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CIDADE & REGIÃO CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO 16/5/2010 A10 A ADMINISTRADORA DE EMPRESAS ROSANA RIBEIRO FICOU TETRAPLÉGICA AOS 23 ANOS, MAS OS SONHOS E A DETERMINAÇÃO VENCERAM AS LIMITAÇÕES SUPERAÇÃO LYGIA CALIL | REPÓRTER [email protected] “Eu não gosto de recla- mar.” É assim que a admi- nistradora de empresas Ro- sana Denise do Nascimento Ribeiro explica como su- perou duas tragédias em consequência de um crime ocorrido na noite de 1º de julho de 1989: a tetra- plegia e a morte do noivo. Assim como a personagem Luciana, da novela “Viver a Vida” — cujo capítulo final foi transmitido na sexta- feira (14) pela Rede Globo —, ela ficou deficiente no auge da juventude, aos 23 anos. Na época, há 20 anos, ela estudava Admi- nistração de Empresas e Direito, tinha dois empre- gos e planos de se casar. Depois de um assalto em Uberlândia, a então uni- versitária viu a vida que planejou se desmoronar. Teve, então, de construir novos sonhos. Com o auxí- lio de 12 anos de fisiotera- pia e uma rotina repleta de atividades, Rosana Ribei- ro conquista progressos a cada dia, como se sentar e movimentar os braços. Como não quis se en- tregar à deficiência, ela decidiu ajudar pessoas nas mesmas condições e fundou, juntamente com outra pessoa tetraplégica, a organização não-gover- namental (ONG) Instituto Integrar, que qualifica, se- leciona e encaminha defi- cientes físicos, visuais ou auditivos ao mercado de trabalho. Veja, a seguir, trechos de uma entrevista que ela concedeu à reportagem do CORREIO de Uberlândia. PERÍODO FOI MARCADO POR CRIMES VIOLENTOS “No dia 1º de julho vai fazer 21 anos que eu sofri o acidente. Na época, estava tendo uma série de assaltos com uns bandidos de fora. Todo fim de semana, eles assaltavam e matavam. O nosso caso foi o último, quando a cidade se revoltou e a polícia tomou providências. Está- vamos saindo da igreja para jantar, eu e meu noivo em um carro e os meus pais em outro. Era um sábado, às 20h. No caminho, parei na esquina e um carro passou por mim. Eu esta- va dirigindo e o meu noivo viu que era o carro dos meus pais, mas que não eram eles que estavam nos bancos da frente. Ele disse que tinham duas pessoas no banco de trás, mas que não dava para saber se eram eles. Como na época não tinha celular, decidimos seguir o carro. Quando o carro parou, em um reflexo, eu parei ao lado. Mas eles começaram a atirar, com metralhadoras. Meu noivo viu a arma, eu não tinha visto, então ele entrou na minha frente para me proteger. Levei um tiro no pescoço, porque quis ver o que estava acontecendo. Ele morreu na hora, mas eu só fiquei sabendo disso três meses e meio depois.” PROVAS FINAIS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FORAM FEITAS EM HOSPITAL “Na época do acidente, a faculdade estava em greve e faltavam só as provas finais de Administração, no 9º período. Fiz as provas no hospital em Brasília. Tranquei o 10º período e voltei no semestre seguinte, em janeiro. Contei com muita gente para conseguir me formar. Tive muito apoio de amigos e da família que me acompanhavam às aulas, porque por um tempo eu desmaiava muito. Demorou muito para eu ficar com a saúde estável. Mas tive facilidade, por exemplo, para conseguir um estágio, porque meu pai era empresário e tinha uma boa rede de contatos. FORMATURA HOUVE PROMESSA DE NÃO FICAR COM OUTRA PESSOA “Nós íamos nos casar, mas conversamos uma vez como seria se nos separássemos. Eu disse a ele que a minha vida não iria ser ruim, mas que eu não ficaria com mais ninguém. E foi isso que aconteceu, porque eu nunca estive aberta a isso. Existem tetraplégicos que se casam depois da deficiência, mas quem se relaciona com uma pessoa na minha condição física tem que ser muito forte e especial. Normalmente, são homens tetra que conseguem se casar. Mulher é muito raro. Ter outra pessoa na minha vida não era o meu conceito de superação. Depois do que aconteceu, eu fiquei com duas famílias. A família dele é minha também. Tenho nove sobrinhos do meu lado e sete do lado dele, que eu considero meus filhos. Infelizmente, ele não tinha um irmão gêmeo como na novela.” RELACIONAMENTO MORTE DO NOIVO FOI PIOR QUE PERDA DOS MOVIMENTOS “Logo que o risco maior passou, fui transferida para Brasília e fi- quei seis meses lá. Os pais dele [do noivo] saíram do enterro e foram direto me ver. Me visita- ram na UTI [unidade de terapia intensiva] e não me falaram o que tinha acontecido. Diziam que ele estava em coma, em outro hospital. Eles me ligavam todos os dias e não me conta- ram. Depois, quando os médicos autorizaram, fiquei sabendo que ele tinha morrido. Até este mo- mento, eu estava me esforçan- do para ficar boa e voltar para ele. Depois, passei pela fase do ‘e agora?’. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que, infelizmente, a vida continua. A perda maior que eu senti não foi dos movimentos, foi ter perdido ele. Mas, ao mesmo tempo, pensei que a vida de cada um de nós é muito importante. Pela forma que aconteceu, aprendi a dar mais valor à vida, porque ele me deu a vida.” PÓS-ASSALTO SONHOS FORAM ESSENCIAIS PARA REFAZER A VIDA “A motivação vem dos nossos sonhos. Tive que parar para pensar e tentar refazer os meus sonhos, porque tudo mudou em um segundo. Não adiantava lamentar e dizer que a minha vida tinha acabado. Foquei no que eu posso fazer e não o que eu perdi. O primeiro ponto para refazer a vida é olhar para frente. A primeira coisa era buscar diminuir as limitações. Durante muito tempo, eu movimentava só os olhos. Para conseguir sentar, foi muito tempo de fisiotera- pia. Hoje, depois de muito esforço, tenho um pouco de movimento nos braços e pulsos, mas não nas mãos. Quando o fisiotera- peuta me falou que eu tinha conseguido levantar o braço sozinha, eu não acreditava. Os esforços que eu fazia para brincar com meus sobrinhos me ajudaram demais, pois o que desperta prazer ajuda muito mais do que qualquer exercício de fisioterapia. Consegui me adaptar ao computador e faço de tudo. ” MOTIVAÇÃO ACIDENTE COM AMIGO INSPIROU CRIAÇÃO DE ONG “Como tive muitas pessoas na minha vida para me dar suporte, pude fazer coisas que não eram acessíveis a todos. Se Deus mudou tão radicalmente a minha condição, era para eu não seguir o rumo que eu pre- tendia. Quatro anos depois do assalto, um conhecido cou paraplégico. A família dele veio me procurar e nos aproximamos. Ele estava cursando Administração e teve muita dificuldade para conseguir o estágio. Assim surgiu a ideia do instituto, que qualifica e coloca o deficiente no mercado de trabalho. Passamos todo o ano de 2000 pesqui- sando toda a legislação e fomos atrás. Conseguimos montar nossa sede em um espaço cedido pelo Center Shopping. A Souza Cruz e a Algar Tecnologia foram nossos primeiros clientes, o que permitiu que começássemos a trabalhar. Foi difícil conseguir uma oportunidade, mas hoje temos 1,3 mil pessoas ca- dastradas no instituto. Se o acidente não tivesse acon- tecido, dificilmente estaria fazendo este trabalho, que é o melhor do mundo. Não estaria tão satisfeita. Foi uma oportunidade.” INSTITUTO FICÇÃO 1989 SITUAÇÃO MOSTRADA EM NOVELA NÃO FOI FIEL À REALIDADE “Não assisto e não gosto de novela. Mas todo mundo assiste e comenta comigo. Pelo que me contam, acho muito fantasioso, principalmente pelo tempo em que as coisas acontece- ram lá. A recuperação da persona- gem, por exemplo, foi em um prazo impossível de acontecer na vida real. Para chegar ao ponto em que ela está [na quarta-feira, 12], gastei uns três anos. Uma coisa que não mostraram na novela é que ser ‘tetra’ gasta muito tempo. Para chegar ao ponto de estar bem e arrumado gastam-se horas. Um banho demora muito tempo, porque são muitos procedimentos. O tempo útil é muito pouco. Por exem- plo, eu gasto uma tarde inteira para um compromisso. O deslocamento é difícil, tudo é difícil. Até com isso tive de me adaptar, porque sempre fui muito ativa.” NÃO ADIANTAVA LAMENTAR E DIZER QUE A VIDA TINHA ACABADO. FOQUEI NO QUE EU POSSO FAZER E NÃO NO QUE EU PERDI ROSANA RIBEIRO criou uma ONG que qualifica deficientes físicos, auditivos e visuais, possibilitando a eles acesso ao mercado de trabalho PAULO AUGUSTO As inscrições para a seleção de técnicos administrativos do IF Triângulo podem ser feitas até o dia 26 deste mês www.iftriangulo.edu.br A t p w

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Histórias de personagens únicos.

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 16/5/2010

A10

A ADMINISTRADORA DE EMPRESAS ROSANA RIBEIRO FICOU TETRAPLÉGICA AOS 23 ANOS, MAS OS SONHOS E A DETERMINAÇÃO VENCERAM AS LIMITAÇÕES

SUPERAÇÃO

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

“Eu não gosto de recla-mar.” É assim que a admi-nistradora de empresas Ro-sana Denise do Nascimento Ribeiro explica como su-perou duas tragédias em

consequência de um crime ocorrido na noite de 1º de julho de 1989: a tetra-plegia e a morte do noivo. Assim como a personagem Luciana, da novela “Viver a Vida” — cujo capítulo fi nal foi transmitido na sexta-feira (14) pela Rede Globo

—, ela fi cou defi ciente no auge da juventude, aos 23 anos. Na época, há 20 anos, ela estudava Admi-nistração de Empresas e Direito, tinha dois empre-gos e planos de se casar.

Depois de um assalto em Uberlândia, a então uni-

versitária viu a vida que planejou se desmoronar. Teve, então, de construir novos sonhos. Com o auxí-lio de 12 anos de fi siotera-pia e uma rotina repleta de atividades, Rosana Ribei-ro conquista progressos a cada dia, como se sentar e

movimentar os braços. Como não quis se en-

tregar à defi ciência, ela decidiu ajudar pessoas nas mesmas condições e fundou, juntamente com outra pessoa tetraplégica, a organização não-gover-namental (ONG) Instituto

Integrar, que qualifi ca, se-leciona e encaminha defi -cientes físicos, visuais ou auditivos ao mercado de trabalho.

Veja, a seguir, trechos de uma entrevista que ela concedeu à reportagem do CORREIO de Uberlândia.

PERÍODO FOI MARCADO POR CRIMES VIOLENTOS

“No dia 1º de julho vai fazer 21 anos que eu sofri o acidente. Na época, estava tendo uma série de assaltos com uns bandidos de fora. Todo fi m de semana, eles assaltavam e matavam. O nosso caso foi o último, quando a cidade se revoltou e a polícia tomou providências. Está-vamos saindo da igreja para jantar, eu e meu noivo em um carro e os meus pais em outro. Era um sábado, às 20h. No caminho, parei na esquina e um carro passou por mim. Eu esta-va dirigindo e o meu noivo viu que era o carro dos meus pais, mas que não eram eles que estavam nos bancos da frente. Ele disse que tinham duas pessoas no banco de trás, mas que não dava para saber se eram eles. Como na época não tinha celular, decidimos seguir o carro. Quando o carro parou, em um refl exo, eu parei ao lado. Mas eles começaram a atirar, com metralhadoras. Meu noivo viu a arma, eu não tinha visto, então ele entrou na minha frente para me proteger. Levei um tiro no pescoço, porque quis ver o que estava acontecendo. Ele morreu na hora, mas eu só fi quei sabendo disso três meses e meio depois.”

PROVAS FINAIS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO FORAM FEITAS EM HOSPITAL

“Na época do acidente, a faculdade estava em greve e faltavam só as provas fi nais de Administração, no 9º período. Fiz as provas no hospital em Brasília. Tranquei o 10º período e voltei no semestre seguinte, em janeiro. Contei com muita gente para conseguir me formar. Tive muito apoio de amigos e da família que me acompanhavam às aulas, porque por um tempo eu desmaiava muito. Demorou muito para eu fi car com a saúde estável. Mas tive facilidade, por exemplo, para conseguir um estágio, porque meu pai era empresário e tinha uma boa rede de contatos.

FORMATURA

HOUVE PROMESSA DE NÃO FICAR COM OUTRA PESSOA

“Nós íamos nos casar, mas conversamos uma vez como seria se nos separássemos. Eu disse a ele que a minha vida não iria ser ruim, mas que eu não fi caria com mais ninguém. E foi isso que aconteceu, porque eu nunca estive aberta a isso. Existem tetraplégicos que se casam depois da defi ciência, mas quem se relaciona com uma pessoa na minha condição física tem que ser muito forte e especial. Normalmente, são homens tetra que conseguem se casar. Mulher é muito raro. Ter outra pessoa na minha vida não era o meu conceito de superação. Depois do que aconteceu, eu fi quei com duas famílias. A família dele é minha também. Tenho nove sobrinhos do meu lado e sete do lado dele, que eu considero meus fi lhos. Infelizmente, ele não tinha um irmão gêmeo como na novela.”

RELACIONAMENTO

MORTE DO NOIVO FOI PIOR QUE PERDADOS MOVIMENTOS

“Logo que o risco maior passou, fui transferida para Brasília e fi -quei seis meses lá. Os pais dele [do noivo] saíram do enterro e foram direto me ver. Me visita-ram na UTI [unidade de terapia intensiva] e não me falaram o que tinha acontecido. Diziam que ele estava em coma, em outro hospital. Eles me ligavam todos os dias e não me conta-ram. Depois, quando os médicos autorizaram, fi quei sabendo que ele tinha morrido. Até este mo-mento, eu estava me esforçan-do para fi car boa e voltar para ele. Depois, passei pela fase do ‘e agora?’. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que, infelizmente, a vida continua. A perda maior que eu senti não foi dos movimentos, foi ter perdido ele. Mas, ao mesmo tempo, pensei que a vida de cada um de nós é muito importante. Pela forma que aconteceu, aprendi a dar mais valor à vida, porque ele me deu a vida.”

PÓS-ASSALTO

SONHOS FORAM ESSENCIAIS PARA REFAZER A VIDA

“A motivação vem dos nossos sonhos. Tive que parar para pensar e tentar refazer os meus sonhos, porque tudo mudou em um segundo. Não adiantava lamentar e dizer que a minha vida tinha acabado. Foquei no que eu posso fazer e não o que eu perdi. O primeiro ponto para refazer a vida é olhar para frente. A primeira coisa era buscar diminuir as limitações. Durante muito tempo, eu movimentava só os olhos. Para conseguir sentar, foi muito tempo de fi siotera-pia. Hoje, depois de muito esforço, tenho um pouco de movimento nos braços e pulsos, mas não nas mãos. Quando o fi siotera-peuta me falou que eu tinha conseguido levantar o braço sozinha, eu não acreditava. Os esforços que eu fazia para brincar com meus sobrinhos me ajudaram demais, pois o que desperta prazer ajuda muito mais do que qualquer exercício de fi sioterapia. Consegui me adaptar ao computador e faço de tudo. ”

MOTIVAÇÃO

ACIDENTE COM AMIGO INSPIROU CRIAÇÃO DE ONG

“Como tive muitas pessoas na minha vida para me dar suporte, pude fazer coisas que não eram acessíveis a todos. Se Deus mudou tão radicalmente a minha condição, era para eu não seguir o rumo que eu pre-tendia. Quatro anos depois do assalto, um conhecido fi cou paraplégico. A família dele veio me procurar e nos aproximamos. Ele estava cursando Administração e teve muita difi culdade para conseguir o estágio. Assim surgiu a ideia do instituto, que qualifi ca e coloca o defi ciente no mercado de trabalho. Passamos todo o ano de 2000 pesqui-sando toda a legislação e fomos atrás. Conseguimos montar nossa sede em um espaço cedido pelo Center Shopping. A Souza Cruz e a Algar Tecnologia foram nossos primeiros clientes, o que permitiu que começássemos a trabalhar. Foi difícil conseguir uma oportunidade, mas hoje temos 1,3 mil pessoas ca-dastradas no instituto. Se o acidente não tivesse acon-tecido, difi cilmente estaria fazendo este trabalho, que é o melhor do mundo. Não estaria tão satisfeita. Foi uma oportunidade.”

INSTITUTO

FICÇÃO

1989

SITUAÇÃO MOSTRADA EM NOVELA NÃO FOIFIEL À REALIDADE

“Não assisto e não gosto de novela. Mas todo mundo assiste e comenta comigo. Pelo que me contam, acho muito fantasioso, principalmente pelo tempo em que as coisas acontece-ram lá. A recuperação da persona-gem, por exemplo, foi em um prazo impossível de acontecer na vida real. Para chegar ao ponto em que ela está [na quarta-feira, 12], gastei uns três anos. Uma coisa que não mostraram na novela é que ser ‘tetra’ gasta muito tempo. Para chegar ao ponto de estar bem e arrumado gastam-se horas. Um banho demora muito tempo, porque são muitos procedimentos. O tempo útil é muito pouco. Por exem-plo, eu gasto uma tarde inteira para um compromisso. O deslocamento é difícil, tudo é difícil. Até com isso tive de me adaptar, porque sempre fui muito ativa.”

NÃO ADIANTAVALAMENTAR E DIZER QUE A VIDA TINHA ACABADO.FOQUEI NOQUE EU POSSOFAZER E NÃO NOQUE EU PERDI

ROSANA RIBEIRO criou uma ONG que qualifica deficientes físicos, auditivos e visuais, possibilitando a eles acesso ao mercado de trabalho

PAULO AUGUSTO

As inscrições para a seleção de técnicos administrativos do IF Triângulo podem ser feitas até o dia 26 deste mêswww.iftriangulo.edu.br

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U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U A R T A - F E I R A • 8 D E A B R I L D E 2 0 0 9

DESOSPITALIZAÇÃO

Esperança renovada na volta para casaGaroto que dependede respiradorartifi cial deixainternação no HC

LYGIA CALIL [REPÓRTER]

[email protected]

LUIZ FELIPE DOS SANTOS acena do colo da mãe Fernanda dos Santos ao deixar o Hospital de Clínicas, onde chegou aos 3 meses de idade

FOTOS BETO OLIVEIRA

Até ontem, o leito 45 da Pe-diatria do Hospital de Clínicas de Uberlândia era o universo que Luiz Felipe dos Santos conhecia bem. O garoto chegou ao hospital aos 3 meses de idade, em decorrên-cia de um problema respiratório, e lá permaneceu até os 2 anos e 8 meses. Por depender de um respirador mecânico permanente-mente, ele nunca passou um Natal em família, nem jamais comemorou um aniversário em casa. A partir de agora, Luiz Felipe vai receber o tratamento em casa.

A criança nasceu com má-formação do sistema respiratório e, aos 3 meses de idade, sofreu uma paralisia no diafragma, o mais importante músculo que controla a respiração. Por nove meses, Luiz Felipe fi cou internado na Unidade de Tratamento Inten-sivo (UTI) do hospital e, de lá, foi transferido para a Pediatria.

O aparelho Bilevel Positive Pressure Airway (Bipap), do qual ele depende para respirar, foi instalado em seu quarto e a mãe,

Fernanda dos Santos, recebeu um treinamento para cuidar dele em casa. Duas vezes por sema-na, eles vão receber visitas da equipe do Programa de Atendi-mento Domiciliar (Pad), compos-ta por médicos, fi sioterapeutas, dentistas, nutricionistas e outros profi ssionais da saúde. Em caso de urgência e emergência, ele volta para o hospital.

Para ser liberado para o tra-tamento em domicílio, Luiz Felipe passou por uma bateria de exa-mes, que garantiu que o quadro de saúde dele é estável. Segundo o diretor-geral do HC, Luzmar de Paula Faria, a maior difi culdade para levá-lo para casa foi conse-guir o aparelho, cedido pela Se-cretaria Municipal de Saúde de Uberlândia. O preço médio da máquina é R$ 6 mil. “É difícil, porque dependemos das priori-dades da gestão de saúde, que são muitas. Mas temos feito o possível para que isto seja cada vez mais viabilizado”, disse Faria.

De acordo com ele, além de oferecer melhor qualidade de vida aos pacientes, o tratamento em domicílio diminui o risco de infecção e reduz custos hospita-lares. À espera de voltar para casa no mês que vem, há mais três pessoas dependentes da respiração mecânica no hospital — uma delas internada há três anos.

HOMENAGEM

Corpo clínico se despede do garoto com festaPara se despedir de Luiz

Felipe, médicos, enfermeiros e pacientes prepararam uma festa em homenagem a ele, com direito a fantasias, músicas e muitas lágrimas. “Ele é uma criança muito especial, extrema-mente amorosa. Vamos sentir muita falta dele aqui, depois de tanto tempo cuidando todos os dias. Mas a rotina daqui é mui-to estressante. Em casa, ele será mais feliz”, disse a técnica em enfermagem Daynie Fran-cielle Teixeira.

Para Fernanda dos Santos,

mãe de Luiz Felipe, a volta para a casa é a realização de um sonho. “O quarto dele está lá, esperando por ele. A minha fe-licidade, hoje, não dá para ser medida. É uma nova fase das nossas vidas”, disse. Nos últi-mos dois anos, ela viveu no hospital, ao lado do fi lho.

Outros seis pacientes já fo-ram benefi ciados pelo projeto de desospitalização. O mais re-cente foi Maria Vitória Alves Saldanha, que, em fevereiro deste ano, recebeu alta após um ano e 11 meses de internação.

A Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia (SME) realizará, entre os dias 8 e 17 deste mês, as inscrições para o processo seletivo simplifi ca-do, para contratação por tem-po determinado, de professo-res de Português, Matemática, Ensino Religioso, primeiras séries ou ciclos da educação básica e educação artística, física e infantil, além de orien-tador educacional e supervisor escolar. Os interessados de-vem se inscrever pelo endereço eletrônico www.uberlandia.mg.gov.br. Todos os aprovados constituirão cadastro de reser-va para futuras contratações, de acordo com as necessida-des da SME.

De acordo com o “Diário Ofi cial do Município”, edição 3146-A, do dia 6 de abril de 2009, será cancelada a inscri-ção e não será contratado o profi ssional que prestar decla-ração falsa, inexata ou que não possa satisfazer todas as con-dições estabelecidas. O pro-cesso seletivo terá prova obje-tiva, de caráter eliminatório, que avaliará o candidato quan-to ao conhecimento inerente à formação para a função a qual concorrerá. Além da prova, também haverá avaliação de títulos.

Mais informações: www.uberlandia.mg.gov.br, link “Di-ário Ofi cial”, edição 3146-A, de 6 de abril de 2009.

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), instituição pública do Sistema Estadual de Saúde de Minas Gerais, vai produzir três novos medicamentos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). A Funed participa de uma articulação entre sete laboratórios ofi ciais e dez empresas privadas, que devem produzir, no total, 24 novos fármacos. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se uma economia média por ano de R$ 160 milhões nos gastos gover-namentais com a aquisição dos medicamentos, usados para tra-tamento de pacientes com HIV, asma, tuberculose, hemofilia, transplantes, redução de coleste-rol e antipsicóticos. Hoje, o Minis-tério gasta R$ 800 milhões com

a compra direta desses produtos.Hoje, o presidente da Funed,

Carlos Alberto Pereira Gomes, participará de uma solenidade em Brasília para formalização da arti-culação. A Funed produzirá a metade da demanda do antirre-troviral Tenofovir, para tratamento da aids, em parceria com as empresas Nortec Química, Blanver Produção Farmacêutica e Adjuvan-tes. A outra metade será fabricada pelo laboratório Farmanguinhos, unido à empresa nacional Globe.

Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, o Tenofovir é utilizado por cerca de 40 mil pacientes, como alternativa à zidovudina (AZT). O custo médio do tratamento é de US$ 927 por paciente por ano.

CADASTRO DE RESERVA SAÚDE

PMU vai fazer processo seletivo para docentes

Funed vai fabricar remédios para o SUS

GERAIS

Centro faz palestrasobre câncer de mama

� O Centro Oncológico do Triângulo (COT) promove hoje, às 19h, mais um evento do circuito de palestras e debates em Uberlândia sobre câncer de mama. O evento é aberto ao público. O palestrante desta noite é o médico Francisco Ciro Fi-lho, que vai falar sobre as vantagens e desvantagens da abordagem ci-rúrgica em determinados tipos de câncer. Em março foi realizada outra rodada de palestras. Foi debatida a prevenção do câncer de mama, ci-rurgia profi lática em mulheres de alto risco para desenvolver o câncer de mama, técnicas de reconstrução da mama e a possibilidade de re-construção mamária pelos convê-nios e viabilidade fi nanceira. A pa-lestra desta noite será realizada na sede do COT, na avenida Anselmo Alves dos Santos, 900, no bairro Santa Mônica.

Chega ao Rio navio queapoiará País em pesquisas

� Pesquisadores brasileiros que atuam na Antártica acabam de ganhar um suporte expressivo para as atividades na região. Baixou âncora ontem na base naval do Rio de Janeiro o navio polar “Almirante Maximiano”, ad-quirido pelo governo brasileiro para servir de apoio ao interesse científi co do País no continente gelado. O navio, que já foi um pesqueiro, foi adaptado para ope-rar em águas com gelo por um estaleiro de Bremerhaven, na Ale-manha. De acordo com o almiran-te Álvaro Luiz Pinto, comandante de Operações Navais, com a incor-poração do navio polar o governo vai ampliar as pesquisas científi cas na Estação Antártica Comandante Ferraz. “Só temos um navio lá e é pequeno. Este é maior, com óti-mos equipamentos”, disse.

FESTA de despedida teve fantasias, músicas e muita alegria

ÁREA NO ANELVIÁRIO SUL VIRADEPÓSITO DE LIXOPÁGINA B2

BURACOS SÃO FATOR DERISCO PARA MOTORISTAS

NO FERIADÃOPÁGINA B3

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REVISTAC4

Uberlândia tem seu Mestre dos Magos> IONEI SILVA FOI DUBLADOR DE MUITOS PERSONAGENS, COM CERTEZA, VOCÊ JÁ OUVIU ESSA VOZ POR AÍ

DUBLAGEM

LYGIA CALIL | REPÓRTER

[email protected]

O que personagens de desenhos ani-mados como Tu-tubarão, Mestre

dos Magos (“A Caverna do Dragão”) e “Smurfs” têm em comum com os protagonis-tas de séries como “Ultra-man” e “Baretta”? Famosos na década de 1980, muitos deles marcaram a infância de quem tem mais de 25 anos. Além disso, foram dubla-dos pelo ator Ionei Silva, um uberlandense que trabalhou por 40 anos como dublador de diversos fi lmes, desenhos animados e séries. Só na He-bert Richers, uma das maio-res da América Latina, foram 22 anos.

Já pensou em conversar com o Mestre dos Magos pelo telefone? Com voz mansa e baixa no dia a dia, quem con-versa com Ionei tem a sen-sação de que conhece aquele timbre de algum lugar. De acordo com ele, inúmeras vezes já o reconheceram pela voz. “Se fazem aquela cara de dúvida e perguntam de onde me conhecem eu já respondo. Digo que não me conhecem, mas sim a voz”, disse. Até fi sicamente ele é parecido com o personagem da “Caverna do Dragão” – calvo, cabelos brancos dos lados, um andar calmo e tre-jeitos mansos.

PRIMEIRO DUBLADOR DE CARTEIRA ASSINADAAos 10 anos, Ionei Silva

venceu um concurso para apresentar um programa infantil na rádio Difusora, em Uberlândia. O progra-ma durou dois anos e, des-de então, ele sabia que tra-balharia com a voz: queria ser ator ou cantor. Antes de conseguir se estabelecer como dublador em São Pau-lo se virou como tintureiro, feirante, vendeu enciclopé-dia.

Em suas andanças, en-controu um amigo que tra-

balhava com dublagem, que o convidou para fazer um teste. Prova feita, começou no mesmo dia, em 1964, na extinta Ibrasom. Depois de voltar ao rádio, passar por outras empresas, decidiu trocar São Paulo pelo Rio de Janeiro, para trabalhar como diretor de dublagem na Cine Castro. “Fui o pri-meiro diretor de dublagem com carteira assinada do País”, disse.

O diretor de dublagem é responsável por corrigir

o texto traduzido, adaptar, sincronizar o tempo das fa-las e pela interpretação dos dubladores. A maior difi cul-dade, segundo ele, eram as séries japonesas. “É difícil, porque às vezes uma frase longa em japonês fi ca curta em português e vice-ver-sa”, afi rmou.

Depois, fi nalmente foi contratado pela Herbert Ri-chers, empresa em que fez os grandes personagens da carreira, na qual trabalhou de 1974 até 1996.

TRAJETÓRIA

BRIGAS COM O FUNDADOR DA HERBERT RICHERSDos bastidores da du-

blagem na Hebert Richers, Ionei Silva se lembra mais das brigas com o fundador da empresa. “Eu tinha um gênio terrível e ele também. É aquela história, dois bicu-dos não se beijam. Eu pedi demissão e fui demitido inúmeras vezes. Mas sem-pre me pediam para voltar”, disse.

Na época em que ele tra-balhava, as fi tas eram cor-tadas com tesoura e cola-das com durex. Os únicos a assistirem aos fi lmes e de-senhos antes eram os dire-tores - aos dubladores, res-tavam as cenas. “Não dava para ter ideia do fi lme todo fazendo as cenas. Às vezes, começávamos do fi nal, de-

pois, íamos ao começo, não era linear”, afi rmou.

Enquanto a média de um dublador comum eram 14 horas para um episódio completo de série, Ionei Silva fazia em cerca de oito. “Como a remuneração era por hora, às vezes, me dei mal por ser muito rápido. Mas conseguia negociar com os diretores, que colocavam umas 12 ho-ras por dia para mim”, disse.

Para um bom dublador, ele enumera as qualidades indispensáveis. Em primei-ro lugar, ser um bom ator. Depois, ter boa dicção e ta-lento. “Na minha época, o talento contava, e muito. Hoje chamam qualquer um para dublar, as coisas estão meio bagunçadas. Nem toda

a tecnologia avançada subs-titui um bom profi ssional. Vejo muita porcaria na TV, muitas informações históri-cas erradas, cacófatos e er-ros grosseiros de português”

FIM DA CAVERNA DO DRAGÃO

O ator desmente os boa-tos que correm na internet de que, no último episódio da “Caverna do Dragão”, o Mestre dos Magos seria desmascarado como o vi-lão da história. “O último episódio não chegou a ser gravado. O Mestre dos Ma-gos era do bem. Às vezes era sacana, levava os ga-rotos para armadilhas, mas ainda assim era do bem”, disse.

BASTIDORES

Foram tantos os persona-gens interpretados que ele não tem ideia da quantidade. “Cumpria jornada de segun-da a sexta-feira, o dia todo. É impossível saber quantos trabalhos eu fi z”, afi rmou.

Hoje, Ionei tem 67 anos e, de volta a Uberlândia desde 2005, mora em um prédio no Fundinho e curte a aposen-tadoria jogando pôquer no computador, lendo, assistin-do à TV, pescando. Durante o ano, fi ca dividido entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, onde a mulher dele vive. “Passo alguns meses aqui, outros lá. É uma vida de descanso”, disse ele, que afi rmou não sentir saudades. “Vivi tudo o que quis, trabalhei muito com amor, mas já foi. Não me arrependo de nada, mas não vivo de saudosismo.”

IONEI SILVA

SE FAZEM AQUELA CARA DE DÚVIDA E PERGUNTAM DE ONDE ME CONHECEM EU JÁ RESPONDO. DIGO QUE NÃO ME CONHECEM, MAS SIM A VOZ

PERSONAGENS

O dublador Ionei Silva dublou em fi lmes, séries e desenhos animados. Conheça alguns personagens que receberam a voz do uberlandense

> Mestre dos Magos, da “Caverna do Dragão”> Tutubarão> Diversos Smurfs> Yabba-Doo, irmão do Scooby-Doo> Sapulha em “Ursinhos Gummi”> Ultraman, no seriado japonês “O Regresso de Ultraman”> Duarte, o mordomo do desenho “Riquinho”> Dr. Sam do desenho “Patrulha Estelar”> Hiena Risonho do desenho “Trapaleão”> Climpjumper, do desenho “Transformers” > Reggie Hammond (Eddie Murphy) em “48 Horas”> Clarence Boddicker, em “Robocop”> Feiticeiro Merlin, em “Excalibur”> Subotai (Gerry Lopez) no fi lme “Conan, o Bárbaro”> Imperador Palpatine, Darth Sidious, em “Star Wars”> Otis, assistente do Lex Luthor nos fi lmes Superman I e II> Beto em “Vila Sésamo” (versão original)> O policial Tony Baretta, da série “Baretta”

IONEI SILVA O uberlandense vive hoje entre Minas Gerais e Rio de Janeiro e ainda é reconhecido pela voz

BETO OLIVEIRA

Caverna do Dragão é um desenho animado que tem três temporadas que começaram a ser exibidas no Brasil na década de 1980CORREIO DE UBERLÂNDIA • SEGUNDA-FEIRA • 16/11/2009

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 13/9/2009

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Um sacerdote com espírito de artista> PADRE DEMONSTRA AMOR A DEUS POR MEIO DE PEÇAS, VESTES E UMA MISSA EM LATIM, REALIZADA AOS DOMINGOS

RELIGIÃO

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

U m padre que não tem paró-quia, mas reza missa solene aos

domingos. Não é afeito a modernidades dentro da igreja; ao contrário, é con-servador assumido, mas tem alma de artista. Entre aparentes contradições, que na vida dele parecem se harmonizar, o religioso José do Prado Leles traba-lha com arte para igreja e celebra missa como anti-gamente, em latim.

Ele vive em sua casa no bairro Jardim Holanda, na zona Oeste da cidade, lon-ge do burburinho urbano, em meio a um extenso jardim e criações de ani-mais, como cachorros e galinhas. A paz do lugar é aproveitada por ele para

realizar cada detalhe de objetos sacros e paramen-tos (roupas), que ele e ou-tros padres usam durante as missas de Uberlândia.

São objetos como can-delabros, lustres, oratórios e paramentos usados por sacerdotes e diáconos da igreja, durante as celebra-ções. Uma veste de padre em missa comum é com-posta por quatro peças básicas – um paramen-to branco, chamado de alba, usado por baixo das outras. Em seguida, vem a estola e um manto por cima, a casula. Na cintura, há o cíngulo, acima dos rins. O padre produz todas elas para si e vende para os outros.

Em média, gasta um mês para fazer as quatro peças. “É uma terapia. Para mim, é muito pra-zeroso e o resultado do

trabalho é valoroso. É di-ferente de roupas indus-triais, feitas em escala. O trabalho que eu faço não é feito para consumir”, disse.

Apesar disso, o padre vive da arte que produz. “É um trabalho feliz, que me aproxima de Deus, pois considero que reali-zar os meus trabalhos é uma forma de expressão do meu amor por Ele. E muito mais do que o di-nheiro que eu ganho com ele. São paramentos e ob-jetos sagrados”, afi rmou.

Autodidata, ele come-çou a se interessar pela arte ainda na infância, como uma brincadeira. Depois que foi para o se-minário, aos 16 anos, en-trou em contato com a arte clássica. “Gosto dos traços mais defi nidos, sem tanta abstração”, disse. PADRE LELES celebra a missa todos os domingos, às 16h, na Catedral

BETO OLIVEIRA

É UM TRABALHO FELIZ, QUE ME APROXIMA DE DEUS

PADRE LELES

RITO É BASEADO NA CELEBRAÇÃO TRIDENTINADesde março deste ano,

sempre aos domingos, às 16h, o padre Leles reza uma missa diferente de todas as outras feitas na cidade. Celebrada na Cate-dral de Santa Terezinha, no Centro de Uberlândia, ela tem na primeira parte ritos baseados na missa triden-tina, que durante 500 anos foi o culto usado pela Igre-ja. O rito de asperges e ato penitencial são feitos de costas para os fiéis e toda ela é rezada em latim.

“O sacerdote pede per-dão, juntamente com to-dos, pelos seus pecados. Também ele se penitencia perante a Deus, pois é ho-mem, assim como todos os outros que estão na igre-

ja”, afirmou. A recomendação para

que cada Diocese tives-se pelo menos uma missa nestes moldes partiu do papa Bento 16, em 2007. “O ritual facilita a união da Igreja. O uso de uma língua morta é ideal para isso, pois a missa rezada em latim aqui é a mesma em outros países. Ela não dá abertura a mudanças, nem a diferentes interpre-tações”, disse.

O ritual, incluindo pa-ramentos, movimentos e gestos do sacerdote cele-brante, assim como a músi-ca que toma conta da cele-bração – canto gregoriano -, é diferente das missas rezadas em português.

Para auxiliar os fiéis, há um missal bilingue, que traduz o latim para o português.

O administrador de em-presas Désio Souza Ma-chado Júnior, 47 anos, e o filho dele, o estudante Arthur Eduardo Machado Ferreira Andrade, 16 anos, vão à missa do padre Leles desde o início. Para o pai, o que atrai as pessoas não é a beleza do ritual, mas sim uma sensação de estar “mais próximo de Deus”.

De acordo com o filho, a forma como o culto é cele-brado deslumbra os fiéis. “Ficamos mais interessa-dos, há uma mudança na postura das pessoas que frequentam. São mais de-votas”, disse.

MISSA EM LATIMBETO OLIVEIRA

FIÉIS Désio Machado Júnior e o filho Arthur Eduardo Andrade participam da missa em latim desde o início

A doação de sangue com RH negativo está em baixa. Os doadores podem procurar o Hemocentro em Uberlândia, na avenida Levino de Souza, 1845, no bairro Umuarama

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • QUARTA!FEIRA • 14/4/2010

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Jardineiro acha R$ 43 milna rua e devolve ao dono

> ROGÉRIO DA SILVA MUDOU TRAJETO PARA IR AO TRABALHO POR CAUSA DA CHUVA

HONESTIDADE

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

S e encontrasse uma mala cheia de dinheiro, o que você faria?

Colocado pelo acaso nes-ta situação, o jardinei-ro Rogério da Silva, 38 anos, de Uberlândia, de-volveu os R$ 43 mil que encontrou no bairro Ci-dade Jardim, região sul, quando ia de bicicleta para o trabalho.

Na quarta-feira passa-da (7), ele mudou o traje-to feito diariamente, por causa da chuva. Saindo do bairro Tubalina, onde mora, ele atravessou o Ci-dade Jardim, com destino à Morada da Colina, tam-bém no setor sul. Na rua das Magnólias, o jardinei-ro viu uma folha de papel no chão e, ao descer para pegá-la, viu que era a es-critura de uma casa.

Embaixo do documento estava uma maleta pre-ta cheia de dinheiro. “Foi muito difícil abrir, mas com muito custo eu conse-gui. Quando abri, vi aque-le dinheiro todo. Eram R$ 19.600 em notas de R$ 100 e o resto de R$ 50 e R$ 20. Fiquei bobo na hora. Cus-tei conseguir falar com a minha mulher [por tele-fone] e, depois, chegar ao trabalho”, afi rmou.

O dinheiro encontrado corresponde a cerca de um ano de trabalho de

Rogério da Silva sem que ele gaste nem R$ 1. Pai de dois fi lhos, Ricardo, 8 anos, e Júlia, 6, ele contou com o apoio da família para devolver a quantia.

Conforme relatou à re-portagem do CORREIO de Uberlândia, em nenhum momento o trabalhador teve dúvida sobre o que fazer com o dinheiro. “Eu falei para a minha mulher, que apoiou a decisão de devolver. Fize-mos a coisa certa”, disse. Dentro da maleta, havia um cartão de visitas do dono do dinheiro. De um telefone público, o jardi-neiro ligou para a pessoa e, pouco tempo depois, a encontrou para devolver a maleta.

Rogério da Silva disse que fi cou com o dinheiro nas mãos por 40 minu-tos, já que o dono estava angustiado e correu para recuperá-lo. “Ele [o dono] estava mais desesperado do que eu. Disse que foi assinar um cheque na capota da caminhonete e esqueceu a maleta, que caiu na rua. Quando vol-tou para procurar, já não estava mais lá. O dinheiro era para pagar uma refor-ma que ele está fazendo em uma casa no bairro”, disse.

O jardineiro recebeu uma recompensa de R$ 300. “Eu não pedi nada. Ele deu o que a consciência dele man-dou,” afi rmou.

Menor confessa aautoria de crime

Um adolescente de 16 anos se apresentou, ontem, na 16ª Delegacia Regional de Polícia Civil (16ª DRPL) e con-fessou ter atirado no recicla-dor de lixo Willian dos Reis Silva, 36 anos, que morreu na madrugada de 21 de mar-ço. O crime ocorreu no bair-ro Dona Zulmira, zona oeste de Uberlândia.

Por causa do envolvimen-to de um menor, o inquéri-to policial instaurado para investigar o crime, que até então era conduzido pela Divisão de Homicídios, foi remetido à Divisão de Infân-cia e Juventude. Após o de-poimento, o menor, que tem passagens anteriores por trá-fi co de drogas e por porte de arma, foi conduzido ao Cen-tro Socioeducativo de Uber-lândia (Ceseu).

A motivação do crime ainda não está totalmente esclarecida. Para a delegada de Infância e Juventude, Lia Eunice Valechi da Silva, o crime pode estar relacionado à dívida de droga, hipótese inicialmente levantada, que ainda não está descartada. “As investigações continuam, mas acreditamos que o crime tenha relação com drogas,

porque a família da vítima admite que ele era depen-dente químico e tinha dívi-das contraídas pelo consumo de entorpecente”, afi rmou Lia Valechi.

De acordo com a delegada, o menor que se apresentou como autor dos disparos con-tra Willian Silva disse que vinha recebendo ameaças da vítima e que por isso teria atirado contra ele. Mas o ado-lescente não revelou o moti-vo das supostas ameaças.

O crime ocorreu na porta da casa do reciclador de lixo. Na ocorrência registrada no dia do homicídio, testemu-nhas afi rmaram para a Polí-cia Militar (PM) que dois in-divíduos chegaram em uma bicicleta. Um deles teria ati-rado contra Willian Silva e depois os dois teriam fugido.

A mãe da vítima, Elize-te Pereira da Silva, 54 anos, disse para os militares que o fi lho era dependente de cra-ck e que, na semana anterior ao crime, havia pedido R$ 20 para saldar uma dívida com trafi cantes. O adolescente fi ca-rá em custódia provisória no Ceseu por 45 dias, prazo em que o inquérito deve ser con-cluído e remetido à Justiça.

HOMICÍDIO

Um ônibus da linha Goiânia (GO)/São Paulo (SP) foi assal-tado na madrugada de ontem, no km 72 da rodovia BR-452, entre Tupaciguara e Uberlândia. Esse é o terceiro roubo à mão armada a ônibus registrado desde sábado (10), nos trechos próximos a Uberlândia, das ro-dovias 365, 452 e 050. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o assalto ocorreu por volta das 2h30. O veículo que seguia sentido à capital paulista

era ocupado por 40 passageiros, dos quais 25 foram lesados. Os autores emparelharam um Fiat Palio de cor branca ao ônibus e efetuaram vários disparos, obri-gando o motorista a entrar em uma estrada vicinal de acesso a um canavial. Ninguém fi cou ferido. O ônibus parou cerca de 500 metros da rodovia. Três indivíduos entraram no veículo e roubaram itens eletrônicos, joias e dinheiro das vítimas. Ainda não há pistas dos autores.

Um acidente por volta das 16h30 entre uma carreta e um caminhão cegonha, no km 681 da BR-365, entre Uberlândia e Ituiutaba, pro-vocou um congestionamento de aproximadamente 20 quilômetros (foto). Durante 2h30, o trânsito foi interrompido. Por volta das 19h, uma das pistas foi liberada para o tráfego. Até as 21h, os caminhões não tinham sido removidos e a expectativa é que a operação de-moraria mais 2 horas. De acordo

com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um dos veículos teria invadido a contramão e atingido frontalmente o outro, próximo ao Posto de Fiscalização da Receita Estadual. Os motoristas Laércio Lima (cegonha) e Almir Martins Peixoto (carreta) foram socorridos conscientes e levados em estado grave para o Pronto-Socorro do Hospital de Clínicas da Univer-sidade Federal de Uberlândia (PS-UFU).

Ônibus é assaltado na BR-452

Acidente na BR-365 deixa trânsito lento

Ô

VIOLÊNCIA

CONGESTIONAMENTO

Operador de caixa usa cartão de clienteGISLENE TIAGO | REPÓ[email protected]

O operador de caixa Alys-son Rocha de Melo, 19 anos, foi preso na noite de segunda-feira (12), no bairro Vigilato Pereira, zona sul de Uberlân-dia, suspeito de estelionato. O rapaz teria furtado o cartão de crédito de um cliente e feito quase R$ 1 mil em com-pras se passando pela víti-ma. Alysson Melo trabalhava em hipermercado no bairro Tabajaras, região central de Uberlândia. Ele vai responder a processo por furto em liber-dade.

Segundo a ocorrência, a vítima teria utilizado o car-tão de crédito para realizar o pagamento de uma compra no caixa de Alysson Melo no hipermercado. Alysson Melo teria simulado envolver o car-tão de crédito ao cupom fi scal da compra. A vítima só teria

ESTELIONATO

Depois, ele teria comprado mercadorias no próprio estabe-lecimento em que trabalhava, utilizando o cartão da vítima e falsifi cando a assinatura.

O operador teria ido ainda a estabelecimentos comer-ciais na avenida Floriano

Peixoto e em um centro de compras. Todos os itens ele-troeletrônicos adquiridos ili-citamente pelo operador de caixa foram apreendidos. O suspeito foi encaminhado à 16ª Delegacia Regional de Po-lícia Civil.

percebido que o cartão de cré-dito não havia sido devolvido quando estava em casa. Ao pesquisar junto à operadora a movimentação do cartão, a vítima soube que foram feitas outras seis compras somando quase R$ 1 mil.

Ainda de acordo com a Polí-cia Militar (PM), as imagens re-cuperadas do circuito interno de segurança do hipermercado mostram o momento que Alys-son Melo simulou entregar o cartão de crédito ao cliente.

COLEGA DIVULGA EXEMPLOA reportagem do COR-

REIO de Uberlândia teve acesso à história de Rogério da Silva por meio de uma colega de trabalho dele, que achou importante divulgar o exemplo de honestidade embutido na atitude de de-volver o dinheiro achado. O jardineiro foi relutante em aceitar dar entrevista. Se-gundo ele, era uma questão de consciência, não de vai-dade. “Fiz o que o meu co-ração mandou. Acredito em Deus e confi o que Ele vai me

recompensar um dia pela minha atitude”, disse.

A história já correu os condomínios em que Silva trabalha e o assédio o inco-moda. “Algumas pessoas querem me pregar na cruz, me chamam de bobo, falam que ‘achado não é roubado’. Mas eu acho que aquele di-nheiro, por muito que fosse, não ia me trazer felicidade. Não era meu e alguém tra-balhou muito para conseguir juntar. Estou feliz por ter feito isso.”

HISTÓRIA

PAULO AUGUSTO

PAULO AUGUSTO

ROGÉRIO “Alguns me chamam de bobo, fi z o que o meu coração mandou”

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 18/4/2010

A6

CANTO DO GALO

[email protected]

!WORKSHOP DE ATENDIMENTO

Está confi rmado o curso de atendimento promovido pela APP Uberlândia com Roberto Corrêa, um dos maiores profi ssionais da área na propaganda brasileira. Com exposição de conceitos e casos reais, seguido da prática de exercícios, o curso vai preparar o aluno para ter o perfi l que o mercado precisa. Dias 6,7 e 8 de maio. Outras informações (34) 3237-4470.

!CINEFILMES CRIA PARA HOSPITAL

A Cinefi lmes realizou a produção do fi lme comemorativo dos 10 anos do Hospital do Câncer. Com criação da agência Blues Comunicação, o VT já está no ar em todas as emissoras locais.

!DIFERI REALIZA TORNEIO DE TÊNIS

A agência Diferi Comunicação de Impacto promoveu recentemente o 1° Diferi Open de Tênis nos Condomínios Jardins Barcelona,

em Uberlândia. A segunda edição do evento já está sendo planejada e poderá contar com inscrições de atletas de todo o país.

!ORLANDO MARQUES EM PALESTRA

A APP Uberlândia exibe no próximo dia 22 de abril, mais uma palestra do Ciclo Contribuição Profi ssional. Dessa vez a conferência será proferida por Orlando Marques, presidente da Publicis Brasil Comunicação. O evento, gratuito, será transmitido, ao vivo, no Centro Universitário do Triângulo, em Uberlândia - avenida Nicomedes Alves dos Santos 4.545. Imperdível! Outras informações, acesse www.appudi.com.br.

!VAGAS PARA DIRETOR DE ARTE E REDATOR

O Grupo Creative contrata redator e diretor de arte. Os interessados devem enviar o currículo para [email protected]. Outras informações (34) 3236-6800.

ESPAÇOECONÔMICO

[email protected] SILVA

!ÁREAS RENTÁVEIS PARA AS MULHERES

Um dos fatores que mantêm a de-sigualdade entre os gêneros con-tinua sendo os salários. Embora as mulheres tenham, em média, mais escolaridade, segundo uma pesquisa do IBGE divulgada em março, a remuneração média que elas recebem precisaria aumentar até 38% para alcançar a dos homens. Para ajudar o público feminino a encontrar vagas onde possam ganham mais que os profi ssionais do sexo masculino, a Catho Online – maior classifi cado online de currículos da América do Sul – investigou áreas de atuação. A pesquisa apontou que professoras com doutorado, modelistas e gerentes de hotel são as melhores oportunidades. Nas duas últimas funções, as mulheres podem ganhar até 22% a mais que os homens, enquanto para uma docente com doutorado este incremento chega a 25%. O diretor da pesquisa, Marco Soraggi, lembrou também que as mulheres se destacam em áreas como moda, letras, psicologia, enfermagem, recursos humanos e nutrição, entre outras.

!EXPANSÃO AGRÍCOLA VALORIZA TERRAS

A diversifi cação do uso da terra no Brasil, disputadas pela atividade pecuária, o plantio de grãos, cereais e, nos últimos anos pelos imensos canteiros de cana-de-açúcar, está promovendo a valorização das áreas rurais. No município, de Uberlândia, por exemplo, o valor hectare (ha) de terra já ultrapassou os R$ 9

mil, preço praticado também em Rio Verde (GO), onde o cenário agrícola é forte, e pouco abaixo do valor do ha em Paranavaí (PR), que chega a R$ 10 mil. Além da pecuária e da exploração agrícola já existentes, Uberlândia se tornou nos últimos anos foco da indústria sucroalcooleira, que está em processo de expansão em Minas Gerais. Existem três projetos de construção de usinas no Município.

!ELEIÇÃO NÃO TRAZ RISCOS À ECONOMIA

Diferentemente do que ocorreu durante o processo de sucessão presidencial em 2002, neste ano, a escolha do novo presidente não deve gerar riscos para a economia brasileira e, por consequência, não deve haver fuga de inves-tidores. Há oito anos, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou as eleições e ven-ceu no segundo turno o candidato situacionista José Serra, a pos-sibilidade de vitória da oposição gerou insegurança quanto ao futuro do país. Neste ano, mesmo com a possível polarização da disputa entre os candidatos Dilma Rousse! e José Serra, que têm visões diferentes em relação à economia brasileira, o cenário não gera desconfi ança para os investidores, que já experimen-taram a alternância de poder. A análise é do sociólogo Bolívar Lamounier (foto). Ele é presidente da ABVCAP — entidade sem fi ns lucrativos voltada ao desenvolvi-mento, estímulo e propagação de investimentos de longo prazo.

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

O estudante uberlan-dense André Fre-derico Cavalheiro Menck está nos Es-

tados Unidos acompanhado dos pais para escolher uma das 12 universidades nor-te-americanas em que foi aprovado. Ele tem 17 anos e concluiu, recentemente, o ensino médio em Uberlân-dia. Enquanto não inicia a faculdade no exterior, o que está previsto para agosto, o jovem está cursando Enge-nharia Mecânica na Univer-sidade de São Paulo (USP) para aproveitar o tempo.

O tour pelos Estados Uni-dos terá duração de três semanas e inclui visitas a algumas das melhores uni-versidades do mundo, como Harvard, Duke, Stanford e Yale (leia nesta página), nas quais ele foi aceito.

André Menck ainda não

escolheu o curso que deve seguir — está dividido entre Física e uma das engenha-rias. Mas, como o processo de ensino nos EUA é dife-rente, ele terá mais alguns anos para escolher, enquan-to cursa disciplinas básicas. As aulas terão início em agosto.

A aprovação do estudan-te se deve ao desempenho dele em provas que testam habilidades incomuns à “decoreba” exigida em mui-tos vestibulares brasileiros. Só consegue a vaga quem tem ótimo desempenho no histórico escolar, notas ex-celentes nos testes de ava-liação e desenvoltura em entrevistas.

“Você precisa provar que tem um diferencial. No meu ensaio para Harvard, por exemplo, eu contei um diá-logo com um amigo sobre o comportamento dos fótons na trajetória entre uma es-trela e a Terra. Foi diferen-

ANDRÉ MENCK durante formatura do ensino médio, no fi m de 2009

DIVULGAÇÃO/ÁLBUM FAMILIAR

te, então eles gostaram”, disse.

Agora, o jovem quer mostrar aos brasileiros que é possível conseguir espaço entre os seletos estudantes que terão di-ploma de uma das con-ceituadas universidades norte-americanas, desde

que não se tenha pregui-ça ou medo da reprova-ção. Quem quiser dicas de como e por onde começar, ele se dispõe a responder perguntas pelo e-mail [email protected], mas avisa que poderá de-morar a responder todas as mensagens.

> JOVEM UBERLANDENSE DE 17 ANOS VAI ESCOLHER INSTITUIÇÃO PARA SE GRADUAR

TALENTO

Estudante é aprovado em 12 universidades dos EUA

PREPARAÇÃO INCLUIU PESQUISAS E COMPETIÇÕESPara conseguir ser aprova-

do em 12 universidades nor-te-americanas, André Menck começou o processo enquan-to ainda estava no 2º ano do ensino médio, com pesquisas pela internet e muitos tele-fonemas às instituições. Co-nhecendo o nível de exigência das instituições, ele se prepa-rou no Brasil.

“Sabia que lá eles olham o aluno como um todo. Eles dão importância, por exem-plo, a competições de que o aluno participou, então procurei participar de olim-píadas de Matemática, ga-nhei prêmios. Também tive minhas parcelas de brigas na escola, procurando parti-cipação nestas competições

e montando grupos para es-tudo mais aprofundado de exatas”, afirmou.

Para tudo isso, o jovem contou com o apoio e o res-paldo financeiro dos pais. “Procurei tudo sozinho, mas tinha o suporte de que pre-cisava. Cursar também será caro, mesmo com as bolsas que eu consegui”, disse.

APROVAÇÃO

DUAS HORAS DE ESTUDOS POR DIA

A rotina de André Menck no ensino médio era ir para a escola pela manhã, chegar à casa, almoçar e estudar du-rante cerca de duas horas para fi xar o conteúdo es-tudado naquele dia e tirar dúvidas. “Tinha colegas muito inteligentes que passavam mais de seis horas estudando para passar em Medicina. Um deles acordava às 4h para estudar antes das aulas. Acho um absurdo. Não é necessário”, disse.

Para se aprofundar nas disciplinas de exatas, das quais ele mais gosta, por hobby, ele lia livros ligados à área.

ROTINA

UNIVERSIDADES QUE APROVARAM MENCK:. Harvard University. University of California, Berkeley. University of California, Los Angeles. University of Pennsylvania. University of Chicago. Duke University. Stanford University. Johns Hopkins University. Vanderbilt University. Yale University. Princeton University. Cornell University

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