Prof. Dr. Domingos Tabajara de Oliveira Martins

Itajaí-SC, 26 de outubro de 2016

Pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos de origem natural: desafios e perspectivas

Parte: Etnobotânica de plantas medicinais

ORIGEM DOS MEDICAMENTOS ATUAIS

24%

56%

9%

5%6%

Produtos sintéticos

Produtos biológicos

Produtos naturais

Produtos fitofarmacos

Produtos semi-sintéticos

Fonte: Phytomedica Achê (Nogueira, 2005)

FASES DO Desenvolvimento de novas drogas

Etnofarmacologia

Ramo da Etnobiologia que trata da exploração científica interdisciplinar de agentes biologicamente ativos tradicionalmente empregados ou observados pelo homem.

Bruhn & Holmstedt (1981).

Como estratégia na investigação de plantas medicinais, a abordagem etnofarmacológica consiste em combinar informações adquiridas junto a usuários da flora medicinal, com estudos químicos e farmacológicos.

Elisabetsky & Setzer (1990).

ETNOFARMACOLOGIA ENVOLVE MÉTODOS DA:

Combina pesquisa teórica, pesquisas de campo e estudo experimental

ETNOBOTÂNICA

FITOQUÍMICA

FARMACOLOGIA

ANTROPOLOGIA MÉDICA MATEMÁTICA/ESTATÍSTICA

Etnobotânica

Campo interdisciplinar de estudo e interpretação do conhecimento, significação cultural, manejo e uso tradicional dos elementos da flora.

Hernández-Xoloctzi (1979).

População de estudo

Fluxograma Para A Pesquisa Etnobotânica

Conhecimento tradicional ou popular

Problemas

Objetivos

Delineamento concepção

metodológica

Análises dos dados

Contextualização

Qual a informação necessária ? Como será usada? Quem usará a informação?

Tempo

Suporte logístico

Equipe Área de estudo (abrangência)

Biomas

População de estudo (perfil sócioeconômico)

Fonte: Adaptado de Albuquerque (2003)

Métodos qualitativos ou quantitativos

Testes farmacológicos, fitoquímicos, agronômicos

Farmácia viva

Fitoterápicos

Autorizações: CEP/CGEN

Randômica

Etnobotânica ou etnodirigida

Etológica

Quimiotaxonômica ou filogenética

Abordagem para seleção de espécies

Técnicas de amostragem

ÍNDICES MAIS USADOS PARA QUANTIFICAÇÃO EM ENTOBOTÂNICA

O

Deve ser realizada com tempo seco, de preferência pela manhã.

PARTE COLETADA PONTO DE COLETA

Casca/ entrecasca Planta florida

Flores No início da floração

Frutos / Sementes Quando maduros

Raízes Planta adulta

Folhas Antes do florescimento

Fonte: EMATER-DF (1988) e MARTINS et alii ( 1992 )

Coletar amostras testemunhas (exsicata)

Etnomedicina

Estudo das interpretações culturais de saúde e doença, bem como do processo de busca do cuidado à saúde e das práticas curativas locais.

WHO, 2013.

Zhu et al. (2016)

Albuquerque et al. (2013)

Albuquerque et al. (2013)

As investigações etnofarmacológicas e etnobotânicas têm sido a principal abordagem reconhecida por cientistas em todo o mundo, como uma estratégia de seleção de plantas medicinais.

Elizabetsky (2005).

TRIAGEM FARMACOLÓGICA AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE E MECANISMO DE AÇÃO FARMACOLOGIA CLÍNICA

Cordell & Colvard (2005).

Obtenção do extrato

O ideal seria preparar infusão, decocção ou maceração usando o mesmo solvente usado nos preparados caseiros.

FITOQUÍMICA

EBH

PREPARO DO EXTRATO Preparado caseiro (ideal) Hidroetanólico 70% (Farmacopeia Brasileira, 5ª ed.)

HPLC Fingerprint Quantificação de algumas classes metabólicas Fracionamento guiado por bioensaio Isolamento, identificação por técnicas convencionais Modelagem estatística do conjunto integrado de dados biológicos e químicos (análise bioquimiométrica)

PERSPECTIVAS

APESAR DA EXISTÊNCIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS NACIONAIS DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS, OS ESTUDOS COM PLANTS MEDICINAIS NÃO RECEBERAM DAS AGÊNCIAS FINANCIADORAS A DEVIDA ATENÇÃO.

NÃO HÁ EM ESCALA DESEJÁVEL UM PROCESSO COORDENADO DE TODOS OS ATORES (INDÚSTRIA, FARMACÓLOGOS, FITOQUÍMICOS, QUÍMICOS SINTÉTICOS, FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, ETC.) VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS A PARTIR DE PLANTAS.

PARA UMA PARCELA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, AS PLANTAS MEDICINAIS SÃO O ÚNICO RECURSO TERAPÊUTICO ACESSÍVEL.

PERSPECTIVAS

CONSTATA-SE UMA MELHORA NA QUALIDADE DOS ESTUDOS ETNOBOTÂNICOS, EMBORA NECESSITEM DE APERFEIÇOAMENTOS. ESSES SÃO AINDA EM NÚMERO PEQUENO, SE CONSIDERARMOS A DIVERSIDADE CULTURAL E FLORÍSTICA NACIONAIS.

OS ESTUDOS ETNOFARMACÓLIGOS NO BRASIL AINDA SÃO EM PEQUENO NÚMERO E, EM GERAL, NÃO RESULTAM EM PATENTES E PRODUTOS.

CONSTATA-SE MENOR CUSTO E TEMPO E MAIOR ACERTO NO DESENVOLVIMENTO DE DROGAS PELA ETNOFARMACOLOGIA.

CONSTATA-SE QUE EXISTE UMA MASSA CRÍTICA DE PESQUISADORES QUALIFICADOS NAS ÁREAS DE QUÍMICA E FARMACOLOGIA.

OS ESTUDOS QUÍMICOS NÃO CHEGAM, EM GERAL, AO ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS BIOLOGICAMENTE ATIVOS, MAS NA MAIORIA DAS VEZES AO MAIS ABUNDANTE.

OS ESTUDOS AGRONÔMICOS E CLÍNICOS CONTINUAM SENDO UM DOS MAIORES GARGALOS PARA A PESUISA COM DERIVADOS DE PLANTAS MEDICINAIS.

CONSTATA-SE AUMENTO VERTIGINOSO DA PRODUÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS, PORÉM BAIXO NÚMERO DE REGISTROS DE PATENTES NA ÁREA DE ETNOFARMACOLOGIA E FITOQUÍMICA.

PERSPECTIVAS

PERSPECTIVAS A RDC Nº 26, DE 13 DE MAIO DE 2014 REPRESENTA AVANÇOS NA ÁREA, AO

CRIAR A FIGURA DO PRODUTO TRADICIONAL FITOTERÁPICO.

A IDEIA DE ARRANJO PRODUTIVOS LOCAIS EM PLANTAS MEDICINAIS E DE FARMÁCIA VIVA É INTERESSANTE, PORÉM TRABALHA EM SUA GRANDE MAIORIA COM PLANTAS EXÓTICAS (POR TEREM MONOGRAFIAS).

PELA NATUREZA DA PESQUISA (INTER E TRANSDISCIPLINAR), OS ESTUDOS ETNOFARMACOLÓGICOS AINDA CARECEM DE EQUIPES MULTIDISCIPLINARES.

CONSTATA-SE DESLOCAMENTO DE DROGAS COM AÇÃO MONOALVO PARA

DROGAS COM AÇÃO MULTIALVO.

DESAFIOS GERAIS DESENVOLVER A INFAESTRUTURA E PESSOAL PARA CONDUZIR

AS ATIVIDADES/PROGRAMAS. IMPLEMENTAR PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS.

MAPEAR PLANTAS COM ESTUDOS MAIS AVANÇADOS E COM

POTENCIAL TERAPÊUTICO PARA LEVAR A CABO.

FORTALECER A CADEIA PRODUTIVA DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS.

APOIAR À IMPLEMENTAÇÃO CURRICULAR DA FITOTERAPIA RACIONAL NOS CURSOS DA ÁREA DE SAÚDE.

MELHORAR BIOTÉRIOS, HERBÁRIOS E ESTRUTURA DOS LABORATÓRIOS.

ESTIMULAR A FORMAÇÃO DE TAXONOMISTAS E PARATAXONOMISTAS.

ENVOLVER AGRÔNOMOS E PROFISSIONAIS DA SAÚDE NA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO.

DESENVOLVER ALIANÇAS GLOBAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS DE PLANTAS MEDICINAIS.

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DA BIODIVERSIDADE.

IMPLEMENTO DE PESQUISA COORDENADA ENTRE TODOS OS ATORES ENVOLVIDOS.

DESAFIOS GERAIS

POTENCIAR AS ESTRATÉGIAS PARA DIVERSIFICAR ESTRUTURAS QUÍMICAS ORUNDAS DE

PRODUTOS NATURAIS.

IMPLEMENTAR O USO DE TÉCNICAS BIOQUIMIOMÉTRICAS.

IMPLEMENTAR A ABORDAGEM FARMACOLÓGICA REVERSA (“TARGET-DIRECTED DRUG DISCOVERY”).

CATALOGAR E PRESERVAR A DIVERSIDADE BIOLÓGICA E QUÍMICA DAS FLORESTAS TROPICAIS E OCEANOS.

CATALOGAR INFORMAÇÕES ECOLÓGICAS E ÉTNICAS DE PLANTAS E SEUS PRODUTOS.

MANTER ACESSO EQUITATIVO AO BIOMA E GARANTIR OS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL.

DESENVOLVER BANCO DE GERMOPLASMA DE PLANTAS.

AUMENTAR A DESCOBERTA DE DROGAS, A PARTIR DE PRODUTOS NATURAIS PELO USO DE TECNOLOGIAS DE AUTOMAÇÃO, PROTEÔMICA E BIOENSAIOS-ALVOS.

DESAFIOS ESPECÍFICOS

DESAFIOS ESPECÍFICOS

AVALIAR PRODUTOS NATURAIS CONHECIDOS EM DIVERSOS BIOENSAIOS.

DESENVOLVER BIOENSAIOS NO CAMPO, BASEADOS EM TÉCNICAS PROTEÔMICAS.

ASSEGURAR A SEGURANÇA E EFICÁCIA DE REMÉDIOS TRADICIONAIS E MUITOS FITOTERÁPICOS.

Fitoterápico

Segurança

Eficácia Controle de qualidade

MEDICAMENTO FITOTERÁPICO