per ceber 270

16
Amanhã, o lançamento oficial Cascavel para os Trabalhadores: Por que a coligação tem esse nome? Por que formar a Frente de Esquerda? Por que superar 50 anos de prefeitos autocráticos? Nas últimas cinco décadas, Cascavel tem sido governada exatamente da mesma forma. Diversos partidos, com exce- ção do PCB, e também do PSOL e do PSTU, que são par- tidos criados mais recentemen- te, governaram Cascavel nesse período, em aliança ou indivi- dualmente. Eles já estiveram no poder em Cascavel e nada fizeram para alterar a forma de governança. A história narra que o antigo PTB reconquistou a Prefeitura em 1960 e fez uma boa gestão na reconstrução da Prefeitura, que estava em cinzas na posse do prefeito Octacílio Mion. No entanto, as lideranças traba- lhistas de então se dividiram em duas partes: uma, a mais progressista, procurava incli- nar o partido para quilo que depois viria a se chamar “re- formas de base”; a outra se rendeu à cooptação do gover- nador Ney Braga. PerCeBer Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br N° 270 – 02.08.2012 A coligação Cascavel para os Trabalhado- res, que é a expressão político-eleitoral da Frente de Esquerda em Cascavel, progra- mou o lançamento oficial das candidatu- ras à Prefeitura e à Câmara de Cascavel para esta sexta-feira, dia 3 de agosto, na área social do Edificio Felipe Adura, 1º Andar, Rua Paraná, 2361, Centro. A coligação tem o nome de “Cascavel para os Trabalhadores” para evitar que o parti- do traidor da classe trabalhadora utilize o nome dos trabalhadores indevidamente. Tem “Cascavel” no nome para marcar a vontade política da aliança de esquerda de que depois de 60 anos da primeira eleição municipal Cascavel possa finalmente co- meçar a ser governada por partidos que têm compromissos classistas, com os tra- balhadores e com o socialismo.

Upload: jeancomunista

Post on 29-Jun-2015

191 views

Category:

Documents


8 download

DESCRIPTION

Você ira perceber esta mudança!

TRANSCRIPT

Page 1: Per ceber 270

. para.

Amanhã, o lançamento oficial Cascavel para os Trabalhadores: Por que a coligação tem esse nome? Por que formar a Frente de Esquerda? Por que superar 50 anos de prefeitos autocráticos?

Nas últimas cinco décadas, Cascavel tem sido governada exatamente da mesma forma. Diversos partidos, com exce-ção do PCB, e também do PSOL e do PSTU, que são par-tidos criados mais recentemen-te, governaram Cascavel nesse período, em aliança ou indivi-

dualmente. Eles já estiveram no poder em Cascavel e nada fizeram para alterar a forma de governança. A história narra que o antigo PTB reconquistou a Prefeitura em 1960 e fez uma boa gestão na reconstrução da Prefeitura, que estava em cinzas na posse do prefeito Octacílio Mion. No

entanto, as lideranças traba-lhistas de então se dividiram em duas partes: uma, a mais progressista, procurava incli-nar o partido para quilo que depois viria a se chamar “re-formas de base”; a outra se rendeu à cooptação do gover-nador Ney Braga.

PerCeBer Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br N° 270 – 02.08.2012

A coligação Cascavel para os Trabalhado-res, que é a expressão político-eleitoral da Frente de Esquerda em Cascavel, progra-mou o lançamento oficial das candidatu-ras à Prefeitura e à Câmara de Cascavel para esta sexta-feira, dia 3 de agosto, na área social do Edificio Felipe Adura, 1º Andar, Rua Paraná, 2361, Centro. A coligação tem o nome de “Cascavel para os Trabalhadores” para evitar que o parti-do traidor da classe trabalhadora utilize o nome dos trabalhadores indevidamente. Tem “Cascavel” no nome para marcar a vontade política da aliança de esquerda de que depois de 60 anos da primeira eleição municipal Cascavel possa finalmente co-meçar a ser governada por partidos que têm compromissos classistas, com os tra-balhadores e com o socialismo.

Page 2: Per ceber 270

Quem já esteve no poder municipal?

Governador Ney Braga conversa reservadamente na Prefeitura de Cascavel com o prefeito Octacílio Mion, em 1962 Desde 1962, pelo menos, os conchavos pelo alto levam o prefeito de plantão a designar secretários com base nos en-tendimentos ligados ao finan-ciamento de campanha e aos acordos no plano estadual. Nesses 50 anos, a Prefeitura esteve, pela ordem, sob o con-trole dos seguintes partidos: PTB neysta – 1962 a 1966 Arena – 1966 a 1972 MDB – 1973 a 1976 Arena – 1976 a 1980 PDS – 1980 a 1982 PMDB – 1983 a 1996 PPB – 1997 a 2000 PDT coligado com PMDB PT PSB PL PSC PSDB PPS PHS PST PSL PSD PSDC (2001 a 2004) PPS coligado com PHS PRTB

PCdoB (2005 a 2008) PDT coligado com PTB PSDB PPS PHS PSL PTN DEM (2009 a 2012) Nenhum desses partidos que esteve no poder mudou o sis-tema autocrático vigente nos últimos 50 anos. Que sistema é esse? É um sis-tema baseado na eleição do prefeito e no loteamento dos cargos de secretários e inume-ráveis cargos “de confiança”, entregues a partidários para fazer uso da máquina pública em benefício da reprodução de mandatos e submissão da Pre-feitura aos interesses respon-sáveis pelas campanhas. Para mudar isso é preciso instituir o Poder Popular Os partidos que já governaram Cascavel mantiveram sempre o mesmo sistema de gestão: pre-feito autocrático, secretários nomeados segundo o lotea-mento partidário, Câmara submissa, dezenas de “cargos de confiança” exercidos por elementos até bem-sucedidos em seus negócios, mas despre-parados para o serviço público, e formalismo, artificialidade ou ausência de mecanismos de participação popular. Esse errôneo sistema de gerên-cia administrativa encaminhou a situação municipal para a dura realidade de hoje: pro-blemas sociais enormes, am-plas carências infraestruturais, gastos desmedidos, licitações suspeitas e, diariamente, sérias trapalhadas administrativas, como projetos ignorados, per-da de recursos federais por fal-ta de uso, programas levados

adiante apenas formalmente ou esvaziados em pessoal e recur-sos. É uma situação que além dos equívocos diários também provoca escândalos semanais que não provêm, como os a-rautos palacianos tentam des-qualificar, de calúnias oposi-cionistas mal intencionadas. São investigações concretas levadas a efeito pelo Ministé-rio Público. Além do descuido com o direi-to da população a receber polí-ticas públicas de qualidade, o Município tem sido saqueado por gastos excessivos nas a-quisições de produtos e servi-ços, o que caracteriza falta de rigor na aplicação dos recursos públicos. Por ineficácia ou desinteresse na esfera jurídica, especial-mente nos últimos dez anos, o Município também foi saquea-do em consequência de erros judiciais causados por uma ardilosa fraude e um incêndio criminoso, caso do escandalo-so, imoral e descabido paga-mento pela segunda vez dos imóveis da Praça Wilson Jof-fre, que já haviam sido indeni-zados na década de 1960. É uma situação que se mantém inalterada por décadas a fio, embora todos os eleitos te-nham prometido mudanças para melhor. Só vai mudar com a pressão popular. Por isso, a coligação Cascavel para os Trabalhadores não tem dú-vidas de que

A resposta é: Poder Popular!

Page 3: Per ceber 270

Um passo histórico para a integração continental Entrada da Venezuela torna Mercosul a quinta maior economia do mundo

Vinicius Mansur* No exercício da presidência pro tempore do Mercosul até dezembro deste ano, coube ao Brasil coordenar a cúpula ex-traordinária do bloco, na terça-feira, que celebrou a entrada de seu quinto membro, a Ve-nezuela. “Estamos conscientes que o Mercosul inicia uma no-va etapa”, disse Dilma Rous-seff. A presidenta afirmou que a entrada venezuelana tem signi-ficado histórico por marcar a primeira ampliação do bloco desde a sua criação em 1991, por estendê-lo da Patagônia até o Caribe e por incrementar a economia do Mercosul. “Con-siderando os 4 países mais ri-cos do mundo, EUA, China, Alemanha e Japão, o Mercosul somado é a 5° força”, desta-cou. De acordo com dados do Ita-maraty, entre 2001 e 2010, o comércio da Venezuela com os países do Mercosul aumentou mais de 7 vezes, passando de cerca de US$ 1 bilhão para US$ 7,5 bilhões. Com a entra-da do país caribenho, o Merco-sul representatá 70% da popu-lação da América do Sul (270 milhões de habitantes), 83,2% de seu PIB (US$ 3,3 trilhões) e 72% de seu território (12,7 mi-lhões de km²).

Para o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a entrada de seu país no Mercosul o fazia re-cordar a primeira eleição de Lula à presidência do Brasil, pois ambos episódios “acelera-ram a história” e marcaram um novo período de integração entre os países do continente. Em sua chegada a Brasília, inclusive, Chávez, havia afir-mado que gostaria de ver o Mercosul englobando mais países, como Equador e Bolí-via. Do ponto de vista econômico, Chavéz disse que a entrada da Venezuela no Mercosul signi-fica “a maior oportunidade his-tórica que em 2o0 anos apare-ceu no horizonte”, sobretudo para ajudá-los em um de seus grandes objetivos: diversificar o modelo econômico extre-mamente dependente do petró-leo e “imposto durante todo o século XX”. “Não houve um só governo que tivesse preten-dido de alguma maneira de-senvolver um projeto nacional, independente, que não fosse derrubado. Todos foram, inclu-indo o nosso, só que por três dias, graças a resposta popular e das Forças Armadas”, sus-tentou. Em um discurso profundo, o presidente do Uruguai, José Mujica, recordou a mentalida-de colonial que orientou a polí-tica externa dos países da A-mérica do Sul durante séculos e a dívida social dela advinda. “Esse é o preço que pagamos ao longo de nossa história por-que vivemos muito tempo o-lhando para o resto rico e sem olharmos entre nós”. Mas, chamou atenção para o mo-mento especial vivido na regi-ão. ”Existe vontade política de integração, como nunca teve globalmente a América do Sul. Eu repito: como nunca teve! (...) E temos que ser conscien-tes: agora ou nunca!”, orien-tou.

Exemplificando a fala de Mu-jica, a presidenta argentina, Cristina Kirchner, recordou que em seu país um chanceler dizia “para que ser sócio dos pobres podendo ser sócio dos ricos?”. Para evitar retrocessos e para proteger-se da crise e-conomia internacional, Cristi-na apontou como tarefa urgen-te a criação de instrumentos e instituições “que tornem indes-trutíveis e indivisíveis esse no-vo pólo de poder” configurado no Mercosul. Paraguai Durante seu discurso na Cúpu-la, Dilma ratificou que a sus-pensão do Paraguai se deu ex-clusivamente pelo “compro-misso inequívoco com a de-mocracia” e que as possibili-dades de retaliações econômi-cas que possam causar prejuí-zo ao povo paraguaio estão afastadas. A presidenta disse ainda que espera que o país normalize sua situação institu-cional interna para assim rea-ver seus direitos plenos. Acordos Ainda nessa terça-feira (31), alguns acordos bilaterais e ne-gócios foram firmados. Entre eles está a venda de seis jatos modelo 190, por US$ 270 mi-lhões, pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para o Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas (Con-viasa). O contrato prevê ainda a opção de compra pela estatal venezuelana de mais 14 aero-naves, chegando a um preço total de US$ 900 milhões. Já a Argentina assinou com a Venezuela um compromisso de aliança estratégica entre as petrolíferas YPF e PDVSA. Sem maiores detalhes, Chávez afirmou que o acordo permitirá a YPF explorar as jazidas ve-nezuelanas da Faixa do Orino-co e permitir que a PDVSA continue com sua presença na Argentina. *Vinicius Mansur – Jornalista

Page 4: Per ceber 270

Nós apoiamos o Projeto Livrai-Nos!

Por que, diante de tão alto grau de analfabetismo funcional existente na sociedade, não se estimula a prática da leitura nem há incentivo à escrita e à difusão de textos? Por que a lei que instituiu o Dia Municipal da Leitura, definido como 30 de setembro, não é cumprida?

Na falta de respostas a essas perguntas brotou a ideia de criar um movimento social unindo autores de livros em torno da divulgação de seus textos. Surgiu assim o Projeto Livrai-Nos!, com o objetivo de reforçar a programação das bibliote-cas e as atividades desenvolvidas pela Academia Cascavelen-se de Letras, Clube dos Escritores de Cascavel, Confraria dos Poetas e outras iniciativas particulares e oficiais com ênfase na leitura. http://livrai-noscascavel.blogspot.com.br/p/projeto-livrai-nos.html

Page 5: Per ceber 270

Edmilson Costa, entrevistado na Colômbia, explica situação do Brasil e do continente: “Chávez representa a vitória de todos os povos da América Latina”

Edmilson Costa “Nós caracterizamos a situa-ção brasileira como um capi-talismo monopolista”, diz Costa. “A crise econômica dos países centrais está redu-zindo a hegemonia dos Esta-dos Unidos”, acrescenta. “A América Latina está constru-indo um processo de luta po-pular, mas ainda não há uma força política capaz de con-duzir o povo para as trans-formações de classe”. Luis Alfonso Mena* “A luta de classes a nível mundial está mudando de cará-ter e isto abre espaço para no-vas correlações de forças in-ternacionais”, sustentou o diri-gente do Partido Comunista Brasileiro, PCB, Edmilson Costa, que afirmou que “aqui na América Latina há um re-nascimento da luta popular”. Costa, professor universitário de economia, 62 anos, é o se-cretário de Relações Interna-cionais do PCB, organização política que ele identifica co-mo autêntica, fundada em 1922 e da qual se desprendeu o PCdoB, em 1962. Diferentemente do Partido Comunista do Brasil, seu ho-mólogo, o PCB não participa

do governo de Dilma Rousseff e esteve apenas em uma parte do primeiro quadriênio do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, pois considera que o anterior e o atual governos só desenvolveram “políticas compensatórias de migalhas” para os trabalhadores. Costa foi abordado por Parén-tesis , publicação colombiana, por ocasião do XXI Congresso do Partido Comunista Colom-biano, no qual interveio para registrar sua posição no semi-nário realizado com os delega-dos internacionais presentes, finalizado no domingo, 22 de julho, em Bogotá. - Qual é a diferença entre o Partido Comunista do Brasil e o Partido Comunista Brasilei-ro? - O Partido Comunista Brasi-leiro é o partido histórico dos comunistas brasileiros, funda-do em 1922, o partido que sempre esteve ligado à União Soviética, era parte do movi-mento comunista internacional desde toda a existência da URSS, e o PCdoB é uma dis-sidência nossa de 1962, que em seu primeiro momento foi maoísta e depois ligou-se ao Partido do Trabalho da Albâ-nia. Esta é a diferença de ori-gem. A diferença política é que nós temos uma linha polí-tica no Brasil que é muito dife-rente da linha do PCdoB, por-que nós caracterizamos a situ-ação brasileira como um capi-talismo maduro, monopolista. Portanto, o caráter central da revolução é socialista e, se de-ve ser a revolução socialista, nosso trabalho é no campo proletário, o campo de todos os que são anticapitalistas. Os companheiros (do PCdoB) fa-zem uma aliança policlassista com o Governo Lula e com outros governos de centro-direita em várias regiões, en-quanto que nós decidimos que nosso caminho é à esquerda.

Em princípio estas são as dife-renças básicas. - Vocês consideram que os governos de Lula e de Dilma Rousseff propiciaram mudan-ças progressistas no Brasil? - Nós participamos do Gover-no Lula em seu primeiro man-dato durante três anos e depois abandonamos, pois vimos que Lula não cumpria mais o pro-grama pelo qual foi eleito. A partir de então nós passamos a fazer uma oposição indepen-dente: quando o Governo faz uma coisa que consideramos um acerto, então apoiamos; quando consideramos que é ruim, criticamos. Por exemplo, apoiamos o Governo quando permitiu que a Venezuela in-gressasse no Mercosul, mas o criticamos duramente quando mandou tropas brasileiras para o Haiti. Desde o ponto de vista econômico, consideramos que Lula e Dilma governaram para o capital. Para os trabalhado-res, políticas compensatórias de migalhas. Há um descon-tentamento muito forte dos trabalhadores. Agora há milha-res de trabalhadores em greve, os operários da construção ci-vil, os professores universitá-rios todos estão em greve con-tra a política do Governo. Este também implementou várias políticas neoliberais, como a reforma da previdência que prejudicou muito os trabalha-dores. É um Governo que fi-nancia muito fortemente gru-pos empresariais brasileiros e muitos desses grupos, hoje, estendem-se pela América La-tina e têm uma hegemonia e-conômica também muito forte na África e em alguns países da Ásia. Tudo isso é muito ar-ticulado e financiado pelo Go-verno. Portanto, para nós, o parâmetro para avaliar um go-verno é sua relação com os trabalhadores, e neste sentido não é um governo dos traba-lhadores.

Page 6: Per ceber 270

- Qual é a análise que vocês fazem dos processos progres-sistas na América Latina: na Venezuela, na Bolívia, no Equador, inclusive no Brasil? - Nós pensamos que na Vene-zuela, na Bolívia e no Equador há um processo de luta social mais avançado que em outros países da América Latina. No entanto, na Venezuela existe uma debilidade que é a pouca organização popular, é uma revolução que depende muito de uma pessoa. Entretanto nós apoiamos agora a eleição de Chávez e é importante a vitória de Chávez porque não só re-presenta uma vitória do povo venezuelano, mas representa também uma vitória para todos os povos da América Latina. Esta vitória também vai forta-lecer as lutas sociais da Amé-rica Latina, esta vitória golpeia uma vez mais o imperialismo. Na Bolívia há também um processo muito complexo, pois há uma interferência muito forte do governo brasileiro em apoio aos grandes proprietários que são brasileiros e vivem no Uruguai. O governo brasileiro apóia estas pessoas, que são uma fonte permanente de ten-são contra o Governo da Bolí-via, já que tentaram separar parte do país do governo cen-tral da Bolívia. No Equador a situação também é difícil, por-que não há um movimento de massas organizado e uma van-guarda que lidere este movi-mento. Portanto, dizemos que na América Latina está em construção um processo de luta popular, mas ainda não há uma força política capaz de conduzir o povo às transfor-mações de classe.

- Em relação à Colômbia, que análise vocês fazem de nossa situação? - Nós temos boas relações tan-to com o Partido Comunista Colombiano como com a in-surgência. No Brasil nós so-mos o único partido que faz ações públicas de solidarieda-de com a guerrilha e que im-pulsiona um movimento de solidariedade, porque enten-demos que o problema da guerrilha não é militar. A guer-rilha tem uma origem nos pro-blemas sociais, é uma base so-cial muito forte e não se pode resolver o problema pela via militar. Nós defendemos a so-lução política e justa para o conflito colombiano e espera-mos que os novos movimen-tos, tipo Marcha Patriótica, contribuam para forçar o Go-verno a fazer uma negociação que abra espaço a uma Colôm-bia democrática. - Vocês acreditam que abriu-se no mundo uma nova situa-ção que rompe com o unilate-ralismo, ou que tenham sur-gido novas hegemonias com China, Rússia e outros países como o Brasil? - Não. Nós entendemos que está mudando a situação mun-dial, porque a crise econômica dos países centrais está ele-vando a redução da hegemonia dos Estados Unidos, e esta re-dução abre espaço para novas nações, novos polos de poder. Neste sentido, os BRICS, Bra-sil, China, Rússia, Índia, pos-suem um papel cada vez mais importante no processo de cor-relação de forças políticas mundiais, mas também há uma nova correlação de forças: a-gora a luta popular está presen-

te em várias partes do mundo. Em toda a Europa os trabalha-dores fazem greves, mobiliza-ções. No norte da África caí-ram as ditaduras de Mubarak e Túnis. Mesmo nos Estados U-nidos há uma luta embrionária dos jovens no Ocuppy Wall Street e dos trabalhadores de Wisconsin. E aqui na América Latina há um renascimento da luta popular. Portanto, na nos-sa avaliação a luta de classes a nível mundial está mudando de caráter e isso abre espaço para novas correlações de forças internacionais. - Vocês no Brasil participam em algum nível do governo ou estão totalmente fora? São a oposição? - Nós não participamos de ne-nhum governo; nós trabalha-mos de maneira independente e participamos normalmente das eleições. Eu sou candidato a vice-prefeito de São Paulo em uma coalizão de esquerda com outro partido que se cha-ma Partido Socialismo e Li-berdade e temos candidatos nestas eleições de agora em todos os estados. - Sobre o Partido dos Traba-lhadores, de Lula e Rousseff, vocês o identificam como um partido de centro, como um partido social-democrata? - É um partido de centro. Exis-tem algumas tendências inter-nas com as quais dialogamos, que são de centro-esquerda, porém a maioria é um partido de centro, não é sequer social-democrata. ____________________ *Luis Alfonso Mena* - Diretor do jornal PARÉNTESIS, de Cali, Colômbia.

Page 7: Per ceber 270
Page 8: Per ceber 270

Lembre-se: em Cascavel, nós somos a Revolução!

Page 9: Per ceber 270

Este espaço está sempre aberto para artigos e manifestações da comunidade Na Internet, acompanhe o blog do PCB de Cascavel: http://pcbcascavel.wordpress.com

Veja também o blog da Juventude Comunista de Cascavel: http://ujccascavel.blogspot.com [email protected]

Twitter: PCB do Paraná: http://twitter.com/pcbparana Juventude Comunista de Cascavel: http://twitter.com/#!/j_comunista

A seguir, uma página cole-cionável de O Capital em quadrinhos e o boletim Frente Anticapitalista

Page 10: Per ceber 270

Lições de Comunismo número 62

A cada edição do PerCeBer você terá uma nova página colecionável de O Capital em quadrinhos

Page 11: Per ceber 270

Eleições e poder burguês A ciência do marketing sabe como manipular o eleitor, diz religioso É ingenuidade pedir ao poder para se autorreformar. Poder e governo são que nem feijão, só funcionam na panela de pressão. O fogo que o aquece e provoca modifi-cações em seu conteúdo tem que vir de baixo. Da pressão popular. Por Frei Betto, escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros

Hoje, no Brasil, o deputado e senador que você ajudou a eleger pode votar a favor e declarar ter votado contra. Por isso, o Congresso empurra com a barriga a reforma política. Medo de que qualquer alteração nas atuais regras do jogo ve-nha a diminuir o poder de quem agora ocupa o centro do palco político. Como está é ruim, mas como estará poderá ser pior para quem ousar propor a reforma. Na falta de reforma política, o que vemos em torno não é nada animador. A democracia redu-zida a mero ritual delegatário, os partidos cada vez mais parecidos entre si, os discursos cheios de palavras vazias, e o eleitor votando em A para eleger B, considerado o quociente eleitoral. Na verdade, nem é justo falar em democracia, e sim em pecuniacracia, já que o dinheiro exerce, somado ao tempo disponível na TV, poder de eleger candidatos. Estimativas indicam que, na capital paulista, apenas dois candidatos à prefeitura, Serra e Haddad, gastarão, juntos, R$ 118 milhões. De onde jorram tantos recursos? É óbvio, de quem amealha grandes fortunas – bancos, em-presas, empreiteiras, mineradoras etc. Cria-se, assim, o círculo vicioso: você investe em minha eleição, eu na sua proteção. Eis a verdadeira

parceria entre o público e o privado. Como se constata na CPI do Cachoeira e nos cuidados que os parlamentares tomam quando é citada a Construtora Delta. A pasteurização da política faz com que ela perca, a cada eleição, a sua natureza de mobili-zação popular, para se transformar em um ne-gócio administrado por marqueteiros e lideran-ças partidárias. As “costuras” são feitas por ci-ma; os princípios ideológicos escanteados; a militância é substituída por cabos eleitorais re-munerados; os acordos são fechados tendo em vista fatias de poder, e não programas de go-verno e metas administrativas. O eleitor é quem menos importa. Até porque a ciência do marketing sabe como manipulá-lo. Todos sabemos que o marketing consegue in-duzir as pessoas a acreditarem que a roupa do shopping é melhor do que a da costureira da esquina; refrigerante com gosto de sabão é me-lhor que suco de frutas; sanduíche sabor isopor é melhor que um prato de saladas. Do mesmo modo, os candidatos são maquiados, treinados, orientados e produzidos para ocultar o que realmente pensam e planejam, e manifes-tar o que agrada aos olhos e ouvidos do merca-do eleitoral. A falta de reforma política impede inclusive o aprimoramento de nosso processo democrático. No Congresso, em decisões importantes, como cassação de mandatos, o voto é secreto. E isto é absurdamente constitucional. Princípio que fere a própria natureza da democracia, que exige transparência em todos os seus atos, já que os representados têm sempre o direito de saber como procedem seus representantes. Hoje, no Brasil, o deputado e senador que você ajudou a eleger pode votar a favor e declarar ter votado contra. Mentir descaradamente. E agir segundo interesses escusos – tão frequentes nesse regime de pecuniacracia.

FrenteAnticapitalista N° 18 – 31.07.2012

Page 12: Per ceber 270

Há, contudo, uma novidade que escapa ao con-trole dos marqueteiros e das lideranças partidá-rias: as redes sociais. Através delas os eleitores deixam de ser passivos para se tornarem prota-gonistas, opinativos, formadores de opinião.

Uma sugestão ao eleitor(a): nessas eleições mu-nicipais, escreva em um papel 10 ou 20 exigên-cias ou propostas a quem você gostaria de ver eleito vereador e prefeito. Analise quais priori-dades merecem ser destacadas em seu municí-pio: Saneamento? Educação? Saúde? Creches em áreas carentes? Transporte coletivo? Áreas de lazer e cultura? Caso tenha contato direto com candidatos, per-gunte a ele, sem mostrar o papel, se está de a-cordo com o que você propõe para melhorar o município. Se ele disser que sim, mostre o pa-pel e peça que ele assine. Você verá o resultado.

Alba Roballo: os muros invisíveis da América Latina Por Gilson Caroni Filho, jornalista e professor de Sociologia

Alba Roballo viveu no Uru-guai, durante a ditadura que se instalou naquele país até mea-dos da década de 80. Quando os anos de ditadura (1973-1985) fizeram com que os uruguaios, de alguma for-ma, esquecessem ou perdes-sem, em meio a tanto medo e repressão, aquele orgulho por sua democracia, que era uma parte integrante do próprio “ser nacional”, uma mulher, entre tantos outros resistentes, se dispôs a reconstruir o ima-ginário de uma sociedade civil dinâmica, marcada , até a che-gada dos militares ao poder, pela convivência democrática, a livre exposição de ideias e uma poderosa organização par-tidária e sindical. Alba Roballo, senadora da Frente Ampla, foi a primeira mulher latino-americana a o-cupar um ministério (Cultura) e dele saiu pouco antes de os primeiros estudantes caírem

assassinados nas ruas de Mon-tevidéu por um regime que implantou medidas de exceção e abriu caminho para o golpe de estado. A ditadura uruguaia respondeu a uma política global do impe-rialismo norte-americano, que tinha por objetivo reverter todo o quadro político do continen-te, evitando que a democracia liberal – que em geral tinha estado associada aos sistemas vigentes – derivasse em regi-mes de conteúdo popular e ma-tiz socialista. Militante e escri-tora, a senadora sabia o signi-ficado mais profundo da Fren-te Popular: um movimento an-ti-imperialista e anti-oligárquico, um projeto que não se limitando a uma con-juntura determinada, visava a uma nova opção de poder no país. Como escritora, a partir de 1973, viveu a anti-criação. Como política, sua condição

de cassada lhe criou a angústia de ser morta em plena vida inquieta e combatente. Costu-mava definir a condição de proscrita de forma cortante: “É terrível, não a desejo para nin-guém. Colocar um ser vivo no cal ou torná-lo cinza é um ato de crueldade e de injustiça fe-roz e principalmente se não fizemos nada para merecê-lo” Mas a dirigente política jamais se permitiu ser pessimista. Nem na inteligência nem na vontade. A presença maciça do povo nas ruas, o avanço no acerto de ações comuns entre partidos políticos legais e os colocados na ilegalidade pelos militares, a unanimidade dos dirigentes e das bases na exi-gência de uma nova democra-cia que permitisse à cidadania uruguaia ser protagonista da própria história, eram o com-bustível que alimentava sua crença e sua poesia.

“As idéias são cárceres de longa duração”, di-zia Fernand Braudel. Cárceres que aprisionam geração após geração, e dos quais é muito difí-cil escapar, não só pela invisibilidade dos seus muros, mas também pela sua imperceptível reprodução.

Page 13: Per ceber 270

Disco de poemas declamados pela escritora Alba Roballo Sua motivação para seguir na luta era o destino dos milhares de presos políticos, entre eles Líber Seregni, presidente da Frente Ampla, preso em Mon-tevidéu desde 1974, Jaime Pé-rez, Massera, Pietrarroia e

muitos outros, num claro sinal de que o principal alvo da di-tadura era o movimento que, somente em 2004, após déca-das de um regime bipartidário de tendência conservadora, formado pelos partidos Colo-rado e Nacional. Autora de inúmeros livros, sua obra poética era também um compromisso político. Em “Tempo de Lobos” (1970) re-lata o terror e o sofrimento im-pingidos ao povo uruguaio du-rante o regime militar. Sua po-esia enfrenta o discurso com armas desiguais: opõe síntese à mentira, calor à loucura, sonho à violência. Proclama “todo

espanto desta triste América / que está gritando aos quatro ventos do delírio” Alba morreu em 1996. Não viu Tabaré Vázquez e Pepe Mujica chegarem ao poder. Mas sem-pre soube que a Frente Ampla teria futuro. E nunca duvidou que seria um futuro de êxitos. Não viveu para ver o general Gregório Álvarez, ditador uru-guaio de 1981 a 1985, ser con-denado a 25 anos de prisão por ter participado de 35 execu-ções no regime militar. Mas os muros invisíveis contra os quais lutou desmoronam um a um no devir latino-americano.

A história da dívida pública europeia: como os bancos privados enriqueceram às custas da população Por Salim Lamrani, professor e jornalista francês, especialistas em assuntos americanos

Governos insistem na austeri-dade, mas se esquecem que já foi possível conviver com dé-ficit e crescimento ao mesmo tempo. Todos os países europeus en-frentam o problema da dívida que afeta severamente as con-tas públicas. A França, quinta potência mundial, também não escapa da crise que faz a feli-cidade dos bancos privados. Nenhuma nação europeia es-capa do problema da dívida pública, apesar da gravidade da crise diferir de um país para outro. De um lado, encontram-se os “bons alunos”, como Bulgária, Romênia, República Tcheca, Polônia, Eslováquia, seguidos pelos países bálticos e escandinavos, com um endi-

vidamento inferior a 60% do PIB. De outro lado, estão os quatro “maus alunos”, cuja dívida pública ultrapassa os 100% do PIB: Irlanda (108%), Portugal (108%), Itália (120%) e Grécia (180%). Entre esses dois extremos, residem os ou-tros países da União Europeia, tais como França (86%), cuja dívida oscila entre 60% e 100% do PIB. Os governos europeus de filo-sofia liberal, simbolizados pela Alemanha de Angela Merkel, são unânimes quanto à impor-tância que se deve dedicar ao "desendividamento” público, aplicando políticas de austeri-dade. Desta forma, Pierre Moscovici, embora seja minis-tro da Economia do governo socialista francês de François Hollande, estabeleceu como prioridade a “redução do défi-cit”, comprometendo-se a limi-tá-lo a 3% do PIB ao ano, en-tre outras coisas, por meio da redução das despesas públicas. No entanto, é de conhecimento público que as políticas de aus-

teridade promovidas pela Uni-ão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, aplicadas no Ve-lho Continente, são economi-camente ineficazes. Causam inclusive um efeito contrário, já que, longe de es-timular o crescimento, a redu-ção de gastos, a diminuição dos salários e das aposentado-rias – além das catastróficas consequências sociais e huma-nas que provocam – levam i-nevitavelmente a uma retração do consumo. Com isso, as empresas são for-çadas a reduzir a produção e os salários, e até a demitir seus funcionários. Como conse-quência, as receitas fiscais do Estado diminuem, enquanto seus gastos – para atenuar os efeitos do desemprego – ex-plodem, criando assim um in-terminável círculo vicioso, cu-jo símbolo é a crise grega. As-sim, vários países europeus estão em recessão.

Page 14: Per ceber 270

Como nasceu a dívida pública da França Em 1973, a França não tinha problema de dívida e o orça-mento nacional estava equili-brado. O Tesouro podia ser financiado diretamente pelo Banco da França para construir escolas, infraestrutura viária, portuária e aérea, hospitais e centros culturais, sem ter de pagar uma taxa de juros exor-bitante, portanto, tinha apenas déficit. No entanto, em 3 de janeiro de 1973, o governo do presidente Georges Pompidou, antigo di-retor-geral do Banco Roths-child, influenciado pelo mundo financeiro, adotou a Lei n°73/7 sobre o Banco da França, ape-lidada de “Lei Rothschild” pe-la ala do setor bancário favo-rável a sua adoção. Elaborada por Olivier Wormser, presi-dente do Banco da França, e Valéry Giscard d’Estaing, en-tão ministro da Economia e das Finanças, a lei estipula em seu artigo 25 que "o Tesouro não pode ser recebedor de cré-ditos de seus próprios títulos sacados junto ao Banco da França”. Em outras palavras, o Estado francês já não poderia financi-ar o Tesouro contratando em-préstimos sem juros com o Banco da França, mas teria de recorrer aos mercados finan-ceiros. Dessa forma, o Estado torna-se obrigado a pedir em-préstimos e pagar juros às ins-

tituições financeiras privadas, enquanto até 1973 podia criar moeda para equilibrar o orça-mento pelo Banco Central. Os bancos comerciais dispõem agora do poder de criação mo-netária mediante crédito, en-quanto antes era uma prerroga-tiva exclusiva do Banco Cen-tral, ou seja, do Estado, e enri-quecem às custas dos contribu-intes, em uma situação de qua-se monopólio. Assim, os bancos privados po-dem emprestar, graças aos sis-temas de reservas fracionárias, mais de seis vezes a quantia que têm em moeda central. Em outras palavras, por cada euro que têm, podem emprestar até seis euros, graças à criação monetária mediante crédito. Como se não bastasse, podem contratar junto ao Banco Cen-tral todos os fundos necessá-rios, muitas vezes com uma taxa de 0%, com o objetivo de emprestá-los em seguida aos Estados, com uma taxa de 3% a 18%, como é o caso da Gré-cia. Com isso, a criação mone-tária mediante crédito repre-senta 90% da massa monetária em circulação na zona do euro. Maurice Allais, Prêmio Nobel de Economia francês, denun-ciou esta situação e afirmou que a criação monetária deve-ria ser uma prerrogativa do Estado e do Banco Central. Segundo ele, “toda a criação monetária deve ser do Estado e somente do Estado; toda cria-ção monetária diferente da moeda da base do Banco Cen-tral deve ser impossibilitada, de modo que desapareçam os ‘falsos direitos’, que resultam atualmente da criação monetá-ria pelos bancos (...). Por es-sência, a criação monetária ex nihilo que praticam os bancos se assemelha – não hesito em dizê-lo para que as pessoas entendam bem o que está em jogo – à fabricação de dinheiro por falsificadores, acertada-

mente punidos pela lei. Con-cretamente, leva aos mesmos resultados. A única diferença é que aqueles que dela se bene-ficiam são diferentes”. Atualmente, a dívida da França equivale a mais de 1,7 trilhão de euros. No entanto, entre 1980 e 2010, o contribuinte francês pagou mais de 1,4 tri-lhão de euros aos bancos pri-vados apenas pelos juros da dívida. Dessa forma, sem a lei de 1973, o Tratado de Maastri-cht e o Tratado de Lisboa, a dívida francesa seria de apenas 300 bilhões de euros. A França paga por ano 50 bi-lhões de euros de juros, o que coloca este pagamento em primeiro lugar no orçamento, antes da Educação. Com a mesma quantia, o governo po-deria construir 500 mil casas de 100 mil euros ou criar 1,5 milhões de postos de trabalho no serviço público (educação, saúde, cultura, lazer) com um salário líquido mensal de 1.500 euros. O contribuinte é despo-jado de 1 bilhão de euros por semana em proveito dos ban-cos privados. Portanto, a categoria mais rica da população recebeu do Esta-do o grande privilégio de enri-quecer às custas do contribuin-te sem nenhuma contrapartida e sem o menor esforço. Além disso, este sistema per-mite ao mundo financeiro submeter a classe política aos seus interesses e ditar a políti-ca econômica através das a-gências de qualificação, elas próprias financiadas pelos bancos privados. Ou seja, se um governo adota uma política contrária aos interesses do mercado financeiro, essas a-gências baixam a nota do Es-tado, tendo como efeito imedi-ato o aumento das taxas de ju-ros.

Page 15: Per ceber 270

Ao mesmo tempo, quando o Estado e o Banco Central Eu-ropeu resgatam os bancos pri-vados em dificuldade – isto é, procedem a sua estatização de fato, sem o benefício de qual-quer vantagem, como por e-xemplo o poder decisório no Conselho de Administração –, o fazem com taxas de juros menores do que essas mesmas instituições financeiras cobra-vam do Estado.

O sistema de crédito que se estabeleceu na França desde 1973 e que foi sancionado nos tratados de Maastricht e de Lisboa tem apenas um objeti-vo: enriquecer os bancos pri-vados às custas dos contribuin-tes. É lastimável que não se abra um debate sobre as origens da dívida pública da França na mídia ou no Parlamento. No entanto, bastaria devolver ao Banco Central a exclusividade da criação monetária para re-solver o problema da dívida. ** [Seu livro mais recente é "Etat de siège. Les sanctions éco-nomiques des Etats-Unis con-tre Cuba” ("Estado de sítio. As sanções econômicas dos Esta-dos Unidos contra Cuba”, em

tradução livre), Paris, Edições Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Referências bibliográficas: (1) Eurostat, « La dette publique des Etats membres », dezembro de 2011.(site consultado em12 de ju-nho de 2012). (2) Le Point, « Moscovici : l’Europe, dossier prioritaire, la dette publique est un ‘ennemi’ », 17 de maio de 2012. (3) Loi du 3 janvier 1973 sur la Banque de France.(site consultado em 13 de junho de 2012) (4) Maurice Allais, La crise mon-diale d’aujourd’hui, Editions Clé-ment Juglar, 1999. (5) Une histoire de la dette, « Com-prendre la dette publique », 7 de outubro de 2011. (site acessado em 13 de junho de2012);Sociétal, « L’arnaque de la dette publique » (site acessado em 13 de junho de 2012).

Page 16: Per ceber 270

Nas eleições municipais, a opção anticapitalista está na combinação destas siglas: