petição do amor
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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DO AMOR DA VARA DO CORAÇÃO DA
COMARCA DE MACAPÁ
Leonardo, brasileiro, advogado, portador da Carteira de
Identidade nº 143.380 PTC/AP e do CPF nº 003.328.722-89, residente e
domiciliado à Av. Raimundo Álvares da Costa, nº 2646, bairro Santa Rita,
CEP 68901-256, nesta Capital, em causa própria, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência propor a presente
AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE AMOR
em face de Rafaella Leão de Moura, brasileira, namorada, residente e
domiciliado à Eleonai César da Silva, bairro Infraero II, Macapá-AP, tendo em
vista os fundamentos jurídicos e os fatos adiante aduzidos:
I. Dos Fatos
I.1 – O declarante conheceu a Sr. Rafaella no Parque do Forte
(popularmente conhecido como Lugar Bonito) no final do ano de 2007, mais
precisamente no dia 17 de dezembro do referido ano, por intermédio de sua
amiga em comum, Cândida Laís (ver rol de testemunhas).
I.2 – À primeira vista, Rafaella não parecia pretender se envolver
com ninguém, eis que tinha saído de um relacionamento doloroso.
I.3 – Mas, ao ver o Declarante, ainda carequinha do vestibular,
acabou cedento aos seus encantos, e resolveu dar-lhe uma chance. Assim
os dois deram seu primeiro beijo sob um coqueiro e em cima de um
formigueiro no Parque do Forte.
I.4 – Daí em diante, as partes passaram a manter o contato, e não se
distanciavam, e, ainda que a distância de suas casas fosse grande, o
Declarante não mediu esforços para aproximar-se do seu amor.
I.5 – Ao passar do tempo, ambos tiveram a interessante sensação de
que já se conheciam há um século; na descoberta de um pelo outro, os
gostos e atitudes eram tão diferentes que, por incrível que pareça, formaram
verdadeiras almas gêmeas. Naquele momento, a vontade de ambos era a de
eternizar aquele momento.
I.6 – É óbvio, Excelência, que nem tudo foram flores nesta relação.
Houve tempos em que tanto o Declarante quanto a namorada cometeram
sérios erros. Terceiros tentaram atrapalhar a relação dos dois por vezes.
Contudo, o amor prevaleceu sobre a raiva em todas as hipóteses.
I.7 – O declarante, na presente peça, pretende manifestar todo o
amor que sente pela Sra. Rafaella, a pessoa que soube abrir o seu coração e
cativar os seus sentimentos, de forma que agora se sente preenchido por
completo, feliz e sentindo o que nunca sentiu: a liberdade de estar presa às
correntes do olhar de sua amada.
II. Do Direito
II.1 – Tendo em vista que o ordenamento jurídico brasileiro encontra-
se omisso quanto ao tema em comento, citaremos normas subsidiárias para
fundamentar a importância do declarado na vida da declarante.
II.2 – Vejamos o que dispõe a Lei do Amor:
“ Art. 1º – O amor, dom supremo do ser humano, deve ser exercitado
por todos, sem diferença de raça, idade, sexo ou classe social.
Art. 2º – Quem ama tem o direito de declarar todo seu amor, a
qualquer tempo ou lugar.
Art. 3º – O amor deve ser vivido com toda intensidade, sem
restrições de qualquer espécie.
Art. 4º – É dever do amante cuidar, compreender, ajudar, proteger,
conhecer, acompanhar, satisfazer e aceitar o ser amado.
Art. 5º – Esta lei entra em vigor a partir do momento em que o ser
humano se apaixona.“
II.3 – Muitos são os doutrinadores na área; dentre muitos
pensamentos, citaremos o seguinte:
“Pra saber o que é o amor,é preciso amar assim,e o amor que eu
sinto por vocêé igual ao seu por mim
O amor é energia, é luzQue ilumina a almaÉ a força de dois
corações,Que traz a paz e acalma
Diferente da paixãoO amor é um sentimento,Está acima da razãoE
do passar do tempo
O nosso amor resiste a tudoÀ tempestade e ao ventoÉ forte em
nosso pensamentoImenso em nosso coração“
(Roberto Carlos, “O amor é mais”)
II.4 – Uma vez estabelecida a importância do amor e a sua existência
na vida de todos, é apresentada aqui a declaração de amor do Declarante
para a Sra. Rafaella, obedecendo aos requisitos necessários que lhe confere
liquidez, certeza e exigibilidade.
III. Da Medida Liminar
III.1 – O amor entre as partes é e sempre foi uma medida de urgência.
Especialmente neste dia tão importante em que as partes comemoram três
anos e quatro meses de namoro. Em que pese os dois serem fortes amantes,
com as catástrofes naturais, violências, periguetes e outros problemas
ocorrendo nos dias atuais, esse amor deve ser aproveitado o quanto antes.
Assim, o periculum in mora encontra-se presente na frase do douto
doutrinador Renato Russo:
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Porque se você parar pra pensar, na verdade não há.”
III.2 – É requisito para a tal concessão, também, a fumaça do bom
direito, ou fumus boni iuris. Todo amor é legítimo, sua plausibilidade
encontra-se respaldada em cada sorriso correspondido, em cada olhar que
queima por dentro. Para ratificar tal assertiva, ressalto um trecho da doutrinha
de Jack Johnson:
“Love is the answer at least for most of the questions in my heart
Why are we here? And where do we go? And how come it's so hard?
It's not always easy and sometimes life can be deceiving
I'll tell you one thing, it's always better when we're together.”
ou, traduzido à língua pátria:
“O amor é a resposta ao menos para maioria das perguntas no meu
coração
Como por que estamos aqui? E aonde nós vamos? E por que é tão
difícil?
Nem sempre é fácil e às vezes a vida pode ser decepcionante.
Vou te dizer uma coisa, é sempre melhor quando estamos juntos.”
III. Do Pedido
Em razão de tais fundamentos, e desejando receber
judicialmente o que lhe é devido, requer a declarante:
III.1 – A concessão da medida liminar para antecipar o aproveitamento do
amor das partes, configurados o periculum in mora e o fumus boni iuris.
III.1 – A citação da declarada para que, no menor prazo possível, tome
conhecimento do infinito amor de seu namorado por ela; .
III.2 – Que todas as pessoas apaixonadas do mundo possam ter a
experiência de viver um grande amor, como o do Declarante.
Pretende provar o alegado por todos os meios em amor e
direito admitidos.
IV. Do Valor da Causa
IV.1 – Dá-se à causa o valor de um milhão de beijos (na namorada).
Nestes termos
Pede deferimento.
Macapá, 16 de abril de 2011.
Leonardo Machado de Souza Pereira
Advogado OAB/AP n. 001