pensando são paulo: desenvolvimento e emprego

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ESPECIAL - PENSANDO SAO PAULO Desenvolvimento e Emprego Seminário aponta caminhos para ampliar a capacidade de inovação e a consequente competitividade das empresas N o ano passado, a Assem- bléia Legislativa do Estado de São Paulo tomou uma iniciativa inédita. Criou um organismo destinado a de- bater e a organizar soluções para o futuro do Estado. Chamado de Fórum São Paulo Século 21, esse organismo não se limita a discutir problemas. Quer também definir um modelo de sociedade e traçar um roteiro para chegar a esse ob- jetivo. "A busca na construção de um projeto estratégi- co de desenvolvimento para o nosso Estado foi o gran- de caminho traçado no início dos nossos trabalhos", diz o presidente da Assembléia, deputado Vanderlei Macris. Os trabalhos do Fórum foram divididos em 16 grupos temáticos. Um deles é dedicado à Ciência, à Tecnologia e à Comunicação. O primeiro seminário promovido por esse grupo teve como tema o Desenvolvimento e o Emprego PESQUISA FAPESP no Estado de São Paulo. Participaram co- mo expositores Roberto Sbragia, do Núcleo de Política e Gestão em Ciência e Tecnolo- gia da Universidade de São Paulo (USP); Luiz Henrique Proença Soares, da Funda- ção Seade; Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente da FAPESP; e Antônio José Cor- rêa Prado, do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas e Sócio-econômicas (Dieese). Neste encarte, a revista Pesquisa FAPESP publicare- sumos das quatro exposições. Mais do que simples dis- cursos, os expositores buscaram explicações e apresen- taram caminhos para a solução dos problemas que cercam a produção de inovações e sua aplicação em São Paulo, além de seus efeitos sobre o índice de desempre- go no Estado. A conclusão: os problemas existem, mas não são insolúveis. Acordar para a sua existência sig- nifica andar boa parte do caminho.

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Pesquisa FAPESP - Especial. Ed. 54

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  • ESPECIAL

    -PENSANDO SAO PAULO Desenvolvimento e Emprego

    Seminrio aponta caminhos para ampliar a capacidade de inovao e a consequente competitividade das empresas

    N o ano passado, a Assem-blia Legislativa do Estado de So Paulo tomou uma iniciativa indita. Criou um organismo destinado a de-bater e a organizar solues para o futuro do Estado. Chamado de Frum So Paulo Sculo 21, esse organismo no se limita a discutir problemas. Quer tambm definir um modelo de sociedade e traar um roteiro para chegar a esse ob-jetivo. "A busca na construo de um projeto estratgi-co de desenvolvimento para o nosso Estado foi o gran-de caminho traado no incio dos nossos trabalhos", diz o presidente da Assemblia, deputado Vanderlei Macris.

    Os trabalhos do Frum foram divididos em 16 grupos temticos. Um deles dedicado Cincia, Tecnologia e Comunicao. O primeiro seminrio promovido por esse grupo teve como tema o Desenvolvimento e o Emprego

    PESQUISA FAPESP

    no Estado de So Paulo. Participaram co-mo expositores Roberto Sbragia, do Ncleo de Poltica e Gesto em Cincia e Tecnolo-gia da Universidade de So Paulo (USP); Luiz Henrique Proena Soares, da Funda-o Seade; Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente da FAPESP; e Antnio Jos Cor-ra Prado, do Departamento Intersindical

    de Estudos e Estatsticas e Scio-econmicas (Dieese). Neste encarte, a revista Pesquisa FAPESP publicare-

    sumos das quatro exposies. Mais do que simples dis-cursos, os expositores buscaram explicaes e apresen-taram caminhos para a soluo dos problemas que cercam a produo de inovaes e sua aplicao em So Paulo, alm de seus efeitos sobre o ndice de desempre-go no Estado. A concluso: os problemas existem, mas no so insolveis. Acordar para a sua existncia j sig-nifica andar boa parte do caminho.

  • A capacidade de inovao ser diferencial no futuro

    Para o professor Roberto Sbragia, coordenador cientfico do Ncleo de Poltica e Gesto em Cincia e Tecnologia da Universidade de So Paulo (USP), a diferena competitiva entre as empresas, no prximo milnio, vai ocorrer luz das inovaes em produtos e processos. "Isso um axioma, no se discute", afirma. Mas, para que as empresas brasileiras se tornem realmente competitivas, h muitas barreiras a serem superadas. Especialmente, a postura do prprio empresariado. Sbragia professor titular do Departamento de Administrao da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da USP, na qual leciona desde julho de 1976. ainda assessor tcnico da Associao Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) e supervisor de projetas na Fundao Instituto de Administrao. Depois de graduar-se pela USP, em 1974, Sbragia obteve o mestrado e o doutorado em Poltica e Gesto da Inovao Tecnolgica na mesma universidade. Tem ps-doutorado em Gerncia de Pesquisa e Desenvolvimento no Instituto Tecnolgico da Northwestern University, dos Estados Unidos, obtido em 1986. No mesmo ano, teve sua dissertao de livre-docncia aprovada na USP.

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    Roberto Sbragia

    O foco desta apresentao o com-portamento tecnolgico do setor produ-tivo brasileiro, do qual So Paulo partici-pa em boa proporo, diante da fora de sua indstria. Tive oportunidade de fa-zer, recentemente, uma apresentao se-melhante, num frum internacional, o Conselho de Pesquisa Industrial das Amricas, o Cira. uma instituio que congrega as principais entidades volta-das para a articulao tecnolgica, no mbito das empresas e do setor produti-vo, do Canad Argentina.

    O grupo mais conhecido entre os inte-grantes do Cira o Instituto de Pesquisas Industriais, o IRI, dos Estados Unidos. Esse instituto congrega 300 empresas americanas. Tem 60 anos de existncia e suas empresas so responsveis por 80%

    dos investimentos empresariais em desenvolvimento tec-nolgico nos Estados Unidos. Seu equivalente, no Brasil, a Associao Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais. Congrega, hoje, cerca de 55 empresas, responsveis por aproximadamente 25% dos investimentos empresariais em desenvolvimento tecno-lgico no Brasil. Portanto, est muito abaixo do que re-presenta o IRI nos Estados Unidos.

    O incio da dcada de 90 foi um perodo no qual a empresa brasileira procurou colocar a casa em ordem. Houve motivos para isso. A abertura econmica, os pla-nos de estabilidade e outros fatores marcaram o pero-do. Vieram ento uma certa estabilizao econmica, a abertura comercial, a atrao de investimentos externos, a promoo da competio via valorizao do consumi-dor, a busca da eficincia e da qualidade e, tambm, a re-novao de produtos.

    Esses fatos marcantes da dcada de 90 levaram as empresas a uma grande evoluo nos padres de produ-tividade e qualidade. Comparando os dados atuais com os do comeo desta dcada, vemos que a indstria bra-sileira passou por um perodo de otimizao produtiva. Houve uma grande elevao nos parmetros. Melhora-ram, por exemplo, os ndices de refugos, de devoluo de produtos pelos clientes e de reclamaes. A diminui-o dos prazos de produo e outros fatores revelam, em geral, uma otimizao e uma busca de eficincia e produtividade. Esses fatores marcaram a primeira meta-de da dcada de 90.

    PESQUISA FAPESP

  • De acordo com estudos feitos pela Comisso Econ-mica para a Amrica Latina ( Cepal), a indstria brasilei-ra passou por um miniciclo de investimentos no perodo de 1995 a 1997. Esses investimentos, porm, foram mui-to heterogneos em termos de setores industriais. Seus efeitos foram pouco duradouros. Mas alguns setores ob-tiveram maior rentabilidade, sobretudo os de transfor-mao e, nessa rea, especialmente os relacionados com os bens de consumo, devido a saltos tecnolgicos e ado-o de novos produtos para tornar viveis as exportaes.

    Na dcada de 1971 a 1980, os investimentos no Bra-sil representaram 8,4% do PIB. Houve, depois, decrscimos e

    P ENSAN D O SO PA U LO: D ESENV OLVIM EN TO E EMPRE GO

    Se tomarmos como vrtices de um tringulo o setor produtivo, a infra-estrutura em cincia e tecnologia e o governo e suas agncias promotoras, a integrao, no sentido da promoo da inovao, deve partir da inds-tria. Ela o segmento prximo do consumidor e, por-tanto, o elemento que reconhece as necessidades. a partir da indstria que a inovao deve passar por ou-tros elementos, com a agregao de valores, e retornar na forma de produtos e servios melhores, mais baratos e mais diversificados disposio da comunidade.

    Essa passagem, no Brasil, bastante problemtica. cheia de obstculos que no per-mitem o funcionamento pleno

    acrscimos. Em 1997, com o au-mento verificado nos estudos da Cepal, os investimentos chega-ram a 18% do PIB. Entre os seto-res que tiveram crescimentos maiores esto a siderurgia e me-talurgia, o setor de material de transporte e o setor de alimentos.

    Um fator importante so os investimentos diretos estrangei-ros. Entre os pases emergentes, o Brasil foi o que mais atraiu recur-

    ''Instrumentos do governo,

    quando existem, so complicados

    e de difcil aplicao''

    desse tringulo e de suas interfa-ces. Examinemos, em primeiro lugar, o setor governamental. Apesar de alguns avanos recen-tes, o Brasil caracterizado, nas reas federal e estaduais, por ins-trumentos de poltica governa-mental pouco eficazes, quando se trata de privilegiar a empresa como foco de inovao tecnol-gica ou como carro-chefe da ino-

    sos durante a dcada de 90. Foi tambm o que menos perdeu investimentos no ano cr-tico de 1998, com relao participao de cada pas no total dos investimentos mundiais das empresas transna-cionais. A evoluo foi notvel. No incio da dcada de 90, o Brasil participava com 3,6% do fluxo mundial de capitais estrangeiros. No fim da dcada, essa participa-o subiu para cerca de 16%. No mesmo perodo, ou-tros pases latino-americanos mostraram crescimento negativo.

    H muitas discusses sobre o valor real desses inves-timentos. As empresas transnacionais agregam valores em diversas frentes. De um lado, h o investimento pro-dutivo, em fbricas e instalaes. Do outro, o valor agre-gado em desenvolvimento tecnolgico, emprego e ou-tros fatores. Mas h quem seja pessimista com relao a esses investimentos. Cita-se que os investimentos estran-geiros muitas vezes se atm ciranda financeira e no significam, necessariamente, uma soma de valor tecno-lgico. A questo tem vrios pontos que merecem ser discutidos. Mas o que interessa a este painel o futuro.

    No novo milnio, a competitividade empresarial vai estar cada vez mais atrelada capacidade de inovao das empresas. Ou seja, a diferenciao competitiva vai ocorrer luz das inovaes em produtos e processos. Isto um axioma. No se discute. uma realidade. Mas temos, no Pas, uma srie de barreiras que dificultam a relao entre empresa, governo e infra-estrutura cient-fica e tecnolgica para a promoo da inovao.

    PESQUISA FAPESP

    vao e da transferncia de pro-dutos e servios inovadores para

    a sociedade como um todo. Os instrumentos, quando existem, so muito com-

    plicados e de aplicao difcil. So pouco transparentes e, muitas vezes, quase desconhecidos. No ficam em vi-gor por muito tempo e mudam a todo momento. Algu-mas vezes esto valendo, outras, no. Podem ser corta-dos e reeditados a qualquer momento, dependendo de fatores externos.

    Esses instrumentos so excessivamente burocratiza-dos. Perde-se muito tempo para entend-los e para us-los. Quando chegam a ser aproveitados, so pouco efi-cazes, devido ao alto custo de utilizao, o que acaba por afugentar os usurios potenciais. Esses instrumentos so pouco participativos, no sentido de serem criados, testados e receberem o feedback dos usurios, serem re-modelados e melhorados ao longo do tempo. Acabam influindo muito pouco no comportamento das empre-sas. No cumprem seu papel, assim, de alavancar o de-senvolvimento tecnolgico no mbito das empresas.

    Existem vrios exemplos disso. Vamos tomar apenas um, os incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimen-to tecnolgicos empresariais, no mbito da Lei 8661/93. Essa legislao foi criada no Brasil depois de vrios estu-dos, que comearam por volta de 1983 e 1984. Eles leva-ram a algumas leis, que foram sendo modificadas con-forme novos governos tomavam posse. Finalmente, em 1993, os incentivos entraram em vigor. Pois bem. Essa le-gislao, criada em 1993 e modificada recentemente, em

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  • PENSANDO SO PAULO: DESENVOLVIM ENTO E EMPR EG O

    1996, por fora da crise fiscal, reduziu, na prtica, os be-nefcios fiscais s empresas a patamares muito inferiores aos praticados no mundo desenvolvido.

    O Canad o pas mais avanado na legislao fiscal para beneficiar os investimentos empresariais. Ele per-mite que as empresas reduzam do imposto de renda a pagar de 20 a 25% dos gastos comprovados em desen-volvimento. Os Estados Unidos concedem benefcios se-melhantes. A Austrlia permite uma deduo nica na forma de deduo das despesas operacionais, com um impacto no imposto de renda a pagar.

    O Brasil permite uma redu-o muito pequena, limitada a 4% do imposto de renda a pagar pelas empresas. Nesse limite, po-rm, tambm entram programas como os subsdios alimentao e ao transporte do trabalhador. Na prtica, no existe nenhum benefcio fiscal hoje para uma empresa que queira investir em pesquisa e desenvolvimento tec-nolgicos no Brasil.

    Isso acontece apesar de as boas empresas conhecerem a legislao. Numa pesquisa recente, feita pela Fiesp, 77% das empresas declararam conhecer esses in-centivos. No entanto, 90% no utilizam a legislao. Como causa, foram citados diversos problemas, princi-palmente os custos envolvidos. O uso dos incentivos de-manda, por exemplo, a contratao de consultores exter-nos e a preparao de minuciosos projetos para serem aprovados pela mquina governamental. Na prtica, exi-ge muito mais tempo do que o prazo necessrio para que uma inovao seja produzida com sucesso e chegue ao mercado antes dos concorrentes.

    Quanto ao papel das universidades e institutos, eles ainda esto vinculados a tradies nas quais o papel da empresa pouco reconhecido como parte do sistema de inovao. Isso particularmente destacado, caracteriza-do e evidenciado pela excessiva nfase na produo de papers e no em patentes para o uso dos resultados da pesquisa. A produo de patentes no Brasil baixssima.

    Os investimentos do poder pblico para a inovao por meio das universidades so pouco orientados para a demanda. uma atitude ainda muito ofertista, que pre-tende colocar o conhecimento disposio de quem quiser fazer uso dele, mas sem estabelecer uma vincula-o a priori com a demanda. Existem estudos mostran-do que somente as grandes empresas interagem com as universidades e tiram proveito do trabalho dessas insti-tuies. Isso ocorre em detrimento das pequenas e m-dias empresas. Por mais paradoxal que isso possa pare-cer, so justamente as pequenas e mdias empresas as 4

    que mais necessitam do apoio da infra-estrutura exter-na, devido sua pouca capitalizao.

    Mas so tambm aquelas com menos condies de usar esse apoio, em funo de suas deficincias. Elas co-meam pela inexistncia de pessoas capazes de articular, interagir e falar o linguajar mnimo necessrio para co-locar a empresa em condies de comunicar-se com a infra-estrutura cientfica. As grandes empresas, por sua vez, investem mais em desenvolvimento tecnolgico e tm mais pessoas alocadas internamente para o esforo de inovao. Tm, assim, uma infra-estrutura mais ca-

    paz de aproveitar o esforo de pesquisa efetuado pelas universi-dades e institutos.

    Apesar desse ambiente pouco estimulante, as empresas mos-tram uma preocupao levemen-te crescente com relao ao futu-ro. No que se refere ao esforo em inovao, porm, ele tende mais estabilidade do que ao cresci-mento. Isso fica evidente quando se analisa o histrico da alocao de recursos financeiros pelas em-presas para a inovao e para o aumento da qualidade do esforo

    de inovao. De qualquer maneira, h uma certa preo-cupao em no diminuir as equipes tcnicas mais do que proporcionalmente se diminuiu a fora de trabalho global das empresas nestes ltimos anos e, principal-mente, em obter ganhos de competitividade com a in-troduo de novos produtos no mercado. Esses so fa-tores muito importantes.

    De qualqer maneira, os dados sobre indicadores empresariais e inovao tecnolgica entre 1993 e 1997 mostram nmeros bastante estveis. O gasto anual fica na faixa deUS$ 7 milhes por empresa, em mdia. Tra-ta-se de um gasto bastante estvel, sem muitas varia-es ao longo do perodo. A pequena tendncia de au-mento do investimento total ocorreu muito mais pela entrada de novos players e pelo reconhecimento de operaes antes desconhecidas do que propriamente pelo aumento das despesas das empresas que j partici-pavam do jogo.

    assim que se explica o aparecimento, nas estatsti-cas governamentais, de um crescimento da participao do setor produtivo nos gastos em desenvolvimento tec-nolgico no Brasil. Por esses dados, essa participao passou de algo em torno de 15 a 20%, no incio da d-cada de 90, para 32% em 1997. importante notar: as empresas que respondem por esses nmeros represen-tam apenas um tero do PIB industrial brasileiro. Isso significa que existem grandes possibilidades de expan-so, se no ocorrerem grandes crises econmicas e os

    PESQUISA FAPESP

  • governos colocarem em prtica medidas de ordem pol-tica com esse objetivo.

    O futuro do comportamento empresarial e inovador no Brasil est atrelado busca de uma competncia in-ternacional, no somente nacional. Ela pode ser obtida por meio de ganhos de produtividade, eficincia e qua-lidade e mediante outros fatores, como qualificao de pessoal e interesse na busca do conhecimento. Isso deve ocorrer num ambiente de flexibilidade total, sob todos os pontos de vista, operacional, financeiro e outros.

    Essa competncia internacionalizada, por meio desses fatores, que permitir ao Brasil atingir um estgio de sustentabili-

    PENSANDO SO PAULO: DESENVO LV I MENTO E EMPREGO

    utilizado no Pas. H a questo dos incentivos fiscais, que tendem a ser confundidos, muitas vezes, com subsdios e doaes. Isso cria uma atitude negativa, no s para a so-ciedade, mas para o governo e o empresrio. Os incenti-vos acabam por no ser utilizados, quando pases desen-volvidos, que competem com o Brasil, os usam e usam muito bem. Alis, o nico incentivo permitido no m-bito da Organizao Mundial de Comrcio (OMC).

    Outro problema o da qualificao universitria e absoro de pessoal universitrio pelas indstrias, espe-cialmente no nvel de doutores. J formamos 4 mil dou-

    tores por ano. Mas uma parcela nfima desse pessoal est na in-

    dade dinmica. Ela depende de muito mais do que do aumento da eficincia produtiva e de otimiza-es de plantas e produtos. Essa sustentabilidade dinmica deve criar condies para que as em-presas brasileiras sejam capazes de competir internacionalmente e se insiram na cadeia mundial. Isso no se consegue apenas com a oti-mizao de plantas e produtos, mas com conhecimento, qualifica-

    ''o mercado dstria. A formao bsica profis-sional no Brasil ruim. O ensino tcnico, para no falar da educa-o bsica, apenas sofrvel. No Brasil, h pouco pessoal de nvel mdio trabalhando nas empresas. Isso faz com que os PhDs, os pou-cos que existem, faam trabalhos de bancada, deixando de se con-centrar no principal objeto do seu trabalho, o criativo. Nos pases

    brasileiro pouco crtico com relao aos produtos

    que consome''

    o e flexibilidade. Para que isso acontea, o Brasil e principalmente

    seus Estados desenvolvidos, que querem progredir e tm massa crtica para isso, vo ter de criar uma srie de condies. Elas passam por vrios fatores que no so triviais, simples ou singulares. Uma das primeiras dessas condies a governabilidade, a capacidade mnima de gesto do Pas. H pases ingovernveis. Esses no tm nenhuma possibilidade de progresso.

    No se podem esquecer as condies econmicas. En-tre elas esto a estabilidade e a liberalizao. Elas so im-portantes, precisam ser mantidas e conquistadas. Os in-vestimentos necessitam dessas condies. H tambm uma srie de polticas pblicas que precisam ser aplicadas, principalmente na rea das exportaes. O Brasil um pas muito carente no setor das exportaes, que so peque-nas e concentradas em pouqussimas empresas. A grande massa de empresas pequenas e mdias no exporta.

    Para que as pequenas e mdias empresas brasileiras pos-sam exportar, necessrio proteger a propriedade industrial e intelectual e criar redes de excelncia. O Brasil precisa capitalizar aquilo que sabe fazer melhor, o que conhece bem e onde diferente das grandes potncias mundiais. preciso definir prioridades setoriais. O Pas no pode ser o melhor em tudo. necessrio selecionar setores e potencialidades. Com os parcos recursos dos quais oBra-sil dispe, impossvel atacar em todas as frentes.

    preciso tratar, tambm, da situao financeira, em particular os desafios ao capital de risco, muito pouco

    PESQUISA FAPESP

    desenvolvidos, h uma relao de um PhD para trs tcnicos de n-

    vel mdio. No Brasil, a relao quase o inverso. Existe tambm uma questo cultural. O Brasil preci-

    sa melhorar muito a interao e parcerias entre a em-presa e as universidades e os institutos. Esta no uma crtica apenas os institutos e universidades. tambm uma crtica aos empresrios, sua postura imediatista e pouca credibilidade que do a essas instituies. A si-tuao melhorou muito nesta dcada. Vrios paradig-mas foram rompidos. Mas ainda est distante o apareci-mento de uma relao profcua entre os dois setores.

    A sociedade deve ser mobilizada em torno da inova-o. necessrio, particularmente, aguar o esprito cr-tico do consumidor. O mercado brasileiro pouco cr-tico com relao aos produtos que consome. Agindo assim, no estimula a competitividade e no apia o diferencial competitivo das empresas. Aceita o que se coloca na mesa, sem rejeitar. Isso importante. O mer-cado um dos maiores indutores do investimento tec-nolgico por parte das empresas.

    Mas isso pouco adiantar se no houver uma mu-dana na postura empresarial. O Brasil ainda est longe de ter uma postura empresarial voltada para a inovao e para a valorizao da tecnologia como instrumento de competitividade. H ilhas de excelncia, empresrios notveis, posturas dignas de nota. Mas isso muito mais exceo do que regra. O Brasil ainda sente a necessida-de de uma classe empresarial com uma viso mais vol-tada para o futuro.

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  • Esforo de inovao ainda restrito a poucas empresas

    Os nmeros transmitidos ao grupo de trabalho pelo diretor-adjunto de Produo de Dados da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados (Seade), Luiz Henrique Proena Soares, no deixam dvidas: o interior est crescendo, mas a parcela da capital e das cidades prximas na atividade econmica do Estado de So Paulo continua a ser de enorme maioria. Com base numa minuciosa pesquisa realizada pela Fundao,

    ~ No ano passado, a Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados (Seade) di-0 vulgou os resultados de uma pesquisa so-" bre a atividade econmica do Estado de

    Proena Soares levantou tambm dois aspectos muito importantes

    Luiz Henrique Proena Soares

    So Paulo que trouxe dados inditos so-bre o panorama empresarial. Trata-se da Pesquisa da Atividade Econmica Paulis-ta (PAEP). A metodologia desta pesquisa foi criada no incio da dcada de 90. Ela surgiu da percepo da Fundao Seade, como rgo produtor de informaes so-bre o Estado de So Paulo, de que falta-vam estatsticas econmicas sobre oBra-sil e, especificamente, sobre o Estado. O ltimo censo econmico do IBGE fora realizado em 1985; em 1990, no houve censo econmico; em 1994, finalmente o IBGE comeou a aplicar uma nova estra-tgia de produo de estatsticas econ-

    para o futuro da capacidade inovadora do Estado: a pesquisa e o desenvolvimento esto concentrados em apenas umas poucas empresas; e a maioria das empresas usa a inovao apenas como atividade defensiva, para manter fatias de mercado, no como instrumento para o futuro. Proena Soares formou-se em 1977 em Cincias Sociais pelo Instituto de Filosofia, Cincias e Letras da Universidade de So Paulo (USP). Em 1979, obteve o diplme d'tudes approfondies pelo Instituto de Urbanismo de Paris, da Universidade de Paris XII, e, em 1982, um doutorado em Urbanismo pelo mesmo instituto. Entre suas reas de atuao, esto administrao pblica, planejamento urbano e regional, polticas pblicas e sistemas de informaes sacio econmicas. Suas atividades na Fundao Seade incluem a superviso geral da homepage e de toda a poltica de informtica da entidade.

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    micas, sem, no entanto, contemplar indicadores qualita-tivos.

    Todo o processo de mensurao econmica em rela-o s atividades produtivas estava, assim, bastante de-fasado e carente. Alm de o Censo de 1990 no ter sido realizado, as pesquisas anuais do IBGE, sobre indstria, comrcio, construo civil e transportes, estavam com sua divulgao atrasada. Isso era resultado de uma re-forma admini:Strativa, na minha opinio bastante desas-trada, que no incio dos anos 90 e final dos anos 80 atin-giu a administrao pblica federal e penalizou sensivelmente o IBGE .

    A Fundao Seade e um conjunto de usurios de in-formaes econmicas identificaram trs focos de preo-cupao em relao s estatsticas econmicas. Um de-les era a mensurao econmica propriamente dita, tradicionalmente coberta pelo censo econmico e pelas pesquisas anuais, as quais, apesar de serem amostrais, ti-nham cobertura bastante expressiva.

    Alm da mensurao, havia uma preocupao sobre a questo da reestruturao produtiva, que, nos primei-ros anos da dcada de 90, j se anunciava na economia brasileira. Havia, nessa poca, muito pouca, ou mesmo nenhuma, informao estatisticamente representativa sobre os vrios aspectos envolvidos nesse processo, nem sobre sua abrangncia, intensidade, distribuio setorial e outros fatores.

    Em terceiro lugar, no caso do Estado de So Paulo, era muito importante acompanhar uma dinmica socio-

    PESQUISA FAPESP

  • econmica territorial que as pesquisas anuais do IBGE no mostram. A partir dessas pesquisas, s possvel se-parar dados para a Regio Metropolitana e para o res-tante do Estado. A economia regional no Estado de So Paulo bastante dinmica e significativa em determina-dos aspectos. Era, assim, uma questo fundamental ter uma idia dessa representatividade no mbito regional.

    A PAEP cobriu indstria, comrcio e servios, sendo que, dentro da indstria, houve uma extrao especfica para a construo civil. Foi criada tambm uma aborda-gem especfica para a agroindstria, que no Estado de So Paulo um segmento econmico bastante importante e significativo.

    P ENSAN D O SO PAULO: DESENVOLV IME N T O E EMPR EG O

    e mais do que 5, foi feita uma amostragem. No caso do comrcio, foram investigados todos os estabelecimentos com mais de 20 empregados e, abaixo disso, feita uma amostragem, at os que contavam apenas 1 empregado. Alm disso, foram investigados dois segmentos no setor de servios, as empresas produtoras de servios de infor-mtica e os bancos. No caso dos bancos, todos os grandes e mdios bancos responderam pesquisa.

    No setor de informtica, foram investigadas todas as empresas com mais de 20 empregados e, abaixo disso,

    f~ita uma amostra. Tanto as empresas maiores como o universo amostral das empresas de menor porte respondem por

    Para todas as variveis, espe-cialmente as que dizem respeito reestruturao produtiva, procu-rou-se obter dados capazes de se-rem comparados com os resultan-tes dos sistemas estatsticos de mbito nacional, especialmente a nova Classificao Nacional das Atividades Econmicas (CNAE), e toda a srie de procedimentos metodolgicos adotada pelo IBGE. Tambm foram considera-

    ''No setor uma proporo de 80 a 85%, tan-to com relao ao valor adiciona-do como ao pessoal ocupado no Estado de So Paulo. Portanto, os resultados da pesquisa puderam ser expandidos para todo o uni-verso de empresas do Estado de So Paulo, com bastante proprie-dade e tranqilidade.

    de informtica, foram investigadas todas as empresas

    com mais de 20 empregados'' A tarefa era bastante complexa

    e inovadora e precisou ser partilha-da com outros parceiros. A Fun-dao procurou de imediato as dos os procedimentos internacio-

    nais, especialmente os ancorados nos procedimentos re-comendados pela OCDE e consubstanciados no Manual de Oslo. Assim, os resultados so altamente comparveis com os produzidos por outras pesquisas em todo o mundo. Essas comparaes esto sendo feitas e esperam-se alguns resultados bastante interessantes.

    Na mensurao econmica, algumas variveis bsi-cas foram investigadas. Em relao reestruturao produtiva, procurou-se gerar indicadores para itens como inovao tecnolgica, novas formas de gesto, fu-ses, automao, informtica e requisitos para contrata-o de pessoal.

    H uma abordagem importante na rea de requisitos de contratao, j que a Fundao Seade, juntamente com o Dieese, realiza pesquisas de emprego e desempre-go. Havia uma percepo muito ntida das mudanas no mercado de trabalho ao longo dos quase 13 anos de existncia da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). No entanto, no havia nada em relao ao universo em-presarial, sobre a viso das empresas em relao mu-dana do mercado, seja do ponto de vista do aumento dos ndices de desemprego, seja do ponto de vista da precarizao dos vnculos e das relaes de trabalho.

    Em relao s indstrias, foram investigados todos os estabelecimentos com mais de 30 empregados. Realizou-se, portanto, um verdadeiro censo em todos os estabele-cimentos de maior porte do Estado de So Paulo. Nos es-tabelecimentos industriais com menos de 30 empregados

    PESQUISA FAPESP

    principais universidades e centros de pesquisa paulistas, em busca de apoio metodolgico e terico. Em seguida, foi s entidades do empresariado - Fiesp, Federao do Comrcio, Associao Comercial, Sinduscon - buscar o seu apoio institucional, a divulgao por meio de sua ro-dia especfica e tambm um dilogo, para verificar se as questes estavam adequadamente formuladas e se se con-seguiria nvei~ de compreenso adequados por parte do universo empresarial. O objetivo era reduzir as recusas e aumentar o nvel de confiabilidade das respostas obtidas.

    Foi mantido um contato constante com o IBGE e obtido o apoio extremamente importante da agncia fi-nanciadora de pesquisas no Estado de So Paulo, a FA-PESP, responsvel pelo financiamento do trabalho de campo da pesquisa. A FAPESP respondeu por uma par-cela importante do custo total. A Fundao recebeu, tambm, um financiamento da Finep para a realizao desse trabalho. Ambas arcaram com cerca de um tero do custo total da pesquisa, sendo o restante financiado pelo oramento da prpria Fundao.

    Essa articulao foi muito interessante, porque enrique-ceu a pesquisa e a tirou dos muros da Fundao Seade, que, por mais capacitada que possa ser, jamais poderia dar conta, sozinha, de uma tarefa to complexa. Na dissemina-o dos resultados, foi adotada uma postura inovadora, no sentido de divulgar os microdados, preservando-se o si-gilo da fonte. Os microdados so divulgados para que os prprios pesquisadores possam construir suas tabulaes.

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  • PENSAN D O SO PA U LO: D ES E N VOLV I MENTO E EMP R EGO

    H um CD-ROM com os dados disposio dos usurios na Fundao Seade. A inteno que uma pes-quisa desse tipo seja realizada a cada quatro anos. Esta foi a primeira e estabelece um patamar de comparao para toda uma srie de indicadores. H a inteno de produzir uma nova pesquisa no ano 2001, relativa si-tuao do ano 2000.

    Ocorreu outro fato muito importante na questo das parcerias. O Consrcio Intermunicipal do ABC mani-festou interesse em conhecer melhor sua realidade. Pre-tendia fazer um censo econmico. Acabou tornando-se um parceiro regional. Financiou uma expanso da amostra, de

    car, do leite, do fumo e das conservas. So Paulo o pri-meiro produtor nacional de cana-de-acar e o maior produtor mundial de suco de laranja, produzindo sozi-nho mais suco de laranja do que os Estados Unidos.

    Do ponto de vista da distribuio da agroindstria no territrio paulista, um dado que salta vista , tam-bm, a forte concentrao da atividade agroindustrial na Regio Metropolitana. Quase 25% da agroindstria paulista est concentrada na Regio Metropolitana. So-mando-se a participao da regio de Campinas, chega-se metade. No resto do Estado, a distribuio regional

    bastante menos expressiva, ape-sar de importante na estrutura

    maneira que h dados especficos para a regio do ABC e cada um dos seus municpios, sobre o pro-cesso de reestruturao produtiva na regio.

    O Estado de So Paulo tem uma estrutura bastante diversifi-cada quanto s suas empresas. H concentraes que variam con-forme o tipo de anlise. Mas, do

    ''A concentrao da atividade

    produtiva

    econmica regional. As atividades ligadas ao co-

    mrcio esto melhor distribu-das. Existe uma proporcionalida-de maior, que quase acompanha a distribuio populacional. Isso s no ocorre com o comrcio ata-cadista, que ainda est fortemen-te concentrado na Regio Metro-politana e pela existncia de comrcio mais sofisticado na

    na Regio Metropolitana fortssima''

    ponto de vista de qualquer um dos trs enfoques usados na pes-quisa, confirma-se de que se trata de uma economia bastante complexa, diversificada e com a presena de praticamente todos os setores signi-ficativos da indstria de transformao.

    Do ponto de vista regional, o que se nota, em pri-meiro lugar, uma fortssima concentrao da ativida-de econmica na Regio Metropolitana de So Paulo. Ela representa quase 57% dos empregos e mais de 60% do valor adicionado do Estado. H uma expanso des-sas atividades para a regio imediatamente prxima. Se traarmos um crculo com raio de 150 quilmetros a partir da capital, os valores chegam de 80 a 85% do to-tal do Estado. Entram nessa rea, basicamente, cidades como Jacare, So Jos dos Campos, Jundia, Campinas, Americana, Limeira, Sorocaba, Votorantim e seus en-tornos.

    Essa forte concentrao da atividade econmica, num raio de alguns quilmetros a partir da praa da S, ocorre apesar de todo o processo de interiorizao veri-ficado ao longo dos anos 70 e no comeo dos anos 80, como fruto da poltica de atenuamento de desigualda-des regionais do segundo PND. A interiorizao aconte-ceu. Grandes investimentos pblicos foram realizados no interior, levando indstrias e empresas para fora da capital. Mas, paralelamente, continuaram a ocorrer in-vestimentos muito fortes na atividade industrial dentro da Regio Metropolitana.

    A agroindstria tem uma situao especfica. Existe um peso muito grande da agroindstria da cana-de-a-

    8

    Grande So Paulo. No caso dos servios de infor-

    mtica, considerados nobres no processo de reestrutura-o produtiva, a concentrao na Regio Metropolitana infinitamente maior. um setor de apoio produo fortemente associado ao processo de modernizao tec-nolgica e de reestruturao produtiva. Nada menos do que 79% das unidades, 85% do pessoal ocupado e quase 91% do valor adicionado esto concentrados na Regio Metropolitana. Fora dessa rea, h apenas duas partici-paes dignas de nota: a regio de Campinas, em que h um grande nmero de locais e pessoal ocupado, mas um ndice baixo de valor adicionado, e a regio de So Jos dos Campos, onde ocorre o inverso.

    interessante notar a existncia, no Estado, de um grande nmero de empresas industriais de pequeno porte, responsveis por parcelas muito pequenas do va-lor adicionado e do pessoal ocupado. Inversamente, existe um pequeno nmero de grandes empresas, res-ponsveis por uma parcela extremamente significativa do valor adicionado e tambm do emprego.

    Essa a distribuio das unidades industriais no nos-so Estado. A anlise por porte que se seguiu coleta de dados mostrou que a estrutura salarial das empresas do Estado tem forte assimetria. Os salrios mdios pagos pelas grandes empresas chegam a ser o triplo dos pagos pelas empresas menores. Mesmo assim, h algumas sur-presas. Das grandes empresas, 8% por exemplo, no tm programas de alimentao para os funcionrios e 23% no tm programas de transporte.

    PESQUISA FAPESP

  • A forte assimetria existente com relao ao porte das empresas industriais no Estado de So Paulo foi repeti-da com freqncia em vrios indicadores produzidos pela pesquisa, no deixando dvidas de que ele repre-senta uma varivel capaz de explicar vrios aspectos da performance de uma empresa.

    A pesquisa investigou tambm, do ponto de vista da origem do capital, a questo do controle patrimonial das empresas. Entre as empresas de capital estrangeiro, o lder entre os investidores a Unio Europia, tomada como um bloco. Isoladamente, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar. Mas a Unio Euro-pia, tomada como um todo, su-

    P ENSANDO SAO PAU LO: DESENVO LV IM ENTO E E MPR EGO

    contratam pessoal para Pesquisa e Desenvolvimento. Mas, em termos absolutos, sua participao na estrutu-ra econmica do Estado como um todo baixa.

    Um interesse da pesquisa foi o de conhecer os moti-vos considerados importantes ou muito importantes pelas empresas para a realizao de inovaes. Os mo-tivos mais freqentemente mencionados para as inova-es, tanto de produtos como de processos, esto liga-dos a razes defensivas, para a manuteno de fatias de participao no mercado. Portanto, as variveis de mercado pesam mais que uma postura pr-ativa, desti-

    nada a antecipar novas tecnolo-gias ou novos processos tecnol-

    pera os Estados Unidos, ficando a Alemanha, membro desse bloco, um pouco abaixo dos Estados Unidos:

    ''os motivos mais mencionados

    gicos, ampliar o mix de produtos da empresa ou substituir produ-tos obsoletos. Essas razes, mui-tas vezes importantes, esto entre as menos mencionadas ou entre as consideradas menos impor-tantes.

    . -Em relao competitividade, foram selecionados, para esta apresentao, quatro indicadores: exportaes, treinamento, tcni-cas de gesto de qualidade total e inovao, aqui entendida tanto como de produto como de pro-cesso. Os quatro mostraram com-

    para as movaoes esto I i gados

    a razoes defensivas''

    A pesquisa tentou conhecer tambm as fontes da inovao, as reas onde as empresas mais fre-qentemente buscam conheci-

    portamento semelhante, forte-mente explicado pelo porte das empresas.

    Outro trabalho foi o de analisar a distribuio de as-pectos ligados s estratgias de reestruturao produti-va pelos diversos segmentos empresariais. Um exemplo disso dado pelo setor de alimentos e bebidas, que re-presenta uma parcela bastante expressiva do setor in-dustrial paulista, aparecendo em penltimo lugar com relao ao nmero de empresas consideradas inovado-ras, mas no qual o valor produzido por essas empresas inovadoras proporcionalmente elevado. possvel di-zer que na indstria do Estado convivem empresas com estrutura empresarial e tecnolgica antigas com empre-sas modernas e avanadas.

    Outro aspecto importante que, entre as estratgias da gesto de produo mais freqentemente adotadas pelas empresas, h uma ocorrncia maior de respostas voltadas para os novos mtodos de organizao do tra-balho, os quais, entre outros aspectos, comportam um aumento do desemprego.

    Os dados sobre pessoal alocado em Pesquisa e De-senvolvimento mostram que o esforo de inovao bastante desigual. Uma presena muito forte da Em-braer, por exemplo, pode elevar um ndice at torn-lo muito superior ao de outros setores. Quando se exclui a Embraer, h uma queda para um patamar inferior. Exis-tem, assim, empresas que elevam os indicadores para patamares mais elevados, mas de um ponto de vista apenas relativo. So empresas que alocam recursos e

    PESQUISA FAPESP

    mentos para suas inovaes. Ou-tra vez, ficou claro que as fontes

    ligadas ao mercado, como clientes, fornecedores, concor-rentes e feiras, tm um peso muito grande. O porte da empresa significativo para explicar algumas respostas. As grandes empresas aparecem com muito mais freqn-cia entre as que tm departamento prprio de pesquisa e desenvolvimento.

    O trabalho confirmou uma participao relativamente baixa dos ins~itutos de pesquisas e das universidades nes-se processo de gerao de inovao das empresas. inte-ressante notar que h uma forte corroborao das conclu-ses a que o professor Roberto Sbragia, que falou antes de mim, chegou com relao falta de mecanismos para uma adequao entre oferta e demanda de novas tecno-logias, entre produo de teses e registro de patentes.

    H ainda na pesquisa um bloco de questes voltadas para a relao das empresas com meio ambiente e a identificao de oportunidades de negcios ou de riscos para a atividade desenvolvida, a partir de seu envolvi-mento nessa rea.

    Ns, na Fundao Seade, estamos disposio para aprofundar esta reflexo e trazer novos aspectos inex-plorados. Mais que isso: contamos com a comunidade de usurios, no sentido de utilizar essa pesquisa e nos dar retorno em relao realizao da prxima PAEP. A produo de estatsticas assunto eminentemente p-blico, financiado pelo setor pblico, e no deve haver nenhuma iluso quanto a este aspecto. Ela deve ter re-torno para os usurios.

    9

  • Como o Brasil pode se manter competitivo

    Q uando estabelece ;::;:::::;::::=::;;;::==:::::::;;;;:==::; l Dizem que a anedota seguinte nasceu z as diferencas entre universidade e empresa, o professor Carlos Henrique de Brito Cruz fala com conhecimento de causa. O presidente do Conselho Superior da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP) e titular da rea de Eletrnica Quntica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) trabalhou num dos mais conceituados

    g no curso de Economia da Universidade ~ ~ Harvard. Dois sujeitos esto fugindo de ~ um tigre. Na floresta, um deles pra para

    calar o tnis. O outro diz: "No adianta calar o tnis, voc nunca vai conseguir correr mais do que o tigre': O que est cal-ando o tnis responde: "No, mas vou correr mais do que voc".

    Competitividade vem da capacidade de agregar conhecimento ao que se faz. Para analisarmos a situao paulista, usa-rei algumas comparaes internacionais. Assim, poderemos situar os dados que te-mos e ver se est boa ou ruim. a histria do tigre. Estamos correndo mais depressa ou mais devagar do que os competidores? centros de pesquisas particulares

    do mundo, os Laboratrios Bell, Carlos Henrique de Brito Cruz J conseguimos, tanto no Brasil quan-da AT&T, de maro de 1986 a agosto de 198 7. A isso se soma a experincia de ter sido diretor do Instituto de Fsica da Unicamp, de 1991 a 1994, e em seguida pr-reitor de pesquisa da mesma universidade, at 1998. Na sua exposio, ele demonstrou que o Brasil e So Paulo ainda tm muito o que caminhar para se tornarem verdadeiramente competitivos, mesmo com relao a pases como Israel e Coria do Sul. Mas tambm citou fatos positivos, como o aumento da formao de doutores e a publicao cada vez maior de papers pelas universidades brasileiras. Brito Cruz engenheiro eletrnico formado pelo ITA de So Jos dos Campos, em 1978. Fez mestrado e doutoramento pelo Instituto de Fsica Gleb Wataghin, da Unicamp, onde iniciou sua carreira de professor em 1982.

    lO

    to em So Paulo, um notvel desenvolvi-mento da capacidade de fazer cincia. O nmero de pro-dues cientficas originadas do trabalho feito no Brasil publicadas em revistas internacionais praticamente qua-druplicou. Pouco mais que a metade dessa produo feita no Estado de So Paulo (figura 1).

    Ao lado desse aumento na capacidade de se produzir cincia, simultaneamente, houve tambm um aumento na capacidade de formar pessoas com a qualificao ne-cessria para trabalhar com pesquisa e desenvolvimento. Ou seja, pessoas com conhecimento, que o objeto do nosso assunto. Estamos formando mais de 4 mil douto-res por ano no Brasil.

    importante registrar que o crescimento dessa capa-cidade deve-se, praticamente, ao esforo do Estado, na es-fera federal e estadual, que fez os investimentos necess-rios. Podemos, porm, discutir se esses investimentos deveriam ser maiores. Minha concluso, com base nos dados que vou mostrar a seguir, a de que os investimen-tos deveriam ser mais intensos.

    Na anlise da capacitao tecnolgica a situao nos mais desfavorvel. possvel dimensionar essa capacidade por meio do nmero de patentes que o Brasil registra nos Estados Unidos. Em 1996, a soma de todas as patentes ori-ginrias de pessoas do Brasil e l registradas foi de 56. A soma das originrias da Coria do Sul, foi de quase 1.500, um nmero 30 vezes maior. Se olharmos para o tigre, o tnis deles est melhor do que o nosso. As empresas e as in-dstrias sul-coreanas esto mais capazes de gerar e traba-lhar com conhecimento do que as do Brasil.

    PESQUISA FAPESP

  • No Brasil h alguns mal-entendidos, quando se fala de patentes. Tem-se a impresso de que pesquisa assunto de universidade. Isso um equvoco. Pesquisa assunto de universidade, sim, mas , talvez muito mais, assunto de em-presa. um equvoco achar que o Brasil produz poucas pa-tentes porque nossas universidades no fazem e no pri-vilegiam fazer patentes. Vamos considerar o nmero de universidades nos Estados Unidos e quantas patentes fazem por ano. Tomando o conjunto de todas as universidades dos Estados Unidos, v-se que h dez universidades respon-sveis por duas patentes por ano e 25 universidades com 20 patentes por ano.

    PE NSAN DO SO PAUL O: DESE NVO LVIME N TO E EMPRE G O

    outros 99%. mais ou menos com isso que o Brasil pre-cisa preocupar-se. Por outro lado, na capacitao tecno-lgica nossa participao muito menor. Pases que pro-duzem cincia tanto quanto ns, como Coria do Sul e Israel, tm situao bem superior na tecnologia.

    Os investimentos totais em pesquisa e desenvolvimen-to feitos pelos pases so medidos em percentagem do PIB, no em volume. Assim, So Paulo costuma aparecer acima do Brasil. A percentagem do PIB paulista investido em pes-quisa e desenvolvimento maior do que o percentual bra-sileiro. Se So Paulo fosse um pas, estaria situado at um

    pouco acima da Espanha. O primeiro destaque o

    seguinte: no ano de 1996, to-mado como exemplo, foram registradas 53 mil patentes nos Estados Unidos. Delas, apenas 1.600, ou seja, 3%, vieram de universidades. Isso mos-tra que o produtor de paten-tes em massa no a univer-sidade, mas a empresa. O segundo destaque assina-lar que os nmeros relativos produo de patentes, mes-mo no sistema universitrio norte-americano, so medi-

    FIGURA I Quando se fala em investi-mentos totais, porm, soma-se o dinheiro que vem do go-verno com o das empresas. Quando se considera apenas o dinheiro investido pelas in-dstrias, a situao fica di-ferente. H uma diferena avassaladora entre o que acontece em So Paulo e no Brasil com relao ao resto do mundo. O Brasil investe mui-to menos que os outros pases.

    Nmero de artigos cientficos cadastrados no Science Citation Index

    originados no Brasil de 1980 a 1999

    10.000 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000

    -

    -

    --

    --

    - I 2.000

    1.000 o I I I I I I I I I I

    dos em dezenas. H poucas universidades que fazem mais do que 100 patentes por ano. Talvez apenas seis instituies estejam nesse caso.

    muito importante ter a noo de que, ao mesmo tem-po em que registra 20 ou 25 patentes, uma universidade pu-blica 3, 4 ou 5 mil papers em um ano. Esses, sim, so o pro-duto mais caracterstico da instituio universitria. Esse destaque importante para evitar o equvoco de gerar ex-pectativas de que a universidade, alm de educar os estu-dantes e fazer cincia, tambm tem que fazer patentes e inovao tecnolgica, resolvendo o problema.

    Uma comparao entre os investimentos que as empre-sas de vrios pases fazem em pesquisa e desenvolvimen-to e o nmero de patentes que esses pases registram nos Estados Unidos mostra uma correlao muito notvel. Quanto mais a empresa investe em pesquisa, mais patentes, tecnologia, conhecimento e competitividade consegue.

    Alm disso, pode-se dizer que um volume de investi-mentos de milhes de dlares corresponde a empregos para milhares de pessoas, porque o maior custo de fazer pesquisa o salrio das pessoas que fazem a pesquisa. O valor dos investimentos, ento, pode ser traduzido no n-mero de pesquisadores que trabalham, no total de assala-riados que geram conhecimento para a empresa.

    A presena dos artigos cientficos originados no Bra-sil na produo cientfica mundial superior a 1%. Com esse 1%, o Pas consegue educar pessoas capazes de ler os

    PESQUISA FAPESP

    novamente a histria de que eles esto com o tnis, ns no e o tigre vem atrs.

    Essa diferena nos investimentos se traduz diretamente nos locais de trabalho dos cientistas. Uma norma de clas-sificao usada internacionalmente o local onde esto os cientistas engenheiros. O Brasil tem 60 mil cientistas en-genheiros trabalhando em universidades e 12 mil em ins-titutos de pesquisa, como o Instituto Agronmico, o IPT e o INPA da Amaznia. Os que trabalham para empresas so talvez 9 mil. Em So Paulo, so perto de 4 mil.

    A frao de pesquisadores trabalhando para empresas no Brasil extremamente baixa. Nos Estados Unidos, a relao inversa. Enquanto no Brasil 11% dos cientistas engenheiros trabalham em empresas, nos Estados Unidos a participao chega a 80%. Esse percentual vai contra a opinio comum de quem pensa em cincia e tecnologia no Brasil. Ele mostra que considerar cincia e tecnologia como assunto de universidade um vcio. Como se pode ver no caso dos Estados Unidos, o papel principal das uni-versidades educar e formar as 800 mil pessoas que vo fazer as empresas americanas serem competitivas.

    Essa distribuio bastante desfavorvel para o Brasil. Os Estados Unidos tm um milho de cientistas enge-nheiros. s vezes, as pessoas pensam: " demais. No possvel que haja lugar para caber mais". No o caso. Uma notcia publicada na revista Science, em agosto de 1998, se referia a reclamaes de que o Congresso norte-americano saiu de frias sem votar assuntos considerados

    11

  • PENSANDO SAO PAU LO: DESENVO LVIMENTO E E M PREGO

    importantes. Um desses assuntos era uma autorizao para aumentar o nmero de vistos de entrada que os Es-tados Unidos concediam anualmente para cientistas en-genheiros estrangeiros. Estava sendo solicitado um au-mento de 65 mil vistos para 115 mil.

    Lembrem-se que o nmero de cientistas engenheiros que mostrei para o Brasil era prximo a 77 mil. Os Esta-dos Unidos estavam discutindo a admisso, por ano, de duas vezes mais do que isso, ou seja, dois Brasis em termo de cincia e tecnologia. Um destaque que precisa ser fei-to que quem estava solicitando esses cientistas no eram

    uma parte da soluo, mas no pode ser a soluo intei-ra, porque no possvel assumir, a partir dos dados exis-tentes, que a universidade possa ser o nico responsvel por gerar desenvolvimento tecnolgico numa nao.

    Quem est perto do desenvolvimento tecnolgico a empresa. Em todos os lugares do mundo, isso tarefa cen-tral da empresa, embora a universidade possa contribuir bastante. Digo que a universidade no pode resolver esse problema completamente com base em dados que sere-ferem, novamente, ao caso dos Estados Unidos e ao que de-nomino o mito do investimento privado na universidade.

    No Brasil, existe o costu-as universidade nem os ins-titutos de pesquisa dos Esta-dos Unidos, mas o lobby das empresas. So elas que pre-cisam desses 115 mil cientis-tas engenheiros para funcio-narem, serem competitivas e ganharem espao.

    FIGURA 2 me de dizer que os pesquisa-dores no querem buscar a empresa e deveriam fazer como nos Estados Unidos, onde todas as pesquisas das universidades so financia-das pelas empresas. Os da-dos mostram que isso no verdade. Os nmeros refe-rentes a 1994 indicam que nesse ano foram assinados contratos no valor total de US$ 21 bilhes para a reali-zao de projetos de pesqui-sa em todas as universidades

    Nmero de cientistas na empresa, na universidade e em institutos de pesqusia

    no Brasil e na Coria do Sul

    Talvez seja exagero fazer uma comparao com os Es-tados Unidos. Mas, mesmo quando fazemos uma corre-lao com a Coria do Sul, a situao bastante desfavo-rvel para o Brasil. No Pas, h 9 mil cientistas engenhei-ros nas empresas. Na Coria

    "' e 'iii ..c c .,

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    Brasil

    do Sul, so 75 mil (figura 2) . Novamente, se fizermos aquele exerccio esquisito de imaginar So Paulo como um pas, com populao mais ou menos semelhante da Coria do Sul, veremos que a quantidade de cientistas en-genheiros trabalhando em atividade de pesquisa e desen-volvimento em So Paulo insuficiente para competir com um pas como a Coria do Sul.

    Como, assim, a empresa vai conseguir gerar conheci-mento para ser competitiva? Uma distoro do sistema de cincia e tecnologia brasileiro e, tambm, do sistema paulista, o fato de o nmero de cientistas engenheiros nas empresas ser extremamente reduzido. Esse talvez seja o principal problema da cincia e tecnologia no Brasil. Empresas geram riquezas. No Brasil, somos capazes de fa-zer cincia, mas no de converter cincia em riqueza.

    O contribuinte que est pagando impostos comea cada vez mais a questionar, preocupado, porque est dan-do dinheiro e quer ver algum benefcio, que no seja ape-nas aumento do conhecimento para a humanidade. Ele quer emprego, quer uma vida melhor e que seus filhos te-nham mais oportunidades. Existe no Brasil uma situao na qual a cincia tem avanado, mas a competitividade da empresa avana muito menos.

    Quando se faz essa afirmao, geralmente aparece al-gum dizendo que a soluo fazer a universidade inte-ragir com a empresa para gerar tecnologia. Creio que isso

    12

    Empresas O Universidades

    Coria

    do pas. Desse total, US$ 1,4 bilho, ou 6,8%, correspondiam a contratos com empresas. Ou seja, a participao das empresas foi inferior a 7%.

    A maior parte dos financiamentos veio do governo fe-deral, com US$ 14 bilhes, dois teros do total. Alm dis-so, uma parte aprecivel veio dos fundos institucionais das prprias niversidades. Na contabilidade norte-ame-ricana, o dinheiro de uma universidade pblica, como a Universidade da Califrnia, da prpria universidade, no do Estado da Califrnia. Assim, os fundos institucio-nais so compostos em boa parte de dinheiro dos gover-nos locais, estadual e, s vezes, municipal.

    uma iluso a que existe no Brasil de que os contra-tos com empresas sustentam a pesquisa nas universida-des norte-americanas. Na maioria dos casos, a proporo fica entre 4% e 5%. So nmeros semelhantes aos que existem hoje na Unicamp, na USP, na Universidade Fede-ral de Santa Catarina. Nessas universidades, a proporo est entre 2% e 6%, dependendo da maneira como se faz a conta. A interao da universidade com a empresa, em-bora seja extremamente importante, limitada a esses 7%, no caso dos Estados Unidos.

    Por outro lado, esses 7% podem parecer pouco mas no so. So ainda mais importantes porque esses contratos permitem que as universidades eduquem seus estudantes num ambiente no qual existe uma convivncia com a'em-presa, onde vo aprender que pesquisa, cincia e tecnologia

    PESQUISA FAPESP

  • no so aquelas coisas de torre de marfim, mas tm aspec-tos prticos do dia-a-dia.

    Outro fator importante o representado pelos tra-os culturais. Eles existem, embora hoje em dia estejam mais fracos. H 10 anos, era considerado pecaminoso, numa universidade como a USP ou a Unicamp, dizer que iria ser feito um convnio com uma empresa. Hoje em dia, uma coisa at propagandeada. Mas ainda exis-tem barreiras. Um exemplo interessante desses obstcu-los uma lei estadual que probe as universidades pbli-cas de fazerem convnios com empresas que pertenam a pessoas que j foram funcion-rios pblicos. Assim, se um profes-

    PENSANDO SO PAULO: DESENVO LV I MENTO E EMPREGO

    Isso leva questo da diferena, do tipo de pesquisa que se adapta melhor universidade. Provavelmente, a pesquisa de natureza mais bsica, embora haja espao para outras atividades e para o tipo de pesquisas mais ne-cessrio para a empresa, que o desenvolvimento tecno-lgico e a pesquisa aplicada.

    Em 1991, o professor Edward Mansfield fez uma pes-quisa em empresas norte-americanas com a pergunta: de onde vem o conhecimento para se fazer a inovao? As em-presas responderam que, em cada 10 vezes, nove vezes ele vinha de dentro da empresa ou dos fornecedores e uma

    vez da universidade. Outra pesqui-sa, feita em 1996, chegou mesma

    sor da Unicamp ou da USP, de-pois de aposentado, abrir uma empresa de alta tecnologia, no poder por lei fazer um convnio com a Unicamp ou a USP.

    H ainda alguns fatores que di-zem respeito natureza das insti-tuies. H coisas que no podem ser mudadas, pois a troca ou vai estragar a empresa ou a universi-dade. So instituies com mis-ses e objetivos diferentes. No se

    ''Empresa e universidade so

    instituies com m1ssoes

    concluso. No Brasil, a Confedera-o Nacional das Indstrias fez tam-bm uma pesquisa e chegou exa-tamente mesma concluso. Ou seja, a maior parte do conhecimen-to que a empresa precisa vem da pr-pria empresa e de seus fornecedores e clientes. Se pensarmos sobre isso, veremos que uma coisa total-mente natural, pois so essas pes-soas que esto perto do produto.

    e objetivos diferentes''

    pode querer integrar uma na ou-tra. Um desses aspectos a questo do sigilo. Ele impor-tantssimo para a empresa. Para a universidade, no to importante assim. Alis, para a universidade, h ocasies em que ele at atrapalha, pois o projeto da pesquisa na universidade precisa ser um projeto que sirva para ensi-nar um estudante.

    No se pode dizer a um estudante que ele ser obri-gado a atrasar a sua tese por mais trs anos, porque a em-presa que contratou o projeto est pedindo esse prazo para ter vantagens sobre o competidor. Esse estudante estar com a carreira arruinada se no puder publicar seus papers, ir a conferncias, preparar teses. De qualquer maneira, um problema que pode ser resolvido. Apren-di no MIT que a clusula de sigilo , para o instituto, motivo de rompimento da discusso. O MIT pra de conversar com a empresa na mesma hora, se a empresa disser que quer colocar uma clusula de sigilo no conv-nio. Mas, como me explicaram, sempre se consegue pre-parar os contratos e seus termos de tal maneira que essa clusula no necessria.

    Outra questo o tempo disponvel para a realizao da pesquisa. Tem a ver com a diferena que pesquisar ensinando. No se pode perder de vista que o papel fun-damental da universidade educar, formar pessoas. Fazer uma pesquisa ensinando estudantes completamente di-ferente de fazer uma pesquisa para ser encerrada da ma-neira mais rpida, para colocar o produto no mercado ou atender a pedidos do departamento de reclamaes.

    PESQUISA FAPESP

    Em concluso, o que eu quis des-tacar aqui foram os seguintes pontos:

    a. Existe em So Paulo uma enorme capacidade para a gerao de cincia, instalada em nossas melhores uni-versidades.

    b. A pequena quantidade de cientistas e engenheiros fa-zendo atividades de P&D como empregados de em-presas compromete a capacidade da empresa em So Paulo de gerar inovao tecnolgica.

    c. No Sistema Estadual de C&T preciso reconhecer que cada organizao tem misses diversas e comple-mentares.

    d. A universidade primariamente responsvel pela edu-cao, e s poder faz-lo bem ao desenvolver ativida-des de pesquisa cientfica e tecnolgica.

    e. Para que haja desenvolvimento econmico impres-cindvel que a empresa seja o ator principal na ativi-dade de inovao tecnolgica. H, hoje, importantes razes porque ela no pode fazer isto eficazmente: ju-ros altos, instabilidade e carga tributria.

    f. A colaborao universidade-empresa desejvel co-mo instrumento para melhorar a educao que a universidade faz e para trazer a cultura da pesquisa para dentro da empresa. Mas s pode haver estaco-laborao quando a empresa tem suas prprias ativi-dades de P&D. A Fapesp tem dado contribuio destacada a todos os

    objetivos destacados acima e convido o leitor a conhecer mais sobre os programas da Fundao em nossa home-page em http:/ /www.fapesp.br.

    13

  • Poltica governatnental e o autnento do desetnprego

    Asituao do desemprego poderia no estar to sria se o Pas estivesse passando por uma fase de expanso econmica, afirma o coordenador de Produo Tcnica do Departamento lntersindical de Estudos e Estatsticas Scio-econmicas (Dieese), Antnio Jos Corra do Prado. Ele lembra que Estados Unidos e Europa tambm passaram por uma fase de profundas modificaes tecnolgicas

    Em 1997, o Departamento Intersin-dical de Estudos e Estatsticas Scio-econmicas (Dieese), iniciou uma pes-quisa sobre as relaes entre o emprego e o desenvolvimento tecnolgico, com o apoio do Conselho Nacional de Desen-volvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq). No momento em que essa pes-quisa se iniciava, ocorria um debate sig-nificativo no Brasil sobre a questo do desemprego.

    At o final de pezembro de 1996, o Pas passou por uma situao bastante curiosa. Oficialmente, o governo federal dizia que o Brasil no tinha problemas de desemprego e a taxa de desemprego era prxima da dos Estados Unidos.

    no perodo que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial.

    Antnio Jos Corra do Prado A partir de 1997, porm, at mesmo a

    Mas uma soma de crescimento econmico com polticas governamentais manteve o ndice de emprego em nveis adequados e levou at a uma melhor distribuio da renda. Prado combina seu trabalho no Dieese, onde membro da direo tcnica e economista snior, com o papel de professor do Departamento de Economia e de professor e coordenador tcnico do curso de especializao em Economia e Gesto das Relaes de Trabalho da Pontifcia Universidade Catlica (PUC) de So Paulo. Ele formado em Economia pela Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de So Paulo (USP) e tem mestrado em Economia pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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    taxa de desemprego oficial, calculada pelo IBGE, apresentou um salto significativo. A questo do desemprego tornou-se ainda mais candente. Essa pesquisa do Dieese, assim, ficou bastante condicionada pela conjuntura do desemprego.

    O Brasil tem hoje uma taxa de desemprego que praticamente o triplo da que existia em dezembro de 1989. A taxa na Regio Metropolitana de So Paulo est entre 19 e 20% e vem flutuando nesse patamar. Em de-zembro de 1~89, a taxa na mesma regio era de 6,7%. Assim, o desemprego na capital de So Paulo triplicou na dcada de 1990.

    A busca das causas desse aumento na taxa de desem-prego levou ao desenvolvimento de uma das linhas do projeto, que procurou verificar os efeitos do desenvolvi-mento tecnolgico sobre o emprego. No debate que vem ocorrendo a partir de 1997, muito comum atri-buir o desemprego a causas estruturais amplas, como, por exemplo, a questo da globalizao e as mudanas estruturais do ponto de vista tecnolgico e organizacio-nal. A pesquisa do Dieese procurou investigar as dimen-ses reais desses fatores.

    O primeiro passo foi o de tentar verificar, a partir da anlise das sries das taxas de desemprego da Regio Me-tropolitana de So Paulo, se o comportamento dessas s-ries era coerente com o que seria esperado da mudana na taxa de desemprego provocada por razes estruturais.

    Verificamos que, de janeiro de 1990 a 1999, a taxa de desemprego cresceu continuamente, mas com uma ca-racterstica muito especfica. Em determinados momen-

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  • I tos, apresentava saltos nos seus patamares. Ou seja, no se verificou um crescimento acelerado contnuo em todo o perodo, mas uma srie de saltos concentrados no tempo.

    Essa caracterstica do comportamento da srie impe-de que o crescimento do desemprego seja associado di-retamente a mudanas estruturais. As mudanas estru-turais ocorrem no decorrer do tempo de forma lenta e no ficam concentradas em perodos curtos. Assim, no se pode associar os saltos nas taxas de desemprego no Brasil a mudanas estruturais, sejam elas relacionadas abertura da economia brasileira a partir de 1990, a mu-danas tecnolgicas ou a inova-es organizacionais.

    PENSANDO SO PAU LO: DESENVO LV I MENTO E EMPREGO

    Tailndia, Coria e Malsia. A poltica adotada pelo go-verno foi outra vez a de fazer um choque de juros e con-ter o crdito e a economia, como forma de manter as re-servas internacionais e interromper a fuga de capitais. Ou seja, o choque foi usado como forma de defesa de uma moeda sobrevalorizada.

    Em 1998, depois da moratria russa, o mesmo expe-diente foi utilizado a partir de novembro, com a diferen-a de que, dessa vez, no funcionou. Mas essa uma outra dimenso da anlise. O importante para o problema do desemprego que a partir de novembro de 1998 foi ado-

    tado outro choque de juros e ele est claramente associado mu-

    Por outro lado, esses saltos podem ser associados, claramen-te, gesto da poltica econmica no perodo. Comecemos por 1992. Nesse ano, a taxa de desem-prego mdio na Regio Metropo-litana de So Paulo teve um salto de cerca de 40%. Ela saiu de 10 o/o para chegar a 14%.

    ''os saltos podem ser associados

    claramente

    dana do patamar da taxa de de-semprego, de 18 para 20%.

    Esse elemento mais conjuntu-ral de gesto da poltica econmi-ca explica os saltos muito concen-trados da taxa de desemprego em determinados perodos de tempo. Esses saltos ocorrem em perodos curtos, de seis meses a um ano.

    gesto

    Em 1995 e 1996, a taxa, que havia recuado alguns pontos, du-rante o perodo inicial da chama-

    da poltica econmica'' Isso no significa, de forma al-

    guma, que no exista tambm um elemento de natureza estrutural para explicar o comportamento da fase expansiva do Plano Real,

    voltou a se acelerar, at atingir o patamar de 16% em 1996. Em 1997, saltou novamente, de 16 para 18%, e, em 1998, chegou a 20%.

    Em 1992, 1995, 1997 e 1998, a economia brasileira experimentou os choques de juros. Os choques de juros foram usados pela primeira vez como abordagem da poltica econmica em 1992, pelo ento ministro Mar-clio Marques Moreira. Seu objetivo era atrair capitais internacionais tipicamente especulativos para reforar as reservas internacionais do Pas e tentar conter o pro-cesso de desestruturao que se verificava naquele mo-mento de crise poltica na economia brasileira. Inaugu-rou, porm, um padro de interveno na poltica econmica que consiste em utilizar os choques de juros como mecanismo para ampliar as reservas internacio-nais e, de alguma forma, defender a moeda.

    Em 1995, aps alguns meses de Plano Real, ocorreu um evento semelhante, em termos de abordagem de po-ltica econmica. Em dezembro de 1994, com a quebra do Mxico, o Pas experimentou uma grande fuga nas reservas cambiais. Ento, a partir de maro e abril de 1995, houve uma mudana na poltica cambial, princi-palmente na poltica monetria e de crdito. O Brasil passou por um novo choque de juros, que foi aprofun-dado no segundo semestre de 1995. Isso explica a mu-dana de patamar da taxa de desemprego.

    A partir de outubro de 1997, novamente ocorreu o processo, aps a quebra dos tigres asiticos, Hong Kong,

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    da srie de desemprego ao longo do tempo. A primeira indicao disso decorre de um questionamento muito simples. Se os choques de juros explicam os saltos na taxa de desemprego, por que, quando o choque de juros revertido, a taxa de desemprego no volta para trs?

    a que se pode associar esse elemento conjuntural da gesto da poltica econmica ao elemento de nature-za estrutural..

    Basicamente, a idia a seguinte: a partir de 1994, em cada momento em que houve uma atuao no sen-tido de defender a moeda sobrevalorizada por meio de um choque de juros, era emitida uma sinalizao para o setor privado de que a moeda se manteria sobrevalori-zada por mais um determinado tempo. Portanto, ao se-tor privado cabia aproveitar a oportunidade desse pe-rodo, em que as importaes estariam relativamente mais baratas, por conta da moeda sobrevalorizada, para ampliar as compras no exterior, tanto de insumos como de mquinas e equipamentos.

    Esse tipo de mecanismo ajudou a acelerar, em deter-minados momentos, o processo de reposio e moder~ nizao dos equipamentos que fazem parte da estrutura produtiva brasileira. Existe uma relao entre os dois fe-nmenos. Ao adotar uma poltica econmica para apoiar a moeda sobrevalorizada, o governo sinaliza, com isso, que haver mais um perodo de tempo para as empresas continuarem seu processo de modernizao, com um cmbio altamente favorvel.

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  • PENSANDO SAO PAULO: DESENVOLVIMENTO E EMPREGO

    Um segundo indicador usado para verificar essa ques-to mais estrutural foi a comparao entre dois perodos de crescimento da economia brasileira na histria recen-te. Um o perodo do Plano Cruzado, de 1986 e 1987, e outro o perodo expansivo do Plano Real, em 1994 e 1995. Para essa anlise, o perodo do Plano Real foi divi-dido em duas fases, uma expansiva e a outra recessiva.

    Na fase expansiva do Plano Real, nos dois anos conse-cutivos de 1994 e 1995, o Brasil teve um crescimento de cerca de 10% do PIB, tanto no mbito nacional quanto no Estado de So Paulo. Em 1986 e 1987, ocorreu ames-ma coisa. O Pas e o Estado tive-ram um crescimento semelhante,

    mercado de trabalho como um todo. Oque vai deter-minar se essa mudana tecnolgica e organizacional resulta em desemprego lquido no mercado de traba-lho como um todo basicamente a taxa de cres-cimento da economia.

    Neste momento, o Brasil passa por uma mudana tecnolgica dentro de limites estreitos. A taxa de inves-timento est em cerca de 18% do PIB. Na dcada de 70, essa taxa era de 24%. O Brasil est muito longe de taxas de investimento que impliquem mudanas tecnolgicas significativas. Hoje, o padro de mudana tecnolgica

    continua a ser mais seletivo. No to abrangente como se houves-

    de 10% do PIB. interessante associar a taxa

    de crescimento do PIB do cresci-mento da ocupao e taxa de queda no desemprego nos dois perodos. No binio 1986-1987, para um crescimento de 10% no PIB, houve um crescimento da ocupao na Regio Metropolita-na de So Paulo tambm de 10%. Portanto, ocorreu uma relao de um para um no que se referia

    ''A capacidade de o crescimento

    do PIB gerar postos de

    trabalho caiu pela metade''

    se, novamente, uma taxa de in-vestimento de 24%.

    Mas, nas circunstncias atuais, em que a mudana tecnolgica se soma recesso, o resultado l-quido, infelizmente, de desem-prego tecnolgico. Esse ponto deve ser destacado porque se tor-na necessria outra abordagem de poltica econmica, uma abor-dagem capaz de permitir que a

    sensibilidade da ocupao ao cres-cimento do PIB. A taxa de desemprego, conseqente-mente, caiu nesse perodo.

    Em 1994 e 1995, porm, isso no ocorreu. Para uma taxa de crescimento do PIB de 10%, o crescimento da ocupao ficou em torno de 5%. Ou seja, a sensibilida-de da ocupao ao crescimento do PIB caiu pela meta-de. A taxa de desemprego no diminuiu 20%, como ocorreu no Plano Cruzado, mas sim 9%.

    Certamente, essa diminuio, tanto no coeficiente que relaciona o crescimento do PIB com o da ocupao, como no coeficiente que relaciona o crescimento do PIB com a queda na taxa de desemprego, resultante de mu-danas estruturais e no de abordagens ou da forma de gesto da poltica econmica. Significa que houve uma perda bastante significativa. Caiu pela metade a capaci-dade de o crescimento do PIB gerar postos de trabalho e reduzir a taxa de desemprego.

    O debate sobre a relao entre o desemprego e tec-nologia bastante estimulante, mas o problema do Bra-sil, neste momento, o de que o crescimento da produ-tividade industrial e o processo de mudana tecnolgica organizacional ocorrem em um contexto macroecon-mico completamente adverso do ponto de vista da gera-o de postos de trabalho.

    Sob a tica do desemprego tecnolgico, as mudan-as tecnolgicas e organizacionais, com freqncia, implicam a ampliao do desemprego em nveis seta-riais. Mas isso no verdade, necessariamente, para o

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    mudana tecnolgica ocorra ge-rando ganhos do ponto de vista

    social. Na abordagem que existe hoje no Brasil, a soma da mudana tecnolgica com o processo recessivo gera desemprego.

    Com uma poltica econmica expansiva, seria com-pletamente vivel a realocao dos trabalhadores demi-tidos em determinados setores, nos quais o processo de mudana mais acelerado do que em outros, para reas menos atingidas.

    Um aspecto muito interessante do caso e que vale a pena ser lembrado o perodo de quase 30 anos de crescimento econmico que Europa e Estados Unidos experimentaram no ps-guerra. Nesse perodo, ocor-reram mudanas tecnolgicas significativas. Elas, po-rm, tiveram lugar num perodo de crescimento eco-nmico e foram acompanhadas pela estruturao de mecanismos macroeconmicos institucionais. Isso permitiu que a mudana tecnolgica e o aumento de produtividade fossem realimentando o processo de crescimento, gerando aumento de emprego e melhor distribuio de renda.

    Uma poltica de inovao tecnolgica, de ampliao da gerao e adoo de novas tecnologias para as em-presas, teria um enquadramento mais adequado se fos-se considerada dentro de um contexto de poltica eco-nmica mais geral, capaz de permitir que os aumentos de produtividade sejam transformados, de fato, em ga-nhos efetivos de bem-estar para os trabalhadores e para a sociedade em geral.

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