pessoas que a empregam elisabeth silva de vieira … · relación a la reducción del diptongo [ja]...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM ATITUDES LINGUÍSTICAS DE GRADUANDOS EM LETRAS EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DO DITONGO FINAL [ ] EM PALAVRA PAROXÍTONA E ÀS PESSOAS QUE A EMPREGAM ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA Natal, dezembro de 2017.

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Page 1: PESSOAS QUE A EMPREGAM ELISABETH SILVA DE VIEIRA … · relación a la reducción del diptongo [ja] átono final en palabra paroxítona. Nuestro corpus se compone de pruebas aplicadas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM

ATITUDES LINGUÍSTICAS DE GRADUANDOS EM LETRAS EM RELAÇÃO

À REDUÇÃO DO DITONGO FINAL [] EM PALAVRA PAROXÍTONA E ÀS

PESSOAS QUE A EMPREGAM

ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA

Natal, dezembro de 2017.

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ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos

da Linguagem, PPgEL, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Doutor em Linguística Aplicada.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Hozanete Alves de Lima

NATAL, dezembro de 2017.

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ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA

ATITUDES LINGUÍSTICAS DE GRADUANDOS EM LETRAS EM RELAÇÃO

À REDUÇÃO DO DITONGO FINAL [] EM PALAVRA PAROXÍTONA E ÀS

PESSOAS QUE A EMPREGAM

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos da

Linguagem, PPgEL, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Linguística Aplicada.

Tese defendida e aprovada em 7 de dezembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Hozanete Alves de Lima (UFRN, orientadora)

______________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Carla Maria Cunha (UFRN)

______________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Alice Tavares (UFRN)

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Aldir Santos de Paula (UFAL)

______________________________________________________________________

Profª. Drª. Maria Margarete Fernandes de Sousa (UFC)

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Aos meus filhos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, pela força e iluminação para a conclusão

desta pesquisa.

Aos meus pais, José Arnaud e Maria Marinete, que me deram as bases da

educação, dos valores e convicções que carrego, incentivando-me a dar passos cada vez

maiores no meu aperfeiçoamento profissional.

Ao meu esposo Jorge e aos meus filhos Cassiel e Paloma, que tornam os meus

dias mais felizes, trazendo-me a motivação necessária para a execução de minhas

atividades diárias.

A todos os familiares queridos que torceram pelo meu crescimento e me deram

palavras de apoio e carinho a cada momento.

À minha orientadora Prof.ª Drª Maria Hozanete Alves de Lima, por quem sinto

um enorme carinho e que me acolheu, orientou e apoiou sempre com entusiasmo,

alegria e energia.

À Prof.ª Dr.ª Carla Maria Cunha, pela acolhida desde a época do mestrado e

posteriormente no doutorado em meu Estágio à Docência no Ensino Superior, com

quem tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos sobre a língua portuguesa,

em especial à fonética, e com quem aprendi muito. Sua orientação e acompanhamento

foram essenciais para a conclusão desta tese.

À Prof.ª Dr.ª Maria Alice Tavares, ao Prof. Dr. Aldir Santos de Paula e à Prof.ª

Drª. Maria Margarete Fernandes pelas sugestões e orientações que tanto contribuíram

com minha pesquisa.

Aos docentes e coordenadores do Programa de Pós-graduação em Estudos da

Linguagem (PPgEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Quando o português chegou

Debaixo de uma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português.

Oswald de Andrade

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RESUMO

Com base em estudos sociolinguísticos sobre o problema empírico da avaliação e com o intuito de contribuir com as pesquisas sobre o valor social dos elementos variáveis, esta tese visa a verificar a atitude linguística de estudantes de Letras da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra

paroxítona. Nosso corpus é composto de testes aplicados aos estudantes calouros e concluintes, observando-se três componentes da atitude – cognitivo, afetivo e

comportamental – em relação à redução citada, como em paciença/poliça, e em relação à pessoa que usa essa variante. Sendo assim, esta pesquisa se justifica na medida em que se propõe a mostrar a importância da elaboração e validação de testes de atitude para a

observação do valor social das variantes linguísticas. Diante disso, as questões fundadoras de nossa pesquisa são as seguintes: (i) que testes podem ser aplicados para

verificar as atitudes linguísticas?; (ii) quais são as atitudes linguísticas de universitários do curso de Letras, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona? Diante dessas questões, nossos objetivos

são os seguintes: (i) desenvolver e validar testes para avaliar atitudes linguísticas em função de seus três componentes – cognitivo, afetivo e comportamental; (ii) descrever e

analisar atitudes de universitários do curso de Letras, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona. Como expectativa aos objetivos norteadores da pesquisa, apresentamos as seguintes hipóteses:

(i) a escala de Likert, a escala de diferenciador semântico e a escala de distância social devem mostrar-se adequadas para avaliar as atitudes; (ii) alunos concluintes, por já

terem uma formação teórica sobre os fenômenos de variação e mudança linguística, apresentariam uma postura diferente no que respeita ao fenômeno de mudança e variação. As escalas mostraram-se adequadas para a verificação das atitudes, porém os

alunos concluintes não apresentaram atitudes melhores que os calouros. Pesquisas sobre atitudes linguísticas são significativas para discussões sobre preconceito e prestígio

linguísticos e para auxiliar na compreensão de como se dão as mudanças na língua. A elaboração de testes significativos pode contribuir para um melhor esclarecimento das atitudes dos falantes e de sua influência na variação/mudança linguística, e, ao permitir

a observação do valor social das variantes linguísticas, os testes de atitude podem subsidiar análises feitas por quem pesquisa o mesmo fenômeno variável, mas não faz

testes de atitude. Além disso, trazer à tona a questão da atitude linguística nos cursos de Letras tem sido uma discussão pertinente para possibilitar aos futuros professores a reflexão sobre o tema e a transposição para a sala de aula desses conhecimentos que são

importantes para a formação integral do educando.

PALAVRAS-CHAVE: Variação linguística. Atitudes linguísticas. Variação fonética.

Monotongação.

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ABSTRACT

Based on sociolinguistic studies about empirical problems of evaluation, and attempting

to contribute with variable elements’ social value, this thesis aims to verify the linguistic attitude of students of Portuguese Language and Literature Course from a

public university in Natal, Rio Grande do Norte. Our corpus data is composed by applied tests for Portuguese Language and Literature students - freshmen and seniors -, by observing attitude’s three components - cognitive, affective and behavioral – relating

to diphthong’s [ja] reduction in paroxytone unstressed words, as in paciença/poliça, according to who is using this variant. Based on our analysis, we support that freshmen

and seniors judgments are different from the studied variant. Therefore, this research is justified when it proposes to show how it is important elaborating and validating these attitude tests by the observation of linguistic variant’s social value. Consequently, our

research’s founding questions are the following: (i) which tests can be applied to verify linguistic attitudes? (ii) what are freshmen and seniors undergraduate students of

Portuguese Language and Literature Course linguistic attitudes concerning stigmatized variable phonetic phenomena? While considering these issues, our goals are as follows: (i) developing and validating tests to assess linguistic attitudes according to their three

components - cognitive, affective and behavioral; (ii) describing and analyzing undergraduate students attitudes in their first and last semester regarding stigmatized

variable phonetic phenomena; (iii) defining and identifying the three components of judge listening attitudes; and, (iv) verifying the influence of linguistic studies on these students’ change of attitudes. As an expectation for the guiding objectives of this

research, we present the following hypotheses: (i) because of previous theoretical backgrounds about variation and linguistic change phenomena, senior students present a different standpoint regarding change and variation phenomenon. The scales were

adequate for the verification of the attitudes, but the seniors students did not present better attitudes than the freshmen. Researches on linguistic attitudes are significant for

linguistic prejudice and prestige discussions, and to assist in understanding how language changes occur. The elaboration of significant tests will contribute to a better clarification of the speakers’ attitudes and their influence on linguistic variation /

change, and by allowing the social value of language variants to be observed, attitude tests can support analyzes made by those who research the same variable phenomenon,

but do not perform attitude tests. Additionally, bringing up the question of linguistic attitude in Literature courses has been a relevant discussion to enable future teachers to reflect about the subject and how these knowledges are important for classroom’s

transposition in student’s complete formation.

Key-Words: Linguistic variation. Linguistic attitudes. Phonetic variation. Monophthongization.

.

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RESUMEN

Fundamentado en estudios sociolingüísticos sobre el problema empírico de la evaluación y con el propósito de contribuir con las investigaciones sobre el valor social

de los elementos variables, esta tesis apunta la actitud lingüística de estudiantes de la graduación de Letras Portugués de la Universidad Federal del Rio Grande del Norte en relación a la reducción del diptongo [ja] átono final en palabra paroxítona. Nuestro

corpus se compone de pruebas aplicadas a los estudiantes ingresantes y concluyentes, considerando tres componentes de la actitud - cognitiva, afectiva y comportamental - en

relación a la reducción mencionada, como en paciença/poliça, y en relación a la persona que utiliza esa variante. Por lo tanto, esta investigación se justifica en la medida en que se propone mostrar la importancia de la elaboración y validación de pruebas de actitud

para la observación del valor social de las variantes lingüísticas. Por tanto, las cuestiones fundadoras de nuestra investigación son las siguientes: (i) qué pruebas

pueden aplicarse para verificar las actitudes lingüísticas?; (ii) cuáles son las actitudes lingüísticas de universitarios de la graduación en Letras Portugués, en los períodos iniciales y finales del curso, en relación a la reducción del diptongo [ja] átono final de la

palabra paroxítona? Ante estés cuestionamientos, nuestros objetivos son los siguientes: (i) desarrollar y validar pruebas para evaluar actitudes lingüísticas en función de sus tres

componentes - cognitivo, afectivo y comportamental; (ii) describir y analizar actitudes de universitarios de la graduación en Letras Portugués, en los períodos iniciales y finales del curso, en relación a la reducción del diptongo [ja] átono final de la palabra

paroxítona. Como expectativa a los objetivos orientadores de la investigación, presentamos las siguientes hipótesis: (i) la escala de Likert, la escala de diferenciador

semántico y la escala de distancia social deben mostrarse adecuadas para evaluar las actitudes; (ii) alumnos concluyentes, por tener una formación teórica sobre los fenómenos de variación y cambio lingüístico, presentarían una postura distinta en lo que

se refiere al fenómeno de cambio y variación. Se mostraran adecuadas las escalas para la verificación de las actitudes, pero los alumnos concluyentes no presentaron actitudes

mejores que los alumnos ingresantes. Las investigaciones sobre actitudes lingüísticas son significativas para discusiones sobre prejuicio y prestigio lingüísticos y para ayudar en la comprensión de cómo se dan los cambios en la lengua. La elaboración de pruebas

significativas puede contribuir a una mejor aclaración de las actitudes de los hablantes y de su influencia en variación/cambio lingüístico, y, al permitir la observación del valor

social de las variantes lingüísticas, las pruebas de actitud pueden subsidiar análisis realizados por quienes investigan el mismo fenómeno variable, pero no hacen pruebas de actitud. Además, traer la cuestión de la actitud lingüística en los cursos de graduación

en Letras Portugués ha sido una discusión pertinente a la reflexión de los futuros profesores sobre el tema y la transposición en la clase de esos conocimientos que son

importantes para la formación integral del alumno.

PALABRAS CLAVE: Variación lingüística. Actitudes lingüísticas. Variación fonética. Monotongación.

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LISTA DE FIGURAS, QUADROS, GRÁFICOS E TABELAS

Figura 1: Estrutura da sílaba segundo a teoria autossegmental 34

Figura 2: Estrutura da sílaba segundo a teoria métrica 34

Figura 3: Representação da primeira sílaba da palavra perspectiva 34

Figura 4: Representação de uma sílaba pesada e de uma leve, respectivamente 35

Figura 5: Molde silábico do português 36

Figura 6: Sílabas de estrutura CCVCC 36

Quadro 1: Passos na construção de uma escala de Thurstone 41

Quadro 2: Passos na construção de uma escala de Likert 42

Quadro 3: Exemplo de escala tipo diferenciador semântico 43

Quadro 4: Exemplo de escala tipo Guttman 44

Gráfico 1: Distribuição percentual relativa ao sexo dos alunos entrevistados 53

Gráfico 2: Distribuição percentual relativa à idade dos alunos entrevistados 54

Tabela 1: Distribuição percentual do posicionamento dos calouros sobre

pessoas que falam paciença/poliça

54

Tabela 2: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no

posicionamento sobre as pessoas que falam paciença/poliça

56

Tabela 3: Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos

sobre as pessoas que falam paciença/poliça

56

Tabela 4: Distribuição percentual do posicionamento dos concluintes sobre

pessoas que falam paciença/poliça

57

Tabela 5: Teste de Friedman na comparação do posicionamento do

concluintes sobre as pessoas que falam paciença/poliça

58

Tabela 6: Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos

dos concluintes sobre as pessoas que falam paciença/poliça

59

Tabela 7: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

escolarização

61

Tabela 8: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

instrução

62

Tabela 9: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 62

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relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

inteligência

Tabela 10: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

atenção

62

Tabela 11: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

competência

63

Tabela 12: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto ao

esforço

63

Tabela 13: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos

julgamentos dos calouros sobre as pessoas que pronunciam as

palavras paciença/poliça

64

Tabela 14: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos

julgamentos dos calouros sobre pessoas que pronunciam as palavras

paciença/poliça

64

Tabela 15: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

escolarização

65

Tabela 16: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

instrução

65

Tabela 17: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à

inteligência

66

Tabela 18: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça, quanto à

atenção

66

Tabela 19: Distribuição percentual das notas do julgamento em relação às

pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à competência

66

Tabela 20: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto ao

67

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esforço

Tabela 21: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos

julgamentos de impressões sobre as pessoas que pronunciam as

palavras paciença/poliça

67

Tabela 22: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos

julgamentos dos concluintes

68

Tabela 23: Distribuição percentual para o tipo de relação que calouros teriam

com pessoas que pronunciam paciença/poliça e valor-p para o teste

de Fisher

69

Tabela 24: Distribuição percentual para o tipo de relação que concluintes

teriam com pessoas que pronunciam paciença/poliça

70

Tabela 25: Distribuição percentual do posicionamento dos calouros sobre a

pronúncia de paciença/poliça

72

Tabela 26: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no

posicionamento sobre a pronúncia paciença/poliça

74

Tabela 27: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos

posicionamentos dos calouros sobre a pronúncia paciença/poliça

75

Tabela 28: Distribuição percentual do posicionamento dos concluintes

entrevistados sobre a pronúncia paciença/poliça

75

Tabela 29: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos

posicionamentos dos concluintes sobre a pronúncia paciença/poliça

77

Tabela 30: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos

posicionamentos dos concluintes sobre a pronúncia paciença/poliça

78

Tabela 31: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação à pronúncia paciença/poliça, quanto à beleza

79

Tabela 32: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto à correção

79

Tabela 33: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação à pronúncia paciença/poliça, quanto à adequação

79

Tabela 34: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação à pronúncia paciença/poliça, quanto à agradabilidade

80

Tabela 35: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto a ser cuidada

80

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Tabela 36: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto a ser ou não engraçada

81

Tabela 37: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos

julgamentos dos calouros sobre a pronúncia paciença/poliça

81

Tabela 38: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos

julgamentos dos calouros

82

Tabela 39: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto à beleza

82

Tabela 40: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto à correção

83

Tabela 41: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto à adequabilidade

83

Tabela 42: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto à agradabilidade

83

Tabela 43: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto ao cuidado

84

Tabela 44: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em

relação à pronúncia paciença/poliça quanto a ser engraçada

84

Tabela 45: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos

julgamentos dos concluintes em relação às variantes

paciença/poliça

84

Tabela 46: Distribuição percentual sobre quando os calouros entrevistados

falariam/escreveriam as palavras paciença/poliça

85

Tabela 47: Distribuição percentual sobre quando os concluintes entrevistados

falariam/escreveriam as palavras paciença/poliça

86

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

16

2 19

2.1 A SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA

ATITUDES LINGUÍSTICAS – CONCEITOS

A INTERPRETAÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS DITONGOS,

HIATOS E MONOTONGOS

19

2.2 25

2.3 31

3 INTERFACE ENTRE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLOGIA SOCIAL

– POR UMA QUESTÃO METODOLÓGICA

41

3.1 MEDIÇÃO DE ATITUDES

TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS

41

3.2 49

3.2.1 Teste de Friedman 49

3.2.2 Teste de Wilcoxon 50

3.2.3 Teste de Fisher 51

4 ATITUDES LINGUÍSTICAS DOS ESTUDANTES DE LETRAS:

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

53

4.1 ATITUDES EM RELAÇÃO À PESSOA QUE FALA

PACIENÇA/POLIÇA

54

4.1.1 Componente cognitivo 54

4.1.1.1 Calouros 54

4.1.1.2 Concluintes 57

4.1.2 Componente afetivo 61

4.1.2.1 Calouros 61

4.1.2.2 Concluintes 65

4.1.3 Componente comportamental 69

4.1.3.1 Calouros 69

4.1.3.2 Concluintes 70

4.2 ATITUDE EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DO DITONGO [] ÁTONO

FINAL DE PALAVRA PAROXÍTONA

72

4.2.1 Componente cognitivo 72

4.2.1.1 Calouros 72

4.2.1.2 Concluintes 75

4.2.2 Componente afetivo 79

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4.2.2.1 Calouros 79

4.2.2.2 Concluintes 82

4.2.3 Componente comportamental 85

4.2.3.1 Calouros 85

4.2.3.2 Concluintes 86

5 CONCLUSÕES 89

REFERÊNCIAS 92

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16

1 INTRODUÇÃO

Especialmente, a partir dos estudos de Weinreich, Labov e Herzog (WLH), na

década de 60, a heterogeneidade linguística começou a ser descrita e analisada de forma

mais sistemática, observando-se, também, a influência dos fatores sociais sobre a

língua.

Os postulados de Labov ([1972], 2008) apresentam uma percepção da língua

como um sistema de caráter heterogêneo. Seus estudos no campo da sociolinguística

trouxeram à tona diversas reflexões sobre a variação/mudança linguística.

A Sociolinguística contribuiu muito nas reflexões sobre preconceito e prestígio

linguísticos, que podem ser abordados à luz de um dos cinco problemas fundamentais

contemplados na investigação sociolinguística. Conforme WLH (2006), estes problemas

seriam: o problema dos condicionamentos ou restrições, o da transição, o do

encaixamento, o da implementação e o da avaliação linguística, sendo este último o

foco de nossa pesquisa. O problema da avaliação nos leva a observar o papel do falante

em relação à própria língua e às mudanças que nela ocorrem.

Para contribuir com as pesquisas sobre o valor social dos elementos variáveis e

motivada a dar continuidade à pesquisa de Moura (2013), que verificou atitudes

linguísticas de professores da Educação Básica de Natal/RN, esta tese visa a verificar a

atitude linguística de estudantes de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Nosso corpus é composto de testes aplicados aos calouros e aos concluintes,

observando-se os três componentes da atitude – cognitivo, afetivo e comportamental –

em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona, como em

paciença/poliça e em relação à pessoa que usa essa variante. Sendo assim, esta pesquisa

se justifica na medida em que reforça a importância da elaboração e validação de testes

de atitude, já que esses testes nos permitem a observação do valor social das variantes

linguísticas e podem embasar outras análises do mesmo fenômeno linguístico feitas por

quem não fez testes de atitude.

Diante disso, as questões fundadoras de nossa pesquisa são as seguintes:

(i) Que testes podem ser aplicados para verificar as atitudes linguísticas?

(ii) Quais são as atitudes linguísticas de universitários do curso de Letras da

UFRN, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à pessoa que usa a redução do

ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona?

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(iii) Quais são as atitudes linguísticas de universitários do curso de Letras da

UFRN, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja]

átono final de palavra paroxítona?

Diante dessas questões, nossos objetivos são os seguintes:

Objetivo geral:

Desenvolver e validar testes para avaliar atitudes linguísticas em função de seus

três componentes – cognitivo, afetivo e comportamental.

São objetivos específicos nesta análise:

(i) aplicar testes de escala de diferenciador semântico, de escala de distância

social de Bogardus, de escala de Likert para verificar os três componentes da atitude.

(ii) descrever e analisar atitudes de universitários do curso de Letras, nos

períodos iniciais e finais do curso, em relação à pessoa que usa a redução do ditongo

[ja] átono final de palavra paroxítona.

(iii) descrever e analisar atitudes de universitários do curso de Letras, nos

períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de

palavra paroxítona.

Como expectativa aos objetivos norteadores da pesquisa, apresentamos as

seguintes hipóteses:

(i) os testes de escala de diferenciador semântico, de escala de distância social de

Bogardus e de escala de Likert seriam satisfatórios para a medição dos três

componentes das atitudes linguísticas.

(ii) alunos concluintes, por já terem uma formação teórica sobre os fenômenos

de variação e mudança linguística (tema corrente no curso de Letras), apresentariam

uma postura diferente no que respeita ao fenômeno analisado. Nesse sentido, eles

apresentariam uma atitude mais positiva tanto em relação à pessoa que emprega a

redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona quanto a essa variante. Por

outro lado, os alunos calouros, embora já expostos à temática de variação e mudança,

mas sem o amadurecimento de um aluno que já cursou oito períodos do Curso de

Letras, apresentariam uma atitude negativa diante do fenômeno analisado.

O fenômeno linguístico avaliado nos testes foi a redução do ditongo [ja] átono

final de palavras paroxítonas, tais como polícia > poliça, paciência > paciença, bem

como foi verificada a atitude em relação às pessoas que empregam a variante citada.

Além de observarmos essa variante na fala de algumas pessoas, encontramo-la em

algumas pesquisas linguísticas abaixo referidas:

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Muitas vez eles não obedece as poliça, porque uma vez mehmo aí que teve uma festa aí na Matinha mehmo, que chamaru a poliça e não obedeceru a poliça, obedecerunão. [Inf. 06 F III] (SANTANA E NASCIMENTO, 2011, p.15) Hoji, onzi do seti di dois mil e dozi, quarta-feira, nessi momento eu tô participanu di uma entrevista, ai eu quero contá um calso, algumas coisa que aconticeu cumigu, assim nuns tempo di mais novo, eu era disisperado, sem paciença. (MATIAS, 2012, p.42)

A pesquisa de Santana e Nascimento (2011) analisa a variação linguística na

estrutura de negação utilizada na fala da Matinha, comunidade rural da cidade de Feira

de Santana (BA). A pesquisa de Matias (2012) investiga a variação linguística na fala

dos baianos que residem na cidade de Jussara-GO.

Sem dúvida, pesquisas sobre atitudes linguísticas são importantes devido a sua

importância para discussões sobre preconceito e prestígio linguísticos e para auxiliar na

compreensão de como se dão as mudanças na língua. A elaboração de testes

significativos contribui para um melhor esclarecimento das atitudes dos falantes e de

sua influência na variação/mudança linguística. Além disso, trazer à tona a questão da

atitude linguística nos cursos de Letras tem sido uma discussão pertinente para

possibilitar aos futuros professores a reflexão sobre o tema e a transposição para a sala

de aula desses conhecimentos que são importantes para a formação integral do

educando.

Para o cumprimento dos objetivos propostos, esta tese foi dividida em cinco

seções. Após a introdução, apresentamos nossa fundamentação teórica, divida em três

partes: nossa base sociolinguística, a contribuição da Psicologia Social aos estudos das

atitudes, bem como uma pequena revisão teórica sobre ditongos, hiatos e monotongos.

Em seguida, apresentamos a metodologia com nossos testes de atitude e o tratamento

estatístico utilizado. No quarto capítulo, descrevemos e analisamos os dados relativos às

atitudes dos alunos de Letras em relação à pessoa que fala paciença/poliça e em relação

às variantes paciença/poliça. Encerramos com nossas conclusões.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, tratamos sobre a teoria Sociolinguística e sobre o que ela tem

permitido pensar a respeito da variação linguística e outros conceitos fundamentais.

Assim, explanamos sobre os princípios basilares da teoria variacionista laboviana e

sobre os aspectos que motivam e direcionam as mudanças na língua. Expomos, também,

os conceitos de atitude, em um sentido amplo, com base na Psicologia Social – teoria

que complementa as discussões relativas ao tema da atitude linguística – e em alguns

estudos sociolinguísticos. Por fim, apresentamos as principais discussões sobre os

ditongos crescentes e sua monotongação.

Embora os temas tratados neste capítulo sejam base para a análise de nossos

dados, não objetivamos aprofundamento das discussões e conceitos teóricos aqui

apresentados.

2.1 A SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA

A Sociolinguística variacionista, também conhecida como teoria laboviana,

teoria da variação e mudança linguística, sociolinguística quantitativa, entre outros, tem

seu marco em meados do século XX, época em que conflitos sociais americanos entre

grupos que disputavam seu lugar social eram recorrentes (a exemplo dos conflitos

étnicos, nos quais os negros eram subestimados por terem uma linguagem considerada

de má elaboração ou de baixo prestígio em relação à linguagem dos brancos). Tal teoria

decorre de uma abertura no campo dos estudos linguísticos: a linguística passa a

interagir com outras áreas de estudo, a exemplo da sociologia, da psicologia e da

filosofia. Da junção entre a linguística e a sociologia surge, em termo cunhado por

Haver C. Currier, em 1953 (CALVET, 2002), a Sociolinguística, cuja visão não é a do

funcionamento da língua em sua imanência, mas em seu uso, algo que seria conflitante,

por exemplo, à linguística estruturalista.

Quando a linguística foi reconhecida como ciência, seu objeto de estudo era a

langue. Saussure (1916), em seu Curso de Línguística Geral, estabeleceu a dicotomia

langue/parole e determinou que o objeto da linguística fosse apenas a langue, deixando

de fora (por questões metodológicas que não discutiremos aqui) a maioria dos

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fenômenos variáveis, colocando em evidência apenas um objeto, de certa forma,

homogêneo.

De acordo com Monteiro (2008), as primeiras tentativas de inaugurar uma

linguística que levasse em consideração, nas suas análises, os aspectos sociais da

linguagem – a sociolinguística – foram com Bright em 1966, e Fishman em 1972.

Bright teria sido o primeiro a apontar a diversidade linguística como objeto de estudo da

sociolinguística. Mas, é somente a partir dos estudos de Weinreich, Labov e Herzog

(WLH), na década de 60, que se teve êxito nas tentativas de descrever a

heterogeneidade linguística e de verificar a influência dos fatores sociais sobre a língua.

Nesta perspectiva, a língua passa, então, a ser considerada heterogênea e em constante

variação, sendo condicionada por fatores (extra)linguísticos e estilísticos.

WLH, na comunicação apresentada em 1966 na Universidade do Texas

(Empirical Foundations for a Theory of Language Change - EFTLC), chamam-nos a

atenção para a identificação problemática entre estruturalidade e homogeneidade. Na

perspectiva adotada pelos autores, estruturalidade não significa, necessariamente,

homogeneidade, de modo que as línguas são naturalmente heterogêneas sem deixarem

de ser sistemáticas, ordenadas, pois a variação linguística também está inserida na

estrutura das línguas.

WLH ([1968] 2006) defendem que a língua é sempre sistemática, mesmo em

períodos de variação ou mudança linguística. Para isso, trazem o seguinte

questionamento: “se uma língua tem de ser estruturada, a fim de funcionar

eficientemente, como é que as pessoas continuam a falar enquanto a língua muda, isto é,

enquanto passa por períodos de menor sistematicidade?” ([1968] 2006, p. 35).

Seus estudos apontaram para a premissa de que a variação é parte de um

processo social, e de que as mudanças sociais ocorridas em qualquer que seja a

sociedade, em seus diversos estratos (raça, sexo, idade, classe econômica, etc.), se

“encaixariam” no funcionamento da língua, modificando-a. Para Labov e seus

companheiros de pesquisa, Weinreich e Herzog, antes de a mudança estar

completamente inserida na língua, se realizaria o fenômeno da variação, de modo que

seria possível ao falante certas escolhas: lexicais, sintáticas, morfológicas e/ou

fonéticas.

O termo sociolinguística é considerado por Labov (2008) redundante, já que não

consegue conceber uma linguística divorciada do social. Seguindo o modelo laboviano,

o pesquisador sociolinguista obterá seus dados de pesquisa de uma comunidade de fala,

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termo que, segundo Labov (2008), refere-se a grupos que possuem normas e atitudes

comuns relativas ao uso da língua, distinguindo-se de outros grupos. Sendo assim, por

exemplo, Brasil e Portugal são diferentes comunidades de fala, apesar de ambas se

utilizarem do português, e cada uma delas é constituída por uma grande quantidade de

outras comunidades de fala. Nessa perspectiva, a variável linguística é constituída de

variantes linguísticas. Para definir uma variável linguística, Labov (2008) afirma que é

necessário:

(a) estabelecer o espectro total de contextos linguísticos em que ela ocorre; (b) definir tantas variedades fonéticas quanto for possível distinguir; (c) estabelecer um índice quantitativo para medir valores das variáveis.” (LABOV, [1972] 2008, p.92).

Em relação ao item (b), o autor se refere, especificamente, às formas fonéticas

possíveis de variar entre si, mas, salvo as devidas proporções, podemos dizer que o

conteúdo do item pode ser aplicado também a outros tipos de variantes associados a

outros níveis da estrutura linguística.

Entende-se por variável linguística duas ou mais variantes da língua que se

intercambiam. (cf. WLH, [1968] 2006). No entendimento de Pagotto

Para a sociolinguística quantitativa o conceito de variável linguística é central porque, de um lado permite conceber o sistema linguístico como intrinsecamente heterogêneo, e de outro torna possível dar conta da íntima interseção entre o sistema linguístico propriamente e a estrutura social da comunidade que dele faz uso, permitindo, por fim, estudar os fenômenos de mudança linguística. Podemos dizer que uma variável linguística se define pelas seguintes características: 1) é um elemento do sistema linguístico 2) é controlado por uma única regra 3) comporta pelo menos duas formas variantes 4) suas formas variantes são passíveis de contagem [...](PAGOTTO, 2004, pág. 50)

Sob orientação da citação de Pagotto (2004), entendemos que a variável

linguística traz sob si uma concepção de língua caracterizada pela heterogeneidade e,

por esta forma de constitutividade interna, há a possibilidade de variação e mudança que

são realizadas linguisticamente em determinado ambiente social.

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As variantes linguísticas podem possuir valor ou significação social

diferente, ou seja, podem ser avaliadas diferentemente por falantes que não

compartilhem as mesmas normas. É comum que haja uma variante mais prestigiada que

outras. Essa variante de prestígio é, normalmente, associada a um falante ou grupo

social de status mais alto. Isso pode fazer com que falantes de outras variedades

procurem imitar a variante de prestígio, ocasionando uma variação linguística, que pode

ou não levar à mudança na língua. Labov afirma que

não se pode entender o desenvolvimento de uma mudança linguística sem levar em conta a vida social da comunidade em que ela ocorre, ou, dizendo de outro modo, as pressões sociais estão operando continuamente sobre a língua, não de algum ponto remoto no passado, mas como uma força social imanente agindo no presente vivo (LABOV, [1972] 2008, p. 21).

Já que o valor social das variantes linguísticas é heterogêneo, há, também,

variantes estigmatizadas pela sociedade. Numa sociedade de classes, as diferenças

linguísticas nem sempre são bem aceitas. Normalmente, usos que se distanciam da

variedade de prestígio são discriminados e seus falantes também. Sendo assim, variação

linguística e avaliação social estão relacionadas. Comumente, variantes utilizadas por

falantes da parte inferior da pirâmide social são altamente discriminadas, mas, à medida

que essas variantes migram para outras classes e chegam à classe dominante, o

preconceito deixa de existir, a esse fenômeno Bortoni-Ricardo chama de regras graduais

ou traços graduais. Tal fenômeno se aplica quando variáveis características de um ponto

do continuum (rural – urbano, oralidade – letramento, menos monitorado – mais

monitorado) passam a ser usadas também no outro ponto (cf. BORTONI RICARDO,

2004, regras graduais). Variantes conservadoras e inovadores disputam seu lugar na

língua, passando por restrições e/ou estigma até que uma prevaleça sobre a outra e gere

mudança ou, simplesmente, as duas convivam em constante variação. As variantes

inovadoras são as que, na maioria das vezes, recebem uma marca social negativa,

fazendo com que o falante tenha que encontrar estratégias para evitá-la.

A variação pode resultar em mudança linguística – fenômeno de caráter

universal e não aleatório. Embora seja fácil perceber que as línguas sofrem constantes

modificações, não é simples identificar as causas de uma mudança e como ela ocorre.

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Labov aponta três problemas envolvidos na explicação da mudança linguística: “a

origem das variações linguísticas; a difusão e propagação das mudanças linguísticas; e a

regularidade da mudança linguística” (LABOV, 2008, p. 19). Afirma, ainda, o autor que

a propagação de novos usos linguísticos está na origem de uma mudança e, depois

disso, há somente uma continuação do padrão.

WLH (2006), ao destacar que a comunidade de fala é heterogênea, não

consideram como objeto de descrição linguística o idioleto. Isso traz implicações para a

nova teoria linguística. Conforme afirma Lucchesi (2004), o objeto de análise

linguística, na perspectiva de WLH, é a gramática da comunidade de fala. A

comunidade de fala, numa perspectiva sociolinguística, é um objeto essencialmente

heterogêneo. O que não quer dizer que a variação seja livre. Todo e qualquer processo

de variação é condicionado por fatores internos e externos à língua, por isso, nessa

abordagem teórica, falamos em heterogeneidade estruturada ou ordenada. Essa visão do

objeto linguístico, proposta por WLH, segundo Lucchesi, exigia que se integrasse

o conjunto da relações sociais, culturais e ideológicas nas quais a língua se atualiza. E, para dar conta da heterogeneidade e pluralidade dessa realidade sociocultural, a língua devia ser formalizada, não como um sistema homogêneo e unitário, mas como um sistema heterogêneo e plural (LUCCHESI, 2004, p. 171).

Um fenômeno empírico fundamental para sustentar essa concepção de língua é a

possibilidade de o falante ajustar sua competência linguística à heterogeneidade da

língua e atuar sobre o sistema heterogêneo, selecionando, entre variantes concorrentes,

de forma consciente ou não, uma forma linguística a depender da situação e de sua

intenção.

A linguagem sofre grande influência de aspectos sociais e culturais dos sujeitos,

bem como de suas crenças, que são, de certa forma, também direcionadas por questões

sociais. Os sujeitos falantes possuem também uma dimensão subjetiva que se reflete

diretamente na linguagem. Sob esse aspecto, nas últimas décadas os estudos voltados

para as avaliações linguísticas ganharam grande representatividade.

A contribuição dos estudos de WLH ([1968], 2006) no campo da

sociolinguística representou a possibilidade de analisar fatos linguísticos com base em

alguns postulados: (i) a língua funciona enquanto muda, ou seja, se mostra na sociedade

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de forma heterogênea sem que isso ofereça comprometimento a seu funcionamento em

si; (ii) o processo de variação é inerente ao sistema linguístico, que se apresenta

heterogêneo, formado por regras e sistematizado em unidades variáveis; (iii) a mudança

linguística representa um processo de atualização da língua que procede de variações no

decorrer da história. As mudanças decorrem de variações, no entanto as variações não

implicam necessariamente mudança; (iv) a variação não é um processo acidental. A

análise dos condicionamentos estruturais e sociais da variação permite compreender e

revelar os mecanismos que produziram as mudanças que afetam o sistema da língua.

Partindo do pressuposto de que toda norma tem uma organização e, portanto,

tem uma gramática, seria incoerente afirmar que analfabetos ou falantes de variedades

populares não sabem gramática. Estando os enunciados linguísticos inseridos em

determinada variedade, não podemos avaliá-los a partir das regras de outra variedade. O

que acontece é que há falantes que não dominam determinadas normas linguísticas, e

não falantes que não sabem a gramática de sua língua.

As discussões sobre preconceito e prestígio linguístico, além de outros temas

referentes à variação e mudança são embasados por meio dos cinco problemas

empíricos tratados por WLH ([1968], 2006): os condicionamentos ou restrições, a

transição, o encaixamento, a implementação e a avaliação linguística.

O problema das restrições ou dos condicionamentos diz respeito às condições

que favorecem ou restringem as mudanças em uma língua, e também ao conjunto de

suas mudanças possíveis. Esse problema pode conduzir a teoria à ideia de que as

mudanças seguem princípios gerais/universais, como acreditou Labov (LABOV, 1982,

p. 26-27 apud LUCCHESI, 2004, p. 173). Porém, posteriormente, o próprio Labov

observa que essa ideia pode nos conduzir a incompatibilidades com a visão histórica da

abordagem da mudança. Buscar restrições universais seria buscar por uma faculdade da

linguagem isolada, que não se sustenta através das pesquisas feitas até então, logo, a

questão dos princípios universais acabou sendo desconsiderada por Labov.

O problema da transição diz respeito ao percurso percorrido pela mudança,

esclarecendo o pesquisador quanto ao processo por meio do qual a mudança ocorre, se

esse processo ocorre em estágios discretos ou em um continuum. Partindo do

pressuposto de que a mudança se dá no decorrer de um continuum, seria possível

superar tanto a concepção estrutural da mudança linguística quanto a concepção

estruturalista da língua.

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O problema do encaixamento refere-se à inserção da mudança no sistema

linguístico ao qual ela afeta, à natureza e à extensão dessa inserção/encaixamento. Ou

seja, diz respeito à concepção da própria estrutura linguística e da mudança dentro dela;

e mais, a mudança deve ser concebida mediante relações internas ao sistema ou através

da interação entre esse sistema e a estrutura social da comunidade de fala? Nessa

perspectiva teórica, o problema do encaixamento se desmembra em dois: o

encaixamento na estrutura linguística e o encaixamento na estrutura social, sendo esse

último um grande avanço do modelo sociolinguístico.

O problema da implementação é apresentado por Lucchesi, retomado de Labov,

por meio da seguinte questão: “Por que uma dada mudança ocorreu em um momento e

em um lugar determinados, e não em outro momento e/ou lugar?” (LUCCHESI, 2004,

p. 179). Numa abordagem sociolinguística, a explicação da mudança está relacionada à

descrição dos seus mecanismos de implementação.

Finalmente, o problema da avaliação nos leva a observar o papel do falante em

relação à própria língua e às mudanças que nela ocorrem. As reações subjetivas dos

falantes tanto podem interferir no curso da realização de uma mudança, quanto podem

fazê-la retroagir. Isso porque, além dos elementos distintivos e funcionais, os elementos

variáveis da estrutura da língua também atingem o nível da consciência dos falantes. As

variantes de determinado fenômeno variável são avaliadas socialmente, adquirindo,

assim, sua significação social, seu valor social. A questão aqui levantada é a de

determinar o quanto essa avaliação subjetiva afeta a mudança linguística. Para que se

perceba, empiricamente, a avaliação dos falantes a determinados elementos linguísticos,

são aplicados testes específicos a esse fim. É interessante observar que, num estágio

final, há uma consciência grande da mudança e, na maioria das vezes, as reações diante

das formas inovadoras são negativas. Essas formas são comumente associadas a

atributos sociais negativos. Em relação ao nível de consciência do falante sobre a

mudança, as variantes podem se classificar em indicadores, marcadores ou estereótipos.

Os indicadores são as variantes “sobre as quais há pouca força de avaliação, podendo

haver diferenciação social de uso dessas formas correlacionada à idade, à região ou

grupo social, mas não quanto a motivações estilísticas.” (Coelho et. al., 2015, p.67) São

exemplos de indicadores a monotongação dos ditongos [ej] em peixe e [ow] em couve.

Os marcadores “exibem diferenças de classe e estratificação estilística. [...] Os falantes

são mais conscientes da variação na comunidade de fala.” (Tagliamonte, 2012, p.28).

Seu uso costuma não ser estigmatizado, “mas está correlacionado a variáveis estilísticas

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(grau de intimidade, por exemplo) e sociais (como a faixa etária dos falantes)” (Coelho

et. al., 2015, p.66). As variantes nós e a gente são exemplos de marcadores. Já os

estereótipos são “variáveis linguísticas que são amplamente reconhecidas. Elas se

tornam objeto de discussão na comunidade.” (Tagliamonte, 2012, p. 28) “São traços

marcados de forma consciente. Alguns deles podem ser estigmatizados socialmente, o

que pode conduzir à mudança linguística rápida e à extinção da forma estigmatizada.”

(Coelho et. al. p. 66) A monotongação do ditongo [ja] em análise é um exemplo de

estereótipo linguístico. Os testes de atitude podem ser melhor aplicados a marcadores e,

mais ainda, a estereótipos.

2.2 ATITUDES LINGUÍSTICAS – CONCEITOS

Sobre as avaliações que os falantes fazem em relação aos modos de falar do

outro, ouvimos, constantemente, que determinada pessoa fala mal, fala errado, fala bem,

fala melhor etc. Ainda escutamos que em um determinado lugar se fala melhor, em

outro se fala arrastado, em outro se fala cantado... Essas questões estão diretamente

interligadas às nossas atitudes linguísticas.

A Sociolinguística, enquanto ciência que busca, por meio de aspectos também

sociais, explicações para a variação e a mudança linguísticas, recorre a outras ciências

para o esclarecimento acerca de determinados usos linguísticos. No caso de pesquisas

sobre atitudes linguísticas, desde Weinreich, Labov e Herzog (1968) requisita-se à

Psicologia Social tanto para a explicação do tema quanto para propor metodologias de

observação e medição dessas atitudes. Segundo Rodrigues (2009, p.13) “Psicologia

Social é o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas (interação social) e

do processo cognitivo gerado por esta interação (pensamento social)”.

Muitos são os conceitos de atitude encontrados na literatura da Psicologia

Social. Lima ([1993] 2004, p. 188), exemplifica essa multiplicidade de definições sob

diferentes perspectivas teóricas:

Por atitudes entendemos um processo de consciência individual que determina actividades reais ou possíveis do indivíduo no mundo social. – Thomas e Znaniecki, 1915, p.22

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Atitude é um estado de preparação mental ou neural, organizado através da experiência e exercendo uma influência dinâmica sobre as respostas individuais a todos os objectos ou situações com que se relaciona. – G. W. Allport, 1935. Atitude face a um objecto consiste no conjunto de scripts relativos a esse objecto. Esta perspectiva combinada com uma teoria abrangente acerca da formação e da selecção dos scripts daria o significado funcional ao conceito de atitude que outras definições não possuem. – Abelson, 1976, p. 41. Atitudes são predisposições para responder a determinada classe de estímulos com determinada classe de respostas. – Rosenberg e Hovlend, 1960, p.3 A variável dependente nos estudos de dissonância cognitiva é, com muito poucas excepções, a afirmação de autodescrição de atitudes ou crenças. Mas como é que se adquirem estes comportamentos autodescritivos? A afirmação de determinada atitude pode ser vista como uma inferência a partir da observação do seu próprio comportamento a das variáveis situacionais em que ocorre. Desta forma, as afirmações de um indivíduo são funcionalmente equivalentes às que qualquer observador exterior poderia fazer sobre ele. Quando a resposta à pergunta “Gosta de pão de milho?” é Acho que sim, visto que estou sempre a comê-lo, parece desnecessário invocar uma fonte de conhecimento pessoal privilegiada para dar conta da resposta”. – Bem, 1967, PP. 75-78. As atitudes são vistas geralmente como predisposições comportamentais adquiridas introduzidas na análise do comportamento social para dar conta das variações de comportamento em situações aparentemente iguais. Como estados de preparação latente para agir de determinada forma, representam os resíduos de experiência passada que orientam, enviesam ou de qualquer outro modo influenciam o comportamento. Por definição, as atitudes não podem ser medidas directamente, mas têm de ser inferidas do comportamento. – Jos Jaspers, 1986, p.22. Atitude é uma predisposição para responder de forma favorável ou desfavorável a um objecto, pessoa, instituição ou acontecimento. – I. Ajzen, 1988, p.4. (Lima, [1993] 2004, p. 188).

Ainda segundo a autora, a literatura consagrou a definição que Eagly e Chaiken

(1993) propõem em “The Psychology of Attitudes” devido ao seu caráter sistemático e

analítico sobre o tema.

Eagly e Chaiken (1993, p.1) definem atitude como “tendência psicológica que se

expressa numa avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade específica”. Nessa

perspectiva, as atitudes não seriam diretamente observáveis, mas sim inferidas a partir

da observação dos comportamentos, sejam eles verbais ou outros.

Lima ([1993] 2004) destaca o julgamento avaliativo como expressão das atitudes

e ressalta que esse é um dos poucos pontos consensuais nas definições de atitude. Esse

julgamento avaliativo possui três características: direção, intensidade e acessibilidade.

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A direção se refere à possibilidade de sermos favoráveis ou desfavoráveis a

determinado assunto, objeto ou ser; a intensidade pode ser pensada, inclusive, dentro de

uma mesma direção, seriam as posições extremadas vs. posições fracas; e a

acessibilidade diz respeito, quando o sujeito se depara com o objeto da atitude, à

possibilidade de sua ativação na memória ser automática ou não.

Essas respostas avaliativas, além de possuírem as características citadas, podem

se expressar em três modalidades distintas: cognitiva, afetiva e comportamental. O

componente cognitivo da atitude diz respeito a crenças, ideias, opiniões, pensamentos

que expressam uma avaliação mais positiva ou menos do objeto da atitude. O

componente afetivo se refere a emoções e sentimentos suscitados pelo objeto da atitude.

O componente comportamental diz respeito tanto ao comportamento quanto às

intenções comportamentais manifestos.

Rodrigues (2009) afirma que a formação de atitudes é uma consequência do

processo de tomada de conhecimento do ambiente social que nos circunda. Sobre os

diversos conceitos registrados na literatura, o autor sintetiza como elementos

essencialmente característicos das atitudes os seguintes pontos: “(a) uma organização

duradoura de crenças e cognições em geral; (b) uma carga afetiva pró ou contra um

objeto social; (c) uma predisposição à ação” (RODRIGUES, 2009, p.81). Assim,

conceitua atitude como sendo “uma organização duradoura de crenças e cognições em

geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, que predispõe a

uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto” (RODRIGUES,

2009, p.81).

Tarallo (1997, p.14), refere-se às atitudes como “armas usadas pelos residentes

para demarcar seu espaço, sua identidade cultural, seu perfil de comunidade, de grupo

social separado.” Conforme Tarallo, a atitude linguística, favorável ou desfavorável, do

falante o remete a uma identidade que o diferencia dos demais grupos.

Lambert e Lambert (1975) definem de forma mais completa e clara o conceito

de atitude que embasa seus testes quando investigaram a avaliação de canadenses

falantes de francês e inglês, em relação à sua própria língua:

Uma atitude é uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir a pessoas, grupos, problemas sociais ou, de modo mais geral, a qualquer acontecimento no ambiente. Os componentes essenciais de atitudes são pensamentos e crenças, sentimentos e emoções, bem como tendências para reagir. Podemos dizer que uma atitude se forma quando tais componentes estão de tal modo inter-relacionados que as

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tendências de reação e os sentimentos específicos se tornam coerentemente associados ao objeto da atitude (p. 100).

Lambert e Lambert, no início da década de 1960, para a análise das atitudes,

gravavam dois textos de um mesmo falante bilíngue, cada um em uma língua (francês e

inglês) e os apresentava a um grupo de pessoas como textos produzidos por pessoas

diferentes. O grupo ouvia os textos e recebia a orientação de descrever os falantes,

através das vozes, em relação à altura, à beleza física, à aptidão para dirigir, ao senso de

humor, à inteligência, à religiosidade, à confiança em si, à confiabilidade, à jovialidade,

à bondade, à ambição, à sociabilidade, ao caráter e à simpatia. Os resultados mostraram

que, primeiramente, o grupo não percebeu que os textos eram de um mesmo falante;

depois, que o grupo não avaliava as vozes, e, sim, as línguas. Esse teste foi muito

interessante, pois nos confirmou que somos avaliados pela língua que utilizamos. A

partir disso, podemos inferir que também somos avaliados pela variedade linguística

utilizada.

A definição de atitude de Lambert e Lambert nos auxilia na compreensão do

termo, apresentando-nos a relação estrita entre atitude, crença e avaliação, pois esses

conceitos podem ser facilmente confundidos devido a essa relação existente entre eles,

assim como eventualmente podem ser utilizados como sinônimos. Tentaremos, então,

deixar claro o que entendemos por cada um deles e quais são suas relações.

Santos (1996) afirma que

Crença seria uma convicção íntima, uma opinião que se adota com fé e certeza. Para deixar bem claro que se trata de uma apropriação do objeto sem uma percepção clara, sem análise, sem validade científica ou filosófica; que se trata, enfim, de uma forma de assentimento objetivamente insuficiente, já foi usado na literatura linguística o nome superstição (p. 8).

Seria a partir de nossas crenças sobre os usos linguísticos, sobre que construções

seriam boas ou ruins que temos determinadas atitudes em relação e elas, pois, ainda

conforme Lambert e Lambert (1975), nossas crenças são componentes das nossas

atitudes. Lambert e Lambert também apontam os sentimentos como componentes

afetivos das atitudes, ou seja, a avaliação – que pode ser positiva ou negativa. Santos

(1996) diz que o termo atitude, num sentido amplo, teria três componentes: o afetivo, o

cognitivo e o conativo, sendo que o componente afetivo responderia pela avaliação. A

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avaliação seria o componente alvo do interesse de pesquisas sobre atitude; por isso,

algumas vezes, temos esses dois termos como sinônimos nesta pesquisa.

Para Cyranka (2007, p. 20), pesquisadora de atitudes linguísticas de alunos de

escolas públicas,

o estudo das atitudes linguísticas está relacionado ao da avaliação linguística, isto é, ao exame dos julgamentos dos falantes em relação à língua ou ao dialeto utilizado por seu interlocutor, estando subentendidas aí as mudanças implementadas, ou em implementação na língua, em relação à variedade considerada padrão. Os componentes dessas atitudes são o que pensam, sentem e como reagem os falantes expostos aos estímulos linguísticos que lhe são apresentados.

A autora considera que as atitudes são determinadas pelas crenças linguísticas

socialmente construídas.

Hora (2012), em uma de suas pesquisas sobre o tema, define atitude como sendo

uma

orientação avaliativa para um objeto social de algum tipo, quer seja um língua, ou uma nova política governamental etc. E assim, como uma ‘disposição’, uma atitude pode ser vista como tendo um grau de estabilidade que permite-lhe ser identificada (HORA, 2012, p.3).

Segundo o autor, o modo como pensamos sobre as línguas é influenciado pela

ideia da existência de uma língua padrão. Ele afirma que línguas muito conhecidas

como o Inglês, o Francês, o Espanhol e o Português são línguas de cultura da língua

padrão. Nesse tipo de cultura, posições ideológicas de poder dominariam as atitudes

linguísticas do falante sem que este tivesse consciência dessas posições ideológicas.

Quando pensamos em uma língua padrão, referimo-nos a uma variedade uniforme,

homogênea, desde aspectos fonético-fonológicos a aspectos sintáticos ou semânticos.

Uma língua, portanto, invariável, imutável. A ideologia do padrão seria, então,

constituída por fatores externos ao próprio processo de padronização. Logicamente, essa

uniformidade só pode ser concebida num nível de abstração da língua, pois, na prática,

esse ideal não se concretiza.

Nas línguas da cultura do padrão, acredita-se que há formas variantes mais certas

que outras, ou seja, em fenômenos variáveis, uma variante é aceita como legítima

enquanto outras são consideradas erradas, sendo, assim, rejeitadas. Grupos sociais

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menos favorecidos acabam sendo discriminados por utilizarem as variantes “erradas” ou

não-padrão.

No processo de seleção do que faz parte ou não da língua-padrão, a noção de

prestígio é muito importante. O prestígio tem relação direta com o status social do

falante. Comumente, se confere prestígio às variantes presentes nas falas da população

de classe alta, deixando clara a influência de fatores socioeconômicos na seleção de uma

ou outra variante. Contrariamente a essas formas linguísticas prestigiadas, há as formas

estigmatizadas, normalmente formas linguísticas rejeitadas no processo de escolarização

e de uso das camadas mais pobres da sociedade.

Concordando com Hora (2012), percebemos que a padronização linguística é

umas das grandes responsáveis, se não a maior, pelas reações dos falantes em relação a

uma língua, consequentemente, grande responsável pelo preconceito linguístico (cf.

Bagno, 2002).

2.3 A INTERPRETÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS DITONGOS, HIATOS E

MONOTONGOS

Esta seção tem como objetivo apresentar os ditongos crescentes que

possibilitam, nesta pesquisa, a monotongação alvo das atitudes linguísticas focalizadas.

Ao tratar sobre ditongos, abordamos também a sílaba, seus tipos, e o reconhecimento

dos segmentos passíveis de preencher essas posições. Ainda engloba essa discussão o

entendimento sobre verdadeiros ditongos e sobre a variação entre ditongos crescentes e

hiatos, com base em gramáticos tradicionais e em linguistas. Também apresentamos

alguns resultados de pesquisas que apresentam o uso da variante monotongada de

ditongos crescentes.

Inicialmente, destacamos as perspectivas de quatro gramáticos: Luft (2002),

Rocha Lima (2010), Cunha e Cintra (2008) e Bechara (2003) sobre a conceituação de

sílaba e de ditongo, e sobre o status do ditongo crescente.

Luft (2002) inicia sua apresentação dos ditongos com a definição de Câmara

Júnior (1964 apud Luft, 2002, p. 221) "Grupo vocálico pronunciado na mesma sílaba e

constituído de vogal silábica ou base, e de uma vogal auxiliar assilábica, que em

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português é uma das semivogais [y] ou [w]”. O gramático afirma que a estrutura de um

ditongo apresenta uma vogal e uma semivogal. A semivogal pode vir antes ou depois

da vogal formando, respectivamente, um ditongo crescente e um ditongo decrescente.

Subdivide os ditongos em estáveis, os verdadeiros ditongos (decrescentes) e os

variáveis (crescentes), realizados tanto como ditongos quanto como hiatos, exceto os

casos em que estão envolvidos, além da vogal núcleo da sílaba, os dígrafos ‘qu’ e ‘gu’,

que geram a produção fonética de uma consoante oclusiva seguida pela semivogal

bilabial [w], a exemplo da formação da primeira sílaba da palavra [‘kwazi]. A

ditongação, seja ela qual for, é considerada um fenômeno fonético, não fonológico,

dependente de contexto. Finaliza a seção dos ditongos com uma lista de ditongos

decrescentes e crescentes, tanto orais quanto nasais. Na seção dos hiatos, ele chama a

atenção para os encontros –ia, -ie, -io, -ua, etc. Declara que os encontros vocálicos

átonos finais de palavra iniciados por /i, e, o, u/ são, na fala espontânea, realizados como

ditongos de uma forma geral, mas que é possível a realização como hiatos. Quanto ao

acento tônico, prefere considerar as palavras em que se encontram os ditongos

paroxítonas e sugere que assim o façam também. Após essa e outras discussões, apenas

no final do capítulo de classificação dos fonemas, conceitua sílaba como “unidade

fônica emitida num só impulso expiratório, e caracterizada pela presença de um centro

de sílaba ou fonema silábico” (Luft, 2002, p. 228). Apresenta as possibilidades

estruturais da sílaba e afirma serem possíveis combinações com mais de duas

consoantes abrindo ou fechando a sílaba em realizações fonéticas. Ilustra a afirmação

com um ditongo crescente: “preá /pre’a/ > [pri’a] ou [‘prja]” (Luft, 2002, p. 229). Nesse

caso, a semivogal é interpretada como consoante.

Rocha Lima (2010), conceitua sílaba como unidade de som proferida de uma vez

e exemplifica os tipos silábicos. Inicia a apresentação dos encontros vocálicos pelos

hiatos, que são conceituados como um encontro de vogal-base mais vogal-base. Sendo

assim, em palavras como “goi-a-ba” não há hiato entre a vogal ‘i’ e a vogal ‘a’. Os

ditongos são considerados um encontro de vogal + ‘i’ (ou ‘u’) em função consonantal.

Podem ser orais ou nasais, crescentes ou decrescentes. O autor segue a perspectiva que

considera apenas os ditongos decrescentes como verdadeiros ditongos, à exceção dos

crescentes constituídos pela sequência dos dígrafos como anteriormente descrita. Para

encerrar a discussão sobre os encontros vocálicos, ele abre um item intitulado

“encontros instáveis”, que são encontros vocálicos variáveis na pronúncia. O autor

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condiciona tal variação à influência de fatores de ordem regional, grupal ou ainda ao

grau de tensão psíquica do falante. Estão incluídos nesses encontros instáveis os

encontros ‘ia’, ‘ie’, ‘io’, ‘ua’, ‘ue’, ‘uo’ átonos finais de vocábulo, a exemplo de

“ausência” e “vácuo”, e os encontros formados por “i” ou “u” (átonos) + vogal seguinte

(átona ou tônica), a exemplo de “fiel” e “crueldade”.

Cunha e Cintra definem sílaba como “vogal ou grupo de sons pronunciados

numa só expiração” (2008, p.66). Sobre a estrutura da sílaba, alegam que é formada por

uma vogal, ditongo ou tritongo, acompanhados ou não por consoante. Reconhecem os

ditongos como decrescentes e crescentes, orais e nasais. Afirmam que apenas os

decrescentes são estáveis. Os crescentes só têm estabilidade quando formados por [w],

diante de [k] ou [g], seguidos da vogal núcleo da sílaba. Em uma observação final, os

gramáticos chamam a atenção para os encontros vocálicos átonos finais de sílaba,

afirmando que são, em geral, ditongos crescentes, mas que podem ser pronunciados

como hiatos. Na escrita, não admitem a separação desses encontros variáveis.

Bechara descreve a sílaba como “um fonema ou grupo de fonemas emitido num

só impulso expiratório” (2003, p. 84). Em relação a sua constituição, afirma que podem

ser simples ou compostas, e que estas podem ser abertas ou fechadas. Considera que os

encontros vocálicos originam os ditongos, tritongos e hiatos. Os ditongos são formados

pelo encontro de uma vogal e de uma semivogal, ou vice-versa, em uma mesma sílaba.

Assim como os outros gramáticos, classifica os ditongos em crescentes, decrescentes,

orais e nasais. Apresenta os principais ditongos crescentes e observa que sua existência

pode ser discutível. Aponta também o descompasso entre a variabilidade da pronúncia

desses ditongos e a invariabilidade da escrita deles, que sempre são grafados como

ditongos e nunca como hiatos na separação silábica, demonstrando, assim, sua

preferência pela forma ditongada.

Diante da exposição da perspectiva dos gramáticos, primeiramente, percebe-se

que não há consenso sobre a análise da semivogal na formação de um ditongo,

classificada algumas vezes como consoante. A instabilidade do ditongo crescente é

apontada por todos os gramáticos, porém nenhum deles menciona, também, como

possibilidade a variação fonética entre o ditongo decrescente e o hiato. Sobre a

preferência de pronúncia, apenas Luft (2002) se pronuncia preferencialmente pela

pronúncia do ditongo, embora Cunha e Cintra (2008) e Bechara (2003) só permitam

como possibilidade escrita a forma ditongada, sugerindo, assim, a mesma preferência.

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Apresentamos, em seguida, a perspectiva linguística sobre o ditongo crescente.

Para isso, assinalamos brevemente a representação silábica de duas teorias basilares

para a discussão em questão: a teoria autossegmental, representando as perspectivas

teóricas que analisam os constituintes silábicos sem hierarquia entre eles, e a teoria

métrica, que considera tal hierarquia. Trazemos também resultados de pesquisas

variacionistas que relatam o uso da monotongação de ditongos crescentes e seus

possíveis fatores condicionantes internos e externos.

A teoria autossegmental, formulada em Kahn (1976 apud COLLISCHONN,

1999), representa a sílaba em uma camada independente à qual os segmentos estão

diretamente ligados, conforme ilustra a figura 1:

Figura 1: Estrutura da sílaba segundo a teoria autossegmental.

Já a teoria métrica, apresentada em Selkirk (1982 apud COLLISCHONN, 1999),

propõe que as sílabas (σ) são estruturadas com base em um ataque (A) e em uma rima

(R). A rima, por sua vez, é formada por um núcleo (Nu) e uma coda (Co). Veja:

Figura 2: Estrutura da sílaba segundo a teoria métrica.

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Harris (1983 apud SIMIONI, 2007) afirma que os constituintes silábicos são

sempre binários. Sendo assim, uma rima com mais de dois segmentos cria uma estrutura

recursiva. Um exemplo disso é a primeira sílaba da palavra “perspectiva”, representada

abaixo.

Figura 3: Representação da primeira sílaba da palavra perspectiva.

Extraído de Simioni, 2007, p.3.

A teoria autossegmental afirma que os três segmentos apresentados na figura 1

relacionam-se igualmente, já a teoria métrica

prevê um relacionamento muito mais estreito entre a vogal do núcleo

e a consoante da coda do que entre esta vogal e a consoante do ataque.

Além disso, a primeira teoria prevê que somente a sílaba como um

todo pode ser referida pelas regras fonológicas. (COLLISCHONN,

1999, p. 100)

Na teoria métrica, as sílabas podem ser classificadas como pesadas ou leves, a

depender de sua constituição. As sílabas pesadas constituem-se de mais de um

elemento, porém nem todas as sílabas de mais de um elemento são pesadas. Isso

depende da estrutura interna da sílaba: para que uma sílaba seja considerada pesada, é

necessário que haja uma rima complexa, ou seja, rima constituída por vogal e consoante

ou por duas vogais (ditongo ou vogal longa). Observe a diferença nas sílabas abaixo.

Figura 4: Representação de uma sílaba pesada e de uma leve, respectivamente.

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Na primeira sílaba (car) há uma rima complexa, uma rima ramificada. Na

segunda (cra), o ataque é que se ramifica. Observa-se que a constituição do ataque,

mesmo ramificado, não é relevante para a interpretação da sílaba pesada. Ou seja, a

distinção entre sílabas leves ou pesadas focaliza a rima. Sílabas com rima ramificada

são consideradas pesadas e sílabas com rima não ramificadas são consideradas leves.

Collischonn (1999) considera que apenas os ditongos leves podem sofrer

monotongação.

Bisol (2013) apresenta como molde silábico do português a seguinte

representação.

Figura 5: Molde silábico do português.

Extraído de Bisol, 2013, p.23.

Essa representação arquiteta a estrutura binária silábica, apresentando seus

constituintes – ataque e rima – dos quais a rima é obrigatória. A rima, também binária,

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constitui-se de núcleo e coda, sendo o núcleo sempre preenchido por uma vogal, e a

coda por uma soante ou por uma produção fonética do arquifonema /S/. O ataque pode

ter até dois segmentos, restringindo-se o segundo a uma soante não nasal.

Há ainda as sílabas de estrutura CCVCC, representadas abaixo, que a autora

explica por meio da regra de adjunção de /S/ à rima bem formada (HARRIS, 1983 apud

BISOL, 2013).

Figura 6: Sílabas de estrutura CCVCC.

Extraído de Bisol, 2013, p.24.

Câmara Júnior (1988) afirma que a sílaba, quando completa, é composta de um

aclive, um ápice e um declive. O ápice corresponde à vogal (fonema silábico) e não

pode faltar na sílaba. Os outros fonemas (assilábicos) compõem o aclive e o declive e

podem não ser preenchidos em alguns tipos silábicos. Segundo o autor a sílaba tem as

seguintes estruturas fundamentais:

V (sílaba simples), CV (sílaba complexa, mas aberta ou livre porque

termina no silábico), e, como sílabas fechadas ou travadas, VC (em

que falta o aclive) e CVC (sílaba completa com aclive e declive). A

exemplificação em português pode ser: há (V), pá (CV), às (VC), par

(CVC). (CÂMARA JR., 1988, p. 26)

O autor reconhece como verdadeiros ditongos os ditongos decrescentes. Os

ditongos crescentes são reconhecidos apenas depois das consoantes /k/ ou /g/, quando

integram ao que a modalidade escrita considera dígrafos ‘qu’ e ‘gu’, como em “quadro”

e “guarda”. Ele afirma que, embora a delimitação da fronteira silábica seja muito nítida

de maneira geral, é flutuante em alguns contextos:

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1) /i/ ou /u/ precedido ou seguido de outra vogal átona (ex.: vaidade,

ansiedade); 2) /i/ ou /u/ seguido de outra vogal mas tônica ( ex.:

suar, fiel, miolo); 3) /i/ ou /u/ seguido de outra vogal átona em

posição final (ex.: Glória, óleo /óliu/, fátuo). (CÂMARA JR.,

1988, p 33)

O último agrupamento de exemplos apresentados seria de variação livre entre

um ditongo crescente e um hiato, sem que haja oposição distintiva, ou seja, essa

variação não possibilita a formação de uma palavra diferente.

Lopez (1979) também reconhece a variação livre entre o ditongo crescente e

uma sequência de duas vogais. Atenta para o fato de que, quando sucedidas por outra

vogal, as vogais altas sempre podem tornar-se glides independentemente da tonicidade

da sílaba em que se encontram. A autora ainda esclarece que os glides se alternam tanto

como vogais altas como vogais médias, já que vogais médias não acentuadas podem

elevar-se diante de outra vogal, a exemplo de [vo‘ah] ~ [vu‘ah] ~ [vw‘ah].

Sobre os ditongos (decrescentes), Bisol (2013) afirma que é a regra de formação

da coda que os explica. A posição da vogal alta produzida como semivogal

(constituindo com outra vogal um ditongo) é a mesma das soantes /n, l, r/. Os únicos

ditongos crescentes invariáveis seriam aqueles formados pelas sequências /kw, gw/

diante de /a/ e /o/.

Couto (1994) segue uma perspectiva teórica diferente da dos outros

pesquisadores. O autor reconhece os casos de variação livre entre alguns ditongos

crescentes e hiatos, porém indica a existência de ditongos crescentes, além dos já

reconhecidos, formados por [w], diante de [k] ou [g], seguidos da vogal núcleo da

sílaba, que não estão em variação livre com hiato. Cita como exemplo palavras como

‘ideia’, ‘assembleia’, ‘ceia’, ‘meia’, ‘veia’, dentre outras. Em defesa disso, afirma que a

semivogal do ditongo é ambissilábica. Segundo o autor, nesses casos, a semivogal está

associada a duas sílabas: primeiramente formando um ditongo decrescente e, em

seguida, o crescente.

Sobre os ditongos crescentes pós-tônicos (os focalizados em nossa pesquisa)

Simioni (2008) afirma que sua realização é quase categórica como ditongos e não como

hiatos, ao contrário daqueles em posição pretônica ou tônica. A realização de um hiato,

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nesses casos, forma uma palavra proparoxítona, que possui um padrão marcado em

português, o que explica a preferência pelo ditongo.

Hora (2012) pesquisa a variação de ditongos crescentes em palavras paroxítonas

do corpus do Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba – VALPB, com

informantes nascidos em João Pessoa e dados estratificados de acordo com o sexo, a

faixa etária, e os anos de escolarização dos informantes. Afirma que o fenômeno já se

apresentava em pesquisas diacrônicas.

Seus dados mostram que falantes mais escolarizados têm a maior probabilidade

de aplicar a regra de monotongação em ditongos cujas vogais têm saliência fônica

(diferença material fônica) menos perceptível, como em “espécie” e “árduo”. Os

falantes com menos anos de escolarização podem aplicar essa regra independentemente

do grau de saliência entre as vogais, a exemplo de "paciença" e “edifiço”. Já que nos

dois primeiros exemplos a saliência entre as vogais é menor e a elevação de [e] para [i]

e de [o] para [u] é um processo natural no português brasileiro, a aceitação dessas

formas é bem maior do que a aceitação das últimas ocorrências exemplificadas.

Observando-se a variável sexo, os dados mostram que as mulheres preferem a forma

ditongada, enquanto os homens preferem as formas monotongadas. Os resultados

relativos à variável faixa etária mostraram que o uso ditongado é preferencial dos jovens

(15 a 25 anos) e dos idosos (acima de 49 anos). O contexto fonológico precedente foi a

variável estrutural mais significativa do estudo. Quando o contexto fonológico

precedente é preenchido pelas coronais /s/, /r/, /l/, /n/ e a labial /p/, o processo de

monotongação é favorecido, como em “princípio”, “armário” e “ciência”.

Elias (2008) verifica uma grande incidência da monotongação de ditongos

crescentes orais em final de palavras na escrita de alunos da primeira série do Ensino

Fundamental. Observa que a partir da segunda série essa frequência diminui, chegando

a uma frequência nula na terceira e na quarta série, confirmando assim a influência da

variável escolaridade na monotongação. Em relação ao contexto, a autora atesta a

influência de /s/, /r/ e /ʒ/, precedentes aos ditongos (mesma sílaba), na supressão do

glide.

Hamdan (2013) também apontou em sua pesquisa forte variação entre o ditongo

crescente em final de sílaba e sua redução na fala de uberlandenses. Sua pesquisa está

em fase de conclusão e, posteriormente, dar-nos-á mais subsídios para reflexões sobre o

tema.

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Alguns estudos como Haupt (2011) apontam a quase categoricidade da

monotongação de alguns ditongos decrescentes, a exemplo de peixe > pexe. Esse tipo

de monotongação não é estigmatizado. Já os monotongos derivados de ditongos

crescentes como em paciência > paciença, polícia > poliça, são variantes marcadas,

estigmatizadas, geralmente relacionadas ao nível de escolaridade do falante.

Os apontamentos teóricos sobre a instabilidade dos ditongos crescentes são

quase um consenso, porém há outras possibilidades de observar o fenômeno, como no

caso da ambissilabicidade da semivogal em alguns casos. É necessário observar que os

ditongos decrescentes verdadeiros também são passíveis de variação com hiato. O que

os diferencia dos outros ditongos é a menor probabilidade dessa variação. A estrutura

silábica também merece estudos mais aprofundados, já que, além da constatação de que

o ataque da sílaba seguinte se mostra influente para a monotongação dos ditongos

decrescentes variáveis, observou-se que o ataque da mesma sílaba influencia a

monotongação dos ditongos crescentes. A saliência fônica também se mostrou

relevante, tanto para a monotongação (ou não) dos ditongos crescentes, quanto para a

atitude linguística dos falantes.

Os aspectos linguísticos estruturais também justificam uma frequência menor da

variante monotongada e sua falta de aceitação por grande parte dos falantes. Essa

questão corrobora o fato de que ainda há muito que se discutir sobre os encontros

vocálicos em português.

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3 INTERFACE ENTRE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLOGIA SOCIAL – POR

UMA QUESTÃO METODOLÓGICA

Este capítulo apresenta as escolhas metodológicas da pesquisa. Inicialmente

apresentamos os principais testes utilizados para o que nos propomos a fazer, em

seguida, os testes aplicados por nós, bem como o tratamento estatístico dado ao corpus.

3.1 MEDIÇÃO DE ATITUDES

Se pretendermos medir atitudes, é necessário que tenhamos formas

eficientemente estruturadas para a realização de tal fim. Exporemos, aqui, alguns testes

apontados pela literatura para a medição dos três componentes das atitudes – cognitivo,

comportamental e afetivo.

Escalas de atitude são as formas mais comumente usadas para medir atitudes.

Como já foi dito, não sendo as atitudes diretamente observáveis, pressupomos medi-las

através de crenças, opiniões e avaliações auto-descritivas dos sujeitos à determinada

entidade concreta ou abstrata.

Segundo Lima ([1993] 2004), Thurstone (1928) propôs uma escala que

caracteriza a atitude do sujeito por meio do seu posicionamento diante de proposições

elaboradas previamente. É necessário selecionar frases objetivas para que os sujeitos

assinalem as com que concordam. Os passos seguidos na construção dessa escala estão

sintetizados no quadro 1.

Quadro 1: Passos na construção de uma escala de Thurstone.

1. Obter (através dos meios de comunicação social, da literatura, etc.) um conjunto de cerca de 100 frases que manifestem opiniões acerca do objecto de atitude e que tenham as seguintes características: sejam curtas e claras e que, no seu conjunto, manifestem todos os posicionamentos possíveis face ao objecto de atitude, desde o muito favorável até ao muito desfavorável. 2. Proceder à avaliação de cada uma destas frases por um conjunto de sujeitos (100 ou uma amostra representativa da população à qual vai ser aplicada a escala), numa escala de 11 pontos. Os sujeitos, designados por juízes, deverão esquecer a sua posição pessoal e indicar, para cada frase, se ela representa uma atitude favorável ou desfavorável face ao objecto de atitude, lembrando-se sempre que a distância entre cada ponto da escala é igual (1 = posição completamente desfavorável; 11 = posição completamente favorável). 3. Calcular o valor de escala de cada item através do cálculo de uma medida de tendência central (média ou mediana) a partir das pontuações dadas pelos juízes. 4. Seleccionar as frases que constituirão a futura escala de atitudes (normalmente entre 20 e 30 frases) de acordo com os seguintes critérios:

critério de ambiguidade: devem ser excluídos os itens com maior variância, isto é,

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aqueles em que há menor consenso entre os juízes quanto á sua classificação;

critério de irrelevância: devem ser excluídos os itens que não apresentem variação entre sujeitos com atitudes diferenciadas, o que quererá dizer que não é um item opinativo ou que é um item irrelevante para o objecto de atitude que estamos a medir;

critério de sensibilidade: os itens finais da escala deverão situar-se entre o 1 e o 11, cobrindo igualmente toda a gama de atitudes possíveis face ao objecto.

5. Apresentar aos sujeitos as frases constantes da versão final da escala, pedindo que assinalem aquelas com que estão completamente de acordo. 6. Calcular o valor individual da atitude através da média dos valores de escala dos itens assinalados pelo sujeito.

Extraído de Lima ([1993] 2004, p. 191).

Esse tipo de escala, porém, está sendo pouco usada atualmente, devido a certas

dificuldades, como a morosidade na sua construção e a subjetividade na organização

dos valores dos itens.

Pouco depois da escala de Thurstone ser apresentada, Likert propõe, em 1932,

outra escala. Nesta, são elaboradas frases que manifestem apenas dois tipos de atitude:

um favorável e um desfavorável em relação a uma entidade. A partir das frases dadas, o

próprio sujeito aponta seu posicionamento. Suas etapas da construção são expressas no

quadro 2.

Quadro 2: Passos na construção de uma escala de Likert.

1. Obter (através dos meios de comunicação social, da literatura, etc.) um conjunto de frases que manifestem opiniões acerca do objeto da atitude, e seleccionar aquelas que manifestem claramente uma posição favorável ou desfavorável face ao objecto de atitude. 2. 2. Pedir a uma amostra representativa da população à qual vai ser aplicada a escala para se posicionar face a cada uma das frases escolhidas, numa escala com cinco posições: «Concordo em absoluto» «Concordo parcialmente» «Não concordo nem discordo» «Discordo em parte» «Discordo em absoluto». 3. Eliminar as frases sem variação, ou em que o posicionamento da amostra não se assemelhe a uma distribuição normal. 4. Cotar as respostas às frases favoráveis atribuindo o valor 5 à resposta «concordo em absoluto» e o valor 1 à resposta «discordo em absoluto». Cotar as frases desfavoráveis relativamente ao objecto de atitude da forma invertida: atribuir o valor 1 à resposta «concordo em absoluto» e o valor 5 à resposta «discordo em absoluto». A cotação final é encontrada através da soma dos valores atribuídos às respostas a todos as frases seleccionadas. 5. Proceder a uma análise de consistência interna da escala através da correlação entre cada item e o score final. Eliminar os itens que apresentem fracas correlações, uma vez que mediriam aspectos marginais da atitude que procuramos avaliar. Sujeitar a versão final da escala a um teste de fiabilidade psicométrico. O mais comum é o coeficiente Alfa de Cronbach (Nunnally, 1978) que, variando entre 0 e +1, procura avaliar a correlação entre a presente escala e uma escala hipotética com o mesmo número de itens: kr = ____________

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1 + (k – 1) r em que k é o número de itens da escala, r é a correlação média entre os itens. 6. Calcular o valor individual da atitude através da soma dos valores dos itens que a constituem.

Extraído de Lima ([1993] 2004, p. 194).

Essa escala é mais rápida de produzir e aplicar, tornando-se, assim, mais popular

na medição de atitudes.

Há, também, para esse fim, as escalas de diferenciadores semânticos, surgidos

nos fins dos anos 50 na Universidade de Illinois segundo Lima ([1993] 2004). Essas

escalas possuem dimensões bipolares representadas por adjetivos antagônicos e é

formada de 7 pontos, que variam de -3 a + 3. Essa técnica acabou por privilegiar o

caráter avaliativo da atitude, podendo inclusive ser usada para avaliar qualquer objeto

de atitude com uma mesma escala; porém, não permite, por exemplo, o esclarecimento

das crenças que sustentam a atitude. Um exemplo dessa escala se encontra no quadro

03.

Quadro 3: Exemplo de escala tipo diferenciador semântico.

Pretendemos saber sobre a polícia. Encontra a seguir uma série de adjectivos opostos, e pedimos-lhe para assinalar a sua posição nos espaços que estão entre os dois. Use a casa do meio quando achar que nenhum dos adjectivos se aplica, ou se a sua posição for média: POLÍCIA Boa ___:___:___:___:___:___:___ Má Simpática ___:___:___:___:___:___:___ Antipática Honesta ___:___:___:___:___:___:___ Desonesta Justa ___:___:___:___:___:___:___ Injusta Agradável ___:___:___:___:___:___:___ Desagradável Prestável ___:___:___:___:___:___:___ Cruel +3 : +2 : +1 : 0 : -1 : -2 : -3 Nota: A cotação da escala é pela soma das respostas dadas, de acordo com a pontuação indicada na linha de baixo. Valores positivos indicam atitudes favoráveis face à polícia, enquanto que valores negativos indicam o contrário.

Extraído de Lima ([1993] 2004, p. 197).

Guttman (1994 apud Lima [1993] 2004), partindo do princípio de que as atitudes

podem se situar num continuum, elaborou uma escala que permite testar esse

pressuposto. As escalas de Guttman ou Escalas Cumulativas são construídas como as

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bonecas russas1, de tal modo que seus itens se encaixam uns dentro dos outros. Isso

implica que, ao aceitar um item, o sujeito aceitará também os de nível inferior. Um

exemplo dessa técnica é a escala de distancia social de Bogardus (1993, apud Lima

[1993] 2004), exemplificada no quadro 04.

Quadro 4: Exemplo de escala tipo Guttman.

Extraído de: Lima ([1993] 2004, p. 198).

Outra técnica utilizada para medir atitudes utiliza apenas uma pergunta em vez

de uma escala. Essa técnica foi usada por Lima, Vala e Monteiro (1989) na busca por

avaliar atitudes de uma empresa em relação a seu próprio trabalho. Para isso, utilizaram

uma única pergunta cuja resposta seria analisada por meio de uma medida resumo (1=

extremamente insatisfeito a 7= extremamente satisfeito).

Os testes de atitude linguística são fundamentais para que possamos

compreender melhor as influências do falante à própria língua e às mudanças nela

1 Boneca russa ou matrioska é um brinquedo artesanal, tradicional da Rússia, que reúne uma série de

bonecas de tamanhos variados , umas menores que as outras, de tal forma que uma encaixe dentro da

outra.

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ocorridas. Essas influências podem se dar tanto no curso da realização de uma mudança,

quanto na retroação da mesma. Além disso, como os estudantes de Letras são

professores em formação, suas atitudes podem influenciar no comportamento

linguístico e social de seus alunos.

Diante das possibilidades de testes apresentadas acima, elaboramos o nosso.

Segue abaixo. Ressaltamos que, nesta pesquisa, não analisamos as questões discursivas

apresentadas no questionário por limitações de tempo, o que pode ser feito em pesquisa

posterior.

Questionário de pesquisa2

Ressaltamos que não buscamos respostas certas ou erradas, mas, sim, as suas

impressões, opiniões e/ou sentimentos em relação às questões abordadas; sendo assim,

pedimos que seja o mais sincero e que não troque opiniões com outros participantes da

pesquisa.

1. Tendo em vista a pronúncia das palavras paciência e polícia como “paciença” e

“poliça”, aponte suas impressões sobre quem fala dessa forma por meio de uma escala

numérica de 1 a 6 referente aos seis pares de características apontadas abaixo. Marque

apenas uma opção em cada par de adjetivos . As impressões mais negativas devem

apontar para os números 1, 2 e 3; e as impressões positivas são expressas por meio dos

números 4, 5 e 6. O número 1 significa que você concorda totalmente com o julgamento

negativo e o número 6, que concorda totalmente com o julgamento positivo. Não há

posição para julgamentos neutros.

Não Escolarizada (1) (2) (3) (4) (5) (6) Escolarizada

Não instruída (1) (2) (3) (4) (5) (6) Instruída

Não inteligente (1) (2) (3) (4) (5) (6) Inteligente

Desatenta (1) (2) (3) (4) (5) (6) Atenta

Incompetente (1) (2) (3) (4) (5) (6) Competente

Não esforçada (1) (2) (3) (4) (5) (6) Esforçada

2 Questionário elaborado por Elisabeth Silva de Vieira Moura sob a orientação da Profª Drª Maria

Hozanete Alves de Lima e a colaboração da Profª Drª Carla Maria Cunha.

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2. Marque a(s) afirmativa(s) que indica(m) como você se relacionaria com pessoas que

falam “paciença/poliça”?

( ) Se quisesse me casar, não veria inconveniente em fazê-lo com uma pessoa que fala

desse jeito.

( ) Não veria nenhum inconveniente em convidar uma pessoa que fala dessa forma

para almoçar comigo.

( ) Preferiria considerá-las como pessoas conhecidas de vista e com as quais se

trocariam algumas palavras ocasionais.

( ) Não me agradariam encontros com essas pessoas.

( ) Preferiria que essas pessoas fossem eliminadas.

Justifique sua posição.

3. Que opiniões, impressões e/ou sentimentos você tem sobre pessoas que pronunciam

as palavras paciência e polícia da seguinte forma: “paciença” e “poliça”? O que as leva

a falarem assim?

4. Aponte suas impressões sobre a pronúncia das palavras paciência e polícia como

“paciença” e “poliça” por meio de uma escala numérica de 1 a 6 referente aos seis pares

de características apontadas abaixo. Marque apenas uma opção em cada par de

adjetivos. As impressões mais negativas devem apontar para os números 1, 2 e 3; e as

impressões positivas são expressas por meio dos números 4, 5 e 6. O número 1 significa

que você concorda totalmente com o julgamento negativo e o número 6, que concorda

totalmente com o julgamento positivo. Não há posição para julgamentos neutros.

Feia (1) (2) (3) (4) (5) (6) Bonita

Errada (1) (2) (3) (4) (5) (6) Certa

Inadequada (1) (2) (3) (4) (5) (6) Adequada

Desagradável (1) (2) (3) (4) (5) (6) Agradável

Descuidada (1) (2) (3) (4) (5) (6) Cuidada

Não engraçada (1) (2) (3) (4) (5) (6) Engraçada

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5. Marque a(s) afirmativa(s) que indica(m) quando você falaria/escreveria as palavras

“paciença/poliça”.

( ) em qualquer situação comunicativa, oral ou escrita.

( ) em situações formais de escrita.

( ) em situações formais de oralidade.

( ) em situações informais de escrita.

( ) em situações informais de oralidade.

( ) excepcionalmente.

( ) nunca.

Justifique sua posição.

6. Julgue as pronúncias “paciença/poliça”. Explique sua resposta.

7. Você já leu/ouviu comentários sobre a possibilidade ou não possibilidade de

pronunciar uma palavra de maneiras diferentes? Cite.

8. Considerando os pontos de vista abaixo, selecione, dentre os posicionamentos feitos,

um que reflita o seu posicionamento sobre as pessoas que falam “paciença/poliça”.

Marque apenas uma opção para cada ponto de vista (proposição).

Concordo

totalmente

Concordo

em grande

parte

Discordo

em grande

parte

Discordo

totalmente

1. Pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não

ver erros onde há.

2. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não discernem o certo do errado.

3. Pessoas que pronunciam paciença/poliça desconhecem o próprio idioma.

4. Só as pessoas que não tiveram

convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça.

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5. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma

como pronunciam as palavras.

6. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não gostam de

estudar.

7. A maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste.

9. Considerando os pontos de vista abaixo, selecione, dentre os posicionamentos feitos,

um que reflita o seu posicionamento sobre a pronúncia “paciença/poliça”. Marque

apenas uma opção para cada ponto de vista (proposição).

Concordo

totalmente

Concordo

em grande

parte

Discordo

em grande

parte

Discordo

totalmente

1. Pronunciar corretamente uma palavra é pronunciar tal palavra

de modo mais fiel à escrita.

2. Não pronunciar um elemento da palavra é errado.

3. Pronunciar uma palavra de

maneiras diferentes é normal/ esperado/ possível.

4. Acrescentar, na palavra, um

som que ela, na forma escrita, não apresenta é errado.

5. Retirar, na palavra, um som que ela, na forma escrita,

apresenta é errado.

6. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

natural, em uma conversa informal.

7. Falar uma palavra de modo

diferente de como ela é escrita é errado no ambiente de trabalho.

8. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

muito comum no dia a dia.

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9. Falar uma palavra de modo

diferente de como ela é escrita faz parte da diferença entre a escrita e a fala.

3.2 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS

Para análise do julgamento das atitudes de alunos do curso de Letras foi

necessária a aplicação de três testes estatísticos (fórmulas para os cálculos dos

resultados) – teste de Friedman, de Wilcoxon e de Fisher. Neste estudo, foram

utilizados testes estatísticos não-paramétricos, que são aplicados, em geral, para

qualquer tipo de observação que não atende aos pressupostos da média e desvio padrão

para representarem uma população. Estes termos referem-se à média e ao desvio-

padrão, que são os parâmetros que definem as populações que apresentam distribuição

normal. A estatística paramétrica possui outros testes, porém, para que esses sejam

utilizados, é necessário que o objeto de estudo (população) possua certas características,

ou seja, é preciso ter distribuição normal, ou aproximadamente normal, e que a amostra

não seja muito pequena. Já os testes não-paramétricos são usados quando os dados não

atendem às condições exigidas pelos testes paramétricos.

3.2.1 Teste estatístico de Friedman

O teste de Friedman (1937) é a versão não paramétrica da ANOVA (Análise

de variância) para amostras dependentes. Para aplicação do teste é realizada uma

ordenação dos dados atribuindo-lhes postos de acordo com seus valores. Na hipótese

nula afirma-se que a média dos grupos é igual à média populacional, enquanto a

hipótese alternativa afirma que existe diferença entre as médias dos grupos

estudados.

Os procedimentos para realização do teste começam pela ordenação dos

postos. K observações, da menor para a maior, são separadas em cada um dos blocos

e são atribuídos os postos {1, 2, ..., k} para cada bloco da tabela de observações. Neste

caso, os blocos são os julgamentos dos entrevistados em relação às impressões. Assim,

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somam-se os números de ordem (atribuídos por bloco) dentro de cada um dos

tratamentos , com estatística de teste definida por:

(CASTELLAN JR. e SIEGEL , 2006, p 204).

Caso Fj(t) = F(t+τj), uma função de distribuição do tratamento j, com j = 1, 2, ...,

k, no teste de Friedman, estamos interessados em testar na hipótese nula H0: τ1 = τ2 = ...

= τk contra a hipótese alternativa de que pelo menos um dos τ1, τ2, ..., τk é diferente dos

demais. Desse modo, ao nível de significância α de 5%, rejeitamos a hipótese H0 se S ≥

sα, caso contrário não rejeitamos a hipótese nula, em que a constante sα é escolhida.

3.2.2 Teste estatístico de Wilcoxon

O teste de Wilcoxon (1945) é utilizado para se verificar a diferença entre

médias de duas amostras pareadas. O teste considera o sentido da diferença entre os

postos (posição). Sua grande vantagem é que o peso dos postos é atribuído de acordo

com a magnitude da diferença. Em sua hipótese nula afirma-se que as médias são

iguais para os blocos; nessa situação, a hipótese nula será de que não existe diferença

entre os julgamentos relacionados às palavras “poliça/paciença”, enquanto a hipótese

alternativa afirma que existe diferença significativa para o julgamento.

Para realização do teste, atribui-se para cada par a diferença (d), com sinal; em

seguida, são atribuídos os postos a essas diferenças independentemente de sinal. Em

caso de empates, atribui-se a média dos postos empatados. Para cada um desses postos

será atribuído também o sinal + ou o sinal – do d que ele representa. A partir dos sinais,

obtemos o valor de , que representa a menor das somas de postos de mesmo sinal.

Determinamos também o N (total das diferenças com sinais).

Para amostras menores que 25, o valor de p pode ser obtido pela distribuição

binomial:

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k

x

xNx qpx

NkXPp

0

)(

(MAGALHÃES, 2015, p. 84).

Caso, N > 25, a média e o desvio padrão aproximados são obtidos com base na

soma das posições dos postos. Em seguida, obtemos o valor de z calculado e o valor de

z tabelado, aproximando-se assim de uma distribuição normal, com:

;

T

TTz

2

zz tab

(CASTELLAN JR. e SIEGEL, 2006, p 113-114).

Assim, o valor calculado é comparado ao valor teórico de z. De modo que, se z

calculado for menor que z tabelado, não se pode rejeitar a hipótese nula, ou seja, as

médias são iguais para os blocos.

O valor-p é a probabilidade de a amostra observada ser verdadeira, sob a

hipótese nula , ou seja, é a probabilidade que a estatística de teste tenha valor tão

extrema quanto o valor observado.

3.2.3 Teste estatístico de Fisher

O teste exato de Fisher (1934) é utilizado para pequenas amostras, permitindo

o calculo da probabilidade associada às características em questão. Para realização do

teste, é necessária a construção de uma tabela de contingência 2x2, comparando-se dois

grupos. Com base na tabela, calcula-se a probabilidade de ocorrência das frequências

observadas a partir da distribuição de probabilidade:

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(CASTELLAN JR. e SIEGEL, 2006, p. 127).

De modo que A, B, C e D são os valores da tabela:

Evento X Y Total

1 A B A+B

2 C D C+D

Total A+C B+D A+B+C+D

Com isso, a hipótese nula afirma que a probabilidade de ocorrência é a mesma

para cada uma das células.

Os programas usados para a análise dos dados são o Excel 2007 para

organização e o SPSS versão 17.0 para execução dos testes.

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4. ATITUDES LINGUÍSTICAS DOS ESTUDANTES DE LETRAS: DESCRIÇÃO

E ANÁLISE DOS DADOS

Apresentamos, neste capítulo, a descrição e a análise dos dados relativos aos

testes aplicados aos estudantes de Letras – calouros e concluintes –, observando-se os

três componentes da atitude – cognitivo, afetivo e comportamental – em relação à

redução do ditongo fonético [ja] átono final de palavra paroxítona, como em

paciença/poliça e em relação à pessoa que usa essa variante.

Entrevistamos 40 alunos, 20 calouros e 20 concluintes do curso de Letras.

Conforme o gráfico abaixo, 67% dos entrevistados são do sexo feminino e 33% do sexo

masculino.

Gráfico 1: Distribuição percentual relativa ao sexo dos alunos entrevistados.

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014. 1.

Em relação à faixa etária dos entrevistados, notamos que 38% estão na faixa

etária dos 17 aos 22 anos, outros 38% estão na faixa etária dos 23 aos 29 anos e, por

fim, 24% dos entrevistados pertencem à faixa etária com 30 anos ou mais, conforme o

gráfico 2.

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54

Gráfico 2: Distribuição percentual relativa à idade dos alunos entrevistados.

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014. 1.

Sendo assim, nosso grupo de entrevistados compôs-se majoritariamente de

mulheres jovens.

4.1 ATITUDES EM RELAÇÃO À PESSOA QUE FALA PACIENÇA/POLIÇA

4.1.1 Componente cognitivo

O componente cognitivo da atitude corresponde a crenças, ideias, opiniões,

pensamentos que expressam uma avaliação mais positiva ou menos do objeto da atitude.

Os resultados referem-se à questão 8 do questionário aplicado.

4.1.1.1 Calouros

Tabela 1: Distribuição percentual do posicionamento dos calouros sobre pessoas que falam

paciença/poliça.

Posicionamento Nota

Total 1 2 3 4

P1. Pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há.

41 29 24 6 100

P2. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não discernem o certo do errado.

76 24 0 0 100

P3. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma.

82 6 12 0 100

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P4. Só as pessoas que não

tiveram convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça.

71 18 11 0 100

P5. Pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão

acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma

como pronunciam as palavras.

35 41 24 0 100

P6. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não gostam de estudar.

59 35 6 0 100

P7. A maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste.

71 29 0 0 100

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014. 1- Discorda totalmente; 2- Discorda em grande

parte; 3 - Concorda em grande parte e 4 – Concorda totalmente.

Dos calouros entrevistados, 41% discordam totalmente que as pessoas que falam

paciença/poliça costumam não ver erros onde há, 29% discordam em grande parte, 24%

concordam em grande parte com essa afirmativa e 6% concordam totalmente. Quanto a

não discernirem o certo do errado, 76% dos entrevistados discordam totalmente que as

pessoas que falam desse modo não discernem o certo do errado, 24% discordam em

grande parte e nenhum dos entrevistados concordou com a afirmativa.

Em relação à falta de conhecimento do próprio idioma, 82% discordam

totalmente que as pessoas que falam paciença/poliça desconhecem o próprio idioma,

6% discordam em grande parte e 12% concordam em grande parte. No que se refere ao

convívio acadêmico, 71% discordam totalmente que as pessoas que pronunciam

paciença/poliça não tiveram convívio acadêmico, 18% discordam em grande parte e

11% concordam em grande parte.

Quando questionados sobre essas pessoas estarem tão acostumadas a falar errado

que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras, 35% discordam

totalmente, 41% discordam em grande parte e 24% concordam em grande parte. No

julgamento sobre não gostar de estudar, 59% discordam totalmente que pessoas que

falam desse modo não gostam de estudar, enquanto 35% discordam em grande parte e

6% concordam em grande parte. Por fim, 71% discordam totalmente que pessoas que

falam desse modo vivam no nordeste e 29% discordam em grande parte.

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Tabela 2: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no posicionamento dos calouros

sobre as pessoas que falam paciença/poliça.

Posicionamento Média

Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

P1. Pessoas que pronunciam

paciença costumam não ver erros onde há.

1,94 0,97 1 4

0,000

P2. Pessoas que pronunciam

paciença não discernem o certo do errado.

1,24 0,44 1 2

P3. Pessoas que pronunciam paciença desconhecem o próprio idioma.

1,29 0,69 1 3

P4. Só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam

paciença.

1,44 0,73 1 3

P5. Pessoas que pronunciam paciença estão tão acostumadas a

falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as

palavras.

1,88 0,78 1 3

P6.Pessoas que pronunciam paciença não gostam de estudar.

1,47 0,62 1 3

P7. A maioria das pessoas que

pronuncia paciença vive no nordeste.

1,31 0,48 1 2

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com o valor-p3 observado no teste de Friedman, há diferença

significativa, ao nível de confiança de 95%, no julgamento dos posicionamentos sobre

as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça, ou seja, existe diferença no

modo como os entrevistados julgam essas pessoas.

Tabela 3: Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos sobre as pessoas que falam

paciença/poliça.

Posicionamento Valor-p

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7

P1 - 0,00 0,00 0,03 0,35 0,02 0,00

P2 - 0,35 0,09 0,00 0,05 0,16 P3 - 0,29 0,00 0,18 0,50 P4 - 0,02 0,37 0,21

P5 - 0,02 0,00

P6 - 0,09

P7 - Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

3 Para que o valor-p seja significativo, é necessário que seja menor que 0,05. Encontrado esse resultado, é

aplicado o teste de Wilcoxon, que objetiva identificar entre quais variáveis dependentes houve diferença.

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O teste de Wilcoxon, na tabela 3, mostrou diferença entre o modo como as

pessoas julgam o posicionamento P1 versus os posicionamentos P2, P3, P4, P5 e P6;

assim como no julgamento do posicionamento P2 versus os posicionamentos P5 e P6.

Foi possível observar que também existe diferença significativa entre o posicionamento

P3 versus o posicionamento P5. Além de diferenças no P4 versus P5; P5 versus P6; P5

com P7 e, por fim, P6 e P7.

Esses dados mostraram resultados interessantes: os calouros têm pouquíssimas

crenças negativas em relação à pessoa que fala paciença/poliça. A avaliação do

componente cognitivo foi mais positiva em todas as afirmativas, embora

estatisticamente diversificada conforme apontam os testes de Friedman e Wilcoxon.

Essas diferenças estatísticas se deram dentro das opções positivas de cada

posicionamento.

4.1.1.2 Concluintes

Tabela 4: Distribuição percentual do posicionamento dos concluintes sobre pessoas que falam

paciença/poliça.

Posicionamento 1 2 3 4 Total

P1. Pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há.

6 38 38 19 100

P2. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não discernem o certo do errado.

44 31 19 6 100

P3. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma.

63 19 19 0 100

P4. Só as pessoas que não tiveram

convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça.

44 44 13 0 100

P5. Pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão

acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como

pronunciam as palavras. 31 19 44 6 100

P6. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não gostam de

estudar. 50 31 13 6 100

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58

P7. A maioria das pessoas que

pronuncia paciença/poliça vive no nordeste.

63,0 37,0 0,0 0,0 100,0

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Dos concluintes entrevistados, 6% discordaram totalmente, 38% discordaram em

grande parte, 38% concordaram em grande parte e 19% concordaram totalmente que

pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há. 44%

discordaram totalmente que pessoas que pronunciam paciença/poliça não discernem o

certo do errado, enquanto 31% discordaram em grande parte, 19% concordaram em

grande parte e 6% concordaram totalmente.

Sobre o posicionamento que afirma que pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma, 63% disseram discordar totalmente,

19% discordaram em grande parte, 19% concordaram em grande parte e ninguém

concordou totalmente. Já para o posicionamento de que só as pessoas que não tiveram

convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça, 44% discordaram totalmente, 44%

discordam em grande parte e 13% concordaram em grande parte.

Para o posicionamento de que pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão

acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as

palavras, 31% discordaram totalmente, 19% discordaram em grande parte, 44%

concordaram em grande parte com essa afirmação e 6% concordaram totalmente. Já no

posicionamento que afirma que pessoas que pronunciam paciença/poliça não gostam de

estudar, 50% discordam totalmente desta colocação, 31% discordaram em grande parte,

13% concordaram em grande parte e 6% concordaram totalmente. Por fim, 63%

discordam totalmente que a maioria das pessoas que falam desse modo vive no nordeste

e 37% concordam em grande parte.

Tabela 5: Teste de Friedman na comparação do posicionamento dos concluintes sobre as pessoas que

falam paciença/poliça.

Posicionamento Média

Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

P1. Pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há.

2,69 0,87 1 4

0,00 P2. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não discernem o certo do errado.

1,88 0,96 1 4

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P3. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma.

1,56 0,81 1 3

P4. Só as pessoas que não tiveram

convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça.

1,69 0,70 1 3

P5. Pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que

nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras.

2,25 1,00 1 4

P6. Pessoas que pronunciam paciença/poliça não gostam de estudar.

1,75 0,93 1 4

P7. A maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no

nordeste.

1,33 0,49 1 2

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman, há diferença

significativa, ao nível de confiança de 95%, nos posicionamentos sobre as pessoas que

pronunciam as palavras paciença/poliça, ou seja, existe diferença em relação às crenças

sobre essas pessoas.

Tabela 6: Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos dos concluintes sobre as

pessoas que falam paciença/poliça.

Posicionamento Valor-p

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7

P1 - 0,01 0,00 0,00 0,06 0,01 0,00

P2 - 0,18 0,28 0,05 0,36 0,5 P3 - 0,29 0,01 0,28 0,17 P4 - 0,03 0,45 0,04

P5 - 0,08 0,01

P6 - 0,05

P7 - Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com a tabela 6, conforme o teste de Wilcoxon, existe diferença entre o

modo como as pessoas julgam o posicionamento P1 versus os posicionamentos P2, P3,

P4, P6 e P7; assim como no julgamento do posicionamento P2 versus o posicionamento

P5. Foi possível observar que também existe diferença significativa entre o

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posicionamento P3 versus o posicionamento P5. Além de diferenças no P4 versus P5;

P4 versus P7; P5 com P7 e, por fim, P6 e P7.

Os dados relativos ao componente cognitivo da atitude dos concluintes

indicaram uma postura mais positiva, embora tenhamos encontrado um posicionamento

negativo – pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há.

Também percebemos um posicionamento dividido – pessoas que pronunciam

paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a

forma como pronunciam as palavras. Esses dois posicionamentos estão relacionados à

noção de erro.

Ao analisarmos o componente cognitivo da atitude, ou seja, as crenças, ideias,

opiniões, pensamentos que expressam uma avaliação mais positiva ou menos sobre a

pessoa que fala paciença/poliça, dos dois grupos entrevistados – calouros e concluintes

– constatamos alguns dados interessantes. Alguns posicionamentos julgados

negativamente estavam mais relacionados às crenças dos concluintes, contrariando

nossas expectativas.

No caso de P1, apenas 30% dos calouros concordaram que pessoas que

pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há, diferentemente dos 57%

dos concluintes que concordaram. Esperávamos resultado inverso em todos os

posicionamentos. P2 também chamou nossa atenção, embora a maioria de calouros e

concluintes tenha discordado da afirmativa de que pessoas que pronunciam

paciença/poliça não discernem o certo do errado. Nesse caso, observamos que nenhum

dos calouros concordou com a afirmativa, porém 25% dos concluintes concordaram.

Essa diferença é significativa. No caso da afirmativa P3 de que pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma, a quantidade de concluintes que

concordou também foi maior que a dos calouros – 19% e 12%, respectivamente. Com

P4 – só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça,

calouros e concluintes tiveram julgamentos próximos: 12% e 13% de concordância

respectivamente. A avaliação de P5 – pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão

acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as

palavras – também foi inesperada. Mais uma vez os calouros concordaram menos que

os concluintes: 24% e 50%. O posicionamento P6 – pessoas que pronunciam

paciença/poliça não gostam de estudar – também teve discordância entre os

entrevistados: 6% dos calouros concordaram contra 19% dos concluintes. Por fim, P7,

que diz que a maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste,

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apresentou resultados iguais para calouros e concluintes: todos discordaram da

afirmativa. P1 e P5 se destacaram de forma negativa para os concluintes, mostrando que

estes creem que pessoas que falam paciença/poliça falam errado. Os calouros não

compartilharam da mesma crença.

4.1.2 Componente afetivo

Segundo os critérios escolaridade, instrução, inteligência, atenção, competência

e esforço, analisamos o componente afetivo da avaliação das pessoas que falam

paciença/poliça. Tal componente se refere a emoções e sentimentos suscitados pelo

objeto da atitude.

Nas próximas tabelas, 1 significa concorda pouco, 2 significa concorda em

grande parte e 3, concorda totalmente. Os resultados referem-se à questão 1 do

questionário aplicado.

4.1.2.1 Calouros

Tabela 7: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à escolarização.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Escolarizada 25 6 13 44

Não Escolarizada 25 19 12 56

Total 50 25 25 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Constatamos que os alunos calouros têm opiniões diferentes quanto à

escolaridade das pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça. 13% dos alunos

concordam totalmente que essas pessoas são escolarizadas, enquanto 6% concordam em

grande parte e 25% concordam pouco, totalizando 44%. 12% concordam totalmente que

as pessoas que falam dessa maneira são não escolarizadas, enquanto 19% concordam

em grande parte e 25% concordam pouco, totalizando 56%.

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62

Tabela 8: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à instrução.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Instruída 6 12 12 30

Não Instruída 29 18 23 70

Total 35 30 35 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No julgamento referente à instrução, 12% dos entrevistados concordam

totalmente que as pessoas que falam desse modo são instruídas, enquanto 12%

concordam em grande parte e 6% concordam pouco, totalizando 30%. 23% concordam

totalmente que as pessoas que falam desse modo são não instruídas, 18% concordam em

grande parte e 29% concordam pouco, totalizando 70%.

Tabela 9: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à inteligência.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Inteligente 38 31 12 81

Não inteligente 19 0 0 19

Total 56 31 12 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No que se refere à impressão de inteligência das pessoas que pronunciam as

palavras paciença/poliça, 12% responderam que concordam totalmente que as pessoas

que pronunciam desse modo são inteligentes, enquanto 31% concordam em grande

parte e 38% concordam pouco, totalizando 81%. Já os que julgaram as pessoas como

não inteligentes representam 19%, concordando pouco. Ou seja, a maioria dos

entrevistados teve a impressão de que as pessoas que falam desse modo são inteligentes.

Tabela 10: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à atenção.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Atenta 13 31 0 44

Desatenta 18 19 19 56

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Total 31 50 19 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

O julgamento sobre a atenção das pessoas que pronunciam as palavras

paciença/poliça ficou dividido, embora nenhum dos entrevistados tenha concordado

totalmente que pessoas que falam dessa forma sejam atentas. Concordaram em grande

parte 31% dos entrevistados e 13% concordaram pouco, num total de 44%. Os

entrevistados que concordam totalmente que essas pessoas são desatentas representam

19%, bem como os que concordam em grande parte, 18% são os que concordam pouco,

totalizando 56%.

Tabela 11: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à competência.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Competente 38 25 6 69

Incompetente 18 13 0 31

Total 56 38 6 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No julgamento da competência ou incompetência, notamos que a maioria dos

entrevistados acredita na competência das pessoas que pronunciam as palavras

paciença/poliça, totalizando 69%. Destes, 6% concordam totalmente que essas pessoas

são competentes, 25% concordam em grande parte e 38% concordam pouco. Dos que

acreditam que essas pessoas são incompetentes, nenhum concordou totalmente, 13%

concordam em grande parte e 18% concordam pouco, totalizando 31%.

Tabela 12: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto ao esforço.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Esforçada 13 31 13 57

Não esforçada 17 13 13 43

Total 30 44 26 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Os alunos entrevistados mostraram opiniões bem balanceadas para o julgamento

das pessoas em relação ao esforço. Concordam totalmente que as pessoas que falam

desse modo são esforçadas 13%, enquanto 31% dos entrevistados concordam em grande

parte e 13% concordam pouco, totalizando 57%. Os que julgaram que essas pessoas não

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são esforçadas foram 43% dos entrevistados, divididos em 13% que concordam

totalmente, 13% que concordam em grande parte e 17% concordam pouco.

Tabela 13: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos julgamentos dos calouros

sobre pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça.

Impressão Média Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

Escolaridade 3,31 1,54 1 6

0,002

Instrução 3,06 1,73 1 6

Inteligência 4,47 0,92 3 6

Atenção 3,19 1,56 1 5

Competência 3,94 1,29 2 6

Esforço 3,81 1,72 1 6 Fonte: Levantamento de dados primários, 10/2014.

De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman há diferença

significativa, ao nível de confiança de 95%, no julgamento das pessoas que pronunciam

as palavras paciença/poliça.

Tabela 14: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos julgamentos dos calouros sobre

pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça.

Impressão Valor-p

Escolaridade Instrução Inteligência Atenção Competência Esforço

Escolaridade - 0,15 0,01 0,34 0,07 0,25 Instrução - 0,00 0,33 0,02 0,05

Inteligência - 0,00 0,04 0,04

Atenção - 0,04 0,07 Competência - 0,28 Esforço - Fonte: Levantamento de dados primários, 10/2014.

Ou seja, existe diferença no modo como as pessoas julgam a escolaridade, a

instrução, a inteligência, a atenção, a competência e o esforço. Existe diferença

significativa entre a escolaridade e a inteligência, entre a instrução, a competência e o

esforço. Além de diferenças significativas entre inteligência e as impressões sobre a

atenção, a competência e o esforço. Também podemos observar a diferença entre

atenção e competência.

Analisando os resultados desse teste, constatamos sobre o modo como os

calouros julgam as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça que não houve

nenhum comportamento padrão, ou seja, os alunos julgaram de forma diversa as

pessoas que pronunciam as palavras desse modo. Para a escolaridade, instrução e

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atenção, mais de 50% dos entrevistados apresentaram atitudes negativas. Já para a

impressão de inteligência, a maioria acredita que essas pessoas são inteligentes – 81%.

Para a impressão de competência, 69% apresentaram atitudes positivas. O julgamento

do esforço também foi positivo – 57%. Isso significa que os calouros ficaram divididos

em suas avaliações

4.1.2.2 Concluintes

Tabela 15: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça, quanto à escolarização.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Escolarizada 0 36 0 36

Não Escolarizada 0 43 21 64

Total 0 79 21 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Dos alunos concluintes entrevistados, 36% concordam que pessoas que falam

paciença/poliça são escolarizadas, enquanto 43% concordam em grande parte que essas

pessoas são não escolarizadas e 21% concordam totalmente que as pessoas que falam

desse modo são não escolarizadas.

Tabela 16: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à instrução.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Instruída 7 22 0 29

Não Instruída 29 21 21 71

Total 36 43 21 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Na impressão referente à instrução, 22% concordam em grande parte que essas

pessoas são instruídas e 7% concordam pouco. Entre os entrevistados que tiveram a

impressão negativa , 29% concordam pouco que essas pessoas não são instruídas, 21%

concordam em grande parte e 21% concordam totalmente.

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Tabela 17: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à inteligência.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Inteligente 21 21 21 63

Não inteligente 21 0 16 37

Total 42 21 37 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No que se refere à impressão de inteligência, 21% responderam que concordam

totalmente que as pessoas que pronunciam desse modo são inteligentes, enquanto outros

21% concordam em grande parte e 21% concordam pouco, totalizando 63% de atitude

positiva. Já os que tiveram a impressão negativa, 21% concordaram pouco e 16%

concordam totalmente.

Tabela 18: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à atenção.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Atenta 7 22 14 43

Desatenta 7 21 29 57

Total 14 43 43 100

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Relativo à atenção, os entrevistados que concordam totalmente que essas pessoas

são desatentas representam 29%, os que concordam em grande parte representam 21% e

os que concordam pouco representam 7%. Os entrevistados que concordam em grande

parte que essas pessoas são atentas foram 22%, os que concordam pouco foram 7%, e

14% dos alunos concluintes concordam totalmente que as pessoas que pronunciam

paciença/poliça são atentas.

Tabela 19: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto à competência.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Competente 14 21 22 57

Incompetente 22 21 0 43

Total 36 42 22 100

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

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No julgamento da competência, notamos que a maioria dos entrevistados

acredita na competência das pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça –

57%. Dos que acreditam que essas pessoas são incompetentes, 22% concordam pouco e

21% concordam em grande parte.

Tabela 20: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação às pessoas que

pronunciam paciença/poliça quanto ao esforço.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Esforçada 21 15 14 50

Não esforçada 29 14 7 50

Total 50 29 21 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Os alunos entrevistados mostraram opiniões divididas para o julgamento relativo

ao esforço das pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça. Concordam

totalmente que as pessoas que falam desse modo são esforçadas 14%, enquanto 15%

dos alunos concordam em grande parte e 21% concordam pouco. Os que julgaram que

essas pessoas não são esforçadas se dividem em 7% para os que concordam totalmente,

14% concordam em grande parte e 29% concordam pouco.

Tabela 21: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos julgamentos dos concluintes

sobre as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça.

Impressão Média Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

Escolaridade 2,86 1,70 1 5

0,013

Instrução 2,86 1,46 1 5

Inteligência 4,00 1,66 1 6

Atenção 3,14 1,96 1 5

Competência 4,00 1,52 2 6

Esforço 3,57 1,60 1 6 Fonte: Levantamento de dados primários, 10/2014.

De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman da tabela 23, há

diferença significativa, ao nível de confiança de 95%, no julgamento de impressões das

pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça. Ou seja, existe diferença no modo

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como as pessoas julgam escolaridade, instrução, inteligência, atenção, competência e

esforço.

Tabela 22: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos julgamentos dos concluintes.

Impressão Valor-p

Escolaridade Instrução Inteligência Atenção Competência Esforço

Escolaridade - 0,39 0,02 0,18 0,02 0,12 Instrução - 0,01 0,31 0,00 0,06 Inteligência - 0,07 0,5 0,20 Atenção - 0,09 0,21 Competência - 0,12 Esforço - Fonte: Levantamento de dados primários, 10/2014.

Na Tabela 22 é possível observar que existe diferença estatística significativa

entre escolaridade e inteligência, entre escolaridade e competência, instrução e

inteligência e por fim instrução e competência.

Ao analisarmos todos os critérios de julgamento dos concluintes em relação às

pessoas que pronunciam paciença/poliça, notamos que o julgamento mais negativo foi

relativo à escolaridade, à instrução e à atenção. À escolaridade, 64% dos entrevistados

apresentaram atitude negativa. À instrução, 71% atribuíram notas negativas. Já para o

julgamento de inteligência, 63% atribuíram notas positivas. No quesito atenção, a maior

porcentagem foi de atitude negativa – 57%. Relativo à competência, 57% apresentam

julgamento positivo. O julgamento do esforço apresentou resultados iguais de atitude

positiva e negativa – 50% cada. Isso significa que os concluintes ficaram divididos ao

avaliar a pessoa que fala paciença/poliça.

Comparando-se calouros e concluintes em relação ao componente afetivo da

atitude, que se refere a emoções e sentimentos suscitados pelo objeto da atitude,

observamos dados pouco diferenciados.

No julgamento da escolaridade, tanto calouros quanto concluintes julgaram a

escolaridade das pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça de forma negativa

– 56% e 64%, respectivamente. Quanto à instrução, ambos os grupos apresentaram

atitudes negativas – 70% dos calouros e 71% dos concluintes. O julgamento da

inteligência recebeu notas positivas dos dois grupos, embora a avaliação dos calouros

tenha sido mais positiva quantitativamente – 81% contra 63% dos concluintes. O

julgamento da atenção recebeu avaliação negativa de ambos os grupos de forma

igualitária – 56% dos calouros e 57% dos concluintes. A competência foi julgada

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positivamente por ambos, 69% dos calouros e 57% dos concluintes. E, por fim, o

julgamento quanto ao esforço recebeu avaliações positivas dos calouros – 57%; os

concluintes, porém, mostram-se divididos – 50% apresentam atitudes positivas e 50%

negativas.

Nossas expectativas não foram atendidas, pois esperávamos avaliações mais

diferenciadas entre calouros e concluintes, o que, em geral, não ocorreu. Apenas o

julgamento do esforço foi diferenciado, porém, não da forma como esperávamos.

Esperávamos atitudes mais positivas dos concluintes, que, no caso, mostraram-se

divididos.

4.1.3 Componente comportamental

O componente comportamental diz respeito tanto ao comportamento quanto às

intenções comportamentais manifestos. Neste caso, refere-se às intenções

comportamentais em relação à pessoa que fala paciença/poliça. Os resultados referem-

se aos dados da questão 2 do questionário.

4.1.3.1 Calouros

Tabela 23: Distribuição percentual para o tipo de relação que calouros teriam com pessoas que

pronunciam paciença/poliça e valor-p para o teste de Fisher. Como se relacionaria com pessoas

que falam paciença/poliça Concorda Discorda Total Valor-p

Se quisesse me casar, não veria

inconveniente em fazê-lo com uma pessoa que fala desse jeito. 12 88 100

<0,001

Não veria nenhum inconveniente em convidar uma pessoa que fala dessa

forma para almoçar comigo. 82 18 100

Preferiria considerá-las como pessoas conhecidas de vista e com as

quais se trocariam algumas palavras ocasionais. 12 88 100

Não me agradaria encontros com

essas pessoas. 0 100 100

Preferiria que essas pessoas fossem eliminadas. 0 100 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

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70

Quando questionados sobre o tipo de relacionamento que teriam com pessoas

que pronunciam paciença/poliça, apenas 12% dos entrevistados afirmaram que não

veriam problemas em casar com pessoas que falam desse jeito, enquanto 88%

responderam que não casariam. 82% afirmaram que não veriam problemas em convidar

uma pessoa que fala dessa maneira para almoçar. No que se refere a considerá-las como

conhecidas de vista, com as quais trocariam algumas palavras, apenas 12%

concordaram, enquanto 88% disseram não adotar esse comportamento. Nenhum dos

entrevistados apontou desagrado ao se encontrar com essas pessoas ou vontade de

eliminá- las.

Ainda é possível observar que existe diferença estatística significativa entre as

respostas sobre o modo como os entrevistados se relacionariam com pessoas que

pronunciam paciença/poliça.

Os resultados afirmam que os calouros toleram bem a convivência com essas

pessoas, exceto se essa convivência for íntima quanto a de um cônjuge. Ou seja, ao

observamos a expectativa comportamental dos calouros, concluímos que há uma

tendência para o distanciamento íntimo com pessoas que falam paciença/poliça, embora

não haja agressividade nem repulsa ao contato mais distanciado.

4.1.3.2. Concluintes

Tabela 24: Distribuição percentual para o tipo de relação que concluintes teriam com pessoas que

pronunciam paciença/poliça. Como se relacionaria com pessoas

que falam paciença/poliça Concorda Discorda Total Valor-p

Se quisesse me casar, não veria

inconveniente em fazê-lo com uma pessoa que fala desse jeito.

38 63 100

<0,01

Não veria nenhum inconveniente em convidar uma pessoa que fala dessa

forma para almoçar comigo.

88 13 100

Preferiria considerá-las como pessoas conhecidas de vista e com as

quais se trocariam algumas palavras ocasionais.

0 100 100

Não me agradaria encontros com essas pessoas.

0 100 100

Preferiria que essas pessoas fossem eliminadas.

0 100 100

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71

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Quando questionados sobre o tipo de relacionamento que teriam com pessoas

que pronunciam paciença/poliça, 38% dos concluintes entrevistados afirmaram que não

veriam problemas em casar com pessoas que falam desse jeito, enquanto 63%

responderam que não casariam com essas pessoas. 88% dos entrevistados afirmaram

que não veriam problemas em convidar uma pessoa que fala dessa maneira para

almoçar. No que se refere a considerá-las como conhecidas de vista e com as quais

trocariam algumas palavras, nenhum dos alunos concluintes disse que adotaria esse

comportamento, assim como não desagradam a eles encontros com essas pessoas, os

concluintes não querem eliminá-las. Isso significa que a maioria dos concluintes não se

casaria com alguém que fala dessa forma, mas que as outras formas de convívio social

seriam mantidas.

Ainda é possível observar que existe diferença estatística significativa entre as

respostas do modo como os entrevistados se relacionariam com as pessoas que

pronunciam paciença/poliça.

Ao analisarmos o componente comportamental da atitude em relação à pessoa

que fala paciença/poliça, constatamos que há uma disposição para o distanciamento

íntimo, embora haja aceitação de convivência com essas pessoas em outras situações.

Comparando-se calouros e concluintes, constatamos comportamentos bem

aproximados. Ambos os grupos não teriam uma relação tão íntima quanto o casamento

com essas pessoas, embora pudessem tê-las em seu convívio pessoal. Apenas alguns

calouros relataram desejo de não conviver com essas pessoas.

Sendo assim, constatamos, em relação à pessoa que fala paciença/poliça, que

(i) o componente cognitivo foi positivo, à exceção de alguns concluintes que

creem que essas pessoas costumam não ver erros onde há e que estão tão acostumadas a

falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras;

(ii) o componente afetivo foi o que recebeu mais avaliações negativas em

comparação com os outros componentes. Pessoas que empregam a variante pesquisada

foram avaliadas como não escolarizadas, não instruídas e desatentas;

(iii) o componente comportamental apresentou disposição para o convívio com

essas pessoas, excetuando-se uma aproximação tão íntima quanto o matrimônio, o que

reflete a definição de atitude de Tarallo (1997) como uma forma de demarcar seu grupo

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72

social separado, ou seja, essa atitude indica a consciência dos falantes entrevistados de

que as pessoas que usam a forma em análise pertencem a outro grupo social.

Logo aferimos que, em geral, ambos os grupos entrevistados apresentaram uma

atitude mais positiva que negativa em relação à pessoa que fala paciença/poliça.

4.2 ATITUDE EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DO DITONGO [] ÁTONO FINAL DE

PALAVRA PAROXÍTONA

Após analisarmos as atitudes relativas às pessoas, passemos à descrição e análise

das atitudes relativas à redução do ditongo [] átono final de palavra paroxítona.

4.2.1 Componente cognitivo

Nesta seção, verificamos crenças, ideias, opiniões, pensamentos que expressam

uma avaliação mais positiva ou menos sobre as variantes paciença/poliça. Analisamos

este componente da atitude por meio das respostas à questão 9 de nosso questionário.

4.2.1.1 Calouros

Tabela 25: Distribuição percentual do posicionamento dos calouros entrevistados sobre a pronúncia de

paciença/poliça.4

Posicionamento 1 2 3 4 Total

P1. Pronunciar corretamente uma palavra é

pronunciar tal palavra de modo mais fiel à escrita.

29 29 35 7 100

P2. Não pronunciar um elemento da palavra é errado.

47 47 6 0 100

P3. Pronunciar uma palavra de maneiras

diferentes é normal/ esperado/ possível. 12 35 53 0 100

P4. Acrescentar, na palavra, um som que

ela, na forma escrita, não apresenta é errado.

35 59 6 0 100

P5. Retirar, na palavra, um som que ela, na

forma escrita, apresenta é errado. 24 65 11 0 100

4 Neste teste, 1 significa discordo totalmente, 2 discordo em grande parte, 3 concordo em grande parte e 4

concordo totalmente.

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73

P6. Falar uma palavra de modo diferente

de como ela é escrita é natural, em uma conversa informal.

12 41 47 0 100

P7. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é errado no ambiente de trabalho.

12 47 29 12 100

P8. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é muito comum, no

dia a dia.

12 6 29 53 100

P9. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita faz parte da diferença

entre a escrita e a fala.

6 18 47 29 100

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Dos calouros entrevistados, 29% discordaram totalmente que pronunciar

corretamente uma palavra é pronunciá-la de modo mais fiel à escrita, outros 29%

discordam em grande parte, 35% concordaram em grande parte e 7% concordaram

totalmente. Com a ideia de que não pronunciar um elemento da palavra seja errado,

47% discordaram totalmente, outros 47% discordaram em grande parte e apenas 6%

concordaram em grande parte.

Concordaram em grande parte, 53%, que pronunciar uma palavra de maneiras

diferentes é normal/ esperado/ possível, 35% discordaram em grande parte e apenas

12% discordaram totalmente com esse posicionamento. No que se refere à ideia de que

acrescentar, na palavra, um som que, na forma escrita, não foi representado é errado,

35% discordaram totalmente, 59% discordaram em grande parte e 6% concordaram em

grande parte com essa atitude. Para o inverso, a ideia de que omitir na fala um som

representado na forma escrita seja errado, 24% discordaram totalmente, 65%

discordaram em grande parte e 11% concordaram em grande parte. Com a ideia de que

falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita ser natural em uma conversa

informal, 47% concordaram em grande parte, 41% discordaram em grande parte e 12%

discordaram totalmente.

No ambiente de trabalho, 12% concordaram totalmente que é errado falar desse

modo, 29% concordaram em grande parte, enquanto 47% discordaram em grande parte

e 12% discordaram totalmente. Com a ideia de que falar uma palavra de modo diferente

de como ela é escrita seja muito comum no dia a dia, 53% concordaram totalmente,

29% concordaram em grande parte, 6% discordaram em grande parte e 12%

discordaram totalmente. Por fim, com o posicionamento de que falar uma palavra de

modo diferente de como ela é escrita faz parte da diferença entre a escrita e a fala, 29%

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74

concordaram totalmente, 47% concordaram em grande parte, 18% discordaram em

grande parte e 6% discordaram totalmente.

Tabela 26: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no posicionamento dos calouros

sobre a pronúncia paciença/poliça.

Posicionamento Média Desvio

Padrão Mínimo Maximo

Valor-

p

P1. Pronunciar corretamente uma

palavra é pronunciar tal palavra de modo mais fiel à escrita.

2,18 0,95 1 4

0,000

P2. Não pronunciar um elemento da

palavra é errado. 1,59 0,62 1 3

P3. Pronunciar uma palavra de maneiras diferentes é normal/

esperado/ possível.

3,29 0,99 1 4

P4. Acrescentar, na palavra, um som que ela, na forma escrita, não apresenta é errado.

1,71 0,59 1 3

P5. Retirar, na palavra, um som que

ela, na forma escrita, apresenta é errado.

1,88 0,60 1 3

P6. Falar uma palavra de modo

diferente de como ela é escrita é natural, em uma conversa informal.

3,24 0,97 1 4

P7. Falar uma palavra de modo

diferente de como ela é escrita é errado, no ambiente de trabalho.

2,41 0,87 1 4

P8. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

muito comum, no dia a dia.

3,24 1,03 1 4

P9. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita faz parte da diferença entre a escrita e a

fala.

3,00 0,87 1 4

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman, há diferença estatísica

significativa ao nível de confiança de 95%, nos posicionamentos sobre as variantes

paciença/poliça, ou seja, existe diferença no modo como os entrevistados as julgam.

Ainda de acordo com a tabela 27 e o valor-p para o teste de Wilcoxon, existe diferença

entre a maioria dos posicionamentos.

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75

Tabela 27: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos dos calouros

sobre a pronúncia paciença/poliça.

Posicionamento Valor-p

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9

P1 - 0,00 0,00 0,01 0,07 0,00 0,12 0,01 0,01

P2 - 0,00 0,08 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00

P3 - 0,00 0,00 0,45 0,01 0,33 0,09

P4 - 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00

P5 - 0,00 0,00 0,00 0,00

P6 - 0,00 0,44 0,11

P7 - 0,01 0,04

P8 - 0,17

P9 -

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Analisando esses dados, concluímos que o componente cognitivo da atitude dos

alunos calouros foi positivo, pois eles se posicionaram favoráveis às questões de

variação, especialmente ao discordarem do posicionamento 2 – Não pronunciar um

elemento da palavra é errado. A única postura desfavorável foi a maioria ter discordado

de P6 – Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é natural, em uma

conversa informal.

4.2.1.2 Concluintes

Tabela 28: Distribuição percentual do posicionamento dos concluintes entrev istados sobre a pronúncia

paciença/poliça.

Posicionamento 1 2 3 4 Total

P1. Pronunciar corretamente uma palavra é pronunciar tal palavra de modo mais fiel à

escrita. 6 25 44 25 100

P2. Não pronunciar um elemento da palavra

é errado. 25 44 31 0 100

P3. Pronunciar uma palavra de maneiras diferentes é normal/ esperado/ possível.

13 19 69 0 100

P4. Acrescentar, na palavra, um som que ela, na forma escrita, não apresenta é errado.

31 25 31 13 100

P5. Retirar, na palavra, um som que ela, na forma escrita, apresenta é errado.

38 25 31 6 100

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76

P6. Falar uma palavra de modo diferente de

como ela é escrita é natural, em uma conversa informal.

0 0 31 69 100

P7. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é errado, no ambiente de trabalho.

6 13 56 25 100

P8. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é muito comum, no dia a

dia. 0 6 25 69 100

P9. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita faz parte da diferença

entre a escrita e a fala. 6 6 38 50 100

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Os entrevistados julgaram de forma bem diversificada a pronúncia. Apenas 6%

discordaram totalmente de que pronunciar corretamente uma palavra é pronunciá-la de

modo mais fiel à escrita, 25% discordam em grande parte, 44% concordaram em grande

parte e 25% concordaram totalmente. A maior parte dos entrevistados discordou com a

ideia de que não pronunciar um elemento da palavra é errado, 25% discordaram

totalmente e 44% em grande parte, apenas 31% concordaram em grande parte.

13% discordaram totalmente que pronunciar uma palavra de maneiras diferentes

é normal/ esperado/ possível, 19% discordaram em grande parte, mas a maioria, 69%

dos entrevistados, concordou em grande parte e ninguém concordou totalmente. Com a

ideia de que acrescentar, na palavra, um som que ela, na forma escrita, não apresenta é

errado, a maior parte dos entrevistados discordou, 31% totalmente e 25% em grande

parte; 31% concordaram em grande parte e 13% concordaram totalmente.

No que diz respeito a retirar, na palavra, um som que ela, na forma escrita,

apresenta ser errado, 38% dos entrevistados discordaram totalmente e 25% discordaram

em grande parte; 31% concordaram em grande parte e 6% concordaram totalmente.

Com o posicionamento 6, falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

natural em uma conversa informal, nenhum dos entrevistados discordou; todos

concordaram, 31% em grande parte e 69% totalmente. Já no posicionamento 7, 6%

discordaram totalmente e 13% discordaram em grande parte; 56% concordaram em

grande parte e 25% concordaram totalmente com a ideia de que falar uma palavra de

modo diferente de como ela é escrita é errado no ambiente de trabalho.

Com a ideia de que falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita

ser muito comum no dia a dia, nenhum dos entrevistados discordou totalmente e 6%

discordaram em grande parte; 25% concordaram em grande parte com essa afirmativa e

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69% concordaram totalmente. Por fim, 6% discordaram totalmente e 6% discordaram

em grande parte que falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita faz parte

da diferença entre a escrita e a fala; 38% concordaram em grande parte e 50%

concordaram totalmente.

Tabela 29: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos posicionamentos dos

concluintes sobre a pronúncia paciença/poliça.

Posicionamento Média Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

P1. Pronunciar corretamente uma

palavra é pronunciar tal palavra de modo mais fiel à escrita.

2,88 0,89 1 4

0,00

P2. Não pronunciar um elemento da palavra é errado.

2,06 0,77 1 3

P3. Pronunciar uma palavra de

maneiras diferentes é normal/ esperado/ possível.

3,69 0,48 3 4

P4. Acrescentar, na palavra, um som

que ela, na forma escrita, não apresenta é errado.

2,25 1,06 1 4

P5. Retirar, na palavra, um som que

ela, na forma escrita, apresenta é errado.

2,06 1,00 1 4

P6. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

natural em uma conversa informal.

3,69 0,48 3 4

P7. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

errado no ambiente de trabalho.

3,00 0,82 1 4

P8. Falar uma palavra de modo diferente de como ela é escrita é

muito comum no dia a dia.

3,63 0,62 2 4

P9. Falar uma palavra de modo

diferente de como ela é escrita faz parte da diferença entre a escrita e a

fala.

3,31 0,87 1 4

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman, há diferença

significativa, ao nível de confiança de 95%, no julgamento sobre as variantes

paciença/poliça, ou seja, existe diferença no modo como os entrevistados julgam as

variantes.

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Tabela 30: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos dos concluintes

sobre a pronúncia paciença/poliça.

Posicionamento Valor-p

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9

P1 - 0,01 0,01 0,04 0,01 0,00 0,31 0,00 0,05

P2 - 0,00 0,25 0,44 0,00 0,00 0,00 0,00

P3 - 0,00 0,01 0,5 0,01 0,38 0,09

P4 - 0,09 0,00 0,02 0,00 0,01

P5 - 0,00 0,01 0,00 0,01

P6 - 0,00 0,35 0,05

P7 - 0,01 0,14

P8 - 0,02

P9 -

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Ainda de acordo com a tabela 29 e o valor-p para o teste de Wilcoxon, existe

diferença entre a maioria dos posicionamentos.

Nossa análise sobre o componente cognitivo da atitude em relação às variantes

paciença/poliça, mostrou que os concluintes têm uma postura positiva em relação aos

dados, à exceção do posicionamento 1 – Pronunciar corretamente uma palavra é

pronunciar tal palavra de modo mais fiel à escrita – com o qual a maioria concordou.

Comparando-se os dois grupos, calouros e concluintes, em relação às crenças,

ideias, opiniões e aos pensamentos que expressam uma avaliação mais positiva ou

menos sobre as variantes paciença/poliça, observamos que ambos os grupos

apresentaram majoritariamente posturas positivas. A diferença foi apenas a

concordância de P1 – Pronunciar corretamente uma palavra é pronunciar tal palavra de

modo mais fiel à escrita – e P6 – Falar uma palavra de modo diferente de como ela é

escrita é natural em uma conversa informal. Relativo a P1, 58% dos calouros

discordaram que pronunciar corretamente uma palavra é pronunciá-la de modo mais fiel

à escrita, diferentemente dos apenas 31% de concluintes que também discordaram, ou

seja, os calouros foram mais favoráveis à variação na fala. Quanto a falar uma palavra

de modo diferente de como ela é escrita ser natural, em uma conversa informal (P6),

53% dos calouros discordaram; todos os concluintes concordaram com essa afirmativa,

isto é, a esse posicionamento, os concluintes foram os mais favoráveis.

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4.2.2 Componente afetivo

O componente afetivo, analisado por meio da questão 4 do questionário, se

refere a emoções e sentimentos suscitados pelas variantes paciença/poliça.

4.2.2.1 Calouros

Tabela 31: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação à

pronúncia paciença/poliça quanto à beleza.

Impressão Nota5

Total 1 2 3

Bonita 13 13 0 26

Feia 27 20 27 74

Total 40 33 27 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No que se refere à beleza, 13% concordam pouco que as variantes

paciença/poliça são bonitas, 13% concordam em grande parte e nenhum concordou

totalmente. Entre os que as julgaram feias, 27% concordaram pouco, 20% concordaram

em grande parte e 27% concordaram totalmente com esse julgamento.

Tabela 32: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação à

pronúncia paciença/poliça, quanto à correção.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Certa 27 7 13 47

Errada 26 20 7 53

Total 53 27 20 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Dos entrevistados, 27% concordaram pouco que as variantes são certas, 7%

concordaram em grande parte e 13% concordaram totalmente; 26% concordaram pouco

que elas são erradas, 20% concordaram em grande parte e 7% concordaram totalmente.

Tabela 33: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação à

pronúncia paciença/poliça, quanto à adequação. Impressão Nota Total

5 1 – concorda pouco, 2 – concorda em grande parte, 3 – concorda totalmente.

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80

1 2 3

Adequada 14 20 13 47

Inadequada 26 20 7 53

Total 40 40 20 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No que se refere à adequação das palavras “paciença/poliça”, 14% dos

entrevistados concordam pouco que essa forma seja adequada, 20% concordam em

grande parte e 13% concordam totalmente. Dos entrevistados que a julgaram

inadequada, 26% concordaram pouco, 20% concordam em grande parte e 7%

concordaram totalmente.

Tabela 34: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação à

pronúncia paciença/poliça quanto à agradabilidade.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Agradável 7 33 13 53

Desagradável 27 13 7 47

Total 34 46 20 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Para o julgamento da agradabilidade, 7% concordaram pouco, 33% concordaram

em grande parte e 13% concordaram totalmente que essa variante seja agradável. Dos

que a julgaram desagradável, 27% concordam pouco, 13% concordaram em grande

parte e 7% concordaram totalmente que ela é desagradável.

Tabela 35: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação à

pronúncia paciença/poliça quanto a ser cuidada.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Cuidada 27 13 0 40

Descuidada 20 33 7 60

Total 47 46 7 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No julgamento referente à pronúncia ser cuidada ou não, dos entrevistados que

julgaram paciênça/poliça como sendo uma pronúncia cuidada, 27% concordaram

pouco, 13% concordaram em grande parte e nenhum concordou totalmente. Aqueles

que julgaram ser uma pronúncia descuidada, 20% concordaram pouco, 33%

concordaram em grande parte e 7% concordaram totalmente.

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81

Tabela 36: Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em relação à

pronúncia paciença/poliça quanto a ser ou não engraçada.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Engraçada 33 14 13 60

Não

engraçada 7 13 20 40

Total 40 27 33 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Sobre considerar paciença/poliça engraçadas, 33% concordaram pouco que essa

pronúncia é engraçada, 14% concordaram em grande parte e 13% concordaram

totalmente. Dos entrevistados que julgaram não ser engraçada a pronúncia, 7%

concordaram pouco que o modo de falar não é engraçado, 13% concordaram em grande

parte e 20% concordaram totalmente.

Observando-se a porcentagem total das avaliações positivas e negativas, os

alunos calouros entrevistados julgaram, em geral, de forma negativa a pronúncia em

questão. No julgamento da beleza, a maior parte dos entrevistados julgou de forma

negativa – 74%. No julgamento relativo à correção, as maiores frequências foram no

julgamento de que ela é errada – 53%. Sobre o julgamento da adequação, 50%

julgaram-na inadequada. Quanto a ser agradável, 53% julgaram de forma positiva.

Quanto ao cuidado, 60% dos entrevistados julgaram-na de forma negativa. Quanto a ser

engraçada, 60% dos entrevistados julgaram ser engraçada essa pronúncia.

Tabela 37: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos julgamentos dos calouros

sobre a pronúncia paciença/poliça.

Impressão Média Desvio Padrão

Mínimo Maximo Valor-p

Beleza 2,67 1,40 1 5

0,01

Correção 3,47 1,46 1 6

Adequabilidade 3,6 1,55 1 6

Agradabilidade 3,93 1,62 1 6

Cuidado 3,00 1,25 1 5

Graça 3,64 1,65 1 6 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

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De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman, há diferença

significativa ao nível de confiança de 95%, no julgamento das variantes

paciença/poliça.

Tabela 38: Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos julgamentos dos calouros.

Impressão Valor-p

Beleza Certa Adequada Agradável Cuidada Engraçada

Beleza - 0,01 0,00 0,00 0,16 0,09 Certa - 0,34 0,10 0,16 0,43 Adequada - 0,14 0,08 0,44 Agradável - 0,00 0,38 Cuidada - 0,20 Engraçada - Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Ainda de acordo com a tabela 38 e o valor-p para o teste de Wilcoxon, existe

diferença entre o modo como as pessoas julgam as impressões de beleza versus

adequação e agradabilidade, além da diferença significativa entre ser agradável e

cuidada.

Os dados nos apontaram para uma avaliação bastante negativa das variantes em

questão, o que significa que o componente afetivo da atitude dos calouros é negativo.

4.2.2.2 Concluintes

Tabela 39: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação à pronúncia

paciença/poliça quanto à beleza.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Bonita 8 23 0 31

Feia 46 8 15 69

Total 54 31 15 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Os alunos concluintes têm opiniões bem diferentes quanto à beleza da pronúncia

de paciença/poliça. 8% concordam pouco que essas formas sejam bonitas, 23%

concordam em grande parte e nenhum deles concorda totalmente. A maioria desses

entrevistados considerou feias essas formas, 46% concordaram pouco, 8% concordam

em grande parte e 15% concordam totalmente.

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Tabela 40: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação à pronúncia

paciença/poliça quanto à correção.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Certa 7 14 0 21

Errada 43 14 22 79

Total 50 28 22 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Na impressão referente à correção, 7% concordaram pouco que essas formas são

certas, 14% concordaram em grande parte e nenhum deles concordou totalmente.79%

dos concluintes acham as formas feias, sendo que 43% concordaram pouco com o

julgamento, 14% concordaram em grande parte e 22% concordaram totalmente.

Tabela 41: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação à pronúncia

paciença/poliça quanto à adequabilidade.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Adequada 7 14 0 21

Inadequada 36 29 14 79

Total 43 43 14 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No que se refere ao julgamento da adequabilidade das variantes

“paciença/poliça”, 7% concordaram pouco que elas são adequadas, 14% concordaram

em grande parte e nenhum dos entrevistados concordou totalmente. 36% concordaram

pouco que as variantes são inadequadas, 29% concordaram em grande parte e 14%

concordaram totalmente.

Tabela 42: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação à pronúncia

paciença/poliça quanto à agradabilidade.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Agradável 7 22 0 29

Desagradável 57 14 0 71

Total 64 36 0 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No julgamento da agradabilidade das variantes em estudo, 7% dos concluintes

concordaram pouco que as variantes sejam agradáveis, 22% concordaram em grande

parte e nenhum deles concordou totalmente. 57% concordaram pouco que elas sejam

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desagradáveis, 14% concordaram em grande parte e nenhum deles concordou

totalmente.

Tabela 43: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação à pronúncia

paciença/poliça quanto ao cuidado.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Cuidada 0 23 0 23

Descuidada 46 8 23 77

Total 46 31 23 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

No julgamento referente ao cuidado, a maioria dos entrevistados julgam as

variantes citadas como descuidadas. Apenas 23% concordaram em grande parte que as

variantes sejam cuidadas. 46% concordaram pouco que as variantes sejam descuidadas,

8% concordaram em grande parte e 23% concordaram totalmente.

Tabela 44: Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em relação à pronúncia

paciença/poliça quanto a ser engraçada.

Impressão Nota

Total 1 2 3

Engraçada 40 13 20 73

Não engraçada 7 13 7 27

Total 47 26 27 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Quanto a serem engraçadas, 40% concordaram pouco, 13% concordaram em

grande parte e 20% concordaram totalmente. Apenas 7% concordaram pouco que as

variantes não são engraçadas, 13% concordaram em grande parte e 7% concordaram

totalmente.

Tabela 45: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos julgamentos dos concluintes

em relação às variantes paciença/poliça.

Impressão Média Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

Beleza 3,15 1,34 1 5

0,83

Certa 2,79 1,31 1 5

Adequada 2,79 1,25 1 5

Agradável 3,29 0,99 2 5

Cuidada 2,92 1,50 1 5

Engraçada 3,93 1,75 1 6 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

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De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman não existe diferença

significativa, ao nível de confiança de 95%, no julgamento das variantes

paciença/poliça, por isso não foi necessária a aplicação do teste estatístico de Wilcoxon.

Em síntese, os alunos concluintes entrevistados julgaram de forma negativa as

variantes quanto à beleza, à correção, à adequabilidade, à agradabilidade, ao cuidado e à

graça. No julgamento da beleza, a maior parte dos entrevistados julgou-as feias, com

69%. Quanto à correção, 79% julgaram-nas erradas. Quanto à adequabilidade, 79% dos

entrevistados julgaram-nas inadequadas. Quanto a ser agradável, 71% julgaram-nas

desagradáveis. Relativo ao cuidado, 77% dos entrevistados julgaram-nas descuidadas.

Quanto a serem engraçadas, 73% dos concluintes julgaram-nas engraçadas. Para todos

os pares de adjetivos/características, o julgamento das variantes foi negativo, ou seja os

concluintes avaliam mal as variantes apresentadas.

Conforme esclarecem os dados analisados, o componente afetivo (emoções e

sentimentos suscitados pelas variantes paciença/poliça) apresentou atitudes negativas

de ambos os grupos – calouros e concluintes, embora as atitudes dos concluintes tenham

sido mais negativas que as dos calouros. O quesito agradabilidade foi o único que

recebeu avaliação positiva por parte de um dos grupos, os calouros.

4.2.3 Componente comportamental

O componente comportamental diz respeito tanto ao comportamento quanto às

intenções comportamentais manifestos em relação às variantes paciença/poliça. Esses

dados foram extraídos das respostas à questão 5 do questionário.

4.2.3.1 Calouros

Tabela 46: Distribuição percentual sobre quando os calouros entrevistados falariam/escreveriam as

palavras paciença/poliça. Quando falaria /escreveria as

palavras paciença/poliça Concorda Não

concorda Total Valor-p

Em qualquer situação comunicativa,

oral ou escrita. 6 94 100

0,048 Em situações formais de escrita. 6 94 100

Em situações formais de oralidade. 6 94 100

Em situações informais de escrita. 29 71 100

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Em situações informais de oralidade. 41 59 100

Excepcionalmente. 24 76 100

Nunca. 24 76 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Quando questionados sobre quando falariam ou escreveriam as palavras

paciença/poliça, apenas 6% dos entrevistados afirmaram que as falariam/escreveriam

em qualquer situação comunicativa, oral ou escrita, em situações formais de escrita e

em situações formais de oralidade. Enquanto 29% afirmaram que falariam/escreveriam

desse modo em situações informais de escrita, outros 41% falariam/escreveriam em

situações informais de oralidade. Já 24% afirmaram que falariam/escreveriam desse

modo excepcionalmente e outros 24% nunca falariam/escreveriam assim. De acordo

com o teste de Fisher, existe diferença significativa na maneira como os entrevistados

falariam/escreveriam as palavras paciença/poliça.

Isso significa que não há intenções ou tendências comportamentais para o uso

das variantes analisadas. Os poucos casos de uso apontados, em geral, foram

justificados pelos entrevistados como usos em caso de brincadeira com amigos.

4.2.3.2 Concluintes

Tabela 47: Distribuição percentual sobre quando os concluintes entrevistados falariam/escreveriam as

palavras paciença/poliça. Quando falaria /escreveria as

palavras paciença/poliça Concorda Não

concorda Total Valor-p

Em qualquer situação comunicativa, oral ou escrita. 0 100 100

<0,01

Em situações formais de escrita. 0 100 100

Em situações formais de oralidade. 0 100 100

Em situações informais de escrita. 6 94 100

Em situações informais de oralidade. 69 31 100

Excepcionalmente. 13 87 100

Nunca. 38 62 100 Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Quando questionados sobre quando falariam ou escreveriam as palavras

paciença/poliça, 100% dos entrevistados afirmaram que não as falariam/escreveriam em

qualquer situação comunicativa, oral ou escrita, em situações formais de escrita e em

situações formais de oralidade. Apenas 6% afirmaram que falariam/escreveriam desse

modo em situações informais de escrita, outros 69%, em situações informais de

oralidade. 13% afirmaram que falariam /escreveriam desse modo excepcionalmente e

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outros 38% nunca falariam/escreveriam assim. De acordo com o teste de Fisher, existe

diferença significativa na maneira como os entrevistados falariam/escreveriam as

palavras paciença/poliça.

Os dados desse componente da atitude esclarecem que não há intenções ou

tendências comportamentais para o uso das variantes julgadas por parte dos concluintes.

O componente comportamental, que diz respeito tanto ao comportamento quanto

às intenções comportamentais manifestos em relação às variantes paciença/poliça,

mostrou-se bem parecido para calouros e concluintes. Em geral, a maioria dos alunos

dos dois grupos não usaria a variante pesquisada, porém os dados negativos foram mais

altos para os concluintes. A única situação em que prevaleceu a tendência para o uso foi

quando se trata de situações informais de oralidade, nas quais a maioria dos concluintes

afirmou que usaria tais formas linguísticas. Logo aferimos que, em geral, ambos os

grupos entrevistados apresentaram uma atitude mais negativa em relação às variantes

paciença/poliça.

Diante dos dados e das análises apresentados, constatamos, em relação às

variantes paciença/poliça, que

(i) o componente cognitivo foi positivo, exceto alguns concluintes que creem

que pronunciar corretamente uma palavra é pronunciá- la de modo mais fiel à escrita.

(ii) o componente afetivo foi o que recebeu mais avaliações negativas em

comparação com os outros componentes. As variantes foram julgadas como feias,

erradas, inadequadas, descuidadas e engraçadas por ambos os grupos de entrevistados.

(iii) o componente comportamental não apresentou intenções ou tendências de

uso, excetuando-se os concluintes que afirmaram que poderiam usar a variante em

situações informais de oralidade.

Os dados também nos possibilitaram verificar que as atitudes negativas foram

mais concentradas em relação às variantes que às pessoas. Isso pode significar que a

atitude em relação às pessoas foi dissimulada, pois é complicado desvincular as

variantes dos falantes que delas fazem uso.

Além disso, a atitude negativa em relação à forma monotongada em análise pode

ser explicada por alguns fatores:

(i) conforme Hora (2012), o perfil dos entrevistados de mulheres jovens prefere

a forma ditongada;

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(ii) ainda conforme Hora (2012), falantes mais escolarizados não costumam

monotongar o ditongo crescente quando a saliência fônica é mais perceptível entre as

vogais do ditongo, como é o caso do ditongo [ja] em análise;

(iii) a falta de explanação sobre o fenômeno da monotongação pelos gramáticos

tradicionais, além da discussão pouco profunda sobre os ditongos crescentes e

decrescentes;

(iv) a realização quase categórica dessas formas como ditongo, conforme

Simioni (2008).

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5 CONCLUSÕES

É comum, ao conversarmos com um amigo ou ao lermos um jornal, por

exemplo, que nos deparemos com opiniões e sentimentos diversificados em relação a

determinados assuntos, como a descriminalização do aborto, a falta de rigidez do atual

código penal, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e diversos

outros temas que suscitam opiniões divergentes entre a população em geral. Em 2011,

com a publicação da coleção didática da Editora Global “Por uma vida melhor”6, que

apontou como possibilidade, na linguagem coloquial, a falta de concordância entre

sintagmas da oração, ficou claro o quanto os usos linguísticos também são alvo de

declarações que apontam para atitudes variadas. O livro, distribuído para a Educação de

Jovens e Adultos, trouxe, em seu capítulo de concordância, exemplos de concordância

não redundante, encontrados comumente na fala popular – “nós pega o peixe”. O

exemplo servia para deixar clara para o estudante como seria a concordância conforme a

norma culta e a necessidade de adequação da fala à situação comunicativa. O capítulo

também objetivava provocar uma pequena discussão sobre preconceito linguístico. A

mídia não compreendeu a questão tratada no livro e, rapidamente, acusou-o de ensinar o

português “errado” aos alunos, mostrando, assim, sua atitude negativa diante da variante

sem concordância apresentada.

Os estudos linguísticos, por meio de pesquisas com o falante, têm se mostrado

ricos e fundamentais para a explicação e descrição de diversos fenômenos linguísticos;

porém, pouco se tem pesquisado, no Brasil, as atitudes do ouvinte frente aos usos

linguísticos, mais especialmente, aos usos estigmatizados. Necessário se faz que

ampliemos esses estudos. Buscamos, com este trabalho, contribuir, portanto, para esta

natureza de pesquisa.

A elaboração de testes de atitude linguística é fundamental para que se possa

verificar a avaliação linguística dos falantes e, consequentemente, sua influência à

própria língua e às mudanças nela ocorridas. Tais influências podem se dar tanto no

curso da realização de uma mudança, quanto na sua retroação.

No contexto da formação de professores de Língua Portuguesa, especialmente, a

relevância do tema se expande ao auxiliar no esclarecimento da origem de certas

incoerências no ensino de Língua Portuguesa e da rejeição de alguns professores em

6 RAMOS, Heloisa. Por uma vida melhor. Coleção viver e aprender. São Paulo: Editora Global. 2011.

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trabalhar a variação linguística na Educação Básica. Atitudes muito negativas em

relação a variantes marcadas podem ser a justificativa para que esses professores não

queiram explorar a variação, pois teriam que legitimar tais variantes.

Intencionando contribuir com as pesquisas sobre o valor social dos elementos

variáveis, esta tese analisa a atitude linguística de estudantes de Letras da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Observamos, por meio de testes aplicados

aos calouros e concluintes, os três componentes da atitude – cognitivo, afetivo e

comportamental – em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra

paroxítona, como em paciença/poliça, e em relação à pessoa que usa essa variante.

Nossa análise permitiu constatar que:

(a) os testes de atitude desenvolvidos e aplicados são válidos e adequados para

verificar atitudes linguísticas;

(b) no que diz respeito ao componente cognitivo da atitude, alunos concluintes

apresentam atitudes iguais ou mais negativas que os calouros em relação à pessoa que

fala paciença/poliça, contrariando nossa hipótese de que concluintes apresentariam

atitudes mais positivas devido a um maior conhecimento sobre a linguagem. Em relação

às variantes, concluintes apresentam atitudes mais positivas do que as dos calouros.

(c) em relação ao componente afetivo, calouros e concluintes apresentam mais

atitudes negativas que positivas, quase não se diferenciando em relação à pessoa. Em

relação às variantes, ambos os grupos apresentam atitudes negativas, embora as atitudes

dos concluintes tenham sido mais negativas que as dos calouros.

(d) em relação ao componente comportamental, calouros e concluintes

apresentam atitudes bem aproximadas relativas à pessoa: ambos não teriam uma relação

tão íntima quanto o casamento com essas pessoas, embora pudessem tê-las em seu

convívio pessoal. Em relação à variante, as atitudes mostram-se equivalentes para

calouros e concluintes: a maioria não usaria a variante pesquisada.

(e) em geral, a atitude dos calouros é mais positiva que a dos concluintes.

Após a rodada e análise dos dados, em conversa informal, o professor da turma

dos informantes calouros relatou-nos que essa turma, em especial, teve uma discussão

diferenciada sobre o tema da variação/mudança linguística um pouco antes da aplicação

dos nossos testes. Tal discussão pode ter influenciado os resultados desta pesquisa.

Como em alguns casos a atitude dos concluintes é mais negativa que a dos

calouros, acreditamos que os estudos linguísticos não exerceram influência suficiente

para uma mudança de atitudes dos graduandos concluintes de Letras, indicando-nos que

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91

é preciso outras atividades acadêmicas se o objetivo for esse. Nossas expectativas não

foram atendidas, pois esperávamos atitudes diferenciadas entre calouros e concluintes, o

que, em geral, não ocorreu. Acreditávamos que o conhecimento linguístico teórico

ajudaria a desenvolver atitudes positivas, o que levaria os concluintes a se diferenciarem

positivamente dos calouros. Seria interessante, em pesquisas futuras, debruçarmo-nos

sobre a temática da mudança de atitudes, o que não foi discutido nesta pesquisa e que

pode esclarecer melhor o resultado comparativo entre calouros e concluintes.

Nossa pesquisa sociolinguística variacionista, com foco no problema empírico

da avaliação, além de constatar diferenças no julgamento de alunos calouros e

concluintes do curso de Letras, contribui com as pesquisas na área ao sugerir testes que

podem ser aplicados na medição das atitudes. Tais testes podem ser aplicados,

aperfeiçoados ou servir de modelo para que sejam criados outros testes. Sem dúvida,

pesquisas sobre avaliação e atitude linguísticas precisam ser incentivadas devido a sua

importância para reflexões sobre preconceito e prestígio linguísticos e para auxiliar na

compreensão de como se dão as mudanças na língua. Além disso, ao permitir a

observação do valor social das variantes linguísticas, os testes de atitude podem

subsidiar a análise de fenômenos variáveis feita por quem pesquisa o mesmo fenômeno

variável, mas não faz testes de atitude.

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