"perfeição" - cap. 34 - leninha se dopa e desmaia!

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Page 1: "Perfeição" - Cap. 34 - Leninha se dopa e desmaia!

PERFEIÇÃO/ capítulo 034 PÁG.: 01

Recanto das Capítulo 034Letras

PERFEIÇÃOnovela de:

Lucas Vinícius

escrita por:

Lucas Vinícius

Participaram deste Capítulo:

BARTOLOMEUCLÁUDIOCARMÉLIA CONSTANTINODESIRRÉESTERGEOVANEJÚLIOJUREMALENINHALEANDROLISAMARIA

MARIZETEMIRELANÉIAPAULO

PEDRO JR.RAQUELSIMONEÚRSULA

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PERFEIÇÃO/ capítulo 034 PÁG.: 02

Participações Especiais:Dona do Hotel

CENA 01. FAVELA DE SÃO PAULO. CASA RAQUEL. INT. SALA/QUARTO. NOITE.Continuidade do cap. Anterior. Raquel acaba de pôr a bolsa no sofá.

RAQUEL —— Ah, mas isso não vai ficar assim. Essa loira desgraçada me paga! Ah, se paga!

CAM mostra desespero de Néia, no quarto, dentro do guarda-roupa encolhida.

RAQUEL —— Vou tomar um banho e … partir pruma outra.

Raquel caminha até o quarto, a porta já estava entreaberta. Quando ela entra, fica chocada, irada ao ver várias roupas no chão. Sonoplastia: SUSPENSE.

RAQUEL —— (horrorizada) O que houve aqui!

Néia paralisada, gelada, dentro do guarda-roupa, encolhida. Raquel resolve checar.

RAQUEL —— Será que entrou alguém aqui? Vândalo! Olha só, minhas roupas novas todas. Fruta que Caiu, que filho da mãe!

Raquel pega uma roupa do chão. Caminha até o guarda-roupa e quando abre dá de cara com Néia, encolhida, desesperada lá dentro. Raquel dispara um grito ecoado.

NÉIA —— (desespera-se) Olha, eu juro, não sou ladra, não sou.

RAQUEL —— (assustada) Quem é você e o que faz... (Se dá conta) Espera. Cê é a Néia, a antiga empregada da mansão. Que foi demitida por roubo.

NÉIA —— Não. Não é isso.

Néia sai de dentro do guarda-roupa e continua:

NÉIA —— É por isso que estou aqui. Pra provar que não roubei nada naquela casa.

RAQUEL —— Mas roubou minha. Eu desconfiava que

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entrava gente aqui na minha casa. Me sumiu dois mil “real” esses dias.

NÉIA —— Mas eu juro, não roubei. RAQUEL —— O quê que tu quer aqui, então? Mas

vai ter que me explicar tão bem explicado, que vai dormir aqui em casa, vamo virar a noite proseando. Cê vai me contar. Do contrário... 190, alô!

NÉIA —— (assusta-se) Não. Se é assim... (suspira) eu conto. Conto tudo, tudo. Do início ao fim.

RAQUEL —— (desconfiada) Ótimo.

CORTA PARA:

CENA 02. MANSÃO DE JÚLIO. INT. QUARTO ESTER E LEANDRO. NOITE.Leandro de pé, arruma o lençol da cama. Ester no espelho, passa creme de beleza:

ESTER —— É. LEANDRO —— Mas... estranho, eu jurava que essa

Raquel era uma pessoa de confiança. Me pareceu.

ESTER —— (segura) Aquilo lá é tranqueira de primeira espécie. E ó, sou mais Néia. Apesar de eu ter visto, com meus olhos que ela roubou as joias da sua mãe, a falecida.

LEANDRO —— É, mas vamos esquecer esse assunto, vamos? (vira-se) Eu vou tomar um banho e já venho. Tá?

ESTER —— Tá, vai lá. Te espero.

Leandro se dirige ao banheiro. Fecha a porta. Ester se levanta, caminha até a cama. Pega uma camiseta qualquer de Leandro, que estava jogada ali em cima da cama.

ESTER —— Mesmo depois de casado, continua jogando roupa suada em cima da cama.

Ela ia jogar fora, mas sente o forte perfume vindo dessa roupa. Ela cheira, cheira e constata:

ESTER —— Ué, esse perfume não é o do Leandro. (T) Será que... ele tá se encontrando com a professora de novo?

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Ester começa a ficar preocupada e realmente incomodada. Enraivada, ela joga a camiseta em qualquer canto, furiosa.

CORTA PARA:

CENA 03. CASA DOS FUNDOS DE LENINHA. INT. BANHEIRO. NOITE.Geovane em cima da escada. Com um alicate, ele mexe no fio do chuveiro. Leninha espia, ali na porta do banheiro.

GEOVANE —— Vixe... parece que o fio se rompeu. Ou foi cortado.

LENINHA —— (disfarça) É? Quem foi o desgraçado, fiduma égua que cortou, será?

GEOVANE —— Ué, você quem tinha que saber. Aliás, mora só você e você nessa casa.

LENINHA —— Tem Gardênia também, mas acho que ela num seria capaz de tamanha crueldade, não.

GEOVANE —— Pode deixar, arrumo num instante.

Leninha começa a ficar sapequinha e diz:

LENINHA —— Tá ficando calorão aqui, né? GEOVANE —— (descontraído) Tô sentindo não. LENINHA —— Logo lhe vem um calor. E se você

quiser... assim, eu busco um suquinho pra você.

Por um momento, Geovane para tudo e desconfia de Leninha, mas diz:

GEOVANE —— Um suco? LENINHA —— Isso! Vou buscar três! Um pra mim,

outro prucê, outro pra Gardênia!GEOVANE —— Mas Gardênia num é uma boneca?LENINHA —— É, mas eu pego o dela e finjo que

ela tomou. (ri)GEOVANE —— Ah, tá. Espertinha.

Leninha sai de fininho e aperreada. CORTA PARA:

CENA 04. CASA DOS FUNDOS DE LENINHA. INT. COZINHA/SALA. NOITE.À mesa já tinham duas taças com suco de laranja. Leninha vem

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chegando de fininho, passos leves. Tira do sutiã um sachê, com pó ou algo assim dentro:

LENINHA —— Com isso aqui Geovane vai deitar na minha! E eu na dele! (ri) Mas... e se eu der o suco e ele cair pra trás, da escada? (pensa) ah, quer saber? Se cair eu seguro! (ri)

Ela abre o sachê e despeja numa taça apenas, e mexe com o dedo.

CORTA PARA BANHEIRO, INTERIOR. Leninha vem chegando com as duas taças nas mãos. Uma com sonífero, outra não. Geovane em cima da escada, a vê e para.

LENINHA —— Prontinho, dois suquinhos. GEOVANE —— Dá cá o meu.

Leninha se atrapalha e começa a fuçar pra ver qual tem o remédio.

LENINHA —— Virgem Santinha... pera só um minutinho. Onde eu pus?

GEOVANE —— Pôs o quê?LENINHA —— (disfarça) Nada! Nada. Tome, tome!

Ela entrega o da mão esquerda. Só que nenhum dos dois tomam, um esperando o outro tomar.

LENINHA —— Por que me olha? Toma o suco!GEOVANE —— Hã? Sim, vou tomar. Tome você

também. LENINHA —— (com medo) Claro. Com... maior...

prazer. No 3, hein! Vamos lá... um... dois... três!

Geovane vira seu copo e toma. Leninha faz o mesmo. Depois, os dois param e fica olhando um pouco... Leninha desaba pra trás caindo no chão durinha. Geovane se assusta:

GEOVANE —— Leninha?! Desmaiou?

Ele desce da escada e corre para socorrê-la, dando tapinhas

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em sua cara.CORTA PARA:

CENA 05. FAVELA DE SÃO PAULO. CASA RAQUEL. SALA. INT. NOITE. CONTINUIDADE.Raquel sentada ao sofá. A sua frente Néia. Ambas com copo de café às mãos:

RAQUEL —— E por que isso tudo?NÉIA —— Porque ela me culpou, me fez perder

o emprego por uma coisa que não fiz. E pior: um crime!

RAQUEL —— (seca) O capeta repetiu o truque.NÉIA —— Como?RAQUEL —— Isso mesmo. Ela também armou pra

mim, agora há pouco. E acabei sendo demitida da mansão.

NÉIA —— Você tava no meu lugar lá?RAQUEL —— Estava. Porque conheci o dr. Júlio e

nós acabamos tendo um trelelê. NÉIA —— Essa história é que me deixa

confusa. Você sendo, me desculpe a arrogância, uma favelada, como conseguiu que dr. Júlio se interessasse em você? Eu que sou da idade dele, nunca me disse um “Tá bonita, Néia”.

RAQUEL —— Olha pra mim e olha pra você. Eu sou linda de doer. Você... é uma, como dizem, senhorona periguete.

NÉIA —— Não viemos aqui pra falar de periguetes, quanto menos de minha pessoa.

RAQUEL —— De acordo. Até porque, eu tô virada no cão com a vadia loira!

NÉIA —— Assim como eu. Aquela mulher é doida. Ela embarca na melhor... ela dá golpes, ela tira uma pessoa do caminho, simplesmente por essa pessoa atrapalhar os planos dela.

RAQUEL —— E o passado dela, minha filha, é digamos um papel higiênico sujo!

NÉIA —— (séria) Como é? Então significa que... ela realmente não foi das melhores no passado?

RAQUEL —— Então Néia, até te acho bacana. Nós

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duas caímos na armadilha da Ester, agora... num posso te contar. Pelo menos ainda.

N ÉIA —— Tudo bem. Se você não contar eu descubro. Eu investigo até o fio de cabelo dessa mulher, mas ela me paga.

Raquel continua a escutar. Néia continua contando o que acha e tudo mais.CORTA PARA:

CENA 06. BAIRRO DE JUREMA. PLANOS GERAIS. EXT. NOITE.Jurema vem chegando à sarjeta de sua casa com uma sacola às mãos. Distraída, e cantarolando Roberto Carlos. Para, põe a sacola no chão, e quando vai abrir o portão, escuta:

CONSTANTINO —— (OFF) Quem te viu, quem te vê!

Jurema se assusta, e quando vira-se tem outro susto. Ao ver Constantino:

JUREMA —— Constantino?CONSTANTINO —— (susto) Jurema? Mas... eu pensei que

fosse a Ermelita. Tava até apalpando a mão pra dá-lhe uma no bumbum.

JUREMA —— Se fizesse isso ia tomar um soco nas fuças!

CONSTANTINO —— Sempre brabona, né!JUREMA —— Vem cá, eu não te via mais na

vizinhança... achava que tinha morrido. Tinha até comprado uns balões. Mas Fifi estourou todos. Ia ser festa caso a desgraça se confirmasse.

CONSTANTINO —— Ah, sua sem graça. Eu não morri, mas a prima da prima do meu primo, sim. E ela parecia muito comigo.

JUREMA —— (lamenta) Coitada. Morrer já é o Ó, e se parecer com você então...

CONSTANTINO —— Larga de ladainha. Cadê a sua irmã?JUREMA —— Ih, meu querido, depois que você

bateu a porta na cara dela, só Deus sabe. Depois do que descobri dela, suponho que esteja se prostituindo na BR.

CONSTANTINO —— É? (assanhado) E você tá sozinha em casa? Desacompanhada?

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JUREMA —— (ofendida) Ah! Não! Não tô! Tem Fifi pra me proteger. Enfim... vou entrar antes que essas alfaces murcham com seu fedor de suor!

CONSTANTINO —— Muvuca! E grossa! JUREMA —— (se sente) Bom, já que o muvuca foi

um elogio, não vou mandar você ir pra aquele lugar, que ia mandar. Passar bem!

Jurema pega suas sacolas ao chão. Abre o portão, entra, e bate-o na cara de Constantino. Depois vai entrando. Constantino fica na “bota”, e cruza os braços. CORTA PARA:

CENA 07. CASA DOS FUNDOS DE LENINHA. INT. QUARTO. NOITE.Geovane vem com Leninha aos braços, ela desacordada. Com cuidado, ele a põe na cama de solteiro ali do quarto. Depois, diz baixinho:

GEOVANE —— Só Leninha mesmo, pra própria se dopar! É retardada da cabeça! E eu, ó, fui!

Ele caminha até a porta pra sair, porém, para. Pensativo, caminha até o guarda-roupas e abre-o. De lá puxa um enorme urso de pelúcia. Rindo, ele vai até Leninha e o põe do lado dela, para simular que tem alguém deitado com ela. Depois, cobre ela e o urso. E sai. CAM gira, e mostra Leninha agarrada ao “ursão”. CORTA PARA:

CENA 09. CASA DE CARMÉLIA. INT. SALA. NOITE. CONTINUIDADE.Úrsula, Bartolomeu e Carmélia à sala. Os três sentados:

CARMÉLIA —— Como você viu, Úrsula, a sala é ampla!

ÚRSULA —— Sim, sim, a sala é uma lindeza. E os quartos? A cozinha? Bom... (se levanta) tenho que ir que ainda hei de depilar o suvaco hoje.

Carmélia e Bartolomeu horrorizados.BARTOLOMEU —— Suvaco?ÚRSULA —— É, querem ver/CARMÉLIA —— (corta) Não! Não, quer nos matar?

Digo, outra hora, sim. ÚRSULA —— Vou indo. Não vou dizer tchau porque

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achei vocês bem antipáticos. Mas se comprar a casinha de vocês, será por caridade. Fui! Cadê aquela empregada biscatinha pra me levar à porta?

CARMÉLIA —— A … (confusa) Maria Helena... é verdade, onde é que aquela desleixada se enfiou?

ÚRSULA —— Enfim. Fui!

Úrsula vai saindo, sem nem se despedir. Após a saída dela, Bartolomeu e Carmélia não escondem cansaço.

CARMÉLIA —— Ai... essa gorda nos tirou do sério.BARTOLOMEU —— É, mas com o dinheiro da venda da

casa a gente vai sair da miséria.CARMÉLIA —— Até que não é miséria. Vamos passar

de Classe C à Classe B. Agora, pega aí o controle e liga na Avenida Brasil que quero ver a Nina se lascar toda. Vai!

BARTOLOMEU —— Ah, mas eu ia ver o . . . /CARMÉLIA —— Sem mais! Liga que eu mandei.

Aos “bufos”, Bartolomeu pega o controle e liga a TV. CORTA PARA:

CENA 10. SÃO PAULO. PLANOS GERAIS. EXT. AMANHECER.Sonoplastia: UMA BELA MÚSICA ANIMADA... ACOMPANHA: IMAGENS BELÍSSIMAS DE ARQUIVO DE SÃO PAULO, A METRÓPOLE QUE NÃO PÁRA DE CRESCER. CORTA PARA:

CENA 11. HOTEL DE SÃO PAULO. INT. SALA RECEPÇÃO. DIA.Desirré e Simone no balcão, sozinhas, à espera da Dona do Hotel. Desirré está toda produzida. Simone também. A Dona do Hotel vem chegando lá de fora:

DONA DO HOTEL —— Meninas, o carro tá pronto.DESIRRÉ —— (vira-se) Já?SIMONE —— Ai que maravilha.

Simone e Desirré se abraçam:SIMONE —— Fé, amiga! Anotou num papel o

endereço do orfanato do padre?DESIRRÉ —— Não só anotei como decorei. SIMONE —— Bom, então vamos!

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Elas vão se juntando para sair.CORTA PARA EXTERIOR DO HOTEL – FACHADA.Desirré, Simone e a Dona do Hotel vão saindo do Hotel. Um carro preto, chique, espera Desirré e Simone na sarjeta, estacionado. Elas falam algo com a Dona do Hotel e entram no carro. Se ajeitam e dá partida.

CORTA PARA:

CENA 12. CASA DOS FUNDOS DE LENINHA. INT. QUARTO. DIA.Leninha acorda, e não vê que está abraçando um urso. Ela ainda de olhos fechados, começa enchê-lo de beijos, dizendo:

LENINHA —— Ai, Gêzinho... cê tá fedendo a mofo, mas... que delícia!!

Ela enche de beijos o urso. É quando abre os olhos e tem um faniquito ao ver o que beijou.

LENINHA —— (assustada) Credo! Esse urso minha vó abraçou no caixão. Que nojo! (Chuta o urso) sai, capeta!

Ela olha pra um lado, pro outro. Não vê nada. Se dá conta.LENINHA —— Cadê Geovane? O que aconteceu ontem?

Eu ia pôr um troço na bebida e... não lembro de mais nada!

Ela desaba, gemendo de dor de cabeça, em cima do urso. CORTA PARA:

CENA 13. CASA DE MARIA. INT. COZINHA. DIA.Pedro Júnior come algo de café da manhã à mesa. Maria vem da pia até ele. Se senta à mesa.

MARIA —— Olha... como eu te expliquei ontem, você vai morar aqui, de hoje em diante.

PEDRO JR. —— Tá. Mas por quê? Ninguém me contou ainda.

MARIA —— (hesita) Ai... Céus, como contar isso? (T) Pedro... você tem 9 anos... é um

rapaz já. E... eu quero que, assim, você no mínimo tenta entender os dois lados da moeda, pra não julgar ninguém errado. Tá?

PEDRO JR. —— Tá. MARIA —— Ok. E se eu... (suspira) te falasse

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que... sou sua mãe?

O menino fica confuso.CORTA PARA:

CENA 14. CASA DE MARIZETE E CLÁUDIO. INT. COZINHA. DIA.Sonoplastia: MÚSICA TENSA.Marizete de pé, para Cláudio, histérica. Cláudio à mesa, tenta comer algo sob as reclamações de Marizete.

MARIZETE —— Você foi um inútil! Um inútil que não serviu pra nada.

CLÁUDIO —— Eu fui justo. Coisa que você não foi nessa vida. E nem será pelo visto.

MARIZETE —— (irritada) Logo de manhã e o bobão me dando lições de moral! Frouxo! Frouxo, isso define você. Meu Deus do Céu, você que pegava Pedro Júnior na escola, devia o ter afastado daquela vara-pau.

CLÁUDIO —— Que vara pau, Marizete?MARIZETE —— A tal da Oficial de Justiça, Branca.

Bianca, sei lá! Ela nos empatou. Ela nos fez uma denúncia, na qual, disse que presenciou os fatos. A juíza, claro, acreditou nela.

CLÁUDIO —— Mas fazer o quê, se era verdade dela?

MARIZETE —— (esbraveja) Verdade ou não, ela tirou o nosso neto de perto de nós. Meu Deus, a uma hora dessa aquele menino tá correndo pela casa da Maria, a chamando de mãe. Se é que chama, se não morreu traumatizado.

CLÁUDIO —— Que exagero, se bobear, o menino sentia que ela era mãe dele. Por isso preferia ela ao invés de nós.

MARIZETE —— (sentida) Não... ele preferia Maria porque ela era uma irresponsável... sem rotina, sem deveres morais. Uma faz-nada que carreguei por nove meses e recebi ingratidão. E é isso, as crianças preferem os irresponsáveis do que os responsáveis, infelizmente.

CLÁUDIO —— Talvez porque às vezes o

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“responsável” exagera e fica cricri. Não acha?

MARIZETE —— Passei do meu limite. Eu tô em cacos, Cláudio. Em cacos!

CLÁUDIO —— (Se levanta) Eu também tô, Marizete! Ele era meu neto. Mas não é o fim do mundo, vamos poder ver ele às terças, quintas... feriados! Não ouviu a juíza?

MARIZETE —— Não é a mesma coisa. Ter que enfrentar a cara da ingrata da Maria?

CLÁUDIO —— Ela enfrentou a sua quando tínhamos a guarda do filho dela. Então, façamos um esforço.

Cláudio pega a xícara de café e ia saindo pro serviço, porém, quando chega na porta, Marizete o para, dizendo:

MARIZETE —— Você fazendo a linha do bom moço, Cláudio? Há dias vem fingindo ser herói. (vira-se)

CLÁUDIO —— (irritado) Não! Eu tô cansado, Marizete! Cansado de você e suas paranoias. Esconder durante 9 anos que a irmã dele é a mãe na verdade... você começou com essa ideia maluca. Tá certo, fui contra a gravidez da Maria, ela era muito nova e o Juan um canalha. Mas daí, tomar o filho dela e assumi-lo? Era demais!

MARIZETE —— (vira-se em cacos) E você mesmo assim embarcou nessa. Podia ter pulado fora. Assim não ouvia mais seus chororôs. Some da minha frente.

CLÁUDIO —— Acho que você dev/MARIZETE —— (grita) Some!!!!!

Cláudio dá uma última encarada e sai, indo pra sala. Marizete ainda aos choros se aproxima da pia. É onde começa a chorar feito bebê.CORTA PARA:

CENA 15. APART DE LISA E MIRELA. INT. COZINHA. DIA.Mirela, já de uniforme escolar, está na mesa, de pé, cortando um pão. Lisa da sala, dispara:

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LISA —— (OFF) Anda, Mirela! Tamos atrasadas!

MIRELA —— (alto) Calma aí, maninha. Só tô comendo um pão.

Ela ia comer, mas seu celular em cima pia começa a tocar. Mirela para de cortar o pão.

MIRELA —— Quem será que me incomoda a uma hora dessa?

Mirela caminha até lá, pega e atende:MIRELA —— (ao cel) Alô?PAULO —— (off, ao cel) Mirela. Eu liguei

pra...MIRELA —— (ao cel) Se for por causa daquele

dia, esquece. Já passou, águas passadas. Eu não queria ter gritado com você, ou humilhado. Me desculpa, tá?

Lisa surge e pega a conversa no meio. Diz logo:LISA —— (p/ Mirela) Quem você não queria ter

humilhado? E tá falando com quem ao telefone, Mirela?

Sonoplastia: TENSO INSERIDO.Mirela fica sem reação ao telefone. Lisa se aproxima.CORTA PARA:

CENA 16. MANSÃO DE JÚLIO. INT. SALA. DIA.Júlio e Leandro sentados ao sofá. Cada um vê um álbum de fotos, ambos de Eunice.

LEANDRO —— Mamãe tá um gata aqui, pai!JÚLIO —— Sua mãe sempre foi uma gata, filho.

Uma selvagem, mas gata!LEANDRO —— (ri) Poxa, pai. JÚLIO —— (T) Filho... sua mãe tinha uma ONG,

não tinha?LEANDRO —— Tinha? Não tô sabendo disso não.JÚLIO —— Ela tinha, ou ajudava uma ONG. Veja

bem, esses dias me veio um convite. Uma convocação ao Memorial Eunice.

LEANDRO —— Memorial Eunice, pai? JÚLIO —— Sim. Seria aqui em casa, caso

topássemos. Sua mãe, filho, doou

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diversas vezes roupas, alimentos e dinheiro, cheques... pra ONG que cuidava de idosos e de animais maltratados.

LEANDRO —— (sorri) Que legal, pai. A mamãe gostava de animaizinhos?

JÚLIO —— Gostava. Mas eu tenho certeza que ela ajudava por ter sofrido duas coisas quando era nova: a perda do pai idoso que foi esquecido num avião, e fatalmente desapareceu e nunca foi encontrado. E também o cão que a ajudou a restabelecer o movimento da mão-esquerda.

LEANDRO —— Nossa... nem eu conhecia tanto assim da mamãe, pai.

Sonoplastia: TENSO INSERIDO. Ester desce a escada com elegância. Depois caminha até os dois, ao centro da sala.

ESTER —— Bom dia. Do que falam?LEANDRO —— (se levanta) Meu amor, veja que

homenagem linda propuseram a meu pai. Conta aí, pai!

ESTER —— Nossa, gente, vou explodir de curiosidade. Conta.

JÚLIO —— Propuseram, Ester, uma homenagem à Eunice. Um Memorial, aqui em casa. Achei a ideia ótima.

Baque. Ester fica pálida na hora, atormentada, sem luz. Júlio e Leandro percebem, e estranham a palidez de Ester.CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO