petição inicial fgts - inpc x tr - correção de juros

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DA SUBSEÇÃO DE XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX QUALIFICAÇÃO COMPLETA DO(s) CLIENTE(s), por seu advogado que esta subscreve, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, ajuizar AÇÃO ORDINÁRIA DE CORREÇÃO DOS SALDOS DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS) COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA Contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob a forma de empresa pública, inscrita no CGC sob n. 00.360.305/0001-04, com superintendência regional sediada à ENDEREÇO, gestora do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, conforme razões e pedidos a seguir articulados: I – SÍNTESE FÁTICA 1

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Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

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Page 1: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL CÍVEL DA SUBSEÇÃO DE XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

QUALIFICAÇÃO COMPLETA DO(s) CLIENTE(s), por seu

advogado que esta subscreve, vem mui respeitosamente à presença de

Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO ORDINÁRIA DE CORREÇÃO DOS SALDOS DO FUNDO DE

GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS) COM PEDIDO DE

TUTELA ANTECIPADA

Contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob a forma

de empresa pública, inscrita no CGC sob n. 00.360.305/0001-04, com

superintendência regional sediada à ENDEREÇO, gestora do Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, conforme razões e  pedidos a seguir

articulados:

I – SÍNTESE FÁTICA

O processo em tela trata de questão de extrema importância

para milhões de trabalhadores brasileiros e diz respeito ao Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço. O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 1

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foi criado na década de 1960 para proteger o trabalhador, como sucedâneo

da antiga estabilidade decenal. É constituído por valores depositados pelas

empresas em nome de seus empregados e possibilita que o trabalhador

forme um patrimônio.

A parte autora é titular de conta do FGTS.

Entre 1991 e 2012, tudo que foi corrigido pela TR ficou abaixo do índice de

inflação. Somente nos anos de 1992, 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998, a TR

ficou acima dos índices de inflação. Isso causou uma perda na conta do

FGTS do autor.

Veja as perdas/ganhos anuais em relação ao INPC-IBGE.

Ano Diferença

1999 -2,49%

2000 -3,02%

2001 -6,54%

2002 -10,40%

2003 -5,20%

2004 -4,07%

2005 -2,11%

2006 -0,75%

2007 -3,53%

2008 -4,55%

2009 -3,27%

2010 -5,43%

2011 -4,59%

2012 -5,56%

Sendo assim, o autor tem tido prejuízo, o qual deve ser recomposto pelo

Judiciário.

Ocorre que, há muito tempo, a TR não reflete mais a

correção monetária, tendo se distanciado completamente dos índices

oficiais de inflação. Nos meses de setembro, outubro e novembro de 2009,

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janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e de setembro de

2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se não

existisse qualquer inflação no período passível de correção.

II - PRELIMINARMENTE

II.I - JUSTIÇA GRATUITA

O Autor não pode suportar os ônus do processo sem prejuízo do próprio

sustento familiar, conforme declaração inclusa, razão pela qual, requer que

se digne Vossa Excelência de deferir-lhe os benefícios da Justiça Gratuita.

III – DO DIREITO

III.I - O FGTS e a TR

Está em debate, a questão referente à adequação da forma de correção dos

saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –

FGTS.

Esses saldos são provenientes dos depósitos mensais, em valor

correspondente a 8% do salário, feitos em nome dos trabalhadores e

constituem a base da formação do patrimônio do Fundo. Tal debate

considera, também, os resultados econômicos alcançados pelo Fundo, nos

últimos anos, através da aplicação de seus recursos “pela Caixa Econômica

Federal-CEF e pelos demais órgãos do Sistema Financeiro de Habitação –

SFH, exclusivamente segundo critérios fixados pelo Conselho Curador do

FGTS – CCFGTS”

A correção mensal dos depósitos do FGTS compreende a aplicação de duas

taxas que correspondem a diferentes objetivos. Uma dessas taxas diz

respeito à correção monetária dos depósitos nas contas vinculadas,

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Page 4: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

através da aplicação da Taxa Referencial –TR, que é o fator de

atualização do valor monetário, vigente desde 1991. A segunda

refere-se à valorização do saldo do FGTS por meio da capitalização de juros

à taxa de 3% ao ano.

III.II - A Taxa Referencial: novo indexador criado em 1991

A Taxa Referencial (TR) foi instituída na economia brasileira no bojo da Lei

Nº 8.177, de 31/03/1991 - que ficou conhecida como Plano Collor II – e teve

como objetivo estabelecer regras para a desindexação da economia. À

época, foi extinto um conjunto de indexadores que corrigiam os valores de

contratos, fundos financeiros, fundos públicos, bem como as dívidas com a

União, entre outros.

Assim, foram extintos, a partir de 1º de fevereiro de 1991, o Bônus do

Tesouro Nacional (BTN) Fiscal, instituído pela Lei 7.799 de 10/07/89; o BTN

referente à Lei 7.777, de 19/06/89; o Maior Valor de Referência (MVR) e as

“demais unidades de conta assemelhadas que são atualizadas, direta ou

indiretamente, por índice de preço”, conforme o artigo 3º da Lei em

questão.

Simultaneamente, o artigo 4º determinou que “a partir da vigência da

medida provisória que deu origem a esta lei, a Fundação Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística deixará de calcular o Índice de Reajuste de

Valores Fiscais (IRVF) e o Índice da Cesta Básica (ICB), mantido o cálculo do

Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).”

Alternativamente a estes indexadores extintos, o Banco Central (Bacen)

passou a ter a incumbência de divulgar a Taxa Referencial (TR) sendo o seu

cálculo referenciado na “...remuneração mensal média líquida de impostos,

dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de

investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de

investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais,

estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo

Conselho Monetário Nacional, no prazo de 60 dias, e enviada ao

conhecimento do Senado Federal.”

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Page 5: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

A Lei determinou o prazo de 60 dias para o desenvolvimento da

metodologia do cálculo da TR pelo Bacen. Durante este prazo, cabia ao

Bacen “fixar” e divulgar a TR para cada dia útil. A nova orientação sobre os

mecanismos de correção indicava o rompimento com os índices baseados

em preços, com os novos indicadores passando a ser elaborados a partir da

remuneração dos ativos financeiros praticados por instituições bancárias

conforme previsto na nova metodologia de determinação da TR.

Particular importância teve a definição metodológica de criação de um

Redutor aplicado no cálculo para determinação da TR. A Resolução nº

1.805, de 27 de março de 1991, fixa o redutor em 2,0% e explicita que: “A

TR para o dia de referência será calculada deduzindo-se da média móvel

ajustada das taxas os efeitos decorrentes da tributação e da taxa real

histórica de juros da economia, representados por taxa bruta mensal...” .

Desta forma, desde a sua origem, a fórmula de cálculo da TR comporta um

fator Redutor que é arbitrado pelo Bacen.

No Gráfico 1, observam-se as médias anuais da relação das TRs com as

taxas básicas financeiras (TBFs), no período de 1995 à 2012. Como se vê, a

curva é declinante, indicando a queda da TR em relação à TBF. Este declínio

vai se acentuando com o passar do tempo, indicando que a TR aproximou-

se de zero, em 2012. Neste ano, em seis meses, observou-se uma TR igual a

zero. Também até o momento, em 2013, todas as taxas mensais da TR

foram zero, podendo assim permanecer no restante do ano.

GRÁFICO 1

Relação entre TR e TBF – média anual

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Page 6: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

Fonte: Bacen

Elaboração DIEESE

III.III - Análise da correção monetária e do FGTS

A correção monetária existe entre nós desde a década de

1960. O principal teórico da Correção Monetária, o Advogado Tributarista

Bulhões Pedreira explica o seguinte:

’”Por analogia com as unidades de medidas físicas podemos

dizer que o nível geral de preços é o padrão primário do

valor financeiro, enquanto que a unidade monetária serve

como padrão secundário – usado, na prática, para exprimir o

valor financeiro, mas que deve ser aferido pelo padrão

primário porque sujeito a modificações.” (BULHÕES

PEDREIRA, José Luiz, “Correção Monetária; Indexação

Cambial. Obrigação Pecuniária”, in “Revista de Direito

Administrativo”, c. 193 p, 353 a 372 Jul/Set 1993).

Ainda, o autor Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira teria

conseguido institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina

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principalmente através da Lei nº 4.357, de 1964, que criou o primeiro

indexador da Economia Brasileira – a ORTN (obrigação reajustável do

tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era fazer variar,

periodicamente, a moeda nacional segundo a perda de seus respectivos

poderes aquisitivos

http://www.scamargo.adv.br/scripts/forum/textoTema.asp?

id=81&tema=nvalidade+da+taxa+referencial+(TR)

%3A+o+Significado+da+ADI+493-0-df).

Desde esta data, uma plêiade de índices de correção

monetária foi se sucedendo, até a entrada em vigor da Medida Provisória nº

294, de 31 de janeiro de 1991, que se transformou na Lei nº 8.177, de 1º de

março de 1991. Nesta oportunidade o Governo Collor pretendeu substituir a

série de indexadores tradicionais da correção monetária brasileira (ORTN,

OTN e BTN) que eram vinculados à variação dos níveis gerais de preços,

pela Taxa Referencial, que tinha natureza financeira.

Ainda hoje permanece a perplexidade em relação à natureza

jurídica da TR, até por conta da própria inconsistência da lei que a criou, que

ora a trata como taxa de juros (artigo 39) ora como indexador (artigo 18).

Taxas de juros objetivam promover a remuneração do

capital. São calculadas por quem disponibiliza o capital em benefício de

outra pessoa, física ou jurídica, para que empregue para satisfação de

determinada necessidade, na expectativa de lucro. Os indexadores, por

outro lado, podem ser entendidos como índices calculados a partir da

variação de preços de mercado em determinado período. O seu

objetivo está na correção dos efeitos inflacionários, quando se compara

valores monetários em diferentes épocas.

Pois bem. Quando o STF enfrentou o tema da natureza da

TR, disse através do voto vencedor da ADI 493-0/DF que:

A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária,

pois, refletindo as variações do custo primário da captação

dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que

reflita a variação do poder aquisitivo da moeda.

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Page 8: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

Não obstante, os Ministros vencidos Celso de Mello, Marco

Aurélio e Ilmar Galvão entenderam que a estrutura de cálculo da taxa

referencial não era suficiente para impedir sua utilização como parâmetro

de indexação da economia.

Mesmo assim, naquela oportunidade, o STF entendeu que a

TR possuía natureza de taxa de juros e declarou inconstitucional o artigo 18

da Lei nº 8.177/91, cujo texto original estabelecia que os saldos devedores e

as prestações dos contratos integrantes do SFH, passariam a ser atualizados

pela taxa aplicável à remuneração básica dos Depósitos de Poupança. Vale

a pena transcrever a ementa deste julgado:

Ação direta de inconstitucionalidade.- Se a lei alcançar os

efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente a ela,

será essa lei retroativa (retroatividade mínima) porque vai

interferir na causa, que e um ato ou fato ocorrido no

passado.- O disposto no artigo 5, XXXVI, da Constituição

Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional,

sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de

direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei

dispositiva. Precedente do S.T.F..- Ocorrência, no caso, de

violação de direito adquirido. A taxa referencial (TR) não

é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações

do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo,

não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo

da moeda. Por isso, não há necessidade de se examinar

a questão de saber se as normas que alteram índice de

correção monetária se aplicam imediatamente, alcançando,

pois, as prestações futuras de contratos celebrados no

passado, sem violarem o disposto no artigo 5, XXXVI,

da Carta Magna.- Também ofendem o ato jurídico perfeito os

dispositivos impugnados que alteram o critério de reajuste

das prestações nos contratos já celebrados pelo sistema do

Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional

(PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade julgada

procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos

artigos 18, "caput" e parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo

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Page 9: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei

n. 8.177, de 1 de maio de 1991. (ADI 493, Relator (a): Min.

Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/1992, DJ 04-

09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-

00143-03 PP-00724)

Por algum tempo, o próprio STJ rejeitou a TR como

índice de correção monetária, tanto para a poupança, quanto para

o SFH. Neste sentido:

COMERCIAL. MÚTUO RURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA.

VINCULAÇÃO AO CRITÉRIO DE REAJUSTE DOS DEPÓSITOS EM

CADERNETA DE POUPANÇA. LICITUDE. SUBSTITUIÇÃO PELA

TR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91. PREVISÃO

DE UTILIZAÇÃO DA OTN. INDEXADOR CONTRATUALMENTE

ELEITO. SUBSTITUIÇÃO EX LEGE PELA TR.

INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. ADOÇÃO DO INPC.

PRECEDENTES.

I – NO CONTRATO DE MÚTUO RURAL É LÍCITO O PACTO DE

VINCULAÇÃO DA CORREÇÃO MONETÁRIA AO CRITÉRIO DE

ATUALIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS EM CADERNETA DE

POUPANÇA, RESULTANDO DEVIDA A INCIDÊNCIA DO MESMO

INDEXADOR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91.

(ART. 13 DA LEI 8.177).

II – EM FACE DA POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL INADMITINDO A TR COMO FATOR DE

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA SUBSTITUTIVO DO BTN, A

CORREÇÃO DOS VALORES, CUJA FORMA DE REAJUSTE

ESTAVA, POR LEI OU CONTRATO, ATRELADA A

VARIAÇÃO DO VALOR DE REFERIDO TÍTULO DA DÍVIDA

PÚBLICA, CUMPRE SEJA PROCEDIDA, A PARTIR DA LEI

8.177/91, COM BASE NO INPC (REsp. 40.777/GO, Rel.

Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA,

julgado em 13/11/1995, DJ 11/12/1995, p. 43225) (grifamos)

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ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E DO

SALDO DEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL (PES)

- INAPLICABILIDADE DA TR – ADIN 493-0/STF - VANTAGENS

PESSOAIS INCORPORADAS DEFINITIVAMENTE AO SALÁRIO -

INCLUSÃO NO CÁLCULO - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL

NÃO COMPROVADA - RISTJ, ART. 255 E PARÁGRAFOS -

SÚMULA 13/STJ -PRECEDENTES STJ.- Nos contratos

vinculados ao PES, o reajustamento das prestações deve

obedecer à variação salarial dos mutuários, a fim de

preservara equação econômico-financeira do pactuado.- As

vantagens pessoais incorporadas, definitivamente, ao salário

ou vencimento do mutuário, incluem-se na verificação da

equivalência para fixação das parcelas.- Declarada pelo

STF a inconstitucionalidade da TR como fator de

correção monetária (ADIN 493-0), o reajustamento do

saldo devedor,a exemplo das prestações mensais,

também deve obedecer ao Plano de Equivalência

Salarial.- Recurso conhecido e parcialmente provido(Resp

140.839/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS,

SEGUNDA TURMA, julgado em 23/11/1999, DJ 21/02/2000, p.

112) (grifamos)

SFH. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DAS

PRESTAÇÕES. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. NULIDADE

DO ACÓRDÃO. INOCORRÊNCIA. VANTAGENS PESSOAIS.

INCLUSÃO. CORREÇÃO PELA TR. IMPOSSIBILIDADE.

PRECEDENTES.(...)4. Inaplicável a TR como fator de correção

monetária Entendimento consagrado nesta Corte na esteira

de orientação traçada pelo STF.5. Recurso especial

conhecido e parcialmente provido.(REsp 209.466/BA, Rel.

Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA,

julgado em 07/08/2001, DJ 17/06/2002, p. 231) (grifamos)

Todavia, a Corte de Justiça, fazendo uma releitura do voto do

Ministro Moreira Alves do STF, mudou de entendimento, e passou a adotar a

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Page 11: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

constitucionalidade da TR como índice de correção monetária, conforme

demonstra o seguinte julgado:

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR.

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TR.1. Não é inconstitucional a

correção monetária com base na Taxa Referencial -

TR. O que é inconstitucional é sua aplicação

retroativa. Foi isso o que decidiu o STF da ADI 493/DF,

Pleno, Min. Moreira Alves, DJ de 04.09.1992, ao

estabelecer o âmbito de incidência da Lei 8.177, de

1991.2. Aos contratos de mútuo habitacional firmados no

âmbito do SFH que prevejam a correção do saldo devedor

pela taxa básica aplicável aos depósitos da poupança aplica-

se a Taxa Referencial, por expressa determinação legal.

Precedentes da Corte Especial: AGEREsp 725917 / DF, Min.

Laurita Vaz, DJ 19.06.2006; DERESP 453600 / DF, Min. Aldir

Passarinho Junior, DJ 24.04.2006.3. Embargos de divergência

a que se nega provimento.(EREsp 752.879/DF, Rel. Ministro

TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, julgado em

19/12/2006, DJ 12/03/2007, p. 184) (grifamos)

Em relação ao FGTS, há até a súmula do STJ sobre a

aplicação da TR como índice de correção monetária. Neste sentido:

A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de

correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos

pelo empregador mas não repassados ao fundo. (Súmula

459, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe

08/09/2010)

Como dito alhures, aplicação de índice de correção

monetária se presta para recuperar o poder de compra do valor

emprestado. Este poder de compra é diretamente influenciado por um

processo inflacionário. O próprio STJ reconhece a influência da inflação e da

deflação na composição do índice de correção monetária, senão vejamos:

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Page 12: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

PREVIDENCIÁRIO E ECONÔMICO. TÍTULO EXECUTIVO

JUDICIAL. DETERMINAÇÃODE CORREÇÃO MONETÁRIA PELO

IGP-M. ÍNDICES DE DEFLAÇÃO.APLICABILIDADE. OFENSA AO

PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DOS VENCIMENTOS. NÃO

OCORRÊNCIA. PRESERVAÇÃO DO VALOR NOMINAL DA

OBRIGAÇÃO. PRECEDENTES.1. "A correção monetária nada

mais é do que um mecanismo de manutenção do poder

aquisitivo da moeda, não devendo representar,

consequentemente, por si só, nem um plus nem um minus

em sua substância. Corrigir o valor nominal da obrigação

representa, portanto, manter, no tempo, o seu poder de

compra original, alterado pelas oscilações inflacionárias

positivas e negativas ocorridas no período. Atualizar a

obrigação levando em conta apenas oscilações positivas

importaria distorcer a realidade econômica produzindo um

resultado que não representa a simples manutenção do

primitivo poder aquisitivo, mas um indevido acréscimo no

valor real. Nessa linha, estabelece o Manual de Orientação

de Procedimento de Cálculos aprovado pelo Conselho da

Justiça Federal que, não havendo decisão judicial em

contrário, "os índices negativos de correção monetária

(deflação) serão considerados no cálculo de atualização",

com a ressalva de que, se, no cálculo final, 'a atualização

implicar redução do principal, deve prevalecer o valor

nominal'" (Corte Especial, REsp 1.265.580/RS, Rel. Min.

TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe18/4/12).2. No precedente da

Corte Especial, mencionado na decisão agravada, ficou

expressamente consignado que se, na atualização da dívida,

houver redução do principal, deve prevalecer o valor

nominal, em respeito ao princípio da irredutibilidade de

vencimentos,previsto nos arts. 7º, VI e 37, XV, da

Constituição Federal.3. A compreensão no sentido de que

não há violação ao princípio da irredutibilidade dos

vencimentos, quando preservado o valor nominal da

obrigação, encontra respaldo na jurisprudência do STF e do

STJ.4. Agravo regimental improvido.(AgRg nos EREsp

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Page 13: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

1252558/RS, Rel. Ministro SERGIO KUKINA, PRIMEIRA SEÇÃO,

julgado em 13/03/2013, DJe 21/03/2013)(grifos nossos)

Não podemos nos esquecer de que a cultura da correção

monetária está de tal forma arraigada ao nosso sistema econômico, que o

próprio Código Civil de 2002, traz diversos dispositivos garantindo

atualização monetária:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor

por perdas e danos, mais juros e atualização monetária

segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e

honorários de advogado.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua

mora der causa, mais juros, atualização dos valores

monetários segundo índices oficiais regularmente

estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento

em dinheiro, serão pagas com atualização monetária

segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,

abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem

prejuízo da pena convencional.

Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o

contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a

inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as

deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução

mais o equivalente, com atualização monetária segundo

índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e

honorários de advogado.

Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à

atualização monetária da indenização devida segundo

índices oficiais regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos

juros moratórios.

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Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à

custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente

auferido, feita a atualização dos valores monetários.

Este retrospecto da evolução legal e jurisprudencial a

respeito da aplicação da TR como índice de correção monetária se fez

necessário para que pudéssemos chegar ao núcleo do argumento desta

ação.

Hoje, no país, há dois tipos de índices de correção

monetária. Índices que refletem a inflação e, portanto, recuperam o poder

de compra do valor aplicado, como o IPCA e o INPC, e um índice que não

reflete a inflação, e consequentemente não recupera o poder de compra do

valor aplicado – a Taxa Referencial/TR.

Historicamente, é preciso lembrar que a Taxa Referencial

nunca foi igual à inflação. Nem quando experimentamos hiperinflação, nem

quando experimentamos deflação. Todavia, os índices da TR, do INPC e do

IPCA, sempre andaram próximos. Em outras palavras, imperava a

razoabilidade nos índices da TR para que pudessem atingir a finalidade de

correção do valor do capital.

ANO TR INPC IPCA

1991 335,51% 475,11% 472,69%

1992 1.156,22% 1.149,05% 1.119,09%

1993 2.474,73% 2.489,11% 2,477,15%

1994 951,19% 929,32% 916,43%

1995 31,6207% 21,98% 22,41%

1996 9,5551% 9,125% 9,56%

Não obstante, o cenário começa a mudar a partir de 1999. A

TR se distancia expressivamente do INPC e do IPCA, ao ponto de hoje a

inflação superar 6% ao ano e a TR ser igual a zero. Logo, ela não se presta

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para o fim de manter o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, que são um

patrimônio do trabalhador.

O sentimento geral é que há muito tempo o FGTS é um

fundo iníquo por ele não ter recomposição inflacionária dos seus recursos.

Na verdade, o trabalhador não está financiando programas de habitação

popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ele está subsidiando.

Ao contrário de outros investimentos, o FGTS não é um

fundo de livre disposição por parte do trabalhador, não podendo ele decidir

sponte própria quais as aplicações que lhe são mais convenientes ou

rentáveis. O trabalhador tem que se submeter a políticas econômicas e

sociais que lhe são altamente prejudiciais.

Ora, mas a própria Lei do FGTS diz em seu artigo 2º

que é garantida a atualização monetária e juros. Quando a TR é

igual a zero este artigo é descumprido. Quando a TR é mínima e

totalmente desproporcional em relação à inflação, este artigo

também é descumprido e o patrimônio do trabalhador é subtraído

por quem tem o dever legal de administrá-lo.

Em um cenário de TR zero e inflação pública e notória,

estamos diante de uma situação de confisco. O Governo Federal, através

da Caixa Econômica Federal, está confiscando os rendimentos dos

trabalhadores, para subsidiar políticas públicas, sem a menor possibilidade

de ingerência destes trabalhadores.

Assim como em nosso Estado Democrático de Direito, a

Constituição veda que se utilize o tributo com efeito de confisco, o

trabalhador não pode ser punido com o confisco do que a própria Caixa

define em seu sítio eletrônico, como um patrimônio do trabalhador, e

definitivamente o é.

Quando se fala em patrimônio, imediatamente sobrevém

lição da Professora Maria Helena Diniz ao comentar o artigo 91 do Novo

Código Civil:

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Page 16: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

Art. 91. Constitui universalidade de direito o

complexo de relações jurídicas de uma pessoa,

dotadas de valor econômico.

Universalidade de direito. É a constituída por bens

singulares corpóreos heterogêneos ou incorpóreos

(complexo de relações jurídicas), a que a norma jurídica,

com o intuito de produzir certos efeitos, dá unidade, por

serem dotados de valor econômico, como p. ex., o

patrimônio (...) O patrimônio e a herança são considerados

como um conjunto, ou seja, como uma universalidade.

Embora se constituam ou não de bens materiais e de

créditos, esses bens se unificam numa expressão

econômica, que é o valor. O patrimônio é complexo de

relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis

economicamente. Incluem-se no patrimônio: a posse,

os direitos reais, as obrigações e as ações

correspondentes a tais direitos. O patrimônio abrange

direitos e deveres redutíveis a dinheiro. (Código Civil

Anotado, Ed. Saraiva, pag. 100) (grifamos).

Levando em conta que a relação jurídica entre os

trabalhadores e a Caixa é de direito pessoal, o artigo 233 do Código Civil se

torna inafastável, na medida em que determina que a obrigação de dar

coisa certa abrange os acessórios, ainda que não mencionados.

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os

acessórios dela embora não mencionados, salvo se o

contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Ora, acessórios de dinheiro são os juros e a correção

monetária.

E então voltamos à Taxa Referencial.

III.IV - Desempenho financeiro do FGTS e remuneração dos cotistas

16

Page 17: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

O desempenho da economia, desde a década passada, refletiu-se

positivamente no mercado de trabalho brasileiro. São diversos os

indicadores que revelam essa situação de melhoria, pois houve um

significativo crescimento do emprego; aumento real do salário médio da

economia; recuperação do poder de compra do salário mínimo; aumento da

formalização do emprego, entre outros fatores.

O ambiente de crescimento econômico também surtiu efeito positivo sobre

o desempenho do FGTS, devido à vinculação direta de sua arrecadação com

o emprego formalizado e o nível dos rendimentos da economia. No tocante

aos valores da arrecadação bruta do FGTS, observa-se que ela quase dobra

quando se compara o resultado de 2012 e 1999, anos em que

corresponderam a R$ 83,03 bilhões e R$ 42,02 bilhões. Por sua vez, os

saques, nestes mesmos anos, cresceram 53%, correspondendo a R$ 65,05

bilhões e R$ 42,54 bilhões. Observe-se que o valor do saque, em 1999,

supera um pouco o valor da arrecadação, indicando um resultado líquido

negativo no ano.

Conforme se vê no Gráfico 6, nos anos de 1997 e 1998, estes resultados

também foram negativos. A partir de 2000, a arrecadação líquida torna-se

positiva e crescente representando um indicador positivo do desempenho

do FGTS.

GRÁFICO 6

Evolução da arrecadação Real do FGTS (R$ bilhões de 2012)

17

Page 18: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

O significativo desempenho financeiro do FGTS também pode ser visto

através da evolução do Patrimônio Líquido registrado no período de 1999 a

2012, como mostra o Quadro 1, no qual se observa que o crescimento

apresentado em seu valor real, que foi de 164% , no período.

QUADRO 1

FGTS: Patrimônio Líquido(*)

Anos Patrimônio Liquido

1999 17,72

2000 19,65

2001 18,86

2002 19,03

2003 23,12

2004 26,64

2005 28,70

2006 30,00

2007 30,72

2008 35,20

2009 36,81

2010 40,74

2011 43,45

2012 46,79

Fonte: FGTS

Elaboração DIEESE

Nota: (*) em reais 2012-IPCA

Com base em estudo elaborado pela Consultoria Legislativa do Senado,

valendo-se de informações fornecidas pela CEF é possível confrontar o

retorno recebido pelo FGTS e retorno pago aos cotistas, entre 2000 e 2011

(Quadro 2).

18

Page 19: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

No quadro 2, ficam evidentes as diferenças entre o retorno das aplicações

do FGTS, e o retorno dos cotistas indicando claramente “que há uma forte

discrepância entre o rendimento do Fundo e o rendimento dos cotistas.” Ou

seja, o rendimento das aplicações dos recursos do fundo é bem superior ao

rendimento pago aos titulares do fundo. Além disso, o quadro mostra

também que o rendimento dos cotistas (Juros +TR) tem sido inferior à

inflação no período.

III.V - Do Posicionamento dos Tribunais Superiores

É posicionamento consolidado no STF de que a TR não serve como correção

monetária.

Ao julgar um caso de um credor do Instituto Nacional de Seguro Social

(INSS), em maio/2013, a ministra Cármen Lúcia reafirmou a posição da

Corte de que a Taxa Referencial (TR) - que remunera a poupança - não

serve para recompor a perda inflacionária da moeda.

DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

CONSTITUCIONAL. “ÍNDICE OFICIAL DE REMUNERAÇÃO

19

Page 20: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

BÁSICA DA CADERNETA DE POUPANÇA”:

INCONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO. ACÓRDÃO

RECORRIDO DISSONANTE DA JURISPRUDÊNCIA DO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ÍNDICE DE CORREÇÃO

MONETÁRIA: OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA.

RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Relatório 1.

Recurso extraordinário interposto com base na alínea a

do inc. III do art. 102 da Constituição da República

contra julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª

Região, que decidiu: “AGRAVO DE INSTRUMENTO.

PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO. PRECATÓRIO/RPV

COMPLEMENTAR. EC N. 62/2009. ART. 100, § 12, DA CF.

CONSTITUCIONALIDADE. INCIDÊNCIA IMEDIATA. 1. O §

12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido

pela EC n. 62, de 09/11/2009 (publicada em

10/12/2009), tem aplicação imediata aos feitos de

natureza previdenciária, sendo constitucional. 2.

Entendimento firmado no sentido de que a TR mostra-

se válida como índice de correção monetária. 3. Nada

impede o legislador constitucional ou infraconstitucional

de dispor sobre correção monetária e taxa de juros e,

em se tratando de relação de direito público, não há

óbice a incidência imediata da lei, desde que respeitado

período anterior à vigência da nova norma (vedação à

retroatividade), pois não existe direito adquirido a

regime jurídico” (fl. 68). 2. O Agravante alega que o

Tribunal a quo teria contrariado os arts. 1º, inc. III, 5º,

caput e incs. XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição

da República. Argumenta que: “A EC n. 62/2009, em

seu art. 1º, § 12, instituiu que ‘A partir da promulgação

desta Emenda Constitucional, a atualização de valores

de requisitórios , após sua expedição, até o efetivo

pagamento, independentemente de sua natureza, será

feita pelo índice oficial de remuneração básica da

caderneta de poupança, e, para fins de compensação

da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual

20

Page 21: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

de juros indecentes sobre a caderneta de poupança,

ficando excluída a incidência de juros compensatórios’.

Como se sabe, o índice de remuneração básico da

poupança é a Taxa Referencial – TR, índice controlado

pelo Estado, e utilizado como instrumento de controle

da economia – vide os sucessivos índices mensais

zerados, a fim de controle de aporte de capital nas

poupanças. Tanto a TR não se presta como índice de

correção monetária, que o STF já decidiu nesse sentido:

‘A taxa referencial (TR) não é índice de correção

monetária (...) não constitui índice que reflita a

variação do poder aquisitivo da moeda’ (ADI 493-

0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ 4.9.1992).

(...) Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão não

poderá ser tolerado pelo Judiciário, merecendo a

declaração de inconstitucionalidade do § 12 do artigo

100 da Constituição Federal, adicionado pela EC n.

62/2009. (...) Assim, declarada a inconstitucionalidade

do índice aplicado ao precatório pago nos autos, deve

ser tomado como vigente e aplicado ao caso concreto o

índice IPCA-E” (fls. 72-73). Apreciada a matéria trazida

na espécie, DECIDO. 3. Razão jurídica assiste, em parte,

ao Recorrente. O Desembargador Relator no Tribunal

Regional Federal da 4ª Região afirmou: “Quando da

análise do pedido de efeito suspensivo, foi proferida a

seguinte decisão: ‘(...) Firmou-se na 3ª Seção deste

Tribunal o entendimento de que a Lei n. 11.960, de

29/06/2009 (publicada em 30/06/2009), que alterou o

art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, determinando a incidência

nos débitos da Fazenda Pública, para fins de

atualização monetária, remuneração do capital e

compensação da mora, uma única vez, até o efetivo

pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica

e juros da caderneta de poupança, aplica-se

imediatamente aos feitos de natureza previdenciária,

sendo constitucional. Não há razão para tratamento

21

Page 22: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

diferenciado em relação ao § 12 do artigo 100 da

Constituição Federal, introduzido pela EC n. 62, de

09/11/2009 (publicada em 10/12/2009), que trata

especificamente da situação a atualização de valores

de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo

pagamento. A Taxa Referencial, segundo entendeu o

Superior Tribunal de Justiça, pode ser utilizada como

índice de correção monetária. O que não se mostra

possível é sua substituição em pactos já firmados, de

modo a violar o direito adquirido e o ato jurídico

perfeito. A Súmula n. 295 do Superior Tribunal de

Justiça, a propósito, enuncia: A Taxa Referencial (TR) é

indexador válido para contratos posteriores à Lei n.

8.177/91, desde que pactuada. Colhe-se da

jurisprudência desta Corte: (...). A situação dos autos é

um pouco diversa, pois se discute sobre a incidência

imediata de norma que dispôs sobre os acréscimos

aplicáveis aos débitos previdenciários. Apropriada,

contudo, a aplicação do entendimento de que a TR

mostra-se válida como índice de correção monetária.

Por outro lado, nada impede o legislador constitucional

ou infraconstitucional de dispor sobre correção

monetária e taxa de juros. Em se tratando de relação

de direito público, nada obsta a incidência imediata da

lei, desde que respeitado período anterior à vigência da

nova norma (vedação à retroatividade), pois não existe

direito adquirido a regime jurídico. Assim, tratando-se

de norma nova que dispôs, para o futuro, sobre os

acréscimos aplicáveis a créditos previdenciários, não se

cogita de violação à cláusula constitucional que

assegura o direito de propriedade (art. 5º, XXII, CF), ou

mesmo àquela que protege o direito adquirido e o ato

jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, CF). Como não se cogita

de violação do princípio da isonomia, certo que

situações díspares podem receber tratamento

diferenciado, de modo que a utilização de indexadores

22

Page 23: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

diversos, mas idôneos, para atualização de créditos de

naturezas diversas, não contraria o artigo 5º, caput, da

Constituição Federal. Da mesma forma, como a norma

produz efeitos para o futuro, não está a ofender a coisa

julgada (art. 5º, inciso XXXVI CF), certo que a coisa

julgada somente incide em relação às situações

especificamente na decisão judicial, de modo que a

definição do índice de correção monetária referente a

período posterior não está forrada ao advento de

mudança normativa. Consigno, por fim, que a norma

que validamente dispõe sobre os acréscimos aplicáveis

a débito do poder público evidentemente não está a

violar os princípios da moralidade e da eficiência (art.

37 da CF). Oportuna a referência a precedentes do

Superior Tribunal de Justiça: (...). Segue em sentido

assemelhado precedente do Supremo Tribunal Federal

que espelha a posição daquela Corte: ‘Agravo

regimental em agravo de instrumento. 2. Execução

contra a Fazenda Pública. Juros de mora. Art. 1º-F da Lei

n. 9.494/97, com redação dada pela MP n. 2.180-

35/2001. 3. Entendimento pacífico desta Corte no

sentido de que a MP n. 2.180-35/2001 tem natureza

processual. Aplicação imediata aos processos em curso.

4. Agravo regimental a que se nega provimento’ (AgR

no AI n. 776.497. Relator: Min. GILMAR MENDES

Julgamento: 15/02/2011. Órgão Julgador: Segunda

Turma STF). Diante de todo o exposto, defiro o pedido

de efeito suspensivo’. Não havendo novos elementos a

ensejar a alteração do entendimento acima esboçado,

deve o mesmo ser mantido por seus próprios

fundamentos, dada a sua adequação ao caso concreto”

(fls. 66-67 v. - grifos nossos). O acórdão recorrido

destoa da jurisprudência deste Supremo Tribunal, que

declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice

oficial de remuneração básica da caderneta de

poupança”, constante do § 12 do art. 100 da

23

Page 24: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

Constituição da República (acrescentado pela Emenda

Constitucional n. 62/2009): “o Tribunal julgou

procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade

da expressão ‘na data de expedição do precatório’,

contida no § 2º; os §§ 9º e 10; e das expressões ‘índice

oficial de remuneração básica da caderneta de

poupança’ e ‘independentemente de sua natureza’,

constantes do § 12, todos dispositivos do art. 100 da

CF, com a redação dada pela EC n. 62/2009, vencidos

os Ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki e Dias

Toffoli. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa”

(ADI 4.357, Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe n.

59/2013, de 2.4.2013 – grifos nossos). 4. Quanto à

determinação do índice a ser aplicado na correção

monetária do precatório, trata-se de matéria a ser

decidida com base em norma infralegal (Resolução n.

122/2010 do Conselho da Justiça Federal), não afeta a

este Supremo Tribunal: “AGRAVO REGIMENTAL NO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO.

PRECATÓRIO. ATUALIZAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO. A

REPERCUSSÃO GERAL NÃO DISPENSA O

PREENCHIMENTO DOS DEMAIS REQUISITOS DE

ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. ART. 323 DO RISTF

C.C. ART. 102, III, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA.

REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA.

IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. (...). 3. Deveras, entendimento

diverso do adotado pelo acórdão recorrido – como

deseja o recorrente – quanto ao índice de correção

monetária adequado para a atualização do valor do

presente precatório, demandaria a análise da legislação

infraconstitucional que disciplina a espécie (Resolução

n. 115/2010, do CNJ), bem como o reexame do contexto

fático-probatório engendrado nos autos, o que

24

Page 25: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

inviabiliza o extraordinário, a teor do Enunciado da

Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal, que

interdita a esta Corte, em sede de recurso

extraordinário, sindicar matéria fática, ‘verbis’: (...).

(Precedentes: RE n 404.801-AgR, Relator o Ministro

Cezar Peluso, 1ª Turma, Dj de 04.03.05; AI n. 466.584-

AgR, Relator o Ministro Nelson Jobim, 2ª Turma, DJ de

21.05.04, entre outros). 4. ‘In casu’, o acórdão

originariamente recorrido assentou: ‘AGRAVO DE

INSTRUMENTO – PRECATÓRIO – NÃO INCIDÊNCIA DE

JUROS DE MORA – INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 17, DO

STF – ATUALIZAÇÃO – ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA

CADERNETA DE POUPANÇA – RECURSO PARCIALMENTE

PROVIDO. 1) É vedada a incidência de juros no cálculo

da atualização dos valores de precatórios, exceto se

houver mora no seu pagamento (STF: Súmula

Vinculante n. 17). 2) Após o advento da emenda

Constitucional n. 62/2009, a atualização de valores de

precatórios, após sua expedição, até o efetivo

pagamento, independentemente de sua natureza,

passou a ser feita pelo índice oficial de remuneração

básica da caderneta de poupança (CF/88: art. 100, §

12º). 3) Recurso conhecido e parcialmente provido’. 5.

Agravo regimental a que se nega provimento” (RE

684.571-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira

Turma, DJe 30.10.2012 – grifos nossos). 5. Pelo exposto,

dou parcial provimento a este recurso extraordinário

(art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil e art. 21, §

2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal)

para reafirmar a inconstitucionalidade da expressão

“índice oficial de remuneração básica da caderneta de

poupança”, constante do § 12 do art. 100 da

Constituição da República e determinar que o Tribunal

de origem julgue como de direito quanto à aplicação de

outro índice que não a taxa referencial (TR). Publique-

se. Brasília, 13 de junho de 2013. Ministra CÁRMEN

25

Page 26: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

LÚCIA Relatora

(RE 747706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado

em 13/06/2013, publicado em DJe-124 DIVULG

27/06/2013 PUBLIC 28/06/2013)

No dia 27 de maio, o ministro Castro Meira, do STJ, proferiu decisão

semelhante, favorável a uma credora da União que teve a indenização

reconhecida pela Justiça por violação de direitos fundamentais. E foi além:

determinou a aplicação do IPCA para atualizar o valor dos precatórios. A

União recorreu da decisão alegando que a decisão do Supremo ainda não

havia sido publicada. No dia 26 de junho, a 1ª Seção do STJ rejeitou o

recurso.

EXECUÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 11.761 -

DF (2008/0132683-2)

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO

EXEQUENTE : HELIANA CALMON DOS REIS INÁCIO DE

SOUZA

ADVOGADO : MARCELO PIRES TORREÃO E OUTRO(S)

EXECUTADO : UNIÃO

DECISÃO

A Coordenadoria de Execução Judicial-CEJU prestou a

seguinte

informação:

Transitada em julgado a decisão que homologou os

cálculos apresentados pela União nos embargos à

execução e remetidos os autos a esta Unidade,

conforme decisão de fl. 124 dos embargos, procedeu-se

atualização da conta de liquidação.

Apurou-se como devido à exequente, em abril/2013, o

valor de R$ 971.061,57 (novecentos e setenta e um mil,

sessenta e um reais e cinquenta e sete centavos),

conforme demonstrado na planilha anexa.

26

Page 27: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

No cálculo do quantum debeatur foram mantidos os

critérios empregados na conta elaborada pela União e

homologada na decisão de fls. 40-43 dos embargos,

quais sejam:

" Incidência de juros de mora no percentual de 0,5% ao

mês, até

o trânsito em julgado dos embargos, ocorrido em

agosto/2011;

" Correção monetária pelo IPCA-E/IBGE.

Destaque-se que estendeu-se a utilização do IPCA-E

para atualização da conta até a data corrente, tendo

em vista ter sido esse o índice empregado na conta

homologada e, ainda, porque o Supremo Tribunal

Federal, no julgamento da ADI 4357, acórdão pendente

de publicação, julgou parcialmente inconstitucional o §

12 no tocante às expressões "índice oficial de

remuneração básica da caderneta de poupança" e

"independentemente de sua natureza" e, por

arrastamento, essas mesmas expressões constantes no

art. 1°-F da lei n. 9.494/1997, alterado pelo art. 5° da lei

n. 11.960/2009 (Ata n° 5, de 14/3/2013, publicada no

DJe n. 59, de 1/4/2013), excluindo, desse modo, a Taxa

Referencial - TR como fator de atualização das

condenações impostas à Fazenda Pública.

Registre-se, ainda, que nessa ADI também foi declarada

a inconstitucionalidade dos §§ 9° e 10 do art. 100 da

Constituição Federal, que tratam da compensação de

débitos dos beneficiários de precatórios junto á

Fazenda Pública devedora.

Diante do exposto, submetemos estes autos à

consideração de Vossa Excelência com a proposição de

que sejam intimadas as partes para se manifestarem

sobre o cálculo atualizado por esta Unidade para

expedição do respectivo precatório (e-STJ fl. 343).

Instadas, as partes manifestaram-se. A exequente

aprovou os cálculos (e-STJ fl. 352), enquanto a União

27

Page 28: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

discordou no ponto em que "foi considerada a variação

do IPCA-e para correção monetária para todo o período

quanto o correto seria aplicar a variação da TR a partir

de julho de 2009, nos termos da Lei 11.960/2009 e

Manual de Cálculos da Justiça Federal" (e-STJ fl. 355).

É o relatório. Decido.

Corretos são os cálculos apresentados pela CEJU,

porquanto, além de ter sido o IPCA-E o índice

empregado na conta homologada, olvida-se a União de

que o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4.357/DF, em

14.3.2013, declarou a inconstitucionalidade, por

arrasto, das expressões "independentemente de sua

natureza" (para efeito de correção monetária) e

"índices oficiais de remuneração básica", contidos no

art. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei

11.960/2009.

Significa dizer que, no tocante à correção monetária,

mesmo a partir de julho/2009, continuará sendo

adotado o IPCA-E/IBGE, e não mais o índice previsto no

Manual de Orientação de Procedimentos para os

Cálculos na Justiça Federal.

Ante o exposto, expeça o precatório nos termos da

planilha de cálculos elaborada pela CEJU às e-STJ fls.

343-344.

Publique-se. Intime-se.

Brasília, 27 de maio de 2013.

Ministro Castro Meira

Presidente da Seção

(Ministro CASTRO MEIRA, 31/05/2013)

Sendo assim, Excelência, é pacífico nos Tribunais Superiores que não se

aplica a TR como índice de correção.

IV - CONCLUSÕES

28

Page 29: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

A Taxa Referencial, enquanto índice de correção monetária

assim considerada pela atual jurisprudência pátria, não pode ser reduzida a

Zero, como tem sido nos últimos meses, pois afronta flagrantemente o

artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que garante atualização monetária aos

depósitos feitos no FGTS.

Como índice de correção monetária, a TR deveria garantir o

poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, que se perfaz levando em conta os

índices de inflação. Desde janeiro de 1999, a TR se distanciou

sensivelmente dos índices oficiais de inflação, impingindo profundas perdas

aos depósitos do FGTS, tornando-se inidônea para garantir a reposição de

perdas monetárias.

A inidoneidade da TR como índice de correção monetária

decorre de mudanças introduzidas na sua metodologia de cálculo pelo

Banco Central do Brasil/CMN que, através do mecanismo econômico de um

redutor, vem nitidamente manipulando o índice para que ele se desprenda

da inflação até anulá-la completamente, a despeito de um quadro de

inflação persistente no País.

A Caixa Econômica Federal está se prestando ao papel de

espoliador do FGTS, na medida em que dispõe do patrimônio do trabalhador

sem a devida contraprestação. A correção monetária aplicada ao FGTS tem

sido há muito tempo menor que a inflação registrada, de forma que

descumpre não só o artigo 2º da lei nº 8.036/90, artigo 233 do Código Civil,

mas também toda a lógica e princípios do mercado econômico.

Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a

totalidade da correção monetária. O trabalhador não pode ser obrigado a

subsidiar ainda mais os projetos do Governo Federal. O “ainda mais”

decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem os menores do mercado, o

quê, por si só, demonstra que ele já está fazendo sua parte sob a

perspectiva social.

Negar o direito de correção monetária aos depósitos do

FGTS, Fundo do qual o trabalhador não pode simplesmente sacar seu

dinheiro para aplicar em outro fundo mais rentável, configura ato de tirania,

29

Page 30: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

incompatível com um Estado Democrático de Direito e deve ser de pronto

rechaçado.

Se o Governo Brasileiro remunerasse os investidores

internacionais com TR mais 3% a.a, como faz com os trabalhadores, haveria

um fuga em massa dos investimentos no País, e certamente estaríamos

experimentando uma tsunami econômica e não uma simples “marolinha”.

Sendo a TR índice inidôneo para restabelecer o poder

aquisitivo dos depósitos do FGTS, sua substituição por outro índice que

melhor recomponha as perdas monetárias se torna imperioso, a fim de fazer

prevalecer o artigo 2º da lei nº 8.036/90 e artigo 233 do Código Civil.

Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo

Banco Central/CMN promoveu o completo distanciamento da TR dos índices

oficiais de inflação, temos que desde então ela perdeu sua condição de

repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS, devendo desde esta

data ser substituída pelo INPC, alternativamente, pelo IPCA.

VI - DOS PEDIDOS

Isto posto, pede-se:

I. a condenação da Ré a proceder a correção monetária dos

valores depositados em favor da parte autora, a partir de 1999,

em índice diferentes do da TR, utilizando para a correção

monetária o INPC, ou sucessivamente, IPCA-e, ou algum outro

índice que efetivamente recomponha o valor monetário, perdido

pela inflação;

II. condenar a Ré proceder essa correção desde 1999, data em

que a TR parou de recompor as perdas com a inflação;

III. condenar a Ré no pagamento dos valores ao final apurados,

promovendo o crédito respectivo na Conta Vinculada do FGTS da

parte autora;

30

Page 31: Petição Inicial FGTS - INPC x TR - Correção de Juros

IV. condenar a ré ao pagamento de custas e honorários

advocatícios no montante de 20% do valor da causa.

 

Requer a citação da CEF - Caixa Econômica Federal, no endereço de sua

sede, para responder no prazo legal, querendo, a presente

ação.                         

Requer a juntada dos contratos de honorários advocatícios, requerendo, ao

final, antes da liberação dos valores para a conta vinculada ao FGTS, valores

esses que a ré for condenada a pagar ao autor, que o montante pactuado

no instrumento contratual anexo seja liberado diretamente para este

patrono, através de alvará, conforme art. 22, §4º do EOAB.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,

principalmente prova documental.

Atribui-se à causa o valor de R$ _______________

Xxxxxxxxxxxxxxxxx, xxxxxx de xxxxxxxxx de 2013.

ADVOGADO

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