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BRASÍLIA-DF, 29 DE MAIO A 4 DE JUNHO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2472 EDIÇÃO SEMANAL Impresso Especial 9912170931/2007-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS Oito medidas provisórias trancam a pauta do Plenário; piso salarial de policiais e bombeiros pode ser votado até quarta-feira se houver acordo com líderes O Dia Mundial Sem Tabaco é comemorado em mais de 190 países na segunda-feira, 31 de maio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o crescimento no número de mulheres fumantes. Na Câmara, deputados defendem a aprovação de projetos que proíbem o fumo em espaços coletivos COMBATE AO FUMO PÁGINA 3 GUSTAVO BEZERRA Páginas 6 e 7

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BRASÍLIA-DF, 29 DE MAIO A 4 DE JUNHO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2472

edição semanal

impresso especial

9912170931/2007-dR/BsBCÂmaRa dos dePUTadosCoRReios

Oito medidas provisórias trancam a pauta do

Plenário; piso salarial de policiais e bombeiros

pode ser votado até quarta-feira se houver

acordo com líderes

O Dia Mundial Sem Tabaco é comemorado em mais de 190 países na segunda-feira, 31 de maio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o crescimento no número de mulheres fumantes. Na Câmara, deputados defendem a aprovação de projetos que proíbem o fumo em espaços coletivos

COMBATE AO FUMO

PÁGINA 3

Gustavo Bezerra

Páginas 6 e 7

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agenda

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

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hiSTóriA

Diretor: sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected]

Câmara dos Deputados - Anexo i - Sala 1508 - 70160-900 Brasília [email protected] | Fone: (61) 3216-1660 | distribuição - 3216-1826

1º Vice-Presidentemarco maia (PT-Rs)2º Vice-Presidenteantonio Carlos magalhães neto (dem-Ba)1º SecretárioRafael Guerra (PsdB-mG)2º Secretárioinocêncio oliveira (PR-Pe)3º Secretárioodair Cunha (PT-mG)4º Secretárionelson marquezelli (PTB-sP)

Suplentesmarcelo ortiz (PV-sP), Giovanni Queiroz (PdT-Pa), leandro sampaio (PPs-RJ) e manoel Junior (PsB-PB)Ouvidor Parlamentarmario Heringer (PdT-mG)Procurador Parlamentarsérgio Barradas Carneiro (PT-Ba)Diretor-Geralsérgio sampaio de almeidaSecretário-Geral da Mesamozart Vianna de Paiva

Presidente: michel Temer (PmdB-sP)

DiretorPedro noleto

Editora-chefeRosalva nunes

DiagramadoresGuilherme Rangel BarrosJosé antonio FilhoRoselene Figueiredo

ilustradorRenato PaletEditor de fotografia Reinaldo Ferrigno

Editoresmaria Clarice diasRenata Tôrres Roberto seabra

seCom - secretaria de Comunicação social

Jornal da Câmara

impresso na Câmara dos deputados (deaPa / CGRaF) em papel reciclado

mesa diretora da Câmara dos deputados - 53a legislatura seCom - secretaria de Comunicação social

Edição semanal - 29 de maio a 4 de junho de 2010

31 de maio a 2 de junho

seGUnda-FeiRaSessão solenehomenagem aos 95 anos da Associação Comercial e industrial de Florianópolis - SC.Plenário Ulysses Guimarães, às 10 horas

TeRça-FeiRaColégio de Líderesreunião na qual o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-sP), apresentará nova versão do texto da PEC 300/08, que institui o piso salarial nacional para policiais e bombeiros. Local a definir, às 10 horas

Drogas e violênciaA Comissão de Segurança Pública promove audiência para debater o programa Ações integradas na Prevenção ao Uso de Drogas e Violência; a atual situação do sistema penitenciário nacional; projetos de enfrentamento à criminalidade e as ações sociais do Programa Nacional de Segurança Pública com Cida-dania. É convidado o ministro da Justiça, Luiz Barreto. Plenário 12, às 13h30

Bronzeamento artificialA Comissão de Seguridade Social debate em audiência pública a vedação do uso de câmaras de bronzeamento artificial, deter-minada pela Anvisa. Plenário 7, às 14 horas

Cartões de créditoA Comissão de Defesa do Consumidor debate a regulamenta-ção dos cartões de crédito e débito, com ênfase nos aspectos relacionados ao consumidor. É convidado o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Plenário a definir, às 14h30

Ensino inovadorAudiência pública da Comissão de Educação e Cultura discute o tema: “O Ensino Médio inovador”, com especialistas da área. Plenário 10, às 14h30

Polícia FederalA Comissão Especial sobre Organização da Polícia Federal (PL 6493/09) realiza audiência representantes de associações de policiais. Plenário a definir, às 14h30

Educação integralA Comissão Especial sobre Tempo integral nas Escolas Públicas (PEC 134/07) debate o tema com especialistas do setor. Plenário a definir, às 15h30

QUaRTa-FeiRaReaparelhamento do ExércitoA Comissão de relações Exteriores debate o reaparelhamento e a articulação do Exército no contexto da Estratégia Nacional de Defesa”. Plenário 3, a partir das 9h30

Até 22 de agosto, pode ser visitada na Câ-mara a exposição “Brasília, a ideia de uma capital: a legislação e o debate parlamentar, de 1549 a 2010”. Realizada em parceria com a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), a mostra faz parte da série de eventos para marcar as comemorações dos 50 anos da transferência do Congresso Nacional para o Planalto Central.

Documentos históricos, objetos, desenhos e maquetes resgatam o processo de 450 anos envolvendo a consolidação da capital brasi-leira, de Salvador a Brasília, a importância do Parlamento na discussão e na elaboração de propostas sobre o tema. O Poder Legisla-tivo, lembra a curadoria da exposição, teve um papel de destaque nesse processo, mas foi muitas vezes relegado ao esquecimento por parte da historiografia oficial brasilei-ra, que elegeu o Executivo como o principal responsável pelas teses de interiorização da capital do País.

A mostra se divide em três núcleos: o primeiro abrange os tempos da Colônia e do Império; o segundo tem início com a Procla-mação da República e segue até a construção de Brasília; e o último núcleo é dedicado à nova capital. Entre as peças estão os textos das Constituições de 1824, de 1891, de 1934, de 1946 e de 1988; as cinco plantas originais do edifício do Congresso Nacional de auto-ria de Oscar Niemeyer; as peças de mobília

e artes decorativas do Palácio Tiradentes; e um filme mudo datado de 1926, registro da inauguração do mesmo edifício.

Também pode ser vista a primeira pro-posta parlamentar de mudança da capital, apresentada por José Bonifácio de Andrada e Silva, em 1821, em documento dirigido a deputados paulistas. José Bonifácio dizia que o Rio de Janeiro não oferecia segurança como capital, já que, no século XVIII, a ci-dade sofreu com invasões, saques e pilhagens constantes. Bonifácio sugeriu o nome Petró-polis ou Brasília para a nova sede. Destaque especial é dado, ainda, ao primeiro projeto de lei de transferência da capital, apresentado na Câmara em 1831, pelo deputado paraense João Cândido de Deus e Silva.

O visitante também poderá conhecer, em desenhos, maquetes, plantas e fotogra-fias, as diferentes sedes do Poder Legislativo nas quais se deu o debate parlamentar sobre a mudança da capital: a Cadeia Velha, a Casa do Conde de Arcos, o Palácio Boa Vista, o Palácio Monroe, a Biblioteca Nacional e o Palácio Tiradentes até a sede atual do Con-gresso Nacional. Com a construção de Brasí-lia, pela primeira vez na história brasileira, o País teve uma única sede para as duas Casas Legislativas.

A mostra está aberta à visitação todos os dias da semana, das 9h às 17horas, no Salão Negro do Congresso Nacional.

Exposição destaca importância do Legislativo na criação de Brasília

o presidente Michel temer participou da abertura da exposição, em 26 de maio

rodolfo stuckert

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Edição semanal - 29 de maio a 4 de junho de 2010 3

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

VOTAÇÕES

Pauta do Plenário está trancada por oito MPsEduardo Piovesan

A pauta das sessões ordinárias do Plenário continua trancada por oito medidas provisórias, duas das quais perdem validade na terça-feira (1º de junho). A votação do piso salarial das polícias dos estados (PEC 446/09 e 300/08) pode ocorrer em uma sessão extraordinária, caso a matéria seja pau-tada pelo presidente Michel Temer com base em acordo de lideranças.

Com a desistência das associações de policiais de manter na PEC os va-lores de um piso provisório, um novo texto será avaliado pelo governo. En-tretanto, devido ao feriado de Corpus Christi na quinta-feira (3) e a uma ses-são do Congresso marcada para terça-feira (1º) à noite, a PEC pode ficar para a próxima semana.

Vigência encerrada - Uma das MPs que perde validade no dia 1º é a 476/09. Ela concede um crédito presumido de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) às empresas que usarem recicláveis adquiridos de cooperativas de catado-res como matéria-prima na fabricação de seus produtos.

A MP também concede, para os meses de janeiro a março de 2010, alí-quota zero da Cofins na venda de mo-tocicletas de cilindrada igual ou inferior a 150 cm3. O benefício tinha acabado

em setembro de 2009.A outra medida que perde eficácia é

a 478/09. Ela extingue, a partir de 1º ja-neiro deste ano, o seguro habitacional do Sistema Financeiro da Habitação e auto-riza a transferência de R$ 172 milhões ao Fundo de Desenvolvimento Social para financiar moradias de famílias de baixa renda organizadas em cooperativas.

Ensino médio - Entre as MPs que trancam a pauta e não perdem a valida-de, destaca-se a 484/10, que permite à União transferir R$ 800 milhões a onze estados no âmbito do programa Especial

n mP 481/10: autoriza o Executivo a doar até 260 mil toneladas de alimentos a 12 países pobres;

n mP 482/10: viabiliza a aplicação, pelo Brasil, de sanções autoriza-das pela Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre os direitos de propriedade intelectual de outros países quando eles des-cumprirem normas da OMC;

n mP 483/10: dá status de ministério a quatro secretarias especiais vinculadas à Presidência da república;

n mP 485/10: abre crédito extra-ordinário para o Ministério da Educação, os estados, o Distrito Federal e os municípios, no valor global de r$ 1,6 bilhão;

n mP 486/10: abre crédito extra-ordinário para órgãos do Poder Executivo, no valor total de r$ 1,4 bilhão. (eP)

em reunião dos líderes partidários na terça-feira (25), o presidente temer anunciou a criação de comissão para buscar um texto de consenso para a Pec 300

Para oposição, falta transparência no projeto sobre banda larga nas escolas

Durante os debates em Plenário, na semana passada, sobre a proposta que permite o uso de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Tele-comunicações (Fust) para levar internet de banda larga às escolas públicas do País (PL 1481/07), o líder da minoria, Gustavo Fruet (PsdB-PR), acusou o projeto da banda larga nas escolas de falta de transparência. “Não se trata de ser a favor ou contra a internet nas escolas, a questão é que muda a lei do Fust; é um projeto de poder, feito às vésperas da eleição”, argumentou. Além disso, disse Fruet, o projeto ex-clui os municípios administrados pela oposição.

Na mesma linha, o líder do DEM, Paulo Bornhausen (sC), chamou o projeto de eleitoreiro. “Não é banda larga, é bandalheira; este governo não aplicou em banda larga em sete anos, por que agora?”, indagou. A proposta chegou a entrar na pauta de votações da semana passada, mas sua trami-tação em Plenário foi interrompida por falta de quorum.

Em contraposição, Jilmar Tatto (PT-sP) destacou a importância da expansão da banda larga pelo interior do País. “É preciso usar os recursos do Fust para levar banda larga às escolas públicas, para que os alunos pobres também tenham acesso à internet”, disse. Para Tatto, o DEM e o PSDB defendem a concentração de renda, querem um governo para poucos. “Mais ainda, querem reserva de mercado para as empresas privadas”.

Para Paulo Teixeira (PT-sP), a pro-posta inclui as novas gerações no mundo digital, “para que a democracia e a banda larga possam favorecer a todos”.

desigualdades - José Guimarães (PT-Ce) citou estudo do instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipea) que expõe as deficiências e as desigualdades no acesso à banda larga. Em 2008, 79% dos lares brasileiros não tinham acesso à internet. Na área rural, ela chega a apenas 266 mil residências (3,1% do total). No Nordeste, a 15% dos domicílios. roraima e Amapá sequer têm acesso ao serviço. “Será que esses números não justificam o projeto, que é fundamental para levar a in-

ternet às escolas brasileiras?”, indagou. Para o líder do PPS, Fernando Co-

ruja (sC), o governo adotou um discurso simplista “para iludir os incautos”. Segundo Coruja, o problema “é a entrega de dinheiro para o governo fazer o que quiser, sem o

Congresso fiscalizar”. Pelo Psol, ivan Valente (sP) criticou o projeto por “facilitar a transferência de recursos públicos para o setor privado”. Segundo Valente, há outros modos de levar a internet às escolas.

de Fortalecimento do Ensino Médio.Esse reforço temporário atenderá a

estados das regiões Norte e Nordeste que apresentem, segundo cálculos do Fun-deb, valor anual por aluno desse nível de ensino inferior ao valor médio encontra-do para essas regiões. Essa MP é o sexto item da pauta.

Também estão na pauta desta se-mana, mas não trancam os trabalhos, as MPs 487/10, que amplia os limites de financiamento do BNDES para pro-jetos de inovação tecnológica; 488/10, que permite a criação da empresa Brasil

2016 para monitorar os projetos vincu-lados à Olimpíada do Rio de Janeiro; e a 489/10, que autoriza a União a parti-cipar da Autoridade Pública Olímpica, entidade coordenadora das ações gover-namentais dirigidas aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

iNCLUSÃO DiGiTAL

Outras medidas provisórias que

podem ser analisadas

JBatista

o Pl 1481/07, que entrou na pauta do Plenário semana passada, permite o uso de recursos do fust para levar a internet de banda larga às escolas públicas

dióGenis santos

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Edição semanal - 29 de maio a 4 de junho de 20104

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

ENTrEViSTA

Lei da TransparênciaA União, os estados, o Distrito

Federal e os 272 municípios brasilei-ros com mais de 100 mil habitantes passaram a divulgar, desde 27 de maio, suas receitas e despesas na internet, de forma detalhada, segun-do destacou Janete Capiberibe (PsB-aP). A exigência foi criada pela Lei da Transparência (Lei Complementar 131/09) - de autoria do ex-senador João Capiberibe, marido da parlamentar -, que mo-dificou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Agora, qualquer pessoa terá acesso a dados como o nome do fornecedor ou do prestador de um serviço ao governo, a quantidade adquirida de certo produto, o custo unitário, o valor total contratado e o número da nota de compra. “O po-der público e a sociedade poderão detectar e anular os atos lesivos aos cofres públicos antes que eles se concretizem”, destacou.

Dilma Rousseff João Paulo Cunha (PT-sP)

destacou que as sondagens feitas por quatro institutos de pesquisa - Vox Populi, Sensus, ibope e Datafolha - apontam para o crescimento e a estabilidade da pré-candidata do Partido dos Tra-balhadores, Dilma rousseff, e para o estacionamento da candidatura do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) à Presidência da república. O deputado observou que a história recente de eleições gerais nas grandes democracias comprova que a economia tem sido tema prioritário para a definição do voto da maioria do eleitorado. Na avaliação do parlamentar, o Brasil não foge à regra. “Ouso apontar que as condições objetivas do momento em que vivemos apontam para a vitória da continuação da administração do presidente Lula, ou seja, para a vitória de Dilma Rousseff”, afirmou.

Queda do desempregoVicentinho (PT-sP) destacou

a redução da taxa de desocupação no Brasil, que chegou neste mês a 7,3%. Ao lembrar que em abril do ano passado essa taxa era de 8,9%, o deputado salientou que a expec-tativa é ultrapassar 2 milhões de novos empregos no País até o final deste ano. Segundo o parlamentar, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados registrou, no mês passado, 305.068 novos postos de trabalho. Nos quatro primeiros meses deste ano, disse, devem ter sido gerados mais de 800 mil empregos com carteira assinada no Brasil. Na avaliação de Vicentinho, pode-se falar com segurança que o Brasil saiu da crise. A seu ver, isso aconteceu em virtude da política do presidente Lula em prol da estabili-dade e do desenvolvimento.

Por que o senhor defende um plebis-cito sobre a reforma política?

É mais uma tentativa de resgatar a reforma política, uma vez que os parla-mentares eleitos pelas atuais regras não querem mudar e, no meu entender, não cabe ao Poder Executivo promover essa reforma. Ao convocar o plebiscito jun-to com as eleições parlamentares, ele condicionará os deputados e senadores a votar a reforma política na próxima legislatura. Além de escolher presidente, governadores, senadores e deputados, os eleitores também responderiam à seguinte pergunta: “O Congresso Na-cional deve aprovar uma reforma polí-tica que promova maior transparência, controle social e o combate efetivo à corrupção?”.

O que seria mais importante tratar numa reforma política?

Sem dúvida, três pontos são fun-damentais: o voto distrital, o financia-

mento público de campanha e a lista fechada.

O plebiscito obrigará a votação da reforma?

Não obrigará, mas fará com que os futuros deputados e senadores venham com o mandato condicionado a votá-la, uma vez que, de acordo com a proposta, os eleitores responderiam se querem que o Congresso faça a reforma política a partir de 2011. Se a maioria simples do eleitorado se manifestar favoravelmente à questão, a próxima legislatura estará vinculada à votação de uma reforma política em sua primeira sessão legisla-tiva, que começa em 2 de fevereiro de 2011, e deve estar concluída até o fim da legislatura.

Por que apresentou requerimento de urgência para votação do projeto?

O plebiscito precisa ser realizado já na próxima eleição. A experiência do

Ficha Limpa mostrou que, pressionado pela sociedade, o Legislativo age mais rápido. E se a pressão for por meio de uma consulta popular oficial, ganha um peso muito maior já que, com o plebis-cito aprovado, a realização da reforma política deixa de ser um anseio e passa a ser uma obrigação dos parlamentares.

O Plenário aprovou, na semana pas-sada, a Medida Provisória 479/09, que reorganiza carreiras do serviço público federal para corrigir problemas surgi-dos com vetos à MP 441/08. A matéria, aprovada na forma de projeto de lei de conversão (PLV 4/10) da deputada Go-rete Pereira (PR-CE), seguiu para o Senado. Segundo o ministro do Planeja-mento, Paulo Bernardo, a MP vai gerar um custo total para os cofres públicos de R$ 31,7 milhões de 2010 a 2012.

Uma das mudanças feitas pela re-latora, a pedido do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), permite a remoção de servidores re-cém-ingressados no órgão antes de cumprido o período de três anos de estágio probatório. Segundo a depu-tada, a mudança permitirá a remoção de servidores para locais que, por causa da anulação de um concurso público, ficaram impossibilitados de receber

novos servidores. Dados da DPRF in-dicam já terem sido gastos mais de R$ 2,2 milhões com viagens de servidores para cobrir temporariamente o déficit de pessoal no Paraná, por exemplo.

Perito médico - De acordo com o texto aprovado, se o perito médico fizer a opção pela carga de 30 horas semanais, seu salário sofrerá uma di-minuição proporcional neste ano; mas, a partir de 1º de janeiro de 2011, os valores voltarão a ser iguais aos rece-bidos por 40 horas. A jornada de seis horas, entretanto, deverá ser cumprida de forma ininterrupta.

Direito - A MP aplica o requisito de prática forense de dois anos para os ocupantes de todos os cargos privativos de bacharel em Direito no Poder Execu-tivo. Essa exigência foi estendida para o ingresso nas carreiras de procurador fe-deral e procurador do Banco Central.

Educação - No setor de educação, a

MP permite o recebimento do Auxílio de Avaliação Educacional (AAE) pelo cola-borador que eventualmente participe de processo de avaliação de instituições, cur-sos, projetos ou desempenho de estudantes, como o Enem (do ensino médio) e o Provão (ensino superior). O AAE já pode ser pago ao docente ou pesquisador do setor público, e a nova regra permitirá o pagamento aos professores do setor privado.

Saúde - Para todos os trabalhadores abrangidos pelo Estatuto do Servidor Público Federal, a MP muda a regra de concessão da licença remunerada de 30 dias para tratamento de saúde de pessoa da família. Pela lei, uma nova licença remunerada podia ser tirada so-mente depois de 12 meses do término da anterior. Com a MP, a prorrogação da licença, por igual período, fica expli-citamente incluída dentro do período de 12 meses, contados do começo da primeira licença.

BALANÇO DE VOTAÇÕES

Câmara aprova reorganização de carreiras do serviço público

Raul Jungmann: plebiscito estimulará parlamentares a votar reforma política

Luiz Paulo Pieri

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) apresentou pedido de urgência para a análise, pela Câmara, do Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 2392/10, que convoca plebiscito para consultar a população brasileira sobre a votação de uma reforma política pelo Congresso Nacional na próxima legislatura (2011-2014).

Segundo o projeto, de sua autoria, o plebiscito será realizado no mesmo dia do 1º turno das eleições de 2010, em 3 de outubro. Na opinião de Jungmann, não é mais possível adiar a refor-ma política, especialmente depois de o Congresso Nacional ter aprovado o projeto Ficha Limpa, que impede as candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça em decisão colegiada. A proposta aguarda sanção do presidente Lula.

DiSCUrSOS DA SEMANA

rodolfo stuckert

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Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

EDUCAÇÃO

Alexandre Pôrto

A participação de entidades mantene-doras internacionais em instituições bra-sileiras de ensino superior voltou a dividir os integrantes da Comissão de Educação e Cultura na semana passada. Na segun-da audiência pública sobre o assunto na comissão, representantes de grupos edu-cacionais que possuem capital estrangeiro defenderam a prática e destacaram que ela é permitida pela legislação.

Os representantes dos grupos Kro-ton, Anhanguera e DeVry Brasil ar-gumentaram que o capital estrangeiro tem melhorado a qualidade do ensino, elevando o desempenho das faculdades particulares nos rankings do Ministério da Educação. Além disso, ressaltaram que a entrada de recursos do exterior tem aumentado a transparência e a compe-tência na gestão orçamentária dessas entidades, sem nenhuma interferência na condução acadêmica dos cursos.

Para Luiz Kaufmann, presidente do Grupo Kroton, dono da rede Pitágoras, não há motivos para temer que o finan-ciamento estrangeiro ameace a soberania brasileira no ensino superior. “As mante-nedoras e as mantidas têm uma relação de independência, na medida em que toda a gestão acadêmica nas mantidas é feita com corpo de professores altamente

Lara Haje

O gerente nacional de canais físicos par-ceiros da Caixa Econômica Federal, Antônio Carlos Barasuol, afirmou que o banco não tem responsabilidade no caso do bolão premiado da Mega-Sena vendido, porém não registrado pela casa lotérica Esquina da Sorte, em Novo hamburgo (rS), em fevereiro. A declaração foi feita em audiência pública realizada na semana passada pela Comissão de Defesa do Consumidor.

Até o momento, pelo menos 25 apostado-res lutam na Justiça para receber o prêmio de r$ 53 milhões, relativo ao concurso 1155 da Mega Sena. Em depoimento à polícia gaúcha, a atendente da lotérica Diane da Silva disse ter se esquecido de registrar as apostas no sistema de controle da Caixa. A Esquina da Sorte teve sua licença de funcionamento re-vogada pelo banco.

De acordo com Barasuol, a organização de bolões por lotéricas é ilegal. “A Caixa não autoriza que a permissionária entregue o jogo pronto aos clientes”, disse. “Nesses casos, o comprovante original fica com a lotérica, o que também é irregular. A circular 471/09 da Caixa deixa claro que as casas lotéricas somente podem oferecer serviços expressamente au-

torizados pelo banco”.Para o presidente da Federação Brasileira

das Empresas Lotéricas, roger Benac, os bolões representam uma relação de confiança entre a lotérica e o consumidor. “Essa prática existe desde 1962, quando a Caixa come-çou a administrar as loterias”, destacou. Ele sustentou que não existe impedimento legal para o serviço.

Conforme Benac, os bolões são importantes para toda a sociedade, uma vez que ampliam a possibilidade de sucesso dos apostadores e movimentam a economia. “O prêmio da Mega-Sena da Virada só chegou a r$ 144 milhões por causa dos bolões”, exemplificou.

O representante da Caixa esclareceu que a estatal não proíbe que um grupo de amigos se reúna para fazer apostas coletivas. “É fundamental que o comprovante do jogo, porém, fique com algum dos apostadores”, destacou. Para a Caixa, o recibo impresso pelo terminal da lotérica é o único comprovante válido da aposta.

Segundo Barasuol, no caso de Novo ham-burgo, como os apostadores não possuem o comprovante do bilhete premiado, não há como exigirem o pagamento do prêmio. “Eles podem reivindicar exclusivamente dos empresários o ressarcimento de eventuais danos”, afirmou.

MEGA-SENA

Caixa Econômica rejeita responsabilidade por bolão frustrado no RS

Deputados divergem sobre capital estrangeiro em instituições de ensino

qualificados e seguindo as diretrizes do Ministério da Educação.” Ele acrescen-tou que restrições ao capital estrangeiro no ensino para proteger a soberania não fazem mais sentido, porque a era digital

Para o deputado Wilson Picler (ao microfone), o aumento da presença internacional no ensino superior brasileiro deve ser monitorado

permite a um aluno brasileiro fazer cur-sos a distância ministrados em outros países por meio do computador.

Polêmica - Os deputados Nilmar Ruiz (PR-TO), José Linhares (PP-CE)

e Átila Lins (PMDB-AM) concorda-ram com os argumentos dos mantene-dores estrangeiros e destacaram que a preocupação deve ser a qualidade dos cursos oferecidos.

Já para o deputado Wilson Picler (PDT-PR), o aumento da presença internacional no ensino deve ser mo-nitorado. “A representante do Ministé-rio da Educação, na audiência pública anterior, relatou aqui que não há evi-dências de melhora na qualidade das instituições com domínio de capital estrangeiro”, disse. Segundo ele, tam-bém preocupa a extensão das aquisi-ções. “Há possibilidade de termos todo o ensino superior privado nas mãos de estrangeiros, porque há capital disponí-vel no mundo para essas aquisições, se não o limitarmos”.

Para Alice Portugal, falta de limite pode ferir soberania acadêmica

Para a deputada alice Portugal (PCdoB-Ba), é pre-ciso limitar o capital estrangeiro no ensino superior para não ferir a soberania acadêmica brasileira nem prejudicar os alunos. “As instituições precisam ser reguladas, para que esses fundos não tenham maioria nos conselhos decisórios”, opinou. “Esse é um capital volátil, o mesmo capital que migrou em outras crises. Temos experiências internacionais de grandes empresas que dominam patentes, que investem em laboratórios específicos para pesquisa e que fizeram exigências administrativas, acadêmicas e de

gestão em universidades estrangeiras.”Alice Portugal é autora do Projeto de Lei 7040/10,

que limita em 10% a participação de capital estrangeiro em instituições de ensino superior. Já o PL 6358/09, do deputado Wilson Picler, limita em 49% essa participação. Ambos estão apensados ao PL 2183/03, do deputado ivan Valente (Psol-sP), que só permite o capital estran-geiro para financiar projetos de pesquisa e extensão ou para apoiar instituições educacionais comunitárias ou filantrópicas. (aP)

Brizza cavalcante

José Carlos Araújo diz que banco é corresponsável

Na opinião do deputado José Carlos araújo (PdT-Ba), a Caixa Econômica Federal é corresponsável pelo episódio da lotérica Es-quina da Sorte, já que o ponto de venda é uma extensão do poder concedente. “Não se pode colocar a culpa apenas no empresário e na funcionária que se esqueceu de registrar o jogo.”

O parlamentar ressaltou que os apostadores são, acima de tudo, consumidores e merecem ser respeitados como tal. Araújo criticou a falta de fiscalização da Caixa sobre os bolões. “A Caixa diz que é proibido, mas na prática existe uma autorização tácita.”

O gerente da Caixa Antônio Carlos Barasuol afirmou que o banco conta, atualmente, com 241 consultores para fiscalizar mais de 10 mil lotéricas. “O número de fiscais não é o ideal, mas as irregulares encon-tradas são devidamente punidas”, argumentou. Para ele, o maior fiscal é o próprio consumidor. “Por essa razão, a Caixa disponibiliza em todos os estabelecimentos cartazes didáticos com as normas do setor”.

Na opinião de José Carlos Araújo, o banco demonstra pouco interesse em pagar os prêmios de loterias. “É muito cômodo dizer que a obrigação de guardar o recibo da aposta é do consumidor”, acrescentou. Após a realização do sorteio, a Caixa aguarda até 90 dias pela manifestação dos vencedores.

O parlamentar defendeu a criação de mecanismos para facilitar a identificação dos ganhadores. Ele sugeriu que fosse exigido, nos bilhetes de aposta, o CPF do cliente. De acordo com Antônio Carlos Barasuol, essa medida aumentaria muito o tempo de espera dos consumidores na fila de atendimento. (lH)

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Aqui na Câma-ra, deputados da Frente Parlamen-tar de Controle ao Tabaco, criada em 12 de maio último, também vêm se mo-bilizando para tentar aprovar alguns dos 145 projetos de lei que tramitam na Casa e que, de algu-ma forma, coíbem o tabagismo.

O presidente da Frente, deputado Marçal Filho (PMDB-MS), lembra que a criação do grupo foi justamente para agilizar a tramitação dos projetos que tratam do assunto. “Muitos deles foram apensados a outras propostas sobre assuntos diferentes, como o consumo de álcool, por exemplo, e isso atrasa a tramitação”, disse. O deputado teme que esse atraso tenha o dedo dos fa-bricantes de cigarro. “Não sei se isso foi proposital, pois sabemos que exis-te o lobby das empresas e produtores de fumo”, disse.

Indústria - A preocupação de Marçal Filho tem lá suas razões. No ano passado, a cadeia do fumo (pro-dução, indústria e comercialização) movimentou cerca de R$ 15 bilhões no Brasil, divididos da seguinte for-ma: R$ 8 bilhões ao governo, em im-

Aumento no número de mulheres fumantes preocupa agência da ONU

Roberto Seabra

Atualmente existem cerca de 17,1 milhões de mulheres fumantes no Brasil, um número considerado alto pelos padrões internacionais. Outro dado preocupante é que vem aumentando o índice de fumantes entre as mulheres no mundo inteiro, especialmente as mais jovens. Estudo feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) nas escolas públicas do município de São Paulo comprova essa tendência.

Os dados revelam que as meninas estão fumando mais que os garotos: dos cerca de 10% dos alunos que fumam, 61% deles são mulheres e 31% homens. Foram feitas entrevistas com 2.829 estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, entre 12 e 18 anos. Entre as alunas, 11% fumam a menos de um ano; 59% entre 1 e 3 anos; 28% entre 4 e 6 anos; e 2% mais do que 6 anos.

As estatísticas sobre doenças causadas pelo fumo junto ao sexo feminino também são preocupantes. Em 2010 cerca de nove mil mulheres serão vítimas de câncer de pulmão no Brasil. Os dados constam de estudo divulgado recentemente pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que aponta ainda que o consumo de tabaco é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Pelos dados do Inca, os fumantes têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver esse tipo de câncer.

Esses e outros números levaram a Organização Mundial da Saúde a escolher a mulher como foco central da campanha deste ano do Dia Mundial sem Tabaco, que acontece na segunda-feira, 31 de maio, em mais de 190 países. No Brasil, o Inca desenvolveu o slogan: “Mulher, você merece algo melhor que o cigarro!”, que traz imagens de flores em contraponto ao fumo. “As flores representam proteção ao meio ambiente, beleza e qualidade de vida, contrastando com o cigarro que representa desmatamento, envelhecimento precoce e problemas de saúde”, diz o texto da campanha.

postos; R$ 3 bilhões à indústria; outros R$ 3 bilhões aos produtores e quase R$ 1 bilhão ao comércio varejista.

Além disso, o Bra-sil é o maior exporta-dor mundial de fumo, tendo faturado cerca de R$ 2,7 bilhões em 2008. Dados do Mi-nistério do Desenvol-vimento Agrário indi-cam que cerca de 180 mil famílias vivem do

plantio de fumo, produzindo mais de 790 mil toneladas por ano. Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a cadeia produtiva do fumo envolve 2,5 mi-lhões de pessoas.

Mas o de-putado rebate essas cifras com outra maior. Levantamento feito pelo Banco Mundial mostra que o tabagismo custa ao mundo U$ 200 bilhões de dólares por ano, em razão de doenças, morte precoce em idade produtiva, faltas

ao trabalho etc. “Os fu-mantes e os fumantes passivos são a primeira e terceira maiores cau-sas por mortes evitáveis no mundo”, lembra Marçal Filho, sendo que a segunda causa é o alcoolismo.

A deputada Gore-te Pereira (PR-CE) elogiou a iniciativa da OMS, pois, segundo ela, estamos assistindo no Brasil e no mundo ao surgimento de uma nova geração de mulheres fumantes. “No caso das mulheres o problema é mais dramáti-co, pois os prejuízos com o cigarro são

ainda maiores do que no caso dos ho-mens. Tem a ques-tão dos hormônios, da maternidade, do aleitamento, ou seja, são várias questões que tornam o fumo ainda pior no caso do sexo feminino”.

Vulnerabilidade - Pesquisa do Institu-to do Coração con-firma a preocupação da deputada. Segun-do o Incor, a mulher é mais vulnerável

às doenças provo-cadas pelo cigarro, provavelmente por-que, quando fuma, ela passa a produzir menos estrógeno, o principal hormônio feminino. Outro problema é que a mistura fumo e pílu-la anticoncepcional eleva em oito vezes o risco de acidentes vasculares cerebrais, além de aumentar as

chances de câncer de colo do útero e de pulmão.

Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), a campanha da OMS é uma iniciativa excelente, porque escolheu uma meta clara, que é atingir o grupo das mulheres fu-mantes. Ele lembra que nas últimas duas décadas houve uma redução em 50% no número de fumantes no país (caiu de 34% para 17% da popula-ção). “O resultado é muito bom. Mas precisamos continuar com as cam-panhas. A meta agora é acabar com os displays de propaganda de cigarro em padarias, bares e mercados”, diz. Hauly é autor de projeto de lei que proíbe a venda de cigarros em locais públicos de embarque e desembarque de passageiros, tais como rodoviárias e aeroportos (PL 5823/2001).

Gorete Pereira

laycer toMaz

luiz carlos Hauly

rodolfo stuckert

Segundo a OMS, 12% das mulheres ao redor

do mundo são fumantes. Enquanto o número

de homens fumantes estagnou, o de mulheres

está em constante crescimento. A OMS também constata que as mulheres fumantes têm mais chances de desenvolver diversos

tipos de câncer e doenças cardíacas

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Frente Parlamentar quer proibir fumo em ambientes coletivos

vários projetos querem acabar com o cigarro em espaços públicos

arquivo sefot

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Roberto Seabra

Uma das metas dos deputados da Frente Parlamentar de Controle ao Tabaco é aprovar proposta que restrinja ainda mais o espaço para fumantes, proibindo de vez os chamados fumódro-mos em bares e res-taurantes, a exemplo do que já ocorreu em alguns municípios e no estado de São Paulo.

O Projeto de Lei do Senado 315/08, do senador Tião Viana (PT-AC), que estabelece essa proibição, está em fase final de votação no Senado e de lá virá para a Câmara. O deputado Marçal Filho (PMDB-MS) acredita que mais restrições à propaganda de cigarros e a proibição dos fumódromos poderão, juntos, re-duzir ainda mais as estatísticas do

tabagismo. Segundo ele, os

fabricantes de cigarro tornaram mais sofis-ticada as campanhas publicitárias, após a aprovação da Lei 9294/96, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda do fumo, bebidas alcoólicas e outros produtos. “Hoje, um grande problema são as festas, as chama-

das raves, onde as marcas fazem propa-ganda abertamente, justamente junto ao público mais jovem”, disse. Ele tam-bém critica a estratégia dos fabricantes de fumo, que colocam seus produtos ao lado de refrigerantes e chocolates nos estabelecimentos comerciais, induzin-do o jovem a comprar o cigarro.

Outros projetos que tramitam na Câmara também impõem novas res-trições ao tabaco. O PL 6731/10, de

Marçal Filho, modifica o Código de Trânsito Brasileiro estabelecendo como infração grave o ato de dirigir o veículo fumando. Já o PL 6031/09, do deputa-do Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), proíbe a venda de cigarros a crianças e

adolescentes. E projetos que criam ambientes de uso coletivo livres de tabaco, tais como o PL 5840/09, do deputado William Woo (PSDB-SP), e o PL 5492/09, do deputado Dimas Ramalho (PPS-SP).

Outros exemplos de projetos sobre tabagismo em tramitação na Câmara

Pl 7093/10 – deputado nilson mourão (PT-aC)Proíbe publicidade comercial de produtos derivados de tabaco e bebidas alcoólicas nos veículos de comunicação concessionários e permissionários do serviço público em todo o território nacional.Pl 6126/09 - senado FederalTorna crime a falsificação, adulteração ou fabricação de cigarro em de-sacordo com a legislação sanitária.Pl 5763/09 - deputada Gorete Pereira (PR-Ce)Obriga a inclusão do tabagismo como causa da morte, quando do preen-chimento do atestado de óbito.Pl 5091/2009 – deputado Rodrigo Rollemberg (PsB-dF)Altera o Código de Trânsito e proíbe o uso de cigarros e assemelhados quando houver menores de 18 anos no veículo. Pl 5014/09 - Roberto alves (PTB-sP)Estabelece que os derivados de fumo, inclusive o cigarro, deverão ser guardados em lugar não visível ao público.Pl 3564/04 - Bernardo ariston (PmdB-RJ)Determina que as empresas fabricantes de cigarros compensem o Sistema Único de Saúde pelas despesas com o tratamento de doenças associadas ao tabagismo. Pl-3583/00 - Paulo José Gouvêa (Pl-Rs)Proíbe a divulgação da prática do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas nas emissoras de rádio e televisãoPl 4582/09 - dr. Talmir (PV-sP)restringe o uso de cores em embalagens de produtos fumígenos.

A lista completa de projetos que tratam do assunto pode ser lida no endereço eletrônico: www.agencia.camara.gov.br

Marçal filho

rodolfo stuckert

No Dia Mundial sem Tabaco, a Câmara dos Deputados abre a ex-posição “Propagandas de Cigarro - Como a Indústria do Fumo En-ganou as Pessoas”. A mostra reúne peças publicitárias e vídeos comer-ciais que as marcas veicularam nos Estados Unidos entre 1920 e 1950. Bebês, Papai Noel, noivas e até médicos eram usados para vender cigarros.

O material da exposição foi reu-nido pelos médicos Robert Jackler e Robert Proctor, professores da Universidade de Stanford (EUA). Na pesquisa, eles concluem que muitas das estratégias publicitárias utilizadas pela indústria do tabaco no século passado continuam sendo adotadas atualmente.

Para a mostra em Brasília, a curadora Bia Pereira optou por acrescentar à exposição um painel com peças voltadas às mulheres. “Será a oportunidade para mostrar o interesse que a indústria do fumo tinha e continua a ter nas mulhe-res, que representam um mercado de maior potencial de crescimento que os dos homens”, observa.

Exposição denuncia propaganda enganosa

De acordo com a curadora, a in-dústria do tabaco no início do século XX percebeu que o público feminino era um mercado de grande potencial. A mulher passava a conquistar novos espaços sociais, e as companhias não tardaram em se utilizar de símbolos como a sensualidade e o glamour para atraí-las e convencê-las a tornarem-se fumantes. Fumar passaria a ser um símbolo de emancipação e de inde-pendência feminina.

visitação: 31 de maio a 11 de junho de 2010, de segunda a sexta, das 9h às 18h.local: espaço do s e r v i d o r, a n ex o i i da câmara dos deputados. entrada gratuita.

livre para todas as idades.

‘Propagandas de Cigarro - Como a Indústria do Fumo

Enganou as Pessoas’

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Vinte anos após o ECA, quais foram os principais avanços e o que ainda precisa ser feito?

O ECA é uma construção permanente, e neste processo vão se obtendo avanços; por isso, temos muito o que comemorar mas também muito o que fazer pela infância e adolescência no Brasil. Por exemplo: falta aplicar plenamente o estatuto de forma a garantir à criança e ao adolescente todos os direitos que têm os adultos, além de garantir direitos especiais, em razão das peculiaridades das condições de desenvolvimento pessoal e social dos menores. Não há dúvidas de que houve muitos avanços, sobretudo nos indicadores so-ciais relacionados à renda familiar, mortalidade, des-nutrição infantil, escolarização, na implementação de políticas e planos nacionais de enfrentamento à violên-cia sexual infanto-juvenil, na criação de instrumentos de combate ao trabalho infantil. Por outro lado, ainda é preciso melhorar a qualidade do ensino, capacitando profissionais da área. Eu diria que o ECA é uma lei que permitiu e vai permitir, mais ainda, um futuro mais pródigo e promissor à criança e ao adolescente.

Entre as conquistas do ECA, quais a senhora considera prioritárias?

Primeiro, o direito à saúde, o que inclui o aten-

dimento pré e perinatal; registro e prontuário individual; identifi-cação; declaração de nascimen-to; teste do pezinho, cobertura vacinal obrigatória, entre outros. Em relação à educação, a obriga-toriedade e gratuidade do ensino fundamental; a progressiva ex-tensão dessa obrigatoriedade ao ensino médio; o atendimento em creche e pré-escola para as crian-ças de zero a seis anos; a oferta de ensino noturno regular para atender o adolescente trabalha-dor e o atendimento educacional aos portadores de deficiência. O ECA também priorizou a convi-vência familiar e comunitária e o direito à profissionalização e pro-teção ao trabalho. O direito à convivência familiar e comunitária, hoje, já é estabelecido na Lei Nacional de Adoção.

E os principais desafios?Como expliquei, o ECA está permanentemente em

construção e, por isso, ainda há gargalos, como as políticas so-cioeducativas, que são altamen-te deficitárias, o fato de mais de 1 milhão de crianças e ado-lescentes estarem inseridas no mercado de trabalho, com uma jornada em média de 26 horas semanais, muitos trabalhando em atividades não remuneradas. Enfim, entendo que em julho próximo, quando o Estatuto da Criança e do Adolescente com-pletar 20 anos, essa iniciativa que tive o orgulho de relatar foi um instrumento capaz de aju-dar a construir os marcos legais que ainda balizam e orientam os passos em direção ao progressivo

enfrentamento do problema e à consolidação dessa conscientização. É preciso mudar a cultura favor das crianças e adolescentes de nosso País, uma cultura mais respeitosa, amorosa e terna, que, certamente, resultará em um futuro mais pródigo e promissor a todos nós.

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ENTrEViSTA

O deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) defendeu, durante bate-papo promovido pelo site infantil da Câmara, o Plenarinho, que a Justiça avalie caso a caso a participação de ato-res mirins em novelas de televi-são e peças de teatro. Segundo ele, papéis relacionados a temas adultos, que possam acarretar prejuízos ao desenvolvimento da criança, devem ser vetados, se necessário. O parlamentar re-conheceu, porém, a importância dos artistas mirins para a cultura nacional.

Lustosa é o autor do Projeto de Lei 6938/10, que estabelece a responsabilidade civil por danos mo-rais coletivos decorrentes da explora-

ção sexual de crianças e adolescentes para fins comerciais. O deputado tam-bém participa da Frente Parlamentar

em Defesa dos Direitos da Criança e do Ado-lescente; e da Comissão Intersetorial de Enfrenta-mento à Violência Sexual contra Crianças e Ado-lescentes.

Cerca de 40 crianças participaram do bate-papo virtual e fizeram perguntas ao deputado. Uma das principais dú-vidas foi em relação ao mal que o trabalho in-fantil poderia acarretar. Lustosa lembrou que o trabalho antes da idade “atrapalha o desenvolvi-

mento da criança e tira o tempo dis-ponível para ela estudar, se divertir e

fazer amigos”. O deputado ressaltou que muitas crianças não comparecem à escola porque estão trabalhando.

A Constituição, explicou Lustosa, proíbe o trabalho antes dos 14 anos e o Brasil possui outras leis regulamen-tando o tema, além de ter assinado acordos internacionais proibindo o trabalho infantil.

Denúncias - Os internautas apro-veitaram para perguntar onde de-nunciar casos de trabalho infantil. O deputado respondeu que elas devem procurar o conselho tutelar da cidade onde moram. Outra questão lembrada pelas crianças foi o trabalho infantil doméstico. O deputado disse que ape-sar do combate à prática, essa ainda é, infelizmente, uma atividade aceita por muitas pessoas no País.

Paulo Henrique Lustosa defende avaliação, pela justiça, do trabalho de atores mirins no teatro e na televisão

Rita Camata: Estatuto da Criança e do Adolescente permite futuro mais promissor aos nossos jovens

Luiz Paulo Pieri

Relatora do Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa 20 anos no dia 13 de julho, a deputada Rita Camata (PSDB-ES) avalia que o ECA incluiu os direitos da população infanto-juvenil na legislação brasileira, mas precisa ser ple-namente aplicado para que atinja o objetivo de amparar e construir um futuro mais promissor a esse segmento. Militante das causas relativas à proteção da infância e

da adolescência, a deputada é autora do projeto que resultou na Lei 9.970/00 que instituiu 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. No sexto mandato federal, Rita Camata foi constituinte em 1987/88 e teve seu trabalho parlamentar premiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), além de ter recebido do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) o diploma “Palavra de Honra”, por sua atuação em favor das causas populares.

crianças participam de montagem de musical infantil em Minas

Governo de Minas

ATiViDADE iNFANTiL

rodolfo stuckert

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SOLENiDADE

DiSCUrSOS DA SEMANA

Energiaalbano Franco (PsdB-se)

disse que, ao despontar como po-tência energética, o Brasil poderá também se tornar uma potência econômica, pois são poucos os pa-íses que reúnem tantas condições favoráveis a um processo rápido e sustentável de expansão econô-mica baseado no seu patrimônio energético. “Com a descoberta dos expressivos depósitos petrolíferos nas camadas do pré-sal, o País seguramente irá se transformar num importante exportador, não apenas de petróleo bruto, mas sobretudo de produtos petroquímicos de mais alto valor agregado”, afirmou, des-tacando a participação de Sergipe na exploração do petróleo, com a descoberta de poço em 1963. Para o deputado, a construção de refi-narias no Nordeste, com o objetivo de exportar para Caribe, América do Norte, África e Europa, é uma política “lúcida” da Petrobras.

GarimpoCleber Verde (PRB-ma) afir-

mou que a decisão do governo de retomar as atividades, de forma mecanizada, de extração de ouro em Serra Pelada, no município de Curionópolis (PA), reforça a im-portância de se ampliar os direitos sociais dos garimpeiros. “O Esta-tuto do Garimpeiro (Lei 11.685/08) reconhece a profissão de garim-peiro, mas em nenhum momento trata da questão previdenciária”, disse o deputado, que apresentou o Projeto de Lei 5227/09, que cria aposentadoria especial, no valor de um salário mínimo, e pensão vitalícia para os garimpeiros. “há necessidade urgente de aprovar-mos esse projeto.” Em 7 de maio, o Ministério das Minas e Energia autorizou o retorno da mineração em Serra Pelada, que estava sus-pensa desde 1992.

Educaçãoantonio José medeiros (PT-

Pi) fez um balanço de seu trabalho à frente da Secretaria da Educação do Piauí, destacando as diretrizes da política educacional implantada e as ações realizadas. O deputado disse ter priorizado a expansão do ensino médio – agora os 224 mu-nicípios do Piauí têm pelo menos uma unidade, além de outras cem em comunidades da zona rural. Ele registou também que 80% dos jovens de 15 a 17 anos estão estudando no Piauí. Ele destacou ter também trabalhado na educação de jovens e adultos, e que cerca de 150 mil alunos já estão participando da Educação para Jovens e Adultos (EJA). O deputado explicou, no entanto, que ainda precisa atrair mais de 450 mil pessoas nessa faixa etária para a escola.

integrantes da Comissão de Direi-tos humanos e Minorias constataram deficiência de insumos e equipamentos hospitalares e déficit de pessoal em dois hospitais públicos no Entorno do Distrito Federal. Acompanhados de assessores e de uma equipe da TV Câmara, os deputados domingos dutra (PT-ma) e Pedro Wilson (PT-Go) visitaram na sexta-feira (26) os hospitais municipais Bom Jesus, em Águas Lindas de Goiás (GO), e Dom Luís Fernandes, em Santo Antonio do Descoberto (GO), cidades a cerca de 50 km de Brasília.

A visita foi motivada por requeri-mento de Domingos Dutra, vice-pre-sidente da comissão, para verificar as condições de atendimento à população e apurar denúncias de desrespeito aos direitos humanos dos pacientes. Pedro Wilson lembrou que muitos pacientes do Entorno procuram atendimento em hospitais de Brasília. Ele respon-sabilizou prefeitos, governadores e o governo federal, que não fazem ações integradas de saúde.

Funcionários – Em Águas Lindas, os parlamentares constataram que o

hospital Bom Jesus, embora possua infraestrutura física razoável, sofre com o pequeno quadro de profissionais, além da insuficiência de material. A institui-ção atende em média 400 pessoas por dia e é a principal referência para uma região cuja população é estimada em 250 mil habitantes.

Em Santo Antonio do Descoberto, verificou-se que o único hospital do município, além de pequeno, está em reforma há vários meses. As instalações físicas são precárias e o serviço de atendimento é muito criticado.

Cada hospital tem cerca de 20 mé-dicos. Durante a visita, pacientes idosos e gestantes relataram que aguardavam atendimento há mais de quatro horas no hospital. No local, os deputados também constataram o armazenamento de remédios em salas úmidas com paredes e piso em péssimo estado de conservação.

abandono – O fato mais grave em Santo Antonio, relatado pelos deputa-dos, é a obra abandonada de um novo hospital – bastante amplo e construído com material de qualidade – que teve

a construção iniciada em 2001 e está abandonado há cerca de dois anos. O prédio, com as estruturas metálicas, vidros, pintura e outros materiais que estão se deteriorando, fica a poucos quilômetros do outro hospital.

explicações - Os gestores locais alegaram que a responsabilidade pelo embargo da obra é da Vigilância Sanitária, mas não convenceram. “É inaceitável que as pessoas sejam maltratadas num hospital caindo aos pedaços enquanto existe outro, com instalações bem melhores, que já pode-ria e deveria estar funcionando”, disse Domingos Dutra, acrescentando que é preciso apurar as responsabilidades. Pedro Wilson alertou para o mal uso dos recursos públicos.

Em até um mês, os deputados devem apresentar o relatório completo desta primeira visita. Novas diligências da comissão devem ocorrer, mas os municípios a serem visitados não serão divulgados com antecedência, para evitar a ocorrência de ações que mascarem a realidade dos hospitais e demais serviços de saúde.

SAÚDE

Hospitais do Entorno do DF têm situação precária

Câmara entrega prêmio a instituições que trabalham pela saúde da mulherA Câmara realizou na terça-feira

(25) a entrega do Prêmio Doutor Pinot-ti, uma homenagem ao deputado fede-ral de São Paulo que morreu de câncer em 2009. Dr. Pinotti, que era médico, destacou-se pelo trabalho em defesa da saúde da mulher. O prêmio reconhece o trabalho de instituições que lutam pelo acesso e qualidade dos serviços de saúde da mulher.

O 2º secretário da Câmara, depu-tado Inocêncio Oliveira (PR-PE), re-presentou o presidente Michel Temer (PMDB-SP) na solenidade da primeira edição do Prêmio Doutor Pinotti. Ele entregou o certificado ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernan-do Figueira, de Recife (PE), indicado ao prêmio pela deputada Ana Arraes (PSB-PE).

As outras instituições agraciadas fo-ram a Amparo Maternal, maternidade social de São Paulo indicada pela de-putada Luiza Erundina (PSB-SP), e a Santa Casa de Misericórdia Irmandade Senhor dos Passos, de Guaratinguetá (SP), sugerida pelo deputado Marcelo Ortiz (PV-SP). Ao todo, foram indica-das 30 entidades.

Criado pela Câmara em 2009, por iniciativa da deputada Rita Camata (PSDB-ES), o prêmio tem por objeti-vo o reconhecimento do trabalho de

instituições governamentais ou não governamentais que se destacaram por promover o acesso aos serviços desti-nados à saúde da mulher, bem como a melhoria da qualidade desses serviços. As indicações são feitas por deputados e senadores e, a cada ano, três institui-ções são agraciadas.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), participou da solenidade,

realizada no Salão Nobre da Câmara. Representaram as instituições agracia-das a presidente do Amparo Maternal, irmã Maria Enir Loubet; a viúva do fun-dador do Instituto Fernando Figueira, Nancy Figueira, e o chefe de serviço de mastologia da entidade, Antonio Simão. Compareceram ainda a viúva de Pinotti, Suely, e sua filha, Marianne, também médica.

o deputado inocêncio oliveira entrega o Prêmio doutor Pinotti a nancy figueira, representante do instituto de Medicina integral Professor fernando figueira

Janine Moraes

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ENTrEViSTA

José Carlos Oliveira

Cientistas criticaram, na Câmara, em debate com deputados da Frente Parlamentar Ambientalista realizado na semana passada, as propostas de mudanças no Código Florestal (Lei 4.771/65) em análise na Casa. O doutor em ecologia de paisagens e professor da Universidade de São Paulo (USP) Jean Paul Metzger apresentou estudo sobre pontos em análise na possível reformu-lação do código.

Ao contrário do que propõe o setor do agronegócio, ele defendeu, por exem-plo, o aumento da largura das áreas de proteção permanente (APPs) ao longo de rios dos atuais 30 metros para, pelo menos, 100 metros. Segundo ele, só as-sim as APPs vão contribuir para a con-servação ambiental.

Metzger também criticou as propos-tas de flexibilização do código no que diz respeito à possibilidade de junção das APPs com as áreas de reserva le-gal, a fim de liberar mais espaço para a expansão agrícola. “Do ponto de vista biológico, isso é um absurdo, porque essas duas áreas têm funções totalmen-te distintas. As APPs protegem solos, recursos hídricos e áreas sensíveis, ba-sicamente, enquanto a reserva legal tem uma função muito mais de proteção da biodiversidade e de uso sustentável de recursos naturais”, ressaltou.

Rigor - O doutor em ciências agrá-rias e professor da USP, Gerd Spavorek defendeu a manutenção da atual legis-lação ambiental. Segundo ele, o Códi-go Florestal pode ser aplicado de forma ainda mais rigorosa sem atrapalhar os interesses do agronegócio.

Na avaliação do coordenador da frente parlamentar, deputado Sarney Filho (PV-MA), as opiniões desses es-pecialistas deram novo enfoque à análi-se dos argumentos que os ruralistas vêm apresentando como base científica para mudar a legislação.

O subprocurador geral da República Mário Guise reclamou que algumas áreas científicas ficaram de fora dos debates em torno de mudanças no código: “Há uma certa tendenciosidade no processo de coleta de informações para subsidiar a reformulação do código. É preciso ouvir os biólogos, que vão dizer o tamanho das áreas que precisam ser preservadas”.

O deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) também defendeu a am-pliação do debate. “É fundamental ou-vir o mundo científico, o Judiciário e o Ministério Público”, sugeriu.

Família SarneyJulião amin (PdT-ma) afirmou

que o suposto esquema de suborno a integrantes do PT do Maranhão em troca de apoio à reeleição da governadora roseana Sarney (PMDB) é mais uma prova de que a família Sarney não economiza meios para se manter no poder. Conforme reportagem publicada pela revista Veja, emissários do clã Sarney teriam oferecido de r$ 20 mil a r$ 40 mil a pelo menos quatro delegados petistas para mudarem suas opiniões e firma-rem aliança com a governadora. Na convenção estadual do PT, em março, representantes do partido decidiram formalizar apoio à candidatura do deputado Flávio dino (PCdoB-ma) ao governo local. Segundo Amin o presidente do Senado e pai de rose-ana, José Sarney (PMDB-AP), “quer que a filha permaneça como inquilina do Palácio dos Leões, para onde foi conduzida, há pouco mais de um ano, por força de um golpe jurídico do Tribunal Superior Eleitoral”.

Governo da BahiaJoão leão (PP-Ba) elogiou a

administração do governador da Bahia, Jaques Wagner, e disse que ele trouxe estabilidade para o estado. Ao retornar à Câmara depois de licenciado para ocupar a Secretaria de infraestrutura da Bahia, o deputado afirmou que, quando Wagner assumiu o governo, a infraestrutura logística e as estradas estavam em péssimas condições. O polo petroquímico e o centro industrial de Aratu, disse Leão, estavam abando-nados, apesar de serem responsáveis por cerca de 60% da arrecadação de impostos da Bahia. “As primeiras me-didas tomadas foram para consertar as estradas, o que não foi fácil”, ressaltou. “Apesar da crise, demos uma alavan-cada muito grande na questão das rodovias da Bahia “, destacou.

Governo do Espírito SantoO Espírito Santo mudou o curso

de sua história, superando desafios, e passou a trilhar um novo caminho, na avaliação de lelo Coimbra (PmdB-es). Os primeiros passos nessa direção, de acordo com o deputado, foram dados em 2003, quando o PMDB assumiu o governo do estado. “Pautamos nosso compromisso com a moralidade, com a ética, com a dedicação ao interesse público e em favor da reconstrução de um estado que estava em uma UTi e respirando com auxílio de aparelhos, tais os des-mandos”, criticou. Segundo Coimbra, o governo estadual, as bancadas estadual e federal e a sociedade, juntos, retomaram a estabilidade e a credibilidade político-institucional, normalizaram a prestação de servi-ços e reconquistaram a capacidade pública de investimentos.

DiSCUrSOS DA SEMANA

Como funcionará a destinação das multas à arborização urbana?

De acordo com o PL 5987/09, um décimo do valor das multas por infra-ção à legislação ambiental arrecadado pelos órgãos ambientais será destinado à arborização urbana no município onde ocorreu a infração.

Por que essa medida é necessária?É uma medida de justiça, uma vez

que a população vive hoje maioritaria-mente nas cidades. Infelizmente, as ci-dades brasileiras carecem de estruturas e serviços básicos, aí incluídos os serviços de arborização e manutenção de áreas verdes, que comprometem a qualidade de vida de milhões de brasileiros. Além disso, poucos são os centros urbanos que oferecem aos seus habitantes áreas ver-des e ruas arborizadas que correspondam ao mínimo recomendado pelos órgãos competentes. Faltam, em geral, recur-sos financeiros e humanos para a tarefa. Com a nova leva de recursos oriundos das multas ambientais, o poder público pode mudar essa realidade.

Flaviano Melo: arborização urbanamelhora qualidade de vida da população

FrENTE PArLAMENTAr

Cientistas criticam propostas de modificação do Código Florestal

A arborização urba-na influencia na tempe-ratura das cidades?

Com certeza, basta ver o papel da arboriza-ção no clima das cidades: no meio urbano, o solo é predominantemente coberto por edifícios e áreas pavimentadas, que absorvem o calor do sol e esquentam o ar. As áreas urbanas são mais quentes e mais secas do que o entorno rural. Ci-dades do porte de São Paulo apresentam temperaturas do ar no centro da conur-bação urbana até 10ºC maiores que as encontradas em áreas menos urbanizadas e mais vegetadas na periferia. A revegeta-ção contribui para reduzir o problema.

As árvores também afetam o índice de umidade do ar?

Uma árvore isolada pode transpirar, em média, 400 litros de água por dia, produzindo um efeito refrescante equi-

valente a cinco condi-cionadores de ar com capacidade de 2.500 kcal cada, funcionando 20 horas por dia. Árvo-res localizadas estrate-gicamente ao redor de edifícios podem reduzir em até 50% o consumo de energia para a refri-geração dos ambientes internos. Em bairros arborizados, a tempera-tura do ar, em geral, é 3ºC a 4ºC inferior. Um

estudo realizado em Porto Alegre mos-trou que essa diferença pode atingir até 9ºC no verão, dependendo das espécies utilizadas na arborização. Esse mesmo estudo também comprovou o aumento de 15% a 40% na umidade relativa do ar em locais arborizados. O plantio de 100 milhões de árvores nas proximidades de residências nos Estados Unidos reduziu o consumo de 22 bilhões de kWh de eletricidade, o que gerou uma economia de 2,3 bilhões de dólares por ano.

Luiz Paulo Pieri

Relator do Projeto de Lei 5987/09, do deputado Roberto Britto (PP-BA), que prevê o repasse de 10% do valor da multa por infração ambiental para a arborização urbana, o deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) justifica o seu parecer favorável com o fato de que poucos centros urbanos oferecem aos seus habitantes áreas verdes e ruas arborizadas que correspondam ao mínimo re-comendado pelos órgãos competentes. O parlamentar ressalta que um hectare de árvores assimila aproximadamente cindo toneladas de carbono e libera de oito a dez toneladas de oxigênio por ano.

rodolfo stuckert

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BiODiVErSiDADE

Carol Siqueira

A Comissão de Agricultura, Pe-cuária, Abastecimento e Desenvolvi-mento Rural aprovou na quarta-feira (26) a criação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, que vai oferecer dinheiro às pessoas que preservarem ou recuperarem o meio ambiente. Os recursos dos programas serão arrecadados por um fundo espe-cífico, e o valor a ser pago pela preser-vação será definido por uma comissão multidisciplinar.

Pela proposta, serão remuneradas iniciativas de proteção ou renovação dos solos; manutenção da biodiversi-dade; controle das emissões de gases causadores do efeito estufa; manuten-ção do ciclo da água, entre outras. A proposta ainda define como prioridade o pagamento pelos serviços ambientais prestados em ecossistemas sob maior risco socioambiental, e determina que só pode participar do programa quem comprovar o uso ou ocupação regular do imóvel.

Substitutivo – O texto aprovado é o substitutivo do deputado Fábio Souto (DEM-BA) ao Projeto de Lei 792/07, do deputado Anselmo de Jesus (PT-RO). O texto incorpora parte do PL 5487/09, do Executivo, com o objetivo de criar uma política mais abrangente. “A ideia é que não basta apenas cobrar de quem polui ou degrada, é preciso destinar re-cursos a quem voluntariamente garante a oferta de serviços ambientais, dando caráter prático ao princípio do prove-dor-recebedor”, disse Fábio Souto.

Na avaliação de Anselmo de Jesus, a opção por incorporar o projeto do Executivo baseia-se no fato de o tex-to do governo criar o fundo. “Como o

O deputado Fábio souto (dem-Ba) manteve a ideia do Executivo de criar o Fundo Federal de Pagamento por Serviços Ambientais. O fundo terá até 40% dos recursos do Ministério do Meio Ambiente sobre a participação especial paga pela exploração de pe-tróleo, além de recursos do Orçamento e de outras fontes.

O Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) será o gestor do fundo, podendo habilitar outros bancos para a operacionaliza-ção dos contratos. haverá isenção de Imposto de Renda, PIS e Cofins sobre os pagamentos por serviços ambientais. A escolha da iniciativas e

o valor pago serão definidos por uma comissão nacional, com membros de 12 órgãos federais e 7 representantes de estados, municípios, organizações não-governamentais e trabalhadores da agricultura, pecuária e pesca.

O substitutivo reduz a competência do Ministério do Meio Ambiente, executor do programa. “Por interessar a inúmeros setores da população, o programa deve ser tratado de modo transversal dentro do governo, com a participação de múltiplos segmentos da sociedade brasileira”, disse Fábio Souto. Na avaliação do depu-tado anselmo de Jesus (PT-Ro), esse ponto deverá ser alterado na Comissão de Meio Ambiente. (Cs)

O coordenador adjunto do Programa de Política e Direito do instituto Socio-ambiental (iSA), raul do Valle, disse que a aprovação da proposta pode deixar para segundo plano questões que hoje separam ambientalistas e ruralistas na comissão especial do Código Florestal, como o tamanho da área a ser preserva-da. “Se for criada uma política de apoio público para a recuperação de áreas, o tamanho da porção a ser preservada passa a ser questão secundária, porque o agricultor sabe que vai ter apoio para recuperar a área”.

raul do Valle criticou a ampliação dos potenciais beneficiários. “Os gran-des produtores precisam de incentivo

para manter e recuperar o ambiente, mas não devem receber dinheiro público para isso. O programa deve ajudar aquele pequeno produtor, que por ter uma área minúscula e não ter recursos, precisam desse apoio do governo para recuperar porções de suas terras”, disse.

Para ele, também a questão do financiamento não foi resolvida no projeto, já que os recursos destinados são pequenos. “Os recursos do petró-leo não ultrapassam poucas dezenas de milhões de reais, um valor ínfimo diante do trabalho de recuperação de áreas do País que precisa ser feito”, afirmou. (Cs)

Agricultura aprova a criação de fundo para remunerar preservação ambiental

Fundo pode reduzir divergênciasPetróleo vai ajudar com recursos

Executivo é a esfera política que tem poder para criar a fonte financiadora, é natural que ele tenha destaque”, disse. Segundo ele, o conteúdo do seu projeto está contemplado.

O substitutivo também aumentou a rede de potenciais beneficiários, já que o texto do Executivo restringia o pagamento aos povos e comunidades tradicionais, indígenas, assentados da reforma agrária e agricultores familia-res. “Em vez de mirar na relevância do

serviço ambiental prestado, o projeto do Executivo demonstra a intenção de atu-ar principalmente como instrumento de transferência de renda para populações mais necessitadas do meio rural”, afir-mou Fábio Souto.

Consenso – Para Anselmo de Jesus, a aprovação na Comissão de Agricultu-ra mostra que houve consenso sobre o pagamento de serviços ambientais. A proposta, segundo ele, atende aos inte-resses de ambientalistas e de produtores,

pois vai acabar a posição desfavorável do agricultor que preserva áreas e com-promete a renda. “Vamos acabar com as injustiças entre aquele agricultor que preserva a sua área e não gera renda familiar e os vizinhos que devastam e ganham mais dinheiro”, disse.

A proposta ainda será examinada de forma conclusiva pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

O Brasil possui diversas inicia-tivas de remuneração por serviços ambientais, embora ainda não exis-ta uma regulamentação nacional. No âmbito federal, o Programa de Desenvolvimento Socioambiental de Produção Familiar rural (Pro-ambiente), do Ministério do Meio Ambiente, paga um terço de salário mínimo a agricultores e pecuaristas que empregam técnicas menos nocivas ao meio ambiente.

O governo do Amazonas criou, em 2007, o “Bolsa-Floresta”, pago a ribeirinhos e a comunidades tradicionais que vivem no entorno ou dentro de unidades de conser-vação estaduais. Alguns estados criaram o “iCMS ecológico” – parte da arrecadação desse imposto ajuda na preservação ambiental.

Na iniciativa privada, a empresa O Boticário criou o Projeto Oásis, que oferece prêmios financeiros a proprietários de mananciais da Grande São Paulo que conserva-rem os remanescentes da Mata Atlântica. (Cs)

União e estadostêm ações próprias

Mata de cerrado na região Centro-Oeste, exemplo de área que pode ser beneficiada pelo substitutivo de Fábio Souto (E) ao projeto de Anselmo de Jesus (D)

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OPiNiÃO

Professora Raquel Teixeira

A organização da Copa de 2014 capenga? As obras para adequar as cidades-sedes brasileiras que receberão as competições do maior evento midiático do planeta estão atrasadas? A resposta para as duas perguntas é única. E singela. Estão. E em grau extremamente elevado. A terceira pergunta, natural, é reta e direta: por quê?

Quem tiver um mínimo de disposição para realizar uma brevíssima peregrinação ao passado constatará, sem dificuldade alguma, que a candidatura do Brasil a hospedar a Copa do Mundo sagrara-se vencedora antes mesmo de o presidente Lula, em nome da so-ciedade, assinar o Caderno de Encargos que compro-meteu o governo com iniciativas várias para sediar a competição.

A Fifa, entidade que dirige, regula e dá as car-tas em matéria de futebol no mundo, declarou, sem vocalizar, que o Brasil organizaria a Copa de 2014 quando decidiu fazer do continente africano o des-tino da Copa de 2010, e que competiria à América do Sul organizar a edição de 2014.

Com o apoio declarado ou tácito de todas as confede-rações de futebol sul-americanas, a CBF formalizou a pos-tulação brasileira, com o apoio entusiasmado do presidente da República, no primeiro semestre de 2007. E quando outubro daquele ano chegou, comemorou a ratificação de que o país seria o palco do Mundial de 2014.

Ainda que o lapso de tempo entre a formalização da candidatura e a decisão da Fifa não propiciasse prazo vasto para lançaram-se, a CBF e o governo federal, à tarefa de elaborar um anteprojeto de orga-nização do evento, entre o primeiro dia útil de 2008 e 31 de dezembro do ano passado tempo houve. Que

se tivesse sido aproveitado para dar a luz a um planejamento estratégico, teria evitado que o secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, recriminasse o Brasil por não transformar ideias e concepções em projetos tangíveis, por não respeitar a própria palavra empenhada.

Precisar, de maneira substantiva, as causas, as razões do atraso não re-sultarão, agora, em qualquer tipo de solução. Até mesmo porque o Brasil, em matéria de tempo cronológico, encontra-se na antevéspera da reali-zação da Copa das Confederações, a ser disputada em 2013, um ano antes da Copa do Mundo.

Esse é um grande teste para o país, na medida em que permitirá aos responsáveis pela organização da Copa de 2014 mensurar o que necessitará, ainda, ser realizado para que tudo atenda os paradigmas da FIFA. Exigências que podem ser mudadas a qualquer instante, conforme consignou o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local, Ricardo Teixeira, em correspondência certificando que o Morumbi, estádio do São Paulo Futebol Clube, está, já, em condições de receber um dos jogos semifinais da competição.

Realizar, contudo, um inventário minucioso sobre o que deixou de ser feito - como, por exemplo, prever que estados e municípios não disporiam de recursos próprias para as obras nos estádios públicos, como o Maracanã e o Mineirão, por exemplo - e que os investidores privados não bancariam esses gastos é mais do que salutar. É preciso.

Essa necessidade decorre do fato de que a sociedade nacional, por intermédio do presidente da República, do governador do Estado do Rio de Janeiro e do prefeito do Rio, assumiu a com-plexa tarefa de sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O evento, a jóia da coroa dos festivais internacionais, será o apanágio de uma série de me-gaeventos que o Brasil acolherá entre a partir de 2011.

Hospedar esses festivais poderá render ao país resultados extrema-mente positivos e desejáveis, pela fidelização de uma quantidade

expressiva de turistas internacionais e pela valorização da marca Brasil, como ocorreu com a Alemanha no ras-tro da Copa do Mundo de 2006, implicando impactos econômicos e financeiros de longo prazo.

Para que esses objetivos sejam, porém, devidamen-te alcançados, é imprescindível que as obrigações con-tratadas pelo governo brasileiro e pela CBF saiam do plano da retórica, do discurso meramente publicitário, e transformem-se em projetos. Antes tarde do que nunca. Porque se tal obrigação não for contemplada, o prejuízo será coletivo. E quem o bancará seremos todos nós. A sociedade brasileira, enfim.

Professora Raquel Teixeira é deputada federal pelo PSDB de Goiás e presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara. Contato: [email protected]

Guilherme Campos

A Frente Parlamentar do Comércio Vare-jista vem conseguindo engrossar o movimento das entidades, comerciantes e consumidores que defendem a liberdade do estabelecimento em oferecer desconto a quem faz seus paga-mentos com dinheiro vivo. Hoje, o Código de Defesa do Consumidor criminaliza os estabelecimentos que fazem a diferenciação de preços por interpretar que as duas formas de pagamento, dinheiro e cartão de crédito, devem ser tratadas como venda à vista.

Essa prática causa grandes problemas tanto para consumidores quanto para comerciantes. A manutenção do serviço de cartão de crédito em uma loja implica em pagamentos de taxas para a empresa administradora e aluguel das máquinas, além do prazo de 30 dias para receber o valor das administradoras. Como o estabelecimento não pode fazer a diferenciação ele transfere todos os custos da operação aos preços dos produtos ou servi-ços. O consumidor que usou o cartão poderá usufruir de todas as vantagens oferecidas pela operadora, como parcelamentos, programas de milhagens, etc. Já quem pagou em dinheiro vai arcar com os custos dessas taxas de um serviço que não utilizou. É importante ressaltar que qualquer custo adicional do estabelecimento vem

sendo repassado ao consu-midor há muito tempo. Portanto, quanto mais ta-xas forem cobradas do co-mércio mais o consumidor será prejudicado.

O grande ônus que o varejo brasileiro arca nos últimos anos é com a fal-ta de integração entre os sistemas operacionais, que funcionam muito bem nas operações interbancárias, mas ainda engatinha nas transações no comércio. Segundo o Banco Mundial o Sistema de Pagamentos Brasileiro está no nível

máximo de segurança; no entanto, as operações com cartões estão longe do ideal em matéria de eficiência, já que as chamadas maquininhas não “conversam” entre si. Então, fica evidente que quanto mais as redes são compartilhadas menores são os custos e assim é possível estender os benefícios para varejo e consumidor.

Voltando à diferenciação, a grande vantagem desta prática é a transparência no momento da venda, na qual o consumidor que usa dinheiro tenha o desconto

e saiba o quanto pagaria se fizesse a opção pelo cartão de crédito. No comércio é notório que muitos estabe-lecimentos já praticam o desconto para pagamento em dinheiro na informalidade. Nosso objetivo é promover alterações na lei para que essas pequenas empresas tenham tranquilidade para fazer seus negócios e não fiquem em posição tão desvantajosa quanto enfrentam hoje em relação às grandes redes varejistas.

Este ano a Frente Parlamentar já se reuniu por duas vezes em menos de quinze dias para discutir essa questão que vem conquistando um amplo apoio da so-ciedade e da imprensa. A diferenciação já foi defendida pelo Banco Central e pelas secretarias de Acompa-nhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, e do Direito Econômico, do Ministério da Justiça em seus relatórios emitidos sobre cartões de crédito no início de maio. O comércio responde por 48% das micro e pequenas empresas no Brasil. São mais de 1,8 milhão de estabelecimentos que geram empregos e contri-buem fortemente para o desenvolvimento econômico do Brasil. Esperamos contar com uma colaboração ainda mais ativa de todos para que essa movimentação possa avançar e trazer mais segurança e justiça para consumidores e pequenas empresas.

Guilherme Campos é deputado federal pelo DEM de São Paulo. Contato: [email protected]

Copa de 2014: antes tarde do que nunca

Cartões: um crédito ao consumidor

rodolfo stuckert

rodolfo stuckert