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INEC PERÍCIA CONTÁBIL PROF.DR. JOSÉ CARLOS SIMÕES 1 APOSTILA PERÍCIA CONTÁBIL 2012

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INEC PERÍCIA CONTÁBIL

PROF.DR. JOSÉ CARLOS SIMÕES

1

APOSTILA

PERÍCIA CONTÁBIL

2012

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INEC PERÍCIA CONTÁBIL

PROF.DR. JOSÉ CARLOS SIMÕES

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SUMÁRIO

1) Introdução

1.1) Funções Fundamentais e/ou complementares da

Contabilidade

2) Perícia Contábil

2.1) Necessidades de se fazer uma Perícia Contabil.

2.2) Classificação da Perícia Contábil.

2.3) Requisitos Fundamentais.

2.4) Normas.

2.5) Laudo Pericial.

2.6) Parecer Pericial.

2.7) Honorários.

2.8) Prazo e Pontualidade.

2.9) Considerações Finais.

3) Resolução nº 858/99 – CFC.

3.1) Conceituação e Objetivos.

3.2) Planejamento.

3.3) Execução.

3.4) Procedimentos.

3.5) Laudo Pericial Contábil.

3.6) Parecer Pericial Contábil.

4) Estudos de Casos.

4.1) Perícia Trabalhista

4.2) Perícia Bancária

4.3) Perícia de Cartão de Crédito

4.4) Perícia de Financiamento/Arrendamento (Método de Gauss).

Bibliografia.

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1) Introdução

A Perícia é concebida como uma atividade de examinar as coisas e os fatos, reportando sua autenticidade e opinando sobre as causas, essências e efeitos da matéria examinada. Pode haver em qualquer área, sempre onde existir a controvérsia ou a pendência, inclusive em algumas situações empíricas. Sua origem está ligada aos mais remotos tempos da humanidade, onde iniciou-se o processo civilizatório, que alias, até hoje continua, um indivíduo que por sua experiência ou por maior poderio físico, comandava a sociedade primitiva era, a bem dizer juiz, legislador e executor ao mesmo tempo, já que examinava, por sua ótica, julgava, fazia e executava as leis. Na Índia surgiu a figura do árbitro, que na verdade era o perito e juiz ao mesmo tempo, pois fazia a verificação dos fatos, o exame do estado das coisas e lugares, e também tinha o poder da decisão judicial. Os primeiros vestígios da Perícia surgiram no Egito e na Grécia, onde existiam especialistas em determinados campos para proceder à verificação e ao exame de determinadas matérias. O objetivo da Perícia, é o estado do fato característico e peculiar, que está sendo objeto de litígio extrajudicial ou judicial, e que ocorre dentro do âmbito de qualquer uma das ciências em questão, fornecendo mediante um Laudo, Parecer ou Relatório, em linguagem acessível ao ser humano normal, condições para o julgamento e apreciação jurídica do fato estudado. 1.1) Funções Fundamentais e/ou complementares da Contabilidade.

a) Funções fundamentais

• subfunção escritural ou de registro;

• subfunção expositiva ou demonstrativa;

• subfunção interpretativa ou de análise.

b) Funções Complementares

• Função administrativa – As normas de vigilância sobre os elementos

patrimoniais, dos cálculos das operações, do inventário de bens e dos seus

processos de avaliação, da elaboração de orçamentos, enfim do que signifique

colaboração justificada com os meios da contabilidade e aptidões de seus

técnicos.

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• Função revisora – O exame dos lançamentos, a verificação dos cálculos, o

rigor das transações, a crítica e formulação das partidas fazem parte da função

revisora.

• Função pericial – é a informação esclarecedora do contador que orienta os

litigantes.

2) Perícia Contábil

É uma ramificação da Contabilidade, utiliza-se das mesmas técnicas empregadas por essa ciência de forma genérica. É uma modalidade superior da profissão contábil, que fornece informações sobre o patrimônio das entidades físicas e jurídicas .

Funciona com objetivos específicos de:

a) Informação fiel. b) Certificação, exame e a análise do estado circunstancial do

objeto. c) Esclarecimento e a eliminação das dúvidas suscitadas sobre o

objeto. d) Fundamento cientifico da decisão. e) Formulação de uma opinião ou juízo técnico. f) Mensuração, análise e a avaliação ou o arbitramento sobre o

“ quatum” monetário do objeto. g) Trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade,

má-fé, astúcia ou fraude. 2.1) Necessidades de se fazer Perícia Contábil.

a) Irregularidades Administrativas:

• Generalidades – Pela função de revisão ou perícia, são

descobertas e evidenciadas irregularidades administrativas, fundamentado-se

medidas acauteladoras ou sanções, e estabelecendo-se a verdade dos fatos,

com definições de responsabilidade e justa atribuição de direitos e obrigações

pecuniárias.

• Imperfeições – Por várias causas e fatores a ação

administrativa, em qualquer de suas manifestações, pode contaminar-se de

imperfeições, conscientes e inconscientes, que perturbam a normalidade, pois

esta é que deve predominar no uso dos meios e na realização de negócios.

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São imperfeições administrativas, o acúmulo de funções incompatíveis, as falas

na aquisição, guarda, conservação e alienação dos bens materiais.

• Negligências – As negligências tem efeitos imediatos ou

remotos. Dos efeitos exigem-se investigações de causas e identificações dos

culpados. Quando conscientes, ressaltam a responsabilidade dos causadores,

sendo falta culposa a originada da displicência ou negligência inconsciente, em

que atuam fatores físicos ou psíquicos.

• Erros – São expressões generalizadas de

irregularidades. Objetivamente, os erros traduzem-se em omissão, imprevisão,

incompreensão, cálculos inexatos, técnica mal aplicada, decisões

inconvenientes, interpretações irreais, falsas situações de direito etc.

• Infrações – A ação da administração deve processar-se

de conformidade com normas gerais estatuídas, originalmente, pelo órgão

volitivo ou de deliberação.

• Simulações – A simulação consiste em aparentar

regularidade em determinado ato ou negócio, quando em realidade, atos ou

negócios simulados contrariam as normas jurídicas e a ética.

• Adulterações – Consistem na alterações de coisas e

fatos, com o fim preconcebido de enganar a outrem em proveito próprio.

• Fraudes – Fraudar é enganar ou burlar. Engana-se a

outrem para proveito próprio; burla-se a lei em proveito próprio. A fraude não se

presume, deve ser provada por quem acusa. Variantes da fraude são: furto,

roubo, lesão, desfalque, alcance, estelionato, falsificação.

• Culpas - é causa de dano pela qual responde moralmente

seu autor, quando ineficiente e de boa-sé, e de direito, quando deixa de

cumprir obrigações explícitas ou com tendências para a má-fé.

• Responsabilidades - em matéria administrativa,

responsável é aquele que se obriga pela boa guarda e conservação das coisas

e pela execução de atos como agente de litígio dono da coisa administrada.

b) Irregularidades Contábeis.

• Generalidades – A organização contábil e suas

respectivas escritas devem assegurar e confirmar a regularidade

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administrativa. Entretanto, falha administrativa, por sua vez, pode ser causa de

irregularidades contábeis.

• Imperfeições técnicas – A organização do trabalho de

contabilidade obedece a planos previamente elaborados e sua execução é

guiada por normas predeterminadas.

• Principais imperfeições técnicas: - desordem geral na

escrituração, confusão e atraso; - ausência de evidências

(peças justificativas) - Falta de balancetes e conferências -

Frequência exagerada de estornos.

• Negligência profissional – Ainda que as negligências

profissionais se originem na inépcia ou incapacidade

técnica ou pessoal do contador, os efeitos serão sempre

de inferioridade moral na justificação de atos de gestão,

defesa de interesses perante terceiros ou justificação de

infrações das leis.

• Erros técnicos de escrituração – A primeira distinção a

fazer é a do erro substancial ou formal. Por definição,

substancial é o que se refere à essência. Erro de forma é a

representação gráfica defeituosa ou viciada de fatos.

• Infrações – Não cumprimento de uma determinação

administrativa e, principalmente, legal; cumpri-la

parcialmente, com desvirtuamento ou deformação, é

infringir normas ou preceitos a serem observados na

contabilidade.

• Simulações – Quando coisas e fatos administrativos não

correspondem à verdade. Simulação de inventário, de

operações ou negócios, de débitos e créditos, de despesas

ou prejuízos.

• Adulterações – As adulterações podem ser de contas,

históricos, datas, quantias, lançamentos ou peças

contábeis já elaboradas.

• Fraudes – Falsificações de lançamentos nas falências, as

falsas situações de contas, lucros líquidos alterados, erros

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de classificação de receita e despesa, omissão de entrada

de dinheiro.

• Culpas profissionais - as imperfeições técnicas de

organização e execução de contabilidade, as negligências

profissionais, os erros técnicos e de escrituração e outras

irregularidades de escrita poder ser causa determinante ou

concorrente, direta ou indiretamente, de prejuízos materiais

e morais contrario ao dono de um patrimônio ou de

terceiros em relações comerciais.

• Responsabilidades profissionais – quer sejam involuntárias

as falhas e culpas do contador , quer sejam intencionais,

que seja ação de dolo ou fraude, o profissional contábil

sofre as respectivas consequências, que se traduzem em

perda de emprego, ressarcimento de prejuízos ou

responsabilidade criminal.

2.2) Classificação da Perícia Contábil – a Perícia classifica-se :

I – Por vontade ou consentimento do proprietário - Voluntária II – Por ordem judiciária ...................................... - Perícia Judicial

As espécies de Perícia contábil, identificáveis e definíveis segundo os ambientes em que são instaladas a atuar :

a – Perícia Judicial – a perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais específicas (Justiça do Trabalho e Justiça Civil, Poder Judiciário).

b- Perícia Semijudicial - a perícia semijudicial é aquela realizada

dentro do aparato institucional do Estado, porém fora do poder judiciário (Em âmbito Policial e na área de Administração Tributária, Tribunal de Contas).

c – Perícia Extrajudicial – a perícia extrajudicial é aquela realizada

entre pessoas físicas e privadas, fora do Estado e fora do poder judiciário. d – Perícia Arbitral – é aquela realizada no juízo arbitral, instancia

decisória criada pela vontade das partes, tem características especialíssima de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial – Tribunais de Mediação e Arbitragem.

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O Perito, especialmente o perito contador , é o encarregado de exercer a perícia, e deve considerar os efeitos em benefício da sociedade, propiciando bem estar a todos os que tem interesse no deslinde da controvérsia. Aristóteles define algumas características que devem compor o perfil do profissional, que são essenciais: a excelência moral (honestidade, moderação, equidade), excelência intelectual ( inteligência, conhecimento, discernimento, etc.). Exigem também do perito, capacidade de estar sempre atualizado, pesquisando novas técnicas e sempre preparado para execução de trabalho de boa qualidade. 2.3) Requisitos Fundamentais:

a) Jurídicos Formais – o Código do Processo Civil art. 145 determina:

- Que tenham grau de nível universitário na matéria que deverão

opinar. - Que estejam registrados, no órgão de classe regulador da profissão a

que se refere à especialidade da matéria submetida a apreciação pericial.

b) Pessoalidade – a perícia possui caráter de pessoalidade do exercício, na forma judicial, é permitido somente como pessoa física, conforme o Código do Processo Civil preceitua.

O Conselho Federal de Contabilidade incumbe privativamente ao Contador, ou seja o Bacharel em Ciências Contábeis, devidamente registrado como tal no Conselho Regional de Contabilidade a execução de perícias judiciais, extrajudiciais ou arbitrais.

c) Saber Técnico Científico – Para que se aprofunde cientificamente na

interpretação do fato em sua especialidade.

d) Conhecimentos Jurídicos – Para que conheça em profundidade o roteiro legal, notadamente o processual, como também a legislação que recai sobre a matéria examinada.

e) Português Instrumental - deve o profissional dominar com segurança o instrumento básico de transmissão e percepção de ideias, a língua portuguesa segundo a norma culta.

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2.4) Normas

As atividades de Perícia Contábil são prerrogativas do Contador e reguladas pelas Resoluções nº 857 – Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC P2 –

Normas Profissionais do Perito e nº 858 – Normas Brasileiras de Contabilidade

NBC 13 – Da perícia Contábil do Conselho Federal de Contabilidade, publicadas no Diário Oficial da União de 29 de outubro de 1999. 2.5) Laudo Pericial Segundo Antônio Lopes de Sá:

“O Laudo Pericial é o julgamento, ou pronunciamento, baseados no conhecimento que tem o profissional da contabilidade, em face de eventos ou fatos que são submetidos a sua apreciação.”

O Laudo é o relatório onde o perito poderá ouvir testemunhas, obter informações e documentos que estejam em poder das partes ou de repartições públicas, podendo instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias, balancetes, balanços, cópias do livro diário, relatórios gerenciais etc. É entendido sobre dois aspectos:

a) Materialização do trabalho pericial desenvolvido pelo perito contábil.

b) E a prova pericial Deve obedecer a certos requisitos “ extrínsecos uns, intrínsecos outros “

Extrínsecos – o Laudo Contábil deve ser lavrado na forma escrita e assinado pelo perito contábil, além de ser rubricado, evitando-se qualquer possibilidade de substituição de folhas.

Intrínsecos – ser completo, claro, circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. O Laudo é elaborado pelo Perito Contador nomeado pelo Juiz, é o profissional de sua confiança, de sua livre escolha conforme consta nos arts. 421 e 433 do Código do Processo Civil.

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2.6) Parecer Pericial

É o documento escrito mediante o qual o perito da parte, expressa sua opinião de forma clara, objetiva e circunstanciada sobre o conteúdo do Laudo. A contratação desse Perito Contador Assistente é de iniciativa privativa da parte, e indica-lo como seu assistente técnico é facultativo.

Para que o parecer tenha fundamentação há que ter procedido a pesquisa, exame verificação, diligências ou qualquer medida que tenha por escopo a busca da verdade ou da realidade do fato em exame. Ele realiza uma perícia, da mesma forma que realiza o perito contador, contudo a lei não os impedem de trabalharem em conjunto, conforme previsto no item 13.3.1. da NBC T – 13. 2.7) Honorários O perito deverá apresentar por meio de petição a sua proposta, dentro do prazo estabelecido de cinco dias, recomenda-se um plano de trabalho, estimado no número de horas previstas para a execução do trabalho, mediante avaliação dos serviços. (NBC-P2). Se acordados, poderá haver depósito total ou parcial de honorários. Os honorários serão pagos pela parte que solicitou a perícia, ou pela parte autora, conforme art.33 CPC. Os honorários o perito assistente serão pagos pela parte que o contratar. Concluído o Laudo Pericial dentro do prazo previamente definido pelo juiz, o perito do juízo fará, por meio de petição o seu encaminhamento e a restituição do processo, solicitando a liberação do Alvará de Levantamento referente ao depósito de honorários. 2.8) Prazo e Pontualidade

O Juiz fixará o prazo para entrega do Laudo Pericial, o que deverá ser entregue em cartório no prazo fixado. A pontualidade propiciará o andamento normal do processo. Caso, por motivo justificado, o perito contador não possa apresentar o Laudo Pericial no prazo assinalado, ele deverá solicitar ao juiz, com fulcro no art.432 do CPC, a prorrogação deste prazo por uma vez. 2.9) Considerações Finais

O mercado de trabalho na área das Ciências Contábeis, é um universo sem fronteiras. O profissional qualquer que seja sua área, não pode ser visto tão

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somente como um indivíduo que acumulou conhecimentos científicos e técnicos. Esse profissional, para ser considerado capaz, deve saber como ocorre à interação da sua área de atuação profissional.

3) Resolução nº 858/99 - Conselho Federal de Contabilidade -

Publicada no DOU de 29/10/1999 – Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC T 13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL

3.1) Conceituação e Objetivos.

A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil, e ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

O laudo pericial contábil e ou parecer pericial contábil têm por limite os próprios objetivos da perícia deferida ou contratada.

A perícia contábil, tanto a judicial, como a extrajudicial e a arbitral, é de competência exclusiva de Contador registrado em Conselho Regional de Contabilidade.

Nos casos em que a legislação admite a perícia interprofissional, aplica-se o item anterior exclusivamente às questões contábeis, segundo as definições contidas na Resolução CFC n.º 560/83.

A presente Norma aplica-se ao perito contador nomeado em Juízo, ao contratado pelas partes para a perícia extrajudicial ou ao escolhido na arbitragem; e, ainda, ao perito contador assistente indicado ou contratado pelas partes.

3.2 – Planejamento.

13.2.1 - Disposições Gerais

13.2.1.1 - O planejamento pressupõe adequado nível de conhecimento específico do objeto da perícia contábil deferida ou contratada.

13.2.1.2 - A perícia deve ser planejada cuidadosamente, com vista ao cumprimento do prazo, inclusive o da legislação relativa ao laudo ou parecer.

13.2.1.2.1 - Na impossibilidade do cumprimento do prazo, deve o Contador, antes de vencido aquele, requerer prazo suplementar, sempre por escrito.

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13.2.1.3 - O planejamento deve considerar, ainda, os seguintes fatores relevantes na execução dos trabalhos:

a) o conhecimento detalhado dos fatos concernentes à demanda; b) as diligências a serem realizadas; c) os livros e documentos a serem compulsados; d) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de perícia a serem aplicados; e) a equipe técnica necessária para a execução do trabalho; f) os serviços especializados, necessários para a execução do trabalho; g) os quesitos, quando formulados; e h) o tempo necessário para elaboração do trabalho.

13.2.1.4 - O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que novos fatos o exigirem ou recomendarem.

13.2.1.5 - Quando do planejamento dos trabalhos deve ser realizada a estimativa dos honorários de forma fundamentada, considerando os custos e a justa remuneração do contador.

13.2.2 - Na Perícia Judicial

13.2.2.1 - Nos casos em que não houver publicação oficial da concessão do prazo suplementar, deve o perito contador comunicá-la aos peritos contadores assistentes.

13.2.3 - Na Perícia Extrajudicial e na Perícia Arbrital

13.2.3.1 - O contrato de honorários deve ser elaborado com base no planejamento realizado.

3.3 – Execução.

13.3.1 - O perito contador assistente pode, tão logo tenha conhecimento da perícia, manter contato com o perito contador, pondo-se à disposição para o planejamento e a execução conjunta da perícia. Uma vez aceita a participação, o perito contador deve permitir o seu acesso aos trabalhos.

13.3.2 - O perito contador e o perito contador assistente, enquanto estiverem de posse do processo ou de documentos, devem zelar pela sua guarda e segurança.

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13.3.3 - Para a execução da perícia contábil, o perito contador e o perito contador assistente devem ater-se ao objeto do trabalho a ser realizado.

13.3.4 - Nas diligências, o perito contador e o perito contador assistente devem relacionar os livros, os documentos e os dados de que necessitem, solicitando-os, por escrito, em termo de diligência.

13.3.5 - A eventual recusa no atendimento de diligências solicitadas, ou qualquer dificuldade na execução do trabalho pericia, devem ser comunicadas, com a devida comprovação ou justificativa, ao Juízo, em se tratando de perícia judicial ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial ou arbitral.

13.3.6 - O perito contador e o perito contador assistente utilizar-se-ão dos meios que lhes são facultados pela legislação e das normas concernentes ao exercício de sua função, com vista a instruírem o laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil com as peças que julgarem necessárias.

13.3.7 - O perito contador e o perito contador assistente manterão registros dos locais e datas das diligências, nomes das pessoas que os atenderem, livros e documentos examinados ou arrecadados, dados e particularidades de interesse da perícia, rubricando a documentação examinada, quando julgarem necessário.

13.3.8 - A execução da perícia quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser realizada sob a orientação e supervisão do perito contador e ou do perito contador assistente que assumiram a responsabilidade pelos trabalhos, devendo assegurar-se que as pessoas contratadas estejam profissionalmente capacitadas à execução.

13.3.9 - O perito contador e o perito contador assistente devem documentar, mediante papéis de trabalho, os elementos relevantes que serviram de suporte à conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil.

13.3.10 - O perito contador assistente que assessorar o contratante na elaboração das estratégias a serem adotadas na proposição de solução por acordo ou demanda cumprirá, no que couber, os requisitos desta Norma.

3.4 – Procedimentos.

13.4.1 - Os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.

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13.4.1.1 - O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos.

13.4.1.2 - A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.

13.4.1.3 - A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto da perícia.

13.4.1.4 - A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.

13.4.1.5 - O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico.

13.4.1.6 - A mensuração é o ato de quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações.

13.4.1.7 - A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas.

13.4.1.8 - A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo perito contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a este profissional.

13.4.2 - Concluídas as diligências, o perito contador apresentará laudo pericial contábil, e os peritos contadores assistentes, seus pareceres periciais contábeis, obedecendo aos respectivos prazos.

13.4.2.1 - Ocorrendo diligências em conjunto com o perito contador assistente, o perito contador o informará por escrito quando do término do laudo pericial contábil, comunicando-lhe a data da entrega do documento.

13.4.2.2 - O perito contador assistente não pode firmar em laudo ou emitir parecer sobre este, quando o documento tiver sido elaborado por leigo ou profissional de outra área, devendo, nesse caso, apresentar um parecer contábil da perícia.

13.4.2.3 - O perito contador assistente, ao apor a assinatura, em conjunto com o perito contador,em laudo pericial contábil, não deve emitir parecer pericial contábil contrário a esse laudo.

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3.5 – Laudo Pericial Contábil.

13.5.1 - O laudo pericial contábil é a peça escrita na qual o perito contador expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências realizadas, os critérios adotados e os resultados fundamentados, e as suas conclusões.

13.5.1.1 - Havendo quesitos, estes são transcritos e respondidos, primeiro os oficiais e na sequência os das partes, na ordem em que forem juntados aos autos.

13.5.1.2 - As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, não sendo aceitas aquelas como "sim" ou "não", ressalvando-se os que contemplam especificamente este tipo de resposta.

13.5.1.3 - Não havendo quesitos, a perícia será orientada pelo objeto da matéria, se assim decidir quem a determinou.

13.5.1.4 - Sendo necessária a juntada de documentos, quadros demonstrativos e outros anexos, estes devem ser identificados e numerados, bem como mencionada a sua existência no corpo do laudo pericial contábil.

13.5.2 - A preparação e a redação do laudo pericial contábil são de exclusiva responsabilidade do perito contador.

13.5.3 - O laudo pericial contábil será datado, rubricado e assinado pelo perito contador, que nele fará constar a sua categoria profissional de Contador e o seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade.

13.5.4 - O laudo pericial contábil deve sempre ser encaminhado por petição protocolada, quando judicial ou arbitral. Quando extrajudicial, por qualquer meio que comprove sua entrega.

3.6 – Parecer Pericial Contábil.

13.6.1 - O parecer pericial contábil é a peça escrita na qual o perito contador assistente expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, os estudos, as observações e as diligências que realizou e as conclusões fundamentadas dos trabalhos.

13.6.1.1 - O parecer pericial contábil, na esfera judicial, serve para subsidiar o Juízo e as partes, bem como para analisar de forma técnica e científica o laudo pericial contábil.

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13.6.1.2 - O parecer pericial contábil, na esfera extrajudicial, serve para subsidiar as partes nas suas tomadas de decisão.

13.6.1.3 - O parecer pericial contábil na esfera arbitral, serve para subsidiar o árbitro e as partes nas suas tomadas de decisão.

13.6.2 - A preparação e a redação do parecer pericial contábil são de exclusiva responsabilidade do perito contador assistente.

13.6.3 - Havendo concordância com o laudo pericial contábil, ela deve ser expressa no parecer pericial contábil.

13.6.4 - Havendo divergências do laudo pericial contábil, o perito contador assistente transcreverá o quesito objeto de discordância, a resposta do laudo, seus comentários e, finalmente sua resposta devidamente fundamentada.

13.6.5 - Havendo quesitos não respondidos pelo perito contador, o perito contador assistente a eles responderá de forma circunstanciada, não sendo aceitas respostas como "sim" ou "não", ressalvando-se os que contemplam especificamente este tipo de resposta.

13.6.6 - Não havendo quesitos, o parecer será orientado pelo conteúdo do laudo pericial contábil.

13.6.7 - Sendo necessária a juntada de documentos, quadros demonstrativos e outros anexos, estes devem ser identificados e numerados, bem como mencionada sua existência no corpo do parecer pericial contábil.

13.6.8 - O parecer pericial contábil será datado, rubricado e assinado pelo perito contador assistente, que nele fará constar a sua categoria profissional de Contador e o seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade.

13.6.9 - O parecer pericial contábil deve sempre ser encaminhado por petição protocolada, quando judicial e arbitral, e por qualquer meio que comprove sua entrega quando extrajudicial. (Aprovada em Plenário no dia 21/10/1999).

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4) Estudos de Casos.

4.1) Estudo de Caso – Perícia na Justiça do Trabalho Módulo de Perícia Contábil

Um empregado foi admitido pela empresa comercial Antunes & Saraiva Ltda, para

atuar na função de serviços gerais, em 01/04/2006. Sua jornada de trabalho na

empresa é de segunda a sexta das 08:00 às 18:00 horas, com intervalo para descanso

e refeições de 02:00 horas, e aos sábados das 08:00 às 12:00, perfazendo um total de

44 horas semanais.

Em 01/05/2007, o empregado recebeu o Aviso de Dispensa do Empregador sem justa

causa, cientificando-o do fato, e estabelecendo a data de 30/05/2007 como seu último

dia de trabalho na empresa, data prevista para a rescisão contratual e pagamento das

verbas salariais devidas.

Na data em questão, na sede do sindicato da categoria, o empregado tomou

conhecimento dos valores que lhe seriam pagos, constante da Rescisão de Contrato

de Trabalho, e considerou que a empresa não lhe pagou todas as verbas a ele

devidas.

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Síntese da Rescisão:

Descrição da Verba Valor R$ Aviso Prévio Trabalhado 440,00

Férias Integrais 440,00

1/3 Férias Integrais 146,67

Férias Proporcionais – 2/12 avos 73,33

1/3 Férias Proporcionais – 2/12 avos 24,44

13º Salário – 5/12 avos 183,33

Sub-Total 1.307,77

FGTS – Maio/2007 35,20

FGTS – Férias Indenizadas e 13º Salário 69,42

FGTS – Multa 40,0 % ( Saldo Base R$ 433,04) 173,22

Total Bruto 1.585,61

INSS – Aviso Prévio 35,20

INSS – 13º Salário 14,67

Total Líquido 1.535,74

Obs: Saldo FGTS na data da dispensa do empregado Abril/07 – R$ 433,04

Isto posto, em 01/06/2007 dirigiu-se a um escritório de advocacia com o objetivo de

obter maiores informações quanto ao caso, e solicitar a interveniência de profissional

junto a Justiça do Trabalho para pleitear o pagamento das verbas devidas.

Os dados a seguir descriminados, servem de base para a determinação das verbas

salariais contestadas:

a) Salários de Abril/2006 a Mar/2007 – R$ 400,00 e de Abril/2007 e Mai/2007 – R$ 440,00.

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b) Horas extras mensais no período de Abril/2006 a Abril/2007 – 40 horas, sendo 20 de segunda a sexta e 20 aos domingos e feriados, nunca pagas pelo empregador, e registradas no cartão de ponto do empregado.

O advogado do reclamante consubstanciou a petição inicial em 05/06/2007, com base

nos valores devidos de horas extras e demais verbas calculadas em forma de

reflexos, chegando a um montante global de R$ 5.000,00.

O jurídico da reclamada em suas alegações, contestou a petição formulada pelo

advogado do reclamante, manifestando-se no sentido de tentar comprovar a

inexistência das horas extras, afirmando que a empresa trabalha apenas no horário de

funcionamento normal, e as possíveis excedentes foram compensadas com folgas

programadas.

Na audiência de conciliação e julgamento, ocorrida em 30/09/2007 não houve acordo,

motivo pelo qual o magistrado julgou a ação considerando-a procedente, nomeando

um perito para emitir um Laudo Pericial – Cálculo de Reclamação Trabalhista, para

avaliar tecnicamente os valores devidos.

Isto posto, baseado nos dados fornecidos faça um cálculo dos valores devidos ao

reclamante.

Resolução:

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4.2 ) Estudo de Caso Perícia Bancária

Módulo de Perícia Contábil

Elaborar uma perícia bancária utilizando o extrato fornecido pelo banco, conforme a

seguir descriminamos:

Data Histórico Débito Crédito Saldo

01/01/09 Saldo inicial 1.000,00

05/01/09 Cheque 001 500,00 500,00

07/01/09 Pagamento 2.000,00 -1.500,00

10/01/09 Depósito 5.000,00 3.500,00

15/01/09 Cheque 002 10.000,00 -6.500,00

20/01/09 Pagamento 5.000,00 -11.500,00

25/01/09 Depósito 8.000,00 -3.500,00

26/01/09 Tarifa Pacote 35,00 -3.535,00

30/01/09 Enc.Financeiros 588,50 -4.123,50

Dados adicionais : Selic Dez/2008 = 1,12 %

Utilizando-se o extrato acima, elabore:

a) Anexo 1; b) Anexo 2 :

Resolução:

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4.3) Estudo de Caso – Cartão de Crédito

Módulo de Perícia Contábil

Um determinado usuário de cartão de crédito utilizava normalmente o citado instrumento creditício, comprando e pagando as faturas mensais nas datas aprazadas. Em 15/10/2005, data de vencimento da fatura, o usuário apresentando problemas financeiros, deixou de quita-la, pagando o valor mínimo nela estabelecido, R$ 125,00 (cento e vinte e cinco reais). Em 15/11/2005 sua fatura apresentava a seguinte situação:

Fatura - Vencimento 15/10/2005 – Encargos Mês – 12,9 % Valores

Valor da fatura anterior – 15/09/2005 0,00

Compras do mês 1.250,00

Valor Pago em 15/10/2005 125,00

Saldo da Fatura em 15/10/2005 1.125,00

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Demonstrativo da fatura apresentada em 15/11/2005:

Fatura - Vencimento 15/11/2005 – Encargos Mês – 12,9 % Valores

Valor da fatura anterior – 15/10/2005 1.250,00

Valor pago em 15/10/2005 125,00

Encargos do Cartão 145,13

Total da Fatura em 15/11/2005 1.270,13

Em 15/11/2005, o usuário pagou parte do valor apresentado na fatura, correspondente

ao saldo devido deduzidos os encargos debitados, no valor de R$ 1.125,00 (hum mil

cento e vinte e cinco reais).

Em 15/12/2005, a administradora enviou a fatura mensal conforme a seguir

descriminamos:

Fatura - Vencimento 15/12/2005 – Encargos Mês – 12,9 % Valores

Valor da fatura anterior – 15/11/2005 1.270,13

Valor pago em 15/12/2005 1.125,00

Encargos do Cartão 18,72

Total da Fatura em 15/12/2005 163,85

O usuário tentou discutir com a administradora o saldo apresentado, ponderando

sobre o valor dos encargos cobrados sem êxito, deixando de pagar os valores

cobrados.

Durante o mês seguinte, o usuário utilizou normalmente seu cartão de crédito fazendo

compras, e em 15/01/2006 a administradora apresentou nova fatura de cobrança

assim descriminada:

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Fatura - Vencimento 15/01/2006 – Encargos Mês – 12,9 % Valores

Valor da fatura anterior – 15/12/2005 163,85

Valor pago em 15/12/2005 0,00

Encargos do Cartão 21,14

Compras do mês 1.150,00

Total da Fatura em 15/01/2006 1.334,99

Na data o usuário pagou parcialmente o valor da fatura apresentada quitando em

15/01/2006 R$ 1.150,00 ( hum mil cento e cinqüenta reais).

Nos meses subsequentes o usuário não utilizou seu cartão de crédito, nem tampouco

quitou os débitos apresentados, e as faturas mensais demonstraram a seguinte

situação:

Fatura - Vencimento 15/02/2006 – Encargos Mês – 12,9 % Valores

Valor da fatura anterior – 15/01/2006 184,99

Valor pago em 15/01/2006 0,00

Encargos do Cartão 23,86

Compras do mês 0,00

Total da Fatura em 15/02/2006 208,85

Fatura - Vencimento 15/03/2006 – Encargos Mês – 12,9 % Valores

Valor da fatura anterior – 15/02/2005 208,85

Valor pago em 15/02/2006 0,00

Encargos do Cartão 26,94

Compras do mês 0,00

Total da Fatura em 15/03/2006 235,79

Novamente o usuário tentou negociar os encargos cobrados junto a administradora,

novamente não obtendo êxito.

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Isto posto, preocupado com o crescimento de sua dívida, decidiu recorrer as vias

judiciais na tentativa de solucionar o problema.

O jurídico contratado, após uma análise da situação, formulou uma petição inicial com

base no fato da administradora de cartão de crédito não ser uma instituição financeira,

estando sujeita a aplicação de juros legais máximos previstos pelo Código Civil – Art.

406 (Lei 10406/02), a qual define que as taxas de juros moratórios (legais), nelas

incluídas comissões de permanência e quaisquer outras remunerações direta ou

indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores ao

cobrado pela Fazenda Nacional ; cobrança acima deste limite será conceituada como

crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei

determinar.

A capitalização dos juros, também verificada, só pode ocorrer anualmente (art.591 do

Código Civil), e a sua incidência fora do prazo legal indica a prática do anatocismo

(juros sobre juros) vedada pela citada lei, além da administradora ferir o Código de

Defesa do Consumidor, e alegar estar investida na cláusula de mandato.

Outrossim, baseada nestes dispositivos legais a inicial ainda carecia de um laudo

pericial, que informasse os cálculos dos valores em litígio, motivo pelo qual foi

solicitado de um perito tal providência.

Resolução:

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4.4) Estudo de Caso de Arrendamento Mercantil

Módulo de Perícia Contábil

Contrato do Banco:

BFB Leasing Arrendamento Mercantil Objeto Financiado: Volkswagen Gol 16V 1.0 MI - 1999 Placa: CNG 0382 Chassis nº 9BWZZZ373YT106818 Valor do Bem: R$ 18.000,00 - Antecipado R$ 6.000,00 - Parcelado R$ 13.821,35

Plano de Arrendamento: 36 meses Taxa – 2,02 % a.m – 28,35 % a.a. Taxa: 2,028088 %

Contrato nº : s/nº 00000999-9

Data do Arrendamento : 22/06/2009

Tarifas Cadastro/Serviços 1.821,35

Valor da Parcela R$ 544,70 Nº Parcelas Pagas = 8

Data do Arrendamento : 22/06/2009

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Resolução:

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MÉTODO DE GAUSS

Em se tratando de cálculos para fins judiciais, com o objetivo de calcular os juros devidos a

serem cobrados de financiamentos oferecidos por instituições financeiras em geral, é comum

e usual a utilização do conhecido Método de Gauss. Este método baseia-se num modelo de

cálculo cujo objetivo é determinar o encargo incidente sobre financiamentos com base em

juros simples, conforme a seguir descriminamos:

a) Inicialmente devemos calcular o valor da parcela acrescida de juros simples:

Capital x [ 1 + ( i x n ) ]

Encargos a Juros Simples(EJS) =

n x a1 + (n – 1 ) x ( i )

2

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Onde : i = taxa de juros

n = período

a1 = parcela 1, a2 = parcela 2, .........an = parcela n

Exemplo:

Capital = R$ 445,18

n = 5 meses

i = 4,0 %

445,18 X [ 1 + ( 0,04 x 5 ) ] 534,22

EJS = = = R$ 98,92

5 x 1 + (5 – 1) x ( 0,04) 5,40

2

R$ 98,92 = Valor da Parcela Mensal

b) Cálculo do valor a ser amortizado e montante dos juros mensais.

Utilizando o exemplo fornecido, passamos a apurar:

1) Total Geral Pago = R$ 98,92 X 5 = R$ 494,60

2) Total dos Juros Pagos = R$ 494,60 – R$ 445,18 = R$ 49,42

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98,92 x (5) - 445,18

IPJ (a1) = = 3,2946

( 5 + 1 ) x ( 5 )

2

Juro a1 = 3,2946 x 5 = R$ 16,47

Juro ay = Índice Ponderado x (n – y + 1)

Juro a2 = 3,2946 x ( 5 – 2 + 1) = R$ 13,1784

Juro a3 = 3,2946 x (5 -3 +1) = R$ 9,8838

Juro a4 = 3,2946 x ( 5 – 4 + 1) = R$ 6,5892

Juro a5 = 3,2946 x ( 5 – 5 + 1 ) = R$ 3,2946

EM x ( n ) - Capital

Índice Ponderado de Juros (IPJ) =

( n + 1 ) x ( n )

2

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Bibliografia

Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n.857/99. Reformula a NBC P 2, denominando-a Normas Profissionais do Perito. Brasília, DF. 1999. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n.858/99. Reformulada a NBC T 13 – da Perícia Contábil Brasília, DF. 1999. SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1997. ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. – 2. Ed.- São Paulo: Atlas, 1995. Internet – site do INPECON – http:/www.tba.com.br.pages/inpecon