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Pensamento Latino-Americano e Políticas de C,T&I Aula 22- Deficiências estruturais das PCTIs na América Latina Professor Adalberto Azevedo São Bernardo do Campo, 04/09/2014

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Page 1: Pensamento Latino-Americano e Políticas de C,T&I Aula 22- Deficiências estruturais das PCTIs na América Latina Professor Adalberto Azevedo São Bernardo

Pensamento Latino-Americano e Políticas de C,T&I

Aula 22- Deficiências estruturais das PCTIs na América Latina

Professor Adalberto AzevedoSão Bernardo do Campo, 04/09/2014

Page 2: Pensamento Latino-Americano e Políticas de C,T&I Aula 22- Deficiências estruturais das PCTIs na América Latina Professor Adalberto Azevedo São Bernardo

Leitura- texto do jornal da Unicamp

Escrito em 1973, mas bastante atual: problemas persistentes, que exigem reformas radicais (= estruturais)

Autor: geração de cientistas latino-americanos nacionalistas, aliados a políticos e empresários com a mesma orientação

Esforços para aumentar a autonomia da economia nacional: construção de um sistema de inovação coeso

Importância dos componentes determinantes da política pública (análise com plementar às de economia industrial/evolucionista)

Policy, Politity e Politics: as regras do jogo

Reformas: repactuação das regras

Sobre o texto e o autor

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Desenvolvimento acelerado a partir do final da II Guerra Mundial, iniciada nos anos 20: formação de sistemas de C,T&I

Anos 50: organismos multilaterais (ONU, OEA, BID), instituições públicas e empresas de países industrializados (empréstimos, bolsas, missões técnicas, instalação de indústrias)

Assessoria na planificação da política de C,T&I

Resultados muito aquém dos esperados

As fontes de inovação na América Latina

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Sistemas de C,T&I foram construídos, mas...

Persiste o baixo investimento em C,T&I (em 1973, Argentina e Venezuela investiam 0,2% de seus PIBs em seus sistemas; URSS, 2,2%; China, 1,5%)

Atualmente: Brasil gasta 1,74% do PIB em C,T&I.

As fontes de inovação na América Latina

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As fontes de inovação na América Latina

Dados de 2008-2010

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Pior do que o baixo investimento é a forma como isso é gasto

América Latina: desconexão com a sociedade

Países desenvolvidos: tradição de programas de C,T&I voltados a missões nacionais (defesa, saúde, competitividade, etc.), reflexos no aumento da produtividade da economia

América Latina: pouca pesquisa empresarial

Pesquisa de alta qualidade na AL: na maioria dos casos está conectada com alguma instituição de países desenvolvidos, bem como com as temáticas produzidas no mundo desenvolvido

Qual a origem desses problemas (persistentes)?

As fontes de inovação na América Latina

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Em 2012, todo o investimento no Brasil foi de 76 bi

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Equívoco na avaliação dos problemas que impedem a conexão entre os sistemas de C,T&I e a sociedade, como um elemento dinamizador do desenvolvimento

Avaliação equivocada tem sido a base das Políticas de C,T&I, e geralmente combina os seguintes fatores:

Fatores culturais: valores e costumes historicamente determinados dificultam mudanças. Sociedades tradicionais e pré-capitalistas (América Latina) X Sociedades dinâmicas e capitalistas (1º mundo) nível educacional (baixa capacitação dos recursos humanos)

Sistemas de produção (sistema “dualista”): Predomina setor agrícola baseado no latifúndio e no minifúndio Indústria nacional atrasada e multinacionais adiantadas, importação de tecnologia

Os problemas estruturais (persistentes): a avaliação equivocada

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Avaliação equivocada (cont.):Fatores institucionais: escassez de recursos; ineficiência das instituições governamentais e privados relacionados à implementação da PCTI

Avaliação equivocada dos fatores culturais, dos sistemas de produção e dos fatores institucionais tem orientado a PCTI na América Latina desde os anos 50

Inserção de “mais ciência” seria um elemento de mudança cultural (dinamização social), gerar insumos modernizantes para os sistemas locais de produção, otimizar a ação das instituições condutoras da PCTI (planejamento)

Ampliação quantitativa do sistema de CTI (mais bolsas, mais laboratórios, mais % do PIB em CTI): solução?

Os problemas estruturais (persistentes): a avaliação equivocada

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Reavaliação:Fatores culturais: América Latina: produto da colonização e imigração Européia. Classes dominantes e pautas culturais também são (inclusive a mudança). Cultura indígena (pré-capitalista): inexistente. Resistência à mudança não é cultural: decorre da necessidade de manter as estruturas socioeconômicas que garantem os privilégios da elite.Exemplos de que herança cultural não é necessariamente uma barreira ao desenvolvimento dinâmico: China, Revoluções Mexicana (1910) e Boliviana (1953), lideradas por populações de origem indígena, não pelas elites europeizadas

Os problemas estruturais (persistentes): reavaliação

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Reavaliação- Fatores culturais: Educação: maior problema é a demanda, não a oferta: migração de cientistas para o exterior é um indicador. Formação de cientistas/engenheiros: em geral não é o determinante do desenvolvimento das forças produtivas, mas uma consequência desse desenvolvimento (conexão com a demanda X “ofertismo”).

Sistemas de produção: Indústria nacional tem presença significativa em diversos setores (incluindo as estatais); Atividades de P&D também são realizadas por pequenas e médias empresas;Fatores institucionais: Ineficiência, corrupção: não são exclusividade da América Latina. Reflexo da estrutura social/distribuição de poder

Os problemas estruturais (persistentes): reavaliação

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Países da América Latina possuem PCTIs com objetivos próprios, diferentes daqueles presentes no discurso da PCTI

Problemas são gerados por essa política, não por impedimentos externos (culturais, do sistema de produção, das instituições)

Resistência a mudanças

Política Explícita X Política Implícita

PE: política “oficial”, leis, planos, programas das instituições de planejamento. Mais comumente identificada com as ações de um país na área de PCTI

PI: não oficial, mas realmente determinante da função social da CTI. Sem estruturação formal, difícil de identificar. Atrelada ao “projeto nacional” determinado pelas elites políticas

Os problemas estruturais (persistentes): reavaliação

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Política Explícita e Política Implícita: não são necessariamente contraditórias ou excludentes (países desenvolvidos)

Consenso sobre o benefício de investir (por exemplo, em países que investem mais de 3% do PIB em CTI): necessidades sociais (defesa, prestígio político, competitividade)

Mesmo quando não havia PE (I Revolução Industrial nos países desenvolvidos, por exemplo), já havia consenso social sobre a necessidade de investir em CT&I (Política Implícita)

Política explícita: surge posteriormente, para maximizar resultados e aproveitar novas oportunidades (II Revolução Industrial)

Política Explícita e Política Implícita

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Projeto Nacional: conjunto de objetivos, modelo de país desejado por setores sociais que concentram o poder econômico e político

Objetivos concretos concebidos pela elite dirigente, que tem poder para implementar o projeto (diferente do “ideal” nacional)

Países desenvolvidos: projetos nacionais razoavelmente representativo das aspirações médias da população

Alto grau de consenso: política científica explícita coincide com as demandas do projeto nacional vigente, sem grandes contradições

Mas... E nos países subdesenvolvidos, especialmente na América Latina?

Política Explícita, Política Implícita e Projetos Nacionais

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América Latina: projetos nacionais herdados do período pós-colonial

Período pós-colonial: Inserção dependente na economia internacional (importação de MPs, exportação de manufaturados)

Aliança entre oligarquias, exportadores, importadores, governo

Base econômica: uso extensivo da terra, exploração de fontes de matéria-prima e mão de obra pelas Multinacionais, indústria nacional pouco avançada

Pouca demanda por C&T (a não ser como um luxo cultural e em algumas áreas essenciais- medicina, engenharia civil, agricultura, etc.)

Política Explícita, Política Implícita e Projetos Nacionais

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Início do séc. XX: novos projetos nacionais voltado à ISI (I GM, crise de 29, II GM e pós IIGM)

Ascensão de uma classe média politicamente influente, mas...

Concentração de renda, inexistência de mercados de massas dinâmicos, perda de competitividade: ausência de reformas de longo alcance (democratizantes da cidadania)

Classe média aliada aos setores conservadores, concentração de poder (e renda), resistência a reformas (inclusive a do Estado e política) e à ruptura com a dependência externa: dificuldade de mudar radicalmente o pacto

Reformas atuaram no sentido de permitir a repartição de poder econômico/político da classe média ascendente com as antigas classes dominantes

Política Explícita, Política Implícita e Projetos Nacionais

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Novos projetos nacionais também demandam pouco P&D

Contraditoriamente, a indústria nascente passa a demandar P&D para se tornar competitiva, e a atividade agrícola para suprir o mercado interno e suprir déficits externos

Alguns setores conseguem “sintonizar” demanda e oferta de P&D e aumentar sua produtividade/rentabilidade (por exemplo, no Brasil, agrícola, aeronáutica, petróleo e gás)

Outros setores tendem a perder competitividade (fechamento de empresas ou posições pouco rentáveis em cadeias produtivas). No geral, quem perde é o trabalhador (produtividade)

“Novo” pacto: resistência a mudanças estruturais, que redistribuiriam o poder econômico e político (por exemplo, com trabalhadores mais capacitados e bem remunerados)

Política Explícita, Política Implícita e Projetos Nacionais

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Pressões sobre o novo pacto e sobre a política de CTI:Pressões sociais por melhores condições sociais e distribuição de renda;Pressões das novas classes médias por maior conexão da CTI com o sistema produtivo;

Intensificação de políticas de apoio formal à C&T, à imagem e semelhança da concebida no 1º mundo:Leis e órgãos de financiamento (por exemplo,Fundos Setoriais e incentivos fiscais)Órgãos de planejamento da PCTI (por exemplo, Embrapi)

Projeto nacional não comporta o viés distributivo, apenas o produtivista, beneficiando alguns setores da economia

Mantêm-se o poder da oligarquia-capital internacional, aliada a uma classe média com limitada demanda por CTI

Política Explícita, Política Implícita e Projetos Nacionais

PCTI explícita

PCTI implícita

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CF de 1988: novo pacto?

Política explícita (cidadania, direitos) X Política implícita: o que vem mudando, em termos de autonomia cidadã?

Anos 90/2000: CTI bem planejada é uma prioridade? (Texto André Furtado)

Política Explícita, Política Implícita e Projetos Nacionais