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Metodologia de investigação educacional: Ano lectivo 2008/2009

2ºs ciclos em ensino da FCTUC (e contexto escolar)

Módulo IV:Classificação da investigaçãoquanto ao método: O Qualitativo.(2 semanas – João Paiva)

Metodologia de investigação educacional

0. Algumas generalidades sobre o método em investigação educacional.

1.Investigação Histórica.

2.Estudos Etnográficos.

3.Outros estudos qualitativos .

4.Estudo de Caso.

5.Apresentação de alguns casos.

Tópicos :

Introdução


Métodos em ciências sociais e humanas versus métodos de ciências exactas.

O lugar e a tensão particulares dos professores de ciências.

Da ortodoxia à heterodoxia metodológica…

O filósofo anti-método... Feyerabend: against method e science in a free society.

0 - Algumas generalidades sobre o método em investigação educacional


A.Definição do problema.

B.Hipótese (s) – afirmativa – ou questão(ões) de investigação.

C.Estudo – dados: planeamento, recolha, organização, validação, selecção.

D.Confronto hipótese/questão de investigação com os resultados .

E.Relatório de investigação (...tese).

0 - Algumas generalidades sobre o método em investigação educacional (...recapitulando): Etapas genéricas de uma investigação (em geral)


A.Validade interna: resultados/realidade; coerência interna.

B.Fiabilidade: replicabilidade do estudo; repetição de resultados em novo estudo?

C.Validade externa: generalização dos resultados (tipicamente frágil em “estudos de caso”).

0 - Algumas generalidades sobre o método em investigação educacional

(...recapitulando): Validade e fiabilidade


Ênfase nos acontecimentos passados.

Testar hipóteses baseadas em acontecimentos passados para fundamentar o presente e/ou o futuro.

Exemplos:

Estudo dos dentes em vez dos ossos em antropologia (tp).

Os objectos genéricos da história, em geral.

“bruxas de ontem” e brandos costumes lusitanos hoje e amanhã.

Investigação histórica de vulcanologia. Etc…

1- Investigação Histórica


Fontes:

Primárias:

• (1ª mão...): artefactos, esqueletos, pedras, fósseis, moedas, arte, documentos, livros antigos, jornais, etc.

Secundárias:

• (2ª mão): crónicas, relatos, cartas bíblicas, etc.



Um caso pessoal....



Programas

Por outro lado, os programas escolares não correspondem, em alguns casos, às necessidades práticas da vida

Química

Com efeito, não há necessidade de falar difícil.Foi Rousseau quem disse: O ar científico mata a ciência.

O mestre deve praticar, para com os seus alunos, a máxima de Voltaire: Sou obrigado a baixar-me para que me entendam.


Um caso pessoal....


Envolvência dos Pais

Há muitos pais que vêem mal a questão; logo que mandam o filho para a escola, desinteressam-se dele, julgando que não têm mais deveres a cumprir.

Escola

Porque nem sempre se tem feito assim, por isso mesmo é que «a gente jovem não encontra na escola a satisfação das suas curiosidades de espírito, nem a solução do seu problema económico e encontra-se sem finalidade superior na vida».


Um caso pessoal....



Um caso pessoal....


1- Investigação histórica

Um caso pessoal....Os professores isolam-se uns dos outros, por vezes

muito mais do que seria para desejar. Mal acabam as aulas, apressam-se a sair da escola, para irem folgar, trabalhar ou tratar da sua vida. Eis, na verdade, um péssimo costume. Assim como os pais devem trocar impressões com os mestres, também estes devem fazê-lo entre si.

Não está certo que vivam afastados, espiritualmente, uns dos outros, quási como estranhos!

Há tôda a conveniência em os professores se reünirem, pelo menos quinzenal ou mensalmente, a-fim-de conversarem demoradamente söbre os assuntos da escola ou colégio a que pertencem.

Quando assim não acontece nunca o ensino pode ter unidade de acção, facto que o prejudicará de modo fundamental.



Um caso pessoal....

Compreende-se, portanto, que não é educadorquem quere. O educador necessita possuir umpouco de apóstolo. Dirigindo-se aos mestres, escreve Bessières: «¿ Queres ser educador negligenciando o teu próprio aperfeiçoamento? Contenta-te, então, em educar canários ou cobaias».



Um caso pessoal....

Outras vezes pecam por cegueira e até por desorientação. Alguns progenitores há que não vêem os defeitos dos filhos. Para êles, os seus meninos e meninas são... perfeitos.



Um caso pessoal....

Alguns progenitores condescendentes chegam a contar aos filhos, com grande cópia de pormenores, as suas aventuras do tempo da mocidade, sem considerarem que dão uma machadada no seu prestígio.



Um caso pessoal.... Ora, na verdade, para o caso não interessa

o que foi ou era: INTERESSA O QUE TEM DE SER, AQUILO QUE DEVE SER. Em vez de lamúrias, o pai deverá sugestionar fortemente o seu filho, impondo-lhe, sem vacilações, o verdadeiro caminho:

- O teu dever é êste!- Tens obrigação de ser correcto!- Não consentirei semelhante coisa!

Quanto mais idade tiver o filho, mais energia é preciso usar. Conforme as circunstâncias, assim deverá o pai ser benevolente ou enérgico. Mas o facto de o filho já ter barba de modo algum deve retrair o pai, quando seja necessário chamá-lo ao bom caminho.


Criancinhas

A criancinha quer Playstation. A gente dá.

A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.

A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.

A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.


Um caso pessoal....


A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.

A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.

A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.

Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher...

...


Um caso pessoal....


A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles.

Criancinhas - A DEVIDA COMÉDIA - Miguel Carvalho.

Estudos tipicamente longos com “imaculação” da realidade (ao contrário da ia, no touch on).

Muito focados em dinâmicas culturais.

2 -Estudos Etnográficos

Um caso pessoal....


Observação no cerne (mais passiva... ou pró-activa...).

Alvo é grupo: tribo (antropologia); organização, país, turma...

Alguma dialéctica entre a observação (tipicamente longa) e a formulação de hipóteses e o desenho da investigação.



Exemplos:

Busquimans.

Nem só “antigo”... pode ser o moderno.

Iphone reality ethnographic research study.


Link

Link

http://br.youtube.com/watch?v=nfYi1Vve2SY

http://br.youtube.com/watch?v=Ib123r3ZY_M

http://br.youtube.com/watch?v=Ib123r3ZY_M

http://br.youtube.com/watch?v=nfYi1Vve2SY


Investigação descritiva: Centrado na recolha de dados. Questionários/inquéritos/entrevistas. “reciclagem” de instrumentos de

inquirição.

Estudos de desenvolvimento (tipicamente mais quantitativos): longitudinais (“perseguir” sujeito) ou transversais (grupos etários distintos).

Estudos complementares (influência da universidade júnior na captação up).

Estudos sociométricos (típicos, em low profile, nas dt). Mais quantitativos.

3- Outros estudos qualitativos (que podem ter também ou mesmo essencialmente componentes quantitativas)


“o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenómeno no seu ambiente natural, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são bem definidas (...) em que múltiplas fontes de evidência são usadas”.

“é a estratégia de investigação mais adequada quando queremos saber o “como” e o “porquê” de acontecimentos actuais (contemporary) sobre os quais o investigador tem pouco ou nenhum controlo”.

Yin1994

Yin1994

4- Estudo de Caso


Quase tudo pode ser um “caso”

Principal característica que distingue esta metodologia de investigação: Plano de investigação que se concentra no

estudo pormenorizado e aprofundado, no seu contexto natural, de uma entidade bem definida.

INDIVÍDUO

GRUPO PROCESSO

OPÇÕES

IMPREVISTO

4- Estudo de Caso


1. O caso é “um sistema limitado” e a primeira tarefa do investigador é definir as fronteiras do caso a investigar de forma clara e precisa.

2. É um caso sobre “algo”, que há que identificar para conferir foco e direcção à investigação.

3. Tem de haver sempre a preocupação de preservar o carácter “único, específico, diferente e complexo do caso”; a palavra holístico é muitas vezes usada nesse sentido.

4. A investigação decorre em ambiente natural.

5. O investigador recorre a fontes múltiplas de dados e a métodos de recolha muito diversificados: observações directas e indirectas, entrevistas, questionários, narrativas, registos áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, etc.

4- Estudo de Caso


Vários autores alertam para os perigos deste tipo de estudo ser….

• “uma forma de investigação pouco rigorosa”.

• “com a auréola de tolerante”.

• “adequado para dar resposta a todos os problemas por qualquer investigador”.

Yin1994

Ponte1994

Vieira1999

4- Estudo de Caso


Mais fortes no que diz respeito à captação da realidade, mas difíceis de organizar.

A sua força reside na capacidade de “ir ao fundo das questões” e de providenciar uma “base natural” para as conclusões, na atenção à subtileza e complexidade de cada situação.

Reconhecem a dimensão de “inserção” das verdades sociais.

Conseguem captar discrepâncias e mesmo conflitos que se geram entre os pontos de vista dos participantes da realidade social.

# - Adaptado de trabalho de Silva, G., Azeredo, J. e Pinto, V, 2006 e de Calado, I., 2002

4- Estudo de Caso


Os melhores estudos de caso são os que conseguem fornecer algum argumento empírico a interpretações alternativas.

Devem formar um arquivo de material descritivo suficientemente rico para admitir re-interpretações subsequentes.

São um “degrau para a acção”. Os seus “insights” podem ser interpretados e utilizados para o desenvolvimento de equipas ou de sujeitos individuais; para fornecimento de feed-back institucional; para avaliação formativa; para orientação de políticas.# - Adaptado de trabalho de Silva, G., Azeredo, J. e Pinto, V, 2006 e de Calado, I., 2002

4- Estudo de Caso


Apresentam os dados da investigação e da avaliação num discurso mais acessível do que outro tipo de artigos de investigação. A linguagem é menos esotérica e menos dependente de interpretação especializada e o formato de apresentação menos rígido que o dos artigos convencionais. Nesse sentido, há quem considere que podem contribuir para a democratização do conhecimento e mesmo das tomadas de decisão.

4- Estudo de Caso


Apesar da disciplina que em todos os campos se exige há uma ideia que vem do direito que se pode aplicar: assim como é a lei para o homem e não o contrário, será o método para a investigação e não a sujeição da investigação ao método a todo o custo...

Palavras-chave: coerência, clareza, eficiência, frutos... “convencimento da comunidade científica” (... e o critério da falsificabilidade de popper).

4- Estudo de Caso


Nas aulas tp serão explorados alguns exemplos de estudo.

Variam na sua aproximação à ortodoxia metodológica.

Fazer o confronto dos casos e “colocá-los” no “eixo da ortodoxia”.

Exemplo abaixo “médio” (veremos outros casos nas aulas tp).

5- Apresentação de alguns casos


# - tese na integra está disponível em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/delfina

Segunda Lei da Termodinâmica, recursos digitais e ensino de Química


http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/delfina

http://www.molecularium.net/pt/entropia/index.html


SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA

Constatação de diferentes

dificuldades apresentadas pelos alunos

Experiência profissional da investigadora

Pesquisa bibliográfi

ca

Apresentação de propostas para a superação dessas dificuldades, nomeadamente estratégias que incluem o recurso a

Tecnologias de Informação e Comunicação.



LEVANTADA A SEGUINTE HIPÓTESE DE INVESTIGAÇÃO :

Será que a utilização de módulos digitais sobre a entropia é um recurso pedagógico útil para alunos do 12º ano de escolaridade de Química, na compreensão da segunda Lei da Termodinâmica ?



Estudo de

Caso

Para avaliar o impacto da utilização de módulos digitais em alunos do 12º ano de escolaridade para o ensino daquela matéria, realiza com uma turma daquele ano lectivo um…



Um sistema hipertexto/ /hipermédia acerca da história das Leis da Termodinâmica”

Para testar a hipótese de trabalho…

Página denominada “ Entropia e Desordem”, constituída por um conjunto de módulos digitais

Os conteúdos relacionados com a segunda Lei da Termodinâmica foram leccionados a partir da utilização de um conjunto de módulos digitais

Uma turma de 26 alunos (21 raparigas e 5 rapazes).

12º ano de escolaridade (Escola Secundária da Trofa).

Duas aulas da disciplina de Química.



São várias as interpretações sobre quais os objectivos a alcançar com esta metodologia de investigação. Umas mais específicas, outras mais genéricas.

• Explorar, Descrever, Explicar.

• Valorização da Análise dos Processos, em detrimento dos Resultados.

• Explorar, Descrever, Explicar, Avaliar e/ou Transformar.

Yin1994

Ponte1994

Vieira1999



PODEMOS IDENTIFICAR OS SEGUINTES OBJECTIVOS:

Estudo

de Caso

Investigar em que medida a utilização do conjunto de módulos digitais contribuiu para a compreensão da Segunda Lei da Termodinâmica;

Procurar aspectos que suscitassem dúvidas ou que apresentassem dificuldades aos alunos;

Investigar em que medida a visualização dos módulos digitais era capaz ou não de esclarecer as dificuldades detectadas na bibliografia;

Obter opiniões e sugestões dos entrevistados para profundamento deste conjunto de módulos digitais.



Estudo de

Caso

O Estudo de Caso em análise assume uma perspectiva descritiva.

Centra os seus objectivos na forma como os alunos dão sentido às suas experiências

Os processos são mais valorizados que os próprios resultados



Na preparação do Estudo deve-se ter em conta os seguintes aspectos:

Know-how/capacidade/treino do investigador

Condução de um estudo piloto Desenvolvimento de um protocolo

Para a condução do Estudo de Caso, é de sublinhar a importância das fontes de recolha dos dados (fontes de evidência):

Análise documental Entrevistas Observação Artefactos físicos



São poucos os dados disponíveis sobre a preparação e condução do estudo. No entanto, é de salientar o seguinte:

A investigadora (que não é professora da turma analisada), desempenhou essencialmente um papel de guia e orientadora.

Após a exploração do conjunto de módulos digitais foi realizada uma investigação qualitativa, recorrendo-se à entrevista como metodologia de investigação.

O impacto do conjunto de módulos digitais no processo de ensino-aprendizagem, foi avaliado através da análise das respostas dadas na folha de respostas e através da análise das respostas dadas à entrevista.



FIABILIDADE – Processo de recolha e análise de dados ameaçados:

A possível influência do investigador nos resultados pelo entusiasmo e motivação exercidos sobre os alunos.

VALIDADE INTERNA – Legitimidade das conclusões está ameaçada:

Amostra não estava perfeitamente aleatorizada (apuramento de ganhos minimiza este “dano”).

Não foi possível entrevistar pelo menos um elemento de cada grupo que explorou os módulos.



VALIDADE EXTERNA - Generalização de resultados ameaçada:

A reduzida dimensão da amostra de entrevistados (apenas 10 dos 26 alunos participaram na entrevista).

O impacto da utilização das TIC variar muito de aluno para aluno (do seu entusiasmo, motivação e apetências).


# - Adaptado de trabalho de Silva, G., Azeredo, J. e Pinto, V, 2006


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