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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PLANTONISTA DA JUSTIÇA FEDERAL, SUBCEÇÃO JUDICIÁRIA DE PELOTAS RS. GUILHERME DIAS MACEDO brasileiro, solteiro, estudante, portador do CPF Nº 027.954.160-00 e RG Nº 2111897597, residente na Rua Marcílio Dias, N° 3006 – Apt. 103 A, Pelotas RS, inscrito no ENEM sob o n 120164584863, por seu procurador infra-firmado, vem propor a presente AÇÃO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO CAUTELAR DA TUTELA em face do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, por intermédio do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), promotores do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) situado a SRTVS Quadra 701, Bloco M, Edifício Sede do Inep - CEP 70340-909 Brasília – DF, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PLANTONISTA DA JUSTIÇA FEDERAL, SUBCEÇÃO JUDICIÁRIA DE PELOTAS RS.

GUILHERME DIAS MACEDO brasileiro, solteiro, estudante, portador do CPF Nº 027.954.160-00 e RG Nº 2111897597, residente na Rua Marcílio Dias, N° 3006 – Apt. 103 A, Pelotas RS, inscrito no ENEM sob o n 120164584863, por seu procurador infra-firmado, vem propor a presente AÇÃO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO CAUTELAR DA TUTELA em face do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, por intermédio do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), promotores do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) situado a SRTVS Quadra 701, Bloco M, Edifício Sede do Inep - CEP 70340-909 Brasília – DF, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I. DOS FATOS

O autor realizou a última prova do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, sob o número de inscrição acima indicado.

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No último dia 28 de Dezembro de 2012, foram divulgadas pelo INEP a nota atribuída ao candidato, inclusive a nota referente à prova de REDAÇÃO.

Embora tenha obtido um resultado satisfatório nas provas de questões objetivas, a nota atribuída a prova de redação ficou muito aquém da esperada, prejudicando, sobremaneira a média final, para que venha a competir pelo benefício acima aludido.

A pretensão do o autor, não é meramente melhorar sua nota na prova de redação, senão, a necessidade de um melhor índice, para as competições subsequentes. Soma-se ainda, a insatisfação de milhares de candidatos que se consideraram prejudicados, conforme manifestação nas redes sociais como se vê em http://www.facebook.com/groups/justicaredacaoenem/. E também a entrevista de um corretor de redações do ENEM, anexa ao presente onde o mesmo menciona os problemas verificados e a dificuldade em uma correta avaliação das redações naquele certame.

II. DO DIREITO

Em razão dos fatos narrados, conclui-se que o Autor tem direito de acesso ao espelho de sua redação e correção para afastar a possibilidade de ter sido prejudicado ou confirmar a existência do prejuízo, por meio de uma avaliação isenta a ser realizada por professores com qualificação e capacidade de analisarem o texto com base em critérios técnicos que poderão ser indicados inclusive por, Vossa Excelência, ainda que mantidos os parâmetros adotados pelo MEC/INEP.

Embora o MEC/INEP, anteriormente tenha se comprometido com a liberação do acesso ao mencionado espelho, não admite a possibilidade de revisão da nota, alegando que tal acesso será apenas com fins pedagógicos e ainda assim somente o fará em meados do mês de fevereiro, quando então já tiver transcorrido e definidos os resultados das seleções tanto no SISU quanto no PROUNI, impossibilitando-se, o saneamento de qualquer injustiça.

O Autor entende não ser admissível essa injustiça, frente a nossa LEI MAIOR, impossibilitando a revisão e correção de provas de quaisquer concursos, mormente num certame que pode definir o destino de milhares de pessoas.

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Como resulta do princípio constitucional da publicidade, tem a Administração Pública o dever de expor as razões fático-jurídicas que levaram à prática de quaisquer atos que possam resultar na restrição, aqui tomada no seu sentido mais amplo, de direitos dos administrados, notadamente nas seleções públicas (Lei 9784/99, art. 50).

Ressalte-se ainda que o fornecimento da cópia da prova de redação do requerente em nada prejudicará o processo seletivo do ENEM, mas, demonstrará, a justeza do pleito que embasa a presente ação.

Ademais, sem as cópias da suas próprias provas, como o autor poderá exercer seu direito a recurso, caso se sinta realmente prejudicado pela correção? Por óbvio que não conseguirá exerce-lo sem a cópia da prova devidamente corrigida. Veja-se a propósito, a copiosa jurisprudência sobre direito o direito do Autor, no 2º BLOCO DE DOCUMENTOS.

III. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Em razão do exposto, o Autor se vê na iminência de sofrer prejuízo irreparável, qual seja, ser alijado da disputa por uma vaga em universidade pública ou da obtenção de uma bolsa de estudos do governo federal.

De outra banda a urgência se instaura eis que o período de inscrição ao SISU, transcorre entre os dias 07 e 11/01/2013.

Nesse sentido o artigo 273 do Código de Processo Civil determina:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;”

Os documentos que acompanham esta petição inicial, comprovam a possibilidade do prejuízo aduzido pelo Autor.

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Como se procedeu no capítulo anterior, junta-se copiosa jurisprudência sobre o art. 273 do CPC, no 3º BLOCO DE DOCUMENTOS, ANEXO.

IV. DOS REQUERIMENTOS

FACE O EXPOSTO, requer:

1. A antecipação dos efeitos da tutela, forte no artigo 273 do CPC para que a Ré seja compelida a disponibilizar o espelho da redação deste para verificar a ocorrência ou não de desajuste na nota que lhe foi conferida.

2. A inversão do ônus da prova.

3. A citação da Ré, por meio eletrônico, para que, querendo, possa apresentar resposta em tempo hábil a evitar prejuízos e acompanhar o feito até a sua extinção.

4. O benefício da Assistência Judiciária Gratuita, nomeando para seu Assistente Judiciário, o advogado subscritor, que aceita o encargo, declarando, para todos os fins de direito, e sob as penas da lei, que não dispõem, de recursos suficientes ao custeio de Ação Judicial sem prejuízo ao seu próprio sustento.

Dá-se a Causa o valor de ......................................................... R$ .................

P. deferimento.

Pelotas, 07 de janeiro de 2013.

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_______________________João Máximo Lopes

AOB/RS 7.760

PRIMEIRO

BLOCO DE DOCUMENTOS

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P R O C U R A Ç Ã O_______________________________________________

OUTORGANTE: GUILHERME DIAS MACEDO brasileiro, solteiro, estudante, portador do CPF Nº 027.954.160-00 e RG Nº 2111897597, residente na Rua Marcílio Dias, N° 3006 – Apt. 103 A, Pelotas RS

OUTORGADO (S): JOÃO MÁXIMO LOPES, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB/RS sob o nº 7760 e, JOÃO FRANCISCO GARCIA LOPES, brasileiro, solteiro, maior, advogado, inscrito na OAB/RS sob o nº 46981; domiciliados e residentes em Camaquã RS, com escritório profissional na Av. Olavo Moraes, 444.

PODERES: Os poderes da cláusula <ad judicia et extra= e os especiais para transigir, desistir, receber, dar quitação, firmar compromisso e substabelecer.

Camaquã RS, 08 de janeiro de 2013

_____________________Guilherme Dias Macedo

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SEGUNDO

BLOCO DE DOCUMENTOS

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Jurisprudências:

1. ADMINISTRATIVO. CONCURSO VESTIBULAR.

FORNECIMENTO DE CÓPIA DA PROVA DE REDAÇÃO.

POSSIBILIDADE. 1. O fornecimento de cópia da prova de

redação do concurso vestibular, para conhecimento do

candidato e apresentação de recurso na via administrativa, é

providência compatível com a razoabilidade, sendo insuscetível

de causar prejuízo à Administração, pelo que o indeferimento

do pedido de vista, na hipótese, constitui ato abusivo, passível de

correção por meio do mandado de segurança. 2. Sentença

confirmada. 3. Remessa oficial desprovida. REOMS

200340000001853. REOMS - REMESSA EX OFFICIO EM

MANDADO DE SEGURANÇA – 200340000001853;

DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO;

TRF1; SEXTA TURMA; e-DJF1 DATA:16/08/2010

PAGINA:377;

2. EMENTA: Recurso extraordinário. Agravo regimental. 2. Concurso público. Exame psicotécnico previsto no edital que rege o concurso, com base em critérios meramente subjetivos. Irrecorribilidade de seu resultado. 3. Violação dos arts. 5º, XXXV, e 37, caput e incisos I e II, da Constituição Federal. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.” (RE 326349 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 10/09/2002, DJ 11-10-2002 PP- 00042 EMENT VOL-02086-04 PP-00663).

3. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EMMANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO

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PÚBLICO. PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE, DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. OBSERVÂNCIA. VISTA DA PROVA QUE ELIMINOU A CANDIDATA DO CERTAME. CONCESSÃO DA ORDEM. 1. Tendo em vista a necessária observância aos princípios norteadores de toda atividade administrativa, mormente os da publicidade – que se desdobra no direito de acesso a informação perante os órgãos públicos –, da ampla defesa e do contraditório, o candidato em concurso público deve ter acesso à prova realizada com a indicação dos erros cometidos que culminaram no seu alijamento do certame. 2. Recurso ordinário provido. (ROMS 200802080781, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, 19/12/2008).

4. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO. INABILITAÇÃO EM TESTE FÍSICO. DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA. TERMO A QUO DATA DA EXCLUSÃO DO CERTAME. CARÁTER IRRECORRÍVEL DO TESTE FÍSICO E DE REDAÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADES FLAGRANTES. PLEITO DE ANULAÇÃO DE QUESTÃO DE PROVA OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. É de se afastar a decadência, uma vez que, conquanto se questione a constitucionalidade de regras do edital de abertura – o que possibilitaria sua impugnação desde a data de sua publicação –, a suposta lesão a direito do Recorrente somente ocorrera posteriormente, quando do resultado dos testes, daí o desacerto do acórdão recorrido. 2. Assiste razão ao Recorrente quanto à tese da irrecorribilidade do teste físico e de redação. Isso porque, esta Corte Superior, na esteira dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, já consagrou o entendimento segundo o qual é inadmissível a realização de fases (testes, exames) de concursos públicos para provimento de cargos em caráter irrecorrível. 3. Este Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, somente nos casos de flagrante erro material, perceptível de plano, pode o Poder Judiciário, excepcionalmente, declarar nula questão de prova objetiva de concurso público, sob pena de invadir a competência administrativa, substituindo a Banca Examinadora.

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Precedentes. 4. Recurso conhecido e parcialmente provido para determinar seja oportunizado ao Recorrente a apresentação de recurso tanto em face do Teste de Capacidade Física quanto do de redação, bem assim o prosseguimento no certame, em caso de provimento daquele (quanto ao teste físico). (RMS 15.742/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/08/2006, DJ 16/10/2006, p. 384).

5. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. NÃO RECORRIBILIDADE. ILEGALIDADE DO EDITAL.- A jurisprudência dos nossos Tribunais tem admitido a exigência da aprovação em exame psicotécnico no edital de concurso público para provimento de certos cargos, com vistas a avaliação intelectual e profissional do candidato, desde que claramente prevista em lei, renegando, todavia, a sua realização segundo critérios subjetivos do avaliador, susceptível de ocorrer procedimento seletivo discriminatório.- Não havendo prova da previsão legal da realização de exame psicotécnico, e tendo o mesmo sido realizado dentro de critérios subjetivos, sigilosos e irrecorríveis, é de se reconhecer a ofensa a direito líquido e certo do candidato a continuar no certame e a ser submetido a novo exame.- Recurso ordinário a que se dá parcial provimento. (RMS 14.395/PI, Rel. Ministro PAULO MEDINA, SEXTA TURMA, julgado em 23/03/2004, DJ 26/04/2004, p. 220).

6. CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. PERDA DO OBJETO NÃO CONFIGURADA. PROVA DE REDAÇÃO. DIREITO DE ACESSO AOS CRITÉRIOS DE CORREÇÃO, DE VISTA DA PROVA E DE PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE E DA MOTIVAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. 1. O cumprimento da sentença, nos termos nela determinados, não implica a perda do objeto do presente mandamus. De fato, "a satisfação de liminar ou de sentença ainda não transitada em

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julgado não conduz à extinção do processo ao extremo de se reconhecer a prejudicialidade dos recursos voluntário e oficial", afinal, "a jurisdição não acaba antes do trânsito em julgado da sentença de mérito" (REsp 238877/SC, STJ, Primeira Seção, Relator Min. José Delgado, DJ 04.03.2002, p. 174). 2. A acessibilidade aos critérios de correção da prova de redação, e mais, a possibilidade de vista da prova bem como a concessão de prazo para, eventualmente, recorrer do resultado, constituem direitos assegurados ao candidato. Trata-se de conclusão que se deflui dos princípios, insertos na Constituição, norteadores da Administração Pública, em especial, o da publicidade e da motivação, que visam assegurar o pleno exercício do direito de acesso às informações, assim como do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, incisos XXXIII, LV c/c art. 37, caput). 3. Remessa oficial não provida. (REOMS 200434000211572, JUIZ FEDERAL AVIO MOZAR JOSE FERRAZ DE NOVAES, TRF1 - QUINTA TURMA, 07/11/2008).

7. CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. PERDA DE OBJETO NÃO CONFIGURADA. DIREITO DE ACESSO AOS CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA PROVA DE REDAÇÃO, DE VISTA DA ALUDIDA PROVA E DE PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE E DA MOTIVAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. I - Não se vislumbra, na espécie, o exaurimento do objeto da presente impetração, decorrente do cumprimento da decisão liminarmente proferida nestes autos, na medida em que tal decisão não tem o condão de caracterizar, por si só, a prejudicialidade do mandamus, em face da natureza precária daquele decisum, a reclamar o pronunciamento judicial quanto ao mérito da demanda, até mesmo para se confirmar, ou não, a legitimidade do juízo de valor liminarmente emitido pelo julgador. II - O acesso aos critérios de correção da prova de redação, bem assim de vista da aludida prova e de prazo para interposição de recurso é direito assegurado ao candidato, encontrando respaldo nos princípios norteadores dos atos administrativos, em especial, o da publicidade e da motivação,

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que visam assegurar, por fim, o pleno exercício do direito de acesso às informações, bem como do contraditório e da ampla defesa, com observância do devido processo legal, como garantias constitucionalmente consagradas (CF, art. 5º, incisos XXXIII, LIV e LV). III - Apelação e remessa oficial desprovidas. (MAS 200434000211569, DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, TRF1 - SEXTA TURMA, 04/08/2008).

8. ADMINISTRATIVO – CONCURSO PÚBLICO – DIREITO À EXIBIÇÃO DE PROVA E CRITÉRIOS DE CORREÇÃO PARA FINS DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO – POSSIBILIDADE. 1-) Ao aplicar uma prova visando ao preenchimento de cargo público, exerce a instituição de ensino superior, de forma delegada, uma atividade típica da Administração Pública, não podendo afastar-se, portanto, dos princípios consagrados no art. 37 da Constituição Federal. 2-) Não há dúvida de que a negativa de vista de qualquer espécie de prova ou dos critérios adotados para a sua correção fere o princípio constitucional da publicidade, além de impedir que o interessado tenha embasamento suficiente para interpor recurso administrativo, quando for o caso, cerceando, assim, o seu direito ao contraditório e à ampla defesa. 3-) Acresce que o art. 5º, XXXIII, da CF/88 garante a todos o direito de receber dos órgãos públicos informações relativas a interesse particular, o que reforça o direito do impetrante de ter vista dos documentos requeridos na inicial. 4-) Ressalte-se que, no caso, como a universidade somente disponibilizou as cópias solicitadas pelo impetrante posteriormente à data do protocolo de interposição de seu recurso administrativo, agiu com acerto a magistrada quando lhe concedeu nova oportunidade para recorrer. 5-) Quanto ao pedido de suspensão da posse do candidato aprovado até final apreciação desta ação, melhor sorte não assiste ao impetrante. Isto porque tal medida somente se justificaria se restasse comprovado, pelo impetrante, eventual ilegalidade no tocante à correção de sua prova, o que, no caso, não ocorreu. 6-) Remessa necessária improvida. Sentença mantida. (REOMS 200650010072911, Desembargador Federal ANTONIO CRUZ NETTO, TRF2 - QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, 09/12/2008).

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9. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. CANDIDATO CONTRA-INDICADO. SIGILO QUANTO AO PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO DO TESTE. SUBJETIVIDADE. FALTA DE PUBLICIDADE DO RESULTADO. FALTA DE PREVISÃO DE PROCEDIEMNTO RECURSAL E DE REAVALIAÇÃO. CANDIDATO SUB JUDICE. PRETERIÇÃO NO MOMENTO DA NOMEAÇÃO. CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA PARA NOMEAÇÃO E POSSE. EXERCÍCIO NO CARGO, HÁ ANOS. SITUAÇÃO FÁTICA CONSOLIDADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. – A jurisprudência é firme no sentido de que inaceitável a realização de qualquer fase de concurso público segundo critérios subjetivos do avaliador, face à possibilidade de ocorrer procedimento seletivo discriminatório. Os critérios de aprovação, em caso de concurso público, devem ser definidos de maneira objetiva, para que não fiquem os candidatos à mercê do examinador. - Inadmissível o sigilo quanto ao procedimento da avaliação. A candidato julgado inapto em processo seletivo público não se pode negar vista da prova, nem direIto a recurso, com ampla garantia do contraditório e ampla defesa. - Repudia-se, também, o caráter de subjetividade e imprecisão do teste, bem como a falta de publicidade dos critérios adotados e do resultado - No caso, verifica-se que, por força de liminar concedida na medida cautelar de n° 95.0001546-3, (fls. 69), que garantiu ao autor continuidade na etapa seguinte do Concurso Público para provimento do cargo de Agente da Polícia Federal, o candidato participou, com aprovação, do Curso de Formação Profissional, realizado pela Academia Federal de Polícia. - Posteriormente, o autor logrou êxito em obter, nestes autos, deferimento de antecipação de tutela para nomeação e posse no cargo pretendido, em 20 de agosto de 1997 (fls. 37). - Em cumprimento à decisão judicial, o autor foi empossado no cargo de Agente da Polícia Federal em 9/10/97, entrando em exercício (fls. 61), decisão que merece ser confirmada, aplicando-se ao caso a Teoria do Fato Consumado, eis que a situação já se encontra consolidada em face do decurso do tempo. Em verdade, o autor foi efetivamente aprovado na prova de Conhecimentos, no Exame Médico, na prova de Capacitação Física, concluiu com êxito o Curso de Formação, logrando

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classificação, foi nomeado e tomou posse no cargo, por força de antecipação de tutela concedida, ingressando no mercado de trabalho e exercendo a profissão há mais de oito anos, o que tornaria irrazoável reverter-se tal situação. - No que respeita aos honorários advocatícios, há que se registrar que não houve parcial procedência do pedido, a justificar a sucumbência recíproca, pois o pleito de indenização foi formulado para o caso de não ser deferida a antecipação de tutela, o que não ocorreu. Por outro lado, a verba honorária foi corretamente fixada, vez que a aplicação dos limites do § 3º do art. 20 do CPC não ofende o § 4º do mesmo artigo. (AC 199902010603612, Desembargador Federal FERNANDO MARQUES, TRF2 - SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, 23/11/2006).

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TERCEIRO

BLOCO DE DOCUMENTOS

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Jurisprudências:

1. AUTOR : B.P.P.L.ADVOGADO: JOSE LUIZ REZENDE DE ALMEIDAREU : UNIÃO FEDERAL E OUTROJuiz - Decisão: MARCIA MARIA NUNES DE BARROSRecebimento no Plantão em 05/01/2012 para 13ª Vara Federal do Rio de Janeiro

DECISÃO EM REGIME DE PLANTÃOTrata-se de ação de rito ordinário proposta por B.P.P.L.

em face da UNIÃO FEDERAL e do INEP - INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela para que lhe seja concedida vista da prova de redação realizada pela autora no ENEM 2011, bem como lhe seja assegurado posterior direito de recurso administrativo.

Como causa de pedir, alega que participou do ENEM 2011 e, quando da divulgação das notas, foi surpreendida com a nota obtida na prova de redação; o INEP, entretanto, não aceita pedidos de vista ou revisão de provas.

Destaca a urgência na apreciação da medida, ante a necessidade de se inscrever no SISU (Sistema de Seleção Unificada), que é o único critério para selecionar candidatos a vagas em universidades federais.

Relatados, passo a decidir.Inicialmente, deve ser destacado que a existência de um

Juízo de plantão tem o propósito de viabilizar que lesões a direitos promovidas no período em que não haja expediente regular do Poder Judiciário não deixem de ser a ele submetidos, sempre que a espera pela oportunidade de submeter a questão ao Juízo ordinário possa implicar em prejuízo irreparável ao jurisdicionado.

No caso dos autos, tendo sido divulgado o resultado do ENEM 2011 em 21/12/2011, insurge-se a parte autora quanto à nota atribuída à sua prova de redação, e, especialmente, quanto ao fato de que o INEP não aceita pedidos de vista ou revisão de provas.

Como as inscrições no SISU serão iniciadas no dia 07/01/2012, dia posterior ao término deste plantão judiciário, e irão somente até 12/01/2012, tenho que está presente a

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urgência a amparar a apreciação do pedido em regime de plantão.

O pedido de tutela antecipada, no caso concreto, deve atender os requisitos previstos no art. 273, caput e incisos e §2º do Código de Processo Civil. São eles: existência de prova inequívoca e verossimilhança da alegação; existência de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação e reversibilidade do provimento antecipado.

Quanto à existência de prova inequívoca e verossimilhança da alegação, verifico que, realmente, o Edital do ENEM 2011 não comporta pedidos de vista ou revisão de provas. Ao revés, e no que se refere especificamente à prova de redação, o item 6.7.6.2 dispõe expressamente que o INEP considera que a metodologia empregada na correção das redações contempla recurso de ofício.

No entanto, eventual pedido de revisão somente se justificaria após a vista da prova, e desde que a parte interessada apresentasse, fundamentadamente, suas razões de irresignação com a nota obtida.

O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação é evidente no caso em análise, ante a iminência de inscrição dos candidatos no SISU, que oferece vagas nas universidades federais de nosso País.

De tal modo, DEFIRO parcialmente o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para determinar ao INEP que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da intimação, conceda vista da prova de redação do autor B.P.P.L, CPF xx, inscrição n.º xx, informando-a diretamente sobre o resultado da mesma, por meio eletrônico.

A partir da hora em que comunicada, por meio eletrônico, do cumprimento da presente decisão, a parte autora terá o prazo de 24 (vinte e quatro) horas para protocolar, perante o INEP, por meio de e-mail com aviso de recebimento, recurso, o qual deverá ser decidido em igual prazo.

Em caso de descumprimento, ficarão os réus sujeitos à aplicação de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais).

A ré UNIÃO FEDERAL (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - MEC) deverá ser intimada por meio de oficial de justiça e o réu INEP - INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA deverá ser intimado por meio de e-mail ou fax, eis que não possui representação no Rio de Janeiro.

Aguarde-se o fim do período de plantão e encaminhem-se os presentes autos ao Juiz Distribuidor, para encaminhamento a um dos Juizados Especiais Federais.

Cumpra-se.Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2012, 13h22min.MARCIA MARIA NUNES DE BARROS

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Juiz(a) Federal

2. AUTOR : G.B.B.Z.ADVOGADO: JOSE LUIZ REZENDE DE ALMEIDA E OUTROSREU : UNIAO FEDERAL (MINISTERIO DA EDUCACAO) E OUTROJuiz - Decisão: MARCIA MARIA NUNES DE BARROSRecebimento no Plantão em 28/12/2011 para 25ª Vara Federal do Rio de Janeiro

DECISÃO EM REGIME DE PLANTÃODeferida em parte a antecipação de tutela (fls.70/72) e

comprovado o cumprimento (fls.74/79), o autor noticiou a interposição de recurso de agravo de instrumento, com pedido de reconsideração da decisão agravada, para que lhe seja assegurado direito de recurso administrativo.

Relatados, passo a decidir.Inicialmente, deve ser destacado que a existência de um

Juízo de plantão tem o propósito de viabilizar que lesões a direitos promovidas no período em que não haja expediente regular do Poder Judiciário não deixem de ser a ele submetidos, sempre que a espera pela oportunidade de submeter a questão ao Juízo ordinário possa implicar em prejuízo irreparável ao jurisdicionado.

No caso dos autos, como as inscrições no SISU serão iniciadas no dia 07/01/2012, dia posterior ao término deste plantão judiciário, e irão somente até 12/01/2012, tenho que está presente a urgência a amparar a apreciação do pedido em regime de plantão.

Exercendo o juízo de retratação, verifico estarem presentes, no caso concreto, os requisitos necessários à antecipação dos efeitos da tutela pretendida pela parte autora, tal como requerida.

Quanto à existência de prova inequívoca e verossimilhança da alegação, verifico que, realmente, o Edital do ENEM 2011 não comporta pedido de revisão de provas, o que fere os princípios do contraditório e da ampla defesa. Ao revés, e no que se refere especificamente à prova de redação, o item 6.7.6.2 dispõe expressamente que o INEP considera que a metodologia empregada na correção das redações contempla recurso de ofício.

O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação é evidente no caso em análise, ante a iminência de inscrição dos candidatos no SISU, que oferece vagas nas universidades federais de nosso País.

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De tal modo, RECONSIDERO parcialmente a decisão de fls.70/72 para determinar ao INEP que aceite o recurso administrativo do autor G.B.B.Z., CPF xx, inscrição n.º xx (fls.117/120), e profira a decisão que entender cabível, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas a contar da intimação, dando-lhe ciência por meio eletrônico do resultado.

Em caso de descumprimento, ficarão os réus sujeitos à aplicação de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais).

A ré UNIÃO FEDERAL (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA - MEC) deverá der intimada por meio de oficial de justiça e o réu INEP - INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA deverá ser intimado por meio de e-mail ou fax, eis que não possui representação no Rio de Janeiro.

Comunique-se o teor da presente decisão ao e. TRF da 2ª Região, em referência ao agravo de instrumento interposto.

Aguarde-se o fim do período de plantão e encaminhem-se os presentes autos ao Juiz Distribuidor, para encaminhamento a um dos Juizados Especiais Federais.

Cumpra-se.Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2012, 14h28min.MARCIA MARIA NUNES DE BARROSJuiz(a) Federal

3. AUTOR : E.C.L.F.M.ADVOGADO: JOSE LUIZ REZENDE DE ALMEIDAREU : UNIAO FEDERAL8o JUIZADO ESPECIAL FEDERAL - REGIME DE PLANTÃO- às 15h

Trato de ação proposta por E.C.L.F.M. pelo rito do Juizado Especial Federal em face do INEP/MEC junto à Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro na qual objetiva a concessão de liminar para que seja verificado possível erro no ato da correção da sua prova e retificada a nota atribuída à sua redação, lançando a nota faltante para que os resultados sejam lançados no sistema do MEC-INEP, permitindo a sua inscrição no SISU com todas as notas e, por fim, que lhe seja dado vista da sua prova.

Como causa de pedir, alega ter realizado a segunda prova do ENEM no dia 23 de outubro de 2011 e que, em 21 de dezembro, quando foram divulgados os resultados, tomou ciência de que lhe foi atribuída nota ZERO na redação, uma vez que, nos termos do item 6.7.7.4 do Edital Nº 7, de 18 de maio de 2011, teria sido realizada com impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, o que nega

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veementemente. Destaca, ainda, que em contato telefônico no último dia 23 de dezembro, protocolo nº 6947950, foi negado o seu pedido de vista e revisão da prova.

Alega que a inscrição na universidade deverá ser a partir do dia 7/1/2012 e como foi atribuído nota zero à sua redação está impossibilitado de se inscrever.

Recolheu as custas (fls. 67).Relatados. Decido.Destaco que a existência de um juízo de plantão tem o

propósito de viabilizar que lesões a direitos promovidas no período em que não haja expediente sejam submetidas ao crivo do Poder Judiciário, sempre que a espera pela oportunidade de submeter a questão ao juiz ordinário possa implicar prejuízo irreparável ao jurisdicionado.

Tal aspecto é conseqüência direta do princípio do juiz natural, o qual se mostra incompatível com o exame de pedidos de natureza cautelar, liminar ou satisfativa por juiz diverso daquele a quem caberá, por distribuição, julgar o feito, salvo nas hipóteses de urgência efetiva e inafastável.

Nesse sentido, a urgência que deflagra a competência extraordinária e excepcional do plantão é aquela que decorre de acontecimentos imprevistos e imprevisíveis, cuja ocorrência foge ao controle de temporalidade da parte.

A propósito, dispõem os art. 50 e 52 da Consolidação de Normas da Corregedoria-Geral da 2a. Região - Provimento nº 001 de 31 de janeiro de 2001 e posteriores atualizações:

Art. 50. O juízo de plantão detém competência nos seguintes termos:

I- competência de foro sobre toda extensão territorial da Seção Judiciária;

II- competência para, no período de plantão, processar e julgar feitos com pedidos urgentes, reputados como tais aqueles previstos no art. 52 desta Consolidação; [...]

Art. 52. É vedada a prática de ato processual no período de plantão, salvo os casos de urgência, tal como o risco de lesão a direito enquanto perdurar o período de plantão, ou até o início do expediente, demonstrada a inexistência e impossibilidade de postulação, idêntica e anterior, perante outro juízo no horário de expediente regular.

No mesmo sentido, dispõe a Resolução nº 71 do Conselho Nacional de Justiça, de 31 de março de 2009:

Art. 1º. O Plantão Judiciário, em primeiro e segundo graus de jurisdição, conforme a previsão regimental dos respectivos tribunais ou juízos destina-se exclusivamente ao exame das seguintes matérias:

a) pedidos de habeas-corpus e mandados de segurança em que figurar como coator autoridade submetida à competência jurisdicional do magistrado plantonista;

b) medida liminar em dissídio coletivo de greve;

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c) comunicações de prisão em flagrante e à apreciação dos pedidos de concessão de liberdade provisória;

d) em caso de justificada urgência, de representação da autoridade policial ou do Ministério Público visando à decretação de prisão preventiva ou temporária;

e) pedidos de busca e apreensão de pessoas, bens ou valores, desde que objetivamente comprovada a urgência;

f) medida cautelar, de natureza cível ou criminal, que não possa ser realizado no horário normal de expediente ou de caso em que da demora possa resultar risco de grave prejuízo ou de difícil reparação.

g) medidas urgentes, cíveis ou criminais, da competência dos Juizados Especiais a que se referem as Leis nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 e 10.259, de 12 de julho de 2001, limitadas as hipóteses acima enumeradas.

Parágrafo 1º. O Plantão Judiciário não se destina à reiteração de pedido já apreciado no órgão judicial de origem ou em plantão anterior, nem à sua reconsideração ou reexame ou à apreciação de solicitação de prorrogação de autorização judicial para escuta telefônica.

Parágrafo 2°. As medidas de comprovada urgência que tenham por objeto o depósito de importância em dinheiro ou valores só poderão ser ordenadas por escrito pela autoridade judiciária competente e só serão executadas ou efetivadas durante o expediente bancário normal por intermédio de servidor credenciado do juízo ou de outra autoridade por expressa e justificada delegação do juiz.

Parágrafo 3º. Durante o Plantão não serão apreciados pedidos de levantamento de importância em dinheiro ou valores nem liberação de bens apreendidos.

Conforme se verifica dos autos, alega o autor ter sido divulgado o resultado do ENEM no último dia 21, ter sido indeferido o seu pedido de revisão da redação por ele formulada no dia 23 de dezembro e que os resultados finais serão encaminhados às Universidades no próximo dia 3 de janeiro, o que enseja a competência do Juiz de Plantão.

Mediante análise das alegações autorais e dos documentos que acompanham a inicial, verifico estarem presentes os requisitos para a concessão da antecipação de tutela.

Com efeito, o fumus boni iuris se destaca pela grande possibilidade de que a anulação da redação do candidato tenha sido feita sem a menor razoabilidade, considerando que a motivação alegada, a utilização de impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, pode ser facilmente afastada pela simples vista da prova, o que também foi negado ao autor. Ademais, tem sido freqüente a divulgação, pela mídia, dos sucessivos transtornos ocorridos nas provas do

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ENEM, como vazamento de questões, tumultos ocorridos nos dias de prova, dentre outros.

Decerto, não trouxe o autor(a) comprovação desta recusa, prova essa que se revela impossível, ante a alegação de que a mesma se deu de forma verbal. No entanto, considerando a impraticabilidade de exercício do contraditório no plantão judicial, e a urgência do pleito, resta ao magistrado conferir credibilidade às afirmações autorais, o que será objeto de confirmação pelo Juízo Natural da causa.

O fumus boni iuris revela-se cristalino, pois é patente o risco de ineficácia do provimento final, caso negado o pedido liminar, considerando que já no próximo dia 3 de janeiro as Universidades terão acesso aos dados do SISU e tomarão as providências administrativas para o lançamento desses dados nos seus sistemas, com a divulgação da relação dos candidatos considerados aprovados, dando início ao seu ano letivo.

Nessas circunstâncias, CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL, nos termos do art. 273 do CPC, para determinar que o réu INEP/MEC, no prazo de 3 (três) dias, a contar da sua intimação, reveja a nota da redação do autor, à qual foi atribuída nota zero pelo motivo informado, realize as alterações pertinentes do seu sistema, permitindo a sua inscrição no SISU com todas as notas e, por fim, que lhe seja dado vista da sua prova, esta última no prazo de 5 (cinco) dias, também a contar da sua intimação, sob pena de multa diária de R$1.000,00 (mil reais).

Aguarde-se o fim do período de plantão e encaminhem-se os presentes autos ao Juiz Distribuidor.

Cumpra-seRio de Janeiro, 26 de dezembro de 2011.WANESSA CARNEIRO MOLINARO FERREIRAJUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA

3. PROCEDIMENTO COMUM DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5000009-96.2013.404.7104/RSAUTOR:ADELAR SANTANA FLORESRÉU:INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANISIO TEIXEIRA - INEP

DECISÃO (LIMINAR/ANTECIPAÇÃO DA TUTELA)

Vistos, etc.

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ADELAR SANTANA FLORES ingressou com a presente ação contra o INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP), pleiteando a revisão da prova de redação do último Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Em sede liminar, pugna pela concessão de tutela de urgência, com a determinação para que o INEP disponibilize o espelho da prova de redação.

Destaco, inicialmente, que, embora o Autor não inclua em seus pedidos o reconhecimento ao direito de recorrer da nota atribuída à prova de redação, depreende-se da leitura da petição inicial que pretende, também, que lhe seja assegurado tal direito, razão por que, em atendimento aos princípios que norteiam o Juizado Especial Federal, em especial o da simplicidade e o da informalidade, e considerando que o autor ingressou com a Ação sem assistência de advogado, deve ser tal pedido analisado em sede de antecipação de tutela.

Decido.

Para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 do CPC, deve ser demonstrada a verossimilhança das alegações aduzidas e o dano de risco irreparável ou de difícil reparação.

No caso em testilha, verifica-se do edital de abertura do ENEM que há previsão de vista da prova de redação 'para fins pedagógicos' - o que, segundo o autor, está previsto para meados de fevereiro do corrente ano, após o período de inscrições no SISU -, porém não há qualquer previsão de interposição de recurso. Apenas há menção a recurso de ofício da correção das redações (item n. 14.8.2 do edital, o qual não foi juntado, tendo acesso a ele mediante consulta eletrônica na internet - http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/edital/2012/edital-enem-2012.pdf).

As notas do ENEM são utilizadas como critério de classificação dos egressos do ensino médio para fins de matrícula em instituições de ensino superior por todo o país. Ainda, é o critério único considerado para classificação em inúmeras universidades federais e institutos federais de ensino. Nessas condições, devem ser aplicados critérios objetivos na correção das provas e assegurado aos candidatos vista integral das provas para fins de interposição de eventual recurso.

Já assentou o Egrégio TRF da 4ª Região que o ENEM deve se submeter aos mesmos princípios que regem os

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concursos públicos e a Administração Pública como um todo, sendo inerente à sua natureza o julgamento objetivo das provas escritas, inclusive sendo obrigatória a oportunização de controle tanto pelos candidatos como por toda a sociedade (TRF4, AG 0005357-60.2010.404.0000, Quarta Turma, Relatora Marga Inge Barth Tessler, D.E. 21/06/2010).

A restrição de vista da prova de redação, em análise perfunctória, parece desrespeitar os princípios da publicidade e da ampla defesa, do que decorre a constatação de verossimilhança das alegações aduzidas pelo Postulante.

O risco de dano irreparável decorre da impossibilidade de apresentar ao órgão recurso visando a ampliar a nota dada em um primeiro momento e, por conseqüência, prejudicar a melhora na classificação para fins de ingresso na instituição de ensino superior desejada.

Além disso, entendo que autorizada a vista da prova, poderá o estudante apresentar recurso escrito, devendo a Parte Ré aceitá-lo e, assim, proceder à revisão da prova. No entanto, ressalto que esta decisão não tem por fim interferir nos critérios de correção do exame, limitando-se a reconhecer, in limine, o direito a recorrer da prova (o que inexiste no edital de convocação), o fazendo de forma ampla, isto é, com vista dela.

Vide precedente:

MANDADO DE SEGURANÇA. EXAME DE ORDEM. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DAS PROVAS. PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL. PROVIMENTO N. 136/2009 OAB.1. Não cabe ao Poder Judiciário intervir para reexaminar critérios de formulação de questões e correção de provas em concurso público, devendo limitar-se à análise da legalidade e da observância das regras previstas no edital do certame.2. Não há a necessidade de atribuição de pontuação individualizada para cada um dos critérios de avaliação estabelecido pelo art. 6º, §3º, do Provimento n. 136/2009 da OAB para a prova prático-profissional. Trata-se, na verdade, de um conjunto de critérios gerais para orientar os avaliadores da prova prático-profissional. (TRF/4ª Região. AC 5000371-72.2011.404.7200. Rel. Des. Federal Maria Lúcia Luz Leiria. DE: 16/12/2011).

Por fim, entendo por não fixar prazo para a reavaliação da prova, tendo em vista que depende de interposição do aludido recurso.

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Ante o exposto, com base no art. 273 do CPC, defiro o pedido de tutela de urgência e determino que o INEP dê vista ao Autor de sua prova de redação e respectivo espelho de correção, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, bem como, em caso de interposição de pedido de revisão, proceda à revisão da prova de forma célere.

Fixo multa diária de R$ 300,00 (trezentos reais) em caso de descumprimento.

Defiro a AJG.

Intime-se no dia de hoje, incluindo o MPF, pela forma mais expedita.

Citem-se.

Cumpra-se.

Carazinho, 02 de janeiro de 2013.

Frederico Valdez PereiraJuiz Federal

Documento eletrônico assinado por Frederico Valdez Pereira, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9095128v2 e, se solicitado, do código CRC 33CDD7DD.

Informações adicionais da assinatura:Signatário (a): Frederico Valdez PereiraData e Hora: 02/01/2013 18:09