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Ser espírita para quê?
Mais de 1000 pessoas prestigiam a AME-Internacional na Europa
Reencarnação sob a ótica da ciência
SaúdeEspiritualidade
&
N º 1 6 • O U T / N O V / D E Z 2 0 1 4
HIV e o espírito imortal
2
Saúde & Espiritualidade
Editorial
C
e d i t o r i a l
Como sabemos, a AME-Brasil foi fundada a 17 de
junho de 1995 e a AME Internacional a 5 de junho de
1999. Estamos findando, portanto, o 19º ano da entidade
nacional com a previsão de comemoração dos 20 anos
em Goiânia nos dias 3 a 6 junho, durante a realização do
Mednesp 2015. E acabamos de cumprir mais um périplo
na Europa, com a visita a doze países, completando,
assim, o 12º ano de participação no velho continente.
Antes, porém, neste mesmo ano de 2014, já havíamos
participado de congressos promovidos pela AME-Estados
Unidos e AME-Colômbia em seus respectivos países.
Consideramos natural nossa tentativa de aproximação
com os que falam linguagem semelhante a nossa no
campo da saúde e que fazem parte do movimento
internacional de Medicina e Espiritualidade.
Tudo começou em 30 de março de 1968, com a
fundação da AME São Paulo e a dedicação ímpar, por
cerca de duas décadas consecutivas, da Dra. Maria Julia
de Moraes Prieto Peres, à frente da Secretaria Geral da
entidade, coadjuvada por seu marido Ney Prieto Peres, em
perfeita sintonia com a dinâmica atuação do presidente,
dr Antonio Ferreira Filho.
Impossível deixar de fazer a correlação entre a data
de fundação da AME São Paulo e o que aconteceu
nos Estados Unidos, no início dos anos 70, quando
o dr Herbert Benson começou a lecionar Medicina e
Espiritualidade na Universidade de Harvard, prosseguindo
depois com os cursos de pós-graduação. É preciso ressaltar
também que o papel da AME São Paulo foi decisivo na
fundação da AME-Brasil, o que permitiu a expansão do
movimento médico- espírita em nosso país. Tudo isso
graças à constante orientação espiritual do dr Adolpho
Bezerra de Meneses Cavalcanti, inicialmente através
do médium Spartaco Ghilardi, e que se mantém viva e
atuante até os dias de hoje.
Neste ano de 2014, conforme relato detalhado nesta
edição, acabamos de completar o périplo que abrangeu
14 países: Áustria, República Checa, República Eslováquia,
França, Reino Unido, Portugal, Holanda, Alemanha, Bélgica,
Luxemburgo, Itália e Polônia. Foi mais um passo na
tentativa de levar o nosso ideal além das nossas fronteiras.
E foi bastante salutar, neste ano, a troca de experiências.
Em Lyon, a psiquiatra Olpha Mandhouj que pertence
ao renomado instituto de pesquisa INSERM (U699), e
ao Hospital André-Mignot, em Paris, e tem vários artigos
publicados, falou sobre O Lugar da Espiritualidade nos
Transtornos Mentais. Ressaltou especialmente um dos
seus estudos em que demonstrou que Espiritualidade e
Religiosidade são importantes instrumentos de coping entre
presidiários, com redução de suicídio. Outra expositora, a
psicóloga social, Dra. Lucy Velasco, que tem doutorado em
psicologia, é Mestre de Conferências (MCF), e leciona na
Universidade François Rabelais de Tours, França, falou em
Lyon sobre Bem-estar espiritual das pessoas idosas.
O Dr. Gerhard Gmel do Hospital Universitário de
Lausanne, Suiça, uma das maiores autoridades nos estudos
epidemiológicos sobre alcoolismo e formas de prevenção
através de suas conexões com religião, desenvolveu o tema
Religião e Espiritualidade no domínio das Dependências.
O dr Miguel Farias, português que vive atualmente
em Oxford, Reino Unido, falou também de seus estudos e
pesquisas nessa área.
Em nosso périplo, um momento muito especial foi a
conferência do dr Luis Portela na abertura das 9as Jornadas
Portuguesas, no auditório Aula Magna da Reitoria da
Universidade de Lisboa. Ele falou sobre o título de seu livro,
Ser Espiritual: Da Evidência à Ciência. Foi, sobretudo, uma
aula de humanismo, calcada no conhecimento científico e
na mais pura ética.
Nossa experiência na Alemanha também foi muito
AME – um ideal vencendo fronteiras internacionais M a r l e n e N o b r e
Sumários u m á r i o
Saúde e Espiritualidade é uma publicação da Associação Médico Espírita do Brasil (AME Brasil). AME Brasil - Diretoria - Biênio 2013-2015. Presidente: Dra. Marlene Rossi Severino Nobre. Vice-Presidente: Dr. Gílson Luís Roberto. 1º Secretário: Jorge Cecílio Daher Júnior. Tesoureira: Dra. Márcia Regina Colasante Salgado. Conselho Editorial: Alessandra Granero Lucchetti, Carlos Roberto de Souza, Décio Iandoli Júnior, Domingos Vaz do Cabo, Fernando Augusto Garcia Guimarães, Fernando de Souza, Fernando Sant’Anna, Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Júnior, José Roberto Pereira Santos, Márcia Regina Colasante Salgado, Marlene Rossi Severino Nobre, Paulo Batistuta, Rodrigo Modena Bassi, Sérgio Luís Lopes, Vicente Pessoa Júnior. Textos: Décio Iandoli Jr., José Henrique Rubim, Luciana Galvão, Marcus Zulian. Arte e Projeto Gráfico: André Egido. Jornalista Responsável: Giovana Campos: MTb 28.767. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Associação Médico- Espírita do Brasil - Av. Pedro Severino, 323 – Jabaquara - São Paulo/SP - CEP: 04310-060 [email protected]
Editorial 2
Dr. Responde 4
Opinião – Ser Espírita para quê? 6
Médico-Espírita na Prática: HIV e o espírito imortal 8
Evolução da ciência: Reencarnação e Ciência 14
Evolução da ciência: Natureza imaterial do homem e a medicina homeopática 18
Evolução da ciência – Corpúsculos de Nissl 22
Acontece lá fora: AME-Internacional 26
interessante. Destacamos as duas palestras do dr Niko
Kohs , médico, psicólogo, pesquisador de Consciência
e Membro Senior do Instituto Samueli. Desde setembro
de 2013 é membro da Universidade de Coburg como
professor de ciências da saúde, atuando na área de
estímulo para a saúde integrativa. O prof. Dr. Niko Kohls,
dedica-se a mais de 20 anos à área da espiritualidade
e consciência, assim como a suas consequências para a
saúde e a doença. Recebeu o prêmio Amalia do Instituto
“Weimarer Visionen“ pelo pensamento novo na categoria
de ciência.
O dr Kohs expressou aos médicos brasileiros a sua
satisfação pela forma com que as palestras foram
apresentadas.
AME – um ideal vencendo fronteiras internacionais Em Luxemburgo um colega gastroenterologista
nos procurou pedindo indicação de algum curso
sobre Medicina e Espiritualidade na Europa e
infelizmente não pudemos satisfazê-lo por não termos
conhecimento de nenhum curso dessa natureza no
velho continente.
Quem sabe as nossas idas com a realização dos
périplos esses cursos se tornem realidade. Pelo menos
puder indicar a ele um congresso que se realiza desde
2009, que trata de Medicina e Espiritualidade. Já é um
começo.
Dra. Marlene Nobre é médica ginecologista, presidente
da AME-Brasil e AME-Internacional.
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Saúde & Espiritualidade
Reprodução Assistida e BioéticaSou espírita e preciso de orientação para tomar
uma decisão importante.
Estou querendo engravidar e decidi procurar ajuda
através de fertilização in vitro, pois tenho uma relação
homoafetiva e queremos constituir uma família. Des-
de então tenho procurado informações sobre o assun-
to e descobri que são fecundados mais óvulos dos que
são implantados no útero da mulher, ou seja, os que
não forem implantados são descartados. Minha dúvi-
da é se para o mundo espiritual os óvulos fecundados
já tem vida ou se podem ser considerados com vida
apenas a partir do momento em que se podem ouvir
os batimentos cardíacos?
Espero conseguir uma orientação.
(A.P.)
Cara A.P.
O Livro dos Espíritos na questão 344 traz a seguinte
resposta a uma pergunta de Kardec:
Questão 344. Em que momento a alma se une ao
corpo?
“A união começa na concepção, mas só é completa
por ocasião do nascimento. Desde o instante da con-
cepção, o Espírito designado para habitar certo corpo
a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais
se vai apertando até ao instante em que a criança vê a
luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela
se conta no número dos vivos e dos servos de Deus”.
Nós Espíritas, portanto, baseados na resposta dos
espíritos e em outras comunicações espirituais, temos
a convicção que a vida do ser humano se inicia no
Dr. RespondeD R . R E S P O N D E
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Saúde & Espiritualidade
momento da fertilização ou concepção. Independente
do modo em que o embrião é gerado seja por relação
sexual ou em laboratório (fertilização in vitro), o em-
brião é portador de vida e com toda a possibilidade de
ter um espírito a ele ligado. Como não temos meios de
saber qual embrião tem a ele ligado, um espírito, deve-
mos respeitar e preservar todos, como seres humanos.
Na técnica de reprodução assistida são produzidos de
8 a 12 oócitos (pré-óvulos) que vão dar origem ao mes-
mo número de embriões, quando associados aos esper-
matozoides, em laboratório. Desse total, são implanta-
dos no útero da mulher, um máximo de quatro, o que é
o limite permitido pelo Conselho Federal de Medicina,
para evitar gestações múltiplas e riscos maiores de in-
sucessos. O restante 4 a 8 embriões, não implantados,
serão congelados. No Brasil, a Lei de biossegurança,
permite que após três anos de congelamento, os embri-
ões não aproveitados pelos pais e com a permissão dos
mesmos, sejam usados para pesquisa científica.
Nós, da Associação Médico Espírita do Brasil somos
contra o uso dos embriões congelados para quaisquer
fins que não seja o da reprodução humana, pois respei-
tamos a vida do embrião.
Sugiro que vocês conversem com o médico respon-
sável pela reprodução assistida e solicitem a produção
de no máximo quatro embriões e que todos eles sejam
implantados no útero, evitando assim o congelamento
e possível descarte posterior. Considerem, também,
que ao decidir pela reprodução assistida os embriões
formados são frutos de uma decisão (livre arbítrio) do
casal, baseados num desejo que enseja amor e respon-
sabilidades, tanto para os embriões implantados como
para os excedentes.
José Roberto Pereira Santos
COMISSÃO DE BIOÉTICA DA AME - BRASIL
DIU
Gostaria de receber sua opinião a respeito de um
tema que está me deixando bastante preocupada,
que é a minha utilização do DIU como método con-
traceptivo.
Dr. RespondeD R . R E S P O N D E
Uma pessoa (espírita) me afirmou que ao uti-
lizar o DIU eu estou fazendo muito mal ao meu
corpo e especialmente ao meu espírito, pois, pelo
fato desse método ter suprimido a menstruação
e, consequentemente, os sintomas desagradáveis
da TPM, eu não estou me dando a chance de lidar
com eles (inchaço, enxaqueca, alterações fortes no
humor). Além disso, por não menstruar, não estou
permitindo que meu corpo “chore por não ter en-
gravidado”.
Até o próximo mês devo retirar meu DIU pelo
final de prazo de validade (cinco anos), e então,
devo decidir se coloco um novo ou não.
Agradeço imensamente se puderem me orientar!
Abraços fraternos!
(P.)
A consulente provavelmente está usando um DIU
hormonal (ou SIU) cujo princípio ativo é o levonor-
gestrel (MIRENA), pois informa que a validade do
DIU é de 5 anos, o que é compatível com a duração
desse DIU. O DIU de cobre tem duração de 10 anos.
Ela demonstra preocupação com o corpo e o espí-
rito, pelo fato de usar o dispositivo.
O DIU hormonal pode realmente causar alguns
efeitos locais e sistêmicos, mas normalmente é bem
tolerado. Se ela já usou por cinco anos, sem pro-
blemas, isso demonstra que no seu caso não está
havendo problemas físicos.
Em relação aos possíveis problemas espirituais por
ter suprimido a menstruação e não sentir as mani-
festações clínicas da TPM, isso é um mito, pois o uso
de medicamentos para tratar de TPM ou interrom-
per a menstruação não causam qualquer problema
ao espírito.
A preocupação que a consulente deve ter não é
com o seu espírito, mas com a possibilidade do DIU
hormonal provocar o aborto, pois não há uma segu-
rança de 100% que, com o seu uso, a fecundação
não aconteça e, ocorrendo a fecundação ele é abor-
tivo, pois vai impedir a implantação do embrião no
útero, o que significa um aborto.
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Saúde & Espiritualidade
OpiniãoO P I N I Ã O
Ser espírita para quê?- Para pedir a opinião de espíritos sobre as suas esco-
lhas?
Não é melhor pedir para alguém que você possa ver?
- Para alcançar a cura do seu corpo físico?
Não é melhor consultar alguém treinado e preparado
para te ajudar nisso, como um médico, por exemplo?
- Para fazer caridade?
As oportunidades estão em todos os lugares e, geral-
mente, começam em casa
- Para pedir perdão por seus erros?
Jesus não precisa perdoar, já que ele não se ofende.
Não se esqueça que ele te ama incondicionalmente
Há mais de 2000 anos que Jesus veio nos mostrar o
caminho mais curto para a evolução, afim de atingirmos
a felicidade plena. Veio nos ensinar que Deus (causa pri-
mária e origem de todas as coisas) é perfeito e, portanto,
infinitamente bom e justo. Nos disse que o amor é a es-
sência de tudo o que existe e que é o caminho a verdade
e a luz.
Nós transformamos os seus ensinamentos de acordo
com os nossos interesses imediatos e mesquinhos de po-
der, construindo uma indústria de opressão, intolerância
e discriminação sob a bandeira da moral cristã.
Criamos o céu e o inferno, criamos a culpa e o castigo
imposto por Deus para nos “depurarmos” de nossos er-
ros. Criamos a benção e a hóstia dadas pelo sacerdote,
aquele que foi “escolhido” por Deus, e interpretamos a
mensagem evangélica para nossa comodidade ou forma
de poder “temendo” a Deus.
Veio o espiritismo, a terceira revelação (Moisés, Jesus e
o Espiritismo), redirecionando nossa trajetória, iluminan-
do nossos caminhos, racionalizando nossa fé e afastando
os dogmas acumulados com o tempo, a política e os inte-
resses dos mais poderosos.
O espiritismo veio nos libertar da forma e nos solicitar a
mudança do conteúdo.
Veio nos mostrar o que realmente importa, ou seja,
a reforma íntima, o que significa dizer, que precisamos
mudar a nós mesmos para mudar o mundo, que tudo
começa dentro de nós, contando com a reencarnação
como ferramenta de aprendizagem e a mediunidade
como veículo de comunicação com o mundo espiritual,
que é o mundo real.
O que estamos fazendo deste presente do Mestre Je-
sus?
O inferno virou umbral, o castigo virou carma, a hóstia
a água fluidificada e a benção do sacerdote o passe.
Continuamos esperando os milagres e não ouvimos a
voz das doenças que acometem nossos corpos nos cha-
mando à razão.
Os demônios viraram obsessores e nós, continuamos
vítimas do mal.
A mediunidade é o oráculo e o médium o profeta, a fim
de terceirizarmos a responsabilidade das nossas escolhas,
nos dando a chance de achar um culpado para os nossos
destinos.
A melhor e a pior notícia que o espiritismo nos traz é a
mesma, ou seja:
“Nós somos responsáveis por nossas escolhas”
Ajuda-te e o céu te ajudará, planta e colherás
Então vejamos:
A lei da ação e reação, não é a lei de Talião.
A cura que se busca pelo Cristo é a cura da alma, é a
busca da saúde integral.
O passe e a água fluidificada são os lenitivos que tem
por objetivo o encorajamento à luta pela nossa própria
evolução, assim como a doença física que vem nos evi-
denciar aquilo que nos falta, o que precisa ser desenvolvi-
do em nosso estado de incompletude.
Um espírito verdadeiramente sábio e orientador, ja-
mais escolherá por você, pois ele sabe que o livre arbítrio
é direito inviolável do indivíduo, é lei divina.
PDécio Iandoli Júnior
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Saúde & Espiritualidade
OpiniãoO P I N I Ã O
A cura do corpo, quando se dá, é produto do doente
que encontrou a causa, o motivo, aprendendo e, assim,
anulando o efeito.
Ser espírita para quê?
- Para ajudar ao próximo?
Sim
- Para compreender a vida?
Sim
- Para diagnosticar e transformar nossas vidas?
Sim, é assim que vamos desenvolver nossa reforma ínti-
ma, correndo atrás do que nos falta. Para mim, o espírita
deve ser aquele que tem o ensejo de ser melhor do que
é1, e assim, ser vetor de desenvolvimento do seu entorno.
Décio Iandoli Júnior é médico, formado pela Universidade São
Francisco, em Bragança Paulista, no ano de 1987. Especializou-
se em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo e é
membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia do Aparelho
Digestivo (CBCD).Concluiu o Doutorado em Medicina no ano
de 1999 pela Universidade Federal Paulista – Escola Paulista de
Medicina (UNIFESP-EPM). É o atual presidente da Associação
Médico-Espírita do Mato Grosso do SUL (AME-MS). Escreveu os
livros “Fisiologia Transdimensional”, publicado em 2001, “Ser
Médico e Ser Humano”, publicado em 2002 (Vertido para o
Espanhol) e “A Reencarnação como Lei Biológica” publicado em
2004 (Vertido para o Inglês), “Um Homem no Fundo do Espelho”
publicado em 2007 e autor do capítulo intitulado “O médico
diante da morte” no livro “Medicina e Espiritismo” publicado em
2003.
Para mim, o espírita deve ser aquele que tem o ensejo de ser melhor do que é, e assim, ser vetor de desenvolvimento do seu entorno.
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Saúde & Espiritualidade
Médico-Espírita na Prática
HIV/AIDS o mundo, o Brasil e um ponto de vista espiritual
O HIV é um retrovírus exógeno (uma zoonose) origina-
do na África.
A infecção pelo HIV, seu estágio final AIDS e as mais
recentemente, as complicações relacionadas ao processo
inflamatório crônico desencadeado pela presença do
vírus no interior das células são o maior desafio da saúde
pública na atualidade.
A estimativa mundial de adultos e crianças vivendo
com HIV/AIDS em 2013 é de um total de 35 milhões de
pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) e a estimativa de
novas infecções para o ano de 2013 é de 2,1 milhões 1.
Calcula-se a partir da incidência anual por 100.000
habitantes, que 6.000 novos casos ocorram por dia, com
ampla maioria ocorrendo no continente africano (África
Sub-Saariana). Aproximadamente 68% estão na África
Sub-Saariana, 700 casos em crianças com menos de 15
anos e 5200 em adultos com mais de 15 anos. Destes
adultos quase 47% em mulheres jovens e 33% entre
pessoas jovens (entre 15 e 24 anos)1.
As estimativas para o Brasil em 2013 são de 39.501
novos casos, portanto 108 novos casos por dia 2.
No Brasil 0,4% da população tem HIV/AIDS. A epide-
Luciana Lima Galvão
M é d i c o - e s p í r i t a n a p r á t i c a
O
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Saúde & Espiritualidade
Médico-Espírita na PráticaM é d i c o - e s p í r i t a n a p r á t i c a
mia está ocorrendo predominantemente, mas não exclu-
sivamente, em populações chave e em grandes centros
urbanos. A incidência nas populações chave é de que
5,9% dos usuários de droga (UD), 5,0% dos usuários de
crack (UC), 10,5% dos gays e outros homens que fazem
sexo com homens (HSH) e 4,9% dos transexuais (TS) e
transgênero vivem com HIV/AIDS 2.
de genes de transcriptases no genoma humano. Desta
feita, abre-se também à oncologia a exploração mole-
cular do controle de crescimento celular assim, como
de toda a pesquisa na área da biologia molecular.
Outro dado relevante, até pouco tempo atrás se
considerava como critérios para o inicio da terapia
antiretroviral, dentre outros parâmetros, a contagem
de células CD4 próxima de 500 células/ml em núme-
ro absoluto, a perda de mais de 100 células CD4 por
ano e a presença de carga viral muito elevada (acima
de 100.000 copias/ml). Atualmente, dentre as metas
mais importantes a serem alcançadas no controle da
epidemia estão o diagnóstico precoce, a ampliação co-
bertura de tratamento a todas as pessoas portadoras e
a obtenção da indetecção de vírus circulante em 90%
das PVHA.
Corroborando estas medidas para a contenção da
epidemia uma recente publicação de novembro de
2014 do Journal of the American Medical Associa-
tion JAMA levanta uma nova discussão em relação ao
tratamento do portador do HIV. O objetivo da terapia
antiretroviral de alta eficiência (HAART) foi centrado
primariamente na obtenção de carga viral do HIV
indetectável, porque não fazê-lo implica pior recupera-
ção imune. E até recentemente a contagem de células
CD4, como alvo de saúde imunológica não fora valida-
da e nem o momento entre o intervalo entre aquisição
do vírus e início da terapia3.
Pesquisadores da Universidade das Forças Armadas
de Maryland-Bethesda examinaram este melhor mo-
mento e concluem que buscar a normalização do CD4
é um objetivo terapêutico viável, quando o esquema
é iniciado dentro dos primeiro 12 meses de aquisição
do vírus. Evoca a importância de estratégias de saúde
pública que incluem a testagem do HIV em pessoas de
risco e o imediato início da terapia HAART logo após
o diagnóstico, o que oferece a melhor chance de um
rápido controle do dano progressivo do sistema imune
e ótima reconstituição imune 3.
Estes mesmos autores lembram que dentre a maioria
dos 35 milhões de pessoas infectadas com HIV, vivem
em condições onde poucos têm a oportunidade de ini-
Abaixo os dados mundiais da localização e das popula-
ções chave nos diferentes continentes.
Vemos nas Américas maior incidência em HSHs, profis-
sionais do sexo e transexuais e transgêneros. Na Europa
e Ásia Ocidental em usuários de droga injetável e migran-
tes e no continente africano o amplo predomínio em mu-
lheres jovens, gestantes e profissionais do sexo 1
Pessoas vivendo com HIV (crianças e adultos) são in-
cluídas como membros de todas as populações caracte-
rísticas. Eles estão incluídos neste mapa do mundo, uma
vez que devem ter acesso universal aos serviços de saúde
(OMS-2013) 1.
As pesquisas dos últimos 25 anos com vacina não se
revelaram promissoras e novas diretrizes passam a dirigir
as pesquisas, sem previsão em médio prazo.
Por outro lado, e de um ponto de vista mais amplo,
desde os primeiros casos de infecção pelo HIV em 1981
identificado nos EUA, a retrovirologia (estudo das in-
fecções causadas por retrovírus) foi alavancada pela
descrição da enzima transcriptase reversa (RT) uma DNA
polimerase dependente de RNA que reverte o fluxo de
informação genética e posteriormente pela identificação
PUD – paciente usuário de droga com mais de 18 anosPU crack – paciente usuário de crack com mais de 18 anos
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Saúde & Espiritualidade
Médico-Espírita na PráticaM é d i c o - e s p í r i t a n a p r á t i c a
ciar a terapia dentro de 12 meses da soroconversão. Eles
ainda apontam que “precisamos de melhores formu-
lações de drogas antirretrovirais que suprimam com-
pletamente a replicação viral nos tecidos”. E de que,
além disso, “ainda precisamos de terapias que eliminem
as causas de ativação imune persistente (causadoras
da inflamação crônica e suas complicações crônicas rela-
cionadas à presença do HIV) e que restaurem os tecidos
linfóides em sua função e anatomia normais”.5
Sobre riscos e mecanismos de aquisição
Para entendermos os riscos de infecção pelo HIV, é
interessante entender como ocorre a relação entre o vírus
e o corpo humano no primeiro contato que infecta a pes-
soa. O HIV, obviamente tem que entrar em contato com
células específicas do corpo humano, que estão nas mu-
cosas do organismo humano (genital, anal, boca cavida-
des e olhos) ou na corrente sangüínea (como nas transfu-
sões e drogas injetáveis). Um grupo de células chamadas
dendríticas amplamente distribuídas nas mucosas, tem
grande capacidade de captar o HIV, sendo este fato pre-
ponderante para a grande eficiência de transmissão do
HIV através do sexo anal.
A transmissão através de transfusão de hemoderivados
infectado varia de 95 a 100% (e depende do hemoderi-
vado utilizado). A transmissão vertical (da mãe gestante
para o recém-nascido) que sem o uso de antirretroviral
ocorria entre 20 e 30% torna-se virtualmente zero com
a utilização das medicações e o uso do aleitamento arti-
ficial.
Um ponto de vista desta questão para o espírito
imortal
Para tanto, trazemos um trecho da nota ao leitor (que
segue o prefácio da obra) de André Luiz do livro EDM,
onde ele nos diz: Ajustadas a supremo conforto, no
oceano das facilidades materiais, não se forram as cria-
turas humanas contra os pesares da solidão e da an-
gústia. No navio da civilização instalam-se os homens,
em direção ao porto que já alcançamos pelo impulso
da morte. Contudo, isso não impede que regressemos
ao bojo da nave imponente (civilização) para alertar
o ânimo dos viajores nossos irmãos, com passaporte
imprescritível para o mesmo país da Verdade que os
espera amanhã, quanto ontem nos aguardava. E volta-
mos porque a suntuosidade da embarcação não está
livre do nevoeiro da ignorância a lhe facilitar a incursão
entre os rochedos do crime (não apenas o crime aos
outros, mas principalmente a nós próprios) nem segura
contra a violência das tempestades que lhe convulsio-
nam as organizações (emoções, pensamentos e compor-
tamentos) e ameaçam a estrutura... Em cujas células
sutis a nossa própria vontade situa as causas de nosso
destino sobre a Terra... Se não sentes o frio da noite so-
bre o revolto mar das provações humanas, entorpecido
na ilusão que te faz escarnecer da própria verdade, nos-
sa lembrança em tuas mãos traz errado endereço4.
Mas se guardas contigo o estigma do sofrimento,
indagando pela solução dos velhos problemas do ser e
da dor, se percebes a nuvem que prenuncia a tormenta
e o vórtice traiçoeiro das ondas em que navegas, vem
conosco... Estudemos a rota de nossa multimilenária
romagem no tempo para sentirmos o calor da flama de
nosso próprio espírito a palpitar imorredouro na Eterni-
dade e, acendendo o lume da esperança, perceberemos
juntos, em exaltação de alegria, que Deus, o Pai de
Infinita Bondade, nos traçou a divina destinação para
além das estrelas 4.
Ainda André Luiz/Francisco Candido Xavier, nos diz:
para definir o corpo espiritual é preciso considerar
antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico,
porque na realidade, é o corpo físico que o reflete, tan-
to quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si
o corpo mental, que lhe preside a formação 5. O nosso
corpo mental como envoltório sutil da mente coordena a
formação do corpo perispiritual ou espiritual e este a for-
mação do corpo físico. Assim toda aquisição, incorpora-
ção ou atualização que sofre o corpo físico já ocorreu pri-
meiramente no corpo mental e espiritual. E as traduções
evolucionárias que observamos no genoma das células
do corpo físico ocorrem em decorrência das atualizações
do “desse software” chamado corpo perispiritual.
Temos na atualidade a psiconeuroimunologia (PNI)
11
Saúde & Espiritualidade
Médico-Espírita na PráticaM é d i c o - e s p í r i t a n a p r á t i c a
que nos informa sobre os aprendizados associativos e a
teoria dos condicionamentos e estamos absolutamente
maravilhados com a extensão da comunicabilidade
do sistema nervoso com o sistema imunológico e vice-
-versa. Vejamos André Luiz no terceiro capítulo de EDM:
E entendendo-se que a civilização aludida floresceu
há mais ou menos duzentos mil anos, preparando
o homem, com a benção do Cristo, para a respon-
sabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter
recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a
automatizar na constituição fisiopsicossomática do
espírito humano as aquisições morais que lhe habili-
tarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de
ascensão à Consciência Cósmica6 .
Poderíamos então teorizar que as aquisições in-
telectuais, emocionais através de comportamentos
repetitivos estão e estarão constantemente sendo in-
corporadas em nosso “software” e a cada encarnação
incorporamos mais.
Em relação ao HIV poderíamos considerá-lo nesse
contexto, como uma moratória (uma espera ou pror-
rogação concedida pelo credor ao devedor) um tempo
para repensar o presente com vistas ao futuro (ainda nes-
ta e nas próximas encarnações). Quando observamos os
dados da OMS, 6.000 novos/ dia e 68% deles não terão
ainda a possibilidade de iniciar terapia antirretroviral em
nossos dias. Sem dúvida essa é uma emergência.
Questões prementes que exigem mudanças de
comportamento
O comportamento o HIV e as doenças de transmissão
sexual – na prática diária com a pessoa convivendo com
HIV/AIDS (PVHA) percebemos o desrespeito como temos
tratado nossa energia criadora e, por conseguinte do nos-
so próximo, os excessos, a extensão do desconhecimento
das formas de aquisição das diferentes doenças de trans-
missão sexual e dos riscos associados às diversas práticas
sexuais como rapidamente descritos acima.
Sexo e destino
Quanto ao aparecimento do sexo, nos relata André
Luiz EDM: ...após longos faixas de tempo em bactérias
12
Saúde & Espiritualidade
e células em reprodução agâmica (sem gametas) eis
que determinado grupo apresenta no imo da própria
constituição qualidades magnéticas positivas e ne-
gativas que lhe são desfechadas pelos Orientadores
Espirituais encarregados do progresso devido ao
planeta. Pressente-se a evolução animal em vésperas
de nascer 7.
Ainda nos diz: nos filtros do transformismo o princi-
pio inteligente é experimentado de modos múltiplos
no laboratório da natureza... Os tecidos germinais
sofrem, por milhares de anos, provas continuadas
para que se lhes possa aferir o valor e se lhes apure o
adestramento... Os cromossomas permanecem imor-
redouros, através dos centros genésicos de todos os
seres, encarnados e desencarnados, plasmando ali-
cerces preciosos aos estudos filogenéticos do futuro 7.
Na genealogia do espírito... além da ciência que
estuda a gênese das formas, há também uma gene-
alogia do Espírito. Com a Supervisão Celeste, o prin-
cípio inteligente gastou desde os vírus e as bactérias
das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais
ou menos quinze bilhões de séculos, a fim de que pu-
desse, como ser pensante, embora em fase embrio-
nária da razão, lançar as suas primeiras emissões de
pensamento contínuo para os Espaços Cósmico 7.
Na questão da biogênese, em termos de origem da
vida e da evolução genômica, a ciência da atualidade
sabe que nossos ancestrais coexistiram com bactérias,
vírus e retrovírus desde épocas remotas. Isso é regis-
trado na história da evolução do nosso genoma. Os
trilhos da ancestralidade do ser humano demonstram
contato e incorporação de fragmentos genômicos de
transposons e retrotransposons (aproximadamente
44% do DNA humano considerado “entulho” – como
ainda descrito pela genética) e dos conhecidos retro-
vírus endógenos (HERV) estes somando aproximada-
mente 8% do DNA humano.
No entanto, essa ancestralidade é germinal, isto
é, em estrutura de célula ovo onde, por exemplo, um
gene do envelope do retrovírus endógeno 3 (HERV-3)
é essencial no processo de diferenciação trofoblástica
da célula placentária de mamíferos.
Em relação ao sexo e, portanto, ao HIV, nos diz
Emmanuel em Vida e Sexo: “em torno do sexo, será
justo sintetizarmos todas as digressões nas normas
seguintes: Não proibição, mas educação. Não absti-
Médico-Espírita na PráticaM é d i c o - e s p í r i t a n a p r á t i c a
13
Saúde & Espiritualidade
Médico-Espírita na PráticaM é d i c o - e s p í r i t a n a p r á t i c a
nência imposta, mas emprego digno, com o devido
respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina,
mas controle. Não impulso livre, mas responsabi-
lidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para
depois aprender ou reaprender com a experiência.
Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito,
sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal,
tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos me-
canismos da reencarnação, porque a aplicação do
sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto perti-
nente à consciência de cada um”8.
Em matéria de comportamento, é preciso atenção
especial, principalmente dos pais, no trabalho intrans-
ferível de criação de reflexos condicionados saudáveis
em seus filhos, lembrando a teoria dos aprendizados
associativos que se faz primordialmente na educação
infantil. Na idade adulta somente através da vontade
dirigida em mudar, em transformar pensamentos,
emoções e comportamentos é que estes reflexos po-
dem ser transformados. E todo este esforço só faz real
sentido se enxergarmos a vida pelo prisma, pela ótica
do espírito imortal.
Diz-nos Dra. Marlene Nobre a respeito do HIV: “de-
veremos compreendê-la como uma sugestão para
melhorar os nossos costumes. Não podemos dizer
que é um castigo de Deus uma doença que tem
aparecido nos próprios recém-nascidos. Os cuidados,
a higiene e a possível abstenção sexual, e o respeito
de uns frente aos outros, são os remédios de que
dispomos à espera de um antídoto, uma vacina que
está sendo elaborada pelos nossos cientistas”9.
A imunologia perfeita por André Luiz
Sabemos hoje que modificando comportamentos
modificamos a expressão dos nossos genes. Mudan-
ças na atividade física, na alimentação e a percepção
de ser cuidado pela mãe modificam intensamente a
expressão dos nossos genes.
E nos acrescenta André Luiz em EDM, quanto a aqui-
sição da imunologia perfeita: “amparo aos outros cria
amparo a nós próprios motivo porque os princípios
de Jesus, desterrando de nós animalidade e orgulho,
vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-
-nos à simplicidade e à humildade, à fraternidade
sem limites e ao perdão incondicional, estabelecem,
quando observados, a imunologia perfeita em nos-
sa vida interior”10.
Bibliografia:
1) OMS- UNAIDS-UNICEF - www.who.int/hiv/
data/en/ - buscar- HIV surveillance, estimates, moni-
toring and evolution - data and statistic - jul 2014.
2) BRASIL. Boletim Epidemiológico HIV-AIDS -
2014 – Brasília: Ministério da Saúde Brasil, 2013.
3) Okulicz J.F., et col. Influence of the Timing
of Antiretroviral Therapy on the Potential for
Normalization of Immune Status in Human
Immunodeficiency Virus 1–Infected Individu-
als. JAMA Intern Med. doi:10.1001/jamaintern-
med.2014.4010 Published online <November 24,
2014>.
4) Xavier, F.C. ( esp. André Luiz). Evolução em
Dois Mundos. Nota ao leitor pg 18 a 20.- 1958,
23.a edição - Departamento Editorial e Gráfico da
Federação Espírita Brasileira (FEB).Nota ao leitor pg
18 a 20.
5) Xavier, F.C. ( esp. André Luiz). Evolução em
Dois Mundos 1.a parte, Capítulo 2 - Corpo espiritual.
23.a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1958.
6) Xavier, F.C. ( esp. André Luiz). Evolução em
Dois Mundos 1.a parte, Capítulo 3 - Evolução e cor-
po espiritual. 23.a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1958.
7) Xavier, F.C. ( esp. André Luiz). Evolução em
Dois Mundos 1.a parte, Capítulo 6 - Evolução e sexo.
23.a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1958.
8) Xavier, F.C. ( esp. Emmanuel). Sexo e Vida 1.a
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1970. p.6
9) Nobre, MRS. Lições de Sabedoria - Capítulo 62
- Câncer e AIDS. São Paulo:FE,1997.
10) Xavier, F.C. ( esp. André Luiz). Evolução em
Dois Mundos 2.a parte, Capítulo 20 - Evolução e
sexo. 23.a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1958.
Dra. Luciana Lima Galvão é médica infectologista e presidente da AME-ABC.
14
Saúde & Espiritualidade
Médico norte-americano fala sobre reencarnação e estudos científicos
O médico e escritor americano Jim Tucker é diretor
médico da Clínica de Psiquiatria Infantil e Familiar, e Pro-
fessor Associado de Psiquiatria e Ciências Neurocompor-
tamentais da Universidade de Virgínia (EUA), e também
autoridade quando o assunto é pesquisas sobre reencar-
nação e relatos de sobrevivência da alma. Possui mais
de dois mil casos catalogados que relatam memórias de
vidas anteriores, todos comprovados por um método de
pesquisa científico desenvolvido para o estudo.
Tucker é o principal pesquisador da Divisão de Estudos
da Percepção da Universidade de Virginia onde, ao longo
dos últimos 50 anos, investiga o tema. Ele é também
o discípulo do Dr Ian Stevenson, pioneiro e criador do
método, que entrevista principalmente crianças com
memórias de outras vidas e busca a comprovação dessas
lembranças.
A revista Saúde e Espiritualidade conversou com o pes-
quisador acerca de seus estudos sobre o tema e conside-
rações sobre a reencarnação.
Como você se interessou pela reencarnação?
Jim Tucker – Quando eu me interessei pela questão da
vida após a morte, comecei a explorar o trabalho já rea-
lizado pelo médico e pesquisador canadense Ian Steven-
son. Eu morava em Charlotesville, nos Estados Unidos, a
mesma cidade onde ele trabalhava para a Universidade
de Virginia, e por acaso, contatei seu escritório para me
voluntariar e ajudar em sua pesquisa com experiências
de quase morte. Interessando-me cada vez mais por toda
a área que envolvia a vida após a morte, eu comecei a
me debruçar mais sobre os casos de memórias de vidas
passadas enquanto Ian procurava alguém para ajudá-lo
a conduzir este trabalho.
Você julga que as evidências encontradas até o
momento são suficientemente consistentes para
afirmar que a reencarnação faz parte de um proces-
so biológico?
Tucker – Nossos casos não são provados, então não po-
demos dizer muito sobre o processo da reencarnação ou
mesmo se é algo que todas as pessoas experimentam,
vivenciam. Eu acredito que podemos dizer que nossos
casos de estudos mais fortes oferecem sólidas evidências
de que algumas crianças podem ter memórias de vidas
que ocorreram no passado, anterior a esta vivência.
É possível explicar cientificamente a reencarnação?
Tucker – Eu não posso oferecer uma explicação especí-
fica. Parece-me ser um fenômeno da consciência, sendo
a consciência associada a um corpo, mas não necessaria-
mente dependente deste corpo. Nossos estudos mostram
que após um indivíduo morrer, algo de sua memória,
bem como suas emoções, continuam e a partir daí se
ligam a um novo corpo.
O que estimula estas memórias de possíveis vidas
passadas?
Tucker – Na maioria das famílias que foram pesquisa-
O
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
G i o v a n a C a m p o s
15
Saúde & Espiritualidade
Médico norte-americano fala sobre reencarnação e estudos científicos
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
das não foi possível identificar o que de fato ativa esta
memória; as crianças, em tenra idade, apenas começa-
vam a falar sobre suas memórias relacionadas a uma
vida anterior. No entanto, as crianças com mais idade
que começavam a falar sobre uma vida passada, eram
mais propensas a falar sobre o assunto quando viam
algo ou alguém que remetia a alguma lembrança de
suas vidas passadas
É possível quantificar quantas crianças começaram
a lembrar espontaneamente de suas vidas passadas?
Tucker – Houve um estudo realizado na Índia que de-
terminou que as lembranças espontâneas ocorriam em
1 dentre 450 indivíduos. Mas os pesquisadores reconhe-
cem que podem ter perdido alguns dados para melhor
precisão deste número.
E quanto à idade? Este processo de relembrar as
vidas passadas são mais ativos apenas durante a
infância? E quanto à adolescência e vida adulta – há
alguma possibilidade de lembrar as vidas passadas
espontaneamente nestes períodos?
Tucker – A idade média em que as crianças começam
a falar sobre suas vidas passadas é de 35 meses, ou seja,
por volta dos três anos, e como algumas exceções, a
maioria para de falar sobre elas com seis ou sete anos. É
possível que retenham alguma lembrança mesmo após
parar de falar sobre estas memórias. Algumas pessoas
com mais idade relatam que conseguem acessar suas
vidas passadas durante meditação ou regressões com ou
sem hipnose, mas geralmente estas informações acabam
não sendo verificadas.
16
Saúde & Espiritualidade
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
17
Saúde & Espiritualidade
Há uma metodologia para estudar estes casos?
Tucker – Nós temos uma lista de 200 itens os quais
perguntamos às famílias pesquisadas. As respostas são
então codificadas e entram em um banco de dados.
Tentamos também falar com quantas ‘testemunhas’
sejam necessárias – a própria criança, seus pais, al-
guém que tenha escutado a criança relatar sua vida
passada e indivíduos que conheciam a pessoa da vida
anterior e possam verificar e confrontar a exatidão das
afirmações feitas pela criança.
O que a psiquiatria e a psicologia dizem sobre
estas memórias?
Tucker – A psiquiatria e a psicologia convencionais
ignoram este fenômeno. Nós e nossos colegas fazemos
testes psicológicos com algumas crianças. Algumas
apresentam leves problemas comportamentais, mas
outros estão muito bem. Um achado notável é que
estas crianças tendem a ser mais inteligentes. Um de
nossos colegas, o psicólogo e pesquisador islandês
Erlendur Haraldsson, apontou certa vez que algumas
crianças apresentavam leves sintomas de estresse pós-
-traumático, ou algum grau de ansiedade e mesmo
fobias relacionadas ao modo da morte vivenciado na
vida passada.
Pode a religiosidade ou a espiritualidade inter-
ferir neste processo? Foi analisado algum aspecto
destes fatores na lembrança de vidas passadas?
Tucker – Algumas crianças apresentam uma reli-
giosidade precoce, particularmente se a pessoa foi
religiosa em sua vida passada, mas não é um fator
preponderante na maioria dos casos. Algumas crian-
ças lembram-se de eventos que ocorreram no período
intervidas. Também analisamos que, se uma pessoa
tinha o hábito de meditar em sua vida passada, a
criança é mais propensa a falar sobre uma existência
espiritual entre duas vidas com certo domínio.
Houve algum caso em que você ficou impressio-
nado com os relatos de alguma criança? Se sim,
você poderia compartilhar brevemente este relato?
Tucker – O caso do menino americamo James
Leininger é certamente um notável caso. Por
volta de seus dois anos, ele começou a ter terrí-
veis pesadelos com acidentes aéreos. Então, a
partir daí passou a relatar que era um piloto e
que seu avião havia sido abatido pelos japone-
ses. Ele se lembrou do nome do porta-aviões do
qual decolou, o lugar onde havia sido morto e o
primeiro e o último nome de um amigo que es-
tava no porta-aviões. Posteriormente, foi verifi-
cado que um piloto que estava no porta-aviões
mencionado, havia de fato morrido no lugar
apontado pela criança – e o mais surpreenden-
te – os dados do acidente casavam perfeita-
mente com os relatados pelo menino. O aciden-
te ocorreu por ocasião da 2ª Guerra Mundial, ou
seja, 50 anos antes no nascimento de James e
nem ele nem ninguém de sua família tinham
conexões com quaisquer das pessoas envolvi-
das nos fatos que permearam esta guerra.
Se você tivesse a oportunidade de falar
com os pais de todas as crianças que se lem-
bram de vidas passadas, o que seria? Você as
encorajaria a rememorar este passado?
Tucker – Não, eu não encorajaria a criança a
lembra-se de sua vida passada, pois o processo
pode ser difícil tanto para ela como para seus
pais. Se uma criança começa a relatar fatos
possivelmente anteriores a esta vida, acredito
que os pais devam estar abertos para o que
estas crianças dizem, sem necessariamente dar
uma importância exagerada para isto. E os pais
também devem estar conscientes que é possível
que seu filho possa se sentir entristecido e mes-
mo chorar pela pessoa a qual se referem numa
vida passada, mas estas emoções geralmente
diminuem ou mesmo desaparecem quando
a criança atinge a idade escolar. As crianças
passam a ficar mais envolvidas com seu novo
cotidiano e as memórias de vida passada vão
enfraquecendo.
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
18
Saúde & Espiritualidade
Marcus Zulian Teixeira
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
A Natureza Imaterial do Homem e a Medicina Homeopática
Em todas as civilizações e culturas, desde as épocas
mais remotas, o homem busca compreender sua essên-
cia íntima, ponto de ligação com a Divindade e fator
de entendimento para o mistério da vida e da morte.
Denominada, simplificadamente, como Alma ou Espírito,
representa a esperança na continuidade do ser e de sua
vida de relações afetivas após a morte física, assumindo
posição de destaque nas diversas filosofias e religiões.
Nos antigos povos da Ásia e do Egito surgem concep-
ções bastante complexas e semelhantes sobre a natureza
imaterial humana, frutos de uma mesma raiz iniciática
de conhecimento.
Na China antiga, ensinava-se que o corpo humano
apresenta um complexo sistema de canais ou meridianos
de energia, no qual circula a Força Vital ou Chi, respon-
sável pela manutenção da vida e da saúde. A Medicina
Tradicional Chinesa utiliza este sistema para tratar as
enfermidades e os desequilíbrios orgânicos. Além desta
força vital, acreditava-se na existência de uma energia
ancestral (Tinh) associada à energia mental ou psíquica
(Than), correspondendo ao conjunto dos sentimentos
e pensamentos humanos. Como outras instâncias da
individualidade humana, citam ainda a Alma inferior, a
Alma Superior e o Espírito Divino.
Na Índia dos brâmanes e budistas, entende-se que o
corpo físico (Sthula Sharira) é envolto por um veículo
composto pelo éter, denominado Linga Sharira. Estas
entidades, corpo físico e corpo etérico, são energizadas
pela força vital ou Prana, uma corrente do oceano de
vitalidade (Jiva) ou fluido cósmico universal. Como prin-
cípios intermediários, temos o corpo das paixões, das
emoções e dos sentimentos (Kama-Rupa), a mente ou
alma humana (Manas), que se divide em Manas inferior
(intelecto) e Manas Superior (consciência). Num nível
acima teríamos a alma espiritual ou Buddhi, que é a ma-
nifestação da Sabedoria Celestial, intuindo o homem ao
auto-aperfeiçoamento moral e espiritual. Como entidade
máxima teríamos o Atma (Espírito), fonte primordial de
onde emanam todas as demais manifestações.
No Egito dos faraós, a constituição humana era com-
preendida, além do corpo material (Kha; Chat), pela aura
ou invólucro etéreo (Ba; Anch), pelo veículo das paixões
e emoções ou corpo astral (Khaba; Ka), pela alma ani-
mal (Seb; Ab-Hati), pela alma intelectual ou inteligência
(Akhu; Bai), pela Alma Espiritual (Putah; Cheybi) e pelo
Espírito ou Alma Divina (Atmu; Shu).
Na Grécia antiga, Platão, elaborando as concepções
de Sócrates, transfunde a idéia de que o homem era
composto pela dualidade corpo e alma (Eu superior),
intercalados pelos prazeres e pelas emoções (thumos ou
coração). Aristóteles, seu grande seguidor, alterou a con-
cepção do mestre, definindo a alma como o princípio vi-
tal e racional, material e espiritual, que habita o homem,
misturando conceitos distintos (Aether, Quintessência,
Alma), por não acreditar numa vida pessoal após a mor-
te física. Hipócrates, o “pai da Medicina”, define a força
vital (vis medicatrix naturae) como uma força instintiva
e irracional, que se esforça para manter o equilíbrio das
E
19
Saúde & Espiritualidade
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
A Natureza Imaterial do Homem e a Medicina Homeopática
funções orgânicas, sem qualquer relação com o conceito
aristotélico. Em linhas gerais, a filosofia grega reconhece
no homem o corpo material (soma), a força vital (vis me-
dicatrix naturae), a alma animal ou veículo das paixões e
emoções (psyche) e a alma humana, mente ou intelecto
(nous).
De Hipócrates até o século XIX, a Medicina foi influen-
ciada pelo pensamento vitalista, que aceitava a existên-
cia de um princípio energético, vital, ligado substancial-
mente à materialidade orgânica, responsável pela ma-
nutenção da saúde do corpo físico. Personalidades como
Erasistrato, Rhazes, Paracelso, Sydenham, van Helmont,
20
Saúde & Espiritualidade
Stahl, von Haller, Claude Bernard dentre outras, de-
fendiam o princípio vitalista, mas sem utilizarem um
método terapêutico para equilibrarem a força vital
orgânica em desequilíbrio. No final do século XVIII,
Samuel Hahnemann cria a Homeopatia, inaugurando
uma etapa da terapêutica humana em que a unidade
entre a doença e o doente é valorizada, atuando com
seus medicamentos dinamizados nas distonias da for-
ça vital, transmitindo ao restante da individualidade
humana (Mente e Espírito) um bem-estar indizível.
Da língua latina provém a origem de inúmeras di-
ficuldades interpretativas dos termos que definem as
entidades imateriais do homem, por colocarem dian-
te de um único elemento material até seis elementos
invisíveis: animus, anima, mens, spiritus, intellectus
e ratio. Ao invés das complexas diferenças conceitu-
ais que abrigavam termos semelhantes, os idiomas
franco-saxões mantiveram o simplismo teológico dos
dois princípios imanentes: corpo e alma. Desta forma,
disseminou-se a idéia geral de que o homem possui
um corpo e uma Alma ou Espírito, sem levar em consi-
deração as demais entidades imateriais da individua-
lidade humana.
O animus corresponderia a um princípio localizado
no coração, responsável pela coragem, o valor, o ar-
rojo e a impetuosidade humana frente aos grandes
empreendimentos. O termo anima aplica-se à força
vital, fluido universal ou Linga Sharira, intimamente
ligada ao corpo físico, com a propriedade de transmi-
tir vida à matéria inerte. Grande parte das confusões
referidas anteriormente surge da tradução destes
termos (animus e anima) pela palavra “alma”, que
engloba a totalidade das faculdades intelectuais. As-
sim sendo, a palavra mens é que corresponde à alma
humana da teologia católica, com o significado de
mente humana ou Manas da concepção hindu, sem
estar unida ao corpo sistematicamente. Ao spiritus
corresponderia o corpo astral ou Kama, ao intellectus
o entendimento superior ou Buddhi e à ratio a enti-
dade espiritual de caráter divino ou Atma.
Na concepção cristã do Novo Testamento, encon-
tramos conceitos como Alma e Espírito, utilizados
indistintamente como sinônimos, representando a
entidade espiritual e divina que habita o corpo hu-
mano. Em inúmeras passagens, a palavra “espírito” é
utilizada com o significado de entidades obsessoras
que perturbam os homens, causando-lhes doenças
e outros tipos de perturbações psíquicas. São Paulo,
na Primeira Epístola aos Coríntios (I Co. XV, 35-49),
delega uma natureza corporal ao espírito, como
as concepções orientais citadas anteriormente
(“também há corpos celestiais e corpos terrestres”;
“se há corpo natural, há também corpo espiritual”).
Na Segunda Epístola aos Tessalonicenses (II Ts. V,
23), utiliza a divisão tríplice humana (corpo, alma
e espírito): “e o vosso espírito, alma e corpo, sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis”; relaciona a
alma às faculdades sensitivas e o espírito à mente
ou razão, de acordo às concepções esotéricas orien-
tais de corpo astral e corpo mental, respectivamente
(Hebreus IV, 12). Apesar da concepção tríplice do
homem ter sido admitida e ensinada pelos precur-
sores da Igreja Católica (Irineu, Justino Mártir, Cle-
mente, Orígines, Gregório e Santo Agostinho), não é
ensinada atualmente pela mesma.
Segundo a Cabala hebraica, que corresponde ao
conhecimento esotérico do povo judeu, o homem
apresenta um Guph (corpo físico), unido substan-
cialmente ao Nepesh (alma vivente), servindo de
morada terrena às demais estruturas sutis em pro-
cesso de evolução. Como entidades intermediárias
temos a alma animal ou Tzelem (ou Nephesh) e o
Ruach (alma intelectual). Constituindo uma tríade
superior, temos o Neshamah (Alma Humana), o
Chiah (Alma Espiritual) e o Yechidah (Espírito Divi-
no). Estes princípios eram associados às Dez Sephi-
roth ou potencialidades humanas (Árvore da Vida).
Como fruto deste “conhecimento iniciático orien-
tal”, trazido por Christian Rosenkreuz e Helena P.
Blavatsky, surgem no Ocidente a Rosa-Cruz e a Te-
osofia, apresentando um estudo pormenorizado da
natureza imaterial humana. Dentro das concepções
rosa-cruz e teosófica, teríamos, respectivamente,
o corpo vital e o duplo etérico (Linga Sharira); o
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
21
Saúde & Espiritualidade
corpo de desejos e o corpo astral (Kama-Rupa); a
mente e o corpo mental (Manas inferior); o Espírito
Humano e o Corpo Causal (Manas Superior); o Es-
pírito de Vida e o Corpo de Beatitude (Buddhi); e,
finalmente, o Espírito Divino e o Espírito (Atma).
Associando sua percepção aos conhecimentos
rosa-cruzes e teosóficos, Rudolf Steiner cria a Antro-
posofia, trazendo contribuições às várias áreas do co-
nhecimento humano. Divide a natureza sutil humana
em corpo etéreo ou vital, corpo anímico-sensitivo ou
corpo astral, alma do intelecto ou organização do
Eu, Alma da Consciência, Personalidade Espiritual e
Homem-Espírito, em analogia às demais definições
citadas.
Finalizando, citemos a concepção imaterial do ho-
mem segundo a Doutrina Espírita, que é bastante
divulgada em nosso meio. Simplificando conceitos,
apresenta uma visão ternária do homem, constituída
pelo princípio vital (união entre corpo físico e força
vital), perispírito e Espírito. Com o termo perispírito,
une o corpo astral e o corpo mental das demais con-
cepções, em vista da dificuldade de separarmos, na
prática, os sentimentos dos pensamentos humanos.
Segundo suas definições, o Espírito também engloba-
ria o Corpo Causal e Corpo de Beatitude anteriormen-
te citados.
Desde a juventude, a certeza de uma individualida-
de humana complexa, composta pela tríade corpo-
-mente-espírito, pulsava internamente, fazendo-me
buscar, nas diversas escolas filosóficas, respostas para
as indagações que me afligiam o ser. Nesta peregri-
nação literária e prática, parte dos meus anseios foi
acalmada com o entendimento de que possuímos
uma natureza imortal, em constante evolução, por-
tadora de livre-arbítrio para atuar na direção que me-
lhor lhe aprouver, mas com uma consciência interna
que a orienta quanto ao caminho da Verdade e da
Justiça. Dentre outros, conceitos universais como lei
do karma e princípio da reencarnação, encontrados
nas filosofias orientais e suas ramificações ocidentais,
trazem uma explicação lógica para o entendimento
das dificuldades e vicissitudes que assolam a Huma-
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
nidade. A outra parte dos anseios permanece em mim
latente, alimentando o interesse e a busca por novos
conhecimentos.
Nestas concepções filosóficas antigas, que parecem
ter se originado de uma fonte de conhecimentos co-
mum (raiz iniciática), os princípios imateriais humanos
e suas manifestações são amplamente estudados,
numa natureza sétupla de extrema complexidade. Sob
este prisma, o modelo antropológico humano adquire
matizes fascinantes.
Ao buscar a Homeopatia como especialidade médi-
ca, além do interesse despertado pela observação de
resultados clínicos surpreendentes, a idéia da existên-
cia de uma força vital imaterial, responsável pela ma-
nutenção da saúde e foco de atuação do tratamento
homeopático, foram razões suficientes para me fazer
decidir por este caminho, apesar do preconceito exis-
tente entre os colegas de profissão.
Embora o modelo homeopático seja praticamente
experimental e científico, apresentando uma tera-
pêutica que se baseia no princípio da similitude e na
experimentação no homem são, o modelo filosófico
vitalista amplia o entendimento da enfermidade e seu
tratamento, trazendo, inclusive, subsídios para que se
compreenda o emprego das doses infinitesimais (me-
dicamento dinamizado) pela Homeopatia. Por outro
lado, os conceitos vitalistas trazidos por Hahnemann,
buscando explicar o mecanismo de ação dos medica-
mentos homeopáticos (despertar da reação vital ou
efeito secundário), fruto da observação minuciosa do
efeito das substâncias medicinais no organismo hu-
mano, encontram respaldo nos mecanismos homeos-
táticos do organismo, estudados pela Fisiologia e pela
Farmacologia modernas.
Referência bibliográfica:
Teixeira, Marcus Zulian. A Natureza Imaterial do Ho-
mem: estudo comparativo do vitalismo homeopático
com as principais concepções médicas e filosóficas.
São Paulo: Editorial Petrus, 2000, 478 páginas.
* Marcus Zulian Teixeira, médico homeopata, www.homeozulian.med.br.
22
Saúde & Espiritualidade
José Henrique Rubim de Carvalho
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
Novo paradigma para a medicina no Século XXI e a contribuição de André Luiz – os Corpúsculos de NISSL
André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos, no capítulo IX da primeira parte intitulado Evolução e Cérebro, nos fala sobre o Fator de Fixação, relacionando-o com o corpúsculo de Nissl1.
Franz Nissl (1860-1919) (figura 1), neuropatologista ale-mão, trabalhou como chefe de clínica ao lado do eminente médico Alois Alzheimer (1864-1915). Os dois ao lado de Emil Sioli (1852-1922), no Asilo Municipal para Doentes Mentais, “geraram pesquisas de alta qualidade, transfor-mando o Asilo em um sanatório psiquiátrico de prestígio onde, uma das preocupações fundamentais era de evitar toda e qualquer medida coercitiva para conter pacientes agitados, substituindo-as por ações humanizadas e também de promover investigações clínicas de alta qualidade cientí-fica, examinando cérebros de pacientes psiquiátricos que ali faleciam, correlacionando seus sintomas com as alterações anatomopatológicas2”. Passaram a pesquisar profunda e detalhadamente as doenças do sistema nervoso, estudando particularmente a anatomia normal e patológica do córtex cerebral, trabalho que deu origem a um tratado de seis volu-mes denominado “ Estudos Histológicos e Histopatológicos do Córtex Cerebral ” – Histologische und Histopatologische Arbeiten über die Grosshirnrinde – publicado entre 1906 e 1918. Seus colegas referem-se a Nissl como “ o psiquiatra do microscópio”.
Enquanto Alzheimer concentrava seus esforços estudando os aspectos morfológicos do tecido cerebral, Nissl dedicava--se ao estudo experimental da reação das células nervosas e da substância tigróide, atualmente conhecida como Corpús-culos ou Substância de Nissl, após a secção de seus axônios.
“Os corpúsculos de Nissl ou grânulos de Nissl, ou também denominada substância cromófila, são acumulações basó-filas, que se encontram no citoplasma de células nervosas... Estes grânulos são o retículo endoplasmático rugoso (com ribossomas), e são locais de síntese de proteínas. Os corpús-culos de Nissl encontram-se no pericárdio (corpo celular do
neurônio), e na primeira porção dos dendritos, são ausentes no axônio e no cone de início do axônio....
A presença de corpúsculos de Nissl pode ser demonstrada por uma coloração seletiva desenvolvida por Nissl, que se baseia em uma coloração por anilina (corante básico), usa-da para marcar grânulos extranucleares de ARN. (figura 2) Apresentam variantes sob certas condições fisiológicas, e no caso de condições patológicas podem dissolver-se e desapa-recer (cariólise ou cromatólise).” 3
Obs: Cromatólise: Os neurônios que sofreram lesão de seu axônio podem apresentar dissolução dos corpúsculos de
A
FIGURA 1
23
Saúde & Espiritualidade
Evolução da CiênciaE v o l u ç ã o d a c i ê n c i a
Novo paradigma para a medicina no Século XXI e a contribuição de André Luiz – os Corpúsculos de NISSL
Nissl e deslocamento do núcleo para a periferia.Observa-se que em certas lesões crônicas do neurônio,
como por exemplo, na pelagra,há a cromatólise4, como tam-bém é de se supor nos casos de esgotamento nervoso, em consequência de grandes angústias ou depressões (figura 3).
Os corpúsculos de Nissl têm um papel importante na síntese de proteínas, “ sendo parte estruturais (constituintes de membranas e organelas) e parte enzimas, necessárias, entre outras funções, à síntese e liberação de neurotransmis-sores. No citoplasma dos neurônios há também neurofibri-las, demonstráveis com impregnação pela prata e constitu-ídas por microtúbulos e neurofilamentos. São responsáveis pelo transporte de substâncias do corpo celular aos prolon-gamentos e vice-versa (transporte axonal). ” (figura 4)
Os microtúbulos são constituídos por moléculas de tubuli-na, cada uma delas composto de duas proteínas, denomina-das alfa e beta-tubulinas. (figura 5)
Os microtúbulos seriam responsáveis pela condução de informações e energias como o pensamento, oriundas da membrana citoplasmática do neurônio. Conforme os estudos de Bruce H. Lipton sobre as Proteínas Integrais de
Membrana (PIMs), a membrana citoplasmática apresenta proteínas denominadas de receptoras e existem as execu-toras, fazendo com que estas informações atuem não só no citoplasma como no núcleo onde se encontra o material ge-nético. Informa Lipton: “Há vários tipos de PIMs, todos com nomes diferentes, mas que podem ser subdivididos em duas classes funcionais: proteínas receptoras e proteínas executo-ras5.” Dentro deste raciocínio, as tubulinas podem perfeita-mente realizar o papel de proteína executora, acarretando a lise dos corpúsculos de Nissl nos casos psicopatológicos.
André Luiz nos fala de um pigmento ocre que se relacio-na com o corpo espiritual, e sua importância na vida do pensamento, conhecido no Mundo Espiritual como fator de fixação. O corpo espiritual atuaria diretamente se fixando por uma substância invisível, que se espalha no citoplasma e nos dendritos, e que se reconhece pelos corantes básicos. Essa substância que se expressa nos corpúsculos de Nissl, pode então levar os corpúsculos a sofrer a cromatólise e é o alimento psíquico haurido do corpo espiritual, através da respiração e a restauração dos neurônios desgastados.
A fixação entre os conteúdos do corpo espiritual e o pigmento ocre, expressando-se nos corpúsculos de Nissl do
FIGURA 2 FIGURA 3
24
Saúde & Espiritualidade
neurônio, evidencia a mecânica do pensamento e sua ação na rede neuronal. A qualidade do pensamento vai determi-nar o suporte e a sustentação do neurônio e seu corpúsculo de Nissl.
André Luiz nos fala que “o que a ciência humana observa, sem maiores definições, é conhecido no Mundo Espiritual como fator de fixação, como que a encerrar a mente em si mesma, quando esta se distancia do movimento renovador em que a vida se exprime e avança, adensando-se ou rare-fazendo-se ele, nos círculos humanos, conforme a atitude mental do Espírito na quota de tempo em que se lhe per-dure a existência carnal6”. Somos artífices de nosso destino, arrojando de nós mesmos as forças criadoras ou renovado-ras, forjando na matéria no tempo e no espaço em que nos sitiamos, os meandros de nosso próprio destino. Os Espíritos sentenciam que a nossa missão é a intelectualização da matéria e a consequente moralização, fornecendo a ela pelo
pensamento, sentimento, sensação e intuição, a harmonia ou a inarmonia, a saúde ou a distonia, que desarranja toda a arquitetura proteica, hormonal e enzimática.
O pensamento superior em seus variados matizes confere homeostase à organização material, como também aos cor-púsculos de Nissl, região responsável pela síntese proteica abundante que dá suporte e sustentação à célula nervosa. Alexandre no livro Missionários da Luz , faz a seguinte observação a esse respeito: “ ... Muito antes da reunião (mediúnica) que se efetua, o servidor já foi objeto de nossa atenção especial, para que os pensamentos grosseiros não lhe pesem no campo íntimo. Foi convenientemente ambien-tado e, ao sentar-se aqui, foi assistido por vários operadores de nosso plano. Antes de tudo, as células nervosas recebe-
FIGURA 4
FIGURA 6 FIGURA 7
FIGURA 5
25
Saúde & Espiritualidade
ram novo coeficiente magnético, para que não haja perdas lamentáveis do tigróide, (corpúsculos de Nissl), necessário aos processos da inteligência7. ”
O intercâmbio mediúnico ou a conexão de pensamentos, daí ser uma faculdade medianímica, requer um estado de equilíbrio mental e de profunda doação e amor, para que os pensamentos grosseiros de nossa estrutura moral de imper-feição, não leve a alterações do tigróide.
Fritz Kahn (figura 6), ginecologista alemão, escritor de obras sobre Medicina e Biologia, relaciona o tigróide com a fadiga atribuindo a ele o papel de combustível da célula nervosa, trazendo o aspecto de malhas na pele de um tigre, daí o seu nome.
“ ...quando o indivíduo desperta, suas células nervosas es-tão abastecidas de tigróide, o combustível nervoso... A cada movimento, a cada emoção, a cada impressão dos sentidos e a cada pensamento, há o desgaste nas células cerebrais. Durante o sono, suas células se reabastecem; as substâncias nutrientes passam do sangue para o interior da célula, a qual com as mesmas recompõe o tigróide. É de supor que nos casos de esgotamento nervoso, em consequência de grandes angústias ou depressões, haja eliminação dos corpúsculos de Nissl, isto é, desaparecimento completo da cromatina básica no córtex cerebral8 ”. Alexandre em Mis-sionários da Luz adverte que o corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. Havendo esta correspondência do corpo espiritual com tigróide (corpúsculo de Nissl), estando o períspirito radi-cado no sangue, de onde são retirados os elementos para a sua nutrição, certamente os conteúdos psíquicos aí presen-tes, oriundos da organização espiritual, penetram na célula nervosa em direção ao tigróide sob a forma de difusão.
Este transporte por difusão do sangue (corpo espiritual) para a célula nervosa acontece no astrócito, uma das células da glia, responsáveis pelo suporte ao funcionamento do Sis-tema Nervoso Central, ao lado de outras como: oligodendró-citos, micróglia, células ependimárias e células de Schwann. Os astrócitos estão intimamente ligados ao endotélio dos capilares sanguíneos como mostra a figura 7.
Um estudo publicado no Journal of Biological Chemistry e que foi realizado na UFRJ, testou pela primeira vez o com-portamento dos astrócitos, mostrando sua importância na memória e no aprendizado, que sabemos, encontra seus re-gistros nos campos energéticos do períspirito e expressando--se nos neurônios do hipocampo e amígdala cerebrais. Diz o estudo: “ Os astrócitos apresentam feixes de filamentos intermediários constituídos pela proteína fibrilar ácida da glia , que reforçam a estrutura celular. Estas células ligam os
neurônios aos capilares sanguíneos... o estudo testou pela primeira vez em humanos o comportamento do astrócito (um tipo de glia) e conseguiu mostrar o seu potencial de induzir à formação de sinapses ... e o funcionamento da me-mória e do aprendizado ”.
Portanto, ante a missão de intelectualizar e moralizar a matéria como afirmam os Espíritos respondendo as questões 25 e 71 de O Livro dos Espíritos, cabe a todos a responsabilidade de saber dormir para o bem, não bastando somente as preces noturnas, mas sim, um dia pleno de auto--amor, autoconhecimento para os tentames transformado-res, objetivo primordial da encarnação. Aniceto no livro Os Mensageiros nos fornece estas recomendações: “... quando se efetua o sono dos encarnados, são mantidas obsessões inferiores, perseguições permanentes, explorações psíquicas de baixa classe, vampirismo destruidor... Ainda são poucos, relativamente, os irmãos encarnados que sabem dormir para o bem... ”9.
Referências1 – XAVIER, F.C., VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos,
Cap.IX. Rio de Janeiro: FEB,1958 2- SAYEG, N. AlzheimerMed: Informação e Solidariedade.
Disponível em< www.alzheimermed.com.br/biografia-alois--alzheimer/o-medico>. Acesso em 21 de dez.2013
3- Corpúsculo de Nissl - Disponível em < www.pt.wikipedia.org/wiki/Corpusculo_de_Nissl>. Acesso em 21 de dez. 2013.
4- Tecido Nervoso normal e reações patológicas básicas. Disponível em <anatpat.unicamp.br/bineuhistogeral.html > . Acesso em 19 de dez. 2013
5 - LIPTON, B.H. A Biologia da Crença. São Paulo: Butter-fly Editora, 2009.
6- XAVIER, F.C., VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos,Cap.IX. Rio de Janeiro: FEB,1958
7- XAVIER, F.C., Missionários da Luz, Cap.I. Rio de Janei-ro: FEB,1945
8- Tigróide - Disponível em< http://www.guia.heu.nom.br/tigroide.htm> Acesso em 23 de dez.2013. 9- XAVIER, F.C., Os Mensageiros, Cap.38. Rio de Janeiro: FEB,1944
José Henrique Rubim de Carvalho é clínico geral, médico do trabalho, terapeuta de vida passada, terapeuta Floral de Bach, professor do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, presidente da Associação Médico-Espírita de Nova Friburgo (RJ) e dirigente de Doutrina do Grupo EspíritaLegionários do Bem.
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Saúde & Espiritualidade
Acontece lá fora
Mais de mil pessoas participam de eventos relacionados à saúde e espiritualidade na Europa
Áustria, Polônia, França, Inglaterra, Portugal, Holanda,
Itália, Alemanha, Bélgica e Luxemburgo contaram com
a presença de palestrantes brasileiros e estrangeiros
divulgando o ideal médico-espírita. Aproximadamente
1500 pessoas destes dez países tiveram relatos de
estudos e pesquisas envolvendo diversos aspectos
da saúde e espiritualidade, além do lançamento
internacional do livro Chico Xavier - Meus Pedaços do
Espelho, de autoria da Dra. Marlene Nobre, presidente da
AME-Internacional em algumas localidades.
Veja abaixo o breve relato da passagem da AME-In-
ternacional em alguns dos países visitados, na visão dos
organizadores locais.
Lyon, França – Fábio Mendes
O Movimento Espírita Francofônico recebeu pela séti-
ma vez a AME Internacional para realização do evento
“Congresso de Medicina e Espiritualidade” na cidade de
Lyon, na França, nos dias 18 e 19 de outubro. Mais de
100 participantes estiveram presentes neste evento que
contou com a colaboração de inúmeros voluntários do
movimento espírita europeu. O congresso foi oficialmen-
te aberto pela presidente da AME-Internacional, Dra.
Marlene Nobre, que fez em seguida a primeira conferên-
cia do evento “A Integração da Medicina e da Espiritua-
lidade”. Neste evento participaram também os médicos
da AME Dr. Jorge Daher Jr, Dr. Giancarlo Lucchetti, Dra.
Alessandra L. G. Lucchetti e Dr. Décio Iandoli Jr. Os pa-
lestrantes europeus que apresentaram temas ligados à
espiritualidade foram: Olfa Mandhouj, do Hospital André-
-Mignot de Paris, Gerhard Gmel do Hospital Universitário
de Lausanne, na Suíça, Miguel Farias, da Universidade de
Coventry, na Inglaterra e a psicóloga Lucy Velasco Gon-
zalez, de Tours, França. Mais informações sobre o evento
em Lyon na França podem ser encontradas em: http://
congres.lmsf.org
a c o n t e c e l á f o r a
G i o v a n a C a m p o sC
Dra. Marlene durante sua exposição em Lyon, França
27
Saúde & Espiritualidade
Acontece lá fora
Mais de mil pessoas participam de eventos relacionados à saúde e espiritualidade na Europa
a c o n t e c e l á f o r a
Londres, Inglaterra – Elsa Rossi
A Dra. Marlene Nobre, presidente da AME-Interna-
cional e AME Brasil, retornou a Londres para mais um
seminário de Preparação do Trabalhador Espírita, em
outubro de 2014, organizado pela BUSS – British Union
of Spiritist Societies.
Assim como o seminário realizado no ano passado,
novamente a BUSS convidou, Dra Marlene Nobre, para
coordenar o Seminário sobre Mediunidade em duas
noites: Dia 21/10, das 19h às 21h30, no salão Large
Common Room do Goodenough College no centro de
Londres. A primeira parte enfocou o tema “Ser Médium”
e na noite posterior, o foco foi “Mediunidade: atenção e
cuidados”. Esta última noite teve a parceria da BUSS com
Dr. Giancarlo Lucchetti falando sobre a importância de se estudar e pesquisar sobre a espiritualidade e saúde
Dr. Decio Iandoli Jr.
Plateia em Lyon, França
28
Saúde & Espiritualidade
a Sir William Crookes Spiritist Society, que foi o anfitriã
da noite.
Compareceram quase todos trabalhadores da área da
mediunidade e estudantes de Curso de Preparação para
a tarefa na mediunidade, de todos os grupos espíritas do
Reino Unido. Assim, os mais de 50 participantes puderam
tirar suas dúvidas e reforçar o trabalho na mediunidade
com Jesus em suas casas espíritas.
Raquel Vilela, do Grupo Francis of Assis Spiritist Study
Society fez a gravação amadora, em DVDs apenas para
os grupos espíritas, não para comercialização. Os grupos
estão recebendo os dois DVDs, como uma lembrança e
uma oportunidade de voltarem a rever e refrescar a me-
mória neste estudo deveras importante e fundamental
para a casa espírita, com bases sólidas em Allan Kardec e
Chico Xavier.
Lisboa, Portugal – Rosário Jordão
Nos dias 25 e 26 de Outubro último, Lisboa foi palco
das IX Jornadas Portuguesas de Medicina e Espiritualida-
de, reunindo na Aula Magna da Reitoria da Universidade
de Lisboa mais de 1.000 pessoas para ouvirem médicos
portugueses e brasileiros dissertarem sobre o tema cen-
tral deste ano: “Da alma ao corpo físico: a saúde inte-
gral”.
Realizadas em conjunto pela Associação Médico-Espíri-
ta Internacional, Associação Médico-Espírita de Portugal
(AMEPortugal), e Verdade e Luz-Editora e Distribuidora
Espírita - uma parceria que funciona harmoniosamente
há já 9 anos -, as Jornadas têm por fim oferecer ao pú-
blico espírita e espiritualista deste País conhecimentos
riquíssimos que nem sempre estão ao seu alcance e que,
fundamentalmente, “procuram integrar saúde e espiri-
tualidade, alargando os horizontes do conhecimento e
ampliando pesquisas científicas, de modo a contribuir
para uma profunda mudança de paradigma”, no dizer
da Dra. Marlene Nobre, presidente da AME Brasil e da
AME-Internacional.
Foram 11 as personalidades que estiveram este ano
no evento e que, com os seus profundos conhecimentos,
contribuíram para que tivéssemos assistido a palestras de
grande qualidade e para que, mais uma vez, possamos
dizer que cumprimos o nosso objetivo: divulgar o paradig-
ma médico-espírita!
Um dos destaques deste ano foi a brilhante conferên-
cia de abertura proferida pelo Dr. Luís Portela, presidente
da Fundação BIAL - que é a fonte de pesquisas em Me-
dicina e Espiritualidade mais importante de Portugal e
também uma das mais influentes da Europa -, que nos
falou sobre o tema do seu último livro, “Ser Espiritual: Da
Evidência à Ciência”, sendo longa e entusiasticamente
aplaudido pelo público.
Sem contar com as sempre instrutivas e igualmente
brilhantes intervenções dos Drs. Marlene Nobre, Irvênia
Prada, Décio Iandoli Jr., Roberto Lúcio Vieira de Souza e
Fernando de Souza, intervieram igualmente os seguintes
médicos e enfermeira portugueses, integrantes da AME-
Portugal e da AME NORTE (filiada à AMEPortugal): Maria
Paula Silva, Gláucia Lima, Maria Inez Ruvina e Cristina
Acontece lá foraa c o n t e c e l á f o r a
Elsa Rossi, Dra. Marlene Nobre e Gilson Guimarães, nas palestras realizadas pela BUSS, em Londres
Acontece lá foraa c o n t e c e l á f o r a
Gonçalves Pereira, que fizeram umas exposições muito
didáticas, oportunas e plenas de informações relevantes.
De salientar ainda que tivemos igualmente conosco o
conhecido orador espírita e juiz brasileiro Haroldo Dutra
Dias, tradutor do “Novo Testamento” e fundador do Ins-
tituto SER e do Portal do mesmo nome, o qual teve duas
belas intervenções, falando-nos no sábado sobre o livro
“Pensamento e Vida” (da autoria do Benfeitor espiritual
Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier), e no domin-
go, trazendo-nos uma passagem do Evangelho, “A cura
do cego de Betsaida”. A sua intervenção foi aplaudida
em pé pela maioria dos presentes na Aula Magna.
Milão, Itália – Regina Zanella
Nos dias 25 e 26 de outubro, aconteceu na cidade
de Milão, na Itália, o segundo Encontro de Medicina &
Espiritualidade, realizado em colaboração com a AME
Internacional e contou com a participação da Dra. An-
tonia Marilene da Silva, de Brasília e o Dr. Carlos Roberto
Souza, de Campina Grande, na Paraíba. E do italiano
Daniele Gullà, pesquisador e perito biométrico, da cidade
de Bolonha.
O encontro foi realizado na sala do Gruppo Sentieri
dello Spirito, que nos dois dias
hospedou cerca de 100 pessoas, a maioria italianos.
Foram tratados os seguintes temas: Comunicação
mente-cérebro-célula (Dr. Carlos); A Espiritualidade na
pratica clinica (Dra Antonia); Consequências espirituais
do uso de drogas / Monofobia e vicios da internet (Dr.
Carlos); E.Q.M. e Vida eterna / Emoções, Coração e Espiri-
tualidade (Dra. Antonia).
Estes temas profundos, tratados com sensibilidade,
dedicação e amor, a luz da Doutrina Espírita, literalmente
“absorvidos” pelo público, encantados também pela sim-
Mais de 1000 pessoas presentes nas Jornadas Portuguesas, em Lisboa
30
Saúde & Espiritualidade
plicidade e preparação dos expositores, que considerou a
apresentação um diálogo de coração a coração.
leira radicada na Holanda sobre “O desafio da imigração
e o seu impacto sobre a vida do povo hospedeiro (ou
anfitrião) e o impacto sobre a vida do imigrante. A edu-
cação espiritual como instrumento de superação”, Dra
Márcia Regina Colasante Salgado” falou sobre “A vida da
alma após esta vida”, Dr. Fernando de Souza “Como lidar
com Mediunidade e Obsessão em crianças”, Dra Maria
Heloisa Bernardo (psicóloga) sobre o tema “Compulsões,
Dependência e Atuação Espiritual – Bases da Recupera-
ção da Dependência Química”, e no encerramento o Dr.
Carlos Roberto de Souza Oliveira apresentou o tema “ O
Sofrimento - seu significado e importância para a Alma” .
No mesmo local, no dia 2 de novembro Dra Irvênia
Prada falou com muita propriedade sobre “A Questão
Espiritual dos Animais” em seguida Dra Marlene Nobre
abordou o tema “Depressão e Obsessão, Pontos de Inter-
seção” para um publico de mais quarenta pessoas.
Acontece lá foraa c o n t e c e l á f o r a
Haia, Holanda – Maria Moraes
O Movimento Espírita Holandês recebe pela sexta vez
a AME Internacional para realização do evento “Congres-
so de Medicina e Espiritualidade” na cidade de Den Haag
(Haia) na Holanda, no dia 1º de novembro com a parti-
cipação de 76 pessoas de varias nacionalidades. Após a
apresentação musical da pianista Akemi Alink o Dr. Jorge
Daher Jr, proferiu a palestra de abertura com o tema “Evi-
dências científicas da Vida após a morte” em seguida Dra
Marlene Nobre abordou o tema “Médium comprova vida
após a morte física”. Na sequência tivemos as apresenta-
ções da Dra. Miriam Sommer, médica homeopata, brasi-
Dr. Carlos Roberto expõe aspectos da Comunicação mente-cérebro-célula
Dra. Antônia Marilene fala ao público italiano sobre a espiritualidade na prática clínica
Dra. Marlene Nobre em palestra ao público holandês
Mais de 70 pessoas prestigiam as palestras sobre espiritualidade
31
Saúde & Espiritualidade
Bad Honnef, Alemanha – Fernanda Mari-
nho Göbel
Teve lugar em Bad Honnef, no Hotel Semi-
naris, em 8 e 9 de novembro o 7º Congresso
Alemão de Medicina da Alma, da AME-Inter-
nacional, organizado pelo Grupo de Estudos e
Trabalhos Allan Kardec – ALKASTAR.eV.
O evento contou com um público de cerca
de 160 pessoas e transcorreu num clima de
muita harmonia e fraternidade. Os palestrantes
brasileiros, entre eles Dra. Marlene Nobre, Presi-
dente da AME-Internacional, Dra. Maria Heloísa
Bernardo, Dr. José Fernando Barbosa de Souza,
Dr. Carlos Roberto de Souza Oliveira e Prof. Dr.
Jorge Cecílio Daher Jr., apresentaram entre ou-
tros, temas relatando a experiência brasileira de
trabalho cooperativo entre médicos e a Casa Es-
pírita, mostrando ser possível uma ponte entre
a medicina e a espiritualidade.
Os palestrantes alemães, entre eles Prof.
Dr. Niko Kohls, Dr. Lothar Hollerbach, Ralph
Dahmen, Dieter Hassler e Dagobert Göbel, dis-
correram sobre temas diversos, voltados para a
necessidade de uma compreensão melhor do
que é o ser humano, a existência da alma, sua
sobrevivência após a morte e a reencarnação,
e ainda sobre a possibilidade já existente tam-
bém na Alemanha de um trabalho cooperativo
entre médicos e terapeutas e os grupos karde-
cistas.
Foi lançada para o público brasileiro durante
o evento a última obra de Dra. Marlene Nobre
“Chico Xavier - Meus Pedaços do Espelho”.
Tanto os palestrantes brasileiros como os ale-
mães encontraram imensa ressonância no cora-
ção do público, que aplaudiu calorosamente.
Os momentos musicais oferecidos por Flávio
Benedito ao piano, acompanhado pelos barí-
tonos Maurício Virgens e Warren Richardson
despertaram em todos os presentes abençoa-
das emoções, criando uma atmosfera de muita
alegria e paz.
Bruxelas, Bélgica – Fábio Mendes
O Movimento Espírita Francofônico recebeu pela
primeira vez na cidade de Bruxelas, na Bélgica, a AME-
-Internacional para a realização do evento “Colóquio
sobre Medicina e Espiritualidade”. O evento realizado no
dia 13 de Novembro contou com a participação de 45
participantes. E teve a participação de voluntários espí-
ritas da cidade de Bruxelas. O evento foi aberto pelo se-
nhor Jean-Paul Evrard, presidente do Movimento Espírita
Francofônico, e pela Dra. Marlene Nobre com a primeira
conferência “Medicina e Espiritualidade, um novo para-
digma para a saúde”. O Dr. Jose Fernando Barbosa de
Souza também participou do evento com a palestra so-
bre a esquizofrenia. Mais informações sobre o evento em
Bruxelas na Bélgica podem ser encontradas em: http://
congres.lmsf.org/bruxelles
Acontece lá foraa c o n t e c e l á f o r a
Organizadores do congresso em terras germânicas
Professor Niko Kohls apresentou duas palestras de grande receptividade do público alemão
Dr. Fernando de Souza, da AME-Cariri, em exposição sobre os transtornos mentais
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Saúde & Espiritualidade
Acontece lá foraa c o n t e c e l á f o r a
Luxemburgo – Zelina Nascimento
O 5° Simpósio de medicina e espiritualidade teve
a honra em receber em Luxemburgo, no dia 15 de
novembro, a Dra. Marlene Nobre, médica ginecolo-
gista e presidente da AME internacional e Brasil, o Dr.
Fernando Souza, neuropediatra, especialista em saúde
mental, fundador e presidente da AME Cariri – Ceará –
Brasil, a Dra. Márcia Regina Colasante Salgado pneu-
mologista e especialista em medicina do trabalho e
a Dra. Irvênia Di Santis Prada, médica veterinária e
titular em neuropatia veterinária na Universidade de
São Paulo.
Na ocasião foram abordados temas atuais como a
saúde física, mental e espiritual dos homens do ter-
ceiro milênio; problemas de déficit da atenção e com-
portamento das crianças e adolescentes; a dor como
o caminho para a regeneração; e o papel das pessoas
da terceira idade no equilíbrio e na harmonia familiar
e social. Estes assuntos foram amplamente discorri-
dos na presença de 102 ouvintes.
Foi com muito carinho, que esses queridos médi-
cos do corpo e da alma, mensageiros de Jesus, ao fim
de uma longa turnê pela Europa vieram nos abençoar
com seus estudos, trazendo-nos o exemplo da alegria,
da coragem, da fé e da determinação que devemos ter
como exemplo para todos aqueles que desejam servir
a Deus e levar a mensagem do Consolador em todo o
planeta Terra.
Dra. Márcia Colasante, dr. Fernando Souza e dra. Marlene Nobre, durante apresentação em Bruxelas, na Bélgica
Plateia e expositores em Luxemburgo
Acontece lá foraa c o n t e c e l á f o r a