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  • 7/25/2019 Perfi l sociodemogrfi co e clnico de usurias de Servio de Fisioterapia Uroginecolgica da rede pblica

    1/7

    ARTIGOCIENTFICOISSN 1413-3555

    Rev Bras Fisioter, So Carlos, v. 12, n. 2, p. 136-42, mar./abr. 2008

    Revista Brasileira de Fisioterapia

    Perfi l sociodemogrfi co e clnico de usurias

    de Servio de Fisioterapia Uroginecolgicada rede pblica

    Sociodemographic and clinical profile of female users of public Urogynecological

    Physical Therapy Services

    Figueiredo EM1,3, Lara JO2, Cruz MC2, Quinto DMG3, Monteiro MVC3

    Resumo

    Objetivo:Identificar o perfil de mulheres com incontinncia urinria (IU) atendidas em um servio pblico de Fisioterapia Uroginecolgica,

    em relao a caractersticas sociodemogrficas e clnicas. Materiais e mtodos: Neste estudo descritivo transversal retrospectivo, por

    meio de pronturios e fichas de avaliao fisioteraputica das par ticipantes, os seguintes dados foram levantados: idade, estado civil,

    grau de instruo, tipo de incontinncia, fatores de risco, sinais e sintomas, funo perineal (escala de Oxford) e qualidade de vida

    (IQoL). Estatstica descritiva, pela distribuio de freqncia e proporo, foi aplicada. Resultados: Dados de 58 participantes foram

    considerados. A maioria tinha idade entre 40 e 59 anos (81%), era casada (62%) e possua grau de instruo fundamental (79%). A IU

    mista foi prevalente em 63% da amostra e a incontinncia urinria de esforo (IUE) em 34%. Gestaes (88%) e partos vaginais (76%)

    se destacaram como fatores de risco e o sintoma mais prevalente foi perda de urina ao esforo (97%). O grau 2 de funo perineal foi

    o mais freqente (41%) e a distribuio da qualidade de vida das participantes variou entre baixa (10%), moderada (33%), boa (28%)

    e tima (24%). Concluses:Este estudo oferece dados que contribuem para o conhecimento do perfil das mulheres com IU atendidas

    em servios pblicos que prestam assistncia fisioteraputica uroginecolgica e, alm disso, poder auxiliar no desenvolvimento de

    intervenes preventivas e reabilitadoras nestes servios.

    Palavras-chave: perfil de sade; incontinncia urinria; fisioterapia.

    Abstract

    Objective:To identify the sociodemographic and clinical profile of women with urinary incontinence attended at a public urogynecological

    physical therapy service. Methods:In this retrospective cross-sectional descriptive study, the following information were gathered from

    the participants hospital records and physical therapy evaluation forms: age, marital status, educational level, type of incontinence,

    risk factors, signs and symptoms, perineal function (Oxford scale) and quality of life (QOL). Descriptive statistics using frequency

    distributions and proportions were applied.Results:Data from 58 participants were considered. Most of them were between 40 and

    59 years old (81%), were married (62%) and only had elementary education (79%). Mixed urinary incontinence was the most prevalent

    type (63%), followed by stress urinary incontinence (34%). Pregnancy (88%) and vaginal delivery (76%) were the most prevalent risk

    factors and the most prevalent symptom was urinary loss under stress (97%). Perineal function grade 2 was the most frequent type

    (41%) and the participants quality of life distribution ranged between poor (10%), moderate (33%), good (28%) and excellent (24%).

    Conclusions: This study provides data that contribute towards ascertaining the profile of the women with urinary incontinence who

    are attended in public services that offer urogynecological physical therapy. Furthermore, it may assist in developing preventive and

    rehabilitative interventions in such services.

    Key words: health profile; urinary incontinence; physical therapy.

    Recebido:18/07/2007 Revisado: 17/12/2007 Aceito:13/02/2008

    1 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte (MG), Brasil

    2

    Curso de Graduao em Fisioterapia, UFMG3 Servio de Uroginecologia, Hospital das Clnicas, UFMG

    Correspondncia para: Elyonara Mello de Figueiredo, Rua Perdigo Malheiros, 195/901, Cidade Jardim, CEP 30380-050, Belo Horizonte (MG), e-mail: [email protected]

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    Perfil de mulheres incontinentes sob tratamento fisioterpico

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    Rev Bras Fisioter. 2008;12(2):136-42.

    Introduo

    Incontinncia urinria (IU) a queixa de qualquer perda in-

    voluntria de urina

    1

    . Essa disfuno, responsvel por prejuzosfsicos, psicolgicos e sociais, acomete 20% a 50% da populao

    feminina ao longo de suas vidas. De acordo com a Sociedade In-

    ternacional de Continncia, a IU descrita como um sintoma,

    um sinal ou por meio da observao urodinmica, podendo

    ser classicada em incontinncia urinria de esforo (IUE),

    urge-incontinncia ou IU mista1. A IUE, denida por queixa

    de perda involuntria de urina aps tosse, espirro ou esforos

    fsicos, a mais prevalente na populao em geral e acomete

    49% das mulheres incontinentes1,2. A urge-incontinncia, com

    prevalncia de 22% dos casos de IU feminina, descrita como

    a queixa de perda involuntria de urina acompanhada ou pre-

    cedida imediatamente de urgncia, ou seja de desejo repentino

    e dicilmente adivel de urinar1,3. A associao entre IUE e

    urge-incontinncia, denominada IU mista, acomete 29 a 44%

    das mulheres incontinentes2,4. J a perda contnua de urina

    chamada de IU contnua e o tipo menos freqente2. comum

    a associao entre IU e incontinncia fecal e uma prevalncia

    de 20% foi descrita5. Dados referentes populao brasileira,

    embora ainda incipientes, apontam prevalncia de mulheres

    com IU de 30 a 43%6-9, sendo a IUE o tipo mais prevalente8,10.

    Os sinais e sintomas mais comumente identicados entre as

    mulheres com IU so: urgncia, polaciria, noctria, enurese

    noturna, urge-incontinncia e perda aos esforos2,11. Essessinais e sintomas so usados para nortear o diagnstico e a

    interveno teraputica nesta populao.

    Devido ao impacto negativo na qualidade de vida11, aos

    altos custos pessoais e governamentais e sua prevalncia,

    uma maior importncia tem sido dada a IU nos ltimos anos,

    tanto no que diz respeito criao de servios especcos para

    atendimento populao quanto ao desenvolvimento de pes-

    quisas cientcas que possam nortear o eciente manejo de tal

    disfuno2.

    Vrios fatores podem contribuir para o aumento da preva-

    lncia da IU. Neste contexto, o aumento da idade, responsvelpelo envelhecimento natural das bras musculares, pode levar

    a uma hipotroa ou a substituio destas por adipcitos ou

    clulas de tecido conjuntivo, diminuindo, assim, a capacidade

    dos msculos do assoalho plvico de contribuir de maneira

    efetiva para o processo de continncia12,13. Alm disso, a dimi-

    nuio do estrgeno na ps-menopausa prejudica a coaptao

    da mucosa uretral, devido a atroa epitelial e diminuio da

    vascularizao local14,15. O sobrepeso, presente em mulheres

    em perodo gestacional ou com elevado ndice de massa cor-

    prea (IMC), tambm tem sido apontado como fator de risco

    para a IU. A sobrecarga no assoalho plvico pode desencadearalterao anatmica e/ou alterar a sua funo de sustentao

    dos rgos plvicos e de controle miccional16. Outro fator de

    risco importante a histria familiar, tendo em vista que ca-

    ractersticas genticas podem alterar a proporo entre bras

    musculares tipo I e II e/ou de tecido conjuntivo

    17,18

    . Os partosvaginais tambm aumentam o risco para a IU, devido maior

    chance de leses de bras musculares e nervosas no assoalho

    plvico. Outros fatores de risco freqentemente associados

    IU a presena da IU gestacional e IU ps-parto19,20, provavel-

    mente devido a neuropatia resultante do estiramento e presso

    sobre o nervo pudendo, que pode iniciar durante a gestao,

    piorar no ps-parto e progredir lentamente com o avanar da

    idade21. Segundo Dolan et al.22,a presena de IU gestacional du-

    plica o risco de ocorrncia de IU, impactando negativamente a

    qualidade de vida das mulheres no futuro22.

    A qualidade de vida tem sido um desfecho importante em

    sade. Estudos demonstram que a IU impacta negativamente

    na qualidade de vida tanto de mulheres quanto de homens23-25.

    Alm da importncia para o indivduo especicamente, a qua-

    lidade de vida tem sido tambm relevante para avaliar a satisfa-

    o deste em relao aos resultados do tratamento. J existem

    instrumentos especcos que quanticam a qualidade de vida

    inclusive instrumentos especcos para mulheres com IU j

    traduzidos para a lngua portuguesa23,24. Esses instrumentos

    levam em considerao aspectos importantes da vida coti-

    diana do indivduo, como o estado das relaes pessoais e de

    trabalho, desenvolvimento de atividades fsicas, ocupacionais

    e de lazer23,24. Em mulheres com IU, so comuns o isolamentosocial e o aparecimento de depresso25. importante ressaltar,

    no entanto, que mulheres com sinais e sintomas similares de

    IU podem apresentar diferentes nveis de qualidade de vida.

    Tal fato pode estar relacionado a diferentes estratgias de en-

    frentamento; por exemplo, algumas mulheres consideram a IU

    uma conseqncia natural do processo de envelhecimento e

    passam a usar absorventes higinicos para minimizar o im-

    pacto dessa disfuno no seu cotidiano, enquanto outras bus-

    cam tratamento especializado.

    Historicamente, a IU vem sendo tratada por meio de ci-

    rurgias e medicamentos, ainda que, em 1948, Arnold Kegel jhouvesse proposto uma srie de exerccios da musculatura

    perineal com o objetivo de minimizar seus sinais e sintomas.

    Essa abordagem vem sofrendo transformaes, tendo em vista

    que o tratamento cirrgico um recurso invasivo, pode trazer

    complicaes, tem tempo de recuperao demorado, alm do

    sucesso no ser totalmente garantido e de existirem chances

    de recidivas26,27. Por outro lado, os efeitos da terapia medica-

    mentosa dependem de uso contnuo e podem causar efeitos

    colaterais indesejveis5. O tratamento sioteraputico foi, em

    2005, indicado pela Sociedade Internacional de Continncia

    como a opo de primeira linha para IU, devido ao baixo custo,baixo risco e eccia comprovada28-30.

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    Mesmo sendo a sioterapia indicada como a primeira

    opo de tratamento da IU30, existem relativamente poucos

    servios pblicos de atendimento sioteraputico a mulheres

    incontinentes no Brasil. Alm disso, importante ressaltarque os autores do presente estudo no identicaram estudos

    que descrevem o perl das mulheres com IU que procuram

    assistncia sioteraputica. Portanto, o objetivo deste estudo

    foi caracterizar o perl clnico e sociodemogrco das mulhe-

    res com IU atendidas em um servio pblico de Fisioterapia

    Uroginecolgica, assim como caracterizar o impacto da IU na

    qualidade de vida dessas mulheres.As informaes obtidas

    podero ser teis para nortear a adequao da dinmica de

    funcionamento de servios, ampliar a circulao de informa-

    es e promover o debate e a criao de novos servios, alm

    de fornecer dados que contribuiro para o conhecimento do

    perl de mulheres com IU atendidas em servio pblico de

    Fisioterapia Uroginecolgica no Brasil.

    Materiais e mtodos

    Trata-se de um estudo descritivo transversal retrospectivo

    que caracteriza, sociodemograca e clinicamente, as mulheres

    atendidas no Servio de Fisioterapia Uroginecolgica do Hos-

    pital das Clnicas da Universidade Federal de Minas Gerais

    (HC-UFMG), encaminhadas por urologistas, uroginecologistas

    e ginecologistas do prprio servio, no perodo de abril de 2006a maio de 2007. O complexo HC-UFMG atende prioritariamente

    o Sistema nico de Sade (SUS). O Servio de Fisioterapia Uro-

    ginecolgica foi criado e aprovado pela DEPE/HC-UFMG, sob

    parecer 04/2006, e as participantes do presente estudo assina-

    ram o termo de consentimento livre e esclarecido.

    O referido servio funcionou durante oito horas semanais,

    em 2006, e durante 16 horas semanais, em 2007. Os atendimen-

    tos foram prestados por estudantes do curso de graduao em

    Fisioterapia da UFMG, devidamente treinados e supervisiona-

    dos pela professora da disciplina de Fisioterapia em Gineco-

    logia e Obstetrcia do curso de graduao em Fisioterapia daUFMG e por uma sioterapeuta voluntriado HC-UFMG com

    experincia na rea de Fisioterapia em Sade da Mulher.

    Dos pronturios e chas de avaliao sioteraputica, fo-

    ram coletados dados sociodemogrcos (idade, escolaridade,

    estado civil), dados clnicos e sobre o impacto da IU na quali-

    dade de vida das mulheres atendidas. Os seguintes dados cl-

    nicos foram includos: tipos de IU (denidos clinicamente de

    acordo com a classicao de IU da Sociedade Internacional

    de Continncia1), sinais e sintomas da IU (polaciria, noctria,

    enurese noturna, urgncia, urge-incontinncia, perda aos es-

    foros), fatores de risco para a IU (histria familiar, nmero degestaes, tipo de parto, IU gestacional, IU ps-parto), funo

    perineal operacionalizada por meio da escala de Oxford. Por

    meio da observao e da palpao bidigital do canal vaginal,

    esta escala ordinal gradua a presso de ocluso e elevao da

    vagina, em valores de 0, para ausncia de contrao muscular,a 5, para contrao muscular forte e sustentada com elevao

    da vagina14. O impacto da IU na qualidade de vida das partici-

    pantes foi operacionalizado pelo Quality of Life in Persons with

    Urinary Incontinence(IQoL)23. Este instrumento, traduzido para

    a lngua portuguesa de Portugal, se adapta bem realidade

    brasileira. O IQoL foi usado no Servio de Fisioterapia porque

    j vinha sendo usado pelos uroginecologistas da equipe. Os

    escores do IQoL variam de 0 a 100%, sendo que escores me-

    nores reetem pior qualidade de vida. Para o presente estudo,

    os escores IQoL foram categorizados como baixo (escores

    0-25%), moderado (25,1%-50%), bom (50,1%-75%) e timo

    (75,1%-100%), a m de permitir a descrio da distribuio de

    freqncia desses escores entre as participantes.

    Estatstica descritiva, por meio de distribuio de

    freqncia e proporo, foi aplicada para caracterizar as parti-

    cipantes com relao s variveis sociodemogrcas e clnicas.

    Os dados, coletados por duas pesquisadoras independentes,

    foram armazenados e analisados atravs do programa Excel

    (Windows XP).

    ResultadosPor funcionar em um hospital pblico, o Servio de Fisiote-

    rapia Uroginecolgica atende especialmente usurias do SUS

    e, no perodo avaliado, 63 mulheres com queixa de IU foram

    atendidas. Em funo de informaes incompletas, cinco

    pronturios e chas de avaliao foram excludos e, portanto,

    os dados analisados so referentes a 58 pacientes.

    Com relao s caractersticas sociodemogrcas, 7% das

    participantes tinham entre 20 e 39 anos, 81% entre 40 e 59 e

    12%, 60 anos ou mais. Sessenta e dois por cento eram casadas,

    19% solteiras, 7% vivas e 12% divorciadas. A maior parte das

    participantes (79%) possua grau de instruo fundamentalcompleto ou incompleto.

    Considerando-se as caractersticas clnicas, a distribuio

    dos casos de IU atendidos no servio revelou que a maioria dos

    casos foi de IU mista (63%), seguida por casos de IUE (34%),

    conforme Figura 1. O estudo urodinmico no foi realizado

    em todas as pacientes, sendo esse, portanto, um diagnstico

    clnico. O tempo de perda urinria das pacientes atendidas

    variou entre 1 a 23 anos (mdia= 4,14 anos; dp= 4,14 anos; me-

    diana= 3 anos). A maioria das mulheres no sofreu nenhuma

    interveno teraputica prvia para IU (72%), 21% delas sofre-

    ram algum tipo de interveno cirrgica (perineoplastia e/outcnicas especcas para tratamento de IU, como a operao

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    deBurch e Sling), 5% receberam terapia medicamentosa prvia

    e 2% tiveram a combinao de cirurgia e medicamento. A pre-

    valncia de incontinncia fecal associada IU foi de 16%.

    Com relao aos sinais e sintomas de IU, a perda ao es-foro foi observada em 97% das participantes, sendo que as

    principais situaes causadoras de perda urinria foram tosse,

    espirro, riso e a atividade de carregar peso. Quarenta e seis por

    cento das participantes apresentaram perda em jato, 28% em

    gotas e 14% perda completa de urina, ou seja, perda de grande

    quantidade de urina associada sensao de esvaziamento

    completo da bexiga. Setenta e quatro por cento das partici-

    pantes relataram urgncia; 58%, a polaciria; 52%, a noctria

    e 34%, a enurese noturna (Figura 2). Visando minimizar o

    desconforto advindo desses sintomas, 64% das participantes

    relataram o uso de algum tipo de protetor, sendo 29% o uso de

    absorventes higinicos, 12% de toalha e 3% de papel higinico;

    as demais (17%), o uso variado destes protetores.

    Em relao aos fatores de risco para a IU, 48% das partici-

    pantes relataram histria familiar negativa, 47% histria posi-

    tiva e 5% no souberam informar. Considerando-se os fatores

    de risco para IU relacionados gestao e parto, 21% apresen-

    taram IU gestacional; 21%, IU ps-parto e 14% apresentaram

    esses fatores combinados (Figura 3). Dentre as participantes

    que relataram IU ps-parto, 92% realizaram partos vaginais.

    Oitenta e oito por cento das participantes relataram a ocor-

    rncia de gestaes, sendo que 42% engravidaram de uma a

    trs vezes e 36% de quatro a seis vezes. Com relao ao tipo de

    parto, 54% das participantes realizaram apenas parto vaginal,

    12% apenas cesrea e 22% ambos os tipos.

    A distribuio de freqncia da funo perineal revelou

    que a maioria das participantes apresentou grau 2 de pressoendovaginal, seguidas por graus 3 e 1 (Figura 4). Finalmente,

    em relao qualidade de vida, 52% das participantes apresen-

    taram escores superiores a 50%; 43%, abaixo de 50% e 5% no

    responderam o IQoL (Figura 5).

    Discusso

    Os resultados do presente estudo revelaram que a maioria

    das mulheres com IU atendidas no Servio de Fisioterapia

    Uroginecolgica apresenta faixa etria entre 40 e 59 anos. Este

    resultado similar ao descrito por Mendona et al.10, que in-

    vestigaram 410 mulheres brasileiras atendidas em servio es-

    pecializado e encontraram maior prevalncia de casos de IUE

    em mulheres na faixa etria entre 41 a 50 anos. Por outro lado,

    Urge-incontinncia

    IU mista

    IUE

    34%

    3%

    63%

    Figura 1.Distribuio da freqncia percentual dos tipos de incontinncia

    urinria.

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    UrgnciaPerda aos

    esforos

    Polaciria Noctria Enurese

    noturna

    Figura 2. Distribuio da freqncia percentual dos sinais e sintomasda incontinncia urinria.

    Apenas IU gestacional

    Apenas IU ps-parto

    Ambas

    Ausncia de IU gestacionale IU ps-parto

    7%7%

    14%

    72%

    Figura 3. Distribuio da freqncia percentual da IU gestacional e

    IU ps-parto.

    0

    1

    2

    3

    4

    No se aplica

    No relatado no pronturio

    2%17%

    41%

    22%

    7%

    2%9%

    Figura 4. Distribuio da freqncia percentual da funo perineal, de

    acordo com a escala deOxford.

    0 a 25%

    25,1 a 50%

    50,1 a 75%

    75,1 a 100%

    No relatado no pronturio

    10%

    33%

    28%

    24%

    5%

    Figura 5. Distribuio da freqncia percentual dos escores doquestionrio de qualidade de vida (IQoL).

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    Rev Bras Fisioter. 2008;12(2):136-42.

    considerando que a prevalncia da IU aumenta com o avanar

    da idade31, poderia ser esperado maior nmero de mulheres

    idosas com IU sendo atendidas no referido servio. A desin-

    formao de que a IU uma conseqncia natural do processode envelhecimento e de que no h tratamento para mesma8,32,

    a presena de patologias crnicas nas mulheres mais idosas

    assim como a relativa menor importncia dada disfuno

    urinria comparada a outras disfunes podem, em conjunto

    ou isoladamente, explicar a predominncia de mulheres na

    referida faixa etria.

    O nvel de escolaridade mais baixo observado na amostra

    investigada, similar a outros estudos envolvendo populao

    brasileira7-9, indica que os prossionais do servio devem es-

    tar atentos para abordar adequadamente a paciente, tendo

    em vista que parte do tratamento sioteraputico para IU,

    especialmente para os casos de IU mista e urge-incontinncia,

    inclui terapia comportamental, na qual a efetividade depende

    da adequada compreenso das informaes sobre como lidar

    com os sintomas associados disfuno urinria33.

    A literatura cita a IUE como o tipo mais prevalente de IU,

    seguido pela IU mista e pela urge-incontinncia8,9,34. Os dados

    aqui apresentados revelam que a maioria das participantes

    apresentava IU mista seguida da IUE e poucas apresentavam

    urge-incontinncia isoladamente. O critrio de encaminha-

    mento das pacientes para a interveno sioteraputica pode

    ter contribudo para tal resultado. Como ainda no existe

    denio global acerca de quais tipos e gravidade de IUEmelhoram ou no com a interveno sioteraputica, os

    prossionais do servio deniram seus prprios critrios de

    encaminhamento. Um critrio considerado a gravidade da

    IUE, denida pela presso de perda de urina durante o estudo

    urodinmico. Casos de IUE com presses de perda inferiores

    a 90cmH2O no vinham sendo rotineiramente encaminhados

    para tratamento sioterpico. Tal fato pode ter contribudo,

    portanto, para a maior prevalncia de casos de IU mista na

    amostra investigada, podendo no reetir a realidade da popu-

    lao de mulheres com IU. Futuros estudos, que documentem

    a distribuio de cura e melhora de casos de IUE tratados comsioterapia sero teis no sentido de denir critrios objetivos

    de encaminhamento para tratamento sioterpico, podendo

    oferecer mais uma modalidade de tratamento para mulheres

    com casos graves de IUE.

    A prevalncia de queixa de incontinncia fecal associada IU

    na amostra estudada foi similar descrita na literatura5. Existe,

    portanto, a necessidade da adequada preparao dos prossionais

    para oferecer uma abordagem ampla, que considere no somente

    aspectos uroginecolgicos, mas tambm de proctologia.

    Alguns autores citam perda aos esforos2,21, urgncia2,21, po-

    laciria6, noctria6e enurese noturna6como sinais e sintomasprevalentes em mulheres com IU. No presente estudo, todos

    esses foram observados, com destaque para a perda aos esfor-

    os e a urgncia (Figura 2). Tais resultados revelam a neces-

    sidade de se considerar os sintomas acima desde a avaliao

    da paciente, para que se possa planejar o tratamento maisadequado para cada caso. No entanto, os dados sobre sinais e

    sintomas no devem ser supervalorizados, pois no informam

    acerca do impacto desses na qualidade de vida das pacientes, o

    que pode ser o desfecho mais almejado pelas mesmas. Futuros

    estudos investigando a relao entre os sinais e sintomas da IU

    e a qualidade de vida das mulheres afetadas so necessrios

    para o desenvolvimento de estratgias mais efetivas de inter-

    veno sioteraputica, considerando o indivduo dentro de

    seu contexto social.

    Uma alta prevalncia de uso de algum tipo de protetor, pro-

    vavelmente com o objetivo de minimizar o desconforto cau-

    sado pela perda urinria, foi observada neste estudo, diferente

    do estudo de Silva e Santos7, que encontraram prevalncia de

    uso de protetores em 25,9% dos 77 pacientes hospitalizados

    investigados. Essa relativa baixa prevalncia de uso de proteto-

    res pode estar relacionada ao fato de a amostra daquele estudo

    ter sido composta tambm por homens, em contrapartida

    do presente estudo, constituda somente por mulheres. O com-

    portamento observado nas participantes do presente estudo

    pode reetir uma estratgia de enfrentamento da IU, indicando

    a necessidade de se analisar essas e outras possveis estratgias

    de enfrentamento, no sentido de se avanar na compreenso

    de como diferentes mulheres lidam com suas disfunes urin-rias. Tal conhecimento poderia orientar medidas preventivas

    do agravamento da disfuno urinria, tendo em vista que o

    uso de um mesmo protetor por longos perodos pode induzir a

    ocorrncia de leses epiteliais e infeco urinria, e, em longo

    prazo, levar hiperatividade do msculo detrusor da bexiga35.

    Aproximadamente metade das participantes deste estudo

    relatou histria familiar de IU. Esse resultado similar a um

    estudo prvio18 e sugere a necessidade de se trabalhar preven-

    tivamente com mulheres com histria familiar positiva de IU,

    objetivando prevenir e/ou diminuir o impacto negativo dessa

    disfuno em suas vidas.Sabe-se que o aumento do peso na gestao16assim como

    o parto vaginal7,21,22 podem elevar o risco da ocorrncia de

    IU. No presente estudo, 88% das participantes apresentaram

    gestaes e 76%, o parto vaginal. Esses resultados reforam a

    importncia da investigao desses fatores de risco para a IU e

    apontam para a necessidade de se trabalhar preventivamente

    com gestantes que pretendem realizar partos vaginais, assim

    como inform-las da importncia do controle do peso corporal

    neste perodo. Adicionalmente, foi observado que dois teros

    das mulheres que apresentaram IU durante a gestao tambm

    apresentaram IU no ps-parto. Mais uma vez, os resultadosobservados revelam a importncia da abordagem preventiva

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    Perfil de mulheres incontinentes sob tratamento fisioterpico

    141

    Rev Bras Fisioter. 2008;12(2):136-42.

    Referncias bibliogrficas

    durante a gestao, atravs da conscientizao e treinamento

    da musculatura do assoalho plvico19, a m de se reduzir a pre-

    valncia da IU em fases posteriores de suas vidas.

    Similar a estudo prvio

    36

    , a funo perineal observada foibaixa, indicando que as mulheres que compuseram a amostra

    investigada apresentam pouca percepo corporal e baixa

    capacidade de contrao dos msculos do assoalho plvico.

    Entretanto, importante ressaltar que mulheres que apresen-

    tam o mesmo grau de funo perineal podem relatar diferentes

    sintomas de IU e do seu impacto na sua vida diria. Um possvel

    fator associado a esta variao seria a existncia de diferentes

    mecanismos de continncia, como os que no dependem direta-

    mente da funo do assoalho plvico, mas do sistema de suporte

    uretral e do sistema de fechamento dos esfncteres uretrais37,38.

    Estudos recentes vm documentando o impacto negativo

    da IU na qualidade de vida das mulheres11,25,39. Questionrios

    especcos para mulheres com IU, como o IQoL utilizado neste

    estudo, so importantes para avaliar o impacto da doena sob

    o ponto de vista do paciente e sua percepo de melhora aps o

    tratamento24. No presente estudo, observou-se que pouco mais

    da metade das mulheres apresentou escores no IQoL acima de

    50%, indicando impacto relativamente pequeno da UI na qua-

    lidade de vida. Tal resultado pode estar relacionado ao fato de

    que, no servio investigado, as mulheres com sintomas gravesde perda urinria vinham sendo encaminhadas diretamente

    para a cirurgia, sem passar pelo atendimento sioteraputico.

    Os resultados apresentados reetem, portanto, um critrio es-

    pecco do servio e devem ser analisados com cautela, tendo

    em vista que podem no reetir a realidade da populao de

    mulheres com IU. Ainda que na amostra investigada o impacto

    da IU na qualidade de vida tenha sido relativamente pequeno,

    isso no diminui a importncia das queixas das pacientes, pois,

    por menor que seja o impacto da IU na sua qualidade de vida,

    esse deve ser considerado e adequadamente abordado.

    Esses resultados contribuiro para o direcionamento do

    foco de abordagem na avaliao e intervenes preventivas e

    reabilitadoras para mulheres com IU neste e em outros servi-

    os, alm de ampliar o conhecimento do perl das mulheres

    com IU atendidas em servios pblicos que prestam assistn-

    cia sioteraputica uroginecolgica.

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