percoladores
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Leitos percoladores
Os leitos biológicos, também designados filtros biológicos ou filtros percoladores,
(figura seguinte), são constituídos por um leito de material adequado sobre o qual se
desenvolve um limo biológico, designado “zoogleia” (bactérias e exo-polímeros por elas
segregados, por água e partículas provenientes do meio aquoso).
A “zoogleia” serve de alimento a várias formas de vida (protozoários, larvas e vermes) que
contribuem, desta maneira, para controlar a espessura daquela camada biológica, que não
deve, em geral, ultrapassar os 4,0 mm, sob o risco de se poder verificar a colmatação do
leito.
- O efluente, após decantação, é aplicado sobre este leito biológico.
A matéria orgânica é removida por biosorção, coagulação e actividade biológica.
- O oxigénio necessário à oxidação aeróbica é fornecido pelo ar que circula através do leito.
FCT
PROTA Tratamento biológico de águas residuais 2012-2013
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Figura 1 - Esquema de um leito percolador
Na camada biológica podem distinguir-se, normalmente, duas sub-camadas.
Na mais exterior, que está em contacto com o ar, verifica-se uma oxidação da matéria orgânica em condições aeróbias.
Na camada mais interior, onde pode já não chegar o oxigénio atmosférico devido ao seu consumo na parte mais externa do biofilme, verificar-se-ão condições anaeróbias.
FCT
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Leitos percoladores
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Leitos percoladores
COMPOSIÇÃO E ESPESSURA DA CAMADA BIOLÓGICA
A composição da camada biológica, ou biofilme, é muito variável do ponto de vista
biológico, essencialmente constituída por bactérias e exo-polímeros por elas
secretados, os quais possibilitam a adesão à superfície sólida do suporte, água,
particulas do meio e metabolitos.
Nesta camada verifica-se a existência de outras formas de vida (protozoários,
vermes e larvas, por exemplo) que dela se alimentam, contribuindo para o controlo
da espessura do biofilme.
- No arranque do leito, enquanto a espessura do biofilme é pequena, o oxigénio do
ar consegue difundir-se através de toda a película e verificam-se condições aeróbias
em toda a camada.
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Leitos percoladores
COMPOSIÇÃO E ESPESSURA DA CAMADA BIOLÓGICA
Com o aumento da espessura da camada verifica-se que, a partir de dada altura, o
oxigénio é todo consumido na parte mais exterior do biofilme, ficando a mais interior a
ter um metabolismo anaeróbio.
Com a continuação do aumento da espessura, a matéria orgânica acaba por ser
consumida antes de chegar aos microrganismos aderentes à superfície do material de
enchimento.
Estes, privados de alimento, tendem a entrar em auto-oxidação perdendo as suas
capacidades de aderência, provocando o arrastamento de partes do biofilme com o
efluente. Este fenómeno é função das cargas orgânica e hidráulica aplicadas ao leito.
O material arrastado, que representa o crescimento líquido da biomassa, tem de ser
removido num decantador final, designado por decantador secundário ou tanque de
húmus, para evitar que o efluente do leito veja acrescidos os valores dos sólidos
suspensos, SS e da carência bioquímica de oxigénio, CBO.
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
No projecto, devem ter-se em conta os seguintes aspectos:
Necessidade de pré-tratamento;
Sistema de dosagem para aplicação do efluente ao leito;
Enchimento: tipo, volume e dimensões;
Sistema de drenagem para recolha do efluente;
Sistema de ventilação para fornecimento do oxigénio necessário;
Sedimentador secundário para remoção dos sólidos arrastados do leito.
FCT 5
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
PRÉ – TRATAMENTO
Em geral, é necessário o pré-tratamento para remoção dos sólidos suspensos
grosseiros e das gorduras que poderiam provocar colmatação do leito. Poderá também
ser necessária a correcção do pH e a adição de nutrientes, no caso do efluente ser
carente deles.
SISTEMA DE DOSAGEM (Distribuição)
Este sistema destina-se a distribuir regular e uniformemente o efluente sobre o leito.
No caso do leito ser circular ter-se-à um distribuidor rotativo, apoiado numa
estrutura central que incorpora a entrada do efluente. A rotação do distribuidor pode
ser provocada, quando há carga suficiente, por efeito de torniquete. Este facto torna
necessária a regulação do caudal do efluente a fim de evitar que a rotação do
distribuidor seja demasiado rápida (caudais de ponta) ou demasiado lenta (períodos de
caudais baixos). Este controle de caudais consegue-se, nos leitos a funcionar por
gravidade, por meio de uma câmara, dita doseadora, equipada com sifão.
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
NATUREZA DO MATERIAL DE ENCHIMENTO E ALTURA DO LEITO
Como já foi referido, um leito biológico não é mais do que um recipiente no qual se
encontra um material de enchimento adequado sobre o qual se aplica o efluente pré-
decantado que, percolando através do leito, entra em contacto com o biofilme.
O material de enchimento do leito biológico deve ter as seguintes características:
Ser mecanicamente resistente à erosão;
Ser resistente às características do efluente e à acção biológica;
Ter características que facilitem a adesão dos microrganismos;
Ter elevada área especifica e elevada porosidade;
Ser leve e barato
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
NATUREZA DO MATERIAL DE ENCHIMENTO E ALTURA DO LEITO (cont.)
Na prática é usual a utilização de brita, godo ou materiais plásticos para o
enchimento.
Quando o enchimento é feito por brita ou godo a altura do leito não deve
ultrapassar 3 m. Se aquele enchimento for de plástico, com uma maior porosidade e
menor densidade, a altura pode ser substancialmente maior (6 a 15 m).
Enchimentos plásticos
Vantagens: permitem maiores alturas do leito; elevada área específica (podendo atingir
os 200 m2/m3); grande porosidade, sendo por isso menos sujeitos a entupimentos,
permitindo a aplicação de maiores cargas orgânicas.
Desvantagens custos mais elevados e menor eficiência de remoção da matéria
orgânica.
FCT 8
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Leitos percoladores
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMA DE DRENAGEM
Destina-se à recolha do efluente do leito e, geralmente, é constituído por uma base
impermeável situada por baixo da base perfurada do leito.
Apresenta diversos canais com a inclinação necessária para concentrar o efluente à
saída.
Deve ser dimensionada para permitir o escoamento do caudal máximo sem prejudicar o
espaço necessário à ventilação do leito.
FCT 9
Leitos percoladores
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMA DE VENTILAÇÃO
Embora a ventilação do leito possa ser feita mecanicamente no caso de pequenas
unidades, em geral é utilizada a ventilação por convecção natural.
No inverno, devido à temperatura do efluente e à acção microbiana, o ar no interior do filtro tem
temperatura mais elevada, sendo por isso menos denso, gerando-se correntes ascendentes.
Ao contrário, no verão o ar é arrefecido no interior do filtro e geram-se corrente descendentes.
É necessário prever aberturas no fundo do leito, entre a placa de suporte do enchimento e
a placa de drenagem que permitam a circulação daquelas correntes. A área daquelas
aberturas deve ser superior a 5 - 10% da área em planta do leito.
FCT 10
Leitos percoladores
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DECANTADOR SECUNDÁRIO
Este orgão, cuja função é, como já se referiu, a remoção dos sólidos arrastados pelo
efluente, pode ser dimensionado de acordo com os princípios anteriormente
apresentados.
cargas hidráulicas: 0,8 m3/m2.hora
tempos de retenção: 2 - 3 horas (caudal de ponta).
FCT 11
Leitos percoladores
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMAS DE LEITOS BIOLÓGICOS
Os leitos biológicos podem associar-se, entre si ou com outros processos de
tratamento, de diversas maneiras. Os arranjos mais usuais, representados, de maneira
esquemática, na figura seguinte são o de leito único (sem ou com recirculação); o de
leitos alternados e o de leito duplo.
SISTEMA DE LEITO ÚNICO
Este sistema pode ser operado sem recirculação (sistema de baixa carga) ou com
recirculação (sistema de alta carga).
A utilização da recirculação é útil para manter o biofilme sempre molhado (em
períodos de ausência de efluente) e diluir a carga orgânica do efluente a tratar e
deve fazer-se sempre que a CBO5 daquele efluente seja superior a 500 mg/L.
FCT 12
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMAS DE LEITOS BIOLÓGICOS
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMAS DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMA DE LEITOS ALTERNADOS
Neste sistema são utilizados dois leitos em série. O efluente do primeiro leito, após
passar pelo respectivo decantador, é aplicado ao segundo leito.
O primeiro leito recebe uma carga orgânica elevada pelo que se verifica grande
produção de limo. O segundo é sujeito a cargas orgânicas muito mais leves, servindo
para polimento final do efluente. Neste leito, a produção de biomassa é baixa.
O perfil de fluxo é invertido periodicamente (linhas tracejadas na figura) numa base diária
ou semanal. Quando se procede a esta inversão, o leito inicialmente com pouco limo
começa a ter aumentada a produção deste enquanto que no que tinha elevada
espessura de biofilme se verifica o arrastamento de biomassa.
Consegue-se por este processo o controlo da espessura da camada biológica nos dois
leitos.
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMAS DE LEITOS BIOLÓGICOS
SISTEMA DE LEITO DUPLO
Neste sistema o primeiro leito tem um enchimento plástico e funciona como um
tratamento preliminar.
Apresenta, por norma, remoções de CBO5 da ordem dos 60 a 70%.
No segundo leito, que funciona com cargas mais baixas, verifica-se um
crescimento de biomassa muito inferior ao verificado no primeiro leito e um
polimento do efluente final.
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DIMENSIONAMENTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
Para se obterem as expressões de dimensionamento de um leito biológico iremos
considerar o que se passa num reactor ideal de fluxo de pistão, com uma reacção com
cinética de primeira ordem*. Como se pode verificar na figura seguinte, podemos
escrever o seguinte balanço de massa:
* É a cinética geralmente assumida para a remoção do CBO5
FCT
Q S Q S dS r A dh
Figura 3
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DIMENSIONAMENTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
Por integração da equação anterior obtem-se:
ou ainda
onde t - tempo de residência (= );
L - carga hidráulica (= ).
FCT
lnS
S
k A H
Q
e
0
S
Se ee
kH
L k
0
t
H
LQ
A
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DIMENSIONAMENTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
No caso dos leitos percoladores, o tempo de residência deverá ser corrigido, atendendo à
existência do material de enchimento, tendo Eckenfelder proposto a seguinte expressão:
onde C e n são constantes cujo valor depende do material de enchimento e área
específica.
Substituindo esta equação na penúltima obtem-se:
com K=k.C.
Esta expressão é a base matemática para o dimensionamento dos leitos biológicos.
S
Se ee
k CH
L
K H
Ln n
0
FCT
t CH
Ln
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DIMENSIONAMENTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
Vamos agora aplicar a expressão geral (reactor ideal de fluxo de pistão, com uma
reacção com cinética de primeira ordem* - Figura 3) a leitos biológicos sem e com
recirculação.
LEITO BIOLÓGICO SEM RECIRCULAÇÃO
Neste caso (ver figura 3) aplica-se a expressão directamente.
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DIMENSIONAMENTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
LEITO BIOLÓGICO COM RECIRCULAÇÃO
Neste caso, a concentração de substrato aplicada ao leito, S0, é inferior à do efluente,
Si, como se pode ver na figura.
FCT
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DIMENSIONAMENTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
Fazendo um balanço de massa ao ponto de junção da recirculação com o efluente de
entrada, teremos:
ou, após manipulação matemática:
Substituindo o valor de S0, na equação geral de projecto, dividindo ambos os termos da
fracção do primeiro membro da equação obtida por Si, e após manipulação matemática,
obtem-se:
FCT
Q S r Q S Q r Q Si e 0
SQ S r S
Q r
i e0
1
S
S
e
r r e
e
i
K H
L
K H
L
n
n
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PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DAS CONSTANTES n E K
A utilização das equações anteriores só é possível se forem conhecidos os valores das
constantes n e K, os quais podem ser obtidos ou de literatura ou determinados
experimentalmente.
Para a sua determinação experimental deve proceder-se à montagem do sistema
representado, esquemáticamente, na figura.
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Leitos percoladores
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DAS CONSTANTES n E K
Após o desenvolvimento do biofilme adaptado ao efluente que se quer estudar, o que
pode demorar desde dias até semanas, de acordo com o tipo de esgoto, recolhem-se
amostras periodicamente, com diversas cargas hidráulicas e a várias profundidades, para
determinação da CBO5.
Os valores observados, em estado estacionário, são registados e irão permitir a
determinação dos valores das constantes, de acordo com o raciocínio a seguir
apresentado.
A equação de projecto logaritmizada, apresenta a seguinte forma:
A representação gráfica de em função de H é uma recta cujo declive, i, tem o
seguinte valor:
FCT
lnS
S
K H
L
en
0
lnS
S
e
0
iK
Ln23
PROJECTO DE LEITOS BIOLÓGICOS
DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DAS CONSTANTES n E K
Aplicando logaritmos a esta equação obtemos:
A representação gráfica de ln(-i) em função de ln L é uma recta que permite obter os
valores de n (inclinação da recta obtida) e o valor de K (intersecção na origem).
FCT
ln( ) ln ln i K n L
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