pergaminho científico nº 6

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ergaminho Científico EDIÇÃO ESPECIAL PARA O 5º ENCONTRO DE JOVENS CIENTISTAS 03 DE OUTUBRO DE 2014 • Nº 6 • SALVADOR/BA ESTUDANTES DA EDUCAçãO BáSICA APRESENTAM SUAS PESQUISAS NO 5º ENCONTRO DE JOVENS CIENTISTAS O evento, que já está na quinta edição, é promovido pela Universidade Federal da Bahia, e visa despertar vocações científicas em jovens estudantes. C omeçou na última terça-feira, 30 de setembro de 2014, a 5ª edição do Encontro de Jovens Cientis- tas. O evento é promovido pelo Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica da Bahia, um projeto do Instituto de Biologia da Uni- versidade Federal da Bahia (IBIO/UFBA). Coordenado pela bióloga e professora da UFBA Rejâne Lira, o evento se estendeu até hoje, dia 03 de outubro, no Campus Ondina da universidade. De acordo com a coordenadora, o objetivo do 5º Encontro de Jovens Cientistas é des- pertar vocações científicas nos jovens ain- da quando estudantes da educação básica: “Queremos identificar jovens talentosos que possam ser estimulados a seguirem carreiras científico-tecnológicas e pro- mover a divulgação científica de jovens, refletindo e trocando as suas experiências do fazer ciência ainda na educação básica”, explica Rejâne. A vasta programação do evento, que alcançou a cota dos 500 inscritos cer- ca de um mês antes da sua realização, incluiu a apresentação de trabalhos em diferentes modalidades. Comunicações orais foram proferidas por estudantes na categoria Vida de Jovem Cientista. Jogos com temas de ciências e experi- mentos foram apresentados nas catego- rias Ciência Lúdica e Gabinete de Curio- sidades Científicas. Também foram apresentados trabalhos nas categorias Jovens Repórteres Científicos, com a mostra de vídeos pro- duzidos por estudantes, Jovens Cien- tistas em Cena, com a apresentação de peças teatrais e nos concursos Grande Angular, de fotografia, e Jovens Cien- tistas na Web, de página de rede social. Foram cerca de 134 trabalhos inscritos e quase 514 participantes, dos quais 445 jovens cientistas e 69 Professores-Ori- entadores, de 26 Instituições de Ensino público e privado. Além de inovar com o lançamento dos primeiro e segundo números da primeira revista de divulgação científica do Esta- do da Bahia voltada para jovens, a Re- vista Jovens Cientistas, o Encontro tam- bém ofereceu um momento ímpar aos participantes: a assistência a palestras de cientistas renomados no Brasil, que contaram as suas experiências enquan- to acadêmicos e profissionais. Os jovens receberam uma dose de estímulo para o seguimento de carreiras científicas através de um bate-papo motivado pelas conferências destes cientistas. Este ano, os convidados foram Alan Bojanic, representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura no Brasil (FAO); Martha Marandino, professora da Universidade de São Paulo e uma das maiores referências sobre museus e divul- gação científica no país; Giuseppe Puorto, biólogo especialista em serpentes, diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan, e Aleixo Belov, engenheiro e navegador, também participante da terceira edição do evento, que empreendeu quatro viagens ao mundo pelo oceano. Com a reunião de tantas atividades inova- doras, o evento é, de acordo com Rejâne Lira, uma oportunidade para criação de novos espaços de cultura científica: “É uma verdadeira vitrine científica com a expectativa de contribuir para a formação de mentes criativas, necessárias à pro- dução da cultura, ciência e desenvolvi- mento do nosso Estado”, conclui. É UMA VERDADEIRA VITRINE CIENTíFI- CA COM A EXPECTATIVA DE CONTRIBUIR PARA A FORMAçãO DE MENTES CRIATIVAS, NECESSáRIAS à PRODUçãO DE CULTURA, CIêNCIA E DESENVOLVI- MENTO DE NOSSO ESTADO” Rejâne Lira Coordenadora do 5º Encontro de Jovens Cientistas.

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O Pergaminho Científico é o jornal oficial dos Encontros de Jovens Cientistas e a sua versão impressa é distribuída gratuitamente para todos os participantes do evento. Confira abaixo a edição de 2015, produzida para o 6º Encontro de Jovens Cientistas. Clique na imagem para folhear as páginas do jornal.

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  • ergaminhoCientfico

    EDIO ESPECIAL PARA O 5 ENCONTRO DE JOVENS CIENTISTAS

    03 DE OUTUBRO DE 2014 N 6 SALVADOR/BA

    EstudantEs da Educao bsica aprEsEntam suas pEsQuisas no

    5 Encontro dE JovEns ciEntistasO evento, que j est na quinta edio, promovido pela Universidade

    Federal da Bahia, e visa despertar vocaes cientficas em jovens estudantes.

    comeou na ltima tera-feira, 30 de setembro de 2014, a 5 edio do Encontro de Jovens Cientis-tas. O evento promovido pelo Programa Social de Educao, Vocao e Divulgao Cientfica da Bahia, um projeto do Instituto de Biologia da Uni-versidade Federal da Bahia (IBIO/UFBA). Coordenado pela biloga e professora da UFBA Rejne Lira, o evento se estendeu at hoje, dia 03 de outubro, no Campus Ondina da universidade.

    De acordo com a coordenadora, o objetivo do 5 Encontro de Jovens Cientistas des-pertar vocaes cientficas nos jovens ain-da quando estudantes da educao bsica: Queremos identificar jovens talentosos que possam ser estimulados a seguirem carreiras cientfico-tecnolgicas e pro-mover a divulgao cientfica de jovens, refletindo e trocando as suas experincias do fazer cincia ainda na educao bsica, explica Rejne.

    A vasta programao do evento, que alcanou a cota dos 500 inscritos cer-ca de um ms antes da sua realizao, incluiu a apresentao de trabalhos em diferentes modalidades. Comunicaes orais foram proferidas por estudantes na categoria Vida de Jovem Cientista. Jogos com temas de cincias e experi-mentos foram apresentados nas catego-rias Cincia Ldica e Gabinete de Curio-sidades Cientficas.

    Tambm foram apresentados trabalhos nas categorias Jovens Reprteres Cientficos, com a mostra de vdeos pro-duzidos por estudantes, Jovens Cien-tistas em Cena, com a apresentao de peas teatrais e nos concursos Grande Angular, de fotografia, e Jovens Cien-tistas na Web, de pgina de rede social. Foram cerca de 134 trabalhos inscritos e quase 514 participantes, dos quais 445 jovens cientistas e 69 Professores-Ori-entadores, de 26 Instituies de Ensino pblico e privado.

    Alm de inovar com o lanamento dos primeiro e segundo nmeros da primeira

    revista de divulgao cientfica do Esta-do da Bahia voltada para jovens, a Re-vista Jovens Cientistas, o Encontro tam-bm ofereceu um momento mpar aos participantes: a assistncia a palestras de cientistas renomados no Brasil, que contaram as suas experincias enquan-to acadmicos e profissionais. Os jovens receberam uma dose de estmulo para o seguimento de carreiras cientficas atravs de um bate-papo motivado pelas conferncias destes cientistas.

    Este ano, os convidados foram Alan Bojanic, representante da Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura no Brasil (FAO); Martha Marandino, professora da Universidade de So Paulo e uma das maiores referncias sobre museus e divul-gao cientfica no pas; Giuseppe Puorto, bilogo especialista em serpentes, diretor do Museu Biolgico do Instituto Butantan, e Aleixo Belov, engenheiro e navegador, tambm participante da terceira edio do evento, que empreendeu quatro viagens ao mundo pelo oceano.

    Com a reunio de tantas atividades inova-doras, o evento , de acordo com Rejne Lira, uma oportunidade para criao de novos espaos de cultura cientfica: uma verdadeira vitrine cientfica com a expectativa de contribuir para a formao de mentes criativas, necessrias pro-duo da cultura, cincia e desenvolvi-mento do nosso Estado, conclui.

    uma vErdadEira vitrinE ciEntfi-

    ca com a ExpEctativa dE contribuir para a formao dE mEntEs

    criativas, nEcEssrias produo dE cultura,

    cincia E dEsEnvolvi-mEnto dE nosso Estado

    Rejne LiraCoordenadora do 5 Encontro

    de Jovens Cientistas.

  • 2PERGAMINHO CIENTFICO Informativo oficial do 5 Encontro de Jovens Cientistas. Programa Social de Educao, Vocao e Divulgao Cientfica da Bahia, Univer-sidade Federal da Bahia. Tiragem: 250 exemplares. ENDEREO: Rua Baro de Geremoabo, 147, Campus de Ondina, Instituto de Biologia. Cep: 40.170-290. Salvador/BA. TEL.: (71) 3283-6564. E-MAIL: [email protected]. BLOG: www.encontrodejovenscientistas.com. COMISSO ORGANIZADORA: Rejne Maria Lira-da-Silva (Coordenadora); Brbara Rosemar Nascimento de Arajo; Jorge Lcio Rodrigues das Dores; Josefa Rosimere Lira-da-Silva; Rosely Cristina Lira-da-Silva; Rosemeire Machado da Silva; Rafaela Santos Chaves. ASSSESSORIA DO EVENTO: Anne Evelyn Cerqueira Gomes e Josenai da Silva Penha. ASSESSORIA DE IMPRENSA E WEB DESIGN: Mariana Menezes Alcntara (Jornalista DRT/BA 2962) e Mariana Rodrigues Sebastio (Jornalista DRT/BA 4260). PROJETO GRFICO/DIAGRAMAO: Mariana Pimentel de Paula. IDENTIDADE VISUAL: Thais Mota.

    EditorialEstimados Estudantes, Professores, Conferen-cistas, Pais e demais participantes,

    Tivemos o prazer de receber-lhes para o Encontro de Jovens Cientistas (EJC), que est este ano na sua quinta edio, agora de abrangncia nacional.

    Este ano tivemos o patrocnio do CNPq, atravs da Chamada MCTI/CNPq/SECIS/MEC/CAPES, de apoio Feiras de Cincias e Mostras Cientficas, com o objetivo de despertar vocaes cientficas/tecnolgi-cas, identificar jovens talentosos que pos-sam ser estimulados a seguirem carreiras cientfico-tecnolgicas e promover a divul-gao cientfica e tecnolgica de jovens, refletindo e trocando as suas experincias do fazer cincia ainda na educao bsica.

    A UFBA nucleadora da criao, implan-tao e manuteno deste Evento, favore-cendo o resgate da funo social da Uni-versidade. Este ano a atividade aconteceu de 30/09 a 03/10/2014, na Praa das Ar-tes e Biblioteca Central (UFBA), no Campus de Ondina, Salvador, Bahia, onde aconte-ceu tambm no ano passado.

    Contamos com as seguintes atividades: Vida de Jovem Cientista (apresentaes orais), Gabinete de Curiosidades Cientficas (experimentos), Cincia Ldica: Brincan-do e Aprendendo com Jogos sobre Cin-cias (jogos), Jovens Cientistas em Cena (peas), Jovens Reprteres Cientficos (vdeos cientficos), Ciclo de Conferncias O Ser Humano da Cincia, Concurso Grande Angular (fotografia) e Concurso Jovens Ci-entistas na Web (Concurso de pginas em redes sociais). A novidade a publicao dos melhores trabalhos na Revista Jovens Cientistas!

    Este um Evento Cientfico, mas tambm Social Educativo e Cidado e aponta para a criao de novos espaos interativos de cultura cientfica regional, constituindo-se em uma verdadeira vitrine cientfica, na expectativa de contribuir para a formao de mentes criativas, necessrias pro-duo de cultura e cincia e desenvolvi-mento.Espero que tenham aproveitado a Uni-versidade Federal da Bahia, que abriu as portas para ns com 69 anos de histria, orgulho de todos os que moram na cidade do Salvador da Bahia, bero da cincia e da cultura na Bahia.

    Prof. Dr. Rejne Maria Lira-da-SilvaCoordenadora do 5 Encontro de Jovens Cientistas

    JovEns ciEntistas, JovEns EscritorEs

    veio novidade! A inovao do 5 Encontro de Jovens Cien-tistas foi o lanamento dos primeiro e segundo nmeros da Revista Jovens Cientistas (RJC), uma publicao do Programa Social de Edu-cao, Vocao e Divulgao Cientfica da Bahia, Ufba. Com o intuito de incen-tivar o pblico em geral, especialmente os jovens, a ler sobre cincias, a RJC a primeira publicao de divulgao cientfica voltada para o pblico jovem no Estado da Bahia. Em 2014 ainda teremos mais dois nmeros lanados, e a partir de 2015 ter periodicidade trimestral.

    Com o apoio da Pr-Reitoria de Ex-tenso/UFBA e dos Programas de Ps-Graduao em Ensino Filosofia e Histria das Cincias (Ufba/Uefs) e em Diversidade Animal (Ufba), a publi-cao coordenada pela biloga Rejne Lira, professora do Instituto de Biologia da Ufba e presidente dos Encontros de Jovens Cientistas. Tem em seu con-selho editorial uma equipe multidis-ciplinar, que envolve comuniclogas especialistas em jornalismo cientfico e divulgao cientfica e profissionais/acadmicos das reas de pedagogia, qumica, fsica e biologia.

    De acordo com Rejne Lira, a revista representa a realizao de um sonho por se tratar de um incentivo para que jovens cientistas, sejam eles da edu-cao bsica ou do ensino superior, percebam a importncia de comunicar as suas pesquisas ao pblico. Por out-ro lado, tambm uma maneira deste pblico ter acesso universidade: Sair dos muros da universidade difcil para estudantes e professores universi-

    trios; da mesma maneira que adentrar os muros da universidade tambm difcil para estudantes e professores da educao bsica. Por isso, a Revista Jo-vens Cientistas representa uma via de mo dupla entre a Ufba e as escolas, explica.

    A RJC faz chamada para publicao de artigos para estudantes da edu-cao bsica, tcnica ou superior que desenvolvam trabalhos de iniciao cientfica, alm de ter a contribuio de integrantes dos programas de ps-grad-uao parceiros e do seu Conselho Edi-torial, que escreve textos de divulgao cientfica. O peridico tambm convida pesquisadores brasileiros renomados para escrever juventude sobre diver-sos assuntos cientficos. Alm disso, os autores dos trabalhos agraciados nos Encontros de Jovens Cientistas atravs do Prmio Jovem na Cincia so convi-dados a publicar sobre a pesquisa.

    Dentre os quadros da RJC esto Con-versa de Cientista, no qual escrevem pesquisadores convidados, Fique sa-bendo, seo reservada a textos do Conselho Editorial e Dr. Berinjela expli-ca, no qual so respondidas perguntas curiosas de cunho cientfico. As sees Trabalhando com a cincia, Exper-imente!, Luz, cmera e... cincia!, Cincia Ldica e Cincia em cena so direcionadas a trabalhos apresentados nas categorias dos Encontros de Jovens Cientistas. Para acessar os nmeros da RJC lanados no 5 Encontro de Jovens Cientistas e se atualizar para a chamada dos prximos nmeros, os estudantes, professores e pesquisadores interes-sados devem acessar o site do evento: www.encontrodejovenscientistas.com.

    Revista Jovens Cientistas, publicao pioneira de divulgao cientfica voltada ao pblico jovem na Bahia, foi lanada no 5 Encontro de Jovens Cientistas

  • 3os nmeros mais atuais do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb) dos estados brasile-iros, referentes ao ano de 2013, revelam a continuidade dos obstculos enfrentados pelos professores e alunos, sobretudo da escola pblica. Os dados da Bahia referentes a este perodo conse-guiram ser ainda piores do que a avaliao divulgada em 2011. Se o alcance das me-tas do ensino em geral tem sido to peno-sa, o resultado no diferente quanto promoo da cultura cientfica no cotidia-no dos estudantes.

    A Universidade tambm tem o seu papel frente aos resultados apresentados pelo ndice da educao bsica. Por isso, de responsabilidade das instituies pbli-cas de ensino superior a transposio dos seus muros e a promoo de atividades curriculares em comunidades, escolas ou outro espaos educativos, na tentativa de contribuir para o desenvolvimento positi-vo da educao brasileira atravs da troca de experincias e conhecimentos com es-tes pblicos.

    O Programa Social de Educao, Vocao e Divulgao Cientfica da Bahia, proje-to da Ufba, trabalha h cerca 10 anos no intuito de fortalecer a cultura cientfica dentro de algumas escolas do Estado com a implantao de Centros Avanados de Cincias nestas instituies. Nestes cen-tros, comumente coordenados por um professor da escola, estudantes dos en-sinos fundamental ou mdio realizam, no turno oposto s atividades escolares,

    pesquisa cientfica, geralmente sobre assuntos relacionados profisso que desejam seguir no futuro. Os resultados destas pesquisas so apresentados em eventos cientficos para jovens, circun-stncia que demonstra aos estudantes a importncia da cincia em suas vidas ajudando-os a perceb-la como integran-te dos seus cotidianos.

    Coordenadora do Programa, a biloga Re-jne Lira, professora da Ufba, afirma que a experincia do projeto tambm tem o intuito de contribuir para que crianas e adolescentes percebam como a cin-cia dinmica e est presente no dia a dia: Pretendemos promover uma viso sistmica quanto a importncia da for-mao de cidados alfabetizados cien-tificamente, ampliando sua compreenso do mundo, seu pensamento crtico frente cincia e tecnologia, comeando pelo seu cotidiano, explica.

    Mais de 10 escolas e 600 estudantes j realizaram a experincia com a im-plantao e participao num Centro Avanado de Cincias deste Programa. Nestes 10 anos de atuao, o projeto j levou jovens a numerosos eventos de natureza cientfica e exten sionista, dentro e fora do Estado da Ba hia, pro-movendo a divulgao cientfi ca atravs de estudantes. Atualmente, dois destes Centros esto em funciona mento em Sal-vador: um no Colgio Es tadual Alfredo Magalhes, no bairro do Rio Vermelho, e um na Escola Munici pal Irm Elisa Maria, em Nova Braslia.

    O Programa tambm conta com 10 bol-sistas de Iniciao Cientfica Jnior, al-guns de escolas parceiras, outros no. Estes estudantes e os demais dos Cen-tros de Cincias dessas escolas confir-maram a partici pao no 5 Encontro de Jovens Cien tistas com apresentao de trabalhos em categorias diversas. Alm disso, alguns deles marcaram presena na re unio da SBPC Jovem Mirim 2014 (So ciedade Brasileira para o Progresso da Cincia), realizada em julho, na Univer-sidade Federal do Acre (Ufac). Venci-dos os desafios referentes obteno de apoio para passagens e estadias, os jovens representaram o Estado com a apresentao dos trabalhos intitula dos A Cidade em um Click, de Mirella Maria Fraga Medeiros, Iniciao Cientfica: Cre-scendo e Pensando Cincia , de Douglas Rangelly Oliveira dos Santos e Alex dos Santos Cajaba Cardoso, e Os Mistrios da Sade: o Corao, de Ayana Oliveira Pires e Caroline Cerqueira dos Santos.

    Brbara Rosemar, coordenadora do Cen-tro Avanado de Cincias do Colgio Estadual Alfredo Magalhes, afirma que a ida de estudantes da escola pblica a eventos como a SBPC fundamental para representar o Estado da Bahia como gerador de conhecimentos, alm de ser uma experincia de grande valor pessoal e acadmico para os jovens: A ida desses meninos representa um crescimento, uma visualizao do que o mundo fora da es-cola, o mundo cientfico e da divulgao de conhecimentos, conclui.

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    Como estudantes do ensino bsico pblico tm sido exceo regra na promoo da cultura cientfica no Estado da Bahia

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  • 4ENTREVISTA

    GiusEppE puorto

    GIUSEPPE PUORTO

    Bilogo, Giusepp

    e Puorto, recon

    hecido como um

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    das principais r

    eferncias em

    estudos, ensino

    e

    pesquisa sobre an

    imais peonhent

    os no Brasil. Saib

    a

    um pouco mais s

    obre a vida dest

    e cientista!

    pergaminho Cientfico: Como voc descobriu o fascnio pelas co-bras? Conte-nos sua histria!Giuseppe Puorto: O meu fascnio pelas cobras aconteceu por acaso porque eu comeo a atuar com as serpentes muito antes de atuar na Biologia. E, quando es-tudante, eu sempre tive gosto pela parte dos estudos referentes aos animais e eu vim fazer estgio no Instituto Butantan, ainda na poca da escola, e a vaga dis-ponvel era no setor de serpentes e eu no sabia. E o chefe falou que a vaga era l. Quando eu cheguei e entrei, estava cheio de cobras e eu perguntei ao chefe do setor: O que se faz aqui?. Ele respon-deu: Aqui se extrai veneno de cobras. Lembro que fiquei desesperado. Foi uma coisa medonha, fiquei apavorado. Mas a aprtir da, eu tive que superar isso. Aqui fiquei e nunca mais fui embora. Fiz facul-dade e estou aqui at hoje. Ento, o que aconteceu de importante? Eu comecei a conhecer as cobras, controlar o medo e a respeitar os bichos. Da, cada vez mais que entendia desse animal, que a co-bra, eu ficava cada vez mais interessado e queria conhecer mais.

    Pergaminho Cientfico: Para voc, que ingressou aos 17 anos como estagirio de um laboratrio, qual a importncia da iniciao cientfica para os jovens? Quais as dificuldades enfrentadas? Vale a pena?

    Giuseppe Puorto: Eu comecei a fazer estgio antes da faculdade, pois estudei o ensino mdio em um colgio que nos dava oportunidade de fazer um estgio no ltimo ano. Cada aluno era chamado pela orientao pedaggica para conver-sar sobre nossas vocaes e me disseram que meu perfil era para rea de cincias biomdicas, que eu poderia ser mdico, bilogo, veterinrio, etc. Ento, me su-

    geriram no primeiro ano colegial um es-tgio na rea de aptido. Eu achei isso uma coia fantstica. Ento, eu fui fazer estgio, primeiro, no Instituto Biolgico de So Paulo para estudar doenas em plantas. Ma descobri que no era bot-nica que eu gostava, mas foi um estgio de 5 meses fantstico, maravilhoso, onde eu aprendi postura de laboratrio. No ano seguinte, eu fui para um estgio na rea zoolgica, no Instituto Butantan. E por aqui fiquei. Ento, quando fui fazer faculdade, eu j tinha um tempo de est-gio no Butantan. E isso foi aproveitado, inclusive, para a minha formao como bilogo.

    Pergaminho Cientfico: E o que o senhor quer dizer com postura de laboratrio?

    Giuseppe Puorto: Olha, o colgio que eu estudei tinha laboratrios prticos de cincias e de qumica. E a gente como aluno tinha uma postura, mas quando fui fazer estgio no Instituto Biolgico, o laboratrio era de pesquisa, onde tinha procedimento S, regras, normas e isso foi muito importante porque eu via as pes-soas trabalhando com pesquisa em labo-ratrio que estudava doenas como fun-gos em algumas plantas, principalmente, caf e laranjeira para poder controlar as pragas nas lavouras. Ento, era mui-to interessante ver aquilo, ver como se fazia o procedimento correto, a postura no laboratrio, que naquele espao no se brinca, que temos que ter uma postu-ra tcnica. Tnhamos que tomar cuidado com muitas coisas, no era brincadeira. E isso foi importante porque eu amadure-ci aquilo que eu aprendi como estudante em um colgio.

    Pergaminho Cientfico: Sabemos que o Instituto Butantan possui um Museu que busca levar educao ambiental popu-lao. Nesse sentido, quais so os traba-lhos que considera mais interessantes?

    Giuseppe Puorto: Olha, eu sou herpet-logo especialista em serpentes e quan-do passei a dirigir o Museu Biolgico do Instituto Butantan, eu me deparei com outra realidade. Porque antes de ser di-retor do Museu, era tinha meu trabalho de pesquisa, muita palestra e cursos que eu ministrava. Quando eu entro para o museu, percebi que alm das palestras e dos cursos, eu descobri que a gente tem que ter outra forma de encarar o conte-do tcnico-cientfico e, assim, mostrar para as pessoas. Ento, o fato de dirigir um Museu Biolgico, onde a gente expe animais, me fez crescer muito do ponto de vista de como importante voc ter um jogo de cintura para poder decodi-ficar a parte cientfica. Como que eu posso apresentar para o pblico aquilo que aprendi? E, s vezes, eu posso fazer isso com a exposio de um animal, mas que tenha uma forma de leitura que atin-ja melhor o pblico. Ento, necessrio descer do pedestal de pesquisador para atingir o pblico usando uma outra lin-guagem. Ento, do ponto de vista de car-reira, eu estou aprendendo muita coisa no Museu relacionada divulgao cien-tfica, de como alcanar o pblico leigo de um assunto que muito interessante.

    Pergaminho Cientfico: E essas aes po-dem ajudar os jovens a seguirem carrei-ras cientficas. O que preciso acontecer na educao brasileira para que mais jo-vens se tornem cientistas?

    Giuseppe Puorto: Uma coisa que eu tive no colgio e que me fez gostar muito de cincia, foi ter um laboratrio na esco-la. Eu acho que os jovens atuais no tm laboratrios, ou quando tm, no so laboratrios completos. As crianas no interagem com vrias coisas da cincia, Ento, acho que faltam laboratrios onde estes jovens possam interagir e fazer uma experincia. Mas no uma experin-cia pela experincia. A escola onde eu estudei, me fazia esse alerta. Ela me fa-

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  • 5ENTREVISTAzia pensar. Ento, antes de fazer a expe-rincia no laboratrio, tnhamos as aulas tericas para fundamentar essas expe-rincias. Depois do experimento realiza-do, tnhamos que interpretar o que acon-teceu. Eu estou h muito tempo fora da escola, do Ensino Mdio, mas, pelo que a gente ouve, a forma de ensinar cincia hoje nas escolas muito terica. O jovem precisaria de um bom incentivo para ter aulas de cincias com um laboratrio, mas muito bem organizado. Entender a teoria para fazer experincia e entender e interpretar os resultados, independen-te de qualquer rea cientfica.

    Pergaminho Cientfico: Agora, falando sobre a sua rea de especialidade, que so as serpentes. Muitas pessoas, por fal-ta de conhecimento, veem nas cobras um sinal de mau pressgio. As referncias a elas quase sempre so muito pesadas ou relacionadas ao mal. Isso acontece em todo o mundo? Como mudar essa viso?

    Giuseppe Puorto: Isso acontece em todo o mundo sim. Por uma srie de motivos, esse animal chamado de serpente, cobra, foi eleito pela humanidade como um ani-mal do mal. E por uma srie de motivos. Apesar de alguns povos terem a cobra como um animal de crena ou de ritos, o que acontece que algumas seitas ado-ram serpentes, mas so pouqussimas. A grande maioria olha a cobra como ani-mal do mal, ou como objeto do mal ou alguma coisa ligada ao mal. E isso uma coisa cultural. Principalmente, porque est escrito na Bblia. A serpente foi o animal que induziu Eva ao pecado. En-to, isso uma coisa muito pesada, como voc consegue mostrar para as pessoas que aquilo no de verdade? claro que existem serpentes que so perigosas, eu no nego isso.

    Pergaminho Cientfico: Recentemente, o senhor foi jurado do Prmio Jovens Inventores, do Programa Caldeiro do Hulk, que tem como objetivo descobrir e mostrar para todo o Brasil as boas ini-ciativas de jovens que encontram solu-es para problemas de suas comunida-des atravs de inovaes. Neste caso, foi uma estudante de Biologia da cidade de So Paulo quem levou o prmio pelo tra-balho intitulado Veneno de Escorpio, o que serviu de exemplo para milhares de jovens interessados em carreiras cientfi-cas. Bem, gostaramos de saber um pou-co mais sobre a sua participao no pro-grama e o desafio de atuar como jurado.

    Giuseppe Puorto: Foi fantstico. Pri-meiro, porque a jovem concorreu como Jovem Cientista e o quadro do progra-ma chama-se Jovens Inventores. Ento, o trabalho dela no era de inventor, era de pesquisa. De qualquer forma, eu acho que foi muito bem colocado e eu elogiei muito o programa por essa iniciativa de dar oportunidade aos jovens de mos-trarem um pouco de seu talento. Inicial-mente, eu fiquei apavorado por ter que julgar num programa de televiso algo que cientfico porque ela mostra outro tipo de coisa. Mas aceitei o desafio! Bem, tratava-se de uma criana que veio fazer uma visita e no queria entrar no labo-ratrio porque tinha medo de escorpio. Mais tarde, ela fez uma coisa muito boa que foi tentar perder o medo do bicho e a ter contato com os pesquisadores, co-

    meando a participar das pesquisas do laboratrio e teve todo apoio da equipe. A minha experincia, passando por esse programa, foi fantstica porque eu no podia pensar em falar apenas como bi-logo. Eu tinha que analisar friamente o trabalho da menina e dar uma nota jus-ta, pensar nas respostas, elogiar a garota e tentar ser coerente com a relevncia do trabalho. E isso s vezes no mui-to fcil porque ns cientistas no somos artistas. Ento, estar de frente para uma plateia com uma cmera na sua cara e todo mundo olhando para voc e depois ter o Brasil todo te observando, algo complicado. No Luciano Hulk, ela ganhou o terceiro prmio. E na vida, ela foi fa-zer Biologia. Gostaria de ver mais outras aes como essa na mdia brasileira para que os jovens possam revelar seus po-tenciais.

    Pergaminho Cientfico: O Encontro de Jovens Cientistas rene vrios estudan-tes que mostraro seus primeiros traba-lhos na rea de cincias. O senhor pode-ria deixar algum recado para eles?

    Giuseppe Puorto: Bom, a esses jovens que vo mostrar um pouco da sua ini-ciao cientfica ou os primeiros passos na cincia, aconselho que no tenham medo de errar, que sejam fortes, valen-tes e observadores. Digo isso porque a gente pode descobrir, talvez, um grande cientista no meio dessa crianada toda.

    Gostaria de dizer que as escolas dessem chance a esses jovens a fim de descobrir potenciais para todas as reas cientficas. Se no der certo, no problema, mas o importante a apresentao desse novo mundo que pode abrir portas e realizar sonhos.

    Para os jovens que querem comear uma carreira na cincia e querem entrar na rea de Biologia ou qualquer outra rea, o que eu acho mais importante? Primei-ro, tem que ter dedicao e muita serie-dade porque para ser um bilogo, um pesquisador, preciso ser muito ser mui-to observador das coisas que acontecem na natureza, que pode ser representada dentro de um laboratrio ou de um mu-seu como este que estou hoje. Alm de ter muita ateno, vontade e dedicao, tem que ter regras, educao do ponto de vista de que eu no posso brincar na hora errada. Eu tenho que ser muito seguro daquilo que eu quero fazer para poder alcanar meu objetivo. Porque muitas vezes, fazer uma brincadeira er-rada, principalmente, para quem traba-lha com animal, pode ser crtico. Ento, para quem est comeando agora, eu deixo como regra bsica a ateno, muita vontade, dedicao e que se entregue de corpo e alma que assim a gente consegue alcanar nosso objetivo.

    Para acessar a entrevista na ntegra, visi-te www.encontrodejovenscientistas.com

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    Giuseppe Puorto aconselha jovens cientistas: No tenham medo de errar, sejam fortes, valentes e observadores!.

  • 6voc j deve ter percebido que a organizao de um evento como o 5 Encontro de Jovens Cientistas envolve uma srie de coisas. Inclui ter uma equipe organizada para integrar as comisses que so necessrias num con-gresso cientfico, e para dar conta das fun-es que essas comisses estabelecem.

    No caso dos Encontros de Jovens Cientistas

    (EJC), as comisses organizadora e cientfica

    so compostas por professores da educao

    bsica e superior parceiros do Programa

    Social de Educao, Vocao e Divulgao

    Cientfica da Ufba (CAM), projeto promotor

    desses eventos. Mas, no mbito deste Pro-

    grama no est somente a organizao dos

    EJC. Nele esto em execuo vrios projetos

    em parcerias com escolas pblicas da Bahia,

    aprovados em editais de instituies de fo-

    mento, que capacitam estudantes e tambm

    outros professores para o desenvolvimento

    de novas estratgias pedaggicas para o en-

    sino das cincias.

    At setembro de 2014 diversas oficinas de

    capacitao de professores e estudantes

    (PIBID/Biologia) j foram realizadas pelo

    Programa, atravs de editais como o Rede

    Colaborativa Universidade-Escola de Edu-

    cao, Vocao e Divulgao Cientfica na

    Bahia, financiado pelo Conselho Nacional

    de Pesquisa e Desenvolvimento Cientfico e

    Tecnolgico (CNPq).

    Uma delas trouxe o bilogo Giuseppe Puor-

    to, Diretor do Museu Biolgico do Instituto

    Butantan, para integrar a equipe de minis-

    trantes da Oficina de Produo de Material

    Didtico, junto s professoras Rejne Lira e

    Rosimere Lira, direcionada a estudantes e

    profissionais das reas de educao, sade,

    arte, meio ambiente e museologia. O objeti-

    vo da oficina foi qualificar estes profissionais

    para produzir e utilizar ferramentas educa-

    tivas, como kits didticos, jogos interativos

    ou teatro de fantoches, na educao formal

    e no formal. Bolsistas do PIBID/Biologia/

    UFBA apresentaram experimentos, jogos e

    peas, frutos destas Oficinas formativas.

    Dentre as atividades da Oficina de Produo

    de Modelos Didticos de Plantas e Animais

    Extintos, ministrada pela biloga Rafaela

    Chaves, est a produo de rplicas de fs-

    seis com gesso e de modelos didticos. Vol-

    tada para professores da educao bsica, a

    prtica como um todo estimula o reconhe-

    cimento dessas ferramentas para inovao

    de prticas pedaggicas no ensino das cin-

    cias: Trabalhar com modelos didticos dar

    concretude a conceitos ou ideias abstratas,

    de forma que essas ideias e conceitos sejam

    melhor compreendidos na sala de aula. O

    professor trabalha sempre na transposio

    de uma informao complexa para uma lin-

    guagem compreensiva para os estudantes,

    e os modelos possibilitam essa transforma-

    o, explica Rafaela.

    O mesmo se d para a Oficina Integrada de

    Experimentao conduzida por Jorge das

    Dores, Rosely Lira e Rejane Lira, a qualificar

    professores de cincias para produzir e utili-

    zar experimentos como ferramentas na edu-

    cao formal e no formal, e com a Educom-

    cincia: Professores Comunicam, capacitao

    de docentes para promover em salas de aula

    e outros espaos educativos a produo de

    vdeos de cincias com o intuito de estimu-

    lar os seus estudantes a realizar uma leitura

    crtica dos meios de comunicao.

    Esta oficina de produo de vdeos, minis-

    trada pelas jornalistas Mariana Alcntara e

    Mariana Sebastio, tambm tem uma linha

    de ao para estudantes. Utilizando celula-

    res ou cmeras digitais, os jovens criam seus

    audiovisuais com temas cientficos, orienta-

    dos por jornalistas e professores, aprendendo

    o funcionamento das lgicas de produo da

    grande mdia e exercitando a leitura crtica dela.

    O mesmo se d na oficina A Terra Revela a

    sua Histria, tambm conduzida por Rafaela

    Chaves, que possui linha de ao tanto para

    estudantes quanto para os professores da

    educao bsica. Enfatizando o quanto a Ter-

    ra est em constante mudana desde o seu

    surgimento, assumindo vrias configuraes

    geolgicas e abrigando inmeras formas de

    vida em diferentes perodos de tempo, a ati-

    vidade tem o intuito de orientar os docentes

    a produzir recursos didticos para serem uti-

    lizados em sala de aula, enquanto que para

    alunos a inteno propiciar contato com

    contedos de geologia e paleontologia, alm

    de mostrar a histria evolutiva da Terra e

    oportunizar a reflexo sobre o futuro do pla-

    neta.

    Os estudantes das escolas parceiras do CAM

    tiveram a oportunidade de participar da ofici-

    na Jovens do Dedo Verde, em comemorao

    ao Ano Internacional da Agricultura Familiar

    (2014). O intuito foi estimular os estudantes

    a refletir sobre a importncia da implantao

    de hortas na escola, incentivando a alimenta-

    o saudvel e de baixo custo comunidade

    escolar. E os resultados j so visveis: na Es-

    cola Municipal Irm Elisa Maria, por exemplo,

    a merenda escolar j foi produzida utilizando

    os temperos plantados na horta feita pelos

    estudantes. Para conhecer as oficinas e ou-

    tras atividades promovidas pelo CAM, acesse

    o Pergaminho Cientfico, blog do Programa:

    www.pergaminhocientifico.wordpress.com.

    Promotor dos Encontros de Jovens Cientistas, o Programa Social de Educao, Vocao e Divulgao Cientfica da Bahia pioneiro na promoo de aes educativas e formativas para professores e estudantes da educao bsica.

    formar, Educar, inovar

  • 7ENTREVISTA

    martHa marandino

    Martha Marandino uma das maiores referncias sobre museus e divulgao cientifica

    em todo o Brasil. Professora da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, a

    pesquisadora discute principalmente sobre ensino de biologia, educao no formal, edu-

    cao em museus e divulgao cientfica.

    pergaminho Cientfico: Ol, professo-ra Martha, bem-vinda ao Pergami-nho Cientfico! Gostaramos de saber: com relao s suas discusses sobre a alfabetizao cientfica, como a senhora enxerga as atuais politicas de educao e cincia hoje no Brasil e como essas polticas podem contribuir para melhorar esta rea?

    Martha Marandino: Olha, a gente sempre

    quer mais. Se avaliarmos a poltica nacional

    hoje e olharmos para trs, vemos que houve

    avanos muito importantes com relao di-

    vulgao cientfica. Temos hoje uma estrutu-

    ra dentro do Ministrio de Cincia e Tecnolo-

    gia com a possibilidade de ter uma secretaria

    de incluso com aes diretamente voltadas

    para a questo da divulgao cientfica, alm

    de editais voltados para a criao e reformu-

    lao de novos espaos de cultura cientfica,

    mas como eu disse, sempre queremos mais.

    Um das coisas conseguir fazer com que os

    rgos de financiamento continuem incenti-

    vando e desenvolvendo editais e formas di-

    ferenciadas de financiamento para estimular

    a ampliao desses espaos.

    Pergaminho Cientfico: Sabemos que a se-

    nhora possui uma relevante pesquisa na rea

    de ensino de cincias e museus de cincias.

    Ento, a concepo de que museus so luga-

    res montonos e pouco dinmicos ainda faz

    parte do censo comum dentro das nossas es-

    colas. Baseado nisso, h possibilidade de in-

    vertermos esse quadro de opinies na mente

    da maioria dos estudantes no futuro?

    Martha Marandino: Claro que sim. A gente

    trabalha com isso porque apostamos primei-

    ro na importncia desses espaos na forma-

    o de indivduos, no s do ponto de vista

    da cultura cientifica, mas da cultura de ma-

    neira geral. Ento acho que possvel sim,

    e um caminho pra isso o ponto de vista

    das polticas pblicas, as quais ns efetiva-

    mente tenhamos mais espao como esses, e

    que eles sejam mais estruturados tambm.

    Tambm quero reforar aqui que no sig-

    nifica que museus s so bons quando so

    interativos, quando tem espaos para tocar.

    Acho importante dizer que tambm os acer-

    vos clssicos so frutos e resultados de co-

    letas de trabalhos cientficos fundamentais.

    O importante que isso esteja apresentado

    de uma maneira interativa, de uma maneira

    interessante, instigante e que promova a ar-

    gumentao, a experimentao e o levanta-

    mento de hipteses.

    Pergaminho Cientfico: Tendo suas pesquisas

    como base, quais so as novidades no ensino

    de cincias no Brasil. Qual a posio de nosso

    pas, comparando em outros da Amrica Lati-

    na e tambm com o resto do mundo?

    Martha Marandino: Do ponto de vista das

    inovaes na pesquisa no ensino de cincias,

    temos avanado muito na compreenso dos

    processos de aprendizagem e dos processos

    de ensino. A gente tambm tem entendido

    melhor como os diferentes indivduos, de

    diferentes grupos sociais, se relacionam com

    a sociedade, que aes so possveis nessa

    perspectiva. Do ponto de vista do pas, en-

    frentamos uma realidade social muito difcil

    e acho que essa a grande questo, no s

    no Brasil, como na Amrica Latina. Esse o

    grande desafio no Brasil: lidar com uma rea-

    lidade social to desigual e principalmente a

    falta de acesso cultura cientfica em parti-

    cular. Acho que temos um caminho pra traar

    tanto do ponto de vista das escolas quanto

    dos espaos de cultura cientfica para atingir

    os pblicos.

    Pergaminho Cientfico: Professora, no En-

    contro de Jovens Cientistas o pblico com-

    posto por estudantes que esto dando seus

    primeiros passos no meio da pesquisa. Sendo

    assim, o que a senhora tem a falar sobre a

    necessidade da iniciao cientifica ainda nos

    ensino bsico e ensino fundamental?

    Martha Marandino: Acho que fundamental.

    Hoje em dia, especialmente as universidades

    pblicas, oferecem a possibilidade dos alu-

    nos acompanharem o processo de produo

    de conhecimento nas diferentes reas. En-

    to, acho que os alunos devem se arriscar

    e participar dessas iniciativas de iniciao

    cientifica. Tambm devem estar atentos s

    possibilidades de desenvolverem inicia-

    o cientifica nas cincias humanas e, por

    exemplo, nas reas de educao (ensino de

    cincias, comunicao tambm, divulgao

    cientifica), campos que fazem interface com

    as cincias naturais. Isso de grande valia!

    Pergaminho Cientfico: A senhora poderia

    um recado para os Jovens Cientistas da

    Bahia?

    Martha Marandino: Participem da uni-

    versidade sim, se envolvam nas aes da

    universidade, busquem se envolver no

    s com a pesquisa, mas tambm com a ex-

    tenso, fazendo atividades que realmente

    deem um retorno para o pblico. Acho que

    a universidade pblica tem um compromis-

    so muito importante com a populao, e os

    jovens tm de estar conectados com isso. A

    Bahia tambm tem experincias incrveis, o

    prprio evento que est acontecendo a j

    mostra isso! Ento, meu incentivo em pala-

    vras seria esse: Se envolvam nas iniciativas

    que a universidade tem na sua relao com

    a sociedade, a universidade e a populao

    ganham muito com isso.

    Para acessar a entrevista na ntegra, visite

    www.encontrodejovenscientistas.com

  • 8IFBASanto Amaro, BA

    Somos Eliomar Reis, Felipe Araujo,

    Marcelo SantAnna e Renan Muniz e

    fomos orientados pela professora de

    qumica Adriana Vieira na construo

    do jogo QUIMIF- O Caador de Ele-

    mentos Qumicos, aprovado na cate-

    goria Cincia Ldica do 5 Encontro

    de Jovens Cientistas. Somos estudan-

    tes do IFBA, Campus Santo Amaro, e

    acreditamos que o jogo pode ajudar

    na propagao da qumica e pode

    proporcionar conhecimentos a todos

    os pblicos de maneira ldica e di-

    vertida. uma forma de popularizar

    o conhecimento das cincias, apro-

    ximando a linguagem da Qumica ao

    conhecimento popular.

    CEEPIlhus, BA

    Ns somos ngela Prado, Caroli-

    ne Batista, Johnatan Farias, Lucas

    Magalhes e Luissandro Guedes e

    integramos o Centro Estadual de

    Educao Profissional em Logstica,

    Transporte e Produo Industrial

    (CEEP) da cidade de Ilhus, Bahia.

    O nosso projeto, MIA Intelligent

    Control Stock, est na categoria

    Vida de Jovem Cientista do 5 En-

    contro de Jovens Cientistas, e foi

    orientado pelos professores Jos

    Guedes da Cunha e Nelson Florn-

    cio Filho. Trata-se de um software

    para otimizar o tempo e os cus-

    tos operacionais de uma empresa.

    Acreditamos que o nosso projeto

    trar inmeros benefcios para as

    empresas e indstrias, como a re-

    duo de erros no processo de Ar-

    mazenagem, maior confiabilidade

    de informaes, sobretudo utili-

    zando um processo eficiente e com

    maior economia possvel.

  • 9IFALPalmeira dos ndios, AL

    Somos Ana Clara Dias e Romrio Cor-

    reia, cursamos Edificaes no Insti-

    tuto Federal de Alagoas Campus

    Palmeira dos ndios. Nosso trabalho,

    O Teatro em Millr Fernandes: O Res-

    gate Moral atravs da (In)Coerncia e

    do Deboche em Liberdade, Liberda-

    de, est na categoria Vida de Jovem

    Cientista no 5 Encontro de Jovens

    Cientistas. Fomos orientados pelo

    professor Jorge Schutze. Essa pes-

    quisa aponta a contribuio de Millr

    Fernandes para o teatro brasileiro, no

    que se refere a uma trade ideolgica

    singular e prpria do autor: militncia,

    engajamento e pedagogia.

    INTEGRALSalvador, BA

    Nosso trabalho foi criado por mim

    Bruno Lago, e meus amigos Marcos

    Luciano e Laudelino Neto, cursistas da

    3 srie do Ensino Mdio e Antnio

    Cursista da 2 srie do Ensino Mdio

    do Colgio Integral, sob Orientao do

    Professor Luis Henrique Santana da

    Silva. Gerador Magntico tem por

    finalidade fornecer energia eltrica

    a partir da converso desta, que ser

    gerada atravs do movimento de uma

    roda, decorrente da repulso de ims

    de neodmio que esto acoplados so-

    bre o mesmo, levando a energia me-

    cnica s bobinas transformando-a

    em energia eltrica. A proposta est

    enquadrada no Gabinete de Curiosi-

    dades Cientficas do 5 Encontro de

    Jovens Cientistas, sendo disponibili-

    zada atravs de uma fonte de energia

    totalmente limpa na sua formao,

    sem causar danos nenhum nature-

    za. A grande importncia do projeto

    a obteno de energia limpa.

    SESISalvador, BA

    Nosso projeto Corao-Roxo: Uma

    decorao que favorece o meio am-

    biente, ser apresentado na ca-

    tegoria Gabinete de Curiosidades

    Cientficas no 5 Encontro de Jovens

    Cientistas. Somos Giovanna Harzer

    Santana, Nathlia Oliveira e Victria

    Santiago, estudamos na Escola Djalma

    Pessoa (Sesi Piat, Salvador) e fomos

    orientadas pelos professores Jemile

    Bahiana e Maurcio Bandeira para a

    realizao desta pesquisa. Acredita-

    mos que o trabalho pode trazer gran-

    des benefcios sociedade, uma vez

    que voltado para a descoberta dos

    ndices de poluio atmosfrica do

    ar de Salvador. Com base neste estu-

    do, pode-se ser possvel a criao de

    medidas para que esses ndices di-

    minuam, melhorando a qualidade de

    vida da populao soteropolitana.

  • 10

    ENTREVISTA

    alEixo bElovConhea o engenheiro e navegador Aleixo Belov, que em-

    preendeu quatro voltas ao mundo cruzando os oceanos!

    pergaminho Cientfico: O senhor poderia falar de suas origens e de como chegou ao Brasil? Aleixo Belov: Com certeza! Eu nasci na Ucrnia

    durante a Segunda Guerra Mundial e foi a pr-

    pria guerra que nos enxotou de l. Ns samos

    perambulando pela Europa e, depois, de navio,

    a partir da Itlia, chegamos no Brasil. Cheguei

    aqui com seis anos de idade, apesar de ter sa-

    do da Ucrnia antes de completar um ano. Aqui

    eu cresci, me criei, estudei, formei e hoje sou

    engenheiro. Foi daqui que eu dei o salto para o

    mundo e dei quatro voltas ao redor dele.

    Pergaminho Cientfico: Como o senhor se apro-

    ximou do mar? Essa opo por Salvador, pr-

    ximo Baa de Todos os Santos, influenciou na

    sua deciso?

    Aleixo Belov: Influenciou muito. Os motivos

    so dois. Primeiro, ganhei um culos de mer-

    gulho e eu no tinha a menor noo para que

    eles serviam. No tinha televiso para ver nin-

    gum mergulhando, pois no existia televiso

    na poca. Ento, ningum sabia pra que servia.

    Eu ganhei esses culos, mas tambm precisou

    ter esse espelho dagua maravilhoso que a

    Baa de Todos os Santos. Esse o segundo mo-

    tivo. Ento, esses culos caram no lugar certo,

    na mo da pessoa certa. Eu sa com gua no

    joelho olhando os peixinhos e disso me tornei

    um mergulhador, um mergulhador profissional,

    depois um velejador que resolveu viajar e mer-

    gulhar em todos os oceanos do mundo.

    Pergaminho Cientfico: Quando foi que o se-

    nhor decidiu que iria dar a volta ao mundo

    solitrio?

    Aleixo Belov: Bom, dar a volta ao mundo foi

    um passo, e dar a volta ao mundo solitrio, foi

    outro. Dar a volta ao mundo foi depois que

    eu li Expedio Moana, onde quatro amigos

    mergulhadores viajaram o mundo e mergulha-

    ram em todos os oceanos, ou na maioria de-

    les. Ento, eu fiquei encantado com essa ideia

    e depois eu fui em Porto Seguro para mergu-

    lhar l. O que tinha em Porto Seguro eram os

    arrecifes cheios de peixes, tartarugas, lagostas.

    Tudo o que voc podia imaginar. Uma riqueza

    da vida marinha, os corais, tudo. Ento foi por

    isso que me apaixonei por Porto Seguro e foi l

    que eu decidi que ia dar a volta ao mundo. Eu

    tinha tido algumas experincias navegando em

    barcos com outras pessoas e eu vi que admi-

    nistrar as intrigas a bordo era muito mais difcil

    do que manobrar o barco sozinho. Ento, nesse

    dia, eu decidi que daria a volta ao mundo, mas

    era sozinho.

    Pergaminho Cientfico: Como foi essa expe-

    rincia de ensinar a um grupo de jovens a arte

    da navegao?

    Aleixo Belov: Foi muito bom porque eu queria

    fazer. No era bem s a arte da navegao, eu

    estava ensinando a eles a andar pelos cami-

    nhos do mundo usando o barco, um veleiro,

    como meio de transporte. Aprendendo a ve-

    lejar, aprendendo a manobrar, aprendendo a

    chegar nos portos, a tomar cuidado, fazer os

    documentos para entrar e sair, aprendendo a

    andar pelas ruas, nas terras dos outros, na beira

    do cais, aprendendo a mergulhar, aprendendo a

    limpar o casco, a fazer as manobras. Tudo! um

    conjunto de conhecimentos. No s velejar ou

    s navegar.

    Pergaminho Cientfico: Que tipo de conheci-

    mentos tcnicos e tambm sobre a natureza

    so necessrios para que esses jovens conhe-

    am a navegao e, tambm, os caminhos do

    mundo?

    Aleixo Belov: Repare bem, claro que preciso

    saber usar os equipamentos eletrnicos, saber

    fazer navegao, as manobras de vela, saber

    usar o motor, saber manobrar na entrada do

    porto, saber interpretar as cartas nuticas, sa-

    ber pegar a previso do tempo e a estratgia

    na chegada. Por onde chegar? Como escolher

    o melhor caminho? Como se prevenir contra as

    possveis dificuldades? Como evitar os navios

    nas rotas onde eles passam perto da gente?

    Tudo! Como ter segurana para no cair no mar,

    no rasgar as velas, no fazer uma manobra er-

    rada, pra no ficar doente a bordo. Pra tudo.

    um conhecimento geral.

    Pergaminho Cientfico: Ento, pelo visto, essa

    sua opo pela engenharia tem muito a ver

    com a paixo pelo mar...

    Aleixo Belov: A engenharia ajuda muito em

    tudo. A engenharia, a matemtica, o conheci-

    mento da fsica e um pouco de mecnica me

    ajudaram a construir os barcos que me possibi-

    litaram abrir caminhos mares afora. Ficou mui-

    to mais fcil pra mim no s construir o barco,

    mas como verificar se o que eu tinha feito esta-

    va bem feito ou mal feito. Andando pelo mundo

    afora, conversando com gente, a gente vai en-

    contrar pessoas que fazem coisas semelhantes

    s nossas. Trocar experincias com outras pes-

    soas que navegam em altas latitudes foi muito

    interessante, a gente vai aprendendo cada dia

    mais, no se tem limite para o aprendizado. Ele

    para a vida toda.

    Pergaminho Cientfico: O senhor gostaria de

    deixar algum recado para os jovens que esto

    buscando uma identificao com a carreira? O

    que preciso dizer a eles sobre realizao pro-

    fissional e tambm de sonhos?

    Aleixo Belov: Repare o seguinte, cada um tem

    que ouvir o seu interior. A pessoa s progride

    naquilo que gosta, naquilo que ama. Ento, a

    pessoa no pode correr atrs de dinheiro s

    porque o salrio melhor em determinada pro-

    fisso, porque a pessoa no vai progredir na-

    quela profisso. A pessoa s progride na coisa

    que gosta e at profisses que, aparentemente,

    no so bem remuneradas, se voc se torna

    uma estrela naquela arte, voc termina sendo

    bem remunerado. Se, por acaso, no for bem

    remunerado, voc vai ser feliz s porque est

    fazendo aquilo. No se vive s por dinheiro.

    Para ser feliz voc tem que fazer aquilo que

    gosta.

    Para acessar a entrevista na ntegra, visite

    www.encontrodejovenscientistas.com.

  • 11

    O senhor poderia falar sobre a sua formao, pas de origem e o caminho percorrido at os dias atuais? Com certe-za sua histria ir inspirar os nossos jovens!Eu sou boliviano, estudei numa escola religiosa catlica e depois estudei Agronomia na Bolvia, mas sempre quis ter uma formao alm da graduao universitria. Depois de formado, procurei uma bolsa de estudos para estudar Mestrado em Economia Agrcola, na Inglaterra. Tive que me esforar muito, pois o curso tinha um alto nvel de exigncia. Trabalhei em um instituto de pesquisa e tambm no Ministrio da Agricultura da Bolvia. Depois, tive interesse em cursar um Doutorado e fui estudar Economia Ambiental na Holanda, onde consegui outra bolsa de estudos. Quando retornei para a Bolvia, voltei a trabalhar no Ministrio da Agricultura at que recebi uma ligao da FAO perguntan-do se eu tinha interesse em aplicar para uma vaga e assim eu fui para a Costa Rica onde fiquei seis anos e mais trs anos no Chile. Depois eu vim para o Brasil para mais trs anos e meio de trabalho.

    Qual foi a sua principal motivao para chegar neste patamar de representante da FAO? Com certeza, eu sempre tive muito interesse em aprender lnguas e ter aprendido ingls foi uma ferramenta muito importante na minha carreira. Para trabalhar na FAO voc precisa pelo menos aprender trs lnguas. Tambm tem a questo de gostar de ter uma vida inter-nacional e isso muito importante porque voc precisa se afastar de seu pas, no vai ver a sua famlia com frequncia. Ento, tem que ter uma viso global, para alm do que acontece na sua regio e de dar respostas para os grandes problemas da humanidade.

    Qual a viso da FAO para a segurana alimentar e quais os planos para o Brasil?A viso da FAO a erradicao da fome. O nosso diretor geral, que um brasileiro, fala que o nico nmero aceitvel em termos de segurana alimentar zero, o que significa que no tenhamos nenhuma pessoa no mundo passando fome, o que

    que tem como objetivo despertar nos jovens o desejo de seguir uma carreira cientfica. Sendo assim, o que o senhor teria a falar sobre as Cincias Agrcolas? Que papel elas tm para superar o proble-ma mundial da fome e crescimento popu-lacional? As Cincias Agrcolas, Veterinrias, Biolo-gia, Fsica, dentre muitas outras. So muitas as cincias necessrias para apoiar a produo de alimentos. A agricultura familiar precisa de uma viso abrangente, de uma viso integral, em termos das disciplinas, para contribuir para essa grande resposta que aprimorar a produ-tividade com alimentos de qualidade. Mesmo a Educao tem um papel funda-mental porque precisamos saber o que bom para ns, para entender os grandes problemas e trabalhar nas respostas para eles.

    Consideramos que, como seres humanos, estamos sempre em aprendizado e empreendendo novos projetos. Quais sonhos profissionais o senhor gostaria de realizar?Eu sempre quero deixar legados. O meu sonho poder deixar alguma coisa concreta para a humanidade. A ideia ter orgulho de um projeto que foi seu. Ento, eu quero deixar um escritrio da FAO no Brasil com uma viso de futuro. Quero aprimorar a cooperao Sul-Sul. O Brasil tem muita coisa para levar em termos de resultado de pesquisa, em termos de conhecimento, para outros continentes. Acho que fundamental proporcionar essa troca de experincias bem sucedidas.

    O senhor poderia adiantar um pouco sobre o que est preparando para a pales-tra na Universidade Federal da Bahia? Como pretende chamar ateno dos estudantes participantes do evento para a temtica de sua palestra?O principal mostrar o que esse Ano Internacional da Agricultura Familiar. Em segundo lugar, mostrar que temos grandes desafios e que o jovem precisa conhecer e entender o problema, saber questionar e pensar na sua contribuio. Ento, importante que os jovens procurem suas prprias respostas.

    no um objetivo muito fcil. Mas tanto ele como ns temos uma viso otimista e o Brasil est mostrando que isso possvel. Por exemplo, o Brasil h dez anos tinha 19% da populao em situao de insegurana alimentar e hoje est abaixo de 5%, o que para a FAO, tecnica-mente, o pas j erradicou a fome como um problema endmico, estrutural. Agora, falta concentrar nos grupos mais vulnerveis, como os povos indgenas, quilombolas, ribeirinhos, que vivem em regies de difcil acesso. O mundo est aprendendo com o Brasil.

    O que est envolvido nas atividades do escritrio da FAO aqui na regio Nordeste do Brasil? Recentemente, temos instalado um escritrio em Campina Grande, na Para-ba, para atender o Nordeste e os nossos programas tm a ver com o manejo dos recursos naturais da caatinga, como fazer diagnsticos da segurana alimentar, contribuir com os esforos da convivncia com a seca e encontrar as melhores solues para isso.

    Sabemos que o Ano Internacional da Agricultura Familiar est dentro de um engajamento mundial. Dentro desta proposta, qual a contribuio do pblico jovem, estudante da educao bsica, como o pblico do 5 Encontro de Jovens Cientistas, nesta cooperao?O primeiro objetivo dar mais visibili-dade para o que a agricultura familiar faz para alimentar o mundo. Mais de 50% dos alimentos do mundo vm da agricultura familiar e, no Brasil, mais de 60% dos alimentos que temos no dia a dia so fornecidos pela agricultura familiar. Muitas vezes a produo feita por jovens agricultores. Ento, precisamos aprimorar tecnologias e polticas e est a o papel do jovem neste processo, at porque a resposta para isso tudo est baseada na pesquisa. O mundo vai precisar de mais alimentos e mais produ-tividade e precisamos da pesquisa para dar resposta a estes problemas como manejo de solo, doenas, qualidade dos produtos, armazenagem, etc.

    O senhor ser palestrante de um evento

    ENTREVISTA

    BOJANIC ALAN BOJANIC ALAN

    Representante da O

    rganizao das Na

    es Unidas para Ali

    mentao

    e Agricultura (FAO/

    ONU) no Brasil part

    icipa do 5 Encontr

    o de Jovens

    Cientistas. Confira a

    entrevista!

    Encarte Especial para o 5 Encontro de Jovens Cientistas

    03 de outubro de 2014

    Foto: M

    aykelly

    Souza

  • 12

    Sala Verde da UFBASala Verde da UFBAComemora o Ano Internacional da Agricultura Familiar com aes educativas intituladas Jovens do Dedo Verde Segundo a Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a Agricultura (FAO/ONU), a agricultura familiar inclui todas as atividades agrcolas de base familiar e est ligada a diver-sas reas do desenvolvimento rural; consiste em um meio de organizao das produes agrcola, florestal, pesqueira, pastoril e aqucola que so gerenciadas e operadas por uma famlia e predominantemente dependente de mo-de-obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens. Este ano, estamos comemorando em todo o planeta o Ano Internacional da Agricultura Familiar, com o objetivo de apoiar a formulao de polticas que promovam a agricultura famil-iar sustentvel, aumentar o conhecimento, a comunicao e sensibilizao pblica, obter um melhor entendimento das necessidades, poten-cial e restries da agricultura familiar e criar sinergias para a sustentabilidade. Neste contexto, a Sala Verde da UFBA, tem promovido um conjunto de aes educativas, cujo carro-chefe oficina Jovens do Dedo Verde. uma iniciativa inspirada na histria do menino Tistu, retratada pelo escritor francs Maurice Druon, no livro O Menino do Dedo Verde (1957). Com seu polegar verde espalhava plantas e flores na cidade de Miraplvora, inclusive nas armas da fbrica o Senhor Papai. Esta oficina uma ao conjunta com o Compo-nente Curricular ACCS A82 Programa Social de Educao, Vocao e Divulgao Cientfica da Bahia e com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia da UFBA (PIBID/-CAPES/UFBA), com vistas implantao de Hortas Escolares Suspensas em instituies de ensino. Em 2014, promovemos 4 (quatro) atividades educativas, que incluram uma oficina de criao de hortas suspensas, peas de teatro e uma gincana. Em fevereiro estivemos no Centro Integrado da Criana e do Adolescente (CIAC), no Alto de Ondina, uma instituio no formal,

    onde trabalhamos com cerca de 60 crianas e pr-adolescentes. Em maio, estivemos na Escola Municipal Irm Elisa Maria, em Fazenda Grande, durante a 12 Semana Nacional de Museus do Ncleo de Ofiologia e Animais Peonhentos da UFBA. Nesta escola trabalhamos com cerca de 300 crianas e pr-adolescentes que implantaram a horta, cultivaram e j esto colhendo os legumes, verduras e temperos que esto sendo usados na preparao da alimentao na escola. Durante a 8 Primavera de Museus do Ncleo de Ofiologia e Animais Peonhentos da UFBA, em setembro a vez foi do Colgio Estadual Ana Cristina Prazeres Mata Pires, em Alto de Coutos. A oficina nesta escola foi agita-da e as atividades aconteceram com 500 jovens que implantaram a horta, assistiram s peas e participaram da gincana. Nossas atividades no se restringiram a Salvador, pois estivemos tambm na comuni-dade de So Francisco do Paraguassu, distrito de Cachoeira, no Recncavo da Bahia, no Colgio Municipal de Primeiro Grau So Francisco do Paraguassu, trabalhando com cerca de 200 estudantes. Nesta escola os alunos puderam levar suas hortas suspensas para casa depois das hortalias crescerem sob os seus cuidados. Acreditamos que estas aes ressaltaram que agricultura familiar a forma predomi-nante de agricultura tanto nos pases desen-volvidos quanto nos pases em desenvolvimen-to; que os agricultores familiares so uma parte importante da soluo por um mundo livre da pobreza e da fome e que a agricultura familiar contribui para um desenvolvimento sustentvel.

    Rejne Lira Biloga, Professora Associada do Instituto de

    Biologia e Coordenadora da Sala Verde da UFBA

    OBRIGA

    DO PELA PRESEN

    A

    ESPERA

    MOS VOCS EM 2015

    !

    Foto: M

    ariana Se

    bastio

    Foto:s Arquivo NOAP

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