perfil dos funcionÁrios da universidade sÃo...

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Luana Benitez de Lima RA: 001200500307 Nivia de Lima RA: 001200401075 Orientadora: Prof a . Dr a . Rosimeire Simprini Padula PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS DA UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ATENDIDOS NO SETOR DE PREVENTIVA E ERGONOMIA Bragança Paulista 2008

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Luana Benitez de Lima RA: 001200500307

Nivia de Lima RA: 001200401075

Orientadora: Profa. Dra. Rosimeire Simprini Padula

PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS DA UNIVERSIDADE SÃO

FRANCISCO ATENDIDOS NO SETOR DE PREVENTIVA E

ERGONOMIA

Bragança Paulista

2008

1

Luana Benitez de Lima RA: 001200500307

Nivia de Lima RA: 001200401075

Orientadora: Profa. Dra. Rosimeire Simprini Padula

PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS DA UNIVERSIDADE SÃO

FRANCISCO, ATENDIDOS NO SETOR DE PREVENTIVA E

ERGONOMIA

Bragança Paulista

2008

Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco sob a orientação da Profa. Dra. Rosimeire Simprini Padula, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

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LIMA, Luana Benitez de, LIMA, Nívea de, Avaliação das queixas músculo-esquelético dos funcionários da Universidade São Francisco, 2008, p., Monografia (Graduação em Fisioterapia) – Curso de Fisioterapia da Unidade Acadêmica da Área de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade São Francisco, Bragança Paulista

Profa. Dra. Rosimeire Simprini Padula USF - Orientadora Profa. Dra. Elaine Cristina Leite Pereira USF - Examinadora Prof. Ms. Rafael Davini USF - Examinador

3

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a Deus que com sua infinita bondade aonde nos deu a inteligência, sabedoria, discernimento, para que possamos nós escolher o

caminho do bem e assim ajudar a muitos irmãos que através do nosso trabalho possam eles se tornarem pessoas felizes e amantes da vida.

Aos nossos pais que nos deram através do amor a nossa vida, vida essa que

será de grande importância no meio dos homens na qual pedimos a ajuda mais uma vez ao grande criador a permissão de levarmos a alegria, paz e

conforto a todos aqueles que necessitarem.

4

AGRADECIMENTOS Agradecemos a todos os que nos incentivaram a chegar até aqui de um modo especial a

nossos pais Márcia e Carlinhos, Neide e Edmilson que nos deram à vida.

A todos os professores do curso de fisioterapia, em especial para nossa orientadora Rosimeire

Simprini Padula, pela dedicação e esforço que tiveram mostrando-nos a importância de

aprender entender e acreditar que através do trabalho possamos ajudar a construir um mundo

melhor, para os que aqui estão, sobre os nossos cuidados, assim transformando sonhos em

realidade.

Agradecimento aos nossos companheiros Leonardo e Junior que nos apoiaram e incentivaram

cada vez mais, em buscar rumos melhores e sábios para nossa vida profissional e porque não

pessoal sempre presente acreditando em dias melhores para o nosso futuro.

Em fim a todos os nossos amigos que nos apoiaram e juntos pudemos chegar até aqui. MUITO OBRIGADA A TODOS !!!!

5

EPÍGRAFE “Bem aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás e te irá bem”.

Salmo 128:2

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LIMA, Luana Benitez de, LIMA, Nívea de, Avaliação das queixas músculo-esquelético dos funcionários da Universidade São Francisco, 2008, p., Monografia (Graduação em Fisioterapia) – Curso de Fisioterapia da Unidade Acadêmica da Área de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade São Francisco, Bragança Paulista

RESUMO Objetivo: Avaliar as queixas ortopédicas e álgicas de funcionários da universidade são Francisco do campus de Bragança Paulista que buscaram atendimento no setor de fisioterapia em saúde ocupacional e ergonomia entre 2005 a 2008. Métodos: Foi utilizado na pesquisa as fichas de avaliação ortopédica do setor de preventiva dos funcionários da Universidade São Francisco que procuraram o atendimento na clínica escola de fisioterapia, foram coletados: proporção de avaliações ortopédicas realizadas, gênero, relação de funcionários por faixa etária, proporção, se há presença de dor, tempo da dor, intensidade e desconforto percebido, escala analogovisual de dor, proporção de colaboradores com afastamento, condição da dor, características dos sintomas de dor, período do dia em que a dor é mais intensa, percepção de dor e diagnóstico disfuncional e clinico Resultados: Das fichas avaliadas 52% foram no ano de 2007, 82% do gênero feminino, a prevalência etária foi de 26 á 30 anos, a prevalência de maior tempo na atividade é de 1 a 3 anos, O setor que os funcionários mais procuraram o atendimento da fisioterapia foi da secretária, a maioria relatou dor, prevalência de diagnóstico de dor muscular,Conclusão: Considerando todas as questões apresentadas é claro a importância do preenchimento e armazenamento correto das fichas do setor de Preventiva e Ergonomia da clinica escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco de Bragança Paulista As dores apresentaram tais características: menos de um ano na atividade, intensidade moderada, escala analovisual grau cinco, a maioria não se afastou, dor estável, sintomas constantes, período noturno mais acometido e a sensação de queimação. Palavras-chave:LER, DORT, Doenças do trabalhador, Fisioterapia Preventiva.

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LIMA, Luana Benitez de, LIMA, Nívea de, Evaluation of complaints musculo-skeletal staff of the University of São Francisco, 2008, p., Monograph (Diploma in Physiotherapy) - Course of Physical Therapy Unit of the Academic Area of Biological Sciences and Health of São Francisco University, Bragança Paulista

ABSTRACT

Objective: Evaluating the orthopedic complaints and algics of São Francisco from the Campus of Bragança Paulista that searched medical attention in the physiotherapy’s sector in occupational health and ergonomy from 2005 to 2008, Methods: it was used in this research the avoluation forms of orthopedy in the preventive sector of the officials from the university of São Francisco who searched the treatment in the physiotherapy clinic school and some datas were collected according to some parameters:proportion of orthopedic evaluations done, gender, relation of officials (employees) per age, proportion if there is presence of pain, duration of pain, intensity and discomfort perceived, analovisual scale of pain, proportion of contributers with expulsion, condition of the pain, characteristics of the day when the pain is more intense, perception of pain and dysfunctional and clinic diagnosis. Results: From the avaliated 52% were in the year 2007, 82% female, the prevalent age was from 26 to 30,, the prevalence of the most time in the activity is from 1 to 3 years old, the sector that the employees looked more for the treatment with physiotherapy was for the secretaries one, the most part complained about pain, prevalence of muscular pain diagnostic. Conclusion: considering all the issues presented is clear the importance of the correct filling and storage of the forms in the prevention and ergonomy section fro the physiotherapy clinic school from the University of São Francisco from Bragança Paulista. The pain had these characteristics: les than a year in the activity, moderate intensity, anolocisual scale degree 5, the most part didn’t remove from the job, stable pain, constant symptoms, the nighttime more affecteb and a burning sensation. Key words: Read , DORT, Employees diseases, preventive physiterapy.

8

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Proporção de avaliações realizadas por ano....................................................29.

GRÁFICO 2: Gêneros avaliados............................................................................................30.

GRÁFICO 3: Relação dos funcionários por faixa etária........................................................30.

GRÁFICO 4: Proporção de tempo na atividade.....................................................................31.

GRAFICO 5: Distribuição do setor........................................................................................32.

GRÁFICO 6: Presença de dor ...............................................................................................33.

GRÁFICO 7: Diagnóstico disfuncional e clinico...................................................................34.

GRÁFICO 8: Tempo da dor...................................................................................................35.

GRÁFICO 9: A intensidade do desconforto..........................................................................36.

GRÁFICO 10: Escala analogovisual de dor...........................................................................37.

GRÁFICO 11: Proporção dos colaboradores afastados.........................................................38.

GRÁFICO 12: Condição da dor.............................................................................................38.

GRÁFICO 13: Características dos sintomas de dor...............................................................39.

GRÁFICO 14: Período do dia em que a dor é mais intensa...................................................40.

GRÁFICO 15: Percepção de dor............................................................................................41.

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................... 10 2. OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................................................................... 15 3. METODOLOGIA...................................................................................................................................... 16

3.1. MATERIAIS.......................................................................................................................................... 16 3.2. PROCEDIMENTOS................................................................................................................................. 16

4. ANÁLISE DE DADOS .............................................................................................................................. 17 5. RESULTADOS .......................................................................................................................................... 18 6. DISCUSSÃO............................................................................................................................................... 31 7. CONCLUSÕES.......................................................................................................................................... 36

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................48 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS..................................................................................................... 38

10

1. INTRODUÇÃO

De acordo com BARBOSA et al (2000), com a evolução do homem e das civilizações,

os modos de produção foram se modificando. Do artesanato, passou-se para a manufatura, na

qual o trabalho passou a ser dividido entre vários artesãos e desta forma houve um aumento

na produção. No século XIX, ocorreram as revoluções industrial e tecnológica, as quais

inseriam o homem no esquema de automação e especialização do trabalho com o seguimento

das linhas de montagem, o trabalhador passou a executar somente uma parcela ou segmento

do produto final, com movimentos repetitivos e/ou forçados, em ritmos, muitas vezes

impostos pela velocidade da própria máquina, em posturas nem sempre adequadas às suas

condições pessoais e, em geral, por longas jornadas de trabalho. Essas características do

trabalho parecem estar relacionadas a um aumento nos índices de lesões músculo-esqueléticas

relacionadas aos trabalhos registrados nas últimas décadas nos países industrializados

(Barbosa et al., 2000)

No Brasil, essas disfunções não eram computadas isoladamente até bem recentemente.

As lesões por esforços repetitivos só foram reconhecidas como doença ocupacionais em 1989,

e em 1993 foram equiparadas a acidente de trabalho pela legislação. As mudanças na forma

de se classificar a doença prejudicam uma análise estatística da mesma ao longo do tempo.

Todos os dados disponíveis para a última década são apenas relativos (Coury et al,1999)

Apesar disso, tanto os números das doenças ocupacionais como dos acidentes de

trabalho cresceram assustadoramente no Brasil na última década. Com relação às doenças

ocupacionais, o número passou de 6.014 casos de 1986 para 34.889 em 1996, totalizando um

aumento de 480% no registro de doenças na previdência social. O número de acidentes de

trabalho também voltou a crescer a partir de 1994, após 19 anos de queda. Essa mudança

drástica no comportamento nos acidentes de trabalho coincide exatamente com a alteração na

classificação das lesões por esforços repetitivos, as quais foram equiparadas a acidentes de

trabalho em 1993 (Viana et al, 2003).

Lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao

trabalho (DORT) são termos de natureza coletiva que traduzem quadros clínicos de origem

decorrentes de distúrbios funcionais e ou orgânicos resultante de fadiga, localizada e afecções

de nervos, músculos, tendões, sinóvias, fáscias e ligamentos de forma isolada ou associada

(Moraes et al, 2005).

Os disparadores iniciais às queixas osteomusculares estão fortemente associados a um

ou mais dos seguintes fatores: execução de movimentos idênticos ou similares de maneira

11

rápida ou repetidamente; movimentos que requer em posições extremas de articulações

envolvidas; ações associadas ao uso de força e ausência de período de descanso para a

recuperação funcional (Walsh et al., 2002).

Sendo DORT uma doença evolutiva, foi definido um critério de classificação para os

seus estágios, como classificou o INSS em 1993 (Ueda., 2003).

Grau I – dor espontânea, geralmente em pontadas, sem irradiação, não interferindo na

produtividade. Há presença de sensação de peso e desconforto no membro afetado. Os sinais

clínicos são ausentes, melhora com o repouso e tem bom prognóstico (Ueda, 2003).

Grau II – a persistência da dor é maior, mais localizada e intensa, ocorre durante o trabalho de

modo intermitente. Há uma queda na produtividade nos períodos de exacerbação. A

recuperação é mais lenta. Sinais clínicos ausentes e prognóstico favorável (Ueda, 2003).

Grau III – dor mais aguda, com irradiação definida e torna-se persistente. Há queda na

produtividade. Os sinais clínicos estão presentes e o retorno à atividade é problemático.

Prognóstico reservado (Ueda, 2003).

Grau IV – a dor é continua aguda, geralmente insuportável e aumenta com movimentos,

podendo estender-se por todo o membro. É anulada a capacidade de trabalho. A vida diária é

prejudicada, o psicológico alterado e o prognóstico sombrio (Ueda, 2003).

Essas disfunções manifestam-se clinicamente por meio de sintomas, tais como dor,

fadiga, sensação de peso e queimação, dentre outros. Aparentemente, esses desconfortos

decorrem de um desajuste entre a exposição a uma demanda física e a fatores individuais

(Moraes et al, 2005).

Os fatores individuais podem ser: a idade, o sexo, a atividade física, o tabagismo, a

força física e a antropometria. Já os fatores ocupacionais podem ser subdivididos em aspectos

organizacionais, tais como a existência de metas de produtividade, rodízio, sistema de pausa e

os aspectos físicos e biomecânicos, expressos pelas posturas adotadas no trabalho, forças

requeridas para a execução das tarefas, repetitividade e ausência de descanso para a

recuperação funcional (Barbosa et al, 2000).

As LER são uma doença que vitima trabalhadores relativamente jovens e em plena fase

produtiva, a grande maioria do gênero feminino, situados na hierarquia inferior e sujeitos a

esse tipo de trabalho por um tempo longo (Ribeiro, 1997).

Atualmente questões relacionadas ao processo saúde – doenças dos trabalhadores têm

sido amplamente discutidas por diversos setores da sociedade. As mudanças no processo e

organização do trabalho, o mercado altamente competitivo e as buscas por maior

12

produtividade têm levado trabalhadores a vivenciarem, cada vez mais, situações de

adoecimento no trabalho (Viana et al., 2003).

As disfunções músculo-esqueléticas de natureza ocupacional é um sério problema

humano e econômico em todo o mundo. Essas disfunções manifestas, sobretudo na coluna

vertebral ou nos membros superiores, afetam a qualidade de vida de milhões de trabalhadores,

momentaneamente ou definitivamente (Coury et al., 2005)

Esse número elevado de disfunções gera uma alta demanda por serviço na área da

saúde. Essa demanda ocorre não apenas em termo de atenção curativa e reabilitadora, mas,

principalmente em cuidados preventivos. As doenças e lesões ocupacionais são a princípio,

previsíveis e sujeitas a prevenção. No entanto, a eficácia de qualquer medida preventiva

dependerá diretamente da sua capacidade em atingir e eliminar ou minimizar os fatores

promotores da lesão. Esses fatores, por sua vez, são bastante diversificados e complexos.

Apesar de fatores biomecânicos, tais como repetição, força e postura serem considerados os

disparadores primários de uma lesão (Babosa et al., 2000).

Há diversos fatores que podemos caracterizar como geradores de L.E.R., entre estes:

A) Aspectos Psicológicos: o estresse, a depressão, a pressão por produtividade, o medo

do desemprego, o ambiente da empresa, o relacionamento com os colegas e a

liderança.

B) Aspectos Físicos: fadiga, repetição de movimentos, uso de força, ferramentas,

equipamentos e problema de postura.

C) Aspectos empresariais: pausas, ritmo e rotina de produção, e outros.

Dentre as principais medidas utilizadas estão a mudança de todo e qualquer fator que

possa promover risco. Isso pode envolver, por exemplo, a necessidade de mudar a mobília

utilizada no posto de trabalho, trocar as ferramentas e equipamentos utilizados, redesenhar

todo um setor de trabalho, mudar as forma de se realizar um mesmo trabalho, adotar pausas

ativas ou passivas durante o trabalho ou alterar todo o sistema de produção do setor. As

medidas adotadas tenderão a ser mais ou menos efetivas em função da respectiva capacidade

de neutralizar os fatores de risco promotores das lesões (Walsh e Gil Coury, 2002).

Apesar de não haver nenhum levantamento Brasileiro sobre a atuação prática dos

fisioterapeutas na prevenção de lesão músculo-esquelética ocupacional, começam a surgir

relatos de experiência dessa natureza em encontros e reuniões técnicas, indicando uma

demanda crescente de trabalho em indústrias, bancos, serviços públicas e consultorias. Ainda

de acordo com informações obtidas através dessas fontes, os profissionais da fisioterapia que

começam atuar em prevenção parecem estar utilizando principalmente medidas mais

13

centradas no indivíduo. Essas medidas, sobretudo, os chamados “treinamentos posturais”

buscam mudar as ações dos indivíduos durante o trabalho e pretendem, dessa forma,

compensar os efeitos de condições adversas presentes no ambiente ocupacional. Dentre os

temas abordados por esses treinamentos estão as correção de posturas corporais no trabalho, o

ensino de técnicas mais adequadas no manuseio de peso, ou a condução de grupos de

relaxamento, exercício e auto massagem. Supostamente, esses programas visam minimizar a

sobrecarga do trabalho, pesado ou leve e repetitivo, sobre as estruturas músculo-esqueléticas.

(Coury & Rodguer, 1997).

Um dos fatores mais críticos nesse quadro já sombrio é a dificuldade de reabilitação

física e funcional nos indivíduos sintomáticos em estágio mais avançados (Coury et al., 1999).

Essa dificuldade na reabilitação física e funcional dos indivíduos em estágios mais

avançados e o conseqüente impacto dessas lesões em termos de afastamento, assistência à

saúde e sofrimento pessoal alertam para a necessidade do controle por meio da prevenção,

eliminando ou reduzindo a exposição dos trabalhadores aos fatores de risco presentes no local

de trabalho. Ainda, em relação às lesões já manifestas, é essencial seu acompanhamento e

controle, pois seu agravamento revela quadros de difícil resolução, grande sofrimento

individual e ônus social (Walsh e Gil Coury, 2002).

A prevenção das LER é um outro aspecto bastante importante e, em virtude da sua

causalidade, sabe-se que é a organização do trabalho que deve ser modificada, especialmente

quanto ao grau de controle do trabalhador sobre a tarefa, ou seja, deve-se modificar a relação

trabalhador-trabalho e diminuir-se a exposição a fatores de risco (Sato, 2001).

Essas lesões demandam a criação de práticas nos serviços públicos de saúde por parte

de diversos profissionais de saúde, como médicos, engenheiros, psicólogos, terapeutas

ocupacionais, fisioterapeutas, ergonomistas, assistentes sociais, dentre outros, obrigando-os a

criar uma linguagem de interface para trabalharem com as LER, sem que se percam as

especificidades de suas formações de origem. Nesse sentido, as LER podem estar sendo um

objeto privilegiado para que, de fato, crie-se um campo de práticas interdisciplinares em saúde

e trabalho (Sato, 2001).

Ao lado disso, a educação em saúde é uma outra prática que precisa ser estimulada junto

às populações de risco, sendo também uma das propostas que os próprios portadores de LER,

nos grupos de qualidade de vida, espontaneamente apresentam. Nessas atividades, parece-nos

importante focalizar, dentre outros aspectos, a importância de se reconhecer e respeitar o

limite subjetivo (Sato, 2001).

14

A reabilitação profissional e reinserção dos portadores de LER no mercado de trabalho

é um outro aspecto enfrentado atualmente, que tem mostrado, as dificuldades que marcam

essas tentativas. Qualificação, presença de sintomas da doença, carteira de trabalho "suja"

(por constar registro de doença do trabalho), dentre outros, são motivos que se associam ao

universo de trabalho e de emprego visível a esses trabalhadores e às ofertas de emprego,

dificultando essa reinserção e a reabilitação (Sato, 2001).

15

2. OBJETIVOS DA PESQUISA

Levantamento epidemiológico das queixas ortopédicas e álgicas, traçando um perfil dos

funcionários da Universidade São Francisco do campus de Bragança Paulista que buscaram

atendimento no setor de Fisioterapia em Preventiva e Ergonomia entre 2005 a 2008.

16

3. METODOLOGIA

3.1. Materiais

Ficha de avaliação ortopédica do setor de preventiva.

3.2. Procedimentos

Foram verificadas as fichas de avaliação ortopédica de funcionários avaliados pelos

universitários de Fisioterapia no setor de preventiva da Clinica escola da Universidade São

Francisco do campus de Bragança Paulista durante o período de 2005 a 2008, os dados foram

coletados segundo alguns parâmetros (proporção de avaliações ortopédicas realizadas, gênero,

relação de funcionários por faixa etária, proporção, se há presença de dor, tempo da dor,

intensidade e desconforto percebido, escala analovisual de dor, proporção de colaboradores

com afastamento, condição da dor, características dos sintomas de dor, período do dia em que

a dor é mais intensa, percepção de dor e diagnóstico disfuncional e clínico) para

demonstração dos resultados deste estudo.

As fichas foram analisadas no período do primeiro semestre de 2008. Deve-se ressaltar

que durante as coleta dos dados o pesquisador, em nenhum momento, teve contato com os

pacientes, somente com as fichas de avaliação que estavam armazenadas em um computador

da Universidade São Francisco.

17

4. ANÁLISE DE DADOS

Após a coleta dos dados no computador da Universidade São Francisco, os mesmos

foram listados, um a um, em forma de gráficos, sendo que foram elaboradas tabelas apenas

dos dados considerados maior importância para esta pesquisa. Na tabela consta o dado

avaliado, a quantidade de dados coletados e também a freqüência relativa com que estes dados

foram coletados.

18

5. RESULTADOS

Proporção de avaliações realizadas por ano no setor de Preventiva e Ergonomia da Clínica

Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

15%

29%52%

4%

2005200620072008

Gráfico 1: mostra a proporção de avaliações.

Após verificar os dados observou-se que das 188 fichas avaliadas, 26 são de 2005

(15%), 51 são de 2006 (29%), 89 são de 2007 (52%) e 7 são de 2008 (4%), sendo que a coleta

teve fim no mês de maio de 2008.

No ano de 2007 é que ocorreram mais avaliações e reavaliações no Setor de Preventiva

e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

19

Gêneros avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da Clínica escola de Fisioterapia

da Universidade São Francisco

18%

82%

SEXO MASCULINOSEXO FEMININO

. O Gráfico 2 representa a distribuição por gênero.

A distribuição por Gênero foi de 33 funcionários atendidos do sexo masculino (18%) e

155 do sexo feminino (82%).

Podemos observar a prevalência do sexo feminino (82%).

Relação dos funcionários por faixa etária avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia

da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

.

8%

34%

16%13%

29% 20 A 2526 A 3031 A 3536 A 40> 40

O Gráfico 3 mostra a distribuição do grupo etário.

20

A faixa etária foi relacionada de cinco em cinco anos, de 20 a 25 anos 16 fichas de

avaliações (8%), de 26 a 30 anos 63 fichas de avaliações (34%), de 31 a 35 anos 30 fichas de

avaliações (16%), de 36 a 40 anos 24 fichas de avaliações (13%), maior de 40 anos 55 fichas

de avaliações (29%).

Podemos observar que a prevalência etária de funcionários avaliados e reavaliados no

setor de Preventiva e Ergonomia da clínica escola de Fisioterapia da universidade São

Francisco foi de 26 a 30 anos com 34%.

Proporção de tempo na atividade dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e

Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

9%

24%

14%20%

12%

21% <1ANO1A3 ANOS4A6 ANOS7A9 ANOS10A12 ANOS>13 ANOS

O Gráfico 4 mostra o tempo na atividade.

O tempo na atividade foi relacionado de três em três anos: menor de 1 ano 13 fichas de

avaliações (9%), de 1 a 3 anos 36 fichas de avaliações (24%), de 4 a 6 anos 20 fichas de

avaliações (14%), de 7 a 9 anos 30 fichas de avaliações (20%), 10 a 12 anos 18 fichas de

avaliações e maior de 13 anos 31 fichas de avaliações (21%)

A prevalência de maior tempo na atividade é de 1 a 3 anos (24%), sendo que o valor,

maior de 13 anos e de 7 a 9 alcançaram altos índices.

21

Distribuição do setor dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da

Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

1323

133 3

21

6 2 4 1 5 30

102030405060708090

100

inform

ática

secre

taría

admini

strati

vo

auxili

ar de

labo

ratóri

o

arquiv

ista

zelad

oria

centr

al de

aten

dimen

toco

pa

biblio

teca

assis

tente

socia

l

UNIFAG

não t

em se

tor

O Gráfico 5 mostra a distribuição do setor em que os funcionários trabalhavam.

Das fichas avaliadas 13 trabalhavam no setor de informática, 23 na secretaría, 13 no

setor administrativo, 3 como auxiliar de laboratório, 3 arquivistas, 21 na zeladoria , 6 na

central de atendimento, 2 na copa, 4 na biblioteca, 1 na assistência social, 5 na UNIFAG e 3

não tinham setor.

O setor que os funcionários mais procuraram o atendimento, no setor de Preventiva e

Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco foi, o da

secretária, sendo que o setor de informática e administrativo tiveram altos índices no

resultado.

22

Presença de dor nos funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da

clinica escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

68%9%

23%

SIMNÃOnão avaliado

O gráfico 6 mostra a presença de dor.

Das fichas avaliadas 128 apresentaram dor (68%), 17 não apresentaram dor (12%) e 43

não foram avaliados (23%).

Podemos observar que 128 das fichas dos funcionários avaliados no setor de preventiva

e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco relataram

presença de dor (68%)

23

Diagnóstico disfuncional e clínico apresentado pelos funcionários avaliados no setor de

Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

34,6 37,2

8,021,8

4,3 1,1 3,7 1,1 0,5 2,1 2,1 0,5 1,6 3,7 1,1 1,10

102030405060708090

100

sem di

agnóti

co

tronc

o - esp

asmo e

dor

Fraques

a mus

cular

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ião de A

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únel

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rpo

tendin

ite de

punh

o

tendin

ite de

bice

ps

tendin

ite de

supra

espin

hoso

fibrom

ialgia

bursi

te su

bacrô

mial

DIAGNÓSTICO DISFUNCIONAL E CLINICO

O gráfico 7 mostra o diagnóstico disfuncional e clÍnico.

Avaliando os diagnósticos disfuncionais observamos, algumas variações entre eles:

espasmo muscular e dor são divididos em dorso superior (45) e lombar (27), epicôndilite

medial (1) e lateral (1), compressão de raízes nervosas de cervical (4) e lombar (3), fraqueza

muscular diminuição de ADM em MSD (7), MSE (2), MID (1), MIE (1) e tronco (5), dor em

MSD (14), MSE (2), MID (8), MIE (5), alterações nas curvas da coluna escoliose em s (4),

em c (2), cifoescoliose (1) e hiperlordose (1), tendinite de bíceps (3), supraespinhoso (7) e

punho (1).

Prevalência de diagnósticos de dor muscular e espasmo em região dorsal de tronco

(30%).

24

Tempo de existencia da dor dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e

Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

31%

25%

30%

14%

<11á 23 á 5>5

O Gráfico 8 mostra o tempo existente da dor.

Das fichas avaliadas 42 fichas de avaliações apresentaram dor há menos de 1 ano

(31%), 33 fichas de avaliações apresentaram dor de 1 a 2 anos (25%), 39 fichas de avaliações

apresentaram dor de 3 a 5 anos (30%) e 18 fichas de avaliações apresentaram dor maior que 5

anos (14%).

A prevalência de tempo de permanência da dor dos funcionários avaliados no setor de

Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco foi

de menor de um ano (31%).

25

A intensidade do desconforto apresentada pelos pacientes avaliados no setor de

Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

7%

19%

62%

12%

insuportávelfortemoderadofraco

O Gráfico 9 mostra a intensidade do desconforto.

Das fichas avaliadas 13 (7%) apresentaram intensidade de dor insuportável, 39 (19%)

apresentaram intensidade de dor forte, 125 (62%) apresentaram intensidade de dor moderado

e 23 (12%) apresentaram intensidade de dor fraco.

A maioria dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da clínica

escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco apresentou intensidade de dor moderada

(62%).

26

Escala analovisual de dor apresentada pelos funcionários avaliados no setor de

Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

14

1 6 10 14

34

1829

197 7

0102030405060708090

100

Semdor

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

ESCALA ANALOGOVISUAL

O Gráfico 10 mostra escala analogovisual de dor.

Das fichas avaliadas 14 apresentaram-se sem dor, 1 apresentou-se com grau 1 de dor, 6

apresentaram-se com grau 2 de dor, 10 apresentaram-se com grau 3 de dor, 14 apresentaram-

se com grau 4 de dor, 34 apresentaram-se com grau 5 de dor, 18 apresentaram-se com grau 6

de dor, 29 apresentaram-se com grau 7 de dor, 19 apresentaram-se com grau 8 de dor, 7

apresentaram-se com grau 9 de dor e 7 apresentaram-se com grau 10 de dor.

A maioria dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da Clínica

Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco apresentaram-se com grau 5 de dor,

sendo que o grau 7 é estatística relevante.

27

Proporção dos colaboradores afastados que foram avaliados no setor de Preventiva e

Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco com

afastamento.

22%

49%

29% sim

não

não continha ainformação

O Gráfico 11 mostra a proporção dos colaboradores afastados que foram avaliados.

Das fichas avaliadas 42 (22%) tiveram que se afastar, 92 (49%) não se afastaram e 54

(29%) não continha a informação na fichas avaliadas.

A predominância é dos pacientes que não precisaram se afastar com 49%, mas temos

que ressaltar que os pacientes que não foram avaliados são em uma quantidade significativa.

Condição da dor dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da

Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

48%

23%

29%

estável

melhorou

piorou

O Gráfico 12 mostra a condição da dor.

28

A dor se apresentava estável em 61 fichas (48%), melhorou em 30 fichas (23%) e

pioraram em 37 fichas (29%).

A maioria das fichas dos funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da

clinica escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco se apresentaram com as

condições da dor estável.

Características dos sintomas de dor apresentado pelos funcionários avaliados no setor de

Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

40%

33%

27%

constantes

periódicos

ocasionais

O Gráfico 13 mostra as características dos sintomas.

Os sintomas foram divididos em constantes 54 fichas (40%), periódicos 45 fichas (33%)

e ocasionais 36 fichas (27%).

A maioria das fichas dos funcionários avaliados se apresentou com os sintomas

constantes.

29

Período do dia em que a dor é mais intensa nos funcionários avaliados no setor de

Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

20%

27%32%

12%9%

manhãtardenoiteo dia todoocasionais

O Gráfico 14 mostra o período do dia em que a dor é mais intensa.

O período do dia em que o paciente tem a dor mais intensa foi dividido em ocasionais

11 fichas (9%), o dia todo 15 fichas (12%), noite 42 fichas (32%), tarde 34 fichas (27%) e

manhã 26 fichas (20%).

O período do dia em que a dor é mais intensa visto nas fichas dos funcionários

avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da

Universidade São Francisco, foi o período da noite.

30

Percepção de dor apresentada pelos funcionários avaliados no setor de Preventiva e

Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco.

8 6 6 3

39

1

20 15 1625 26 31

5 4 7

0102030405060708090

100

adorm

ecim

ento

torçã

o

agulh

ada

choq

ue

queim

ação

fisga

da

lateja

nte

formiga

mento

picad

a

repux

ante

compre

ssão

dolor

idaag

uda

perfu

rante

caim

bra

PERCEPÇÃO DA DOR

O Gráfico 15 mostra a percepção da dor.

A percepção da dor foi dividida em adormecimento 8 fichas (4%), torção 6 fichas (3%),

agulhadas 6 fichas (3%), choque 3 fichas (1%), queimação 39 fichas (19%), fisgada 1 fichas

(1%), latejante 20 fichas (9%), formigamento 15 fichas (7%), picada 16 fichas (8%),

repuxante 25 fichas (12%), compressão 26 fichas (12%), dolorida 31 fichas (15%), aguda 5

fichas (2%), perfurante 4 fichas (2%) e câimbra 7 fichas (3%).

A percepção de dor mais relatada pelos funcionários avaliados no setor de preventiva da

Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco são a de queimação com 39

fichas (19%).

31

6. DISCUSSÃO

O presente estudo buscou as características dos funcionários da Universidade São

Francisco de Bragança Paulista atendidos no setor de Preventiva da Clínica Escola de

Fisioterapia, este trabalho é pioneiro no levantamento de dados para o serviço de atendimento

Fisioterapêutica do setor de preventiva.

Durante o levantamento dos dados nos prontuários dos funcionários atendidos no setor

de Preventiva e Ergonomia foi observado que a alocação dos dados se apresentava em fichas

especificas do setor de Preventiva e Ergonomia com o objetivo de avaliar as queixas

osteomusculares de funcionários que procuram o atendimento ou durante as quicks, ginásticas

laboral e avaliações biomecânicas de riscos, relatam alguma queixa duradoura.

Para melhor utilização dos dados em análises futuras ou acompanhamento das

condições dos funcionários é de extrema importância que os prontuários sejam organizados

corretamente e contendo todas as informações da ficha de avaliação, da evolução e da alta,

para que se obtenha um melhor controle das condições do paciente.

Foram observadas diversas falhas nos prontuários do setor de preventiva, como: falta de

informação em algumas fichas de avaliação (informações extremamente necessárias como

diagnóstico disfuncional, presença de dor, sintomas, etc., não estavam descritas), incoerência

de dados (sintomas apresentados com diagnóstico disfuncional, tempo na atividade entre as

fichas de um mesmo paciente, avaliações recorrentes com diferentes diagnósticos),

incoerência em diagnóstico disfuncional (apresentava-se diagnóstico clinico e não

disfuncional).

O estudo mostra uma diferença significativa na predominância do gênero feminino que

procuraram o atendimento da Fisioterapia, sendo isso relativamente explicado pelas

diferenças estruturais do sexo feminino.

Homens e mulheres não se diferenciam apenas quanto às características sexuais

primárias e secundárias, mais também quanto ao que se refere às grandezas constitucionais,

anatômicas e fisiológicas (Rivas et al, 2007apud Weineck, 1999 ).

Isso acontece decorrente ao amadurecimento tardio encontrado no homem quando

comparado com a mulher, este atraso é ocasionado pela intensa atividade secretora dos

ovários na pré-puberdade, quando comparado aos testículos. E a respeito da secreção

hormonal nesta fase que a produção de menores quantidades de estrógeno durante a fase do

desenvolvimento pré-puberal do sexo feminino parece causar uma maturação mais rápida do

esqueleto e um aumento do tecido adiposo e muscular (Rivas et al, 2007apud Skiner, 1988 ).

32

Estas diferenças morfológicas influem em seu peso, composição e densidade corporal, o

que pode ocasionar diferenças de flutuabilidade, equilíbrio e flexibilidade e força entre outras

capacidades físicas, o que pode vir a interferir, negativamente no desempenho músculo

esquelético (Rivas et al, 2007)

É fato e confirmado, que há o predomíno das mulheres portadoras de LER em relação

aos homens. Em estudo realizado no centro de reabilitação profissional de Belo Horizonte,

demonstrou que “os incapacitados por lesões por esforços repetitivos no programa de

reabilitação eram na maioria mulheres” (Ricardo et al, 2000e Sato 2001).

Podemos observar que a prevalência etária de funcionários que foram avaliados e

reavaliados é de 26 a 30 anos, idade em que se tem alta produtividade.

Karina Duarte de Souza et al, verificaram em seu estudo que a maioria das pessoas

acometidas por LER/DORT está entre 26 – 35 anos idade altamente produtiva no trabalho

(Souza et al, 2008 e Araujo et al, 2003)

A proporção de tempo na atividade dos funcionários foi bem subdividida o de menor

porcentagem foi o de um a três anos (36 fichas de avaliação 24%) de trabalho, por ter sido

bem distribuído isso indica que a rotatividade de funcionários na universidade São Francisco

não é muito grande.

Os tecidos que são comumente lesados devido a esforços físicos inadequados e longos

anos de trabalho são os músculos, tendões e os ligamentos. Os nervos podem ser lesados

secundariamente devido à compressão ou isquemia. Além disso, os ossos e cartilagens

articulares também podem ser lesados pela carga e tensão acumuladas, as bainhas, fáscias, e

bursas também são estruturas do sistema músculo-esquelético comumente lesadas devido aos

esforços ocupacionais excessivos e grande tempo de trabalho (Walsh, 2004).

Os efeitos de posturas inadequadas no trabalho podem aparecer apenas tardiamente,

quando os trabalhadores estão empregados há mais tempo (Walsh, 2004).

O setor de secretaria foi o mais acometido, porém o setor de informática e setor

administrativo apresentou uma porcentagem alta, podendo ser por apresentarem atividades

semelhantes como: digitação, movimentos repetitivos, e postura sentada com pouca

movimentação corporal.

Uma das causas de LER/DORT é o fato dos adoecidos se situarem na hierarquia inferior

da empresa, na função de secretaria/administrativo, funções em que passam a maioria do

tempo sentado (Ribeiro, 1997).

A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta

posição. Praticamente todo o peso do corpo é suportado pelos ossos da pelve aumentando o

33

desconforto na área abdominal, ocasionando problemas posturais, circulatórios e respiratórios,

aumenta a pressão intradiscal, principalmente por se tratar de uma situação aonde as pessoas

realizam tarefas especificas, diárias e por tempo prolongado. O consumo de energia é de 3 a

10% maior em relação á posição horizontal (Massambani e Santos, 2007).

E é um fato que é cada vez maior o tempo que passamos sentados no dia a dia. A

princípio, a postura sentada poderia ser considerada vantajosa em relação á postura em pé,

porque cansa menos e alivia as pernas. No entanto, ela sobrecarrega nosso corpo

principalmente quando permanecemos muito tempo sentados e em condições inadequadas

(Massambani e Santos, 2007).

Algumas fichas de avaliação apresentavam o diagnóstico clínico e outras o disfuncional,

e foi observada predominância de diagnóstico disfuncional, e destes diagnósticos disfuncional

o mais relatado foi o de espasmo e dor em região dorsal de tronco. Esse resultado sendo

confirmado pelos artigos citados anteriormente em que apresentava alterações posturais em

dorso e ventre, podendo ocasionar dor e espasmos nessa região.

Como foram apresentados mais diagnósticos disfuncionais, isso significa que a maioria

dos funcionários apresentaram sintomas iniciais, sendo uma vantagem para o tratamento, e

um benefício da Fisioterapia Preventiva.

Sendo assim Walsh 2004 nos fala que a dor muito forte, característica das afecções

músculo-esqueléticas em geral, é uma das características mais instigantes das DORT. Ela

pode contrastar com lesões relativamente benignas e com poucos sinais objetivos. Tal

paradoxo costuma ser um fator de confusão para médicos e demais envolvidos com a saúde

ocupacional, e contribui para a deterioração do relacionamento entre trabalhador e chefia

(Walsh et al, 2004)

É importante ressaltar que uma porcentagem muito alta não continha diagnóstico

disfuncional ou clínico.

A maioria dos funcionários que procuraram o atendimento na clinica escola de

fisioterapia apresentavam dor (68%), porem as fichas que não continham a informação é

relativamente significante podendo influenciar no resultado, podendo aumentar ou diminuir

essa relação.

Ao contrário, os trabalhadores não são estimulados a procurar auxílio quando começam

a ter quadro de dor, tentando superá-lo pelos próprios meios, sem orientações adequadas, com

medo de que sejam descobertos por suas chefias e colegas. Não têm amparo de uma estrutura

de tratamento e reabilitação para que possam se recuperar e voltar a ter um desempenho

satisfatório, e apesar dos ganhos infinitamente menores que os atletas consagrados, a

34

experiência mostra que tentam se manter trabalhando, "sucumbindo à dar" apenas quando não

suportam mais (Maeno, 2007)

A presença de dor foi bem distribuída, o maior tempo de permanência da dor dos

funcionários avaliados no setor de Preventiva e Ergonomia da Clínica Escola de Fisioterapia

da Universidade São Francisco foi menor de um ano.

A maioria dos funcionários apresentaram intensidade de dor moderada e a escala

analovisual confirma o resultado, ou seja, de grau 5, e intensidade da dor piorou e grau 7

foram os segundos mais citados pelos pacientes.

A escala analogovisual consiste em uma linha reta numerada, de dez centímetros,

apresentada em uma folha em branco, em que a extremidade esquerda significa sem dor, o

meio significa de dor moderada e a extremidade direita significa pior dor imaginável. É uma

das escalas mais utilizadas para mensurar a dor patológica com objetivos científicos, pois

permite minimizar o aspecto subjetivo (Walsh et al, 2004).

A maioria dos funcionários não teve que se afastar (49%) por suas queixas, porem a

quantia que não foi avaliada (22%) poderia influenciar no resultado.

De acordo com Ribeiro 1997, o tempo médio entre os primeiros sintomas e a ida ao

médico é de onze meses, e o tempo médio de afastamento do trabalho foi de 336 dias em

pacientes portadores de LER/DORT. (Ribeiro et al, 2007)

Esses distúrbios são responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho e pelos

custos com pagamentos de indenizações, tanto no Brasil como na maior parte dos países

industrializados. Além dos gastos com afastamentos, indenizações, tratamentos e processos de

reintegração ao trabalho, um outro aspecto importante para os indivíduos acometidos por

essas lesões é a discriminação. A partir da recidiva de queixas, o trabalhador é visto como um

problema pela supervisão e pela gerência da empresa. Também é comum que seja

discriminado pelos colegas de trabalho, que se sentem sobrecarregados pelo fato do colega

"doente" reclamar de dor e faltar ao serviço (Walsh, 2004).

Somente metade dos indivíduos que se ausentaram do trabalho após o afastamento por

mais de seis meses retornam após a licença (Coury et al , 2005)

Na maioria dos funcionários a condição da dor se manteve estável, inclusive nos

pacientes em que estavam sendo reavaliados os quais já haviam passado por tratamento e

seria esperada a melhora.

35

Os sintomas apresentados pelos funcionários foram bem distribuídos, entre constantes,

periódicos e ocasionais, tendo predominância o sintoma constante, e o sintoma ocasional era

relatado quando realizado atividades especificas.

A dor é mais relatada no período da noite, sendo que o segundo período mais relatado

foi o da tarde, especificamente o final da tarde, sendo o horário em que os funcionários

terminavam de realizar suas atividades.

A dor noturna foi o sintoma mais comum aos profissionais que trabalham

constantemente com posturas deficientes (Araújo et al, 2003)

A percepção da dor foi bem subdividida tendo em maior porcentagem a queimação

seguida por latejante, formigamento, picada, repuxante, compressão e dolorida que tiveram

porcentagens semelhantes.

36

7. CONCLUSÕES

O trabalho mostra uma diferença significativa na predominância do gênero feminino

que procuraram o atendimento da Fisioterapia.

A proporção de tempo na atividade dos funcionários foi bem subdividida sendo a menor

porcentagem o de menor tempo.

Os setores relacionados à digitação e menor movimentação corporal foram os mais

acometidos.

A maioria dos pacientes que procuraram o atendimento da clinica escola de fisioterapia

apresentavam dor.

O diagnóstico mais apresentado foi o de dor e espasmo em região dorsal de tronco.

As dores apresentaram tais características: menos de um ano na atividade, intensidade

moderada, escala analovisual grau cinco, a maioria não se afastou, dor estável, sintomas

constantes, período noturno mais acometido e a sensação de queimação.

Com esses resultados podemos observar que a fisioterapia é de grande importância para

esses pacientes com sintomas iniciais para não desenvolverem futuras patologias agravantes.

37

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todas as questões apresentadas e discutidas anteriormente torna-se claro a

importância do preenchimento e armazenamento correto das fichas do setor de Preventiva e

Ergonomia da clinica escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco de Bragança

Paulista.

Seria de grande importância realizar estudos para se saber o porque da predominância

feminina nas LER/DORT.

38

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

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