/UPS), foi organizado pelo Dr. EricChauvet e contou com a participação de63 pesquisadores de 20 países.

Por se tratar de um evento maisdirecionado, o PLPF 4 foi realizado emum único auditório onde ocorrerampalestras, mesas-redondas e sessões deapresentações orais. Vários temas foramamplamente discutidos como, porexemplo, a avaliação do funcionamentode ecossistemas aquáticos utilizando-se adecomposição de detritos foliares, osefeitos da biodiversidade no processo dedecomposição, a dinâmica de matériaorgânica em riachos e a participação deinvertebrados detritívoros emicrorganismos decompositores noprocessamento de detritos foliares. Aspalestras, que abriram as sessões dasapresentações orais e discussões, foramministradas pelos seguintes convidados:Mark Gessner (Suíça), Roger Young(Nova Zelândia), Bernard Sweeney(EUA), Felix Bärlocher (Canadá), KevinKuehn (EUA) e Keller Suberkropp(EUA).

O primeiro dia do evento foireservado para a apresentação dos

trabalhos relacionados ao ProjetoRivFunction, o qual é financiandopela União Européia e conta com aparticipação de pesquisadores devários países. Desta forma, foramapresentados os experimentosrealizados em cada país participantee uma síntese das informações quevem sendo obtidas nos últimos anossobre o processamento de detritosfoliares em riachos europeus.Também foi discutida a importânciada padronização das metodologias decampo e laboratório para uma amplautilização do processo dedecomposição como ferramenta naavaliação da integridade funcional deriachos. Este dia foi encerrado comuma recepção no Hall da Prefeiturada cidade de Toulouse.

Os dois dias seguintes foramdestinados às demais apresentaçõesorais e painéis. Uma sessão quechamou bastante atenção e geroudebates interessantes foi a deinvertebrados detritívoros. Nestasessão, foram apresentados trabalhosexperimentais e descritivos realizadosem diferentes regiões do globo. Aregião tropical foi representada portrabalhos realizados em riachos daAustrália, Colômbia, Venezuela eBrasil. Estes trabalhos ressaltaram amenor abundância de invertebradosdetritívoros nos ecossistemastropicais quando comparados aos deregião temperada. Após váriasdiscussões, chegou-se a um consensode que os invertebrados tropicaisseriam mais generalistas, sendocapazes de se alimentar do que estiverdisponível no ecossistema e de

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fragmentar detritos vegetais, casonecessário. No entanto, ficou clara anecessidade de se obter novasinformações sobre o processamento dematéria orgânica em ambientes tropicaisfrente ao grande interesse da comunidadecientífica internacional. O terceiro dia foiencerrado com um jantar no centrohistórico de Toulouse, às margens do RioGarone. O evento terminou com umaexcursão pelo sudoeste da França, ondevisitamos as cidades de Albi, Cordes e aregião Gaillac, famosa por sua produçãode vinhos.

O PLPF 4 foi um encontro muitoproveitoso cientificamente e permitiu umgrande intercâmbio de idéias entre todosos participantes. Os coffee breaks e osalmoços durante o evento forammomentos de ótimo convívio e muitointeressantes gastronomicamente. Alémdisso, segundo os organizadores, esta foia primeira vez que estiveram presentespesquisadores de países localizados forado eixo América do Norte – Europa. OPLPF, que acontece a cada três anos, jáfoi realizado em Bilbao (Espanha), Lunz(Áustria) e Szentendre (Hungria). Opróximo encontro acontecerá em julho de2008 em Coimbra (Portugal) e seráorganizado pelo Prof. Dr. Manuel Graça.Este evento será uma boa oportunidadepara levarmos nossos trabalhos erepresentarmos de forma mais expressivaa limnologia brasileira.

Marcelo da Silva Moretti Universidade Federal de Minas Gerais

[email protected]

Calendário 2006

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The 2006 IASME/WSEASInternational Conference on: WaterResources, Hydraulics & Hydrology.11-13 de Maio de 2006, Chalkida, EviaIsland, Grécia. http://wseas.org/conferences/2006/evia-island/whh/

NABS (North AmericanBenthological Society) 54th AnnualMeeting. 4-9 de Junho de 2006,Anchorage, Alaska. http://www.benthos.org/Meeting/index.htm

27th Annual Meeting of the Societyof Wetland Scientists. 9-14 de Julhode 2006, Cairns, Queensland,A u s t r á l i a . h t t p : / /w w w . c a t c h m e n t s . o r g . a u /

HydroEco2006, InternationalMultidisciplinary Conference onHydrology and Ecology, TheGroundwater/Ecology Connection.11-14 de Setembro de 2006, KarlovyVary, República Tcheca. http://web.natur.cuni.cz/hydroeco2006/

13th ASLO Ocean Sciences Meeting.20-24 de fevereiro de 2006 in Honolulu,Hawaii. http://www.agu.org/meetings/os06/

2006 ASLO Summer Meeting. 4 a 9de junho · Victoria, British Columbia,Canadá. http://aslo.org/

11th International Symposium onMicrobial Ecology (ISME 11), 20 a25 de Agosto de 2006, Viena, Autria.http://www.kenes.com/isme/index.asp

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