edição n.º 1570
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Diario do AlentejoTRANSCRIPT
SEXTA-FEIRA, 25 MAIO 2012 | Diretor: Paulo BarrigaAno LXXX, No 1570 (II Série) | Preço: € 0,90
Autarcas não aceitam “compromissos”Lei aprovada pelo Governo é “perversa”, “aberrante e paralisante da atividade das autarquias”
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Viver para contá-las. As histórias.
Que os jornais guardam nas suas
páginas. E que o “DA” hoje oferece
em abundância. Desde os acordes
roqueiros do barbeiro de Panoias,
passando pelas novas canções dos
Virgem Suta ou pela memória de
Catarina Eufémia. Histórias que os
jornalistas contam mesmo quando
são jovens, como as repórteres do
Clube de Jornalismo da Mário
Beirão.
Centenário do Turismo em Aljustrel
Ceia da Silva quer “excelência”
e “qualidade” no turismo do Alentejopágs. 10 e 16/17
Virgem Suta de regressopág. 12
Baleizão, terra de Catarinapágs. 4/5
Brincar a sério aos jornaispág. 11
O barbeirorocker
de Panoiaspág. 13
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EditorialCooperarPaulo Barriga
O ultraliberalismo ven-ceu – está a vencer – em toda a linha. A globali-
zação económica e financeira, ao inverso do que vaticinaram os seus teóricos fundadores, não ar-rastou consigo a melhoria da qua-lidade de vida do Homem. Nem trouxe à tona o “homem novo” pós-moderno, pós-marxista, in-dependente, livre, ativo e parti-cipante na sociedade, como seria de prever. Pelo contrário, o capi-talismo desaçaimado, sem regras que não as da concentração obs-cena da riqueza, revelou-se o ca-dafalso da própria Humanidade. Implementou a pobreza ao mesmo tempo que foi espalhando ilusoriamente a boa-nova da abundância. Contaminou o pla-neta, talvez de forma irreversível, enquanto apregoava as boas prá-ticas ambientais. Substituiu a de-mocracia e a independência dos Estados pela ditadura férrea dos mercados. Engordou até estoi-rar, com a fome das populações e as riquezas naturais do dito “ter-ceiro mundo”. Mesmo no seu pró-prio terreno, no terreno dos negó-cios, das empresas, a voracidade da concentração tem-se mostrado indomável. O comércio de pro-ximidade e a pequena revenda, por exemplo, perderam por com-pleto o interesse das multinacio-nais. Por cada microempresa que fecha no tecido urbano das ci-dades há uma canada de fogue-tes lançada ao ar pelos tubarões do retalho. É a festa pela concor-rência que se esbate. E cada de-sempregado, apesar da sua frá-gil condição, acaba por se manter um potencial cliente. É assim que sobrevive o atual sistema: desu-nindo para reinar. Cada homem quer-se um átomo isolado numa mole amorfa, obediente, sem vontade própria. O curioso é que o apelo desenfreado ao individu-alismo não afeta apenas o fulano consumidor. Afeta todo o tecido e qualquer organização social. Hoje em dia, excluindo o fenómeno fu-tebolístico, assiste-se ao colapso completo do associativismo. E principalmente à implosão do co-operativismo. Que foi a melhor invenção alguma vez alcançada para combater precisamente a ga-nância do individualismo capi-talista. Mas este movimento que apela à participação de todos os associados para atingir o bem co-mum – ao nível da produção, do comércio ou da cultura – tam-bém fracassou. Porque, ao contrá-rio dos seus princípios fundamen-tais, coletivistas e democráticos, a primeira ambição dos seus diri-gentes, que se quiseram perpetuar nas diferentes direções, foi preci-samente jogar de igual para igual no tabuleiro do adversário ao jogo do um por todos e cada qual por si. E acabaram por perder, claro.
As autarquias vivem “tempos muito preocupantes e desafiantes”. O Poder Local está a ser afetado pela diminuição das receitas próprias, “fruto da recessão da economia”, mas também “por força de decisões do poder central tendentes a restringir os apoios financeiros que seriam devidos ao Poder Local nos termos da legislação em vigor”. O “Governo poderá “ficar para a História como o maior adversário do Poder Local”.
António Capucho, ex-presidente da Câmara de Cascais
eleito pelo PSD e ex-conselheiro de Estado.
Luís Campaniço,
28 anos, comercianteEm relação à canalização, penso que será benéfica. Mas tanto tempo de obras preju-dica-nos muito. Isto dificulta muito os acessos aos nossos clientes. Por isso vêm muito menos. Pelas nossas con-tas acredito que só daqui a dois anos fiquem prontas.
Maria Teresa,
44 anos, comercianteEspero que o transtorno que es-tas obras nos causa todos os dias sirva para alguma coisa. Que tragam mais pessoas à rua. Por agora há muito me-nos clientes. As pessoas não têm passagem. Temos buracos ao pé da porta. Concluídas? Lá para o dia de são nunca à tarde.
Erica Fonseca,
32 anos, comercianteA minha esperança é que es-tas obras tragam mais pes-soas para esta zona da cidade. Agora não passa aqui quase ninguém. Está tudo muito pa-rado. O comércio está todo a fe-char. Talvez daqui a dois ani-nhos estejam finalizadas. Talvez. Tenho sérias dúvidas.
Maria Luísa,
53 anos, comerciantePenso que trarão benefícios para a baixa da cidade. A mi-nha expetativa é grande. Mas neste momento sinto uma que-bra nas vendas. Uma parte é devido às obras. Era bom que estivessem prontas até ao fim do ano. Mas vão en-trar por 2013. Está tudo atra-sado. Tudo muito enleado.
Voz do povo O que pensa das obras nas Portas de Mértola? Inquérito de José Serrano
Vice-versa“O caminho está no reforço institucional da cooperação entre municípios para permitir ganhos de escala e, por consequência, a redução nas despesas inerentes ao exercício das competências que serão transferidas”.
Miguel Relvas, na apresentação do estudo “Descentralização e Cooperação Intermunicipal: Um novo rumo para o futuro”
Fotonotícia Obras de Santa Engrácia. Não ficaram concluídas pelo Natal, como era inicialmente suposto, e, segundo
os comerciantes e moradores da zona, parece não terem fim à vista, as obras nas Portas de Mértola, em Beja. Os trabalhos intensificaram -
-se nos últimos dias, tornando praticamente intransitável algumas zonas do coração da cidade. Sendo que os comerciantes são aqueles que
mais sentem na pele o prolongar das obras. É que para eles existem duas crises ao mesmo tempo: a do buraco nas contas do Estado e a do bu-
raco que se mantém a céu aberto mesmo defronte das suas lojas. PB Foto de José Ferrolho
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Rede social
A Cooperativa Cultural Alentejana sus-
pendeu temporariamente, por razões
económicas, a edição semanal em papel
do jornal “Alentejo Popular”. Qual é a situ-
ação financeira da cooperativa?
A situação financeira é difícil, uma vez que a receita com publicidade tem vindo a di-minuir ao longo dos últimos meses; as fa-mílias e as empresas atravessam graves di-ficuldades financeiras, que as obrigam a cortar nas suas despesas, considerando na-turalmente as que não são de primeira ne-cessidade, logo, cortam na imprensa e na publicidade, entre outras. Tendo havido edições do jornal em que a receita não dá para a despesa, globalmente, se considerar-mos o dinheiro que temos a receber de pu-blicidade já editada, dos assinantes e outros créditos a nosso favor, podemos pagar aos nossos fornecedores e equilibrar a situação financeira. Tivemos que suspender a edi-ção do jornal uma vez que a despesa com o mesmo corresponde a cerca de 85 por cento das despesas de funcionamento da cooperativa e não podíamos chegar a uma situação incontrolável.
A suspensão da edição em papel é su-
ficiente para equilibrar as contas? E
quando é que será retomada?
A suspensão não resolve a situação, uma vez que perdemos a receita da publici-dade das vendas e dos assinantes; no en-tanto, pesando todos os fatores, uma vez que a tendência recessiva do País se vai acentuar, é de bom senso tomarmos esta medida. Não há data prevista para vol-tarmos a reeditar, temos recebido ape-los dos nossos leitores para que a suspen-são não seja demorada e é gratificante constatar que o “Alentejo Popular” tem o seu espaço, os seus leitores; mas ainda é cedo para fazer previsões quando à re-toma da edição, ela depende de quanto tempo vamos demorar a equilibrar as fi-nanças, após o que reavaliaremos a situ-ação. Nesta fase vamos dar prioridade a receber de quem nos deve, vamos parti-cipar no Mercado Cultural em Serpa em junho, temos em preparação algumas edições de livros para as quais já temos apoio e vamos fazer um apelo extraordi-nário aos nossos assinantes.
Que futuro antevê para a cooperativa,
tendo em conta o agravamento da situa-
ção económica?
Apesar da situação financeira grave que as famílias atravessam e que se reflete na nossa atividade, vamos tentar en-contrar formas de ultrapassar este mo-mento difícil, uma vez que a cooperativa, para além das 448 edições do “Alentejo Popular” já publicadas, faz um balanço de trabalho altamente positivo da sua atividade, de onde destacamos a publi-cação de um conjunto de livros de auto-res da região. Não desistimos perante as dificuldades. E – fica o compromisso – também nesta frente, a luta continua. NP
3 perguntasa José
BaguinhoPresidente da direcção
da Cooperativa Cultural Alentejana
Semana passada
QUARTA-FEIRA, DIA 16
OURIQUE ELSA ROMBA É A NOVA PRESIDENTE DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE CRIANÇAS
A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Ourique tem uma nova presidente. Elsa Romba, advogada, foi eleita para presidir os destinos da comissão para o biénio 2012-2014, anunciou a Câmara Municipal de Ourique. A composição da comissão, nas suas modalidades restrita e alargada, sofreu também alterações, visto que alguns dos seus membros atingiram o limite do mandato previsto na lei (seis anos), adianta a autarquia, que recorda que a comissão “é uma das mais interventivas da região, tendo vindo a desenvolver um trabalho positivo no que diz respeito à defesa das crianças e jovens em risco”.
DOMINGO, DIA 20
OURIQUE DETIDO POR POSSE ILEGAL DE ARMA
Um homem de 57 anos foi detido pela GNR de Ourique, na manhã de domingo, durante uma fiscalização rodoviária, por posse ilegal de arma, informou a força de segurança. Segundo a GNR, o homem foi constituído arguido, sujeito a termo de identidade e residência (TIR) e notificado para comparecer em tribunal.
SEGUNDA-FEIRA, DIA 21
CANHESTROS ASSOCIAÇÃO DE BEM ESTAR SOCIAL DOS REFORMADOS E IDOSOS FEZ 14 ANOS
A Associação Bem Estar Social dos Reformados e Idosos de Canhestros, que contempla as respostas sociais centro de dia, serviço de apoio domiciliário e lar, comemorou o seu 14.º aniversário, informaram os seus responsáveis. O Lar de Idosos Professor Mariano Feio, que contemplou no passado mês de abril, um ano de atividade, “contempla 36 camas” e está dotado “de equipamentos geriátricos de qualidade visando o conforto, harmonia e estabilidade dos nossos idosos”. “Queremos continuar a ser reconhecidos como uma unidade que tem como objetivo principal a prestação de cuidados e serviços por uma equipa qualificada, responder às necessidades básicas individuais dos clientes, respeitar a sua independência, privacidade e individualidade; proporcionar contactos com o exterior e o convívio no interior do lar e promover a continuação do reforço dos laços familiares”, adiantam os responsáveis.
BEJA “SEMANA ABERTA” EM SANTA VITÓRIA
A Câmara de Beja deu início à quinta edição da iniciativa “Semana Aberta” nas freguesias rurais do concelho, que decorre na freguesia de Santa Vitória, com várias iniciativas lúdicas, culturais e sociais. A iniciativa visa “uma aproximação cada vez mais efetiva” entre o executivo e os serviços da autarquia e os munícipes, explica o município, referindo que a quinta edição inclui iniciativas desenvolvidas por serviços da câmara em colaboração com a junta de freguesia e a população de Santa Vitória.
TERÇA-FEIRA, DIA 22
MÉRTOLA CÂMARA APOIA BANCO ALIMENTAR
A Câmara Municipal de Mértola entregou na sede de Beja do Banco Alimentar Contra a Fome, no âmbito da campanha Papel por Alimento, uma tonelada de papel recolhido em várias instituições e escolas do concelho. A tonelada recolhida “representa um apoio de 100 euros”. A iniciativa contou também com a colaboração do Núcleo de Voluntariado de Mértola.
BARRANCOS NOUDAR RECEBE CERTIFICAÇÃO
O Parque de Natureza de Noudar recebeu a certificação “Wildlife Estates”, tornando-se uma das primeiras propriedades portuguesas a usar a marca, que distingue as boas práticas de gestão rural em interação com a conservação da natureza na Europa. Segundo a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), que gere o parque, a certificação “vem confirmar o reconhecimento da qualidade da gestão” realizada numa área integrada na Rede Natura 2000 e onde se prepara a reintrodução do lince ibérico em Portugal. A marca “Wildlife Estates”, criada pela ELO – European Landowners Association, “estabelece critérios e indicadores de certificação nas áreas ambiental, económica e sociocultural, sendo uma marca de excelência na gestão agrícola, florestal e do turismo associados à conservação da natureza”, explica a EDIA.
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Ervas e chás de todo o mundo uni-vosDecorreu este fim de semana a derradeira etapa do I Festival de Chás e Ervas do Mundo. Uma iniciativa que levou milhares de visitantes à pequena aldeia de Amendoeira da Serra, Mértola. E que teve como único ponto negativo a chuvada que caiu no domingo.
Mercado medieval com guarda-chuvasÉ um dos principais eventos de rua que se realiza anualmente no Baixo Alentejo, este Mercado Medieval de Almodôvar. Uma iniciativa que atrai multidões e que tem como principal objetivo celebrar a doação da Carta de Foral à Vila de Almodôvar por D. Dinis, em 1285.
Florbela Espanca segundo Vicente do ÓNa terça-feira à tarde foi apresentado em Beja, no Pax Julia, a celebradíssima visão de Vicente Alves do Ó sobre a intensa vida da poetisa alentejana Florbela Espanca. Que tem uma interpretação assinalável de Dalila Carmo. Ana Paula Figueira fez as honras da casa.
Não há notícia de alguém ter caído ao rioEsteve a abarrotar de malta nova o III Festival da Juventude de Mértola que este sábado aconteceu no cais do Guadiana. E não era para menos com o balanço que os Virgem Suta e os Pontos Negros levaram até à vila museu. Os DJ François e Arroja trataram da desnoite.
Três encalhadas e uma barrigada de rirHelena Isabel, Maria João Abreu e Rita Salema riram e fizeram rir o público bejense que no último sábado acorreu ao Pax Julia. Para assistir à comédia musical “As Encalhadas”. Que satiriza as conversas entre mulheres quando estas estão precisamente… encalhadas.
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BaleizãoCamponesa foi morta há 58 anos
A terra que não esquece Catarina
A romagem em homenagem a Catarina Eufémia, morta há 58 anos em Baleizão pela Guarda
Republicana, está agendada para as 11 ho-ras da manhã. Mas pouco passa das 10 e há já quem visite a sepultura da camponesa, aproveitando o facto de estar a dois passos do cemitério, na casa mortuária, a velar o corpo de uma filha da terra que partiu na tarde do dia anterior.
Por esta a ltura, Maria Cândida Fernandes, de 79 anos, sobe apressada a rua que desemboca no largo do cemitério. Nas mãos leva o ramo de f lores que o se-cretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, há de depor no túmulo de Catarina, num ritual que se repete todos os anos. Apesar de estar dentro da hora – o líder do Partido Comunista só chegaria cerca de meia hora depois – mostra-se relutante em abrandar o passo para responder a algumas pergun-tas e deixar-se fotografar. Insistimos. “Ela [Catarina] morreu na sua luta e a gente faz-lhe uma homenagem. Participo todos os anos, desde o 25 de Abril. Vou entregar este ramo de f lores ao camarada Jerónimo e o camarada Jerónimo deposita-o na campa de Catarina, mas Catarina já lá tem um ramo que fui pôr esta manhã. Todos os anos faço isto”, diz aquela que é também a “guardiã” das chaves do centro de trabalho local do PCP, lembrando que no “tempo da Reforma Agrária participavam mais pes-soas”: “A vida estava melhor, agora cada vez está mais ruim e às pessoas custa-lhes mais, mas vêm sempre muitas excursões”.
A poucos metros do cemitério, na única barbearia “da aldeia de cima”, por estes dias praticamente inativa devido aos pro-blemas de saúde do seu proprietário e por isso agora usada como entrada principal da casa de habitação, a mulher do barbeiro e a cunhada trocam dois dedos de conversa.
António Cochilha, membro do Grupo Coral de Baleizão, não falha uma ro-
magem. “A Catarina Eufémia é um símbolo do passado e continua a es-
tar viva”, diz, salientado, no entanto, que “com o tempo” o movimento
em torno das comemorações tem “vindo a diminuir”. “Há 30, 40 anos, ha-
via fartura de pessoal aqui, agora já vai diminuindo”, diz o cantador, sem,
contudo, conseguir avançar razões para este decréscimo.
Texto Nélia Pedrosa Fotos José Serrano
membro do Grupo Coral de Baleizão, que não falha uma romagem. “A Catarina Eufémia é um símbolo do passado e con-tinua a estar viva”, diz, salientado, no en-tanto, que “com o tempo” o movimento em torno das comemorações tem “vindo a di-minuir”. “Há 30, 40 anos, havia fartura de pessoal aqui, agora já vai diminuindo”, diz o cantador e motorista de pesados numa empresa de Beja, sem, contudo, conseguir avançar razões para este decréscimo.
Atrás do balcão da sociedade, Teresa serve copos de vinho. Acede a ser substi-tuída por breves momentos para conver-sar connosco. Depois de “um ano e tal em casa sem fazer nada”, sem direito a sub-sídio de desemprego, – à semelhança de muitos jovens seus conterrâneos –, deci-diu arriscar com o namorado, que é eletri-cista, na exploração do bar. E até ao mo-mento, “está a correr tudo bem”, afirma. Quanto às romagens à camponesa, re-corda os tempos de miúda em que par-ticipava ativamente vendendo bolos em barraquinhas instaladas no largo: “Isso acabou. Mas é bom comemorarmos para os jovens saberem o que aconteceu, por-que há muita gente que não sabe”.
Bárbara Lopes não tem por hábito parti-cipar na romagem promovida anualmente pela direção da Organização Regional de Beja do PCP e pela Comissão de Freguesia de Baleizão, e agora que está doente, “com uma dor numa perna”, ainda menos. Mas temendo ser mal interpretada avisa logo que está “do lado” de Catarina: “Dizem que é do Partido Comunista, não é?”
Com uma vista privilegiada para a rua por onde passa em romaria quem presta homenagem à camponesa, Bárbara Lopes diz que “o movimento já não é o que era”. “Vêm menos pessoas, vai-lhes acontecendo o mesmo que me acontece a mim, vão es-tando velhas, coxas e doentes”, justifica.
Chegam as 11 horas e com elas o início da romagem ao cemitério e depois até ao largo Catarina Eufémia, para as habituais inter-venções políticas, romagem essa este ano ameaçada por um céu cinzento, carregado. Já no largo que recebeu o nome e o busto da camponesa, o discurso de Jerónimo de Sousa acaba por ser encurtado devido à forte chuvada que se abateu sobre a aldeia.
“Este ano não fui ao cemitério, fiquei só aqui [largo], porque estava de chuva, mesmo assim apanhámo-la aqui toda”, la-menta Mariana David. Passadas quase seis décadas sobre a morte de Catarina, esta antiga proprietária de uma padaria, de 62 anos, defende que “devia haver muita gente” como a camponesa. “Precisávamos de fazer o mesmo que ela fez, porque o nosso país está arruinado de um todo. Não sabemos para onde nos havemos de voltar. O futuro dos nossos filhos está em ques-tão, as pessoas que se meteram em muita responsabilidade é que vão agora sofrer. Temos que enfrentar a luta”. E é precisa-mente “devido à situação” em que o País está mergulhado, que este ano, adianta, “há mais gente” nas comemorações. “As
pessoas agora querem-se unir mais”.Também Mariana Caixinha, de 53
anos, que reside a escassos metros do largo, considera que “nos tempos que cor-rem, que são tempos difíceis”, faz todo o sentido lembrar a “grande mulher” que foi Catarina.
“Trabalho no Instituto do Emprego, sou contínua. Graças a Deus nunca quis tra-balho que não tivesse, mas também tenho feito de tudo um pouco, tenho o meu tra-balho no instituto, tenho trabalhado no campo, a dias, aos fins de semana. Mas em Baleizão falta mais trabalho para as pes-soas que não têm”, diz, adiantando que o desemprego na aldeia atinge “mais os jo-vens” e que algumas pessoas acabam por abandonar a aldeia, indo para Lisboa ou para o estrangeiro, “para a Suíça”.
Aproxima-se a hora de almoço. As ruas começam a ficar desertas. Na Sociedade Filarmónica 24 de Outubro, cujo bar é explorado há nove meses por Teresa Beldroegas, de 27 anos, um grupo de ho-mens conversa juto ao balcão. Entre eles está o “irmão de criação” de Catarina Eufémia que, algo emocionado, prefere não ser entrevistado, e António Cochilha,
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Q u a n t o s h a b i t a n te s te m
Baleizão, de acordo com o
Censos 2011, e como se caracte-
riza em termos demográficos?
A população de Baleizão é atual-mente de 904 habitantes, sendo que 65 por cento da população tem mais de 65 anos e os res-tantes 35 por cento são adultos e jovens.
A que setores de atividade se
dedica atualmente a população
em idade ativa?
A principal atividade a que a população se dedica é a agricultura.
A construção de um lar de ter-
ceira idade, em complemento
ao centro de dia existente, é
uma reivindicação antiga da
população. Em que fase está o
processo?
O processo, segundo a dra. Mariana, assistente social do centro, está parado, ou seja, nada mais há que o projeto exigido aquando da última candidatura.
Para além da inexistência do
lar, que outros equipamentos/
/infraestruturas/serviços fazem
faltam em Baleizão?
Uma creche, como forma de mantermos na aldeia os ca-sais jovens e com filhos, assim como um pavilhão multiusos que serviria de apoio/substitui-ção à Casa do Povo em ativida-des/iniciativas que agora se rea-lizam ali e não é aquele o espaço mais adequado.
E quais são as principais poten-
cialidades da aldeia?
Somos uma aldeia muito bem situada (entre Serpa e Beja), a nossa história (Catarina Eufémia), a persistência e valen-tia das nossas gentes, as nossas terras muito férteis e a existên-cia de grandes áreas cultiváveis, as quais são verdadeiros polos de atração para grandes empre-sas, sobretudo espanholas que se encontram já na nossa aldeia. A juntar a tudo isto, o espírito e a dedicação a uma só causa, Baleizão.
Festas em honra da padroeira realizam-se em agosto
As tradicionais festas em honra de Nossa Senhora da Graça, a padroeira de Baleizão, rea-lizam-se no início do mês de agosto, atraindo à aldeia visitantes oriundos da região e de outras partes do País e também os filhos da terra emigrados, que muitas vezes se fazem acompanhar de amigos estrangeiros. Segundo o presidente da junta, Silvestre Troncão, estas festas revestem-se de grande importância “uma vez que servem para juntar as fa-mílias e ao mesmo tempo ajudam o comércio local”. As cerimónias religiosas estão a cargo da Igreja (comissão fabriqueira) e a componente pagã “de associações ou grupos de pes-soas da aldeia”. Os seus programas são compostos “essencialmente por bailes, touradas, espetáculos com artistas do panorama pop nacional e as cerimónias religiosas com missas e procissões em honra da padroeira”, diz o autarca.
Grupos corais ajudam a manter tradições
A aldeia de Baleizão tem dois grupos corais, um masculino e outro feminino – Grupo Coral de Baleizão e Grupo Coral Terras de Catarina –, fundados há sensivelmente uma década. Segundo o site da junta de freguesia, Baleizão faz questão em “manter a sua própria cul-tura e algumas tradições”, contando para tal com o apoio e colaboração dos dois grupos corais. “Com a sua ajuda foram já recuperadas algumas modas tradicionais e também al-gumas práticas e danças. Estes grupos corais acabam assim por levar um pouco da nossa cultura por todo o País por onde vão cantar”, lê-se ainda na página da autarquia.
Silvestre TroncãoPresidente da Junta de Freguesia de Baleizão
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AtualFestival de BD de Beja arranca amanhã na Casa da Cultura
Quem não tem cão...Ao contrário do que supunham os ru-mores, o VIII Festival Internacional de BD de Beja vai ser uma realidade. Entre amanhã, sábado, e o próximo dia 10 de junho. Uma edição com apenas 10 exposições e duas mostras, con-centradas num único núcleo, a Casa da Cultura, foi o que a Bedeteca de Beja conseguiu pôr no terreno sem um tos-tão de orçamento. Mas o que faltou em dinheiro parece ter sobrado em voluntarismo.
Texto Carla Ferreira
“Sem orçamento” mas com uma grande dose de voluntarismo associada, o VIII Festival
Internacional de Banda Desenhada de Beja vai, afinal, ser uma realidade, ao contrário do que muitos chegaram a pensar. A sessão de inauguração está agendada já para ama-nhã, sábado, pelas 15 horas, abrindo portas para duas semanas de iniciativas em torno da nona arte, desta feita apenas circunscri-tas à Casa da Cultura – sem outros núcleos espalhados pela cidade – onde se manterão patentes, até 10 de junho, uma dezena de exposições e duas mostras. Sensivelmente metade da oferta habitual e sem a presença física de autores estrangeiros de grande no-meada, como já vinha sendo tradição.
Longe de ser o festival de sonho da Bedeteca de Beja, que já começava a ser “ponto de visita obrigatório para as pessoas que gostam de BD, não apenas em Portugal mas em toda a Europa”, este será o festival possível, tendo em conta que apenas são asseguradas, pelo município bejense, as despesas básicas, com seguros, transpor-tes e montagem. Paulo Monteiro, diretor
daquele equipamento bejense além de ilus-trador premiado, não se perde em lamen-tações e agradece a onda de solidariedade que se gerou à volta do evento, mal soou o rumor de que o festival poderia não ter lu-gar. “Apareceu aqui muita gente a ofere-cer ajuda no que fosse preciso. Recebemos muitos emails de gente de todo o País e até do estrangeiro. É que chegámos a abril sem dar uma única notícia do festival e as pes-soas começaram a suspeitar que qualquer coisa estava mal. Mas foi um boato. Nunca chegámos a pensar em interromper o per-curso do festival. Quando não se tem cão, caça-se com gato”.
Uma das soluções encontradas foi a
criação de “uma espécie de bolsa de alo-jamento” garantida por vários colabora-dores do festival, “quer colegas nossos da Câmara de Beja, quer pessoas exteriores ao próprio município”, permitindo aos au-tores ficar acomodados a custo zero. “Uma ideia que todos acharam fantástica”, ex-plica o responsável, referindo ainda o in-sólito do jantar de boas vindas agendado para amanhã, sábado, nas arcadas exte-riores da Casa da Cultura, que será pago pelos próprios interessados e para o qual, curiosamente, já há 80 inscrições. A se-guir, há serão com o espetáculo “Modas Campaniças e outras Músicas”, pela dupla bejense Paulo Colaço e Zé Emídio, e uma programação que se estende até às qua-tro da madrugada. “É uma vaidade nossa mas é um facto que este é o festival de BD do País de que as pessoas gostam mais, pela sua atmosfera familiar, pelo que faz sentido esta informalidade. Então, deci-dimos agarrar um pouco nas caracterís-ticas da própria região, os petiscos, as mo-das, e não fazer uma coisa igual ao que se faz em Lisboa, Paris ou em qualquer outra grande cidade, onde tudo é igual”.
Quanto às exposições, mantém-se o mesmo critério do “equilíbrio” entre a componente alternativa e a mais comer-cial ou mainstream. “Somos um festival de banda desenhada, com todos os tipos de BD, desde os super-heróis até ao autor mais deprimido”, declara Paulo Monteiro, cons-ciente da inevitável descida do número de visitantes – o ano passado foram mais de oito mil – perdido o isco dos grandes auto-res estrangeiros. De futuro, há a esperança de “encontrar outras parcerias e apoios, uma vez que a troika veio mesmo para fi-car”, conclui Paulo Monteiro.
06 O Coro de Câmara de Beja organiza este domingo, a partir
das 17 horas, no Pax Julia, o XXIV Encontro de Coros de
Beja. Participam nesta edição o Coral Vila Forte (Porto de
Mós), Coro Ninfas Lis (Leiria), Grupo Coral de Tancos e o
agrupamento anfitrião, o Coro de Câmara de Beja. A entrada
no espetáculo é livre e tem o apoio do município bejense.
Encontrode Coros
de Bejano domingo
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Amigos do concelho de Odemira juntam-se em Lisboa O Núcleo de Amigos do Concelho de Odemira celebra o seu 23.º aniversário com um almoço convívio, na Casa do Alentejo, em Lisboa. O encontro está marcado para o dia 2 de junho e será animado pelo Grupo Coral de Odemira.
Do alternativoao mainstream
Dos autores mais alternativos, como Pepedelrey, até Eliseu Gouveia, que trabalha para o
mercado norte-americano; dos galar-doados, como Maria João Worm, que conquistou recentemente o Prémio Nacional de Ilustração, até aos nomes que começam agora a emergir na área, os casos de Carla Rodrigues e Diogo Carvalho, passando pelo brasileiro Júlio Shimamoto, conhecido como o “samurai dos quadrinhos”. O Festival Internacional de BD de Beja volta a apostar numa oferta eclética, tra-zendo este ano para a ribalta, pela pri-meira vez, o trabalho de um argumen-tista de BD, no caso André Oliveira. Quanto às exposições coletivas, além da que reúne originais e serigrafias da Bedeteca de Beja, merecem visitas obrigatórias “Corto Maltese no século XXI”, com a contribuição de 43 auto-res, na maioria portugueses, que se inspiraram na personagem de Hugo Pratt, e “Traços Comuns”, um con-junto de originais dos mais destaca-dos autores da BD mundial (Alberto Breccia, Dave McKean ou Harold Foster, que desenhou Tarzan) da cole-ção de Domingos Isabelinho.
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Compromissos cegos
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João Ramos preocupado com Museu de Beja João Ramos questionou esta semana a Secretaria de Estado da Cultura sobre o atual estado do Museu Regional de Beja. O deputado eleito pela CDU, que visitou o Museu na passada sexta-feira, pretende saber se o Governo está ao corrente das reais necessidades de manutenção quer do Convento Nossa senhora da Conceição, quer da Igreja de Santo Amaro, onde funciona o Núcleo Visigótico. E se está prevista alguma intervenção imediata para solucionar os problemas de infiltrações e a manutenção em geral destes equipamentos.
Talegos e aventais tradicionais do Alentejo, peças feitas de retalhos de panos e ligadas às tradições da
gastronomia alentejana, vão poder ser apreciados na 2.ª Feira do Talego e Avental, que decorre hoje,
sexta-feira, em Ferreira do Alentejo. A feira, promovida pela Junta de Freguesia de Ferreira do Alentejo
no âmbito do projeto de animação de idosos, vai decorrer na praça Comendador Infante Passanha,
a partir das 19 horas. O programa da feira inclui também uma peça de teatro, o desfile “O talego e
o avental na passerelle”, a atuação do grupo Ventos Alentejanos e uma mostra gastronómica.
Talegose aventais
tradicionais em Ferreira do Alentejo
Hélder Guerreiroavança com“Afirmar o Baixo Alentejo”A moção “Afirmar o Baixo Alentejo”,
apresentada por Hélder Guerreiro,
candidato à presidência da Federação
Regional do Baixo Alentejo do Partido
Socialista, aos militantes, propõe,
entre outras ideias, “a concretização
de um protocolo de colaboração com a
federação de Setúbal para participação
politica das concelhias PS do Litoral
no desenho do Baixo Alentejo; a
realização de um encontro bimestral
entre os 18 presidentes de câmara e
vereadores na oposição do PS do Baixo
Alentejo, para coordenação da ação
politica autárquica; a construção de
protocolos de trabalho conjunto entre
as comunidades intermunicipais do
Baixo Alentejo (Cimal e Cimbal);
e a construção de um conselho de
cooperação (representantes de toda
a sociedade civil do Baixo Alentejo)
de pilotagem do Baixo Alentejo com
uma agenda semestral de reuniões
que permitam construir sinergias de
atuação regional, que potenciem o
desenvolvimento da região e crie nos
parceiros sociais o reconhecimento, que
o Partido Socialista, é uma organização
credível”.
Pedro do Carmoapresentamoção aos militantes
Pedro do Carmo, candidato à
presidência da Federação Regional do
Baixo Alentejo do Partido Socialista,
iniciou ontem, quinta-feira, a segunda
ronda de reuniões nas secções do PS,
para apresentar a moção de orientação
política “Força PS! Somos o Baixo
Alentejo!”, que “resultou da opinião
e dos contributos dos militantes”. Em
nota de imprensa pode ler-se que “a
apresentação da moção aos militantes
é o cumprimento de uma promessa do
candidato, que defende o envolvimento
de todos na construção de um projeto
político de modernidade para a
federação, a favor do PS e da região”.
Entre as ideias gerais da moção “estão
a modernização da organização da
federação, a criação do fórum da
governação para o Baixo Alentejo e da
agenda do Baixo Alentejo, visando o
estímulo à participação dos militantes
e simpatizantes socialistas, bem
como da sociedade civil”. As reuniões
decorrem nas 16 estruturas locais
do PS entre até ao dia 14 de junho,
realizando-se as eleições diretas para
a eleição do presidente da federação e
candidatos a delegados no dia seguinte,
15. O congresso terá lugar no dia 1 de
julho.
Manuel NarraPresidente da Câmara de Vidigueira
“Até salários podem estar em causa”
“Se levarmos à risca a Lei dos Compromissos vai chegar uma al-
tura em que não haverá dinheiro nem para pagar gasóleo, e, em última análise, até os salários dos funcionários poderão estar em causa”. É assim que Manuel Narra, pre-sidente da Câmara de Vidigueira, antevê o futuro se o Governo não recuar.
Atualmente, o concelho de Vidigueira tem obras a decorrer no valor de 1,5 mi-lhões de euros suportadas em grande parte por fundos comunitários. “Basta um grão de areia” no processo de transferên-cia das verbas nos meandros da burocra-cia “para os pagamentos aos fornecedores atrasarem”, diz Manuel Narra. “Como a economia não está a funcionar” os forne-cedores, sem possibilidade de se financia-rem, começam a “ameaçar com a paragem das obras”, o que pode levar a situações complicadas.
O presidente da autarquia de Vidigueira promete “estar na linha da frente” na luta contra a lei e, se for caso disso, irá “violar a lei” e arriscar-se “a ir parar à cadeia”, de forma a não paralisar a vida do município, promete.
A Lei dos Compromissos, pensada para disciplinar as despesas e os pa-gamentos em atraso das entidades públicas em geral, apanhou os mu-nicípios por tabela. Os autarcas, em uníssono, protestam de norte a sul do País, reclamando e exigindo que a re-gulamentação do diploma, aprovado no dia 21 de fevereiro, tenha em conta a especificidade do Poder Local.
Texto Aníbal Fernandes
A A s so c i aç ão Nac iona l dos Municípios Portugueses (ANMP) reuniu-se com o ministro das
Finanças Vítor Gaspar, mas do encontro apenas saiu a criação de uma comissão técnica para avaliar que medidas podem ser tomadas para defender a sustentabili-
dade financeira das autarquias. A ANMP, que lembra que o total da dí-
vida dos municípios apenas corresponde a quatro por cento do total da dívida do Estado, diz que a Lei dos Compromissos é “claramente limitativa da autonomia ad-ministrativa e financeira dos municípios”, e o seu vice-presidente, Rui Soalheiro, afir-mou que “não é possível aplica-la à gestão das autarquias”.
Entre os autarcas que o “Diário do Alentejo” ouviu, a recusa da lei é unânime, bem como a perceção de que a sua aplica-ção poderá levar os municípios à parali-sia, com obras suspensas e serviços como os transportes e as refeições escolares afetados.
À hora do fecho desta edição, a comis-são que, para além da ANMP, integra téc-nicos dos ministérios das Finanças e dos
Assuntos Parlamentares e das secretarias de Estado do Orçamento, Assuntos Fiscais e Administração Local, encontrava-se reu-nida em Lisboa, numa sessão de traba-lho de onde devem sair propostas não só sobre a Lei dos Compromissos, mas tam-bém sobre pretensão de o Governo reter cinco por cento das receitas provenientes do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) e sobre o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), cuja execução se encon-tra suspensa.
O que os autarcas pretendem é que, à semelhança dos hospitais e das universi-dades, o Governo abra uma exceção para as autarquias, caso contrário as câma-ras deixarão de ter dinheiro “para pa-gar o gasóleo, e, em última análise, até os salários dos funcionários poderão es-tar em causa”.
Jorge RosaPresidente da Câmara de Mértola
“Uma asneirada tremenda”
A Lei dos Compromissos é “uma asneira tremenda. É irreal e não tem aplica-
bilidade”, diz Jorge Rosa, presidente da Câmara de Mértola. O autarca lembra que a lei foi feita para disciplinar os gastos de organismos que não os municípios, que acabam por levar por tabela com constran-gimentos que podem pôr em causa servi-ços básicos como “as refeições, os trans-portes escolares e os apoios sociais”.
Rosa lembra que o município que pre-side está a fazer “pagamentos a fornece-dores à volta de 35 dias e a dívida de longo prazo está dentro dos limites aceitáveis”.
No entanto, se o Governo não recuar a situação tenderá a “complicar-se cada vez mais”. O autarca pediu aos serviços finan-ceiros do município para anteciparem o cenário, e, apesar de o estudo não estar ter-minado, tudo leva a crer que no segundo semestre de 2013 a situação possa ser in-sustentável. “Ou há uma remodelação da lei ou o Poder Local vai passar mal”, conclui.
João PenetraPresidente da Câmara de Alvito
“Uma leiperversa”
Em Alvito, a obra de reparação da es-trada municipal que liga Vila Nova de
Baronia a Viana do Alentejo é uma das ví-timas da Lei do Compromisso. Segundo disse ao “Diário do Alentejo” João Penetra, presidente do município, os trabalhos já não vão avançar, por culpa de uma lei “perversa e paralisante da atividade das autarquias”.
O autarca alvitense diz que estão “a fa-zer todos os esforços para cumprir a lei”, mas que tal acarreta “prejuízos enormes para as populações”, afirma, explicando que com estas regras podem ficar inviabi-lizadas as candidaturas ao QREN.
O município do Alvito, com “uma ges-tão financeira apertada e sem dívidas de curto prazo”, fica assim constrangido a “juntar primeiro as verbas e só depois rea-lizar alguma obra ou evento”, lamenta.
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Instituições da região reúnem-se no Nerbe
Beja é a melhor alternativa à Portela
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O aeroporto de Beja “cons-titui a melhor alterna-tiva” para complemen-
tar os serviços aeroportuários de Lisboa. Foi esta a principal con-clusão de uma reunião promovida esta semana por nove instituições do Alentejo. Um encontro que de-correu em Beja, na sede do Nerbe//Aebal, e onde foi decidido reali-zar uma conferência para apresen-tar “experiências interessantes que aconteceram noutros países com aeroportos do tipo e da dimensão do aeroporto de Beja”, referiu José
Maria Pós-de-Mina, presidente da Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral (Ambaal).
O autarca de Moura sublinhou ainda a necessidade de “convencer o Governo, a sociedade em geral, as empresas e os investidores de que o aeroporto de Beja é impor-tante, não só para a região, mas sobretudo para o País”. Pós-de --Mina acredita que cabe agora ao grupo de trabalho que irá definir soluções para o aeroporto de Beja “passar das palavras às ações”. As nove instituições que se reuniram
em torno do aeroporto esperam que a escola de pilotos que a Coreia do Sul prevê instalar na Base Aérea n.º 11 não “entre em conflito” com o projeto civil, nem venha a “pre-judicar a valorização do potencial do aeroporto de Beja”.
Além do Nerbe/Aebal e da Ambaal, o encontro juntou a Turismo Alentejo, a Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, O Instituto Politécnico e a Câmara de Beja, a Associação do Comércio, Serviços e Turismo do Distrito de Beja, a Federação
das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo e a ACOS – Agricultores do Sul.
Entretanto, na passada terça - -feira, foi suspensa a assembleia-ge-ral que supostamente iria extinguir a Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja. A suspensão foi reclamada pelo acionista maioritá-rio, o Estado, com votos contra da Ambaal e do Nerbe que responsa-bilizam o acionista Estado “por to-das as consequências deste novo adiamento do processo de liquida-ção da empresa”.
Serpa descobre o Guadiana em canoa
A Câmara Municipal de Serpa
promove este ano, pela primeira
vez, o programa “Rota das
Azenhas”, que inclui quatro
viagens fluviais em canoa para
descobrir o rio Guadiana e
as paisagens do concelho. A
primeira viagem da rota vai
decorrer no domingo, entre
Brinches (Moinhos Velhos) e
Serpa (Moinho da Misericórdia),
e as restantes três irão realizar-se
a 17 de junho e a 16 e 30 de
setembro. Cada viagem fluvial
da rota, com um nível técnico
e físico de grau 2 e limitada
a 25 participantes, durará
cerca de três horas e passará
pelos vales e pelas gargantas
lendárias do “Grande Rio do
Sul”, com as planícies longínquas
da região no horizonte.
Cumpre-se hoje, sexta-feira, o segundo dia das I Jornadas Ibéricas sobre
o Olival Tradicional, a decorrer desde ontem em Vila Verde de Ficalho. A
iniciativa é da responsabilidade da Rota do Guadiana, em colaboração com o
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e a junta de freguesia
daquela localidade. As jornadas contam também com a participação de
investigadores e agentes económicos da vizinha Andaluzia (Espanha).
Campanha de recolha de alimentos no fim de semana O Banco Alimentar Contra a Fome de Beja promove este fim de semana, dias 26 e 27, mais uma campanha de recolha de alimentos nas superfícies co-merciais de todos os concelhos do distrito. A ação mobiliza a nível distrital, segundo os responsáveis, 1 700 voluntários “que, através da sua dedicação, possibilitam melhores condições de vida a cerca de 2 800 pessoas através das 32 instituições beneficiárias em todo o distrito”.
I Jornadas Ibéricas
sobre olival tradicional
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Câmara de Beja “quase em dia” com os Bombeiros de Beja A Câmara Municipal de Beja já pagou aos Bombeiros Voluntários de Beja os 25 mil euros em atraso, e, este mês, liqui-dou os dois primeiros duodécimos dos 90 mil euros contratualizados para 2012, disse ao “Diário do Alentejo” o presidente dos Bombeiros Voluntários de Beja. “Se a faturação se mantiver vamos con-seguir manter os postos de trabalho”, afirma Rodeia Machado, ressalvando que, a ir para frente a in-tenção do Governo para os transportes de doentes não urgentes, a situação pode “complicar-se”.
Várias instituições do concelho de Beja, num total
de cerca de uma centena de voluntários, organizam
amanhã, no parque de merendas de Beja, um piquenique
para cerca de 400 idosos. O programa matinal inclui
aulas de ginástica e jogos tradicionais. Já o almoço é
o resultado de um concurso para a melhor feijoada
alentejana que por ali se confecionar. Para rematar a
digestão está programado um espetáculo musical com os
Adiafa, Trigo Limpo, Trigo Limpinho e Em Tons de Fado.
Uma iniciativa coletiva sob o mote “um dia florido”
para assinalar o Ano Europeu do Envelhecimento
Ativo e da Solidariedade Entre Gerações.
Piquenique para os idosos
do concelho de Beja
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Comemora-se este fim de se-mana, em Vila do Conde, o Dia do Bombeiro Português. Mas a data não é de festa. Para os soldados da paz é “iminente o colapso” das associações de bombeiros, muito por culpa das novas regras que o Ministério da Saúde quer impor para o transporte de doen-tes não urgentes.
Texto Aníbal Fernandes
“Indignação”. É com esta pa-lavra que Rodeia Machado, presidente da Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Beja e membro da
direção da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), define o senti-mento resultante do “Governo ter deixado de reconhecer os bombeiros como parceiro essencial” nos mais de 30 anos do Serviço Nacional de Saúde.
Sábado passado, em Fátima, a LBP reuniu-se com as federações dis-tritais para discutir o novo regime de transporte de doentes não urgentes, e o seu presidente, Jaime Marta Soares, disse à Lusa que equacionam “aban-donar totalmente” este serviço pres-tado às populações.
Na base desta posição está a deci-são do Ministério da Saúde de abrir esta atividade a “viaturas simples
– tipo low cost – sem necessidade de lugar para cadeiras de rodas, sem ní-veis de desinfeção exigidos aos carros dos bombeiros, e operados por moto-ristas sem a qualificação exigida aos soldados da paz e que não correspon-dem aos mínimos aceitáveis”, expli-cou ao “Diário do Alentejo” Rodeia Machado.
O presidente dos Bombeiros Voluntários de Beja (BVB) acres-centou que, a juntar a esta questão, o ministério exige que a partir do próximo ano os bombeiros sejam obrigados a concorrer a um concurso público, apesar da Liga “ter apresen-tado um estudo que mostra tal não ser necessário”, à semelhança do que
acontece com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses.
Este procedimento poderá levar, a curto prazo, “à degradação e falência das associações de corpos de bombei-ros”, avisa Jaime Soares, adiantando que “para que as populações não fi-quem ao abandono” vão procurar “formas de sustentabilidade”, mas teme que o colapso seja “iminente” e ponha em causa todos os outros ser-viços prestados pelas corporações.
Neste momento, as verbas arreca-dadas pelas associações com o trans-porte de doentes permitem que os efetivos ligados ao setor da saúde também atuem noutras áreas, nome-adamente no combate a incêndios,
mas o concurso público vai baixar os preços pelos serviços prestados e acentuar as assimetrias regionais.
É quase certo que os privados apenas concorrerão ao “ filet mig-non” nos grandes centros urbanos, e deixarão as zonas rurais “defici-tárias” e o interior para as corpora-ções dos bombeiros, prevê Rodeia Machado.
A portaria, publicada esta se-mana em “Diário da República”, para regular o transporte de doentes não urgentes, abre a atividade a “veícu-los de transporte simples de doentes” (VTSD) a par das ambulâncias, mas tal terá de ser justificado pelo médico assistente.
Dia do Bombeiro Português comemora-se este fim de semana
Transporte de doentes de novo em causa
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Espetáculo na Pedreira do Plano
Centenário do Turismo em Aljustrel
Aljustrel acolhe, amanhã, o encer-ramento das comemorações do Centenário do Turismo em Portugal. A festa será grande e, entre outras ini-ciativas, destaque para o Espetáculo das Minas – Raiz Alentejana, que conta com a participação de António Zambujo, Vi torino, Ana Vieira, Francisco Naia, Nova Aurora e Luís Saturnino.
Texto Bruna Soares
Aljustrel foi o concelho escolhido a nível nacional para receber o en-cerramento das comemorações
do Centenário do Turismo em Portugal e a festa, essa, acontece já amanhã, sábado, com um espetáculo musical, um desfile de grupos corais, uma conferência e muita gastronomia.
“Justifica-se a opção pelo crescimento in-teressante dos níveis de investimento turís-tico e de procura na região alentejana e pelo facto de Aljustrel ter um património humano e físico de grande potencial para o turismo e o desenvolvimento”, explica ao “Diário do Alentejo” Jorge Mangorrinha, presidente da Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal, lembrando ainda que esta terra “foi o berço de Brito Camacho, o ministro que pela primeira vez em Portugal teve a pasta do turismo”.
Recorde-se que o município de Aljustrel entrou na corrida desde a primeira hora, can-didatando-se a receber o encerramento das comemorações, contando com a parceria da Entidade Regional de Turismo do Alentejo.
“A vontade de colaboração da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e da Câmara Municipal de Aljustrel deram a maior confiança à Comissão Nacional. É verdade que havia interesse por parte da cidade do Porto em realizar esta festa. A Comissão Nacional colocou a hipótese de se efetivar uma festa polinucleada, apesar de considerar a proposta do Alentejo mais singular. A Câmara Municipal do Porto entendeu, então, apoiar o programa defen-dido pela Câmara Municipal de Aljustrel e pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo. Cremos que foi uma atitude inte-ressante”, afirma Jorge Mangorrinha.
Em Aljustrel rematam-se, agora, os úl-timos pormenores. A vila está a prepa-rar-se a rigor para receber o evento, até porque, como explica Nelson Brito, presi-dente da Câmara Municipal de Aljustrel,
“trata-se de um evento de nível nacional com enorme significado”. “Esta é uma ini-ciativa que nos honra”, considera.
Para o autarca, “esta distinção vem pre-miar o esforço e empenho do município e dos seus parceiros”, diz, lembrando que no concelho estão a desenvolver-se vários projetos turísticos, nomeadamente um ho-tel de cinco estrelas, em fase de análise de candidatura ao Turismo de Portugal, um hotel de três estrelas, em construção, e vá-rios projetos de turismo rural, sendo que um deles será inaugurado precisamente no dia 26. O autarca recorda ainda o projeto de um parque de campismo, entre outros.
“Esta espetacular dinâmica articula-se com a estratégia do município de Aljustrel, que tem trabalhado em estreita sinergia com os vários agentes públicos e privados do se-tor do turismo, de forma a tirar proveito do impar património mineiro, ambiental, ar-quitetónico e cultural que caracteriza o con-celho de Aljustrel”, garante Nelson Brito.
Amanhã, sábado, a festa será grande e o destaque, esse, vai para o Espetáculo das Minas – Raiz Alentejana, em pleno par-que mineiro, na Pedreira do Plano, pelas 21 horas. António Zambujo, Vitorino, Ana Vieira, Francisco Naia, Nova Aurora e Luís Saturnino abrilhantarão a festa.
Mas o programa é vasto e durante o dia terá lugar ainda a cerimónia de abertura, um desfile de grupos corais alentejanos, uma conferência e um show cooking e de-gustação de vinhos do Alentejo.
A Entidade Regional de Turismo do Alentejo (ERT) é parceira da iniciativa e, segundo Ceia da Silva, presidente da ERT, “este é um evento que prestigia e digni-fica o Alentejo”. “Marca e ficará registado, como se costuma dizer, de forma dou-rada. Não é qualquer região que acolhe um evento deste género. É o reconhecimento do trabalho que tem sido desenvolvido por todos, agentes públicos e privados”, consi-dera Ceia da Silva, garantindo que toda a candidatura foi gerida com muito “empe-nho” e “disponibilidade”.
“Aljustrel é uma terra fantástica, que tem um património riquíssimo e um grande potencial de crescimento e desen-volvimento. É a terra de Brito Camacho e faz todo o sentido que estas comemorações tão importantes para o setor terminem neste concelho. Este encerramento tem um simbolismo muito grande e ficará na me-mória”, concluí o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo.
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Maias, a festa da primavera
Depois de um tempo cinzento, triste e depres-sivo, voltou o sol, cheio de uma luz que preen-che todos os espaços do campo, do corpo e, até, da alma. Renasce a luz tão importante para os olhos como para alimentar o riso que, agora, aparece rasgado nos rostos de todos. A luz e o corpo tornam-se uma fonte de vida fundamen-tal para continuar a olhá-la com esperança, com vontade de brincar e jogar às mais pequenas fe-licidades quotidianas da vida.
A luminosidade, que a primavera traz, consegue fazer sorrir até as mais tristo-nhas pessoas, que continuamente pensam que tudo nas suas vidas é um pesadelo. A luz, que nós no Alentejo temos para comer e vender, é a criadora de todas as co-res que as flores têm e que atapetam os corpos. Os malmequeres, as papoilas, os lí-rios, são o fruto de uma relação amorosa da luz e do calor do sol com a terra... o ger-minar de toda a vida.
Talvez por esta razão, e também seguramente por outras, os romanos e outros povos celebravam a primavera, porque daí sairia o resultado da sua futura alimenta-ção e alegria. A própria vida era uma enorme elegia aos tributos da natureza e às suas dádivas. Para a compensar e, principalmente aos próprios homens e mulheres, nada melhor do que a exaltar com grandes festas, às vezes mesmo umas loucas festas, que fariam corar a própria natureza desabrochada.
As Maias nascem dessa grande louvor à primavera, porque esta se realiza verda-deiramente quando o manto de cores cobre os campos e os trigos enchem as suas ca-beças com os cereais. Maio. A abertura do mês inaugurava o início das festividades em Roma, porque são as romanas que nos ligam umbilical e culturalmente.
Talvez não seja por acaso que a última povoação a celebrá-la seja a cidade de Beja, já que tem uma tradição agrícola genética, que atravessa todas as gerações, de alguns milhares de anos.
Uma tradição de dois mil anos a festejar as Maias... acabar com ela seria mais um crime de lesa património, lesa pátria, lesa cultura, lesa... Talvez por esta razão, há uns anos a adpBEJA revigorou a tradição organizando concursos de Maias, tendo tido junto das escolas, ruas, pessoas, um enorme sucesso, porque todas sentiam na alma cultural essas pequenas criaturas, crianças, que sentadas num trono brando pediam um tostãozinho para a Maia que não tem saia.
Todos, os mais velhinhos, se lembram de encontrar, nas esquinas das ruas mais movimentadas, uma criança sentada numa cadeira pequena, toda enfeitada com grinaldas de malmequeres e outras flores silvestres, com um pano branco a cobrir como se fosse um vestido rico.
O branco da pureza e virgindade. As flores simbolizando a elegia à primavera e à natureza, o pequeno cesto da fortuna e, por trás, um trono com duas folhas de pal-meira cruzada, associadas à noção de fecundidade.
É evidente que estas já não são as festas romanas, aquelas descaradas que até o grande imperador Augusto teve, numa política moralista, que controlar, porque, se-gundo parece, aquilo era um pedacinho demais para o bom ambiente social/sexual.
Em Portugal chegou a haver legislação, no século XIV, que só permitia às fran-jas marginais, isto é aos não cristãos, de as fazer, pois, mesmo aí, crê-se que as coisas eram também um pouco abusivas.
Às vezes vale a pena perguntarmo-nos como pode uma festa, como estas Maias, sobreviver dois mil anos, muito embora mudem figurinos e atores e, de repente, pa-rece abandonar o palco, não porque sejamos indiferentes a ela, mas porque parece sair de um pensamento do deixar ir e que se “lixe”, como se os traços que compõem o nosso rosto não interessassem a ninguém e que nada nos afeta culturalmente, por-que a barriga não come cultura.
Que coisa mais bizarra esta. Deixar morrer mais uma coisa que só nós temos, que nós festejamos, que pode ser utilizado pela família e pela escola pedagogicamente. Ai, se a Bona Dea ou Maia cá aparecesse de novo deveria dar bons recados a esta gente pacensia ou bejense, como queiram.
Protestamos pelo comboio, pelo aeroporto, pelo preço do feijão, pela imperial – que está cara e não é acompanhada de alcagoitas – e elimina-se do calendário a festa mais antiga do País, as Maias. Boa!
Florival Baiôa Monteiro
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António Zambujo Ana Vieira
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Às terças-feiras um grupo de cinco alu-nas reúne-se na sala de informática da Escola Mário Beirão para analisar a atua-lidade “social e cultural” bejense e aí reti-rar temas para reportagens e entrevistas. É a jovem e entusiasta equipa de redato-ras de “O Pião”, que teve na última Ovibeja a sua primeira prova de fogo e elege como grande causa do momento a defesa do Museu Regional de Beja.
Texto Carla Ferreira Fotos José Ferrolho
Em vésperas do concerto com António Zambujo, no Teatro Pax Julia, e das co-memorações do Dia Internacional dos
Museus na cidade de Beja, há muito que fazer na redação de “O Pião”. Adriana e Alexandra já alinharam no papel as perguntas que hão de fa-zer ao fadista bejense umas horas antes de este subir ao palco, tal como combinado previa-mente. As restantes dividem-se entre as pes-quisas para uma conversa com elementos da equipa do Museu Regional de Beja e o traba-lho de pôr por escrito o que lhes contou ao gra-vador Pedro Jonas, jovem músico local e antigo aluno da Escola Mário Beirão. Um ex-colega, portanto.
É às terças-feiras que o núcleo duro do Clube de Jornalismo da escola bejense se reúne para duas horas de intenso trabalho. Um projeto que foi encetado no início do ano letivo e através do qual o velho “O Pião” em papel, ainda dos tem-pos do “ciclo” pré-fabricado, chegou à moderni-dade em formato de blogue (mb-clubedejorna-lismo.blogspot.pt), neste momento já com perto de 2 000 visitas registadas.
Ana Albuquerque, uma lisboeta que che-gou a Beja há oito anos para ensinar Língua Portuguesa em Beja, é a professora responsá-vel. Mas, antes de mais, “uma grande amiga e conselheira”, concordam as cinco aprendi-zes de jornalistas. E foi aí que tudo começou. Com saídas informais para ver concertos, vi-sitar museus, conhecer um pouco mais sobre a história da cidade onde vivem. “Comecei a perceber que a maior parte delas não conhe-cia aquilo que existia em Beja. Nunca tinham entrado no Museu Regional, não conheciam sequer a existência da Bedeteca e eu achei que era exatamente por aí que deveríamos come-çar, aproveitando o interesse particular que demonstram pela língua portuguesa e pe-las manifestações culturais, principalmente pela música, que é algo que me toca também
Jornal escolar, da bejense Mário Beirão, conquista alunos para o jornalismo
O melhor de Bejanas páginas de “O Pião”
a mim particularmente”, lembra a docente.Desde então, Adriana Neves, Beatriz
Cardoso, Ana Eufrásio, Alexandra Matos e, mais recentemente, Joana Dourado, têm an-dado numa roda-viva de pesquisas, reportagens e entrevistas, com a missão de acompanhar a par e passo a atualidade bejense e de dar visibi-lidade ao seu património e eventos. “Acho que é importante que as pessoas que moram nesta ci-dade conheçam a sua história, saibam como ela já foi, tenham conhecimento sobre o sítio onde vivem”, defende Beatriz, com a mesma alegria e desinibição com que falou com as fãs de Tony Carreira em júbilo no concerto que o cantor le-vou à última edição da Ovibeja. A grande feira do sul foi, aliás, a primeira prova de fogo da jo-vem redação que por lá esteve em permanência, todos os dias entre as quatro da tarde e a uma da manhã. Dois exclusivos com os cabeças de cartaz, Aurea e Tony Carreira, entrevistas com alguns profissionais do jornalismo reunidos no gabinete de imprensa da feira, a experiên-cia de estar nos bastidores de um direto no estú-dio móvel da rádio Voz da Planície, entre outros “furos” jornalísticos. Cinco dias vertiginosos que “as obrigou a um trabalho mais intenso, para elas perceberem esta dinâmica de ter que entrevistar e passar a entrevista, às vezes num curto espaço de tempo, com algum stress, por-que nos tínhamos comprometido que ia ser as-sim, perante a escola e o resto da comunidade”, lembra Ana Albuquerque.
Mas “O Pião” é também um jornal de cau-sas “sociais e culturais”. Assim como contri-buiu para divulgar as iniciativas do movi-mento “Beja Merece”, em defesa das ligações ferroviárias diretas entre a cidade alentejana e a capital do País, está agora empenhado em “apelar para que as pessoas tenham consci-ência do que a perda de um museu como o de Beja pode significar para a cidade”, subli-nha Ana Albuquerque. Uma missão que terá continuidade certamente mas, “com muita pena” da professora, já não com a partici-pação da redação maravilha, que está a um passo de deixar para trás o 9.º ano e a Escola Básica Integrada Mário Beirão. Para o ano, “O Pião” terá outra equipa a começar do zero e as cinco redatoras estarão, cada uma delas, a trilhar o seu próprio caminho. Beatriz não tem dúvidas: “Vou para Humanidades e de-pois espero seguir jornalismo. O sonho da minha mãe é ver-me a apresentar o ‘Jornal da Noite’. E acho que também é uma coisa que sempre quis. Gosto muito de televisão e sou
das poucas pessoas da minha idade que gosta de ver telejornais”.
Adriana tem um leque mais vasto de opções. Gosta de escrever, como a “Bia”, mas também tem a paixão da música, do canto, que partilha com a colega Alexandra. No entanto, confessa, a rir: “Acho que vou enveredar mesmo pelas Ciências. Quero ser médica legista. Os mortos ao menos não se vão queixar de mim”. Mais tímida e “envergonhada” que as amigas, Ana teme que isso a possa prejudicar como jornalista. O plano é “ir para Humanidades para mais tarde seguir te-atro porque aí consigo desinibir-me mais”. Esse é também o sonho de Alexandra – a música pri-meiro, o teatro depois – e o jornalismo, admite, é para já uma forma de “ir conhecendo artistas para saber um pouco mais sobre o que eles fa-zem”. Joana, por seu turno, “ainda” não sabe o que quer mas entretanto vai cultivando interes-ses. Pelo teatro e também pelo jornalismo, por-que “gosto de ler”, confessa.
Antes de dizerem adeus à redação de “O Pião”, as cinco repórteres preparam-se para acompanhar a jornada de montagem do Festival Internacional de BD de Beja, que ar-ranca amanhã, sábado, na Casa da Cultura, e, por último, terão como missão a cobertura do seu próprio baile de finalistas, no início de ju-nho. Mas o “adeus” será mais um “até logo”, prometem. “Eu vou para o liceu mas não quero deixar de estar presente num clube tão interes-sante como este”, garante Beatriz.
A Ovibeja foi a primeira prova de fogo: dois exclusivos com os cabeças de cartaz, Aurea e Tony Carreira, entrevistas com alguns profissionais do jornalismo reunidos no gabinete de imprensa da feira, a experiência de estar nos bastidores de um direto no estúdio móvel da rádio Voz da Planície, entre outros “furos” jornalísticos.
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Banda bejense tem novo álbum
O “Doce Lar” dos Virgem SutaO
s Virgem Suta encontraram o seu “Doce Lar”. É este o nome do novo ál-bum da banda bejense, que surge de-
pois de muitos quilómetros, muitas horas na estrada e vários concertos na bagagem. É, por isso, “um disco que acaba por surgir entre via-gens”, como explica Jorge Benvinda, um dos elementos da dupla que extravasou as frontei-ras da região.
Este é o segundo disco dos Virgem Suta, de-pois do álbum de estreia, que contava em 12 le-tras originais estórias quotidianas. “Neste es-paço de tempo conhecemos e tivemos contacto com muita gente. Vimos e conhecemos muita coisa, muitos modos de vida, muitas formas de estar. Tivemos uma visão mais ampla da nossa sociedade e isso mexeu connosco”, explica Jorge Benvinda. Enquanto Nuno Figueiredo, o ou-tro elemento da dupla criativa, completa: “Os últimos anos, após a edição do nosso disco de estreia, fizeram-nos crescer bastante. Foram muitos concertos, muitas viagens. Conhecemos tanta gente, tantos modos de vida diferentes da-quele que levávamos até então, que, inevitavel-mente, nos fizeram mudar, e ver o mundo e a música de outro modo”.
No entanto, as vivências antigas, aquelas que lhes estão entranhadas no corpo, na me-mória e no seu modo de estar também trans-parecem neste novo álbum. “As historietas fa-zem parte de nós, da nossa maneira de ver as coisas. E, tal como no primeiro disco, também
não as quisemos por de lado. São intrínsecas”, diz Jorge Benvinda.
Uma coisa é certa, para os Virgem Suta, este disco é o resultado de “muito trabalho, muita dedicação e empenho”. “Colocamos sempre o melhor de nós em tudo o que faze-mos. Precisávamos de fazer este disco e dedicá-mos-lhe muito tempo”, avança Jorge Benvinda. Nuno Figueiredo, por sua vez, considera: “O novo disco parece-nos algo mais maduro. Uma visão da vida e do mundo mais ampla, mais contemplativa e, do ponto de vista musical, essa evolução também aconteceu”. E, neste sentido,
não tem dúvidas: “Atualmente tocamos melhor do que há três anos e temos uma visão da mú-sica que queremos bem mais coerente e mais determinada”.
Mas, afinal, o que representa este “Doce Lar”? “O nome surge da constatação de que a maioria das músicas apontam para um ideal a alcançar pelo narrador. A procura da sua zona de conforto, que tanto pode ser o lar, como o beijo da pessoa amada, ou um vão de escada”, diz Nuno Figueiredo. “Este é um disco que fala de diferentes modos de vida. De como cada um pode alcançar a sua felicidade, e à sua maneira”, completa Jorge Benvinda.
E felicidade é algo que os acompanha há muito. “Nós somos felizes a fazer isto e é isto que queremos continuar a fazer”, diz Jorge Benvinda. “É essa felicidade que levamos e que-remos continuar a levar para os concertos. Até agora, a reações a este disco têm sido muito boas e, para já, as expetativas são elevadas. Temos a perfeita noção que as coisas podem correr muito bem, mas que também pode cor-rer mal. Mas este é o disco que nós quisemos fa-zer. Tem as músicas que achámos que eram as melhores de todas as que tínhamos. É esperar para ver”, conclui o músico.
“O feedback que temos tido do público tem sido muito bom, mas a prova de fogo vai ser ao vivo e aí acredito mesmo que vamos su-perá-la bem”, diz Nuno Figueiredo, até porque já o mostraram em Mértola e o resultado não
Campos de férias em Alvito mostram a crianças que o “património é divertido” A agricultura, a natureza, as tradições culturais e a gas-tronomia, entre outras áreas, vão dar origem a “mil e uma” atividades para entreter as crianças, dos seis aos
13 anos, no Campo de Férias Património, que arranca a 15 de julho, em Alvito. A iniciativa, que se prolonga nos meses de agosto e setembro, é promovida pela empresa Spira e pretende transmitir às crianças, de maneira di-vertida e didática, a forma de estar e de conviver, as
tradições, as atividades económicas e o património do Alentejo. Cada campo de férias dura sete dias e re-cebe, no máximo, 40 crianças de qualquer nacionali-dade, desde que falem português, inglês, francês ou espanhol.
O grupo coral Unidos do Baixo Alentejo organiza no próximo dia 2 de junho, a partir
das 15 horas, a XXV Festa Cultural Alentejana. O encontro de grupos de cantadores está
agendado para o Centro Cultural do Bom Sucesso, em Alverca do Ribatejo, e conta com
as participações dos seguintes ranchos: Os Ausentes do Alentejo (Palmela), Os Mineiros
(Aljustrel), As Papoilas (Santo Aleixo da restauração), As Douradas Espigas (Albernoa),
Os Pastores do Alentejo (Torre de Coelheiros) e Estrelas do Guadiana (Tires).
Cultura alentejana
em Alverca do Ribatejo
poderia ter sido melhor. “O povo gostou”, ga-rantem, com um sorriso.
E já são muitas as datas agendadas para no-vos espetáculos, por essa estrada fora, por esse país adentro. Aquela que foi a apresentação ofi-cial deste álbum ao vivo aconteceu na quarta- -feira, dia 23, em Lisboa, mas muitas mais da-tas se seguem, até porque os concertos é que são o seu verdadeiro “doce lar”.
“É aqui que as músicas ganham a sua ver-dadeira dimensão. O concerto que preparámos para esta digressão vai ser um misto dos dois discos. A preocupação principal é proporcionar um grande espetáculo aos espetadores. Vamos preparar nova cenografia e um alinhamento muito forte”, adianta Nuno Figueiredo.
É em palco que os Virgem Suta fazem a festa e, neste sentido, a cidade de Beja, o seu torrão natal, não poderia passar ao lado. “Queremos fazer um grande concerto em Beja. É a nossa cidade e queremos partilhar este novo álbum. Temos várias coisas em mente, que ainda estão a ser estruturadas. Não sabemos se faremos um concerto ao ar livre, na praça da República, se no Teatro Pax Julia. Estamos a ver. É um pra-zer enorme tocar em Beja, junto de quem nos conhece. Seja onde for, será, certamente, uma grande festa”, diz Jorge Benvinda.
Os Virgem Suta colecionaram canções e ideias e “Doce Lar” junta 13 temas. Depois de dois meses em estúdio, o CD já está à venda e os “Sutas” estão na estrada.
Virgem Suta, banda bejense, tem
um novo álbum. Chama-se “Doce
Lar” e foi feito entre viagens, depois
de muitas horas, partilhas e vivên-
cias. O nome pareceu-lhes perfeito,
pois esta imagem de “lar, doce lar”
e o “viveram felizes para sempre”
acompanha-os a todos, desde as
histórias da infância.
Texto Bruna Soares
“O novo discoparece-nos algo mais maduro. Uma visão da vida e do mundo mais ampla, mais contemplativa e, do ponto de vista musical, essa evolução também aconteceu”.
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Perfil
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A única cadeira do salão de barbea-ria está ocupada por um miúdo de sete anos. Leandro é o seu nome.
Quer um corte da moda, à futebolista. Por trás, uma televisão sem som passa imagens que ninguém vê. O que interessa realmente é a música. Como som de fundo, os AC/DC tocam na aparelhagem. “Highway to Hell”, um dos maiores temas da banda rock austra-liana, entoa as quatro paredes da única bar-bearia de Panoias, freguesia do concelho de Ourique.
À porta, numa tabuleta de madeira, com letras vermelhas e verdes, assinala-se: sa-lão de barbearia. Não fosse este sinal e o es-tabelecimento de João Maria Mestre passa-ria despercebido na rua de casas baixas. Ao fundo da rua, o Campo das Eiras, pelado de futebol da equipa da terra. É neste eixo, neste pequeno mundo, pequeno demais para as as-pirações de João Maria, que estão as três coi-sas que lhe guiaram o destino: a barbearia, a música e o futebol. Para além da família.
João Maria Mestre, de 52 anos, é barbeiro há 40. Por acaso ou talvez não. “Nasci dentro de uma barbearia”. O estabelecimento do pai era uma divisão da casa de infância, tal como é agora o salão de João. Se por um lado, o pai já era barbeiro, por outro, a paixão de João era o futebol. Uma paixão de infância, uma vontade que nasceu com ele, cresceu com ele e hoje, pas-sados tantos anos, ainda lhe mexe nos fios ema-ranhados das emoções, como se fossem ma-rionetas. Entretanto, e um pouco mais tarde, surgiu-lhe outra paixão arrebatadora: a música. “Hoje é difícil escolher uma. É como a música do Marco Paulo: eu tenho dois amores”.
O salão de barbearia de João Maria é uma pequena pérola a ser descoberta. A mais evi-dente particularidade é que está relacionada com a música. Na maior parte do tempo, das colunas da aparelhagem saem os sons ras-gados de guitarras elétricas, numa rocka-lhada das antigas. As duas guitarras encos-tadas à parede, uma delas cinzenta e gasta do tempo e do uso, estão ao dispor dos clien-tes e de quem quiser tocar enquanto espera pela vez para cortar o cabelo ou fazer a barba. João Maria, de camisola roxa sem mangas, calções e brinco na orelha esquerda também não tem a imagem típica de barbeiro. É mais um rockeiro que corta cabelos e barbas do que o contrário.
João Maria Mestre é um homem cujas medidas do corpo quase que são aperta-das demais para lhe conter a vontade cria-tiva. Se hoje em dia é nas barbas e nos cabe-los que trabalha, é na música que se refugia e
João Maria Mestre
O barbeiro rockerAs tesouras estão espalhadas por cima da bancada. As máquinas de cortar
cabelo também. Ao lado, pó de talco, espuma de barbear, gel para o cabelo.
Um som repetitivo, mas numa cadência própria, marca o ritmo. O corte da
tesoura, combinado com o barulho mecânico da máquina de cortar cabelo,
compõe uma verdadeira sinfonia, ritmada e afinada, de desbaste capilar.
Os espelhos e um sofá de napa castanha coçada, onde espera a clientela,
pintam o resto da tela.
Texto Marco Monteiro Cândido Fotos José Serrano
pelo futebol que suspira. Tudo começou com 11 anos, quando decidiu deixar a escola e es-teve um ano sem fazer nada. “Acha que com 11 anos queria começar a trabalhar? Mas o meu pai levou-me à certa. Não tinha di-nheiro e, cada vez que lhe pedia, ele dizia-me para trabalhar”. Foi então que, aos 12 anos, decidiu “chegar-se à tesoura”, seguindo as pi-sadas do pai ou trilhando o seu próprio ca-minho, dependendo do ponto de vista. “E ao fim de poucos meses já estava a trabalhar no Montijo”. Pouco tempo depois, voltou para casa. As saudades eram mais que muitas, o dinheiro que ganhava não era muito e no
futebol as coisas não correram tão depressa como desejava. Os oito anos seguintes fo-ram a trabalhar com o pai. E ele, que quase não precisou de aprender com o pai a arte de ser barbeiro, depressa se tornou homem na sua profissão, apesar de ainda ser um jovem. Desde aí nunca mais largou a profissão, tra-balhando um pouco por todo o lado.
Com o futebol a não ter o desenvolvimento que queria, numa Panoias de há 30 anos, de-cidiu seguir pela música. Foi com a guitarra que enveredou por este mundo e, mais tarde, com a voz, mas o seu sonho primeiro era ser baterista. “Comigo foi tudo ao contrário.
Não sonhava ser cantor, nem guitarrista. Baterista é que era. Mas não me via no am-biente próprio aqui em Panoias e não havia ninguém que me ensinasse”. Foi a ler o jornal “A Bola” que a música ganhou novo rumo. “Vi um anúncio no jornal de um curso por correspondência. Pedi informações ao jor-nal. Não era barato, nem caro: tinha 20 anos e eram 20 contos”. Como não tinha dinheiro para comprar o curso, juntou-se com alguns amigos de Panoias para aprender a tocar e fa-zerem um conjunto. Arranjaram metade do dinheiro. “Mandou-se vir aquilo, arranjou-se dinheiro entre todos. Foram 10 contos, veio a viola e uma cassete. Pensei: uma parte já cá está”. A partir daí, o interesse e o entusiasmo de João Maria pela música foram crescendo. À medida que os colegas se fartavam, João ganhava redobrado gosto pela música e co-meçou a fazer uns bailaricos. Hoje em dia vai a caminho de formar o quinto grupo de mú-sica. Gosta de tudo, não é fundamentalista em relação ao que ouve, apesar de haver “som mais indigesto que outro”.
O salão de barbearia de João Maria é uma casa onde a máxima “o cliente tem sem-pre razão” assenta que nem uma luva. Pelo menos, o cliente tem quase sempre razão. “Normalmente, faço sempre o que eles que-rem. Às vezes, dá-lhes na cabeça e querem cortar o cabelo às 10 ou 11 da noite. Quando há possibilidades, faz-se isso na boa”. E quanto ao tocar guitarra, pode-se tocar à vontade. “Os rapazinhos é que vinham para aí tocar, partiam-me as cordas e não as que-riam pagar”. Mais a sério lá vai dizendo que foi sempre uma casa de gente nova, de juven-tude, que lhe “deram força para trabalhar”.
Inovador para a época e para o local onde nasceu, João Maria é um homem de criar. No futebol, nos cabelos ou na música, o fio con-dutor é sempre o mesmo: criar e inovar. Não culpa ninguém, a não ser, talvez, ele pró-prio, pelas opções que fez na vida. Muitas de-las por querer e saber que podia fazer mais, ir mais além. Nem sequer lamenta o facto de, depois de ter andado por outros sítios, ter regressado há 20 anos a Panoias. O úl-timo barbeiro da terra, a trabalhar de por-tas abertas, sem hora para fechar, porque o importante é trabalhar, considera-se um re-sistente, “o último moicano”, como no filme. Fundamentalmente, acredita que nasceu “no sítio errado, à hora errada”, limitado que foi e que continua a ser pelo tempo e pelo espaço. Tal como é escrever sobre ele neste espaço, uma vez que fica muito mais por contar so-bre João Maria Mestre, o barbeiro rocker.
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OpiniãoTerra com sombraRuy Ventura Poeta e ensaísta
Se no princípio do Universo esteve – como creio – a aliança entre o Pensamento e Palavra, só pela Palavra e pelo Pensamento cresceremos no confronto e na aceitação do mistério que nos trans-cende e nos rodeia. Só com a ajuda da sa-bedoria nascida do Verbo (encarnado há cerca de dois mil anos) poderemos recon-ciliar-nos com o Mundo, com o Outro e, sobretudo, connosco – neste tempo tão
complexo, de sociedade em crise, à procura de um novo paradigma civilizacional. Não interessa se a Sabedoria nos chega por palavras, por imagens, por sons, por movimentos ou pela contemplação do “jardim do mundo”. Vale a pena tão só aceitar, entender e praticar com humildade os seus atributos: “há nela um espírito inteligente e santo, / único, múltiplo e subtil, / ágil, penetrante e puro, / límpido, invulnerável, amigo do bem e perspicaz, / livre, benéfico e amigo dos homens, / estável, firme e sereno, / que tudo pode e tudo vê, / que pe-netra todos os espíritos, / os inteligentes, os puros e os mais subtis” (Sabedoria, 8: 22 – 23).
Verdade seja dita que há também palavras que nos salvam ou que, pelo menos, nos consolam. Lembro, por exemplo, quanto me pacificou, há uns anos, a dedicatória inscrita por José António Falcão numa das suas mais belas obras (A a Z – Arte Sacra da Diocese de Beja, 2006): “Este livro é dedicado a todos os que, saindo do Alentejo, não o abandonaram”. Alentejano exilado por vontade alheia, na co-movente Península da Arrábida, tão simples frase teve a capacidade de cauterizar feridas ainda recentes de alguém que continuava a mar-telar a letra de um velho fado: “Abalei do Alentejo, / olhei para trás chorando. / Alentejo da minh’ alma, / tão longe me vais ficando”.
Já tive oportunidade de manifestar a minha integral admiração pelo trabalho desenvolvido no Baixo Alentejo pelo Departamento do Património Histórico-Artístico da Diocese de Beja. Não vale a pena repetir razões, tantas elas são. É contudo, importante, sublinhar o seu exemplo clarividente, em áreas só aparentemente separadas da preservação e divulgação dos bens artísticos da Igreja Católica. Bastará recordarmos a sua abertura ao Outro e ao mundo poliédrico da Cultura contemporânea, a revitalização dos Caminhos de Sant’ Iago no sul de Portugal ou o Festival “Terras sem Sombra”, neste mo-mento a decorrer na sua oitava edição. Mesmo no “exílio”, penso que todos os alentejanos se sentirão serenamente felizes ao verem a sua terra como palco de um evento musical com ecos espalhados pelo mundo fora.
É belo o seu nome, “Terras Sem Sombra”. E ainda mais belo ao revelar, aos ouvidos de quem o saiba entender, a essência da espiri-tualidade do Alentejo – proposta ao Mundo. Para compreendermos esta “terra sem sombra”, tão minguada de gentes, é preciso medi-tar os dois primeiros versos da quadra que deu origem ao título: “O Alentejo não tem sombra, / senão a que vem do Céu.” Não tem som-bra material. É quase um deserto (aquele deserto que tanto aproxi-mou os homens de Deus, no confronto com o interior e o exterior do seu ser). Tem apenas a sombra “que vem do Céu” (como diriam os místicos islâmicos heterodoxos). Ou seja, o Alentejo possui a terra in-teira dentro de si, porque toda a criação, aos olhos do crente, é uma “sombra de Deus”, uma manifestação da realidade divina. Abdicou – e transformou-se em rei de si próprio (como diria Fernando Pessoa por Ricardo Reis).
Sem sombra divina, não teria alma. Por isso me permito afir-mar que a música do espírito apresentada pelo Festival “Terras sem Sombra” revela, na ausência de matéria, uma outra sombra que é, no fundo, um símbolo da Vida, daquela que transcende a existência. Tem pois José António Falcão toda a autoridade para espicaçar os ou-vintes do festival com um texto claro e perturbador na sua análise e nas suas propostas. Interpretando a espiritualidade alentejana como proposta e exemplo, afirma no programa do evento:
“Se o ‘tempo dos guerreiros’ e o ‘tempo dos agricultores’ soube-ram reconhecer até que ponto a benevolência apaziguada e a violên-cia extrema se podem cruzar na natureza, o ‘tempo dos mercado-res’ entregá-la-ia a uma pilhagem sem precedentes, exacerbada pela industrialização , que conduz o planeta até à fronteiras do descala-bro. […] Depois do caçador, do lavrador, do metalurgista, do comer-ciante, emerge cada vez com maior nitidez a imagem do cuidador de um jardim que, como arquétipo, se projeta sobre os quatro pila-res da sustentabilidade: ambiente, economia, sociedade, cultura. […] Este jardineiro […] vislumbrado [por Charles Péguy] não será, afinal, o mesmo que apareceu a Maria Madalena, junto ao túmulo, após a Ressurreição […]?”
Ameaçado e em grande perigo, o planeta só salvará se os homens de boa vontade souberem interpretar “a sombra que vem do Céu” e cuidarem do “jardim do mundo” em paz e harmonia. É, para isso, necessário, acolhermos o mistério da Vida e percebermos que esse acolhimento só acontecerá se abrirmos no nosso interior o espaço necessário, entrevendo – como refere J. A. Falcão – “a essência cria-dora do nada”, tão próxima quando vivemos a boa, a bela e a verda-deira terra do nosso Alentejo.
Toneladas de velasJoão Mário Caldeira Professor aposentado
Uma notícia dada pela TV no dia 13 do presente mês de maio deixou-me verdadeiramente impressio-nado: no dia anterior tinham sido vendidas no Santuário de Fátima 18 toneladas de velas! Para meu es-panto, ainda no dia 13, o mesmo canal de televisão acrescentava ao fim da tarde que as velas consumi-das já perfaziam trinta e uma tone-
ladas, o quádruplo do verificado em anos anteriores! Reportavam-se as notícias às comemorações levadas a efeito pela Igreja Católica em Fátima a que acorrem muitos milhares de peregrinos que têm como ponto de fé o aparecimento da Virgem Maria naquele local e na data referida.
Se a quantidade de velas vendidas, e agora o seu aumento, é já coisa de espantar, também não deixa de o ser a forma como as mes-mas são lançadas às braçadas para uma grande pira, na notícia no-meada de tocheiro, onde o fogo as consome sem piedade.
No respeito pelas convicções religiosas dos que participam nas celebrações, faz impressão que se contabilizem assim velas, não às dúzias como antigamente, mas a peso. Às toneladas! E mais se estra-nha que se não possa ver a sua luz, essa sim, a verdadeira vocação das velas, cuja claridade é consolo de todos e, penso que prova da maior reverência para com o Céu em que se acredita. Oferecer luz, nada de mais honroso para quem dá e mais gratificante para quem re-cebe. A luz das velas cortou a escuridão ao longo da história. Trouxe o dia para o meio da noite. Foi milagre aceso oferecido à pequenez dos homens. Que maior homenagem pode prestar o crente a Deus que devolver-lhe um pouco da luz que dele recebeu? Sempre as velas arderam nos altares, nos oratórios, frente às imagens dos santos ve-nerados em cada casa. Jogar velas para o braseiro mesmo tendo em mente a Quem se destinam, parece-me coisa pouco honrosa ou, pelo menos, pouco bonita de se ver. Dirão os responsáveis pelo Santuário que não há maneira mais expedita de acorrer à solicitação dos cren-tes. O exagero também se educa, a não ser que haja por detrás interes-ses pouco consentâneos com a devoção que não quero admitir.
Mas para além de tudo, o que me faz mais espécie é o aumento do número de peregrinos que este ano afluiu a Fátima no dia das come-morações dos acontecimentos ali ocorridos há sessenta e cinco anos.
A elevação do fervor religioso dos portugueses em tão pouco es-paço de tempo não parece justificar o acréscimo das presenças. Só nas dificuldades por que passam se pode encontrar uma explicação.
O desemprego, o encurtamento dos salários, o aumento dos preços dos consumíveis atira muita gente para o desespero. Há muito para pagar e cada vez menos dinheiro para o fazer. Quando todas as por-tas se fecham e a aflição é grande, uma está sempre aberta, a do in-cógnito, de Alguém superior que pode acudir. Sempre assim foi. Nessa esperança se aplacam medos. Até descrentes têm voltado com a palavra atrás em alturas de maior aperto.
A fé que arrasta multidões a Fátima para solicitar ajuda tem quase sempre motivos particulares, mas hoje parece irem muitos com um problema comum, o da miséria a bater à porta. Coisa que dá que pen-sar. Está na altura dos nossos políticos virarem os olhos para Fátima, pugnando para que não se derreta mais cera.
Abril em maioCristina Taquelim Mediadora de leitura
Estou de ressaca emocional! Dizem-me que é pior altura para escrever.
A adrenalina dos últimos dias, as lá-grimas e os risos, as palavras das cen-tenas que fizeram este ano, mais uma “LEITURA FURIOSA” – em Beja, Amien, Porto e Lisboa – desembocam hoje naquela certeza de que é possível viver em maio, aquilo que de mais pre-cioso nos vai ficando de abril – a liber-
dade do pensamento e dos afetos – é um privilégio. Dou graças.Não sei quando comecei a dar graças. Talvez quando a cer-
teza da finitude me encheu os dias, quando o tempo me consoli-dou, para o melhor ou para o pior, a natureza. Talvez quando tomei consciência de que aquilo que nos separa, a todos , do abismo é um linha ténue, frágil, que pode quebrar-se num piscar de olhos. Dou graças por ainda não me ter perdido no desconsolo dos dias e con-tinuar a lutar, a viver abril todos os dias.
Sobre essa linha ténue que nos separa do abismo poderiam fa-lar melhor que eu, todos os que em Beja, tecem os dias em torno do invisível: o trabalho social. Todos conhecem a fragilidade da li-nha. Só eles podem contar com propriedade como aguardam: me-ses para ver um centro de dia para idosos aprovado, meios para pôr a funcionar um lar de transição.
Só eles podem contar da frustração das esperas infinitas de respostas do estado a situações de emergência social. Só eles po-dem contar da angústia de trabalhar terapeuticamente com um sujeito e depois vê-lo partir para a rua sem apoio, porque o estado acabou com o programa vida emprego…uma luta permanente. Continuamos, também nas políticas sociais, a trabalhar sem pen-sar na sustentabilidade dos projetos, a tratar as pessoas como dados estatísticos, a olhar para o lado. Há até quem faça o marketing do desemprego como uma grande oportunidade social. Merecemos todos mais que isso. Tenho a certeza.
Trabalhar com a palavra, com a leitura, com as narrativas, com a criação anónima, com a memória e a identidade, é uma forma, mais uma, de trabalhar a coesão social, valorizar o sujeito, possi-bilitar-lhe o encontro com a sua própria história, com a organiza-ção da sua narrativa, de dar voz a quem não tem voz: da primeira à última infância. Essa é a minha ferramenta, o meu instrumento e também a minha perdição: a palavra e deixemo-nos de “rodri-guinhos”, a luta das bibliotecas, por mais meios, mais livros, me-lhores orçamentos, pela prestação de melhores serviços, não pode ser uma luta de uma elite especializada, ganha para a leitura, tem de ser uma luta de todos: os visíveis e os invisíveis, dos cidadãos anónimos que as usam, dos mídia que divulgam o que nelas acon-tece, dos cidadãos com mais ou menos notoriedade que as fazem suas, os leitores e os não leitores, os autores, os livreiros, porque nas bibliotecas se joga todos os dias o direito à liberdade. As bibliote-cas não servem credos, nem ideologias, poderes. Servem apenas os seus utilizadores.
14 Aljustrel recebe este fim de semana as comemorações do CENTENÁRIO DO TURISMO EM PORTUGAL. Uma
iniciativa cultural de grande envergadura, que está agendada para o belíssimo cenário da Pedreira do Plano, e que, para lá de muitas outras iniciativas, contará com um elenco musical de luxo: António Zambujo, Vitorino, Ana Vieira, Francisco Naia, Nova Aurora e Luís Saturnino. O Alentejo no seu melhor! PB
O maior engano reside em que a inteligência e a criatividade necessitam de doses massivas de trabalho, tal como a loco-motiva a vapor necessita de um enorme vagão de carvão que, quanto maior, mais longe e rápido se chega. (…) Assim chegámos ao Estado Social, ao qual tudo exigimos e para o qual temos muito pouco ou nada para dar. Luís Dargent, “Correio Alentejo”, 18 de maio de 2012
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Ver um português entusiasmado, risonho e loquaz, só de garfo em punho e copo em frente, pronto para “limpar” uma travessa de bacalhau albardado, uma dúzia de sardinhas assadas com uma salada de pimentos. O português grita: Não se vive para comer!” – Mas logo de seguida despeja um ou dois pratos de sopa de feijão com couve lombarda.Joaquim Palminha da Silva, “A Defesa”, 16 de maio de 2012
15Não há nada a fazer. Os cortes na saúde e nos apoios aos mais necessitados são uma evidência que não pode deixar de passar
em claro. E, como por estes tempos se celebra o DIA NACIONAL DO BOMBEIRO, não deixa de ser lamentável a situação financeira a que chegaram estas corporações. Muitas delas já nem dinheiro têm para o gasóleo. E quem sofre com isto, claro, são os idosos e os acamados que deixaram de ter transporte para se deslocarem aos serviços de saúde. PB
SÃO PEDRO, por estes dias, não tem dado tréguas. Oferecendo-nos um clima de quatro estações no mesmo dia. O
que tem afugentado as pessoas das muitas e variadas iniciativas que em maio decorrem um pouco por todo o Alentejo. Como aconteceu com o sempre motivador Mercado Medieval de Almodôvar, com as diferentes comemorações do Dia dos Museus ou com a romagem a Baleizão em memória de Catarina Eufémia PB
Há 50 anosFraternalconvívio entre Beja e Barreiro
Na íntegra, a “Nota do Dia” da edi-ção de 23 de maio de 1962, inti-tulada “Desporto e Turismo” e
provavelmente da autoria do jornalista Melo Garrido:
“Termina no próximo domingo o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de Futebol da presente temporada. Jogará nesse dia em Beja a equipa do F. C. Barreirense que, vencedora ‘inevitável’ do torneio, tem, por isso, assegurado o seu reingresso no ‘Campeonato Maior’ da próxima época.
Informações que nos merecem bom crédito dizem-nos que o prestigioso clube do Barreiro, vivendo um momento de na-tural euforia, deslocar-se-á á nossa ci-dade acompanhado de grande falange de entusiastas, entre os quais se contarão numerosos bejenses ali residentes, apro-veitando o ensejo para uma visita á terra natal.
Uma vez mais o Desporto estará ao serviço do Turismo e do estreitamento de relações de amizade ou simples simpatia.
Beja e Barreiro são dois centros que de há muito mantêm intenso e fraternal convívio. Tanto no desporto como nou-tros campos de actividade.
A jornada que parece estar em prepa-ração para o próximo domingo será, esta-mos certos, mais uma confirmação desse bom entendimento e desse mútuo apreço.
Os desportistas bejenses saberão, mais uma vez, receber cordialmente os desportistas do Barreiro, compreen-dendo e associando-se mesmo ás mani-festações de alegria a que eles se entre-garão pelo êxito que o seu clube favorito acaba de alcançar.
No rectângulo de jogo, as duas equi-pas disputarão a partida com brio e apli-cação, tanto mais eu o resultado interessa não só aos visitados (para uma possível melhoria de classificação) como aos visi-tantes (para que terminem a prova em be-leza, confirmando a plena justiça do pri-meiro posto que têm já garantido).
Mas, independentemente desse des-pique ardoroso que está em perspectiva, haverá acima de tudo uma jornada de boa confraternização desportiva entre Beja e Barreiro.
Será este o pensamento da popula-ção ao saber da visita que lhe vai ser feita pela massa de sócios e adeptos do F. C. Barreirense.
Não haverá que ter dúvidas a tal respeito.”
Adiante-se que, no domingo se-guinte, nessa última jornada do campe-onato, o Desportivo de Beja derrotou o Barreirense por 4 a 2. Os do Barreiro fo-ram campeões e subiram à primeira di-visão, os bejenses ficaram em 11.º lugar e permaneceram na divisão secundária.
Carlos Lopes Pereira
Casado AlentejoDireção da Casa do Alentejo Lisboa
A direção da Casa do Alentejo la-menta o incómodo havido com o se-nhor Rui Maurício, quando no dia do seu aniversário, dia 23 de abril, pretendeu jantar com os seus convi-dados na Casa do Alentejo. Ao ler-mos a notícia averiguámos de ime-diato junto dos nossos funcionários a ocorrência. Foi confirmado que havia uma marcação em nome do referido senhor desde o dia 21, as-sim como a confirmação no dia 23.
Porém, o funcionário, aquando da marcação, alertou-o para a cir-cunstância de, por razões de orga-nização e funcionamento, existir uma orientação para marcação de jantares de grupo na “sala dos azu-lejos” (“sala Velez Conchinhas”).
No dia 23, cerca das 20 horas, o senhor Rui Maurício foi informado pelo chefe de sala que a sua mesa es-tava posta e pronta na referida “sala dos azulejos”.
Tal facto não consta da carta en-viada por este senhor ao “Diário do Alentejo”, o que prefigura uma ati-tude estranha e lamentável.
Por outro lado, quando solici-tado a ocupar a mesa com os seus convidados dirigiu-se ao respon-sável em termos muito pouco cor-retos, o que não o dignifica como cidadão.
Esta direção reaf irma que a Casa do Alentejo está aberta para servir todos e em particular os alentejanos.
Saudações alentejanas.
Barragem da CataVítor Martins Beja
Queria saber uma informação acerca da barragem da CATA, situada en-tre Cabeça Gorda e Santa Clara de Louredo. Gostaria de saber se esta barragem se encontra sob reserva de pesca e, caso contrário, como fazer para poder pescar na mesma já que tentei várias vezes entrar e nunca consegui. Existe um número de te-lefone à entrada do portão e nunca ninguém responde. Mas desde já avanço que pelo que sei a pesca nesta barragem não está interdita e se
entrar pela cerca, por ninguém abrir o portão, estou a cometer o crime de invasão de propriedade. E que crime está a cometer a pessoa que tem o portão fechado, já que não pode im-pedir o acesso à barragem, nem pode interditar as estradas, porque as estradas que estão por detrás do portão são bens do Estado e não da propriedade?
A ditadura docapitalismo políticoJosé Fernando Batista Aljustrel
Longe vão os tempos da ditadura, em que não havia margem de ma-nobra para viver com liberdade de opinião, com censura e sem pos-sibilidade de escolher uma via al-ternativa. O povo era domado pela força das armas, pela PIDE, pelo terror da prisão e do exílio.
Veio a Revolução dos Cravos, no dia 25 de Abri l de 1974 (en-contrava-me em Moçambique a cumprir o ser v iço mi l itar), que l ibertou o povo da ditadura e da guerra, dando-lhe possibi l idade de escolha, a homens e mulhe-res, de forma livre, para votar em quem mais conf iavam para l ide-rar os destinos de Portugal.
Muita coisa mudou entretanto, e é por todos conhecido o estado a que o País chegou, por culpa ex-clusiva dos governos do PS/PSD/CDS.
O buraco onde nos meteram é revelador do estado da democra-cia. Um vasto grupo de interes-ses instalados tem saqueado a na-ção com negócios ruinosos para os contribuintes, que somos todos nós, mas muito lucrativos para os grandes tubarões, que navegam impunes na “costa portuguesa”.
Como foi possível chegar a este ponto, em que o País está mergu-lhado em impostos, para pagar o despesismo de a lguns, é a per-gunta que todos fazemos. O ele-vadíssimo nível de f isca lidade é o responsável pela maior taxa de desemprego de sempre, pelo au-mento terrível de empresas e fa-mílias a declarar falência.
A história está mal contada, e, com esta democracia, quem está no poder pode fazer o que muito bem entender, dar as justif icações
que quiser, para proteger os lob-bies instalados em detrimento dos trabalhadores e dos mais fracos e desfavorecidos.
É uma nova forma de ditadura, um capitalismo político, que é res-ponsável pela falência das nações. A ditadura antes 25 de Abri l do-minava o povo pela força das ar-mas. A atual domina o povo com hipocrisia, branqueando com pa-lavras os maiores atropelos de que há memória.
25 de Abril sempre!Dormirdescansado nunca mais!Pedro Gualter Lampreia Lopes Beja
Este direito adquirido que é poder trabalhar num feriado e não con-seguir dormir decentemente por causa dos festejos da liberdade é um direito do qual abdicava de boa vontade. Não que seja contra a li-berdade mas porque a liberdade de um acaba onde começa a liberdade do outro.
Num momento em que tanto se fala de crise e de uma ditadura dis-farçada de democracia, com cor-tes nos orçamentos das autarquias, dos hospitais, das IPSS, etc., etc., dá-me que pensar por que é que as pessoas que trabalham em dias em que o descanso merecido de muitos ocorre são pura e simplesmente es-quecidas. Pagarão menos impostos do que as outras? Ou pura e simples-mente são “parvos” que não conse-guiram arranjar um “emprego” de-cente onde possam descansar nos dias pós-farra comunitária? Mas não são só os que trabalham, são os idosos, as crianças e todos os ou-tros que por um motivo ou por ou-tro não tem o direito de dormir descansados.
Não sei responder a este para-digma abrasileirado...
Mas uma coisa sei: o preço da gasolina aumenta, do tabaco tam-bém, da alimentação, das taxas mo-deradoras... mas o preço do decibel, esse, parece que anda ao preço da uva mijona!
É boa altura para investir no decibel.
Cartas ao diretor
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Entrevista
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Camas turísticas aumentaram mais do dobro numa década
83 por cento dos turistas no Alentejo são portugueses e espanhóis
António Ceia da Silva, 49 anos, preside à Entidade Regional de Turismo do
Alentejo (ERTA) desde a sua criação em 2008. Todos os dias percorre cen-
tenas de quilómetros. Reside em Portalegre e a ERTA tem a sede em Beja.
Conhece as estradas e os empreendimentos turísticos da região um por um.
Em entrevista ao “Diário do Alentejo”, diz que o Alentejo não pode estar só
dependente dos mercados português e espanhol e defende uma promoção
mais diferenciada da região. E o modelo que tem para o turismo regional é
o da Toscânia (Itália), assente na “qualidade” e na “excelência”.
Texto Carlos Júlio
Fotos António Carrapato
Os números do turismo no Alentejo hoje
já não são tão animadores como foram há
dois, três anos…
É natural que assim seja. Numa década passámos de sete mil camas para 17 mil, incluindo o turismo em espaço rural e o campismo. Em três anos consecutivos su-bimos de uma forma acentuada e tivemos os melhores anos de turismo de sempre. O que sucedeu é que, apesar deste aumento, continuamos a depender de apenas dois mercados e isso ainda não foi alterado. Quais são?
O português e o espanhol. Temos uma de-pendência de cerca de 83 por cento destes dois mercados. Setente e cinco por cento do mercado nacional e oito por cento do mer-cado espanhol. Isto significa que quando há mudanças significativas no poder de consumo em qualquer destes mercados o turismo do Alentejo ressente-se. O que é preciso mudar?
Penso que é importante na revisão do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), que consagra que o Alentejo apenas pode trabalhar quatro mercados – Portugal, Espanha, França e Inglaterra e excecio-nalmente os Países Baixos –, definir uma nova política estratégica que permita que o Alentejo possa promover-se junto de ou-tros mercados, como o Brasil, a China ou os mercados nórdicos. E não o pode fa-
zer hoje porque o PENT não o permite. Outra questão importante é a
promoção integrada dos destinos. Nós hoje já te-
mos um investimento significativo por parte de privados na pro-moção internacio-nal, por exemplo, do vinho e do azeite e, na minha opi-nião, o turismo de-via segui-los e estar sempre presente nas várias ações promocionais. É possível iden-
Penso que é importante na revisão do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), que consagra
que o Alentejo apenas pode trabalhar quatro mercados – Portugal, Espanha, França e Inglaterra e
excecionalmente os Países Baixos –, definir uma nova política estratégica que permita que o Alentejo
possa promover-se junto de outros mercados, como o Brasil, a China ou os mercados nórdicos”.❝
Texto Carlos Júlio
Fotos António Carrapato
os melhores anos de tuque sucedeu é que, apcontinuamos a depenmercados e isso ainda
Quais são?
O português e o espanpendência de cerca dedois mercados. Setentemercado nacional e oitcado espanhol. Isto sihá mudanças significconsumo em qualquerturismo do Alentejo re
O que é preciso mudar
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mosigdmn
tificar em que áreas houve quebras?
Uma área em que se verificou que houve uma descida foi na do turismo de negócios, ligado à atividade comercial, às obras, às vendas... Estou muito expectante para ver se o verdadeiro turista, que vem de férias ou para passear, e que escolhe determina-dos períodos do ano, como o verão, tam-bém vai reduzir a sua procura. Só nessa al-tura se poderá ter uma ideia se esta quebra é efetiva ou não. O Observatório do Turismo do Alentejo
tem estado a traçar o perfil do turista que
vem à região. Quem é que nos visita?
Já fizemos cerca de duas mil entrevistas e os dados indicam, como já disse, que 75 por cento dos visitantes são portugueses, oito por cento são espanhóis; 77 por cento são casados ou vivem maritalmente; têm filhos… Uma indicação que este estudo nos dá é também a de que a primeira mo-tivação de visita ao território já não tem a ver com a monumentalidade, mas sim com o descanso, ou seja, 25 por cento dos tu-ristas que visitam o Alentejo dizem que vêm para descansar, o que é um número significativo. Mas há outros que se queixam da falta de
animação. Ou não?
Claro, há vários segmentos. Um dos aspe-tos negativos que é apontado é a falta de animação noturna, outros destacam o bir-dwatching, há mesmo um segmento que vem para o Alentejo para ter atividades de natureza e acorda às cinco da manhã… O turista estrangeiro vem para ver e para co-nhecer. O turista nacional quer descansar e isso não significa que não queira ir ver o Cromeleque dos Almendres ou o Castelo de Marvão. Mas não o quer fazer às nove da manhã e gosta de ir pelos seus próprios meios. E é preciso ter tudo isto em conta. Há uma grande dicotomia entre o turismo
no interior e no litoral do Alentejo?
Hoje em dia há mais complementaridade e vive-se mais o Alentejo, do ponto de vista turístico, do que anteriormente. Claro que há aspetos diferenciados e a sazona-lidade no litoral é muito superior àquela
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que existe no interior, mas as distâncias hoje são muito relativas e os turistas po-dem estar em Évora e vão ao litoral um dia ou dois. Ou vice-versa. E o facto de termos uma faixa litoral com 150 quilómetros de praias fantásticas é uma mais-valia para todo o Alentejo. Todo o Alentejo tem hoje 17 mil camas. Só
para a zona de Alqueva estavam previstas
22 mil que, sabe-se agora, nunca vão exis-
tir. Que credibilidade podem ter estudos e
previsões deste tipo?
Só no concelho de Reguengos de Monsaraz eram 20 mil… Não faz sentido. Temos que considerar hoje que os PIN (Projetos de Interesse Nacional, criados no governo de José Sócrates) foram pensados e estru-turados numa época e num momento que os torna hoje verdadeiramente anacróni-cos. Eram projetos assentes no turismo residencial que, no futuro, vai ter pouco impacto, devido à mobilidade das novas gerações… Mas passar de 22 mil camas para zero ca-
mas é um salto muito grande. Mesmo José
Roquette veio recentemente dizer que o seu
projeto, que estava a avançar timidamente,
poderá parar por falta de crédito bancário.
Há projetos que estão a avançar e mesmo José Roquete vai inaugurar o campo de golfe em breve. Em Mourão está a avançar o L’And Reserve, o projeto do grupo Sousa Uva está a avançar também em Reguengos de Monsaraz. No Alentejo litoral a Sonae avançou com a primeira parte do projeto de Troia, o grupo Amorim avançou com o casino e com o hotel, mais a sul o campo de golfe da Pelicano está quase a ser inau-gurado, o que quer dizer que nem tudo fi-cou parado, mas a velocidade é muito di-ferente e, devido à crise que hoje a Europa atravessa, houve uma reestruturação glo-bal destes projetos para uma componente turística mais forte do que a componente imobiliária em que assentavam e muitos dependem da banca e de financiamentos que agora são mais difíceis. Nós, que tínha-mos conseguido passar sempre por entre o intervalo da chuva, tínhamos que apanhar uma pequena molha derivada desta crise que está a acontecer em todo o lado. Uma questão polémica, que esteve acesa
nos últimos meses, foi a candidatura do
cante a Património da Humanidade. A
ERTA é uma das promotoras da candida-
tura cuja apresentação foi adiada por um
ano. Neste ano vão existir condições para
limar as arestas e sarar as feridas que fo-
ram criadas?
Não tenho dúvidas. Acho que à boa ma-neira alentejana a catarse foi devidamente feita no primeiro ano. As pessoas disse-ram as suas razões e justificaram porque é que, na sua opinião, a candidatura não ti-nha sido bem conduzida. Acho que neste segundo ano há condições para juntar to-dos em torno da candidatura.
Considerava-se que o aeroporto de
Beja podia ser uma das portas para o
turismo no Alentejo. Um ano depois
de estar a funcionar que balanço faz?
Tivemos no início desta semana uma reunião sobre o aeroporto de Beja com várias outras entidades e tive oca-sião de expressar algumas opiniões. Primeiro, julgo que o aeroporto de Beja tem que ter uma base regional e isso tem que ser ganho. A Comissão de Coordenação, a Adral, o Inalentejo têm que estar envolvidos no aero-porto de Beja, que não pode ser apenas um aeroporto sub-regional. Segundo, na reestruturação que está a ser feita do QREN é essencial que haja finan-ciamentos para projetos privados que possam alocar o projeto do aero-porto de Beja nas mais diversas áreas. Terceiro, o aeroporto de Beja tem que ter uma estratégia. Não podem conti-nuar a ser feitos estudos, conferências, conversas..., em que somos sempre os mesmos, e não termos uma estraté-gia específica que nos diga para que é que queremos o aeroporto. Em quarto lugar, temos que ser claros: o turismo não tem escala ainda para poder ser-vir o aeroporto de Beja. É um dos fa-tores que pode ajudar, mas é preciso
calma e temos que ir devagar, até por-que muitos dos projetos turísticos que se anunciavam ainda não existem. Por último, propus que se fizesse uma con-ferência com a presença do ministro e do secretário de Estado desta área para a qual trouxessemos a experiência de outros aeroportos do mesmo tipo para vermos como funcionam. Na vida está tudo inventado e podíamos benefi-ciar muito da experiência dos outros. Agora há o Portela+1. Por que é que não pode ser Beja? Defende essa hipótese?
Eu defendo todas as hipóteses e por que é que não há de ser Beja? A ideia de que o avião que chega a Beja só trans-porta pessoas para o Alentejo é pro-fundamente errada. Têm que existir outras perspetivas. Mas tudo isto tem que ser definido muito rapidamente. A possibilidade que se avançava de
uma low cost assumir o aeroporto
como a sua base em Portugal parece -
-lhe afastada?
Não quero dizer que não fosse desejá-vel, mas não acredito que essa possi-bilidade tenha condições para avan-çar. CJ
Têm sido dados passos nesse sentido ou
tudo permanece idêntico ao que era a 31 de
março?
Vão sendo dados passos e não tenho dúvi-das que no próximo ano a candidatura será entregue e será reconhecida posteriormente pela Unesco. O Alentejo não é um território muito ex-
tenso para ser “vendido” em conjunto?
Antigamente existiam quatro regiões de tu-
rismo no espaço agora gerido pela ERTA.
Portalegre não está mais perto de Lisboa do
que de Odemira?
Não, de maneira nenhuma. Eu penso que o Alentejo tem um corpo e uma identidade muito forte, tem uma dinâmica muito espe-cífica do ponto de vista da sua imagem e do seu território. Penso que nos últimos anos ganhámos o Alentejo em termos turísticos e isso é um grande motivo de orgulho para todos os que trabalhamos nesta área. E não foi fácil: em muitos casos havia divisões po-litico-partidárias e divisões administrativas, mas hoje há apenas uma região Alentejo do ponto de vista turístico e todos trabalhamos em conjunto.
“O aeroporto não pode ser só viabilizado pelo turismo”
A Entidade Regional de Turismo tem promo-
vido diversas iniciativas e campanhas pro-
mocionais. Há quem diga que tem gasto
muito dinheiro. Como estão os “cofres” da
ERTA?
As dificuldades são imensas. Nós o que te-mos feito é definir uma estratégia e candi-datá-la aos fundos estruturais nas diversas áreas. Este ano estamos a cumprir integral-mente o nosso orçamento. No ano passado tivemos uma realização de orçamento de quase 60 por cento. Não acredito que ne-nhuma outra instituição do Alentejo tenha tido uma realização desta ordem de gran-deza. Só para se ter uma ideia, este ano do or-çamento do Estado recebemos, até este mo-mento, apenas 200 mil euros. Temos depois de encontrar projetos e parcerias para finan-ciar as nossas atividades. Qual é o quadro de funcionários da ERTA?
Temos três estruturas físicas. A sede em Beja e as delegações em Évora e Portalegre. No total temos cerca de 30 técnicos, a maioria licenciados. O que é que se sabe neste momento sobre a
alteração ao funcionamento das regiões de
turismo que o Governo prefere introduzir?
Nada. Sei que o Governo anunciou que pas-saria a haver cinco regiões de turismo ape-nas, que haveria um modelo diferenciado também em termos de funcionários e de qua-dros. Havia um timing para essas alterações que já passou e que era março. Neste mo-mento desconheço por completo, do ponto de vista oficial, qualquer tipo de alteração à estrutura atual. Sei que o Governo pretende alterar, mas não sei em que termos ou em que moldes, nem quando. Daqui a 10 anos, na sua opinião, qual é que
vai ser a situação do turismo no Alentejo?
Vamos ter um aumento acentuado do nú-
mero de turistas? Com que características?
Falar hoje em metas estratégicas de oito ou 10 anos é muito irresponsável. Aquilo que nós temos é um plano operacional turístico que visa qualificar o destino, tornar o Alentejo um destino de excelência e de grandíssima qualidade e torná-lo comparável à Toscânia (Itália). São esses níveis de desenvolvimento e de intensidade turística que queremos al-cançar. Vamos a ver se é possível. E qual o objetivo em termos de número de
turistas?
Não sabemos. Hoje recebemos cerca de dois milhões de turistas por ano, o que significa 1,7 milhões de dormidas, das quais 1,2 mi-lhões na hotelaria normal, meio milhão no turismo rural, fora um milhão de dormidas em parques de campismo. Mantendo a qualidade e a excelência de que
fala, o Alentejo suporta ainda mais turistas?
Aguenta mais turistas e tem que crescer paula-tinamente, degrau a degrau, com calma e pon-deração, mantendo os critérios de qualidade. Mas é claro que aguenta muitos mais turistas.
Eu penso que o Alentejo tem um corpo e uma identidade muito forte, tem uma dinâmica muito específica do ponto de vista da sua imagem e do seu território. Penso que nos últimos anos ganhámos o Alentejo em termos turísticos e isso é um grande motivo de orgulho para todos os que trabalhamos nesta área.
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2012
Futebol juvenil
Na hora da despedida
Um empate com pouco encanto
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Desporto
Campeonato Distrital de Infantis (9.ª jor-nada): Vasco da Gama-Despertar, 1-5; Rio de Moinhos-Moura, 2-1; Guadiana-Odemirense, 0-5. Classificação: 1.º Despertar, 23 pontos. 2.º Odemirense, 16. 3.º Moura, 14. 4.º Rio de Moinhos, 12. 5.º Vasco da Gama, seis. 6.º Guadiana, cinco. Próxima jornada (26/5): Despertar-Guadiana; Moura-Vasco da Gama; Odemirense-Operário. O Despertar já é campeão distrital.
Campeonato Distrital de Benjamins (9.ª jornada): Ferreirense-Castrense, 5-0; Despertar -Aldenovense, 13-3; Sporting de Cuba -Renascente, 9-1. Classificação: 1.º Despertar, 25 pontos. 2.º Ferreirense, 19. 3.º Sporting de Cuba, 15. 4.º Aldenovense, 15. 5.º Castrense, seis. 6.º Renascente, zero. Próxima jornada (26/5): Castrense-Sporting de Cuba; Aldenovense-Ferreirense; Renascente -Des-pertar. O Despertar já é Campeão Distrital.
Taça Joaquim Branco (benjamins) sé-rie A (8.ª jornada): Vasco da Gama-Casa do Benfica de Beja, 8-3; Serpa-Beringelense, 0-2; Desportivo de Beja-Bairro da Conceição, 1-11; Moura-Alvito, 1-1. Classificação final: 1.º Núcleo Sportinguista de Beja, 21 pontos. 2.º Alvito, 19. 3.º Bairro da Conceição, 19. 4.º Moura, 17. 5.º Vasco da Gama, 10. 6.º Beringelense, nove. 7.º Casa do Benfica de Beja, seis. 8.º Serpa, quatro. 9.º Desportivo de Beja, zero.
Termina no domingo, na cidade de Beja, esta autêntica odisseia do Despertar no Campeonato Nacional
da 3.ª Divisão. O adversário para a última ronda da prova é o Fabril do Barreiro, com a manutenção já assegurada, ainda assim, com a necessidade de levar os três pontos do Baixo Alentejo para manter o primeiro lu-gar da série, ainda que isso não acrescente qualquer mais-valia.
O Lagoa perdeu em Redondo e ainda não tem a manutenção assegurada, está a um ponto de a conseguir, e recebe o União de Montemor (e até pode perder, desde que mantenha o coeficiente de golos favorável em relação aos Pescadores).
Vamos então esperar que os bejenses ao longo da semana consigam digerir os seis golos sofri-dos em Montemor-o-Novo e sejam capazes de se despedir deste patamar nacional com um resul-tado positivo para celebrarem a eleição do novo presidente do histórico emblema bejense. FP
Nacional 3.ª Divisão – Subida
9.ª jornada
Aljustrelense-Messinense .................................................2-2
Quarteirense-Farense ........................................................1-1
Sesimbra-Esp. Lagos ......................................................... 0-2
J V E D G P
Farense 9 5 2 2 18-10 45
Quarteirense 9 6 2 1 15-6 38
Esp. Lagos 9 3 3 3 11-8 31
Aljustrelense 9 3 3 3 11-10 29
Sesimbra 9 3 2 4 6-11 29
Messinense 9 0 2 7 7-23 19
Próxima jornada (27/5/2012): Farense-Aljustrelense, Esp. La-
gos-Quarteirense, Messinense-Sesimbra.
Nacional 3.ª Divisão – Manutenção
9.ª jornada
Redondense-Lagoa ............................................................1-1
Fabril Barreiro-Pescadores .............................................. 2-0
U. Montemor-Despertar SC ............................................. 6-0
J V E D G P
Fabril Barreiro 9 5 1 3 16-16 33
U. Montemor 9 5 2 2 21-8 32
Lagoa 9 5 2 2 18-11 32
Pescadores 9 5 1 3 15-10 28
Redondense 9 0 4 5 5-15 14
Despertar SC 9 2 0 7 10-25 8
Próxima jornada (27/5/2012): Pescadores-Redondense, Des-
pertar SC-Fabril Barreiro, Lagoa-U. Montemor.
O Mineiro Aljustrelense joga no pró-ximo domingo no Estádio de São Luís, na cidade de Faro, a última partida da fase regular do Campeonato Nacional da 3.ª Divisão.
Texto Firmino Paixão
A época já vai longa, é tempo de pendurar as botas. Os objetivos foram atempada-mente assegurados e depois da despe-
dida do seu estádio, um pouco pálida, refira-se, face ao empate consentido com o Messinense, o Mineiro viaja para a capital do Algarve, onde disputará a última partida da época frente ao Sporting Farense. Os algarvios já estão na 2.ª
Divisão Nacional, mas ainda têm pela frente mais uma fase competitiva, o apuramento do campeão nacional da 3.ª Divisão. Os mineiros irão apenas para cumprir o calendário.
Da última jornada veio então esse inespe-rado empate caseiro, a duas bolas, com a turma de São Bartolomeu de Messines, a menos co-tado do grupo que assegurou a manutenção
durante a primeira fase da prova. Dos restan-tes resultados dessa ronda sobressai o triunfo do Lagos em Sesimbra, que projetou a equipa do barlavento algarvio para o terceiro lugar da tabela, um lugar e dois pontos à frente do Aljustrelense. O Quarteirense, também regres-sado à 2.ª Divisão Nacional, empatou no seu ter-reno com o vizinho Farense.
Piense também já assegurou a manutenção
A 90 minutos do títuloA
vantagem é do Ferrobico, que está na frente e só depende de uma vitória em Saboia para aí celebrar o título distri-
tal. O empate não chega, porque o Cabeça Gorda, em casa, ganhou 3/1 ao Piense e perdeu por 4/0 em Pias. Mas o Saboia é tão só o quarto classi-ficado da prova e no seu terreno só perdeu um jogo (1/0 com o Renascente), portanto não será tarefa fácil para os visitantes. O Piense, que não depende apenas de si próprio, terá que vencer o Sanluizense e esperar que o Cabeça perca ou em-pate em Saboia. Estamos assim a 90 minutos de sabermos quem é o novo campeão deste escalão.
Resultados da 25.ª jornada: Barrancos-Saboia, 1-5; Sanluizense-Negrilhos, 1-1; Vale de Vargo - -Piense, 0-4; Messejanense-Renascente, 1-1; Alvorada-Ourique, 3-0; Amarelejense-Bairro da Conceição, 1-1. Folgou o Cabeça Gorda. FP
União de Montemor garantiu manutenção
O Despertar goleado na festa
3.ª Divisão Despertar despede-se em Beja do Nacional
1.ª Divisão Piense já assegurou a subida à 1.ª Distrital
A Zona Azul e a Associação Desportiva do Monte jogam amanhã, sábado,
às 17 horas, no Pavilhão da Escola de Santa Maria, em Beja, a partida
correspondente à 8.ª e antepenúltima jornada da fase final do Campeonato
Nacional da 3.ª Divisão. Na ronda anterior a equipa bejense empatou
em Ílhavo (24/24) mantendo-se no último da tabela, que é liderada pelo
Boa Hora. Até ao termo da prova, a Zona Azul ainda jogará em Samora
Correia e fecha em casa com o Módicus de Sandim. Sem objetivos que
não sejam a melhor classificação, um triunfo na tarde de amanhã pode
projetar a equipa para o meio da tabela. Na fase de apuramento do
Nacional da 3.ª Divisão, o Andebol Clube de Sines, vindo de um triunfo
(23/20) com o Costa d’Oiro, de Lagos, que foi a sua primeira vitória na
prova, jogará amanhã no Pavilhão Paz e Amizade frente ao Loures.
Andebol: Zona Azul
recebe o Monte
Casa do Benfica de Beja A Casa do Benfica de Beja vai promo-ver entre os dias 1 e 15 de junho treinos de captação de atletas nas cate-gorias de petizes, traquinas, benjamins, infantis e futebol feminino. As ações realizam-se no sintético n.º 1 do Complexo Desportivo Fernando Mamede, às segundas, quartas e sextas-feiras.
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O Castrense ganhou ao Serpa por uma bola a zero e con-quistou a Supertaça de se-niores 2011/12, troféu que junta ao título distrital desta temporada.
Texto e foto Firmino Paixão
Um golo de João Pepe, apon-tado no último minuto da partida, foi suficiente para a
sua equipa vencer a Supertaça. Uma vitória que assenta bem aos campe-ões distritais, porque foi a equipa mais ofensiva ao longo da partida. O Serpa, vencedor da Taça Distrito de Beja, en-carou a final com justificadas caute-las defensivas, tendo em conta o va-lor e o percurso do adversário ao longo da época desportiva. O jogo realizou --se no Estádio Municipal de Mértola, com uma boa moldura de apoiantes
dos dois conjuntos, mas a qualidade do futebol praticado ficou aquém das expectativas. No final da partida, Rui Pepe, capitão do Castrense, e melhor marcador do campeonato distrital, er-gueu a Taça.
“Somos justos vencedores” Nos basti-dores da final, Francisco Fernandes, téc-nico do Castrense, justificou as dificul-dades sentidas pela equipa: “Sabíamos que o Serpa viria para o jogo à espera do nosso erro, ou de um lance de bola pa-rada, sem arriscar nada”. E afirmou: “Fomos a única equipa que mostrou ambição de vencer, do primeiro ao úl-timo minuto”. “Entrámos bem, contro-lámos, pressionámos o adversário, criá-mos muitas situações para marcar, mas só fizemos o golo no último minuto de jogo, quando já pensávamos no prolon-gamento, mas fomos a melhor equipa”, considerou ainda.
O técnico enumerou depois as ate-nuantes para a fraca qualidade da par-tida: “Estava calor, o campo tem di-mensões reduzidas, pouco espaço para jogar, o adversário fechou-se muito, não tínhamos muito espaço, tivemos que ser pacientes, mas criámos opor-tunidades que não concretizámos”.
E concluiu acentuando: “Fomos uns vencedores justos, fizemos uma boa época, com uma equipa que as-sumiu sempre as suas responsabilida-des. Os meus jogadores estão de para-béns, tudo isto é mérito deles, do seu trabalho e da sua dedicação. Gosto de acabar as épocas e ver o meu grupo de trabalho feliz”.
“Merecíamos o prolongamento” No lado oposto e, necessariamente, com opiniões divergentes, o treinador do Serpa, Hugo Felício, lembrou: “Primeiro que tudo temos que comparar as duas
equipas, olharmos para o Castrense e assumirmos que é uma equipa fortís-sima, que não é deste campeonato. Mas a verdade é que teve muitas dificulda-des para vencer o Serpa”.
Felício recordou: “Somos uma equipa de quem nada se esperava, por-que, no princípio da época, ninguém dava nada por ela, temos uma equipa de miúdos, mas afinal o Serpa conse-guiu equilibrar o jogo em alguns mo-mentos e na segunda parte criou tam-bém algumas oportunidades”.
A concluir, o técnico desabafou: “Sofremos o golo em cima da hora, num lance, no mínimo, duvidoso, isso deixa um gosto amargo na boca, por-que pensámos que poderíamos ir ao prolongamento e aí quem tivesse mais força ganharia”. “Acho que merecía-mos ter ido para prolongamento, se-ria mais justo, mas não conseguimos”, sustentou Hugo Felício.
A equipa do Ins t i tu to Politécnico de Beja ven-ceu a Taça Distrito de Beja, em futsal, batendo o Núcleo Sportinguista de Moura em jogo realizado no Pavilhão Municipal de Despor tos Carlos Pinhão, na cidade de Serpa.
Texto e foto Firmino Paixão
Uma partida equilibrada entre duas das melho-res equipas que estive-
ram em competição nesta tempo-rada. O Politécnico, que venceu o campeonato, ganhou agora a Taça Distrito de Beja e parte para a conquista da Supertaça, ou seja, numa só época pode fazer “a li-cenciatura, o mestrado e o douto-ramento” em futsal.
A partida de Serpa chegou ao final do tempo regulamentar com um empate a cinco golos, mas no prolongamento o Politécnico asse-gurou o triunfo por 8/6. Fica agora
por confirmar a presença da equipa bejense no próximo Campeonato Nacional da 3.ª Divisão de Futsal, lugar que conquistou com o título
distrital. A decisão dos responsá-veis pelo Politécnico deve ser co-nhecida muito em breve.
A Supertaça disputa-se amanhã,
sábado, às 20 horas, no Pavilhão Municipal de Vidigueira, de novo entre as equipas do Politécnico e do Núcleo Sportinguista de Moura.
Politécnico de Beja ganhou Taça Distrito de Beja
Um doutoramento em futsal
Futsal Equipa do Instituto Politécnico de Beja que ganhou a Taça Distrito de Beja
Castrense marcou sobre o minuto 90
Um super Pepe na Supertaça
Atletismo Castrense no primeiro lugarA fase final do Torneio Olímpico
Jovem reuniu na pista Fernando
Mamede, em Beja, um total de
138 atletas (que totalizaram 292
participações), em representação
da Zona Azul de Beja (sete), Beja
AC (14), Bairro da Conceição (12),
CN Alvito (18), FC Castrense (32),
JD Neves (oito), NAR Messejana
(11), NDC Odemira (três), Ourique
DC (17), SRD Entradense (nove) e
GD Pavia (sete). Destaque para o
triunfo coletivo do Castrense, com
206 pontos, e para os seguintes
registos individuais: Jorge Madeira
(Castrense), com a marca de 38,20
m no martelo 5 kg e 43,76 m no
dardo 700 grs. (prova extra); Júlio
Brissos (Zona Azul) com 16,5” nos
110 barreiras; Ana Braga (Beja AC),
com 1,30 m no salto em altura;
Isabel Braz (Beja AC), com 10,8” nos
80 m planos; Felipe Silva (BNSC),
com 9,3” nos 80 m planos e 5,98
m no salto em comprimento; Sara
Inácio (JD Neves) com 2́ .21,5”
nos 800 m; e Tatiana Lampreia
(JD Neves) com 26́ .11,5” nos 4
000 m em marcha atlética.
Futsal Baronia e IndependentesO Campeonato Nacional da 3.ª
Divisão de Futsal conclui-se na tarde
de amanhã com a realização da 26.ª
jornada, ronda em que o Baronia
jogará no recinto da Casa do Benfica
de Vila Real de Santo António,
depois de ter ganho em casa aos
Sassoeiros por 5/2. Os Independentes,
derrotados na última jornada em casa
pelo líder Rangel (2/3), terminam a
prova na Quinta do Conde, já sem
influência no terceiro lugar, onde
se instalaram há várias jornadas.
Eleições no Despertar O Despertar Sporting Clube de Beja
reúune esta noite a assembleia -
-geral para, entre outros assuntos,
eleger os novos corpos sociais para
o biénio 2012/2014. Luís Mestre,
de 34 anos, encabeça a única lista
apresentada a sufrágio dos sócios.
Taça Joaquim Branco A final da Taça Joaquim Branco,
em benjamins, disputa-se
amanhã, sábado, pelas 11
horas, no Estádio Municipal de
Ferreira do Alentejo, entre as
equipas do Aljustrelense e do
Núcleo Sportinguista de Beja.
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(até
31
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)
A delegação de Beja da Asso-ciação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP) organizou no Campo de Tiro João Rebelo, em Beja, o XI Torneio de Tiro aos Pratos.
Texto e foto Firmino Paixão
“Mais uma vez junta-mos aqui elementos de várias forças de
segurança e temos também a popula-ção connosco. Acima de tudo, impera um grande espírito de camaradagem, de entreajuda e união entre as forças de segurança e a população em ge-ral”, referiu Francisco Passinhas, de-legado da ASPP em Beja.
Apesar dos tempos difícieis que se advinham, vamos “todos em conjunto, levar Portugal por um caminho melhor”, promete Passinhas, garantindo que “as
pessoas em Beja podem ficar des-cansadas que a PSP tudo fará para que o sentimento de insegurança não chegue até nós”.
O dirigente lembrou ainda: “Esta foi a 11.ª edição deste conví-vio, VII Troféu José Carreira, o se-gundo presidente da ASPP. O pri-meiro foi o comissário Santinhos, um alentejano de Aljustrel”, que no próximo dia 2 de junho irá ser homenageado num “open de
pesca desportiva”, na barragem de Santa Clara de Louredo. Nas pa-lavras do delegado da ASPP, “um homem que há 30 anos foi o pri-meiro oficial transferido de Lisboa para Bragança, porque não havia nada mais longe. Um homem im-par na defesa da ASSP”, assegurou o agente Passinhas.
O Torneio de Tiro aos Pratos contou com o apoio do Clube de Caçadores do Baixo Alentejo.
ASPP promove tiro aos pratos e pesca desportiva
Reforçar laços de amizade e camaradagem
Ferreira do Alentejo recebeu a Taça de Portugal em Kayak Polo A Associação Juvenil Pagaia Sul, de Beja, ficou em terceiro lugar na Taça de Portugal de Kayak Polo, disputada na Piscina Municipal de Ferreira do Alentejo. A prova foi organizada pela Federação Portuguesa de Canoagem, com o apoio da
Ferreira Ativa – movimento associativo de Ferreira do Alentejo, e contou com a presença das 12 melhores equipas nacionais da especialidade, entre elas o Clube de Canoagem de Setúbal, o detentor do troféu, bem como as formações alentejanas Associação Pagaia Sul, de Beja, Fronteirense e o movimento Ferreira Ativa. A
vitória pertenceu ao Paço d’Arcos, que na final derrotou o CC Setúbal (4/1), e o terceiro lugar do pódio foi ocu-pado pela Pagaia Sul após ter ganho (2/0) ao Náutico de Valdevez. A equipa anfitriã classificou-se no 10.º lugar e o Fronteirense concluiu a prova um degrau acima dos ferreirenses.
Pesca desportiva
em Santa Clara de Louredo
O XXIV Grande Prémio “Cidade de Beja “
em pesca desportiva realiza-se no próximo
domingo, 27, na barragem de Santa Clara de
Louredo, com organização do Clube Bejense
dos Amadores de Pesca Desportiva e o apoio do
município de Beja. As inscrições terminam hoje.
Realiza-se amanhã, na pista Fernando
Mamede, em Beja, o Meeting Jovem e a 4.ª
Milha Cidade de Beja, duas competições
que se integram nas comemorações do 25.º
aniversário da Associação de Atletismo de Beja.
Atletismo: 4.ª Milha
Cidade de Beja
Francisco Passinhas
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A Federação Portu-guesa de Patinagem realizou, no Pavilhão
Municipal de Desportos de Castro Verde, as pro-vas de apuramento para os Campeonatos Nacionais de Patinagem Artística 2012, na especialidade de patinagem li-vre e dirigidas aos escalões de infantis e cadetes femininos.
A jovem Catarina Bicho (CPA Cuba) foi a melhor pa-tinadora alentejana, numa prova que contou com a presença de mais de uma centena de atletas oriundos de todas as regiões do País, 54 patinadoras in-fantis e 53 no escalão de cadetes, proporcionando duas jornadas de elevada qualidade artística e competitiva, a que o público, lo-cal e acompanhantes de atletas, correspondeu com enorme ade-são e entusiasmo.
Estiveram presentes os clubes da área de jurisdição da Associação de Patinagem do Alentejo, que há cerca de 15 dias já tinham passado pela fase de apuramento regional (realizada no Pavilhão Municipal de Cuba), sem a qual não teriam acesso a esta etapa de apuramento nacional, apresentaram-se com sete atletas no escalão de infantis e seis em cadetes.
Nos infantis concorreram Margarida Brito, Diana Real e Margarida Lança, todas do Futebol Clube Castrense; Margarida Garcia, do Patinagem Clube de Almodôvar; Carolina Cruz e Beatriz Felício, do Clube de Patinagem de Beja; e Margarida Lopes, do Sport Clube Serpa Patinagem Artística.
A representação alentejana de cadetes foi constituída pe-las patinadoras Catarina Dias, Carolina Augusto, Inês Baroa e Beatriz Clara, todas do Patinagem Clube de Almodôvar; tam-bém por Joana Caetano, do Diana de Évora; e Catarina Bicho, do Clube de Patinagem Artística de Cuba. Ainda na jurisdição da Associação de Patinagem de Setúbal estiveram em prova as atletas Micaela Silva e Joana Galambas, ambas do Clube Galp Energia de Vila Nova de Santo André.
Em termos de resultados, o sucesso maior foi da cadete cubense Joana Bicho, com um brilhante quarto lugar, com 62,2 pontos, menos sete que a vencedora Mariana Mateus (Grupo Desportivo Vialonga). Ainda na prova de cadetes foi apurada a atleta Beatriz Clara, do Patinagem Clube de Almodôvar, com 44,1 pontos. Margarida Lança, do Futebol Clube Castrense, bri-lhou em casa na prova de infantis, conseguindo o apuramento com um 18.º lugar (59,3 pontos).
Firmino Paixão
Patinagem artística
Três alentejanas nos nacionais
II Torneio Ibérico de Voleibol
Club Pacence venceu em Moura
Campeonato da Europa de Patinagem Artística O Campeonato da Europa de Patinagem Artística, nas categorias de cadetes e juvenis, realiza-se entre os dias 17 e 22 de setembro no Pavilhão José Afonso, em Grândola. Trata-se de uma organização conjunta da Federação Portuguesa de Patinagem, Associação de Patinagem de Setúbal e Hóquei Clube Patinagem de Grândola, com o apoio do município local.
Realiza-se no próximo domingo, 27, o VII Raid BTT
“Por Terras de Mato” (4.º Troféu João Bento), prova
organizada pela Secção de BTT e Cicloturismo do
Clube Recreativo e Desportivo de Cabeça Gorda,
o popular Ferrobico. O raid inicia-se pelas 9
horas e tem percursos de 20, 45 e 75 quilómetros,
com partida simbólica junto à sede do clube.
BTT “Por terras
de Mato” no domingo
OClub Pacence de Badajoz venceu o II Torneio Ibérico de Voleibol “Cidade de Moura”, conquistando o pri-meiro lugar ao bater na final (3/1) a equipa da Escola
Secundária de Albufeira. O Moura Volei Clube reuniu no pavilhão municipal da cidade tês equipas do país vizinho, Zulema (Aracena), Pacence (Badajoz) e Estuária (Huelva), para, em conjunto com o Volei Clube de Setúbal, a Escola
Secundária de Albufeira e a equipa anfitriã, disputarem a segunda edição do Torneio Ibérico “Cidade de Moura”, na categoria de juvenis femininos. A formação de Badajoz, uma das mais cotadas em prova, venceu com naturalidade.
António Alvarinho, dirigente do Moura Volei Clube, re-feriu ao “DA” que o “grande objetivo do torneio é proporcio-nar às nossas jogadoras o contacto com outras experiências
de voleibol e também o convívio com atletas oriundas de ou-tras realidades, sempre com a perspetiva de engrandecer o voleibol a nível local”. Pra a história ficam os resultados: eliminatórias: Moura-Estuária, 0-2; Aracena-VCSetúbal, 1-2; Moura-Albufeira, 0-2; Aracena-Pacence, 0-2; Estuária --Albufeira, 0-2; VCSetúbal-Pacence, 0-2. Fase final: Moura --Aracena, 0-3; VC Setúbal, 0-3; Albufeira-Pacence, 1-3. FP
Diário do Alentejo25 maio 2012
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Diário do Alentejo25 maio 2012
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Dr. Sidónio de Souza – Pneumologia/Alergologia/Desabituação tabágica – H. Pulido ValenteDr. Fernando Pimentel – Reumatologia – Medicina Desportiva – Instituto Português de Reumatologia de LisboaDr.ª Verónica Túbal – Nutricionismo – H. de BejaDr.ª Sandra Martins – Terapia da Fala – H. de BejaDr. Francisco Barrocas – Psicologia Clínica/Terapia Familiar – Membro Efectivo da Soc. Port. Terapia Familiar e da Assoc. Port. Terapias Comportamental e Cognitiva (Lisboa) – Assistente Principal – Centro Hospitalar do Baixo Alentejo.Dr. Rogério Guerreiro – Medicina preventiva – Tratamento inovador para deixar de fumarDr. Gaspar Cano – Clínica Geral/ Medicina FamiliarDr.ª Nídia Amorim – Psicomotricidade/Educação Especial e Reabilitação (difi culdades específi cas de aprendizagem/dislexias) Dr. Sérgio Barroso – Especialista em Oncologia – H. de BejaDrª Margarida Loureiro – Endocrinologia/Diabetes/Obesidade – Instituto Português de Oncologia de LisboaDr. Francisco Fino Correia – Urologia – Rins e Vias Urinárias – H. BejaDr. Daniel Barrocas – Psiquiatria – Hospital de ÉvoraDr.ª Lucília Bravo – Psiquiatria H.Beja , Centro Hospi-talar de Lisboa (H.Júlio de Matos). Dr. Carlos Monteverde – Chefe de Serviço de Medicina Interna, doenças de estômago, fígado, rins, endoscopia digestiva.Dr.ª Ana Cristina Duarte – Pneumologia/Alergologia Respiratória/Apneia do Sono – Assistente Hospitalar Graduada – Consultora de Pneumologia no Hospital de BejaDr.ª Isabel Santos – Chefe de Serviço de Psiquiatria de Infância e Adolescência/Terapeuta familiar – Centro Hospitalar do Baixo AlentejoDr.ª Paula Rodrigues – Psicologia Clínica – Hospital de BejaDr.ª Luísa Guerreiro – Ginecologia/ObstetríciaDr.ª Ana Montalvão – Hematologia Clínica /Doenças do Sangue – Assistente Hospitalar – Hospital de BejaDr.ª Ana Cristina Charraz – Psicologia Clínica – Hospital de BejaDr. Diogo Matos – Dermatologia. Médico interno do Hospital Garcia da Orta.Dr.ª Madalena Espinho – Psicologia da Educação/Orientação VocacionalDr.ª Ana Margarida Soares – Terapia da Fala - Habilitação/Reabilitação da linguagem e fala. Perturbação da leitura e escrita específi ca e não específi ca. Voz/Fluência.Dr.ª Maria João Dores – Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação/Psicomotricidade. Perturbações do Desenvolvimento; Educação Especial; Reabilitação; Gerontomotricidade.Enfermeira Maria José Espanhol – Enfermeira especialista em saúde materna/Cuidados de enfermagem na clínica e ao domicílio/Preparação pré e pós parto/amamentação e cuidados ao recém-nascido/Imagem corporal da mãe – H. de Beja
Marcações diárias pelos tels. 284 322 503 Tm. 91 7716528 | Tm. 916203481
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Dr.ª Dulce Rocha Nunespsiquiatria e saúde mentalDr. Daniel Barrocaspsicologia clínicaDr.ª Maria João Póvoaspsicologia educacionalDr.ª Silvia Reisterapia da falaTerapeuta Vera Baião
Terapeuta Fábio Apolináriocirurgia vascularDr.ª Helena Manso
Dr.ª Nídia AbreupodologiaDr. Joaquim Godinho
medicina dentária Dr. Jaime Capela (implantologia)
Dr. António Albuquerqueprótese dentáriaTéc. Ana João Godinho cirurgia maxilo-facialDr. Luís Loureiro
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Diário do Alentejo25 maio 2012
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Diário do Alentejo n.º 1570 de 25/05/2012 Única Publicação
JUSTIFICAÇÃOCartório da notária Mariana Raquel Tareco Zorrinho Vieira Lima,
sito na Rua Condes da Boavista, n°.20 em Beja
Certifi co narrativamente, para efeito de publicação, que neste
Cartório e no livro de notas para escrituras diversas n.° 93-A, de
folhas 5 a folhas 7, se encontra exarada uma escritura de justifi cação
notarial, outorgada hoje, na qual Carlos José Fralda Desidério, NIF
139533567, casado com Rosa Maria Palma Espinho, NIF 139534402
sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes habitualmente
na Rua Luís de Camões, n.° 25, em Alfundão – concelho de Ferreira
do Alentejo, se declara, com exclusão de outrem, dono e legítimo
possuidor do seguinte imóvel:
Prédio urbano de rés do chão, destinado a habitação, sito na
Rua Sem Sol, n.° 7, freguesia de Alfundão, concelho de Ferreira do
Alentejo, que se compõe de rés-do-chão com duas divisões, com a
superfície total do terreno de cento e quarenta e sete metros e oitenta
e cinco decímetros quadrados, correspondendo dessa área quarenta
e três metros quadrados e setenta e cinco decímetros quadrados a
superfície coberta, não descrito na Conservatória do Registo Predial
de Ferreira do Alentejo, que é a competente e inscrito na respetiva
matriz predial em nome do justifi cante sob o artigo 914, com o valor
patrimonial tributável para efeitos de IMT e de IS de € 4.530,00, a
que atribui igual valor;
Mais certifi co que o justifi cante alega na referida escritura, ter ad-
quirido o dito prédio por usucapião, mediante doação verbal que lhe foi
feita, por conta da quota disponível, a ele Carlos José Fralda Desidério,
há mais de quarenta anos, por seus pais António Desidério e Laurinda
Fernandes Fralda, residentes que foram em Alfundão, presentemente
falecidos e de que não existe título, sendo porém certo que sempre
tem exercido no prédio os poderes de facto correspondentes ao direito
de propriedade, sem interrupção, fruindo como dono as utilidades
possíveis, à vista de todos e sem oposição de ninguém.
Está conforme com o original.
Cartório Notarial de Beja aos 14 de Maio de 2012.
A Notária
Mariana Raquel Tareco Zorrinho Vieira Lima
Diário do Alentejo n.º 1570 de 25/05/2012 Única Publicação
CARTÓRIO NOTARIALMaria Vitória Amaro
Notária de Ourique
CERTIFICADO
Certifi co, para fi ns de publicação, que no dia vinte e seis de Abril do ano
dois mil e doze, no Cartório Notarial em Ourique a folhas catorze e seguintes,
do Livro de Notas Para Escrituras Diversas número Quarenta e Oito-D, se
encontra exarada uma escritura de Justifi cação, na qual Jorge Manuel Guer-
reiro e mulher Adília da Silva Perpétua Guerreiro, casados segundo o regime
de comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de São Martinho
das Amoreiras, concelho de Odemira, onde residem em Quintal, Aldeia das
Amoreiras. N.I.F.s152 348 913 e 192 028 650, declaram que são donos e
legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte prédio:
Urbano, sito na Rua da Ribeira, Aldeia das Amoreiras, freguesia de São
Martinho das Amoreiras, concelho de Odemira, constituído por uma morada
de casas de habitação com uma divisão, com a área coberta de quarenta
e seis metros quadrados confrontando do norte com casas de José Jacinto
Ledo, sul e nascente com casas de José Pratas e do poente com via pública,
inscrito na matriz em nome de Manuel Anastácio Jorge, sob o artigo 1246,
com o valor patrimonial de €4.330,00, a que atribuem igual valor, omisso
na Conservatória do Registo Predial de Odemira.
Que os justifi cantes não possuem qualquer título para efectuar o registo
a seu favor, deste prédio, na Conservatória embora sempre tenham estado
há mais de vinte e quatro anos na detenção e fruição do citado prédio, o qual
veio à sua posse por doação, feita a ambos, pelos pais do justifi cante marido,
Manuel Anastácio Jorge e mulher Maria Luísa Guerreiro Jorge, casados
segundo o regime de comunhão geral de bens, residentes no Largo da Igreja,
Aldeia das Amoreiras, freguesia de São Martinho das Amoreiras, concelho de
Odemira, em dia e mês que não podem precisar, do ano de mil novecentos
e oitenta e sete, não tendo tal doação sido reduzida a escritura pública, mas
que desde logo entraram na posse e fruição do prédio, em nome próprio,
posse que assim detêm há mais de vinte e quatro anos, sem interrupção
ou ocultação de quem quer que seja, de modo a poder ser conhecida por
todo aquele que pudesse ter interesse em contrariá-la.
Esta posse assim mantida e exercida, foi-o sempre em seu próprio
nome e interesse, e traduziu-se nos factos materiais conducentes ao
integral aproveitamento de todas as utilidades do prédio designadamente
utilizando -o, fazendo as necessárias obras de conservação, e pagando os
respectivos impostos.
É assim tal posse pacífi ca, pública e contínua e durando há mais de
vinte anos, facultando-lhes a aquisição do direito de propriedade do citado
prédio por USUCAPIÃO, direito que pela sua própria natureza, não pode
ser comprovado por qualquer título formal extrajudicial.
Nestes termos e não tendo qualquer outra possibilidade de levar o
seu direito ao registo, vêm justifi cá-lo nos termos legais. Está conforme o
original.
Cartório Notarial em Ourique, da Notária Maria Vitória Amaro, aos 26
de Abril de 2012.
A Notária,
Maria Vitória Amaro
Diário do Alentejo25 maio 2012
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Diário do Alentejo n.º 1570 de 25/05/2012 1.ª Publicação
Tribunal Judicial de MouraSecção Única
ANÚNCIOProcesso: 134/05.5TBMRA
Inventário (Herança)
Cabeça de Casal: Mariana Gavino Oliveira
Inventariado: Francisca Gonçalves Gavino e outro(s)...
Correm éditos de 20 dias para citação dos credores desconhecidos que
gozem de garantia real sobre os bens abaixo indicados, para reclamarem o
pagamento dos respetivos créditos pelo produto de tais bens, no prazo de
15 dias, fi ndo o dos éditos, que se começará a contar da data da segunda
e última publicação do anúncio, em que são:
Cabeça de Casal: Mariana Gavino Oliveira, NIF 101432240, domicílio:
Largo Dr. Luís Acabado, N° 11, Moura, 7860-000 Moura.
Interessado: Francisca Maria Gavino Oliveira Dias, domicílio: R. Cunha
Rivera, N° 13 - 1°, Bairro Bacelo, 7000-000 Évora.
Bens: Prédio urbano, sito na Rua de São Bento, inscrito na respectiva
matriz sob o art°. 371º, da Freguesia de Barrancos e descrito na Conserva-
tória do registo Predial de Barrancos sob o n°. 01772/011112.
Moura, 14-05-2012.
N/Referência: 680351
O Juiz de Direito,
Dr. Rui Miguel Fonseca Machado
O Ofi cial de Justiça,
Joaquim Infante
Diário do Alentejo25 maio 2012
necrologia diversos26
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CONSTRUÇÃO CIVIL “DESDE 1800”
PARTICIPAÇÃO E
AGRADECIMENTO
Custódia Maria
Cabrita Palma
Marido, fi lhos, noras, genro
e netos cumprem o doloroso
dever de participar o faleci-
mento da sua ente querida
ocorrido no dia 14/05/2012 e
na impossibilidade de o fazer
pessoalmente agradecem
por este meio a todas as pes-
soas que a acompanharam à
sua última morada, ou que
de outra forma manifestaram
o seu pesar.
Mais expressam o seu re-
conhecimento a médicos,
enfermeiros e auxiliares do
3º piso – Unidade de AVC’s
do Hospital de Beja pelo
apoio e ajuda prestados
durante o seu internamen-
to, e a sua gratidão tam-
bém para todo o pessoal
da Cáritas Diocesanas de
Beja, e da sua fi lha Toninha,
em particular, que agradece
a todas as suas colegas do
Apoio Domiciliário, Cozinha
e Dra. Ana Soeiro da refe-
rida Instituição, pelo acom-
panhamento, solidariedade,
carinho, apoio e ajuda pres-
tados durante a sua doença
e neste momento de dor e
partida.
A todos muito obrigado.
Baleizão
PARTICIPAÇÃO E
AGRADECIMENTO
Isabel Maria FilipeFilhos, nora e netos cum-
prem o doloroso dever de
participar o falecimento da
sua ente querida ocorrido
no dia 16/05/2012, e na
impossibilidade de o fazer
pessoalmente agradecem
por este meio a todas as
pessoas que a acompanha-
ram à sua última morada ou
que de outra forma manifes-
taram o seu pesar.
Beringel - Cuba
AGRADECIMENTO
Fernando Jorge
dos Santos Ruivo
22/04/2012
1º Mês de Eterna Saudade
Sua mãe e irmão, cumprem
o doloroso dever de parti-
cipar o falecimento do seu
saudoso filho e irmão ocor-
rido no dia 22/04/2012 e na
impossibilidade de o fazer
individualmente, vêm por
este meio agradecer a todas
as pessoas que acompa-
nharam o seu ente querido
à sua ultima morada ou que
de qualquer forma lhes tes-
temunharam o seu pesar.
Santa Clara de Louredo
PARTICIPAÇÃO E
AGRADECIMENTO
António Marujo
AgostinhoFilhas, genro e netos cum-
prem o doloroso dever de
participar o falecimento do
seu ente querido ocorrido no
dia 18/05/2012, e na impos-
sibilidade de o fazer individu-
almente vêm por este meio
agradecer a todas as pesso-
as que o acompanharam à
sua última morada ou que de
qualquer forma manifestaram
o seu pesar.
MISSA
O tempo passa, a dor fi ca, as saudades aumentam,
Partiram…mas estarão sempre presentes na minha vida e no
meu coração.
Da mulher e mãe,
Maria Alice
Será celebrada missa pelo eterno descanso dos seus entes
queridos no dia 05/06/2012, terça-feira, às 18 horas na Igreja do
Salvador em Beja, agradecendo desde já a todas as pessoas
que se dignarem assistir.
Manuel António
Rebocho Parreira4º Ano de Eterna Saudade
António Nerval
Entradas Parreira27º Ano de Eterna Saudade
Marmelar
AGRADECIMENTO
Francisco Caleiro
Batista
Nasceu 03.05.1944
Faleceu 16.05.2012
Sua família na impossibi-
lidade de o fazer pessoal-
mente agradecem por este
meio a todas as pessoas
que a acompanharam á
sua última morada ou de
outro modo manifestaram o
seu pesar.
AGÊNCIA FUNERÁRIA
ESPÍRITO SANTO, LDA.
Rua das Graciosas, 7 7960-444 Vila de Frades/
VidigueiraTm.963044570 Tel. 284441108
QUINTOS
†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA FRANCISCA, de 84 anos, natural de Quintos - Beja, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 17, da Casa Mortuária de Quintos, para o cemitério local.
BEJA
†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA DE LURDES DO CARMO LAMPREIA COELHO, de 64 anos, natural de Salvada - Beja, casada com o Exmo. Sr. Adelino Moreno Coelho. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 18, das Casas Mortuárias de Beja, para o cemitério local.
PENEDO GORDO
†. Faleceu o Exmo. Sr. ANÍBAL JOAQUIM ROSA GONÇALVES, de 72 anos, natural de Santiago Maior - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Teresa Maria Fernandes Gonçalves. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 20, da Casa Mortuária de Penedo Gordo, para o cemitério local.
TRIGACHES
†. Faleceu o Exmo. Sr. ELÍSIO DOS SANTOS TANIÇA, de 75 anos, natural de Beringel - Beja. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 20, da Casa Mortuária de Trigaches, para o cemitério local.
BALEIZÃO
†. Faleceu a Exma. Sra. D. ANA LUÍSA ALFUNDÃO DO CABO GRILO, de 68 anos, natural de Selmes - Vidigueira, casada com o Exmo. Sr. António Manuel Morais Caçapo. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 20, da Casa Mortuária de Baleizão, para o cemitério local.
TRIGACHES
†. Faleceu a Exma. Sra. D. MARIA JOAQUINA PEREIRA, de 79 anos, natural de Beringel - Beja, viúva. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 21, da Casa Mortuária de Trigaches, para o cemitério local.
BEJA
†. Faleceu o Exmo. Sr. JACINTO MANUEL PENACHO, de 72 anos, natural de Nossa Senhora das Neves - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Maria de Fátima do Sacramento Penacho. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 21, da Casa Mortuária de Penedo Gordo, para o cemitério local.
SALVADA
†. Faleceu o Exmo. Sr. JOÃO MANUEL LOPES, de 74 anos, natural de Salvada - Beja, casado com a Exma. Sra. D. Alzira Teresa Gatinho. O funeral a cargo desta Agência realizou-se no passado dia 24, da Casa Mortuária de Salvada, para o cemitério local.
Às famílias enlutadas apresentamos as nossas mais sinceras condolências.
Consulte esta secção em www.funerariapax-julia.pt
Rua da Cadeia Velha, 16-22 - 7800-143 BEJA Telefone: 284311300 * Telefax: 284311309
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dar (vivenda). Mobilado,
perto do Largo de Santo
Amaro.
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tm. 964052221
Serpa
PARTICIPAÇÃO
Idalina da Conceição
BelchiorFaleceu a 21.05.2012
É com pesar que partici-
pamos o falecimento da
Sra. D. Idalina da Conceição
Belchior, de 96 anos, natural
de Serpa. O funeral a cargo
desta Agência realizou-se no
dia 23/05/2012 pelas 10.00
horas, da Casa Mortuária
de Serpa para o cemitério
local.
Apresentamos à família as
cordiais condolências.
Serpa
PARTICIPAÇÃO
António Mangas Estradas
Faleceu a 23.05.2012
É com pesar que participa-
mos o falecimento do Sr.
António Mangas Estradas,
de 80 anos, natural de Serpa,
casado com a Sra. D. Irene
da Graça Correia Estradas. O
funeral a cargo desta Agência
realizou-se no dia 24/05/2012
pelas 10.00 horas, da Casa
Mortuária de Serpa para o
cemitério local.
Apresentamos à família as
cordiais condolências.
AGÊNCIA
FUNERÁRIA
SERPENSE, LDAGerência: António Coelho
Tm. 963 085 442 – Tel. 284 549 315 Rua das Cruzes, 14-A – 7830-344
SERPA
Diá
rio d
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Workshopde cinema
de animação para crianças
A páginas tantas ...O Princípio de Paula Carballeira, ilustrado por Sonja Danowski e editado pela Kalandraka, conta-nos na voz de uma criança todos os efeitos cruéis de uma guerra e as suas consequências, no entanto, este é um livro onde a esperança é a mensagem predominante.Esta ilustradora já recebeu vários prémios internacionais, tendo tido o seu trabalho exposto em vários países, como Polónia, China, Alemanha e também em Portugal, tendo sido selecionado três vezes para a bienal Illustrarte de Portugal.Podes ver mais do seu trabalho em http://www.sonjadanowski.com/
Com a chegada do bom tempo também a variedade das frutas é outra e nada melhor que um lanche cheio de vitaminas e a cheirar a férias.
Pais...
banana, kiwi, tangerina ou laranja.
Dica da semanaO blog que te trazemos hoje é de uma professora, por acaso italiana, e do trabalho que desenvolve com os seus alunos. Uma ideia simples para quem acha que não sabe pintar.
http://laclassedellamaestravalentina.blogspot.pt/2011/09/un-pennello-un-po-speciale.html
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Boa vidaComer Bacalhau gratinado no forno com legumes
Ingredientes:6 postas de baca lhau demolhado, 3 cenouras, 3 batatas, 1 couve lombarda pequena, 2 cebolas médias, 1 dl. de azeite, q.b. de farinha de trigo, 3 dl. de leite,2 gemas, sal, pimenta e noz-moscada q.b..
Confeção:Coza o bacalhau em água. Retire-lhe a pele e as espi-nhas, lasque-o grosseira-mente e reserve. Descasque as cenouras e corte-as em palitos, corte a couve lombarda em pedaços e as batatas aos cubos. Coza tudo na água do bacalhau. Faça um refogado com a ce-bola e o azeite e junte a fari-nha. Adicione o leite quente, mexendo sempre, retire do lume e junte as gemas.Envolva o bacalhau e os le-gumes e retifique os tempe-ros a seu gosto (sal, pimenta e noz moscada).Coloque num pirex e leve ao forno quente para gratinar.Sirva bem quente e bom apetite...
Nota: cuidado com o sal visto o bacalhau conter sal.
António Nobre Chefe executivo de cozinha – Hotéis M’AR De AR, Évora
LetrasSushi em casa
Qual a comida mais sa-borosa e engenhosa do mundo (além da alen-
tejana, claro)? A japonesa. Se simplicidade é a chave da sua confeção há uma máxima de co-nhecimento obrigatório: é que para os japoneses a comida deve agradar a todos os sentidos. Assim, com este ensinamento, abre este receituário ilustrado com belíssimas fotos de Jorge Simão. Sashimi e sushi em breve introdução histórica e um glos-sário de produtos e utensílios se-guem-se no B-A-BA fundamen-tal para quem quer confecionar em casa as suas refeições japo-nesas. Se o sushi bar do Bica do Sapato, em Lisboa, (o projeto de viragem das carreiras de Anna Lins e Paulo Morais), é uma per-dição a que ninguém pode esca-par, o desejo de comer japonês em casa com ingredientes fres-cos e a preços mais acessíveis é, muito provavelmente, comum a todos os apreciadores.
A resposta está neste livro, muito bem organizado – recei-tas base (o arroz; como escolher, arranjar e cortar peixes para ni-giris, sashimi e rolos; como cor-tar legumes e frutas; etc.), deco-rações, sushi, variantes do sushi, sushi para crianças (irresistível), sashimi e ippin ryori (as peque-nas entradas fundamentais para uma refeição japonesa).
Sushi em casa vem preen-cher um vazio no mercado edi-torial português – foi há mais de 10 anos que comprei o meu primeiro livro para confecionar sushi, em castelhano, muito bo-nito mas, de longe, menos re-quintado, menos bem organi-zado e muito menos explicativo do que este. Fundamental.
Maria do Carmo Piçarra
FilateliaO aniversário do “Diário do Alentejo”assinalado filatelicamente
Os 80 anos do “Diário do Alentejo” fi-cam registados com vários eventos fi-latélicos, nomeadamente uma exposi-
ção de filatelia e a emissão de um selo e de um carimbo especial, produtos estes que irão dar origem a um sobrescrito de 1.º dia de circula-ção e de um postal máximo.
A exposição é inaugurada no dia 29 e en-cerra no dia 1 de junho, dia do aniversá-rio. Todas as coleções expostas versam a li-teratura portuguesa e são as seguintes: Vila Real de Santo António 18 de fevereiro de 1899 – António Aleixo; Manuel Cabanas e o seu tempo e António Vicente Campinas, de Francisco Matoso Galveias; Quadras de António Aleixo em Postais de Alberto de Sousa, de José Pedro Pinheiro da Silva; Literatura Portuguesa, de Albano Parra Santos; A Escrita, de José da Costa Lemos; História da Literatura Portuguesa, Luís de Camões e “Diário de Alentejo” (páginas esco-lhidas) de Geada Sousa.
Nos dias 29, 30 e 31 o certame pode ser vi-sitado das 20 às 23 horas; no dia 1, dia do ani-versário, o seu horário será das 14 e 30 às 18, horas, sendo este também o horário do posto de correio que funcionará no local da exposi-ção, o CCD do hospital de Beja.
Do catálogo destacamos o artigo “Mais vale sê-lo” de Paulo Barriga, diretor do “Diário do Alentejo”, que nos diz: “O ‘Diário do Alentejo’ completa 80 anos a 1 de junho. Que é o dia que internacionalmente é dedicado à criança. Aos direitos da criança. Ao direito às crianças po-derem sonhar. Brincar. O ‘Diário do Alentejo’ é avançado, em idade, mas uma criança, quanto ao espírito. Uma criança livre, alegre, como todas as crianças deveriam ser. Sempre.
Pelo que, nas nossas páginas, habituámo-nos, nos últimos tempos, às coisas boas da vida, à alegria, às notícias positivas. Em de-trimento das desgraças que costumam caval-gar a espuma dos dias. Somos colecionado-res. Colecionadores inveterados de histórias esperançosas e animadoras. De pessoas inte-ressantes e realizadas. Das suas histórias de vida. Colecionamos todos os pedacinhos da vida coletiva da nossa região e os seus melho-res protagonistas: as pessoas. Ainda que, mui-tas vezes, anónimas”.
Geada de Sousa
JazzNicole Mitchell Awakening
Ao longo da história do jazz têm sido poucos os músicos a dedicar-se exclusivamente à f lauta. A maior parte – geralmente saxo-
fonistas – utilizam-na como instrumento secun-dário, destinado a colorir com tons mais ou menos exóticos as suas telas musicais. Mas, felizmente, há exceções. Uma das mais brilhantes é Nicole Mitchell, que ocupa uma posição central no res-trito rol de músicos que, nos últimos anos, mais têm contribuído para a elevação do estatuto da flauta a um outro patamar enquanto instrumento solista no jazz. Instrumentista notável, com um som ágil e f luente, tem desempenhado um papel verdadeiramente inovador, ao desenvolver novas
técnicas que têm acres-centado pontos a essa história. Ao longo do seu percurso, Mitchell tem mostrado clara pre-ferência por contextos musicais mais livres. Atesta-o as colaborações que manteve (algumas prosseguem) com per-sonagens ilustres como Anthony Braxton, Muhal Richard Abrams, George Lewis, Bill Dixon, Miya Masaoka, James Newton, Rob Mazurek e Hamid Drake, entre outros. Tem sido destacado membro da AACM – Association for the Advancement of Creative Musicians, com centro em Chicago. Em “Awakening” – acom-panhada pelo guitar-rista Jeff Parker, o con-trabaixista Harrison
Bankhead e o baterista Avreeayl Ra – a f lautista oscila sem pruridos entre uma via mais ousada e experimental (aproximando-se das abordagens de Eric Dolphy) e um caminho mais acessível e melodista ligado à tradição hard-bop, trazendo à memória a doçura de Herbie Mann. Os diálogos estabelecidos entre a flauta e a guitarra são o ele-mento central da grande maioria do programa, apoiadas por uma secção rítmica em bom plano, sobretudo por via da segurança e do “groove” de Bankhead. Os melhores momentos acontecem em “Journey On A Thread”, com o seu maior pendor experimental, na solidez de “Center Of The Earth” (construído a partir de um motivo explorado pelo contrabaixo) e “Momentum”, a peça de maior fô-lego e que parece funcionar como o centro de gra-vidade de todo o disco. Já em “Curly Top”, “F.O.C” e na peça-título trilha caminhos mais convencio-nais, pontuados por um plácida tendência “swin-gante”. Apesar dos pontuais desequilíbrios, este é mais um testemunho da relevância artística de Nicole Mitchell.
António Branco
Nicole Mitchell – “Awakening”Nicole Mitchell (flauta), Jeff Parker (guitarra), Harrison Bankhead (contrabaixo) e Avreeayl Ra (bateria).Editora: Delmark Records
Ano: 2011
Anna Lins, Paulo MoraisMatéria-prima ediçõesPVP: 18,50 euros188 págs.
28 O Wolf foi encontrado em Beja, abandonado. É ainda
um cachorro e estava muito assustado. Agora começa
a recuperar a confiança nas pessoas e precisa de
muito carinho e atenção. Vai ficar de porte grande.
Está desparasitado e será vacinado em breve.
Contactos: 962432844; [email protected]
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Petiscos
Finisterra
Ali acaba a terra. Para aquele lado, à nossa frente, está a terra do bacalhau, a terra nova a que Eric O Vermelho chamou o país
das uvas.Aqui passaram os veleiros que ligavam o
Mediterrâneo aos mares gelados do Norte, donde vinha o estanho que casava com o cobre para fazer o bronze e os tecidos de lã, aconchegos das noites frias da Europa do Sul. Milhares de navios e de tri-pulações ali se afundaram aos olhos pasmados dos paisanos galegos que aguardavam ansiosos pelos despojos e náufragos carregados de ouro e joias. Tarde ou cedo os corpos arribavam às suas rias.
Por todo o lado se misturam em conf lito as águas do mar e o chão de solo granítico, carregado de f lorestas e clareiras, onde pastam tranquilas va-cas de leite. Quando se faz uma curva na estrada, diante de nós pode estar uma colorida chata com os preparos marisqueiros ou um trator e respetiva charrua. Não se sabe.
As povoações têm constantemente um fio de água que as atravessa. É o fim dum rio ou o princí-pio duma ria. Em ambos os casos cheira a maresia, a mexilhão ou a moliço.
As casas são velhas – há também novas mas são inacreditavelmente feias – e, quando a traça é an-terior aos caixotes modernos dos subúrbios, ali-nham-se janelas de vidro para fora das fachadas. É patente que, em muitos dias por ano, é este o pro-cesso de aprisionar os ténues raios, do que resta, de sol.
As igrejas e monumentos são de granito e estilo românico. Nos mais antigos ainda se identificam
arcos visigóticos, paleocristãos, o que, entre nós, é relativamente raro. Os nomes são portugueses e a língua é uma espanholada com raiz claramente idêntica à nossa. E o mais notável é que os gale-gos prezam falar este velho galaico-português que nos liga.
Dizem-se conhecidos, não só pelo peixe e ma-risco dos seus mares, como pela forma como o cozinham. Isto é o que eles – mais os pitorescos panfletos turísticos que distribuem em profusão – dizem, mas não é verdade. Bem lembrava o meu saudoso Tony Bruto da Costa que não se pode ter tudo e ter os olhos azuis.
É este o caso. A paisagem é de facto um per-manente espetáculo de cor e forma mas o peixe da nossa costa dá-lhes dez a zero, sendo que o pior é a forma como o cozinham. Grelham-no numa chapa, “a la plancha”, e só então nos damos conta dos prodígios que podem fazer num peixe – à nossa maneira – o calor das brasas do carvão de azinho. Também as amêijoas, que já de si são más, grossas, levam um inidentificável molho “à marinheira”, pavoroso.
Só me lembrava das minhas, de Sines, ditas “cristãs” – comuns praticamente a toda a costa por-tuguesa. Amêijoas “à Bulhão Pato”, perante quem, à falta de tirar o chapéu, faço respeitosa vénia.
Um quilo das cristãs, pretas, já limpas e sem areia. Aquece-se num tacho um decilitro de bom azeite e dois dentes de alho muito picado. Quando louros, põem-se as amêijoas, acompanhadas dum ramo de coentros, também finamente picado. Sacode-se vigorosamente o tacho ao lume. Ao abri-rem, bem, verte-se o sumo dum limão pequeno.
Peço desculpa aos nossos irmãos galegos mas o melhor é eles não provarem. Pelo desgosto que teriam.
António Almodôvar
Por todo o lado se misturam em conflito as águas do mar e o chão de solo granítico, carregado de florestas e clareiras, onde pastam tranquilas vacas de leite. Quando se faz uma curva na estrada, diante de nós pode estar uma colorida chata com os preparos marisqueiros ou um trator e respetiva charrua. Não se sabe.
um jornalpara toda
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SEXTA-FEIRA, 18 MAIO 2012 | Diretor: Paulo Barriga
Ano LXXX, No 1569 (II Série) | Preço: € 0,90
Passaporte dá descontos
nos museus alentejanos
Celebra-se hoje o Dia Internacional dos Museus.
E a Rede de Museus do Distrito de Beja, que
engloba cerca de 50 espaços musealizados,
lança nesta data um passaporte que dá direito a
descontos e um guia com todos os locais museo-
gráfi cos da rede. págs. 6/7 e 24
Roquete ameaça parar
projeto em Alqueva
José Roquete está a “ponderar” desistir do
megaprojeto turístico que detém junto ao
Alqueva. Por difi culdades de fi nanciamen-
to, o ex-presidente do Sporting necessita
de 35 milhões de euros para concluir a
primeira fase da obra. pág. 10
Autarcas a uma só voz contra cortes no IMIGoverno quer retirar cinco por cento do imposto sobre os imóveis aos municípios
JOSÉ
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O novo presidente da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Alentejo, António
Dieb, revela em entrevista exclusiva
ao “Diário do Alentejo” que vai
fazer uma profunda avaliação dos
investimentos públicos efetuados
na região nos últimos 26 anos. É
necessário, afi rma, encontrar uma
estratégia de desenvolvimento
que passe pelo “investimento
produtivo e gerador de mão de
obra qualifi cada”. págs. 16/17
António
Dieb:“O nosso
grande falhanço
tem sido
a incapacidade
de atrair
investimento”
“O Governo não tem respeito nenhum pela autonomia do
Poder Local”. É com estas palavras duras que o presidente da
Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, José Maria
Pós-de-Mina, reage ao anúncio governamental que prevê
o corte de cinco por cento nas verbas do IMI. Jorge Pulido
Valente, presidente da Câmara de Beja, ameaça mesmo levar
o Governo a tribunal em reação a uma medida que é “ilegal” e
um “abuso de poder”. pág. 8
Há mãos que fazem milagres
Viagem ao misterioso
mundo dos “endireitas”págs. 12/13
Marmelar:
Aldeia ribeirinha
mas nem tantopágs. 4/5
facebook.com/diariodoalentejo
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História do jazz no espaço Oficinas Arranca hoje, sexta-feira, no espaço Oficinas, em Aljustrel, o curso livre de iniciação à história do jazz “Jazz de A a Z”. A ação, que decorrerá até 4 de maio estruturada em oito sessões, sempre às sextas-feiras, é mi-nistrada por António Branco, dinamizador do Clube de Jazz do Conservatório Regional do Baixo Alentejo. A primeira sessão, pelas 21 e 30 horas, abordará o tema “Dos campos de algodão a Nova Orleães”.
Fundada em 2003, a banda que andou nas bocas do mundo com “Picture of my own” e
“How do you know me”, chega hoje a Beja, ao palco do Teatro Pax Julia, para um concerto
com a nova vocalista, Joana Gomes. Um ano depois de “Venice”, o primeiro álbum com voz
feminina, os Fingertips avançam para “2”, que já está à venda desde 5 de março, e cujo single
“Running out of time” já está a rodar nas rádios nacionais. O espaço bejense, que acolhe o
grupo a partir das 22 horas, é uma das muitas paragens da digressão nacional da banda.
Fingertipsem Bejacom voz
feminina
30
Fim de semanaEspetáculos também em Alcácer,
Santiago e Castro Verde
Santo Andréé capitaldo teatro
até 17 de junho
A Revolta de Bejapor José Hipólito Santos O sócio-economista e ativista político
José Hipólito Santos (Porto, 1932)
vai estar hoje, sexta-feira, pelas 18 e
30 horas, no auditório da Biblioteca
de Beja, para apresentar o seu mais
recente livro, A Revolta de Beja. A
obra, que será introduzida por José
Madeira, professor do Instituto de
História Contemporânea, recorda
o levantamento conjunto, civil e
militar, planeado desde o exílio no
Brasil por Manuel Serra e Humberto
Delgado, três anos após as eleições
presidenciais de 1958, que puseram a
nu a debilidade do regime. “Beja foi
escolhida para dar início à revolta
que envolveu essencialmente civis
e alguns militares, dentre os quais
alguns do quartel de Beja. Falhou
mas marcou as gerações seguintes”,
considera o autor, um dos que esteve
envolvido na insurreição de há 51 anos.
Projeto Aldeia Poema arranca em Santo Amador O projeto Aldeia Poema, dinamizado
pelo artista plástico Pedro Penilo no
âmbito festival cultural Ervançum,
previsto para julho próximo (de 6 a
8), arranca já amanhã, sábado, com
uma primeira oficina de conceção,
agendada para as 17 horas. Trata-se
de um projeto de intervenção
artística no espaço público
da aldeia de Santo Amador,
concelho de Moura, aberto
à participação de uma
dezena de interessados,
que “se fundará na arte
da poesia, escrita e visual,
podendo desdobrar-se
em expressões de registo
imediato e simples como
as do desenho, pintura,
fotografia, vídeo e
canto”. A participação é
gratuita e desenvolve-se
em várias sessões de
trabalho, às quintas-
feiras, das 21 às 23 horas, e
aos sábados, entre as 17 e as
20 horas. Aldeia Poema é
uma iniciativa da junta
de freguesia local.
Alunos de Castroem “As aventurasde João Sem Medo”Um grupo de alunos da Escola
Secundária de Castro Verde sobe hoje
ao palco do cineteatro municipal, em
duas sessões (10 e 30 horas e 21 e 30
horas), com a peça “As aventuras de João
Sem Medo”, uma adaptação da obra
homónima de José Gomes Ferreira a
cargo da professora Filipa Figueiredo,
responsável também pela encenação e
direção de atores. A iniciativa, integrada
no projeto ALeR+ e no plano anual de
atividades da escola, envolveu cerca
de 50 alunos de várias turmas e anos
de escolaridade, visando “promover a
leitura de textos narrativos e dramáticos,
a autoestima e participação na vida da
comunidade escolar, com intervenção
nas dinâmicas culturais da localidade”.
Livros e cante animam Cuba no fim de semana Entre hoje e domingo, 27, a vila de Cuba
recebe a quarta edição da iniciativa
Vivácuba – Livros & Companhia,
com organização do município local
e do agrupamento de escolas do
concelho. Inserida no projeto Cuba
En’cante, desenvolvido em parceria
com associação Terras Dentro, esta
edição terá um enfoque muito especial
no cante alentejano, “um dos produtos
culturais mais genuínos da região”.
Ao longo dos três dias do evento, serão
promovidas ações dispersas pelo
espaço urbano, “onde o cante acontece,
com caráter de ‘espontaneidade
programada”, no seu ambiente
natural, em adegas e restaurantes”.
E também iniciativas em espaço
exterior, como o largo da Bica, onde
se localizarão expositores temáticos,
representações dos agentes culturais,
locais, nacionais e internacionais,
espaços para ateliês artísticos, as
tasquinhas e o palco principal.
Uma dúzia de companhias na-cionais e estrangeiras vão es-palhar-se este ano entre Vila
Nova de Santo André e mais três loca-lidades alentejanas – Alcácer do Sal, Santiago do Cacém e Castro Verde – na 13.ª Mostra Internacional de Teatro de Santo André, que se inicia hoje, sexta--feira, com a peça “Bucha & Estica”, uma coprodução entre os anfitriões Ajagato e o coletivo Truta. A peça sobe ao palco da Escola Secundária Padre António Macedo, em Santo André, a partir das 22 horas, inaugurando um programa “com a mesma dimensão dos últimos anos e com uma significativa componente internacional”, isto ape-sar das “limitações financeiras”, subli-nha o diretor da mostra, Mário Primo.
Entre as companhias convidadas, a organização atribui especial desta-que à visita dos colombianos Casa del Silencio, que aproveitarão a sua es-tada em Portugal para dinamizar um curso intensivo de formação em Teatro do Gesto, nos dias 4 e 5 de junho. “Woyzeck” é o espetáculo que trazem ao Alentejo, com sessões em Alcácer do Sal e em Castro Verde, respetivamente nos dias 1 e 3 de junho. No domingo, 27, o Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém, re-
cebe, por seu turno, “Perdi a mão em Spokane”, de Salvador Sobral.
Igualmente exaltada é a residência artística do Teatro Meridional, uma das mais prestigiadas companhias de teatro portuguesas, que aqui apresen-tará, a 15 de junho, em antestreia, o seu mais recente espetáculo, “O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão”.
Até 17 de junho, vão ainda pas-sar pela região os Circolando, em “Paisagens em Trânsito” (ama-nhã, sábado); o espetáculo brasileiro “Viandeiros”, com o multifacetado ator, músico e bailarino Luiz Canoa (1 de junho); a veterana A Barraca, com Maria do Céu Guerra encarnando “D. Maria, a Louca” (3 de junho); o Teatro dos Aloés, que trazem na ba-gagem “Os Juramentos Indiscretos” (8 de ju-nho); a Estação Teatral da Beira Interior, com “Volfrâmio” (9 de junho); o Chapitô, que apre-senta “Édipo” (10 de junho); e “Yátra”, dos Propositário Azul, um espetáculo ofe-recido pelo Inatel/ /Teatro da Trindade (16 de junho).
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31recolha de resÍduos
no terreiro dos valentes:
residentes obrigados
a despejar o lixo em albernoa
As obras de requalificação nas Portas de Mértola têm criado grandes constrangimentos na circulação de peões, de au-tomóveis e de dinheiro nas caixas registadoras dos comerciantes da zona. Recentemente, a Câmara Municipal de Beja anunciou a impossibilidade de recolher resíduos (termo fino sinónimo de “murraça”) naquela zona, mas já anunciou ou-tras zonas alternativas onde despejar o seu lixo. Pode fazê-lo junto em moloks situados em Albernoa, Baleizão, Mombeja, Almodôvar, São Brás de Alportel, Tânger, Dakar e Guiné-Bissau.
Cientistas alentejanos trabalham em combustível à base de manteiga de cor para submarinos
Notícias recentes relataram o facto de os submarinos comprados à
Alemanha, e que custaram para cima de um testículo de dinheiro, es-
tarem parados por não haver verba para o combustível. Todavia, se-
gundo apurámos, já foram tomadas medidas para auxiliar o Ministério
da Defesa a este nível: foram contratados dois cientistas alentejanos
para desenvolver um combustível derivado da manteiga de cor, com
capacidade para alimentar motores potentes e com a vantagem adi-
cional de se poder barrar no pão, em tostas e naquelas bolachas de ar-
roz que sabem a esferovite. Numa notícia relacionada, descobrimos
que a Marinha irá protagonizar espetáculos de angariação de fun-
dos na barragem de Alvito: destaque para o número dos submarinos
Arpão e Tridente que protagonizarão acrobacias mascarados de orcas
do Zoomarine.
Tromba de água na romagem à campa de Catarina Eufémia: PCP acusa São Pedro de ser neoliberal
Realizou-se em Baleizão a tradicional romagem à campa de Catarina
Eufémia promovida pelo PCP. Este ano, porém, o evento ficou mar-
cado pela tromba de água que se abateu sobre aquela freguesia e que
obrigou ao encurtamento da visita de Jerónimo de Sousa. Os comu-
nistas não ficaram contentes com estes acontecimentos e acusaram,
em comunicado, São Pedro de estar por trás desta “tramoia imperia-
lista e neoliberal que visa denegrir os valores de esquerda”. Os mes-
mos insinuaram ainda que o padroeiro da chuva também estaria por
trás do relâmpago que atingiu o avião de François Hollande a cami-
nho do “beija-mão à senhora Merkel, que nem sequer dá beijinhos de
forma convincente, prova de que é uma neoliberal com carvão no lu-
gar do coração”. Para além da romagem, estavam previstas outras ini-
ciativas como a queima de efígies do tenente Carrajola, de Trotsky, de
Sócrates, de Passos Coelho e de Miguel Góis.
Inquérito O Hospital de Beja não consegue contratar psiquiatras. Ó doutor, por que é que não quer vir para Beja?
DR. ABÍLIO XANAX, 63 ANOS
Psiquiatra e imitador do Avô Cantigas em casas de alterne
Meu Deus, como se fosse preciso explicar… Mas os senhores de Beja
pensam que me enganam? Se fosse para o Alentejo ficava falido – eu
bem sei que as caixas multibanco daquela zona não têm dinheiro sufi-
ciente para eu levantar. Além disso, estou a pensar reformar-me. Você
já foi a um hospital? É só gente doente, perigoso à brava… E nos hos-
pitais da zona há colegas que apanham vírus com muita facilidade,
como a alentejanite.
DR. VIRGOLINO PROZAC, 32 ANOS
Psiquiatra e cobaia de medicamento contra a calvície
Pá, é uma cena que não me dá jeitinho nenhum. Ainda há pouco tempo
comprei uma casa de 36 assoalhadas no Parque das Nações – foi o que se
conseguiu arranjar com o meu salário – e não estou com grande disponi-
bilidade para me mudar. Fica um bocado fora de mão, até porque depois
não tenho onde fazer as revisões ao Jaguar da minha mulher e ao meu
Maserati. Se abrirem um concessionário dessas marcas a 10 metros da
minha habitação em Beja, podemos falar... Mas não prometo nada!
DR.ª LARA ZOLOFT, 28 ANOS
Psiquiatra e assinante da revista “Sobremesas com
antidepressivos”
Nunca ninguém me falou dessa possibilidade. Até agora não tinha
pensado nisso, mas se tivesse de responder, diria não – quero ficar
mais uns tempos em Portugal e quem sabe se, no final da minha
carreira, não emigrarei para essa tal de Beja. Falam português
por lá? Outro dia fui ao Porto, onde me garantiram que se falava
português, e não percebi nada. Eu que até me esqueci do passa-
porte. Agora se me permitem, tenho de receitar a este desempre-
gado antidepressivos suficientemente fortes para deixar um rino-
ceronte inconsciente.
Silva Carvalho enviou clippings de receitas do chefe Nobre para Miguel Relvas
Silva Carvalho, o Panda do Kung-Fu da espionagem, o homem que fez pelas secretas portuguesas o que José Castelo Branco fez pelos vídeos caseiros, anda nas bocas do mundo. Alegadamente (vê, prezado leitor, também gostamos de evitar processos judiciais), Silva Carvalho terá usado meios do SIED para enviar informações secretas para grupos económicos e políticos da nossa praça. Investigação conjunta “Não confirmo, nem desminto”/revista “Ponto Cruz”/João Gobern descobriu que foram enviados clippings do “Diário do Alentejo” para Miguel Relvas, nomeadamente dezenas de receitas do chefe Nobre. Relatório a que tivemos acesso, revela que Silva Carvalho desconfiava do “uso abusivo – quase a roçar o terrorista – de chalotas, salsa e aquela mariquice do azeite virgem”. Destaque, também, para o clippng de páginas da necrologia em que foram identificadas fotos de pessoas com “bigodes estranhamente similares aos de Saddam Hussein e de Kadhafi – uma ameaça à segurança nacional!”, rematava o relatório.
sos Coelho e de Miguel Góis.
Nº 1570 (II Série) | 25 maio 2012
RIbanho POR LUCA
FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DA AMBAAL – ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO BAIXO
ALENTEJO E ALENTEJO LITORAL | Presidente do Conselho Directivo José Maria Pós-de-Mina | Praceta Rainha D. Leonor, 1 – 7800-431 BEJA | Publicidade e
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Opinião Ana Paula Figueira, Bruno Ferreira, Cristina Taquelim, Daniel Mantinhas, Filipe Pombeiro, Francisco Marques, João Machado, João Madeira, José Manuel Basso,
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Hoje, sexta-feira, 25, o sol vai brilhar em toda a região. A temperatura deverá oscilar entre os 16 e os 26 graus centígrados. Amanhã, sábado, não são esperadas nuvens e no domingo o céu deverá estar limpo.
Nova Antologia de Poetas Alentejanos apresentada hoje
Hoje, pelas 18 e 45 horas, na Biblioteca Municipal
Almeida Faria, em Montemor-o-Novo, será apresentada
a Nova Antologia de Poetas Alentejanos, que conta com
a participação de 50 poetas alentejanos e prefácio de
Urbano Tavares Rodrigues. A direção encontra-se a
cargo de Eduardo M. Raposo. Segundo um comunicado
enviado ao “Diário do Alentejo”, a Nova Antologia de
Poetas Alentejanos “tem como limites geográficos a região
Alentejo e como protagonistas os naturais, vivendo cá ou
na diáspora, e também os que no Alentejo se radicaram
e se assumem como tal”. O comunicado explica que “esta
antologia alia o rigor literário e a preservação da memória
de um tempo histórico, ao entusiasmo e à entrega de
ativamente contribuir para que seja reconhecido o valor
e o espaço próprio aos poetas que dela fazem parte e a sua
importância num Portugal e num Alentejo que se (re)
constrói em cada dia”.
II Jornadas Literáriasem Montemor-o-Novo
Começam hoje, sexta-feira, em Montemor-o-Novo, as
II Jornadas Literárias, com o mote “A poesia da terra
em monte maior”. A sessão de abertura encontra-se
agendada para as 14 e 20 horas e, para além de
apresentações de livros, a organização preparou mesas
redondas, debates e vários painéis. “Montemor-o-
-Novo e o Alentejo na Ficção” e “Montemor-o-Novo e o
Alentejo na Poesia” são alguns dos assuntos em debate.
As jornadas contam ainda, entre outras iniciativas, com
uma exposição, com um espetáculo de canto e poesia,
com uma homenagem a Manuel da Fonseca e com uma
prova enogastronómica.
Música coral na basílicade Castro Verde
A Basílica Real de Castro Verde acolhe, amanhã, sábado,
pelas 21 e 30 horas, mais uma noite do II Encontro
de Corais de Castro Verde. Está é a vez do Coro da
Associação Sénior de Castrense, do Coro Lopes-Graça
e os dos Cardadores da Sete ecoarem as suas vozes. A
organização encontra-se a cargo da Associação Sénior
Castrense.
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Tem sido a voz principal do co-letivo Cinema Ensemble, lide-rado pelo compositor Rodrigo
Leão, emprestando uma marca inde-lével, entre o melancólico e o arreba-tado, a temas como “Vida tão estra-nha”, “Voltar” ou “Sleepless Heart”. “Filha de filhos de Aljustrel”, como se define, Ana Vieira vai estar ama-nhã de regresso às origens fami-liares, enquanto artista convidada do Espetáculo das Minas – Raiz Alentejana, que encerrará as come-morações do Centenário do Turismo em Portugal. Uma oportunidade para partilhar com o público mineiro me-mórias musicais de outros verões, passados à “calma” alentejana.
O que é que se pode esperar da sua
prestação no espetáculo de ama-
nhã em Aljustrel, que dá pelo nome
de O Espetáculo das Minas – Raiz
Alentejana? Que tipo de repertório tem
preparado?
Acho que esta iniciativa foi muito inte-ressante e vai ser um prazer cantar com os vários convidados que fazem parte deste espetáculo. A solo, levo uma can-ção que está relacionada com as músi-cas que costumava cantar quando vi-nha a Aljustrel. Espero sinceramente que as pessoas gostem.
A Ana não nasceu em Aljustrel mas tem
fortes raízes familiares no Alentejo. O
Ana Vieira,36 anos, natural de Lisboa
Aprendeu a tocar viola teria 10 ou 11 anos, mas não se lembra de quando terá começado a cantar. O certo é que, já no liceu, passou a fazer parte de um coro e, a partir dos 18 anos, lança-se na aventura de uma banda alternativa exclusivamente feminina, chamada Mary Jane, que lhe abriu portas para um universo muito mais vasto: o das múltiplas utilizações que poderia dar à sua voz, talentosa e versátil. Fez parte de um grupo de blues, deu voz a jingles de publicidade, cantou músicas para a Disney, participou em projetos nacionais, como os Mundo Cão e JP Simões, e integrou ainda as bandas sonoras da série televisiva “Liberdade 21” e da telenovela “Lua Vermelha”.
que há em si desta identidade regional
e de que forma a sente e vive?
Fiquei extremamente agradecida e agradada por ter sido convidada a inte-grar este espetáculo precisamente por-que Aljustrel diz-me muito. Sou filha de filhos de Aljustrel, foi lá que vivi os ve-rões da minha infância e adolescência... Tenho muito boas memórias e, sobre-tudo, tenho muito boas referências...
Tem sido, até ao momento, um pouco
o rosto do Cinema Ensemble, liderado
por Rodrigo Leão. Como descreveria a
experiência de integrar um projeto que
é algo insólito em Portugal pela una-
nimidade que tem criado à sua volta,
sendo apreciado por gente de várias
faixas etárias e de vários gostos musi-
cais, da música erudita à popular? A música do Rodrigo Leão evoca vá-rios géneros, tem uma sonoridade pop e recria vários ambientes (tango, etc.) e por isso mesmo chega a muitos públi-cos. Pessoalmente, aprecio e sinto-me muito confortável com a diversidade musical e linguística.
Está nos seus horizontes, para já, um
projeto a solo, sem Rodrigo Leão?
Fiz parte de vários projetos antes do Rodrigo Leão e continuo a ser convi-dada para integrar outros projetos de diferentes géneros musicais. Para já, a solo não tenho nada estruturado...
Carla Ferreira
Cantora Ana Vieira volta a Aljustrelpara Espetáculo das Minas – Raiz Alentejana
Boa filha à casa torna
PU
B
DR