pesquisa de mercado: ambiente … inscrições no inss e fgts (para os que possuem empregados),...
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PESQUISA DE MERCADO: AMBIENTE COMPETITIVO DO MERCADO DE
ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS EM SALVADOR E REGIÃO
METROPOLITANA
MARKET RESEARCH: COMPETITIVE ENVIRONMENT OF CONDOMINIUM
MANAGEMENT MARKET IN SALVADOR AND METROPOLITAN REGION
CELINO, Claudio Ribeiro 1
Mestrando em Administração de Empresas – UNIFACS
RESUMO
Este trabalho apresenta o grau de competitividade no mercado da prestação de serviços de
administração de condomínios residenciais, comerciais e de shopping centers por empresas
administradoras e síndicos profissionais na cidade de Salvador e Região Metropolitana.
Palavras-chave: competitividade, administração, condomínios
ABSTRACT
This paper presents the degree of competitiveness in the market for the provision of services
of management residential, commercial condominiums and shopping centers by professional
managers and administration companies in Salvador and Metropolitan Region.
Keywords: competitiveness, management, condominiums
1
Mestrando do Curso de Administração de Empresas - Universidade Salvador - UNIFACS
Laureate International Universities – Salvador / Bahia / Brasil – [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
A população mundial cresce e as moradias em condomínios se tornaram uma realidade sem volta na grande maioria das metrópoles do mundo. São comunidades cada vez maiores, sejam de casas ou apartamentos, que exigem exponenciais esforços de infraestrutura, controle financeiro e autoridade social. Pontos importantes que passam despercebidos pela quase totalidade daqueles que contemplam as maquetes e as plantas arquitetônicas num lindo stand de vendas de uma imobiliária, em busca do seu sonho de casa própria.
A palavra condomínio vem do latim condominium, que significa propriedade conjunta, ou seja, o domínio de mais de uma pessoa simultaneamente sobre um determinado bem, ou partes de um bem. Quando esse bem é imóvel e possui unidade autônomas além da área comum, denomina-se de condomínio edilício (RIZZARDO, 2014). Essa domínio em conjunto gera disposições legais distintas de propriedade, posse e disposição do bem, que variam de um condomínio para o outro com a sua convenção e regimento internos, assim como variam os contratos sociais das empresas, criando um campo de estudo particular nas áreas da administração, do direito, da contabilidade e da engenharia.
Esta realidade, uma vez percebida pelo mercado brasileiro, gerou demanda para que as empresas de contabilidade - responsáveis por elaboração de balancetes e registro contábeis, se transformassem em empresas de administração de condomínios - assumindo responsabilidade pela emissão de boletos bancários, recursos humanos, ou seja, contratação, demissão e controle da folha de pagamento. Algumas vezes até acumulando funções de compras, cobrança, terceirização de mão de obra, e coordenação da equipe de empregado dos condomínios através dos chamados encarregados ou gerentes prediais (CAMPOS, 2015).
E com quem fica a representação legal pela pessoa jurídica do condomínio? De acordo com o Código Civil Brasileiro, a figura do síndico é obrigatória, e assume todas as responsabilidades cível, trabalhista, tributária, ambiental e criminal pelo empreendimento. Além destas, existem as tarefas de manutenção predial, controle documental, planejamento financeiro, comunicação com a comunidade, decisões de investimentos, enquadramento legal do empreendimento e solução de conflitos - o que exige uma abordagem humana e familiar alem da eficácia operacional-administrativa. Atividades estas que são, na maioria das vezes, negligenciadas ou delegadas à fornecedores devido ao completo desconhecimento da matéria pelos síndicos voluntários. Esta enorme complexidade e responsabilidade também gerou demandas para o surgimento de uma nova categoria de trabalhadores - os síndicos profissionais - profissão ainda não regulamentada, mas já praticada amplamente no país, graças ao artigo nº 1.347 do atual Código Civil (lei 10.406/2002), que permite que qualquer pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio possa ser eleita para o cargo.
É nesse cenário que este estudo é pautado. Na tentativa de mensurar o tamanho deste mercado de serviços, quem são os personagens, quem são os clientes, quais são as barreiras de entrada e qual é o seu grau de competitividade. Um mercado onde administradoras de condomínio se multiplicam, mas não garantem o mesmo escopo de trabalho; síndicos profissionais autônomos disputam com empresas que oferecem este profissional como se fosse mais um serviço do seu portfólio; e condomínios se perdem nas diversas opções sem nenhuma fundamentação jurídica confiável que aponte o caminho que eles devem seguir.
O síndico é um dos primeiro agentes que apresenta à comunidade os princípios de ordem e cidadania; e o condomínio é o menor núcleo social que permite ao cidadão uma educação política, através das suas normas, convenções e iniciativas comunitárias. A qualificação dos síndicos e da administração profissional dos condomínios é, portanto, o caminho para a civilidade, equilíbrio e segurança de pequenas comunidades e, consequentemente, das cidades.
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2 ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS: MERCADO DE PROFISSIONAIS OU
DE EMPRESAS ESPECIALIZADAS?
2.1 O cenário
Segundo SCHWARTZ (1991), os cenários permitem analisar o longo prazo num mundo
onde reina a complexidade. As tendências hoje existentes influenciam decisivamente o futuro,
mas sempre sob o signo da imprevisibilidade. Assim, o planejamento estratégico parte de uma
"fotografia" do mercado objeto de estudo.
O crescimento do número de condomínios é um realidade em todo o Brasil. No nível
local, o Município de Salvador aprovou o seu novo Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano - PDDU em 2008, criando um novo e amplo conjunto de áreas economicamente
incorporáveis. A junção destes fatores - crédito farto, empresas capitalizadas, novos vetores
de desenvolvimento imobiliário na capital e uma demanda reprimida por duas décadas de
estagnação – foi determinante para um rápido crescimento do setor, que quadruplicou de
tamanho em um curto período de 3 anos (2005 a 2008) (BUCK, 2013).
Junto com o crescimento imobiliário, cresce a demanda por serviços de administração
de condomínios. Neste estudo será considerado inicialmente dois grupos: comerciais e
residenciais. Como os primeiros, por força do código de defesa do consumidor, prestam
serviços em relação de consumo, quase sempre contratam empresas e profissionais
especializados e formam uma clientela certa deste tipo de produto. Nos residenciais, em que
não há relação de consumo entre a administração e os condôminos (RIZZARDO, 2014), a
contratação de fornecedores não é uma certeza e os serviços comumente são prestados em
regime de melhor esforço. A segunda consideração, é quanto ao poder aquisitivo dos
empreendimentos, uma vez que as suas dimensões e número de unidades habitacionais
embora caracterizem o potencial econômico, não definem com precisão a possibilidade de
contratação de serviços.
Para ilustrar, as associações de bairro (que podem ser equiparadas à condomínios
perante a justiça) existem em favelas assim como em loteamentos de altíssimo padrão, como o
Alphaville - franquia imobiliária presente em alguns estados brasileiros. Em favelas, embora
contem com grande aglomeração de unidades, não conseguem captar recursos suficientes para
sequer adequar legalmente as moradias. Podemos citar outro exemplo: a mansão Carlos Costa
Pinto - condomínio que conta com apenas 18 unidades, mas que possui arrecadação mensal de
R$ 144.000,00 e conta com mais de 24 colaboradores (porteiros, vigias, vigilantes, zeladores
e auxiliares de serviços gerais).
Do outro lado, temos como competidores, disputando os serviços a serem prestados ao
condomínios: contadores e empresas de contabilidade que oferecem serviços de registros
contábeis, declarações de impostos e elaboração de balancetes para pequenos condomínios; e
empresas administradoras de condomínio que além deste serviços oferecem emissão de
boletos bancários, recursos humanos, compras, cobrança, e até terceirização de mão de obra e
encarregados. Cargo este que, segundo dados da SINTECONCS (Sindicato dos Trabalhadores
de Condomínios) e do CRA-BA (Conselho Regional de Administração da Bahia), tem sido
ocupado cada vez mais por administradores de formação, principalmente em grandes
condomínios.
Há ainda uma um terceiro competidor - o síndico profissional - que, a princípio, não
compete com as empresas administradoras por focar num escopo de serviço distinto:
responsabilidade cível e criminal, manutenção predial, controle documental, planejamento
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financeiro, comunicação com a comunidade e solução de conflitos. Entretanto, a recente
competição de empresas administradoras que oferecem este "produto" como um agregado ao
seu portfólio de serviços, pode causar mudanças neste cenário.
Vistos quem são os elementos do mercado, os fornecedores, os clientes e os produtos,
parte-se para o segundo passo: a análise da competitividade. Segundo PORTER (1980), é
possível fazer uma análise de competitividade de um mercado através de cinco forças:
Ameaça de novos entrantes;
Ameaça de produtos substitutos;
Poder de barganha dos fornecedores;
Poder de barganha dos clientes;
Rivalidade entre os fornecedores.
2.2 Ameaça de Novos Entrantes
Iremos então estudar como cada uma destas forças estão presentes no mercado de
administração de condomínios. A começar pela ameaça de novos entrantes - que é alta. A
possibilidade dos cliente serem disputados por profissionais liberais e por empresas torna o
mercado altamente disputado. Exceto os médios e grandes condomínios que exigem maior
infraestrutura e maior variedade de serviços, todos os outros são objeto de atuação de
contadores habilitados. Escritórios de contabilidade fornecem as necessidades básicas de
condomínios menos exigentes e rapidamente, através de softwares específicos já estabelecidos
no mercado, acrescentam produtos no portfólio.
No escopo do síndico a ameaça de entrantes é ainda maior. A atuação predominante de
autônomos, a falta de regulamentação da profissão, a expectativa de bons ganhos financeiros e
a atual crise econômica, projetam uma avalanche de novos concorrentes num futuro próximo.
Os moradores já não querem mais assumir o cargo de síndico, e os condomínios já se
tornaram verdadeiras empresas, movimentando milhões (InfoMoney, 2015). Não obstante,
síndicos voluntários - seja por desconhecimento da complexidade da atividade ou por
desejarem se preparar para uma nova possibilidade de carreira, são entrantes a concorrer com
os síndicos profissionais. Condomínios conservadores, ainda receosos de entregar a
sindicância à uma pessoa física ou jurídica estranha ao condomínio, também compõem uma
forte barreira de entrada do síndico profissional.
2.3 Ameaça de Produtos Substitutos
Devido à imposições legais, O eventual substituto do tradicional serviço de
administração de condomínios (balancetes, boletos, RH, cobrança) seria o serviço "síndico
profissional" - desde que detentor de registro no CRC (Conselho Regional de Contabilidade),
e desejasse acumular funções normalmente delegadas pelos síndicos. Ou seja, resumidamente
é baixa a ameaça de produtos substitutos. O código civil reserva aos contadores a competência
de assinar balanços patrimoniais e resultados econômicos:
Artigo 1.179 do Código Civil: O empresário e a sociedade empresária são
obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base
na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a
documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de
resultado econômico.
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O artigo seguinte (art. 1.180) dispõe que o livro Diário é obrigatório, porém vale frisar
que sua escrituração deve obedecer as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Já o art. 1.182 é mais incisivo ao prever que a escrituração é de responsabilidade de
contabilista habilitado, exceto se não houver este profissional na localidade, o que, devemos
reconhecer, trata-se de hipótese rara, cuja circunstância deve ser informada pelo Conselho
Regional de Contabilidade aos órgãos de registro. Ainda assim, vale esclarecer que tal
hipótese não exime o empresário da responsabilidade pela escrituração (art. 3º do Decreto no
64.567/69).
Finalmente, o art. 22 da Lei 4.591/64 obriga o síndico a manter guardada durante o
prazo de cinco anos para eventuais necessidade de verificação contábil, toda a documentação
relativa ao condomínio. Com isso, embora o condomínio seja um ente despersonalizado (art.
44, lei 10.406/2002), e não seja uma sociedade empresária, ele se assemelha a pessoa jurídica,
pois é obrigado o possuir CNPJ (instrução normativa 200/2002, Receita Federal), obrigado a
ter inscrições no INSS e FGTS (para os que possuem empregados), portanto, necessita
contratar um contador.
Com isso, as empresas de administração de condomínio precisam obrigatoriamente a
possuir contadores no seu quadro de colaboradores (contratados ou terceirizados) para
poderem participar deste mercado. Desta forma, a reserva de mercado está garantida e não há,
até então, produtos substitutos, exceto para os conjunto habitacionais sem empregados, cuja
simplicidade os isenta de formalidades legais e, com isso, podem lançar mão de soluções
caseiras para a contabilidade.
2.4 Poder de barganha dos fornecedores;
Os principais fornecedores das empresas administradoras de condomínio são as
empresas de software. Se é complexo administrar seu próprio negócio, inimaginável então,
gerenciar diversos ao mesmo tempo, sem o uso da informática. A contabilidade de
condomínios na Bahia, é calcadas em soluções de gestão amplamente difundidas, as quais
podemos exemplificar: Folhamatic/SAGE, Contmatic, Dominio, Prosoft, Alterdata, etc.
Falando especificamente em gestão administrativa condominial, temos outros:
Condominio21, Superlógica, Livesys, Info Digitus, etc. A variedade de fornecedores é
grande, porém uma vez definida a aplicação, o esforço para trocar de plataforma é expressivo.
Embora os fornecedores consigam exercer certo domínio sobre a base instalada,
precisam se superar para conquistar novos clientes. Administradoras que oferecem serviços de
terceirização de mão de obra dependem de outras soluções e fornecedores que não serão
objetos de estudo neste documento. Não obstante, o canal de acesso aos fornecedores também
não constituem expressiva barreira de entrada.
2.5 Poder de barganha dos clientes
A proliferação de empresas administradoras e a relativa facilidade da sua substituição
leva-nos a pressupor que o poder de barganha dos clientes seja alto neste mercado. Os
honorários são equiparados aos de contadores independentes; é difícil agregar valor e fazê-lo
ser percebido pelo cliente, e existem muitas opções no mercado. Não há muitas diferenças de
preços e portfólio entre a maioria das administradoras de condomínio, restando à reputação o
fiel da balança, enquanto nenhuma grande falha seja percebida pelo cliente e ele decida mudar
de empresa. Contratos longos, via de regra, são raros neste setor.
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2.6 Rivalidade entre os fornecedores
Classificar o grau de competitividade de um mercado é uma tarefa delicada. Posiciona-
mentos sutis, que muitas vezes escapam ao conhecimento do público, transformam um
concorrência perfeita em um oligopólio, e este último em um cartel. Aparentemente, o
mercado de serviços de administração de condomínio em Salvador, se assemelha a uma
concorrência perfeita: grande número de ofertantes, grande número de compradores, e
diferentes instrumentos de negociação: preço, qualidade, portfólio e pós-venda. Entretanto,
algumas empresas se destacam de tal forma e possuem uma relativa fatia do mercado (de
condomínio comerciais e residenciais) que podemos segregar estes dois mercados e
desenvolver diferentes análises em cada um.
Este destaque pode ser um fruto de vantagem estratégica, dificuldade da maioria dos
competidores em alcançar determinada eficácia operacional (o que poderia configurar
concorrência monopolística) ou um cenário artificialmente criado com alianças (cartel ou
truste). Uma empresa só é capaz de superar em desempenho os concorrentes se conseguir
estabelecer uma diferença preservável. A eficácia operacional significa o desempenho de
atividades melhor que as rivais (PORTER, 1999). Em última análise, a vantagem competitiva
pode assumir um grau de diferenciação tal que iniba os competidores de concorrer no mesmo
mercado. Por exemplo, a administração de shopping centers.
2.7 As campeãs do mercado
Segundo SIMON (2003) o ato de definir "negócio" e "mercado" é o ponto de partida do
planejamento estratégico. Ele chama de pequenas campeãs, as pequenas e médias empresas
que ignoram as cinco forças de Porter e se destacam criando um nicho diferenciado que
dificulta o acompanhamento pelos concorrentes:
conhecem mais a sua participação no mercado relativamente ao seu maior
concorrente que a participação absoluta;
preferem definir o mercado ou negócio a partir das necessidades dos clientes
(contabilidade de condomínios x administração de condomínios), o que torna
mais fácil compreender quais são os produtos substitutos;
tendem a permanecer no mercado-alvo e na tecnologia básica optada (média de
10 anos na decisão);
tendem a se manter fiéis à sua competência original e resistem a tentação de
diversificar: ultraespecialistas de nicho ou criam seus próprios mercados;
não veem os mercados como algo definido por forças externas ou competitivas,
mas como um parâmetro que podem controlar (alto grau de diferenciação que
inibe a imitação por competidores).
possuem abordagem restrita e profunda (baixa amplitude na linha de produtos,
mas grande variedade ou solução completa naquela linha escolhida).
Parece haver uma liderança notável em algumas empresas deste setor. Mais
precisamente na divisão de condomínios comerciais, e, dentro destes, os shopping centers.
Acontece que o shopping center não se destina, normalmente, para a venda de unidades ou
frações ideais, mas para a locação e exploração comercial das lojas ou divisões internas
(RIZZARDO, 2015). Desse modo, fica, de imediato, constituído um condomínio especial, nos
moldes do "condomínio edilício", no qual o adquirente de loja em shopping center, apesar de
proprietário de uma unidade autônoma, devidamente caracterizada, à qual se vincula uma
fração ideal no terreno e nas coisas comuns, sofre algumas restrições, contratualmente
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acertadas, ao seu direito de condômino (AVVAD, 2007 apud RIZZARDO, 2015, p.314).
Desta forma, condomínios comerciais acumulam a complexidade de se submeterem ao
Código de Defesa do Consumidor, além do Código Civil, o que exige celeridade na solução
de falhas e alto investimento, mas gozam de relevante autonomia diretiva, o que sobrepassa a
maioria dos problemas comuns de condomínio, caracterizando uma forma de administrar
notadamente diferente, cujo grau de diferenciação pode distanciar os competidores.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa foi realizada em três etapas. Na primeira, foram realizadas
entrevistas presenciais com roteiros pré-estabelecidos e não rígidos com os dirigentes das
entidades de classe representativas do segmento: ABRASCE, SECOVI-BA e SINTECONCS-
BA, entidades de classe representativas de profissionais que atuam neste segmento e órgãos
oficiais: CRECI-BA, CRA-BA, CRC-BA, OAB-BA e CREA-BA, Superintendência de
Urbanismo - SUCOM e Cadê o Síndico - o maior periódico local do setor e um dos maiores
fomentadores da profissionalização. Na segunda, foram aplicados questionários aos dirigentes
e consultores das principais empresas administradoras de condomínio em 2014, conforme
SECOVI e Receita Federal: Adserv, Logoserv, LifeBrasil (antiga Itambé) e Enashop.
Finalmente, foram aplicados questionários aos principais advogados condominiais, cursos de
formação de profissionais administradores e síndicos profissionais de Salvador: Alexandre
Almeida - Atitude Cursos Condominiais, ACS, Faculdade 2 de Julho, Ionara Magalhães, Ary
Cabral, Galante...
Tomou-se como base uma relação das empresas administradoras de condomínio em
atividade no período de 2011 a 2014, filiadas à SECOVI-BA. De um total de 100 empresas,
foram descartadas as empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico, reduzindo o
universo de pesquisa para 80 empresas. Não há, localmente nenhuma entidade de classe ou
associação que referencie os profissionais que atuam no setor de condomínios, assim, a busca
pelos entrevistados foi empírica, partindo de conhecimento próprio e de indicação de
personalidades notáveis no assunto, resultando num total de 50 profissionais apontados.
Destes 130 profissionais, 2 não foram localizadas, 33 (40%) não sabiam responder, 46
(56%) participaram de alguma forma de aliança ou parceria. Deste universo, não foi possível
o contato com 7, e 2 recusaram-se a participar da pesquisa, sendo o questionário enviado para
37 empresas, das quais 15 responderam, correspondendo a uma taxa de resposta de 33% do
universo da pesquisa. Dentre estes, para 11 empresas a aplicação do questionário foi
concomitante com a entrevista aos dirigentes, contribuindo para o enriquecimento das
informações obtidas.
A fim de facilitar a classificação subjetiva dos níveis de competitividade, foram
estabelecidos três níveis de percepção: alto, médio e baixo.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os três principais mercados em qualquer economia são: 1) Bens (produtos e serviços);
2) Capitais (investimentos); 3) Trabalho (deficiência de mão-de-obra, competência das
universidades versus prestígio das corporações). A atividade de administração de
condomínios se situa no mercado de serviços. A análise ambiental microeconômica mostrou
que não existem competidores globais no mercado baiano, mas há competidores nacionais
(LifeBrasil, APSA), com tendência de expansão de franquias e parcerias com escritórios
locais.
Com base nos dados obtidos, foi possível constatar que o mercado de administração de
condomínio se divide em três: condomínio residenciais, condomínio comerciais e shopping
centers. Os condomínio mistos (comercial e residencial), principalmente os maiores, devido
ao alto grau de complexidade da infraestrutura, estão incluído na modalidade comercial. Os
menores e sem muita complexidade (que possuem apenas o uma pequena parcela destinada ao
aluguel de lojas, comumente o pavimento térreo), permanecem na classificação residencial,
para efeito da composição de competitividade.
Os serviços de administração de condomínios residenciais já são bastante difundidos,
enquanto o síndico profissional ainda trata-se de uma demanda reprimida. O mercado para as
empresas administradoras é uma concorrência monopolista, haja visto que há muitos
concorrentes, bastante clientes, mas algumas são notadamente mais competitivas e são as
únicas que disputam o nicho de condomínio grandes ou de alto luxo.
4.1 Mercado de Administração de Condomínios Residenciais
Parâmetros da Pesquisa Resultados Tamanho do mercado 7.732
Unidades habitacionais -
Arrecadação mensal (R$ milhões) -
Condomínios que utilizam administradoras -
Condomínios que utilizam síndicos prof. -
Percentual gasto com administração 6,25%
Percentual gasto com síndico profissional 8,75%
Cota condominial média -
Total de empresas administradoras* -
Nº de empresas realmente competitivas 7
Total de síndicos profissionais 10
Nº de síndicos realmente competitivos 5
Ameaça de novos entrantes Alta
Ameaça de produtos substitutos Baixa
Poder de barganha dos fornecedores Média
Poder de barganha dos clientes Alta
Rivalidade entre os fornecedores Alta
Classificação de competitividade concorrência monopolista
Tabela 1: Perfil Competitivo - Administração de Condomínios Residenciais em Salvador
Fonte: Tabela montada pelo autor a partir da complicação de informações
obtidas na pesquisa qualitativa
No que tange à classificação dos condomínios, alguns fornecedores de sistemas de
gerência utilizam a classificação a seguir para fins de referência de nicho.
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Tamanho do Condomínio
Número de Unidades
Arrecadação Mensal
Número de funcionários
Conjunto habitacional < 16 < R$ 5.000,00 0
Pequeno < 60 < R$ 30.000,00 até 5
Médio < 100 < R$ 45.000,00 até 8
Médio-grande < 300 < R$ 75.000,00 até 10
Grande < 500 < R$ 100.000,00 até 24
Gigante > 600 > R$ 120.000,00 acima de 30
Tabela 2: Classificação de Condomínios Residenciais em Salvador
Fonte: Tabela montada pelo autor a partir da complicação de informações
obtidas na pesquisa qualitativa
Os principais concorrentes no mercado de administração de condomínios residenciais
são: Adserv, Logoserv, APSA, Gold, LifeBrasil, ACS e Servpred, com destaque para as
quatro primeiras.
Figura 2: Gráfico do Marketshare da Administração de Condomínios em Salvador
Fonte: Gráfico montado pelo autor a partir da complicação de informações
obtidas nas pesquisas qualitativas e mercadológica SECOVI-BA 2014
4.2 Mercado de Administração de Condomínios Comerciais
Parâmetros da Pesquisa Resultados Tamanho do mercado
Unidades comerciais (lojas e salas)
Arrecadação mensal (R$ milhões)
Condomínios que utilizam administradoras
Condomínios que utilizam síndicos prof.
Percentual gasto com administração
Percentual gasto com síndico profissional
Cota condominial média
Nº de empresas administradoras*
Nº de síndicos profissionais
Ameaça de novos entrantes
Ameaça de produtos substitutos
Poder de barganha dos fornecedores
Poder de barganha dos clientes
Rivalidade entre os fornecedores
Classificação de competitividade
Tabela 3: Perfil Competitivo - Administração de Condomínios Comerciais em Salvador
Fonte: Tabela montada pelo autor a partir da complicação de informações
obtidas na pesquisa qualitativa
500
200 100 100
50
50
20
3000
Marketshare de Administração de Condomínios Residenciais em Salvador
Adserv
Logoserv
APSA
Gold
ACS
Servpred
LifeBrasil
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O mercado de administração de condomínios comerciais se diferencia por ter menos
concorrentes, contudo o número de cliente é naturalmente menor. Conta com maior agilidade
por não ter tantos protocolos quantos os residenciais. Motivo este forçado pela legislação que
os submetem ao código de defesa do consumidor perante os visitantes de unidades (em outras
palavras, clientes dos escritórios), exigindo maior atenção na prevenção de litígios. Também
não possuem a variedade de conflitos tão comuns em condomínios residenciais (como
animais, crianças e perturbação do sossego).
Por outro lado, impõe um grau de exigência em termos de segurança e conservação
bastante raro entre a gama de escritórios disponíveis, o que favorece as especialistas. Em
resumos, embora as barreiras de entrada sejam menores, o expertise técnico e curto tempo de
resposta filtram expressivamente este mercado, tornando-o também uma concorrência
monopolista.
Os maiores concorrentes neste mercado são a APSA e a Enashop. Esta última atual
prioritariamente em shopping centers, mas também se faz presente em grandes
empreendimentos comerciais e mistos, tornando-se competidor dos maiores clientes destes
dois nichos. Neste caso, especialmente, o porte do empreendimento fala mais alto do que a
quantidade, invalidando o gráfico de marketshare por número de clientes.
4.3 Mercado de Administração de Shopping Centers
Parâmetros da Pesquisa Resultados Tamanho do mercado 15
Unidades comerciais (lojas e salas)
Arrecadação mensal (R$ milhões) 441.006
Percentual gasto com administração
Nº de empresas administradoras* 2
Nº de gerentes prediais
Ameaça de novos entrantes Baixa
Ameaça de produtos substitutos Baixa
Poder de barganha dos fornecedores Médio
Poder de barganha dos clientes Baixo
Rivalidade entre os fornecedores Baixa
Classificação de competitividade Oligopólio
Tabela 4: Perfil Competitivo - Administração de Shopping Centers em Salvador
Fonte: Tabela montada pelo autor a partir da complicação de informações
obtidas pela ABRASCE
10 20
50
20 200
Marketshare de Administração de Condomínios Comerciais em Salvador
Adserv
APSA
Servpred
Enashop
Outras
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O mercado de shoppings já apresenta configuração completamente diferente, com a
presença de grandes grupos com grande expertise e alto grau de diferenciação. O alto
investimento para implantação de uma administradora deste porte, aliado a falta de mão de
obra qualificada na região, confere um baixo poder de barganha aos clientes e uma grande
barreira à entrantes. É notada a presença de empresas nacionais e multinacionais, os processos
administrativos e aspectos jurídicos são estabelecidos pela ABRASCE (Associação Brasileira
de Shopping Centers) e pela ICSC (International Council of Shopping Centers) e há tendência
de cartelização do setor.
Todo esse cenário atribui à este mercado a característica de um oligopólio, destacando-
se nele a empresa Enashop.
5 CONCLUSÕES
Conforme constatado nesta pesquisa, o mercado de administração de condomínios em
Salvador é dividido em três nichos com características e graus de competitividade diferentes:
residencial, comercial e shopping centers. O mercado de administração residencial se
assemelha a uma concorrência perfeita no nicho de condomínios médios e pequenos, mas se
aproxima de uma concorrência monopolista em condomínios-clube e de alto padrão. O
mercado de administração comercial, substancialmente menor e mais exigente em segurança e
conservação, se caracteriza mais por uma concorrência monopolista. Finalmente o mercado de
administração de shopping center exemplifica um claro oligopólio. Formado por grandes
empresas no Brasil e no mundo, mantém essa característica também em Salvador.
Por outro lado, foi possível observar um alto grau de competitividade entre as empresas,
ilustrado pela concorrência acirrada por clientes e guerra de preço (oceano vermelho).
Algumas empresas se destacam pela qualidade (eficácia operacional) ou pelo grau de
diferenciação (pequenas campeãs) e lideram o mercado com larga vantagem sobre maioria, se
concentrando nos melhores clientes e imprimindo pouco esforço nos menos rentáveis.
Adicionalmente, no mercado dos serviços de síndicos profissionais, embora seja
possível, não é notado substituição de produtos, ou seja, disputar os mesmos clientes das
administradoras com o mesmo portfólio. Mantendo, apesar da tímida invasão deste serviço
pelas administradoras, a divisão de escopo esperada pelas melhores práticas do mercado, uma
vez que ambos serviços prestados pelo mesmo CNPJ configura conflito de interesses. Cabe
ressaltar que este mercado ainda é caracterizado por uma demanda reprimida, haja vista a
5
15
Marketshare de Administração de Shopping Centers em Salvador
APSA
Enashop
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baixa penetração apesar do grande apelo. Seja em condomínios comerciais ou residenciais.
Muito provavelmente mostrando um início de mercado ou reflexo da falta de regulamentação.
Desta forma, a presente pesquisa permitiu constatar que a administração de
condomínios em Salvador é um setor concorrido, mas ainda imaturo - carente de profissionais
capacitados e empresas competitivas, capazes de prestar serviços de qualidade independente
do porte dos clientes. Já nos grandes empreendimentos comerciais, residenciais e mistos, o
mercado é praticamente fechado para novos entrantes, sendo dominado por grandes empresas
experientes. Os serviços de síndico profissional ainda fazem parte de um mercado em
expansão com as mesmas carências de competência que os da administração contábil. Aos
poucos, franquias e associações com empresas de São Paulo e Curitiba - pólos centrais das
inovações na área condominial, projetam o caminho da evolução.
6 REFERÊNCIAS
ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers). Números do Setor, 2015:
Disponível em http://www.portaldoshopping.com.br
BUCK, Luciana B. L. ; MONTEIRO, A. A Utilização Estratégica de Alianças no Setor
Imobiliário da Região Metropolitana de Salvador-Ba no Período de 2007 a 2011: Motivações,
Mecanismos e Resultados. XXXVII EnANPAD 2013, v. 966, p. 16125, 2013.
CAMPOS, Thais. Thais Campos: entrevista [jul.2015]. Entrevistador: C. Celino. Salvador:
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