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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Pedro Carlos Payan UMA CONTRIBUIÇÃO À CONTABILIZAÇÃO DE SWAP CAMBIAL COMO INSTRUMENTO DE HEDGE PARA EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS – HEDGE ACCOUNTING MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS SÃO PAULO 2009

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Page 1: Pedro Carlos Payan UMA CONTRIBUIÇÃO À CONTABILIZAÇÃO ... Carlos Payan.pdf · 3.3 Contabilização do swap pela curva do papel no fim de 2007 ... Grade contábil das transações

PPOONNTTIIFFÍÍCCIIAA UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE CCAATTÓÓLLIICCAA DDEE SSÃÃOO PPAAUULLOO PPUUCC--SSPP

PPeeddrroo CCaarr llooss PPaayyaann

UUMMAA CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO ÀÀ CCOONNTTAABBIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE SSWWAAPP CCAAMMBBIIAALL CCOOMMOO IINNSSTTRRUUMMEENNTTOO DDEE HHEEDDGGEE PPAARRAA EEMMPPRREESSAASS

NNÃÃOO FFIINNAANNCCEEIIRRAASS –– HHEEDDGGEE AACCCCOOUUNNTTIINNGG

MMEESSTTRRAADDOO EEMM CCIIÊÊNNCCIIAASS CCOONNTTÁÁBBEEIISS EE FFIINNAANNCCEEIIRRAASS

SSÃÃOO PPAAUULLOO

22000099

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PPeeddrroo CCaarr llooss PPaayyaann

UUMMAA CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO ÀÀ CCOONNTTAABBIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE SSWWAAPP CCAAMMBBIIAALL CCOOMMOO IINNSSTTRRUUMMEENNTTOO DDEE HHEEDDGGEE PPAARRAA EEMMPPRREESSAASS

NNÃÃOO FFIINNAANNCCEEIIRRAASS –– HHEEDDGGEE AACCCCOOUUNNTTIINNGG

MMEESSTTRRAADDOO EEMM CCIIÊÊNNCCIIAASS CCOONNTTÁÁBBEEIISS EE FFIINNAANNCCEEIIRRAASS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Ciências Contábeis e Financeiras, sob a orientação do Professor Doutor Sérgio de Iudícibus.

SSÃÃOO PPAAUULLOO 22000099

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DDEEDDIICCAATTÓÓRRIIAA

A minha esposa Marlena e minhas filhas Joyce e Jeniffer.

Que abriram mão de algumas horas do convívio familiar e que me incentivaram, leram o trabalho e contribuíram com opiniões e sugerindo algumas correções.

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AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida.

A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou

indireta de muitas pessoas. Manifestamos nossa gratidão a todas elas e de forma

particular:

A todos os colegas de classe do mestrado, em especial, aos Profs. Drs.

nossos eternos orientadores - pela amizade;

Aos funcionários do Departamento de Contabilidade do Grupo Pão de Açúcar

em especial ao nosso diretor Eduardo Narumi pelo incentivo.

A CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior) pelo apoio financeiro.

A Profa. Dr. Neusa pelas aulas de metodologia cuja finalidade foi amenizar a

árdua tarefa da pesquisa e escrita dos trabalhos.

Ao Profº Dr. Sérgio de Iudícibus, nosso orientador, que jamais deixou de nos

incentivar, por menor que fosse a contribuição. Que sempre apostou em nosso

potencial ressaltando mais as qualidades e minimizando nossas deficiências na

certeza que iríamos superá-las.

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“Ει τισ δοκει εγνωκεναι τι, ουπω εγνω καφωσ δει γνωναι.“ “Se alguém imagina saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.”

Bíblia Sagrada, I Corintios 8,2.

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RREESSUUMMOO Pedro Carlos Payan

UMA CONTRIBUIÇÃO À CONTABILIZAÇÃO DE SWAP CAMBIAL COMO INSTRUMENTO DE HEDGE PARA EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS – HEDGE ACCOUNTING

As empresas podem utilizar instrumentos derivativos para cobertura de riscos.

Na utilização destes instrumentos surgem os problemas para a mensuração,

contabilização e divulgação. Este trabalho tem por objetivo, através de um estudo de

caso, analisar o instrumento derivativo swap cambial à luz da teoria contábil e

normas internacionais do FASB, IASB e normas brasileiras publicadas pelo CPC,

juntamente com os pareceres normativos da CVM. O estudo de caso demonstrou os

procedimentos desta operação, os critérios para mensuração bem como sua

contabilização. O tema deste trabalho tem sua justificativa, primeiramente pelo

volume expressivo das operações de swap, que ao final de 2008, atingiu R$ 12.6

bilhões e também pelo risco envolvendo estas operações e a dificuldade encontrada

pela Contabilidade para o reconhecimento, mensuração e evidenciação. Foram

pesquisados sistemas de cálculos e de avaliação deste instrumento e aplicados aos

dados coletados comparando-se com os registrados pela empresa. Não houve

diferenças significativas nos cálculos, havendo apenas divergência na utilização de

contas de resultado para o registro da contabilização do swap. Compararam-se três

situações patrimoniais na contabilização do instrumento: a) contabilizados

tradicionalmente pela curva do papel: afetaram as contas de financiamentos e

resultados do período; b) contabilizados com marcação a mercado sem hedge

contábil: apresentaram saldos diferentes nas contas do item a; c) contabilizados com

marcação a mercado e com hedge contábil: houve alterações do resultado do

período, nas contas de financiamentos e no total do grupo do Patrimônio Líquido.

Palavras chaves: Swap cambial, hedge accounting e derivativos.

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AABBSSTTRRAACCTT

Companies can use derivative instruments for covering risks. With the use of

these instruments the problems appear in the measurement, accounting, and the

disclosures. This project’s objective based on a case study is to analyze the

Derivative Instrument (Foreign Exchange Swap) as the countable theory and

international norms of the FASB, IASB and Brazilian Norms. The Brazilian Norms are

published by the CPC and together these norms are the make up of the CVM. This

case study demonstrated the process of the operation, the criteria for the

measurement, as well as the accounting aspect. The reasons behind this project are

first, the significant volume in the transactions of Swap at the end of 2008, which

reached R$ 12,6 billion. Second the risk involving these operations, the difficulty

encountered by accounting for the recognition, measurement and disclosure. The

collected data applied from the systems of calculations and evaluations of the

instruments are then compared to the collected data reported by the company. There

are no significant differences in these calculations except having discrepancy in the

use of accounts, which results in the registration in Swap Accounting. Three

situations dealing with assets were compared by the Derivatives Instrument: a)

traditionally for the curve of the paper: the financial accounts and results of the period

are affected; b) recording the marking to market without hedge accounting: it showed

different balances in the item accounts; c) recording the marking to market with

hedge accounting: there were alterations in the result of the period, in the financial

accounts and in the total shareholder’s equity.

Keywords: Foreign Exchange Swap, Hedge Accounting and Derivatives

Instruments.

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SSUUMMÁÁRRIIOO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... - 15 -

CAPÍTULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO .................. ............................................................ - 25 -

1.1 Mercados de derivativos ................................................................................................................... - 25 -

1.1.1 Tipos e mercados derivativos ................................................................................................. - 31 -

1.1.2 Finalidades dos derivativos .................................................................................................... - 39 -

1.1.3 Participantes do mercado ....................................................................................................... - 41 -

1.2 Normas de contabilização de derivativos ......................................................................................... - 44 -

1.2.1 Definição de instrumentos financeiros .................................................................................... - 44 -

1.2.2 Definição de derivativos embutidos ........................................................................................ - 51 -

1.3 Hedge financeiro ............................................................................................................................... - 53 -

1.3.1 Hedge estático ........................................................................................................................ - 53 -

1.3.2 Hedge dinâmico ...................................................................................................................... - 56 -

1.4 Hedging accounting .......................................................................................................................... - 57 -

1.4.1 Regras para se caracterizar o hedging contábil. .................................................................... - 61 -

1.4.2 Divulgação (Disclosure) .......................................................................................................... - 62 -

CAPÍTULO 2 – ASPECTOS METODOLÓGICOS ............... ..................................................... - 66 -

2.1 A modalidade do financiamento – Adiantamento à Exportação (pré-pagamento). .......................... - 67 -

2.2 Coleta de Dados ............................................................................................................................... - 70 -

2.2.1 Export Prepayment Agreement Nº 1166/05 (ANEXO A) ........................................................ - 70 -

2.2.2 The Off-Take Contract (ANEXO B) ......................................................................................... - 71 -

2.2.3 Contrato de Câmbio de Compra – Tipo Exportação (ANEXO C) ........................................... - 72 -

2.2.4 Contrato de Swap (ANEXO D) ............................................................................................... - 72 -

2.3 Metodologia de atualização do empréstimo e do swap pela curva. ................................................. - 75 -

2.3.1 Atualização do Empréstimo .................................................................................................... - 75 -

2.3.2 Atualização da ponta ativa do swap ....................................................................................... - 76 -

2.3.3 Atualização da ponta passiva do swap................................................................................... - 76 -

2.4 Metodologia da Marcação a Mercado do Swap................................................................................ - 77 -

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2.4.1 Coleta de dados ...................................................................................................................... - 78 -

2.4.2 Cálculos da marcação a mercado das pontas do swap ......................................................... - 79 -

2.5 Contabilização dos contratos ............................................................................................................ - 80 -

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS OBTIDOS ................... ............................................................ - 82 -

3.1 Atualizações do empréstimo e do swap pelas taxas contratuais. .................................................... - 82 -

3.2 Resumo das atualizações ................................................................................................................. - 84 -

3.3 Contabilização do swap pela curva do papel no fim de 2007........................................................... - 86 -

3.4 Cáculo da Marcação a Mercado (MtM) ............................................................................................. - 90 -

3.5 Eficácia do swap ............................................................................................................................... - 94 -

3.6 Reconhecimento inicial do hedge e definição do hedge contábil. .................................................... - 94 -

3.7 Resultado da Marcação a Mercado (MtM) ........................................................................................ - 96 -

CONCLUSÃO .............................................................................................................. - 102 -

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ - 106 -

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................. - 110 -

GLOSSÁRIO ......................................... ................................................................................. - 113 -

ANEXO A – Export Prepayment Agreement Nº 1166/05............................................. - 115 -

ANEXO B – The Off-Take Contract ............................................................................. - 141 -

ANEXO C – Contrato de Câmbio de Compra – Tipo Exportação ................................ - 156 -

ANEXO D – Contrato de Swap cambial ...................................................................... - 160 -

ANEXO E – Nota Promissória ..................................................................................... - 164 -

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LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS Quadro 1 – Diferença entre contratos futuros e a termo ...................................... - 34 -

Quadro 2 – Resumo das operações de swap, de futuro e de opções. ................. - 39 -

Quadro 3 – Definição de instrumentos financeiros pelos IAS 32 e 39 .................. - 45 -

Quadro 4 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo SFAS 133 ................. - 49 -

Quadro 5 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo IAS 39 ...................... - 49 -

Quadro 6 – Documentação da operação com derivativo – swap ......................... - 96 -

LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS Tabela 1 – Negociação de swap registrado na BM&F em 2008........................... - 38 -

Tabela 2 – Atualização anual dos juros e performance do financiamento .......... - 82 -

Tabela 3 – Atualização anual pela curva dos juros do swap da ponta ativa ....... - 83 -

Tabela 4 – Atualização da ponta passiva do swap com 104,5% da variação do CDI. ............................................................................................................... - 84 -

Tabela 5 – Resumo das atualizações do empréstimo e do swap......................... - 85 -

Tabela 6 – Posição contábil pela curva do papel no fim do exercício de 2007. ... - 89 -

Tabela 7 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Ativa do swap ............................................................................................................. - 91 -

Tabela 8 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Passiva do swap .............................................................................................................. - 92 -

Tabela 9 – Ajustes anuais da marcação a mercado ............................................. - 93 -

Tabela 10 – Demonstração da eficácia do hedge cambial ................................... - 94 -

Tabela 11 – Posição Contábil marcada a mercado .............................................. - 98 -

Tabela 12 – Situação patrimonial sem a marcação a mercado ............................ - 99 -

Tabela 13 – Situação patrimonial com marcação a mercado e sem hedge contabil ........................................................................................................ - 100 -

Tabela 14 – Situação patrimonial com marcação a mercado e hedge accounting ................................................................................................... - 101 -

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LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS Figura 1 – Fluxo operacional no mercado de derivativos ..................................... - 43 -

Figura 2 – Decisões para separar derivativo embutido ........................................ - 53 -

Figura 3 – Resumo da operação de financiamento .............................................. - 74 -

Figura 4 – Fluxo do recurso de financiamento ..................................................... - 75 -

Figura 5 – Grade contábil das transações ............................................................ - 87 -

Figura 6 – Nota explicativa dos instrumentos financeiros .................................... - 93 -

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LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS EE SSIIGGLLAASS

APB Accounting Principles Board (Opinião emitida pelo FASB)

BACEM Banco Central do Brasil

BM&F Bolsa de Mercadorias e de Futuros

CDI Certificados de Depósitos Interfinanceiros

CETIP Câmara de Custódia e Liquidação

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DI Depósito Interbancário

EBITDA Earning Before Income Tax, Depreciation and Amortization

ENTIDADE Este termo inclui indivíduos, sociedades e agências

governamentais.

FASB Financial Accounting Standards Board

IAS Internacional Accountig Standard (sigla adotada pelo IASB para

as normas internacionais.)

IASB Internacional Accounting Standards Board

IFRS Internacional Financial Reporting Standard (Nova terminologia

dada ao IAS)

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PTAX Taxa publicada pelo Banco Central do Brasil referente à média

das taxas de câmbio de dólares dos Estados Unidos vigentes

nas transações do mercado interbancário, com liquidação de

dois dias úteis após a data da transação, ponderada por volume

de transações.

ROF Registro de Operações Financeiras (Módulo do SISBACEN do

Banco Central do Brasil).

SEC U. S. Securities and Exchanges Commission

SFAS Statement of Financial Accounting Standards (sigla adotada pelo

FASB para seus pronunciamentos)

US GAAP United States – Generally Accepted Accounting Principles.

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- 15 -

INTRODUÇÃO

Situação problema

Com a evolução da economia global os instrumentos derivativos passaram

por evoluções sofisticadas, dentre os quais se destaca o instrumento de swaps. Este

consiste em um acordo entre duas partes para a troca de risco de uma posição ativa

(credora) ou passiva (devedora), em data futura conforme critérios preestabelecidos.

As trocas (swaps) mais comuns são as de taxas de juros, moedas e commodities.

As transações de swap são inovações significativas neste mercado. A

emissão deste instrumento combinado com a emissão de um título de dívida viabiliza

a troca da natureza da obrigação do tomador do empréstimo.

De acordo com o caderno Série Introdutória de derivativos BM&F, pg. 57, este

tipo de transação teve início em 1970, ao final do acordo de Bretton Woods, quando

foi decretado o término do padrão-ouro, provocando a volatilidade das moedas dos

países, dificultando as transações comerciais. Com a introdução dos swaps de

moedas, o comércio internacional passou a ancorar-se em moedas mais fortes,

permitindo a estabilidade do fluxo dos negócios.

No Brasil, o regime cambial de taxas fixas e restrição cambial, foi marcado

pelas minidesvalorizações cambiais, seguindo o enfoque de paridade do poder de

compra. Após rápida incursão no regime de taxas flutuantes com crescente

conversibilidade no início de 1990, deslocou-se para o regime de taxa de câmbio fixa

e alta conversibilidade, com a predominância do enfoque das metas reais. A partir de

1994, com a implantação do regime de Bandas Cambiais mudou-se para o enfoque

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de âncora cambial, visando a estabilização dos preços, e finalmente com a crise

financeira, o câmbio foi liberado para flutuar sem a intervenção do governo.

Com a sofisticação do sistema cambial, as empresas que transacionavam

com moedas estrangeiras ficaram expostas ao risco cambial, representado pela

volatividade das taxas de câmbio da moeda brasileira em relação a moedas de

outros países, em especial ao dólar norte-americano. Ao longo da história da

economia brasileira, houve minis, midis e máxis desvalorizações da moeda afetando

a economia nacional, bem como o resultado e o fluxo de caixa das empresas

instaladas no país. Neste contexto surgiu o hedge cambial como um dos

instrumentos de proteção contra esta volatividade que, pode ser proporcinada por

instrumentos financeiros primários e por intrumentos financeiros derivativos.

Os intrumentos financeiros mais utilizados para a proteção do risco cambial

têm sido os derivativos. O crescimento da utilização dos derivativos exige cada vez

mais, o conhecimento do funcionamento dessas operações e dos riscos inerentes.

Os instrumentos mais transacionados como hedge são operações no mercado futuro

de dólares, opções de compra e de venda de dólares e swap cambial.

Com a utilização dos instrumentos derivativos pelas empresas surgiu a

dificuldade de apresentar, através das demonstrações contábeis, a real situação

patrimonial e financeira das empresas que operam esses instrumentos, fato que fez

com que essas operações ficassem por muitos anos, fora das demonstrações

contábeis sem evidenciar o nível de exposição a risco, caracterizando o risco fora do

balanço – Risk Off Balance Sheet – trazendo prejuízos no julgamento dos usuários

da informação.

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- 17 -

O BACEN apresentou as primeiras iniciativas para regulamentar a

mensuração, evidenciação e registros dos instrumentos derivativos com a

publicação das Circulares de números: 3.068 de 08 de novembro de 2001, 3.082 de

30 de janeiro de 2002 e 3.086 de 15 de fevereiro de 2002, já aderentes às Normas

Internacionais, mas somente as empresas financeiras têm a obrigação de obedecê-

las. Porém, as entidades não financeiras de capital aberto, reguladas pela CVM,

quanto aos instrumentos financeiros, obedeciam a Instrução de número 235 de 23

de março de 1995, emitida por essa autarquia que regulamenta a evidenciação na

publicação dos demonstrativos contábeis.

Com a nova Lei 11.638 de 27 de dezembro de 2007, que alterou e introduziu

novos dispositivos à Lei 6.404/76, abriu-se a possibilidade aos órgãos reguladores

das Normas Contábeis Brasileiras de adequarem-se às Normas Internacionais. Para

isto o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), através da Resolução de número

1.055/05 criou o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), com o propósito de

realizar esta convergência. O artigo 3º desta resolução estalece:

O estudo, o preparo e a emissão de Promunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações desta natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais.

Este órgão publicou em 05 de dezembro de 2008 a CPC 14 Instrumentos

Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação. Semelhante ao IAS 39

emitido pelo IASB.

A CVM emitiu a Deliberação CVM de número 550 de 17 de outubro de 2008,

que dispõe sobre a apresentação de informações sobre instrumentos financeiros

derivativos em nota explicativa às informações trimestrais – ITR.

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No âmbito internacional, a questão dos derivativos vem sendo pesquisada

durante muitos anos pelo FASB (Financial Accounting Standard Board), um dos

principais órgãos de regulamentação contábil norte-americano, que editou alguns

procunciamentos, sendo o mais recente e importante o Statement of Financial

Accounting Standards – SFAS nº. 133 – Accounting for Derivative Instruments and

Hedging Activities, publicado em junho de 1998, e outros pronunciamentos

complementares como o SFAS nº. 138 – Accounting for Certain Derivative

Instruments and Certain Hedging Activities; publicado em junho de 2000; SFAS nº.

149 – Amendment of Statement 133 on Derivative and Hedging Activities, publicado

em abril de 2003; SFAS nº. 150 – Accounting for Certain Financial Instruments with

Characteristics of both Liabilities and Equity, publicado em maio de 2003 e SFAS nº.

161 Disclosures about Derivative Instruments and Hedging Activities—an

amendment of FASB Statement No. 133, publicado em março de 2008.

O IASB (International Accounting Standard Board), órgão internacional de

regulamentação contábil com objetivo de harmonizar as práticas contábeis

internacionais, publicou os pronunciamentos IAS nº. 32 – Instrumentos Financeiros:

Apresentação, em março de 1995; IAS nº. 39 – Instrumentos Financeiros:

Reconhecimento e Mensuração, em dezembro de 1999 e IFRS nº. 7 – Instrumentos

Financeiros: Divulgações, em janeiro de 2006.

Quando a convergência as Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil

estiver completa, as empresas não financeiras deverão se adequar à rigidez destas

normas. Aquelas que não se adaptarem correm o risco de ter o hedge contábil

descaracterizado tendo que arcar com o impacto da mensuração destes

instrumentos diretamente no resultado do exercício.

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- 19 -

Definição do problema e do objetivo da pesquisa

As empresas não financeiras serão obrigadas a seguir os procedimentos das

Normas Internacionais de Contabilidade para a contabilização dos instrumentos

derivativos, assim que os órgãos reguladores nacionais adotarem este padrão.

Os riscos envolvidos nas operações de swap não são claramente

apresentados em notas explicativas nas demonstrações contábeis, dificultando a

avaliação dos ganhos ou perdas potenciais decorrentes dessas operações. Sendo

assim, é necessária a adoção de critérios e procedimentos contábeis que permitam

uma correta avaliação de desempenho e dos riscos das entidades que participam

deste mercado. A pergunta que surge é: Ao adotar os procedimentos indicados nas

normas, quais os aspectos positivos e negativos resultantes desta contabilização?

O objetivo da pesquisa para responder esta indagação é a análise de um

estudo de caso do hedge accounting do instrumento financeiro derivativo swap

cambial, com a finalidade de proteção das posições de empréstimos em moeda

estrangeira captadas pelas entidades não financeiras. Serão apresentados

conceitos, características e situações em que este mecanismo pode ser adotado e

sua fundamentação à luz da teoria contábil, em especial, a evidenciação do hedge

accounting nas demonstrações contábeis.

A proposta do estudo de caso foi coletar em uma empresa não financeira a

seguinte documentação: contrato de empréstimo em dólar norte-americano,

contratação de fechamento de câmbio, contratação do instrumento financeiro de

swap cambial de dólar para variação do CDI, bem como coletar informações da

contabilização deste caso, aplicar métodos de cálculo na curva do papel e marcação

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- 20 -

a mercado do instrumento financeiro, aplicar os procedimentos contábeis das

Normas Internacionais para hedge accounting e constatar divergências, se houver.

Justificativa e importância

O estudo da aplicação do mecanismo de hedge accounting no Brasil é

importante, pois tal sistemática tem como objetivo melhorar o nível de informação

fornecida pelas demonstrações contábeis aos usuários da Contabilidade, para dar

visibilidade nas operações com derivativos como intrumentos de proteção ou para

fins especulativos.

O volume expressivo de operações envolvendo swap, ao final de 2008

chegou a 2.134 milhões de contratos negociados com volume financeiro acumulado

em R$ 12.6 bilhões, conforme registro do mercado de balcão divulgado no site da

BM&F. O risco envolvendo estas operações e a dificuldade encontrada pela

Contabilidade para reconhecê-lo com maior precisão aliado à própria complexidade

do instrumento, fazem com que os derivativos sejam temas polêmicos entre os

contadores envolvendo três aspectos que representam a verdadeira essência da

Contabilidade: o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação.

A escolha do assunto está também relacionada às dificuldades práticas

observadas pelo mestrando como profissional da área contábil, bem como o fato do

assunto ser desafiador, muito embora problemas com risco de exposição a

variações de moedas estrangeiras e a preocupação para proteção de risco cambial

não sejam aspectos modernos e desconhecidos da economia global.

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- 21 -

Revisão da literatura

A revisão da literatura será o estudo acurado dos pronunciamentos do FASB

e IASB e a teoria contábil dos autores nacionais e internacionais objetivando a

compreensão dos termos: Ativos e passivos financeiros, sua classificação para efeito

de mensuração, definição de derivativos. O trabalho explora as definições de

contratos de derivativos e derivativos embutidos, tais como: Contratos de futuros e a

termo, Contratos de opções, Contratos de swaps, diferenciação entre hedge

financeiro e contábil e finalmente entender as regras para a obtenção do hedge

accounting.

Procedimentos metodológicos

Algumas obras de metologia científica afirmam que os procedimentos

metodológicos de pesquisa devem ser aplicados conforme a natureza da pesquisa,

porém a classificação dos tipos de pesquisa varia entre os autores.

Para Severino (2001, p. 130) o tipo da pesquisa se classifica em: a) pesquisa

empírica, com trabalho de campo ou de laboratório; e b) pesquisa teórica ou de

pesquisa histórica. Segundo o autor é possível combinar várias formas de pesquisa

se necessário.

Para Gil (2002, p. 41) as pesquisas podem ser classificadas com base em

seus objetivos gerais podendo dividi-las em três grandes grupos: a) exploratórias; b)

descritivas; e c) explicativas.

Destaca-se aqui a definição de pesquisas exploratórias dada pelo autor:

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Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de instituições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão” (Selltiz et all., 1967, p. 63)

O autor ainda afirma que embora o planejamento da pesquisa exploratória

seja bastante flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa

bibliográfica ou de estudo de caso.

Para Yin (2005, p. 19) a utilização de estudo de caso para fins de pesquisa é

um dos maiores desafios de todos os esforços das ciências sociais. A sua utilização

deve focar em acontencimentos contemporâneos em oposição a acontecimentos

históricos.

Apresenta-se aqui a definição de estudo de caso dada pelo autor:

O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta dos acontencimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles envolvidas. Novamente, embora os estudos de casos e as pesquisas históricas possam se sobrepor o poder diferenciador do estudo de caso é sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico convencional.

Fundamentado nestes autores, pode-se classificar esta dissertação como

pesquisa exploratória com delineamento para estudo de caso.

O material utilizado constitui-se em lenvatamento da documentação para o

estudo de caso, de regulamentações contábeis, teses de doutorado, dissertações de

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mestrados, livros, artigos nacionais e internacionais, além de palestras e matérias de

cursos específicos de derivativos.

Descrição dos Capítulos

CAPÍTULO 1 – Referencial teórico: Está estruturado de forma a dar um

embasamento teórico sobre o objeto de estudo deste trabalho. São apresentados os

principais aspectos do mercado de derivativos envolvendo os tipos de mercados, as

finalidades e seus participantes. Estudam-se as normas de contabilização de

derivativos onde são apresentadas as definições de instrumentos financeiros, de

derivativos embutidos, conceitos de hedge financeiro e as regras que caracterizam o

hedge contábil e sua divulgação.

CAPÍTULO 2 – Apectos metodológicos: Inicia-se aqui a coleta de dados do

estudo de caso separados em quatro pontos: a) Contrato de empréstimo em moeda

estrangeira – dólar norte-americano (Export Prepayment Agreement), acordo de

compra de mercadorias para a exportação (Off-take Contract), contrato de câmbio

de compra tipo exportação e contrato de Swap; b) Contabilização dos contratos

efetuados pela empresa do estudo de caso; c) Metodologia de cálculos de juros,

variação cambial e atualizações monetárias dos empréstimos e da ponta ativa e

passiva do swap; e d) Metodologia de mensuração do instrumento derivativo swap a

valor justo.

CAPÍTULO 3 – Resultados obtidos: São apresentados os resultados obtidos

na aplicação da metodologia coletada comparando-se com os cálculos apresentados

pela empresa do estudo de caso. É também apresentada uma demonstação da

eficácia do hedge cambial e finalmente são demonstradas as diferentes situações

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patrimonias e o resultado no final do exercício fiscal para os seguintes apectos do

instrumento financeiro: a) contabilização sem a marcação a mercado; b)

contabilização com marcação a mercado sem o hedge contábil; e c) contabilização

com marcação a mercado e com o hedge contábil.

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CAPÍTULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Mercados de derivativos

Documentos de contratos de derivativos de contingências futuras foram

encontrados na história antiga da Mesopotâmia em linguagem cuneiforme. No

século XVII, na Holanda, já se conheciam contratos de opções. Eram conhecidas

como "Puts" (opções de vendas) e "calls" (opções de compras) que permitiam aos

investidores comprar ou vender ações a preços preestabelecidos quando previam

aumentos ou baixas de cotação dos valores.

Nas últimas três décadas recentes houve um grande crescimento nas

negociações dos instrumentos derivativos, alguns fatores foram determinantes,

como: a baixa regulamentação dos contratos, inovações tecnológicas e aumento dos

fluxos de capitais, mas a impulsão maior para o seu desenvolvimento foi à

securitização dos títulos de recebimentos, conhecidos no jargão do mercado como

securitização de recebíveis. Com ela os bancos puderam revender os empréstimos

concedidos. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento tecnológico multiplicou os

derivativos e abriu oportunidades para que poupadores e tomadores de empréstimos

negociassem todo tipo de risco financeiro. De acordo com o Bank for International

Settlements (BIS), o valor nocional dos contratos globais no final de 2007 alcançava

US$ 600 trilhões (cerca de onze vezes o PIB mundial).1

1 Reportagem do jornal Valor em 16/10/2008 disponível em http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?tit=Derivativos&codmateria=5208 309&dtmateria=16+10+2008&codcategoria=89 acessada em 26/10/2008 às 18:00h.

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A definição do termo instrumentos derivativos ainda causa algumas

divergências entre pesquisadores e teóricos. A definição apresentada por Santos

(1998), em seu Dicionário de Derivativos, afirma que os derivativos são instrumentos

financeiros cujo preço de mercado deriva do preço de mercado de um ativo real ou

outro instrumento financeiro. Segundo Silva Neto (1999, p. 16) “emitir conceito sobre

derivativos não é uma tarefa fácil, pois a existência de muitas definições deste tema

é sinal que nenhuma delas atinge o objetivo de se compreender a idéia por traz do

termo”. O autor propõe a seguinte definição (p. 17):

Procurando dar uma abrangência a seu sentido e colocando-o de forma clara, podemos dizer que os derivativos são contratos firmados entre partes, com o objetivo de trocar o valor, e somente o valor de ativos, índices ou até mesmo commodities (agrícolas e minerais).

Nesta definição o autor não considera que contratos para liquidação física

futura sejam enquadrados como derivativos. Lozardo (1998, p. 17) apresenta

definição onde contempla contratos para liquidação futura.

Derivativo pode ser definido como sendo um título financeiro cujo preço deriva do preço de mercado de outro ativo real ou financeiro – preço da saca de café, preço da arroba de carne bovina, preço da ação, taxa de juro, taxa de câmbio, índice ou quaisquer instrumentos financeiros aceitos para serem negociados nesse Mercado.

Niyama e Gomes (2002) apud Oliveira (2003, p. 14), apresentam uma

definição mais abrangente:

[...] um instrumento financeiro (contrato) cujo valor deriva do preço ou performance de outro ativo, que pode ser um bem (ação ou mercadorias, tais como café, algodão, boi gordo), uma taxa de referência (dólar norte-americano ou Depósitos Interfinanceiros (DI), por exemplo) ou índices (Ibovespa, etc.).

Para Lozardo (1998, p. 16) um instrumento derivativo pode ser definido como

sendo um título financeiro cujo preço deriva do preço de mercado de outro ativo real

ou financeiro.

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Entretanto, Hull (1996, p. 13), define assim: “[...] produtos derivativos, que

podem ser definidos como títulos cujos valores dependem dos valores de outras

variáveis mais básicas”.

A definição apresentada por Lima (2004) consegue sintetizar as definições

das normas contábeis. Ele afirma:

Derivativos são instrumentos financeiros que não existem por si somente, os mesmos decorrem de outro ativo (e por isso são assim chamados), são ferramentas utilizadas por pessoas ou instituições nos mercados de futuros e de opções no intuito de gerenciar riscos, proteger investimentos ou apenas especular; estes se caracterizam por serem geralmente efetivados por contratos padronizados, negociados entre as partes, em mercados secundários organizados ou contratos ad hoc entre os agentes.

O FASB, através do pronunciamento SFAS 133 Accounting for Derivative

Instruments and Hedging Actitivties, apresenta a seguinte definição:

Um instrumento derivativo é um instrumento financeiro ou outro contrato que possua concomitantemente as seguintes características:

Possuam um ou mais underlyings (subjacentes) 2 e um ou mais valores nocionais ou provisões de pagamento ou ambos.

Não há investimento líquido inicial na operação ou este investimento é significativamente menor que o investimento necessário em outros tipos de contratos nos quais é esperada uma resposta similar às variações nas variáveis principais do mercado.

Os termos do contrato permitem ou exigem a liquidação financeira, que pode ser realizada por mecanismos fora do contrato, ou ocorre a transação ou sacrifício de um ativo que não apresenta diferença significativa em relação à liquidação financeira.

Concernente a definição de derivativos apresentada pelo FASB, Lima e Lopes

(2003, p. 173) fazem o seguinte comentário:

2 Pode ser uma taxa de juros, um título, o preço de uma commodity, uma cotação internacional de moeda, um índice ou qualquer outra variável. O valor subjacente pode ser um preço ou uma taxa, mas não o ativo em si mesmo. LIMA E LOPES (2003: 173).

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Desta forma, o FASB exclui da classificação de derivativos uma série de instrumentos que não se encaixam no conceito acima, como títulos de negociação normal, compras e vendas normais, alguns contratos de seguros, alguns contratos de garantia e alguns contratos de crédito que não são negociados em Bolsa de Valores e Mercadorias, bem como derivativos colocados no mercado baseados no próprio patrimônio da empresa como remunerações aos empregados baseadas em opções.

A própria norma SFAS 133 relata as seguintes exclusões:

a) Regular-way – Títulos e valores mobiliários negociados em base regular;

b) Normal purchases and normal sales – Compras e vendas normais;

c) Certains insurance contract – Certos contratos de seguros;

d) Certains guaranteed party – Certos contratos com garantia financeira;

e) Certos contratos que não são negociados em ambiente de bolsa: contratos

de variável climática, geológica ou qualquer outra natureza física. Ativos

financeiros de baixa liquidez, etc.;

f) Contratos emitidos ou mantidos em carteira pela entidade divulgadora da

informação que sejam concomitantemente indexados as suas próprias

ações e classificados no patrimônio líquido;

g) Contratos emitidos pela entidade que estejam associados com plano de

compensação de ações e empregados. (Stock Options) tratados no SFAS

123r;

h) Contratos emitidos pela entidade para fins contingenciais em um processo

de combinação de negócios. Situação tratada pelo APB 16

Costa Júnior (Resenha nº 146 BM&F, p. 35) faz o seguinte comentário:

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Da leitura da definição, observa-se uma variedade de termos técnicos utilizados pelo FASB para definir um instrumento derivativo (underlying, notional amount, net settlement etc.). Denota a provável dificuldade encontrada pelos membros do FASB para construção de uma definição de forte rigor teórico, que não caduque em pouco tempo.

O mesmo autor ainda comenta que estes termos técnicos contêm definições

bem elaboradas e consistentes para caracterizar um instrumento financeiro:

a) Underlying é definido com uma taxa de juro específica, um preço de um

título ou valor mobiliário específico, um preço de uma commodity,

cotações de moeda, índice de preços, ou outra variável. Pode também ser

um preço ou percentual de um ativo ou passivo, mas não é considerado o

ativo ou o passivo em si.

b) Valor nocional (notional amount) representa o número de unidade de uma

moeda, número de ações, ou qualquer unidade especificada no contrato.

A liquidação do derivativo é resultante da interação do valor nocional com

o underlying. Na ausência do valor nocional a liquidação do derivativo tem

por base provisões de pagamento (payment provisions) a serem feitas em

função de um comportamento específico do underlying.

c) Investimento inicial líquido (initial net investment) indica que em geral, na

adesão de um contrato derivativo, não requer um investimento inicial

líquido exceto quanto ao prêmio pago em contratos de opção e contratos

com dispositivos mais ou menos favoráveis que as condições de mercado

determinem, pode-se citar como exemplo o prêmio em um contrato de

compra a termo, cujo preço pactuado é inferior ao preço a termo corrente.

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Existem casos em que o derivativo requer, inicialmente, a troca mútua de

ativos entre as partes envolvidas, situação em que o investimento inicial líquido será

obtido mediante a diferença de valor justo (fair value) dos ativos permutados. Porém,

como a norma define o investimento inicial líquido, jamais será igual ao valor

nocional (notional amount) do contrato mesmo somado a um prêmio ou diminuído de

um desconto.

Para a ocorrência da liquidação financeira em base líquida (net settlement) o

pronunciamento define algumas condições:

a) Nenhuma das partes é compelida a entregar um ativo que esteja

associado com o underlying ou que tenha um principal, valor de face,

número de ações ou qualquer característica que seja igual ao valor

nocional (notional amount) (ou o valor nocional mais um prêmio ou menos

um desconto); ou

b) Uma das partes é requerida a entregar um ativo nos moldes do primeiro

item, mas existe um mecanismo de mercado que facilita a liquidação

financeira líquida; ou

c) Uma das partes é requerida a entregar um ativo nos moldes do primeiro

item, mas o ativo é de alta liquidez (readily convertible to cash), ou é um

derivativo (um swaption, por exemplo, é um derivativo que requer de uma

das partes a entrega de outro derivativo).

No IAS 39 parágrafo 9 apresenta a definição de derivativos muito semelhante

à apresentada pelo SFAS 133:

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Derivativos são instrumentos financeiros ou contratos com todas as três características seguintes:

o seu valor altera-se em resposta à alteração numa especificada taxa de juro, preço de instrumento financeiro, preço de mercadoria, taxa de câmbio, índice de preços ou de taxas, notação de crédito ou índice de crédito, ou outra variável, desde que, no caso de uma variável não financeira, a variável não seja específica de uma parte do contrato (por vezes denominada o «subjacente»);

não é necessário qualquer investimento líquido inicial ou um investimento líquido inicial que seja inferior ao que seria exigido para outros tipos de contratos que se esperaria que tivessem uma resposta semelhante às alterações nos fatores de mercado; e;

é liquidado numa data futura.

Nota-se que as outras definições não apresentam claramente a preocupação

com o escopo contábil, como a apresentada pelo SFAS 133 e o IAS 39. Agora os

contratos e operações de mercado que se enquadram nas características da

definição deverão obedecer aos critérios contábeis estabelecidos pela norma.

1.1.1 Tipos e mercados derivativos

Os derivativos podem ser classificados nos seguintes tipos:

a) Derivativos agropecuários: têm como ativo objeto as commodities

agrícolas, como café, boi, milho, soja e outros.

b) Derivativos financeiros: têm seu valor de mercado referenciado em alguma

taxa ou índice financeiro, como taxa de juro, taxa de inflação, taxa de

câmbio, índice de ações e outros.

c) Derivativos de energia e climáticos: têm como objeto de negociação a

energia elétrica, o gás natural, os créditos de carbono e outros.

Os mercados que negociam derivativos são: mercado a termo, mercado de

futuro, mercado de opções e mercado de swaps.

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1.1.1.1 Mercado de Futuro e a Termo

Para Lima e Lopes (2003, p. 2) “Considera-se como mercado de futuro

qualquer modalidade financeira que não seja à vista e cuja resolução fique pendente

durante certo período”, enquanto que para Hull (1996, p. 1) “esta modalidade de

contrato significa um compromisso de comprar ou vender determinado ativo numa

data específica no futuro, por um preço previamente estabelecido”.

O contrato de futuro surgiu para cobrir as limitações do contrato a termo, que

não tem nenhuma padronização de entrega de ativo e preços. O contrato de futuro é

negociado somente em bolsa com característica padronizada. As especificações

regulamentadas em bolsa apresentam o tipo do ativo negociado, o tamanho do

contrato, ou seja, quanto do ativo será entregue sob cada um dos contratos, local e

data específica da entrega.

Ao adquirir um contrato de futuro o corretor exigirá que o comprador deposite

um valor como margem inicial em uma conta denominada conta de margem (margin

account) e diariamente no final das negociações, a conta de margem é ajustada ao

mercado (marking to market) refletindo assim os ganhos ou perdas do investidor.

Aquele que assume um compromisso de compra é chamado de comprado

(long) em futuros, por outro lado o vendedor é conhecido como vendido (short) em

futuros.

Geralmente não há entrega do ativo objeto do contrato, a maior parte é

encerrada antecipadamente, mas quando existe a entrega do bem, o corretor emite

um aviso de entrega para a câmara de compensação da bolsa, a qual estabelece os

contratos a serem entregues, em se tratando de mercadorias, indicará o local.

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Depois disso, a bolsa escolhe a contraparte com posição comprada para aceitar a

entrega.

O contrato a termo foi uma evolução do contrato to arrive e precede o contrato

de futuro, tem como objetivo reduzir a incerteza sobre o preço futuro das

mercadorias negociadas, não é negociado em bolsa e sim no mercado de balcão

(over-the-counter-market), não há chamada de margem e não se faz ajuste a

mercado diariamente, pois as partes liquidarão a transação na data de entrega

acordada.

Lopes e Lima (2003, p. 59) apresentam as seguintes modalidades dos

contratos a termo:

a) A prazo com prêmio: uma das partes poderá desistir se pagar um prêmio

previamente estabelecido, sendo que a validade é para ambas as partes;

b) Report: compra do papel no mercado à vista e venda no mercado a termo

no mesmo momento. Equivale a uma aplicação com taxa prefixada; e

c) Deport: é a operação simétrica à operação report sendo que equivale a

tomar um empréstimo a uma taxa prefixada.

No mercado internacional as modalidades forwards são contratos futuros não

padronizados, conforme apresentado por Carvalho (1996, p. 50) apud Lima (2004):

Forward rate agreements (FRA’s) – contratos onde duas partes avençam sobre a taxa de juros a ser paga em uma data futura, com base em um valor nominal (notional value), para um vencimento especificado;

Forward foreign exchange contracts – contratos que contemplam pagar (ou receber) montantes combinados de moedas estrangeiras, em uma data futura, a uma taxa cambial pré-contratada; e

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Forward commodity contracts – contratos que obrigam, tais como os de câmbio, o comprador e o vendedor a entrega de uma commodity a um preço e uma data futura predeterminados.

Estes são ativos derivativos mais antigos utilizados em operações agrícolas.

No quadro 1 mostra algumas diferenças entre estes contratos:

Quadro 1 – Diferença entre contratos futuros e a te rmo CARACTERÍSTICAS FUTUROS A TERMO Objetivo Proteção contra variações nos

preços e especulação sem que haja, na maioria das vezes, transferência das mercadorias.

Proteção contra variações nos preços, normalmente com entrega do produto contratado.

Mercado secundário Podem ser negociados antes do vencimento.

Não são negociados

Responsabilidade Câmara de compensação Partes contratantes Quantidade Estabelecida pela Bolsa Estabelecida pelas partes Local de Negociação Bolsa de Futuros Estabelecido pelas partes Sistema de Garantia Sempre haverá garantias Nem sempre existirão Vencimentos Estabelecidos pela Bolsa de

Futuros Normalmente negociados pelas partes

Participantes Qualquer pessoa física ou jurídica Produtores ou consumidores Ajustes Diários No vencimento Variação de preço Diárias Não muda o valor do contrato Porte dos Participantes Pequenos, médios e grandes. Grandes Credibilidade Não é necessário dar comprovação

de boa situação creditícia. É normalmente exigido um alto padrão de crédito.

Fonte: Adaptado de Lima e Lopes (2003, p. 13).

1.1.1.2 Mercado a Opções

Os contratos de opções são mais recentes que os de futuro, geralmente este

mercado é derivado do mercado de ações, podendo haver outros mercados como os

de índices, moedas, juros, etc.

Costa (1998, p. 1) apresenta a seguinte definição para o contrato de opções:

O conceito de opção nasce como um direito negociável de compra ou venda de um ativo a um preço futuro predeterminado. Nasce, dizemos, porque, apesar de esta ser a definição correta e a essência dos contratos de opções mais simples, é cada vez menos útil definir assim a gama de produtos gerados a partir desta base.

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Pelo fato do contrato de opções ser um direito, garante ao titular uma possível

escolha em exercê-lo ou não.

Conforme mencionado do livro Introdução ao mercado de Opções BOVESPA

(1980, p. 10), o mercado de opções tem a seguinte origem:

[...] O mercado de Opções nasce pelo simples fato de não haver unanimidade de opinião entre os investidores sobre o futuro desempenho global do mercado acionário e de ações específicas a curto prazo. Para aqueles que souberem prever corretamente o futuro a curto prazo, o Mercado de Opções se converte numa excelente oportunidade de investimentos.

Existem diferenças fundamentais entre os contratos de opções, de futuro e a

termo, conforme definição de Hull (1996, p. 177):

As opções são fundamentalmente diferentes dos contratos futuros e a termo. Uma opção dá a seu titular o direito de fazer algo, sem obrigá-lo a exercer tal direito, diferentemente dos contratos futuros e a termo, em que duas partes se comprometem a fazer algo. Com a exceção dos depósitos de margem, não há custos para realizar um contrato futuro ou a termo, ao passo que a compra de uma opção requer um pagamento antecipado.

Nos contratos de opções existem os seguintes componentes:

a) Tipos: Opções de compras (calls) e Opções de vendas (puts). Na opção

de compra, o titular ou comprador da opção tem o direito de comprar um

ativo em certa data por determinado preço, também conhecido como

posição comprada (long position). Na opção de venda, o detentor tem o

direito de vender um ativo em certa data por determinado preço, também

conhecido como posição vendida (short position).

b) Participantes: Compradores de opções de compra, vendedores de opções

de compra, compradores de opções de venda e vendedores de opções de

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venda. Quem vende uma opção é conhecido como lançador de opção e

que compra uma opção é conhecido como titular de opção.

c) Prêmio: Quem compra opção, paga valor por este direito e o vendedor

recebe o prêmio.

d) Preço de exercício: O preço de contrato (valor futuro pelo qual o bem será

negociado) é conhecido como preço de exercício (strike price ou exercise

price). Existem três posições onde o preço de exercício pode se encontrar:

1) In the money: preço do exercício menor que o preço à vista.

2) At the money: preço de exercício igual ao preço à vista.

3) Out of the money: preço de exercício maior do que o preço à vista.

e) Data: O dia em que a posição será exercida, também conhecida como

data de vencimento (expiration date, exercise date ou maturity). Na opção

européia pode ser exercida somente na data de vencimento, enquanto que

na opção americana pode ser exercida a qualquer momento, até o

vencimento.

Existem várias estratégias no mercado de opções que Lima e Lopes (2003,

p.10) definem como segunda geração dos derivativos:

a) Straddle: (compra de uma call e uma put pelo mesmo preço de exercício);

b) Strangel: (igual ao Straddle, mas com preço de exercício diferente);

c) Strap: (compra de duas call e uma put);

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d) Butterfly: (compra de uma call de exercício baixo, venda de duas call de

exercício médio e compra de uma call de exercício alto);

e) Condor, box: (quando usada como futuro de índice transforma uma

aplicação de renda variável em renda fixa).

Os titulares da opção de compra ou opção de venda não têm a obrigação de

exercer o direito da compra ou venda. Dependendo da cotação de preços no

mercado à vista na data de vencimento, o titular poderá exercê-lo, se não o fizer o

prejuízo será o valor do prêmio pago da opção.

1.1.1.3 Mercado de swap

Spinola (1998, p. 165) apresenta a seguinte definição:

O Oxford dictionary of Business define swap assim: é um instrumento financeiro mediante o qual um tomador de dinheiro pode trocar o tipo de fundos que pode levantar com mais facilidade pelo tipo de fundos de que na realidade precisa, usualmente através de um banco. Por exemplo: uma empresa inglesa pode tomar com facilidade um empréstimo em libras quando, na realidade, está precisando de marcos; uma empresa alemã pode ter um problema exatamente ao contrário. Um swap pode ajudar as duas empresas a conseguir, via troca, a moeda de que de fato necessitam.

Para Lima e Lopes (2003, p. 16): é uma estratégia financeira entre dois

agentes que concordam em trocar fluxos futuros de fundos de forma

preestabelecida.

Este contrato surgiu em meados da década de 70 devido a necessidade das

empresas se protegerem do risco cambial, onde trocavam o principal mais os juros

em uma moeda, pelo principal mais juros em outra moeda. Assim era possível

proteger o principal e juros, não se importando com as variações da taxa de câmbio.

Com a evolução desta modalidade é possível trocar taxas de juros, de fixa para

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flutuante e vice-versa, troca de mercadorias, sem que haja entrega efetiva do bem,

liquidando o contrato pela diferença de valor.

Os diversos contratos de swap efetuados pelas empresas aproveitam a

sinergia que cada um tem no mercado, por isso que pode haver trocas de taxas fixas

pelas flutuantes. Nesta modalidade de contrato o valor principal, conhecido como

valor nocional não é pago, é apenas base de valor para cálculo dos juros, a

liquidação ocorre pela diferença entre o que tem a pagar para o que tem a receber.

Lima e Lopes (2003, p. 17) afirmam que:

O swap pode ser visualizado como um contrato a termo, sendo que a BM&F denomina seus contratos de swap como contrato a termo de CDI e de dólar. Isso ocorre porque pode-se decompor o relacionamento dos agentes envolvidos em dois contratos a termo com as características especificadas. Os swaps não são negociados nos pregões da Bolsa, sendo apenas registrados em seu sistema eletrônico.

A tabela 1 apresenta o registro das negociações de swaps feito na BM&F

durante o ano de 2008:

Tabela 1 – Negociação de swap registrado na BM&F em 2008

Mercado R$/mil Contratos

neg. Jan-dez Mercado R$/mil Contratos

neg. Jan-dez

DI x pré 9.309.953 545.074 Dólar comercial x pré 590.430 182.743

DI x dólar comercial 1.942.836 243.705 Dólar comercial x euro 88.578 29.909

DI x TR - 22.234 Dólar comercial x iene 49.425 10.974

DI x Ibovespa - 596 Carteira de ações x DI - 294

DI x TJLP - 2.072 IGP-M x IPCA - 7.200

DI x euro 26.889 7.928 Euro x pré - 4.041

DI x IGP-M 492.938 801.703 Iene x pré - 11.367

DI x IPCA 56.182 252.830 Iene x euro 3.778 2.124

DI x IBrX-50 - 9.254 Total de swaps 12.561.009 2.134.048

Fonte: BM&F

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O quadro 2 mostra a diferença básica entre os contratos de swaps, de futuros e de opções:

Quadro 2 – Resumo das operações de swap, de futuro e de opções. Características Swaps Futuros Opções Prêmio Não existe Não existe Existe Negociação Balcão Bolsa Bolsa/Balcão Vencimento A combinar Determinado pela Bolsa Determinado pela Bolsa Valor de referência A combinar Múltiplos do valor do

contrato Múltiplos do valor do contrato

Ajuste diário Não há Diário Não há Revenda Não há Freqüente Freqüente Contrato A combinar Padronizado Padronizado Entrega do Ativo Não há Não é comum Comum Liquidação Final Diária Diária/final Liquidez da posição Baixa Alta Alta3 Referência do lucro Valor do contrato Valor do contrato Preço de Exercício Risco de crédito Até o vencimento Um dia Um dia4

Fonte: Lozardo (1998, p. 215)

1.1.2 Finalidades dos derivativos

Hedge (proteção ou cobertura): Proteger o participante do mercado físico de

um bem ou ativo contra variações adversas de taxas, moedas ou preços. Equivale a

ter uma posição em mercado de derivativos oposta à posição assumida no mercado

a vista, para minimizar o risco de perda financeira decorrente de alteração adversa

de preços.

Alavancagem: São negociações que exigem menos capital do que na compra

do ativo a vista. Assim, ao adicionar posições de derivativos aos investimentos,

pode-se aumentar a rentabilidade total destes a um custo mais barato.

Especulação: Tomar uma posição no mercado de futuro ou de opções sem

uma posição correspondente no mercado a vista. Neste caso, o objetivo é operar a

3 Quando o contrato de opção for de balcão, sua liquidez é baixa. 4 O risco do vendedor de um contrato de opção feito no mercado de balcão é o mesmo que um contrato de swap.

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tendência de preços do mercado. Como exemplo de especulação, pode-se sitar o

caso que ocorreu com a empresa Aracruz em 2008, que a levou a perdas potenciais

de R$ 1,95 bilhão, é o chamado "Target Forward".5 Nesta transação, a empresa

apostou duas vezes na valorização do real frente ao dólar norte-americano, assim

ela ficou na posição vendida em dólar futuro duas vezes. Primeiro, ela vendeu o

dólar para o banco por meio de um instrumento chamado de "forward", ou no

exterior "non-deliverable forward" (NDF), é a venda de dólar a termo, por meio da

qual a empresa vende dólar em um dia no futuro a uma cotação prefixada. Segundo,

a empresa vendeu de novo o dólar para o banco no futuro e por meio de arriscada

venda de opção de compra.

Neste instrumento, o banco paga um prêmio à empresa para ter o direito de

comprar o dólar a uma cotação pré-estabelecida no futuro. Enquanto a cotação do

dólar permaneceu abaixo do alvo, aproximadamente até agosto de 2008, não havia

interesse do banco em exercer a opção de compra, por conseqüência a empresa

ganhou o valor do prêmio, mas quando a cotação do dólar aumentou

substancialmente em setembro de 2008, o banco exerceu a opção e como a

empresa já havia vendido o dólar no mercado futuro, houve a necessidade de

comprar novamente o dólar no mercado à vista para honrar o contrato de opção

causando assim um desembolso de quase R$ 2 bilhões.

Arbitragem: Tirar proveito da diferença de preços de um mesmo produto/ativo

negociado em mercados diferentes no mesmo instante. O objetivo é aproveitar as

5 Reportagem do jornal Valor no dia 08 de outubro de 2008, acessado em 26/10/2008. http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?tit=Alavancagem+de+empresas+puxa+dolar+a+R$+2311&codMateria=5192885&dtMateria=08+10+2008&codCategoria=93

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discrepâncias no processo de formação de preços dos diversos ativos e mercadorias

e entre vencimentos.

1.1.3 Participantes do mercado

Os participantes do mercado de derivativos dividem-se em três grupos:

clientes, intermediários e reguladores. Os clientes estão subdivididos em hedgers,

especuladores e arbitradores; os intermediários são as corretoras; e os reguladores

são as câmaras de compensação (clearing houses).

1.1.3.1 Hedgers

A definição para hedgers é apresentada por Lima e Lopes (2003, p. 17) como

aqueles clientes que procuram eliminar riscos das variações de preços. São

divididos em duas categorias: hedgers comprados, que procuram proteção contra a

subida de preços e hedgers vendidos, que querem eliminar o risco contra a variação

negativa de preços.

1.1.3.2 Especuladores

Os especuladores são os que assumem os riscos e dão liquidez no mercado

secundário, portanto a permanência no mercado é rápida objetivando tirar o máximo

proveito da situação de risco.

No mercado financeiro eles são conhecidos como scalpers, day traders e

position traders. Os scalpers observam tendência de curtíssimo prazo e tentam

lucrar com pequenas variações de preço de um contrato, posições mantidas por

alguns minutos. Os day traders mantêm suas posições por menos de um dia. Os

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position traders mantêm suas posições por mais tempo, esperando obter bons lucros

com as oscilações de preços nos mercados. HULL (1996, p.37).

1.1.3.3 Arbitradores

São os que procuram lucratividade sem risco aproveitando-se da má

formação de preços temporários nos mercados. Compram no mercado ao preço

baixo e no mesmo instante vendem em um ou mais mercados diferentes com o

preço estável. Este tipo de agente é raro, visto que a formação de preços nos

mercados tende a ajustar-se rapidamente. Eles estão sujeitos ao risco sistêmico por

falha de liquidação de posição em alguma das partes do mercado.

1.1.3.4 Corretoras

Atuam na intermediação entre hedgers e especuladores obtendo receita de

corretagem das duas pontas. Para operarem diretamente no mercado é necessário

que possuam títulos patrimoniais das bolsas de valores ou por intermédio de um

membro sócio da Bolsa.

1.1.3.5 Câmera de compensação (claring house)

Este participante é um auxiliar das bolsas que é responsável pelo controle das

compensações de ajustes diários e a liquidação física e financeira, administrando as

garantias de todas as negociações de derivativos realizados nas bolsas. A CETIP

(Central de Custódia de Títulos Privados) funciona como câmara de compensação

na BM&F, esta por sua vez passa a ser a contraparte de cada posição realizada

pelos investidores, tanto como posição comprada ou posição vendida. Para o

investidor não importa quem está na posição contrária, uma vez que a BM&F

garante a liquidez. Porém a BM&F não se expõe a riscos porque exige que os

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participantes atendam tanto as normas operacionais quanto às garantias a cada

nível de contrato negociado.

A Figura 1 apresenta o fluxo destas operações:

Figura 1 – Fluxo operacional no mercado de derivati vos

Fonte: Adaptado de Lozardo (1998, p. 37)

Este fluxo demonstra as ordens dadas pelos compradores e vendedores às

respectivas corretoras, essas por sua vez acionam os operadores no pregão para

executarem as ordens de compra e venda dos clientes. Logo após é informada as

transações à Clearing House, assim que as corretoras confirmam as operações com

seus clientes, estes depositam margens de garantia dos contratos futuros

negociados na Clearing.

INVESTIDOR Comprador

CORRETORA A

CORRETORA B

INVESTIDOR Vendedor

PREGÃO - BM&F

INVESTIDOR Comprador

CLEARING HOUSE- BM&FVendedor | Comprador

INVESTIDOR Vendedor

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1.2 Normas de contabilização de derivativos

1.2.1 Definição de instrumentos financeiros

O IASB emitiu pronunciamento IAS 32, o qual apresenta os instrumentos

financeiros como um contrato que origina ativo financeiro, passivo financeiro e

instrumento de patrimônio líquido e os elencou da seguinte forma:

Ativo financeiro: Caixa – Um direito contratual para receber numerário ou

outro ativo financeiro de outra entidade; um direito contratual para permutar

instrumentos financeiros com outra entidade, sob condições potencialmente

favoráveis, ou; um instrumento patrimonial de outra entidade.

Passivo financeiro: é uma obrigação contratual para entregar numerário ou

outro ativo financeiro a outra entidade, ou permutar instrumentos financeiros com

outras entidades em condições potencialmente desfavoráveis.

Instrumento patrimonial: é um contrato que evidencia uma participação

residual nos ativos de uma entidade após a dedução de todos os seus passivos.

1.2.1.1 Classificação dos instrumentos financeiros.

A classificação dos instrumentos financeiros tem por finalidade determinar a

forma de mensuração e o respectivo reconhecimento no resultado do exercício.

Pelo SFAS 115, os instrumentos financeiros sãos classificados em três

categorias:

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a) Mantidos até o vencimento (Held-to-Maturity) – instrumentos financeiros

que a empresa detém com a intenção e capacidade de manter até o seu

vencimento.

b) Mantidos para negociação (Trading Securities) – instrumentos financeiros

comprados e mantidos para a venda no curto prazo objetivando a geração

de resultados pelas diferenças na sua precificação.

c) Disponível para venda (Available-for-Sale) – instrumentos financeiros não

classificados nas categorias anteriores e que não haja definição quanto a

data prevista para sua negociação.

No quadro 3 é apresentado um resumo de ativo, passivo financeiro e

instrumento de patrimônio líquido.

Quadro 3 – Definição de instrumentos financeiros pe los IAS 32 e 39 Ativo financeiro Passivo financeiro Instrumento de Patrimônio Líquido Direito de receber ou trocar ativo financeiro ou patrimônio de outra entidade, mediante condições favoráveis potencialmente. Contrato a ser liquidado por meio de recebimento ou troca dos próprios instrumentos de patrimônio da entidade.

Obrigação de fornecer ou trocar ativo financeiro mediante condições favoráveis. Contrato a ser liquidado por meio de fornecimento ou troca do próprio instrumento de patrimônio da entidade.

Contrato evidenciando uma participação residual nos ativos de uma entidade após dedução de todas as obrigações.

Fonte: KPMG, (2004).

1.2.1.2 Mensuração dos instrumentos financeiros

A forma de mensuração de instrumento financeiro é determinada pela sua

categoria conforme a classificação inicial.

Os IAS 32 e 39 apresentam formas de avaliação na seguinte ordem:

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a) Ativos financeiros devem ser avaliados a valor justo (reconhecidos no

resultado do exercício) e contemplam: os ativos financeiros mantidos para

negociação, derivativos, exceto contabilizados como hedge e qualquer

ativo financeiro designado para esta categoria no reconhecimento inicial.

b) Empréstimos e contas a receber: ativos financeiros não derivativos com

pagamentos fixos ou determináveis que não possuam cotação em

mercado ativo.

c) Investimentos mantidos até o vencimento: ativos financeiros como

pagamentos fixos ou determináveis e vencimento fixo, os quais a entidade

tem intenção e capacidade financeira para mantê-los até o vencimento.

d) Ativos financeiros disponíveis para venda: todos os ativos financeiros que

não estão classificados em outra categoria.

e) Passivos financeiros a valor justo (reconhecidos no resultado do

exercício): passivos financeiros mantidos para negociação.

f) Outros passivos financeiros: todos os passivos financeiros que não estão

classificados a valor justo por meio de lucro ou prejuízo.

O termo valor justo (fair value) é muito discutido, porque esbarra no princípio

contábil do custo histórico. A origem do termo valor justo, HENDRIKSEN & VAN

BREDA apud LIMA (2004) afirma que o termo Fair Value tem sido utilizado desde o

final do século passado como: “[...] o montante que os investidores considerariam

um retorno justo”. Posteriormente, os autores relatam que a utilização deste conceito

foi expandida, primeiro por pressão das empresas de utilidade pública (que

desejavam o cômputo de valores correntes nas suas demonstrações contábeis) e

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depois dos tribunais, que decidiram exigir a tal aplicação, a fim de garantir uma

apresentação mais adequada dos fatos relevantes nas demonstrações contábeis.

Iudícibus e Martins (2007) afirmam que o valor justo deveria ser

implementado gradativamente em relatórios suplementares ou notas explicativas,

afim de não se perder a Relevância, a Objetividade e Praticabilidade, pois o cálculo

do valor justo, quando não existe mercado para cotação, reveste-se de subjetividade

na determinação das taxas aplicadas aos modelos matemáticos:

A Introdução do Valor Justo representa, sem dúvida, significativo avanço nas práticas contábeis. Entretanto, afim de não provocar reações exacerbadas, seria interessante tornar mais objetiva sua mensuração e introduzi-lo nas demonstrações contábeis em quadros suplementares, ou ainda em notas explicativas, pelo menos até que a prática se consolide. Aliás, talvez um bom modelo fosse esse: demonstrações com objetivos diferentes calcadas em avaliações diferentes. Essa formatação poderia permitir inclusive uma avaliação multicolunar: elementos de balanço e de resultado a valores originais (históricos), a valores de reposição e a valores de mercado (ajustados ou não pela inflação, conforme a relevância da influência da mutação do poder aquisitivo da moeda).

Ou seja, sugere-se que tais avaliações adicionais durante um período de transição sejam evidenciadas em complementação às tradicionais e não pura e simplesmente as substituindo. Haveria até uma base de comparação interessante. E daí pesquisas empíricas poderiam, dentro da Teoria Positiva da Contabilidade, ajudar, de maneira objetiva e mais fundamentada, a escolher os melhores caminhos. Sem, entretanto, perder-se de vista, como se fosse uma âncora, os critérios tradicionais que, de tão validados por séculos de experiência, não devem ser substituídos enquanto não comprovadas, empiricamente, as alternativas.

Na norma SFAS 157 – Fair Value Measurements emitida pelo FASB

apresenta a seguinte definição de valor justo: “Valor justo é o preço que seria

recebido para vender um ativo ou pago para transferir um passivo em uma operação

ordenada entre os participantes no mercado a data de mensuração.” O valor de

mercado é aceito como medida de valor justo (fair value). Na falta de valor de

mercado é necessário utilizar uma metodologia para calculá-lo.

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Cabe ressaltar que para a mensuração do custo amortizado, o IAS 39 faz a

seguinte recomendação: a amortização deve ser calculada utilizando-se o método

de taxa de juros efetiva, na data de cada encerramento de balanço para determinar

as despesas e as receitas com juros.

De acordo com a Norma Internacional, o valor justo pode ser encontrado em

mercados ativos como cotações de preços publicadas e não ajustadas. Na falta

deste mercado devem-se elaborar técnicas de avaliação utilizando o máximo de

informações de mercado e o mínimo de informações específicas da entidade.

Para se calcular os valores justos de instrumentos de patrimônio devem-se

basear em estimativas ou custo menos redução do valor recuperável, como último

recurso.

No quadro 4 é apresentado o resumo do tratamento dos instrumentos

financeiros segundo o SFAS 133, em relação ao seu valor e a seus rendimentos

(juros ou dividendos). Os instrumentos financeiros patrimoniais, como as ações, não

são classificados como mantidos até o vencimento (Held-to-maturity), porque

teoricamente, não têm prazo de maturação. Os investimentos disponíveis para

vendas (Available-for-sale), por não terem data de maturação definida e não serem

necessariamente liquidados no curto prazo ficam sujeitos a flutuações no seu preço

afetando o valor justo.

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Quadro 4 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo SFAS 133 Categoria Tipo do

instrumento Avaliação no Balanço

Ganhos e perdas não realizados pela sua manutenção

Outros efeitos sobre o resultado

Mantido até o vencimento (Held-to-maturity)

Dívida Custo amortizado Não reconhecidos Juros quando auferidos; ganhos e perdas realizados pela venda.

Negociação (Tranding Securities)

Dívida ou Patrimonial

Valor justo (Fair value)

Reconhecimento no lucro líquido.

Juros e dividendos quando auferidos; ganhos e perdas pela venda.

Disponível para venda (Available-for-sale)

Dívida ou Patrimonial

Valor justo (Fair value)

Reconhecimento com outros resultados abrangentes e como um item separado do Patrimônio Líquido.

Juros e dividendos quando auferidos; ganhos e perdas pela venda.

Fonte: Lima, (2004).

O quadro 5 apresenta o resumo do tratamento dos instrumentos financeiros

na visão do IAS 39 em relação a mensuração e o reconhecimento da mudança de

valor no resultado.

Quadro 5 – Tratamento dos instrumentos financeiros pelo IAS 39 Categoria Mensuração Mudança de valor Ativos financeiros a valor justo (no resultado do exercício) ou designado como tal.

Valor justo Lucro ou prejuízo

Investimentos mantidos até o vencimento.

Custo amortizado (taxa de juros efetiva).

Irrelevante (exceto se o valor não for recuperável).

Empréstimos e contas a receber Custo amortizado Irrelevante (exceto se o valor não for recuperável).

Disponível para venda Valor justo Patrimônio (exceto se o valor não for recuperável).

Passivos financeiros a valor justo (no resultado do exercício) ou designados como tal.

Valor justo Lucro ou prejuízo

Outros passivos Custo amortizado Irrelevante Derivativos Valor justo Lucro ou prejuízo.

Fonte: Adaptado de KPMG, (2004).

No Brasil, o critério de avaliação de ativos está definido nas alíneas “a” e “b”

do inciso I do Art. 183 da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007, que alterou e

introduziu novos dispositivos à Lei 6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades

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por Ações, onde as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos,

devem ser avaliadas obedecendo:

a) pelo seu valor de mercado ou valor equivalente, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e

b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito;

No parágrafo 1 deste mesmo artigo é definido valor de mercado dos

instrumentos financeiros, como sendo o valor obtido num mercado ativo, que é

transacionado não compulsoriamente por partes independentes. Na ausência deste

mercado, devem ser observados os seguintes critérios:

a) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares;

b) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou

c) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros.

No parágrafo 5º do Art. 177 estabelece que a CVM “deverá elaborar normas

em consonância com os padrões internacionais de contabilidade...”. Assim a CVM

publicou a Instrução 469 em 02 de maio de 2008, que estabelece no parágrafo 1 do

Art. 2º “as companhias abertas que optarem pela aplicação imediata da Lei 11.638

ainda em 2008 deverão fazê-lo com base nas normas emitidadas pela CVM e na sua

ausência deverão ser observadas as normas emitidas pelo IASB”. Em nota

explicativa à Instrução 469, a CVM sita o IAS 39 que deverá ser seguido como

reconhecimento e mensuração dos instrumentos financeiros:

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Exemplo de matéria sobre a qual a CVM não emitiu normas ou orientações é o reconhecimento e a mensuração desses instrumentos financeiros. Tendo em vista que ainda não há norma específica da CVM sobre a matéria, o padrão a ser adotado deve ser aquele previsto no International Financial Reporting Standards IAS - 39.

1.2.2 Definição de derivativos embutidos

Os contratos devem ser analisados criteriosamente, pois podem conter

alguma forma de derivativo disfarçado, por exemplo, uma apólice de seguro de um

parque industrial que concede ao segurado, em caso de sinistro, o direito de adquirir

contratos de Ibovespa correspondente ao valor segurado, sob determinadas

condições de mercado. Este tipo de contrato estaria fora do alcance do SFAS 133,

porém a norma define como derivativos embutidos (embbeded derivative) o qual

deve ser separado do contrato principal (host contract) se atender as seguintes

condições:

a) As características econômicas e os riscos do derivativo embutido

(embbeded derivative) não forem claros e intimamente relacionados com

as características econômicas e com os riscos do contrato principal (host

contract).

b) O contrato (denominado também instrumento híbrido), que trouxer em seu

bojo o derivativo embutido e o contrato principal, não for periodicamente

avaliado a valor justo e este contabilizado contra resultado; e

c) Um instrumento individual com os mesmos dispositivos contratuais do

derivativo embutido for considerado um instrumento derivativo, sujeito ao

SFAS 133 (o investimento inicial líquido realizado no instrumento híbrido

não deve ser considerado o investimento inicial do derivativo embutido).

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Para derivativos embutidos cujos underlying sejam taxas de juros específicas

ou índices de taxa de juros, que alteram os fluxos de pagamentos de um contrato

principal são considerados como tendo características econômicas e riscos claros e

intimamente relacionados com os do contrato principal, a menos que ocorra uma das

seguintes situações:

O instrumento híbrido possa contratualmente ser liquidado de forma tal que o

investidor não consiga recuperar substancialmente todo o investimento realizado; ou

o derivativo embutido possa, no mínimo, dobrar a taxa de retorno inicial do

investimento no contrato principal e também resultar em uma taxa de retorno que

seja, no mínimo, duas vezes a taxa de mercado para um contrato com dispositivos

similares ao do contrato principal, com risco de crédito similar.

Fica claro que o derivativo embutido (de taxa de juros) com características

econômicas e riscos claros e intimamente relacionados com os do contrato principal

deve ser bifurcado, quando existem elementos que alavancam o contrato.

Porém, poderá haver situações em que seja difícil identificar e mensurar um

derivativo embutido. Nessa situação, o instrumento híbrido por completo deve ser

mensurado a valor justo, sendo vedada terminantemente a adoção do hedging

accounting (hedge contábil).

A figura 2 apresenta esquematicamente como deve ser o tratamento de

contrato com derivativo embutido.

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Figura 2 – Decisões para separar derivativo embutid o

Fonte: Adaptado de Costa Júnior (Resenha nº 146 BM&F, p 41).

1.3 Hedge financeiro

É definido por estratégias financeiras para proteção de posições expostas a

riscos de mercado, utiliza os mecanismos dos mercados futuros para reduzir riscos

relacionados a qualquer ativo, seja preço do petróleo, taxa de câmbio, ações ou

qualquer outra variável. Há duas modalidades de hedge: o estático e o dinâmico.

1.3.1 Hedge estático

É aquele que uma vez montado não será ajustado assumindo uma posição

futura no início da vida do hedge e a encerra em seu final. Ao montar um hedge o

administrador tem como objetivo neutralizar o risco de compra ou venda de um ativo,

tomando posição contrária no mercado de futuro, portanto, o hedge pode ser de

venda ou de compra.

Não Sim Não

Sim Não Sim

O instrumento está avaliado a fair value com

efeito no resultado?

Não se aplica o SFAS 133

Atende a definição de derivativo?

Claro e fortemente relacionado?

Ap

lica

r o S

FA

S 1

33

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1.3.1.1 Hedge de venda

O hedge de venda pode ser utilizado para aquele que possui um ativo e que

deverá vender futuramente, como por exemplo: um criador de frangos que deverá

vender sua produção em dois meses, para não correr o risco da queda de preço no

momento da venda, ele pode recorrer ao mercado futuro vendendo sua produção

por um preço previamente estabelecido. Por outro lado, um exportador que vendeu

sua produção no exterior e que deverá receber em dólar em noventa dias poderá

vender essa quantidade de dólar no mercado futuro para não incorrer na variação de

taxa de câmbio.

Para exemplificar foi adaptado um exemplo fornecido por Hull (1996, p. 88):

em 15 de dezembro a empresa ABC negociou um contrato para vender um milhão

de barris de petróleo em 15 de fevereiro do ano seguinte ao preço de mercado deste

dia. A empresa poderá ganhar R$ 10.000 por centavos de reais se o preço subir, ou

perder a mesma quantia se o preço cair. Em 15 de dezembro o preço a vista é de

R$ 19 por barril e o preço para 15 de fevereiro da Bolsa de Mercadorias é de

R$ 18,75 por barril. Ele compra 1.000 contratos para fevereiro com o objetivo de

travar o preço a R$ 18,75 no vencimento encerrando a posição.

Se em 15 de fevereiro o preço à vista atingir R$ 17,50 por barril a empresa

receberá pela venda do petróleo R$ 17,5 milhões. No mercado futuro ela ganha

R$ 18,75 – R$ 17,50 = R$ 1,25 por barril X 1.000.000 de barris = R$ 1,25 milhões.

Se em 15 de fevereiro o preço à vista atingir R$ 19,50 por barril a empresa

receberá pela venda do petróleo R$ 19,5 milhões. No mercado futuro ela perde

R$ 18,75 – R$ 19,50 = R$ 0,75 por barril X 1.000.000 de barris = R$ 750 mil. Em

ambos os casos o preço ficou travado em R$ 18,75 por barril.

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1.3.1.2 Hedge de compra

Nesta posição está o comprador de um ativo que deseja travar o preço hoje

para uma posição que deverá ser desembolsada no futuro, ou de um devedor em

outra moeda que não deseja correr o risco da variação cambial.

Como ilustração, foi adaptado o exemplo fornecido por Nakamura (1996, p.

30). Em julho a empresa CBA fechou contrato de importação com uma empresa

americana para pagamento em setembro. Na data de contratação a taxa de câmbio

era R$ 1,6920 por dólar e no mercado futuro para setembro era R$ 1,6850 por dólar.

A empresa comprou US$ 1 milhão no mercado futuro para pagar em setembro no

valor de R$ 1,685 milhão. Se em setembro a taxa de câmbio cair para R$ 1,6600 por

dólar a empresa pagará R$ 1,660 milhão pelo contrato de importação. No mercado

futuro ela pagará R$ 1,6850 – R$ 1,6600 = R$ 0,0250 por dólar X US$ 1.000.000 =

R$ 25 mil. Resultado líquido = R$ 1,660 milhão da dívida + R$ 25mil no mercado

futuro = R$ 1,685 milhões.

Se em setembro a taxa de câmbio subir para R$ 1,7100 por dólar a empresa

pagará R$ 1,710 milhão pelo contrato de importação. No mercado futuro ela

receberá R$ 1,7100 – R$ 1,6850 = R$ 0,0250 por dólar X US$ 1.000.000 = R$ 25

mil. Resultado líquido = R$ 1,710 milhão da dívida – R$ 25mil recebidos no mercado

futuro = R$ 1,685 milhões. Em ambos os casos a dívida ficou travada em R$ 1,685

milhão.

O contrato derivativo swap também poderia ser usado como instrumento de

hedge trocando-se uma dívida em moeda internacional por divida em moeda

nacional.

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1.3.2 Hedge dinâmico

O hedge dinâmico é rigorosamente monitorado com ajustes freqüentes. Este

tipo de hedge ocorre com opções ou carteiras de investimentos.

Hedge com teto (stop-loss strategy): consiste em saber o momento ótimo para

compra da ação logo que o preço supere a X ou, sua venda assim que o preço

esteja abaixo de X ou, manter uma posição descoberta (sem a posse do ativo)

sempre que o preço da ação for inferior a X, e uma posição coberta sempre que ele

for superior a X.

Hull (1996, p. 332) traz o seguinte comentário em relação aos programas de

hedge mais sofisticados:

[...] tornar suas carteiras imunes a pequenas mudanças no preço do ativo objeto no próximo pequeno intervalo de tempo, o que é chamado de hedge de delta. Depois, eles observam o que é conhecido como gama e vega. Gama é a taxa de variação do valor da carteira com referência ao delta; vega é a taxa de variação da carteira com relação à volatilidade do ativo. Zerando o gama, uma carteira pode ficar relativamente insensível a mudanças razoavelmente grandes no preço do ativo; zerando o vega, ela se tornará relativamente insensível a mudanças em sua volatilidade. Os operadores podem também verificar o teta e o rô. Teta é a taxa de variação da carteira de opções ao longo do tempo e rô é sua taxa de variação com relação à taxa de juro livre de risco.

Estes são instrumentos de administração financeira aplicáveis ao mercado de

capitais. Os contabilistas deverão se aprofundar nos conhecimentos destes

mecanismos, para saber interpretar corretamente as normas contábeis que

disciplinam este tema. Mesmo porque não há limites para o surgimento de novos

mecanismos, instrumentos e estratégias neste mercado.

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1.4 Hedging accounting

Na Norma Internacional IAS 39 emitida pelo IASB, encontra-se definições dos

seguintes termos:

Hedging: para efeitos contábeis, significa designar um derivativo ou

instrumento financeiro não derivativo para compensar, total ou parcialmente, as

mudanças no valor justo ou no fluxo de caixa do item protegido. A norma autoriza

utilizar instrumento financeiro não derivativo como instrumento de heading somente

para proteger o risco de mudanças das taxas de câmbio.

Hedged: item protegido que pode ser um ativo, passivo, compromisso firme

não reconhecido, transação futura prevista, ou investimento líquido numa unidade

operacional estrangeira, expostos a risco de mudança de valor ou mudança do fluxo

de caixa futuro.

Instrumento de hedge: para efeitos da contabilização de hedge, é um

derivativo designado ou (em limitadas circunstâncias) outro ativo ou passivo

financeiro, cujo valor justo ou fluxos de caixa espera-se que compensem às

mudanças no valor justo ou fluxo de caixa de um item protegido (hedged).

Efetividade do hedge: é o grau em que mudanças compensatórias no valor

justo ou fluxo de caixa, atribuíveis a um risco protegido, são alcançados pelo

instrumento de hedge.

O SFAS 133, o IAS 39 e o CPC 14, apresentam as mesmas classificações de

hedge dependendo da finalidade para qual a empresa o adquiriu:

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a) Hedge de valor justo (Fair value hedge) é hedge de uma exposição à

mudança no valor justo de um ativo ou passivo já reconhecido ou de um

compromisso firme (firm commitment) ainda não reconhecido como dívida

na contabilidade.

b) Hedge de fluxo de caixa (cash flow hedging) é hedge de uma exposição

nos fluxos de caixa advindas de transações futuras projetadas que podem

afetar o resultado da entidade.

c) Hedge de uma exposição a uma moeda estrangeira (foreign currency

hedge) é hedge de um investimento em uma operação internacional, um

compromisso ainda não reconhecido contabilmente, um título destinado à

operação de comercialização (trading) da instituição ou uma transação

esperada denominada em moeda estrangeira.

d) Instrumentos não designados como instrumentos de hedging . São

aqueles adquiridos pelas empresas com o propósito de obter resultados

positivos com as flutuações de preços e taxas.

A importância desta classificação é reconhecer contabilmente seus

resultados, ganhos e perdas:

a) Fair value hedge : um hedge de exposição à mudança no valor justo de

um ativo ou passivo, que é atribuível a um risco particular e que irá ajustar

o resultado. Os ganhos ou perdas são reconhecidos no resultado do

período de variação do derivativo juntamente com o resultado do item que

está sendo protegido. Por esta metodologia será reconhecida no resultado

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a parte ineficaz no processo de anulação das perdas ou ganhos no item

protegido.

b) Cash flow hedge : Exposição da variação de fluxo de caixa a qual é

atribuível a um risco particular associado com reconhecimento de um ativo

ou passivo (como todo ou parte de pagamento de juros futuros em dívidas

com taxas variáveis) e que irá afetar o resultado, ou hedge de um

compromisso firme não reconhecido, para comprar ou vender um ativo a

preço fixo. As variações são mostradas inicialmente como parte de Other

Comprehensive Income (OCI), no Brasil a conta é Ajuste de Avaliação

Patrimonial (AAP), conta destacada no Patrimônio Líquido fora do

resultado do período e quando a transação futura vier a ocorrer

subseqüentemente, o saldo desta conta será transferido para o resultado.

c) Hedge de uma exposição em moeda estrangeira de um investimento

e uma operação internacional (foreign currency hedge): os ganhos ou

perdas das modalidades em moeda internacional serão contabilizados de

formas diferentes:

1 Derivativos ou não-derivativos utilizados para hedge de um

compromisso firme não-reconhecido (firm commitment), serão

reconhecidos em conta de resultado, juntamente com a perda ou

ganho do firm commitment (foreign currency fair value hedge).

2 Título ou valor mobiliário disponível para venda (available-for-sale

security) será reconhecido no em conta de resultado, juntamente

com a perda ou ganho do avaiable-for-sale security (foreign

currency fair value hedge).

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3 Instrumento derivativo utilizado para hedge de uma provável

transação esperada (forecasted transaction). A perda ou ganho

deverá ser contabilizado no patrimônio líquido, em rubrica

denominada other comprehensive income (OCI), sendo

reconhecida em conta de resultado no período ou nos períodos em

que a forecasted transaction vier a afetar o resultado. O ganho ou a

perda remanescente no instrumento derivativo, se houve, deverá

ser reconhecido no resultado corrente (foreign currency cash flow

hedge).

4 Instrumento derivativo ou não-derivativo utilizado para hedge de um

investimento líquido em uma operação estrangeira (net investmente

in a foreign operation) deverá ser contabilizado no Patrimônio

Líquido, em rubrica denominada lucros abrangentes, conhecido em

inglês como other comprehensive income (OCI) como parte dos

ajustes acumulados de tradução, na extensão da eficácia do hedge.

No Brasil, a conta a ser utilizada é “Ajustes de Avaliação

Patrimonial”, conforme parágrafo 3º. do Art. 182 da Lei 6.404/1976,

modificada pela Lei 11.638/2007.

d) Instrumento não-classificado como Hedge (no designation hedge):

neste caso, os ganhos ou perdas são reconhecidos no resultado

imediatamente.

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1.4.1 Regras para se caracterizar o hedging contábil.

O hedging contábil só poderá ser caracterizado se a entidade tiver

formalizada a documentação descrita no IAS 39 o parágrafo 88 e CPC 14 parágrafo

57:

No início do hedge é necessário apresentar documentação formal da relação

de hedging, com objetivo e estratégia da administração do risco da entidade para

realizar o hedge. Essa documentação deve incluir a identificação do instrumento de

hedging, o item ou transação protegido (hedged), a natureza do risco objeto de

hedge e como a entidade avaliará a efetividade do instrumento de hedging na

compensação da exposição às mudanças no valor justo do item protegido ou os

fluxos de caixa da transação protegida que é atribuível ao risco protegido.

É esperado que o hedge seja altamente efetivo (entre 80 até 125%) ao longo

de sua vida, para compensar as mudanças de valor justo ou fluxos de caixa

atribuíveis ao risco protegido, consistentemente com a estratégia de administração

do risco, originalmente documentada para aquela particular relação de hedging. A

própria norma apresenta o seguinte exemplo: se a perda no instrumento de hedging

é $ 120 e o ganho no instrumento de caixa é $ 100, a compensação pode ser

mensurada por 120/100, que é 120%, ou por 100/120 que é 83%;

Para hedges de fluxo de caixa, em uma transação prevista, que é objetivo do

hedge, deve ser altamente provável e tem que apresentar uma exposição às

variações nos fluxos de caixa, que ao final, poderiam afetar o resultado.

A efetividade do hedge pode ser avaliada com confiança, isto é, o valor justo

ou fluxo de caixa do item protegido e o valor justo do instrumento de hedging podem

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ser mensurados com certeza; e o hedge foi avaliado em uma base de continuidade e

realmente determinado, que foi altamente efetivo ao longo do período financeiro

relatado.

Nota-se que a preparação da documentação exigida requer conhecimentos

profundos da estratégia de proteção que a entidade deverá montar acompanhada

por um especialista da área.

1.4.2 Divulgação ( Disclosure )

Conforme o SFAS 161 emitido pelo FASB, IFRS 7 emitido pelo IASB e CPC

14 parágrafo 59 emitido pelo CPC, uma entidade que transacione instrumentos

derivativos, deverá divulgar os objetivos desses instrumentos adquiridos ou emitidos,

o contexto necessário para o entendimento desses, e as estratégias utilizadas para

alcançar tais objetivos.

O parágrafo 22 da IFRS 7 exige a seguinte divulgação no balanço: uma

descrição de cada tipo de hedge, uma descrição dos instrumentos financeiros

escolhidos como instrumentos de hedge e os seus valores justos na data da

publicação do balanço, e a natureza dos riscos a serem cobertos.

Nos parágrafos 25 a 28 a norma apresenta a divulgação dos instrumentos

mensurados a valor justo, os quais devem ser apresentados em classes dos

instrumentos ativos e passivos. Deve ainda divulgar a técnica de valorização

utilizada, se este for diferente do valor de mercado, para cada classe dos

instrumentos financeiros e também a diferença agregada, ainda não reconhecida

nos resultados no início e no fim do período e uma reconciliação das alterações no

restante dessa diferença. É necessária também a divulgação qualitativa e

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quantitativa da natureza dos riscos dos instrumentos financeiros, abrangendo o risco

de crédito, risco de liquidez e risco de mercado.

O SFAS 161 – Disclosures about Derivative Instruments and Hedging

Activities, apresenta emendas ao parágrafo 44 do SFAS 133 exigindo divulgação

dos instrumentos financeiros em três tópicos: a) Como e porque a empresa usa

instrumentos derivativos; b) Como os instrumentos derivativos e os itens protegidos

são contabilizados pela norma SFAS 133; e c) Como os instrumentos derivativos e

os itens protegidos afetam os resultados e o fluxo de caixa.

A divulgação deve segregar instrumentos derivativos ou não designados para

hedge contábil de valor justo (fair value hedge accountig), hedge de fluxo de caixa

(cash flow hedge accounting) e hedge de investimento estrangeiro (foreign currency

hedge accountig), e deve contemplar uma descrição da política da gestão de risco

da entidade para cada categoria de hedge contábil (hedge accounting),

considerando os itens ou transações cujos riscos são objeto do hedge. Para que os

derivativos sejam enquadrados na contabilidade especial (hedge accounting), a

entidade deverá divulgar o propósito da atividade com esses instrumentos.

É enfatizado nos pronunciamentos que a divulgação qualitativa das

estratégias e objetivos da entidade, no uso dos instrumentos derivativos, pode ser

mais inteligível se referidos objetivos e estratégias forem descritos no contexto do

perfil da gestão de risco da entidade como um todo.

Em linha com o SFAS 119, as informações de cunho quantitativo não são

requeridas, mas sim encorajadas. A explicação para a postura adotada pelo FASB

no tocante ao disclosure quantitativo é a de que eles acreditam que, dado o estágio

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evolutivo da gerência de risco, não seria viável fixar padrões de divulgação nesse

sentido.

Hedge contábil de valor justo (Fair value hedge accounting). Devem ser

objeto de divulgação às operações de hedge. O SFAS 161 requer que sejam

divulgadas informações específicas para cada categoria, para o qual o instrumento

derivativo ou não tenha se qualificado para fins de contabilidade especial (hedging

accounting), inclusive os de moeda estrangeira:

Ganhos ou perdas liquidos reconhecidos em resultado, no período reportado,

que apresente o montante da ineficácia do hedge bem como o do instrumento

derivativo, se houver, excluída para fins de avaliação da eficácia do hedge

(assessment of hedge effectiveness), e uma descrição do local em que o ganho

líquido ou perda líquida são reportados na demonstração de resultado ou em outra

demonstração de desempenho financeiro;

O montante dos ganhos líquidos ou das perdas líquidas reconhecidos em

resultado, quando do momento da desqualificação de um compromisso firme (firm

commitment) como hedge de valor justo (fair value hedge).

Hedge de fluxo de caixa (Cash flow hedge). Para instrumentos derivativos

inseridos nesta categoria devem ser divulgados os seguintes dados:

Ganhos e perdas líquidos reconhecidos no resultado, que represente o

montante da ineficácia do hedge e a parcela do ganho ou perda do instrumento

derivativo, se houver, excluída para fins de avaliação da eficácia do hedge

(assessment of hege effectiveness) e uma descrição do local em que o ganho líquido

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ou perda líquida são reportados na demonstração de resultado ou em outra

demonstração de performance financeira.

Uma descrição das transações ou outros eventos que irão resultar na

reversão para resultado de ganhos ou perdas contabilizados em conta do Patrimônio

Líquido, sob a rubrica outros lucros abrangentes (other comprehensive income), e

uma estimativa do montante líquido de ganhos ou perdas existentes no período

reportado, para os quais há expectativa de serem revertidos para resultado nos

próximos 12 meses.

O período máximo em que a entidade considera estar hedgeando sua

exposição à variação em seus fluxos de caixa futuros derivados de transações

projetadas (forecasted transactions), excluindo aquelas transações esperadas

relacionadas ao pagamento de juros variáveis advindos de instrumentos financeiros

existentes.

O montante de ganhos e perdas revertido para resultado por conta da

descontinuidade do hedge de fluxo de caixa (cash flow hedge), em função de ser

provável que as transações projetadas (original forecasted transactions) não mais

ocorrerão no final do período originalmente especificado ou dentro do período

adicional previsto no pronunciamento.

Para os instrumentos derivativos em moeda estrangeira que tenham sido

designados e se tenham qualificado como hedge de um investimento líquido e uma

operação estrangeira (net investment in a foreign operation) deve ser informado o

montante líquido de ganhos ou perdas incluído na rubrica Cumulative Translation

Adjustmente – CTA, durante o período reportado.

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CAPÍTULO 2 – ASPECTOS METODOLÓGICOS

A variação cambial é um risco que as empresas podem evitar. Quando ocorre

uma devalorização da moeda nacional em relação às moedas estrangeiras, as

empresas são obrigadas a desembolsar maior valor em moeda local para a

liquidação dos contratos, esta operação pode elevar os custos dos empréstimos a

valores exorbitantes. Para não incorrer no risco cambial elas podem contratar

instrumentos derivativos no mercado financeiro para proteção da variação cambial,

caso contrário, elas deveriam ter em seus quadros de funcionários, colaboradores

altamente especializados em mercado cambial, o que seria incompatível com o foco

de sua atividade principal.

Este estudo de caso foi pesquisado junto ao departamento financeiro e

contábil em uma grande empresa do ramo varejista. Nos anexos deste trabalho

constam todos os contratos utilizados para esta operação, o nome da empresa e de

seus representantes que assinaram os contratos foram omitidos.

Para financiar o capital de giro e investimentos, a empresa contratatou

empréstimos em moeda estrangeira com prazo acima de 24 meses. Após a

assinatura do contrato foi fechado o contrato de câmbio junto ao Banco Central e

também a contratação de swap, trocando a variação cambial pela variação do CDI

(Certificado de Depósito Interbancário), publicado diariamente pela CETIP (Câmara

de Custódia e Liquidação), conhecida também como taxa média over.

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2.1 A modalidade do financiamento – Adiantamento à Exportação (pré-

pagamento).

Dentre várias modalidades de linha de crédito que os bancos disponibilizam

para as empresas, encontra-se o “Adiantamento à Exportação (pré-pagamento)” que

é o foco de nosso estudo.

Geralmente, o banco oferece o pacote completo: o Contrato de Adiantamento

à Exportação (ANEXO A – Export Prepayment Agreement); o Acordo de compra de

mercadorias para a exportação de uma empresa habilitada para esta modalidade

(ANEXO B – Off-take Contract); contrato de câmbio para internar o valor em dólar

equivalente em reais convertida a uma taxa de câmbio (ANEXO C – Contrato de

Câmbio de Compra – Tipo Exportação); e o swap de dólar para a variação do CDI.

(Certificado de Depósito Interfinanceiro) (ANEXO D – Contrato de Swap cambial). O

próprio banco se encarrega de registrá-lo junto a CETIP (Câmara de Custódia e

Liquidação).

O Adiantamento à Exportação (pré-pagamento), foi regulamentado em junho

de 1991 (com o adiantamento por bancos comerciais autorizado desde 1995) e

atualizadas pela Circular BACEN 2.919/99, as operações de adiantamento à

exportação podem se realizar em até 360 dias entre o fechamento do câmbio e o

embarque. Esta operação deve ser liquidada no prazo estabelecido pela norma

cambial. Os recursos não podem ser devolvidos, devendo se transformar em

exportação, investimento ou empréstimo registrado nos termos da Lei n. 4.131/62

modificada pela Lei n. 4.390/64. No caso de cancelamento da operação, a norma

cambial admite a remessa de valores residuais, até 5% do montante original da

antecipação. O prazo médio das operações situa-se entre dois e três anos.

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Esta modalidade tem os seguintes benefícios fiscais: a isenção do imposto de

renda que incide sobre o pagamento dos juros de operações de financiamento

externo, sempre que a exportação se concretiza ("performa"); e a não incidência de

IOF (impostos sobre operações financeiras), já que não se trata de operação

financeira; finalmente, a norma cambial permite que não seja especificado o bem ou

serviço objeto da exportação, o que confere flexibilidade ao mecanismo pela compra

e venda de "performance" entre bancos e exportadores.

Os financiadores de recursos desta modalidade de adiantamento a

exportações, também chamada de pré-pagamento, são o importador ou o banco

comercial no exterior. O exportador se beneficia desta linha de financiamento para

os ciclos de industrialização e comercialização. A operação é caracterizada pela

aplicação de recursos em moeda estrangeira na liquidação de contrato de câmbio de

exportação anteriormente ao embarque das mercadorias. Trata-se de mecanismo de

financiamento a exportações, via câmbio, que responde historicamente por um

quarto a um quinto do total de exportações contratadas, conforme dados da

Secretaria da Fazenda6. Na maioria dos casos, os recursos são fornecidos pela

matriz estrangeira da empresa exportadora brasileira, mas também ocorre com

freqüência o financiamento da exportação feito por importador que tem relação

comercial sólida e tradicional com a empresa brasileira. Ademais, essa modalidade

permite repatriamento de recursos oriundos de subfaturamento de exportações

anteriores.

6 Informação obtida em http://www.fazenda.gov.br/sain/m_financiamento.htm acesso em 03/02/2008.

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O contrato de câmbio não requer que seja discriminado o bem ou serviço a

ser exportado.

Contudo, essa modalidade, uma vez que utiliza linhas comerciais, envolve

garantias tais como contratos financeiros e contratos comerciais, o que leva os

bancos a concentrarem operações em grandes empresas. Em nosso estudo de caso

o banco exigiu Nota Promissória (ANEXO E), por se tratar de uma empresa que já

era cliente preferencial, mas poderia também exigir garantias reais, como hipotecas

de bens, etc.

As taxas variam em função do crédito do exportador, das flutuações na taxa

de câmbio e na taxa de juros internacionais do país de destino, etc., verificando-se

spreads tanto maiores quanto mais longos forem os prazos. O período de incidência

dos juros é livremente pactuado pelas partes contratantes, sejam elas privadas ou

públicas. No caso de operações entre partes contratantes, as taxas são livremente

pactuadas e os juros podem ser pagos em mercadorias. O beneficiário da remessa

dos juros será sempre aquele que efetuou o pagamento antecipado da exportação.

Na data próxima à liquidação do contrato a empresa exportadora adquire a

mercadoria da empresa produtora no valor equivalente ao volume do empréstimo em

moeda estrangeira acrescido do valor da perfomance, que é o spread cobrado pela

empresa produtora. No mesmo momento é emitida uma nota fiscal de exportação no

valor do montante em moeda estrangeira.

As notas fiscais são registradas no sistema de estoques, contas a receber e

contas a pagar da empresa exportadora ocorrendo à entrada e saída

simultaneamente no controle de estoques. Para este tipo de venda não incide

qualquer imposto. O registro das contas a pagar recebe a baixa quando a empresa

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financiada paga a empresa produtora pela compra de mercadoria. O registro das

contas a receber é baixado quando o importador estrangeiro faz o pagamento desta

mercadoria diretamente ao banco credor do empréstimo, liquidando assim o contrato

desta modalidade de financiamento.

2.2 Coleta de Dados

2.2.1 Export Prepayment Agreement Nº 1166/05 (ANEXO A)

O contrato foi celebrado em 09 de maio de 2005, entre a empresa financiada

(do estudo de caso), tendo como empresa avalista a empresa controladora da

empresa financiada e o financiador ABN ANRO Bank N.V. com sede em Amsterdan

– Holanda. O vencimento do contrato será 14 de abril de 2010. O valor do

empréstimo foi de US$ 25.000.000,00, com taxa de juros de 6,51% ao ano, a serem

pagos pela empresa financiada diretamente ao ABN ANRO Bank de Amsterdan, no

dia 14 de abril de 2010. Se houver algum atraso, a mesma incorrerá em multa de 1%

ao ano. Este contrato obriga a empresa financiada manter os seguintes covenants7:

o índice Dívida Total Líquida Consolidada / EBITDA deverá ser menor ou igual a 4, e

o índice Dívida Líquida / Patrimônio Líquido deverá ser menor que 1.

O contrato foi registrado no SISBACEN do Banco Central do Brasil – Módulo

de Registro de Operações Financeiras – ROF. Nº TA335815, conforme

regulamentação da Circular nº. 3027 de 22 de fevereiro de 2001.

7 Compromisso em um contrato de emissão de títulos, restringindo determinadas situações ou atividades, visando dar mais segurança ao financiador.

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Em 10 de maio de 2005 o ABN ANRO Bank de Amsterdan transferiu os

recursos de US$ 25.000.000,00 para o ABN ANRO Bank N.V em Nova York,

creditando na conta corrente do Banco ABN ANRO Real S.A., com sede no Brasil. A

financiada obteve o montante quando apresentou a Nota Promissória (ANEXO E)

avalizada pela sua controladora, na agência do banco no Brasil, após o fechamento

do contrato de câmbio.

2.2.2 The Off-Take Contract (ANEXO B)

O contrato de exportação e importação (The off-take Contract), celebrado em

18 de outubro de 2004, (um pouco antes do fechamento do contrato de

financiamento), entre a empresa financiada, a Cargil S.A., com sede no Brasil, como

provedora das mercadorias e a Cargil S.A., com sede na Holanda, como

importadora. Na data do vencimento do contrato Export Prepayment Agreement, a

empresa financiada comprará da Cargil S.A. do Brasil as mercadorias: açúcar,

cacau, complexo de soja e milho, o equivalente a US$ 25.000.000,00 mais a

performance 8 de 0,40%9 ao ano cálculados entre 10 de maio de 2005 e 14 de abril

de 2010 sobre o valor do empréstimo e exportará o equivalente a

US$ 25.000.000,00.

O embarque das mercadorias exportadas será entre o período de 01 de maio

a 30 de abril de 2010, embora no contrato inicial a janela de embarque era para o

período de 01 a 28 de março de 2008, este período foi renegociado.

8 Spread cobrado pela empresa produtora para entregar a mercadoria no prazo do contrato. 9 Embora esta taxa esteja registrada a 0,49% no Contrato de Compra e Venda de Mercadorias para Exportação nº. 041 04-05 de 18 de outubro de 2004 houve renegociação para 0,40%.

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O off-take contract exige que se formalize um contrato padrão conforme o

Exhibit A. Na seção do ANEXO B é apresentado este contrato padrão elaborado

pela empresa financiada.

No momento do embarque a empresa financiada deverá notificar ao banco

ABN em São Paulo e apresentar as seguintes informações: Número do despacho

aduaneiro; número do registro de exportação; e cópia dos documentos de

embarque. Deverá também instruir o importador (Cargil S.A. - Holanda) a fazer o

pagamento em dólares americanos diretamente no banco ABN em Admsterdan.

2.2.3 Contrato de Câmbio de Compra – Tipo Exportaç ão (ANEXO C)

O contrato de câmbio foi fechado em 06 de maio de 2005 e registrado sob o

número 05/027072, folha número INST: 6356 e Praça 5885. Fazendo referência ao

Export Prepayment Agreement com prazo de 1.860 dias, juros de 6,51% ao ano e

registro no ROF sob o número TA335815.

O valor de US$ 25.000.00,00 foi convertido a taxa cambial de R$ 2,4594

resultando o equivalente a R$ 61.485.000,00. Tendo como financiador: ABN AMRO

BANK N.V. – Holanda. Em 10 de maio de 2005 o recurso foi disponibilizado na conta

corrente da financiada no Banco ABN AMRO S.A.

2.2.4 Contrato de Swap (ANEXO D)

A operação de Swap foi registrada junto a CETIP/BM&F sob o número

05D02871, tendo como parte “A” o Banco ABN ANRO Real S.A. e parte “B” a

Empresa financiada.

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A data da negociação foi em 13 de abril de 2005, a data de inicio da operação

foi em 09 de maio de 2005 e a data de liquidação será em 13 de abril de 2010.

O valor referencial desta operação foi de R$ 64.700.406,19

(US$ 25.000.000,00 convertidos para reais a taxa de câmbio PTAX800 R$ 2,5880,

publicada pelo Banco Central do Brasil).

O contrato faz a seguinte menção: “Caso a data de início seja posterior a data

de negociação, o valor referencial será atualizado pela variação da PTAX8OO da

data da negociação até a data de início.” Como a data de início foi em 09 de maio de

2005, a taxa de câmbio foi PTAX800 foi atualizada para R$ 2,5899, com isso o valor

referencial passou a ser de R$ 61.440.279,11.

A ponta ativa representa o valor em reais que a empresa financiada receberá

do banco, referente ao valor em dólar norte-americano convertido a taxa PTAX800,

mais juros de 6,9296% ao ano, na data da liquidação do contrato, o que servirá

como hedge de 6,51% ao ano dos juros do contrato mais 0,40% ao ano da

performance.

A ponta passiva representa o valor em reais mais 104,5% do CDI-OVER que

a empresa financiada pagará ao banco na data de liquidação do contrato.

A liquidação do contrato será feita pelo valor líquido da equação: ponta ativa

menos a ponta passiva. Se a ponta ativa for maior que a passiva a empresa

financiada recebe o valor líquido do banco, caso contrário, ela pagará o valor líquido

ao banco.

A figura abaixo apresenta um resumo desta operação:

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- 74 -

Figura 3 – Resumo da operação de financiamento

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na figura 04 a seguir, é possível visualizar a tramitação do recurso até chegar

à empresa financiada, após a troca cambial no Banco Central. Na data de

vencimento do contrato, a compra de mercadorias é feita pelo valor equivalente a

US$ 25.000 mil convertida a uma taxa cambial hipotética para este exemplo. Os

pagamentos de juros e performance são calculados na base do valor em dólar norte-

americano e convertidos para reais a taxa hipotética deste exemplo. O valor da

performance é pago para a empresa produtora, o valor dos juros é pago para o

banco financiador na Holanda e quando o importador recebe a mercadoria ele paga

Brasil Holanda EUA

Financiador Financiada Produtor

Órgão

regulador

Órgão de

registro

Banco

provedor Importador

Banco

depositário

ABN ANRO

Real S.A

Empresa

(estudada) Cargil S.A.

Banco

Central CETIP

ABN ANRO

Bank NV Cargil S.A

ABN ANRO

Bank NV

Export Prepayment

Agreement1 Assinatura 2

Assinatura e

documentação3 Registro

The off-take contract1 Assinatura 2 Assinatura

Lieberação do recurso 1 Envia 2 Recebe

Contrato Cambio 1 Assinatura 2 Assinatura 3 Registro

3 Recebe 2Troca de

moeda1 Envia

1Credito em

C.C.2

Recebe

recursos

Contrato de Swap 1 Assinatura 2 Assinatura 3 Registro

Compra e exportação de

mercadoria2

Compra e

exporta1 Vende 3 Importa

Performance1 Pagamento 2 Recebimento

Juros1 Pagamento 2

Troca de

moeda3 Recebimento

1 Pgto da compra 2Recebimento

da venda

1Liquidação

swap2

Liquidação

swap3 Registro

4Baixa do

financiamento3

Baixa do

financiamento2

Recebimento

contrato1

Pgto

importação

Internação do recurso

Liquidação dos contratos

AGENTES / EVENTOS

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- 75 -

o valor do financiamento (principal) em dólares norte-americanos diretamente ao

banco da Holanda.

Por fim, o banco no Brasil fica com o valor do swap (neste exemplo a variação

cambial foi negativa), a empresa produtora lucrou com o valor da performance, o

Banco Central ficou com reservas cambiais e o Banco na Holanda recebeu os juros.

Figura 4 – Fluxo do recurso de financiamento

Fonte: Elaborada pelo autor

2.3 Metodologia de atualização do empréstimo e do swap pela curva.

2.3.1 Atualização do Empréstimo

As fórmulas a seguir, demonstram como são calculadas as atualizações dos

juros de 6,51% ao ano e a performance de 0,40% ao ano, conforme mencionado no

contrato (ANEXO A), as taxa de juros são aplicadas mensalmente sobre o valor

principal em dólar norte-americano e convertidas à taxa de câmbio PATX800 do

último dia do mês.

�� � ����� � � (1)

BRASIL HOLANDA EUA

Financiador Financiada Produtor

Banco

provedor Importador

Banco

depositário

ABN ANRO

Real S.A

Empresa

(estudada) Cargil S.A.

ABN ANRO

Bank NV Cargil S.A

ABN ANRO Bank

NV

R$ R$ R$ R$ US$ US$ US$ US$

RECURSOS (Tx.Cambio = 2,4594

1 - Envio de recuros para EUA (25.000) 25.000

2 - Internação dos recursos 61.485 (61.485) 25.000 (25.000)

3 - Transf recursos para Empresa (61.485) 61.485

Após 1.800 dias

LIQUIDAÇÃO (Tx.Câmbio = 1,9870)

4 - Mercadoria (49.675) 49.675 25.000 (25.000)

5 - Performance (1.800 dias) (99) 99

6 - Juros (1.800 dias) (16.169) 16.169 (8.138) 8.138

7 - Liquidação do swap (4.459) 4.459

Total (4.459) 0 49.774 (45.316) 16.863 8.138 (25.000) 0

AGENTES

Giro

Órgão regulador

Banco Central

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- 76 -

Onde:

vj = valor dos juros em US$.

ti = taxa de juros 6,51% ao ano

dc = dias decorridos

p = principal em US$ 25.000.000

�� � � ��� � � (2)

Onde:

vp = valor da performance em US$.

tp = taxa da performance 0,40% ao ano

dc = dias decorridos

p = principal em US$ 25.000.000

2.3.2 Atualização da ponta ativa do swap

A ponta ativa do swap obedece ao mesmo critério descrito na atualização do

empréstimo, ou seja, para o cálculo de juro aplica-se a taxa de 6,9296% ao ano

proporcionalmente aos dias decorridos, sobre o principal em dólar norte-americano

conforme a descrição do contrato de swap (ANEXO B).

2.3.3 Atualização da ponta passiva do swap

Para o cálculo da ponta passiva é necessário calcular o fator da variação

diária do CDI publicada pela CETIP e acrescentar 4,5% conforme o contrato de

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swap (ANEXO C). Esse fator diário é acumulado mensalmente a aplicado sobre o

valor principal em reais.

Fórmula do cálculo do fator diário

� � ����100 � 1�

1252 � 1� �� � 1(3)

Onde:

fd = fator diário

tmd = taxa média anual para o dia publicada diariamente pela CETIP

ts = taxa contratada no swap 104,5% da variação do CDI.

2.4 Metodologia da Marcação a Mercado do Swap .

As normas de contabilibidade estabelecem que os instrumentos financeiros

devem ser mensurados pelo valor justo (SFAS 133 § 17; IAS 39 § 46 e CPC 14 §

17).

Os valores justos de um swap podem ser mensurados com base em dados de

mercado de um contrato com as mesmas características, os quais podem ser

obtidos através de cotação com as instituições que os negociam. O processo de

apuração do valor justo, tendo como base os valores de mercado, é denominado

também de marcação a mercado, em inglês, marking to market.

Conforme previsto nos pronunciamentos acima, o valor de mercado de um

derivativo pode também ser obtido pelo cálculo do valor presente dos fluxos de caixa

futuros a serem proporcionados pelo derivativo, como é o caso do swap. Fica claro

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- 78 -

que o valor justo pode ser obtido com a contraparte que utiliza a metodologia para

marcação diária, conforme determina as normas do Banco Central. Mas a

metodologia aqui aplicada é semelhante a dos bancos.

Lima e Lopes (2003, p. 95) afirmam:

A metodologia para apuração do referido valor de mercado é de responsabilidade da instituição e deve ser estabelecida com base em critérios consistentes e passíveis de verificação, levando em consideração a independência na coleta de dados em relação às taxas praticadas nas mesas de operação da instituição.

Os autores apresentam alguns parâmetros a serem observados na

elaboração da metodologia:

a) Preço médio de negociação do dia ou, quando não disponível, o preço

médio de negociação do dia útil anterior;

b) O valor provável de realização obtido mediante adição de técnica ou

modelo de precificação;

c) O preço de instrumento financeiro semelhante, levando em consideração,

no mínimo, os prazos de pagamento e vencimento, o risco de crédito e a

moeda ou indexador.

2.4.1 Coleta de dados

Cupom cambial: Taxas do cupom cambial negociadas na BM&F publicadas

em seu no site no menu: Boletim; indicadores; taxa de refencias da BM&F; ajuste do

cupom.

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Variação do CDI projetado até o vencimento: PUs das negociações de DI de

um dia publicados no site da BM&F no menu: Boletim; cotações e volumes; ajuste do

pregão; DI 1.

Variação do CDI até a data do balanço: Taxa média das negociações de DI

(Depósitos Interfinanceiros) publicadas pela CETIP no menu séries históricas; dados

por ativos; DI; taxa over; média.

2.4.2 Cálculos da marcação a mercado das pontas do swap

O valor de mercado das pontas do swap consiste em calcular as pontas até o

dia do vencimento pela taxa contratada e trazer a valor presente pela taxa de

mercado, assim temos:

a) Ponta Ativa (em dólar):

+

+

dtact

ni

tPvUS

f *360

1

*360

1**$

(4)

PvUS$ = ponta ativa do swap em dólar t = taxa da conversão do dólar para reais em 30 de dezembro i = taxa do cupom dólar do contrato n = prazo total do contrato original tf = taxa do cupom no vencimento do contrato dtac = dias totais a decorrer do contrato

b) Ponta Passiva (variação do CDI):

( ) 252

1

1

1*1*$

duad

v

dut

dut

e

v

tCDI

tCDICDI

CDIPvR

+

+

(5)

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PvR$ = principal da ponta passiva em R$ CDIv = índice do CDI acumulado na data do vencimento CDIe = índice do CDI acumulado na data da emissão do contrato dut = dias úteis total tCDI = taxa CDI do contrato de swap tCDIv = taxa CDI no dia do vencimento duad = dias úteis a decorrer

c) Resultado líquido da marcação a mercados:

Resultado líquido = (curva da ponta ativa – ponta ativa marcada a mercado) –

(curva da ponta passiva – ponta passiva marcada a mercado).

2.5 Contabilização dos contratos

Para esta modalidade de empréstimo e contratação de swap, a empresa nos

forneceu a seguinte grade de contabilização:

1) Obtenção e atualizações do empréstimo

a) Valor original do empréstimo D = Caixa ou Bancos (Ativo) C = Empréstimos (Passivo)

b) Despesa de variação cambial

D = Despesa de variação cambial (Resultado) C = Empréstimos (Passivo)

c) Juros do empréstimo e performance

D = Despesa de juros (Resultado) C = Empréstimos (Passivos)

2) Contratação e atualização do swap

a) Valor nocional do instrumento financeiro D = Ponta Ativa do swap (Ativo) C = Ponta Passiva do swap (Passivo)

b) Variação cambial e juros da ponta ativa do swap

D = Ponta Ativa do swap (Ativo) C = Resultado do swap (Resultado)

c) Variação do CDI da ponta passiva do swap

D = Resultado do swap (Resultado) C = Ponta Passiva do swap (Passivo)

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3) Liquidação do empréstimo

a) Compra da mercadoria D = Estoques (Ativo) C = Fornacedores (Passivo)

b) Exportação da mercadoria

D = Contas a receber (Ativo) C = Vendas exportações (Resultado)

D = Custo da mercadoria vendida CMV C = Estoques (Ativo)

c) Pagamento dos juros e performance

D = Empréstimos (Passivo) C = Caixa ou bancos (Ativo)

d) Pagamento da compra de mercadoria

D = Fornecedores (Passivo) C = Caixa ou bancos (Ativo)

e) Liquidação do empréstimo pelo importador D = Empréstimos (Passivo) C = Contas a receber (Ativo)

f) Liquidação do swap

Quando a ponta ativa for maior que a ponta passiva D = Caixa ou banco (Ativo) D = Ponta passiva do swap C = Ponta ativa do swap Quando a ponta ativa for menor que a ponta passiva D = Ponta passiva do swap C = Ponta ativa do swap C = Caixa ou banco (Ativo)

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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS OBTIDOS

3.1 Atualizações do empréstimo e do swap pelas taxas contratuais.

As tabelas a seguir demonstram os resultados dos cálculos das atualizações

do empréstimo e do respectivo swap, os quais não apresentaram divergências em

relação aos cálculos efetuados pela empresa do estudo de caso.

Tabela 2 – Atualização anual dos juros e performanc e do financiamento

Em US$

DATA Dias

decorridos. Principal Juros Performance Total Tx

Cambio 10/05/2005 25.000.000 25.000.000 2,4594 31/12/2005 235 25.000.000 1.062.396 65.278 26.127.674 2,3407 31/12/2006 600 25.000.000 2.572.354 158.056 27.730.410 2,1668 31/12/2007 965 25.000.000 4.362.604 268.056 29.630.660 1,7713

Em R$

DATA Dias

decorridos. Principal Juros Performance Var.Cambial Total 10/05/2005 61.485.000 61.485.000 31/12/2005 235 61.485.000 2.457.945 151.026 (2.936.926) 61.157.046 31/12/2006 600 61.485.000 6.036.008 370.876 (8.286.226) 59.605.658 31/12/2007 965 61.485.000 9.218.750 566.436 (18.785.398) 52.484.788

A primeira parte desta tabela demonstra a atualização do financiamento de

US$ 25 milhões no final de cada ano, sendo que, em 31 de dezembro de 2007 o

valor corrigido passou para US$ 29,6 milhões. Na segunda parte são apresentados

os valores convertidos para reais com a respectiva variação cambial acumulada em

R$ 18,8 milhões, resultante da valorização do real frente ao dólar norte-americano

em 27,98% nesse período.

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Tabela 3 – Atualização anual pela curva dos juros do swap da ponta ativa

EM US$

Data Dias

Decorridos Principal Juros Total

Taxa Cambio

10/05/2005 (24.981.816) (24.981.816) 2,45940 31/12/2005 235 (24.981.816) (1.134.858) (26.116.675) 2,34070 31/12/2006 600 (24.981.816) (2.890.042) (27.871.858) 2,13800 31/12/2007 965 (24.981.816) (4.645.226) (29.627.042) 1,77130

EM R$

Data Dias

Decorridos Principal Juros Var.Cambial Total

10/05/2005 (61.440.279) (61.440.279) 31/12/2005 235 (61.440.279) (2.626.028) 2.935.006 (61.131.301) 31/12/2006 600 (61.440.279) (6.431.943) 8.282.189 (59.590.033) 31/12/2007 965 (61.440.279) (9.817.363) 18.779.263 (52.478.379)

A ponta ativa do swap é aquela que dá cobertura ao financiamento registrado

no passivo, apresentando assim uma posição oposta a ele. A primeira parte desta

tabela demonstra a atualização da ponta ativa de US$ 24,9 milhões no final de cada

ano, sendo que, em 31 de dezembro de 2007 o valor corrigido passou para

US$ 29,6 milhões. Na segunda parte são apresentados os valores convertidos para

reais com a respectiva variação cambial acumulada em R$ 18,8 milhões, resultante

da valorização do real frente ao dólar norte-americano em 27,98%, protegendo

assim a exposição do financiamento à moeda estrangeira.

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Tabela 4 – Atualização da ponta passiva do swap com 104,5% da variação do CDI.

Data Dias

Decorridos Principal Despesa Total

10/05/2005 61.440.279 61.440.279 31/12/2005 235 61.440.279 7.834.979 69.275.258 31/12/2006 600 61.440.279 18.762.383 80.202.662 31/12/2007 965 61.440.279 28.697.547 90.137.826

Os valores encontrados para a ponta passiva do swap apresentam os valores

da dívida trocada de dólares norte-americanos para reais. A variação do CDI mais

4,5% neste período foi de 46,7% gerando uma despesa de atualização de R$ 28,7

milhões e o valor corrigido foi para R$ 90,1 milhões.

3.2 Resumo das atualizações

A tabela 4 abaixo apresenta o resumo dos três anos de atualização na curva

do papel para: a) atualização do empréstimo com juros provisionados e b) a ponta

ativa e ponta passiva do swap:

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Tabela 5 – Resumo das atualizações do empréstimo e do swap

CONTÁBIL (curva da operação)b ) Swap

a ) Dívida Ponta Ativa Ponta Passivaa Emissão 10/05/2005 10/05/2005 10/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005b Vencimento 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010c Data base 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007 31/12/2005 31/12/2006 31/12/2007

d = c - aPeríodo decorrido 235 600 965 236 601 966 236 601 966

e Tx Juros a.a 6,51% 6,51% 6,51% 6,9296% 6,9296% 6,9296%f Tx Performance a.a. 0,40% 0,40% 0,40%

g = e/306*dTx juros período 4,25% 10,85% 17,45% 4,54% 11,57% 18,59%h = f/306*d Tx Performance período 0,26% 0,67% 1,07%

h1 Variação do CDI período 12,75% 15,77% 12,39%

i Principal US$ 25.000.000 25.000.000 25.000.000 (24.981.816) (24.981.816) (24.981.816)j = g*i juros US$ 1.062.396 2.712.500 4.362.604 (1.134.858) (2.890.042) (4.645.226)k = h*i Performance US$ 65.278 166.667 268.056

l=(i+j+k) atualizado US$ 26.127.674 27.879.167 29.630.660 (26.116.675) (27.871.858) (29.627.042)

m Taxa inicial 2,4594 2,3407 2,1380 2,4594 2,4594 2,4594n = i * m Empréstimo R$ 61.485.000 58.517.500 53.450.000 (61.440.279) (61.440.279) (61.440.279) 61.440.279 69.275.258 80.202.662

o Taxa US$ fim perído 2,3407 2,1380 1,7713 2,3407 2,1380 1,7713p = o * i Principal R$ 58.517.500 53.450.000 44.282.500 (58.474.938) (53.411.123) (44.250.291)q = o * j juros R$ 2.486.750 5.799.325 7.727.481 (2.656.363) (6.178.910) (8.228.088)r = o * k Performance R$ 152.796 356.333 474.807

s = n * h1variação do CDI R$ 7.834.979 10.927.404 9.935.164t = o * l atualizado R$ 61.157.046 59.605.658 52.484.788 (61.131.301) (59.590.033) (52.478.379) 69.275.258 80.202.662 90.137.826

MOVIMENTAÇÃOn Saldo Inicial 61.485.000 61.157.046 59.605.658 (61.440.279) (61.131.301) (59.590.033) 61.440.279 69.275.258 80.202.662

Despesas Juros 2.457.945 3.578.063 3.182.741 (2.626.028) (3.805.916) (3.385.420) 7.834.979 10.927.404 9.935.164Despesas Performance 151.026 219.850 195.560Variação Cambial (2.936.926) (5.349.300) (10.499.172) 2.935.006 5.347.183 10.497.073

t Saldo final 61.157.046 59.605.658 52.484.788 (61.131.301) (59.590.033) (52.478.379) 69.275.258 80.202.662 90.137.826

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- 86 -

3.3 Contabilização do swap pela curva do papel no fim de 2007.

Para nosso estudo vamos apresentar os registros contábeis em milhares de

reais dos seguintes eventos:

a) Na data de contratação: Empréstimo e swap.

Na contratação registram-se apenas o valor do empréstimo convertido para

reais e o valor nocional do swap.

O contrato do empréstimo foi celebrado em 09 de maio de 2005 no valor de

US$ 25.000 mil. A contratação do câmbio foi em 06 de maio de 2005 com a taxa de

conversão de R$ 2,4594, resultando em R$ 61.485 mil.

O swap foi contratado com data de início em 09 de maio de 2005, o valor

referencial de R$ 61.440 mil é o resultado da conversão de US$ 25.000 mil a taxa de

câmbio de R$ 2,5899.

b) Atualizações dos juros e variação cambial do empréstimo e do swap em

31 de dezembro de 2005, 31 de dezembro de 2006 e 31 de dezembro de

2007, respectivamente. Como o contrato tem o vencimento para 2010,

para nosso estudo, faremos a liquidação antecipada (fictícia) em

01/01/2008.

A figura 5 apresenta a grade contábil das transações aqui descritas.

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Figura 5 – Grade contábil das transações

Fonte: Elaborada pelo autor.

Como a empresa não apresentou a documentação exigida para

contabilização de hedge contábil, as contabilizações da variação cambial e juros das

pontas do swap foram registrados em uma conta de resultado denominada

“Resultado com swap”. Em nossa opinião, as atualizações da ponta ativa e passiva

do swap não deveriam ser registradas nesta conta. A variação cambial da ponta

ativa deveria ser debitada na conta de “Variação Cambial” anulando a variação

cambial do empréstimo, igualmente os juros da ponta ativa deveriam ser registrados

em “Despesas de Juros” para rebater a despesa de juros do empréstimo, pois este é

o objetivo do swap – troca da variação cambial e juros pela variação do CDI mais

CONTABILIZAÇÃO DO EMPRÉSTIMO1 - Valor original do empréstimo 61.485 61.4852 - Variação cambial 18.785 18.7853 - Despesas de juros 9.219 9.2194 - Despesas de performance 566 566TOTAL DO EMPRÉSTIMO 61.485 52.485 18.785 9.785

CONTABILIZAÇÃO DO SWAP5 - Valor nocional 61.440 61.4406 - Variação cambial da ponta ativa 18.779 18.7797 - Juros da ponta ativa 9.817 9.8178 - Variação do CDI da ponta passiva 28.697 28.697TOTAL DO SWAP 52.478 90.137 (37.659)

OPERAÇÃO COM MERCADORIA9 - Compra de mercadoria 42.700 42.70010 - Exportação da mercadoria 42.700 42.70011 - CMV da exportação 42.700 42.700

0 42.700 42.700 42.700 42.700

LIQUIDAÇÃO DO EMPRÉSTIMO12 - Pagamento dos juros 9.219 9.21913 - Pagamento da performance 566 56614 - Pagamento da compra de mercadoria 42.700 42.70015 - Liquidação do empréstimo pelo importador 42.700 42.700

(52.485) (52.485) (42.700) (42.700)

LIQUIDAÇÃO DO SWAP16 - Liquidação do swap 37.659 52.578 90.137

(37.659) 52.578 90.137

Caixa (Ativo) Empréstimos (Passivo) Contas a receber (Ativo) Fornecedores (Passivo)

Caixa Ponta Ativa (Ativo) Ponta Passiva (Passivo)

CMV (Result)

Caixa (Ativo) Empréstimos (Passivo) Variação Cambial (Result) Despesa Juros (Result)

Ponta ativa (Ativo) Ponta Passiva (Passivo) Resultado do swap

Estoques (Ativo) Fornecedores (Passivo) Contas a receber (Ativo) Vendas (Result)

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juros. Na tabela 6 é apresentado o resumo destas transações com os respectivos

saldos após a liquidação dos contratos.

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Tabela 6 – Posição contábil pela curva do papel no fim do exercício de 2007.

Em 31 de dezembro de 2007:

Ativo Passivo Resultado

SEQ EVENTOS

Aplicação do

empréstimo

(Caixa)

Ponta

Ativa

Swap

Contas a

ReceberEstoques Empréstimo

Ponta

Passiva

swap

Contas a

pagar

Resultado

com swap

Variação

Cambial

Despesas

de jurosVendas CMV

OBTENÇÃO DO EMPRÉSTIMO E ATUALIZAÇÕES

1 Valor original do empréstimo 61.485 (61.485)

2 Variação cambial em R$ do empréstimo 18.785 (18.785)

3 Despesas de juros do empréstimo (9.219) 9.219

4 Despesas de performance (566) 566

TOTAL DO EMPRÉSTIMO 61.485 0 0 0 (52.485) 0 0 0 (18.785) 9.785 0 0

CONTRATAÇÃO DO SWAP

5 Valor nocional da operação de swap 61.440 (61.440)

6 Variação cambial da ponta ativa do swap (18.779) 18.779

7 Juros da ponta ativa do swap 9.817 (9.817)

8 Variação CDI da ponta passiva do swap (28.697) 28.697

TOTAL DO SWAP 52.478 (90.137) 37.659

OPERAÇÃO COM MERCADORIAS

9 Compra da mercadoria 42.700 (42.700)

10 Exportação da mercadoria 42.700 (42.700)

11 CMV das exportações (42.700) 42.700

LIQUIDAÇÃO DO EMPRÉSTIMO

12 Pagamento dos juros (9.219) 9.219

13 Pagamento da performance (566) 566

14 Pagamento da compra da mercadoria (42.700) 42.700

15 Liquidação do empréstimo pelo importador (42.700) 42.700

LIQUIDAÇÃO DO SWAP

16 Liquidação do swap (37.659) (52.478) 90.137

TOTAL GERAL (28.659) 0 0 0 0 0 0 37.659 (18.785) 9.785 (42.700) 42.700

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3.4 Cáculo da Marcação a Mercado (MtM)

a) Ponta Ativa do swap.

As linhas da Tabela 7 demonstram os passos para se calcular o valor

presente da ponta ativa: No prazo total (letra d) são calculados os dias entre a data

de emissão até a data de vencimento do swap. Os dias decorridos (letra e) são

calculados desde a data de emissão até o penúltimo dia útil do ano. Os dias a

decorrer (letra f) são calculados entre o penúltimo dia útil do ano até o dia do

vencimento do papel. O valor em reais (letra i) é calculado pela multiplicação do

valor em dólares norte-americano pela taxa de câmbio do penúltimo dia do ano (letra

g). O valor futuro (letra l) é cálculo do valor do papel até o vencimento, multiplicando-

se o valor presente (letra i) pela taxa do papel equivalente ao prazo total (letra k). O

cálculo do valor presente (letra o) consiste em trazer o valor futuro até a data do

penúltimo dia do ano, por uma taxa de mercado (letra m), esta taxa é o cupom

cambial diário negociado na BM&F no penúltimo dia do ano. O cálculo do valor

futuro (letra l) é feito pela multiplicação da taxa de mercado equivalente para o prazo

total a decorrer (letra n) pelo cálculo do valor em reais (letra i).

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Tabela 7 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Ativa do swap

Ponta Ativa

a Emissão 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 b Vencimento 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 c Data base 29/12/2005 28/12/2006 28/12/2007

d = b-a Prazo total 1.800 1.800 1.800 e =c-a Dias decorridos 234 598 963 f = b-c Dias a decorrer 1.566 1.202 837

g Cotação dólar 2,3407 2,1380 1,7713 h Principal US$ 24.981.816 24.981.816 24.981.816

i = h*g Valor R$ 58.474.938 53.411.123 44.250.291

j Taxa swap 6,92960% 6,92960% 6,92960% k = j/360*d Taxa p/pz total 34,64800% 34,64800% 34,64800% l = i*(1+k) Valor futuro 78.735.334 71.917.009 59.582.132

m Taxa para 13/04/2010 5,82455% 5,93113% 4,41450% n = m/360*f Taxa p/ dias a decorrer 25,33679% 19,80338% 10,26370%

o = l/(1+n) Valor Presente 62.819.011 60.029.199 54.036.034

b) Ponta passiva do swap.

No caso da ponta passiva é necessário calcular os dias úteis para o prazo

total (letra g), que vão desde a data de emissão até a data de vencimento; os dias

úteis decorridos (letra h) são calculados desde a data de emissão até o penúltimo

dia do ano; e os dias úteis a decorrer (letra i) são calculados desde o penúltimo dia

do ano até o dia do vencimento. Para o cálculo dos dias úteis são desconsiderados

os fins de semana e os feriados nacionais, para isso é necessário obter uma tabela

de feriados até a data do vencimento e utilizar a função “DIATRABALHOTOTAL” do

Excel, planilha eletrônica do Office da Microsoft.

O Fator do CDI no vencimento (letra m) é obtido pela projeção diária da

negociação DI para um dia da BM&F até a data do vencimento.

O fator do CDI para o prazo total conforme é demonstrado da linha da letra p

encontra-se primeiramente, o fator diário e depois acrescentam-se 4,5%. Esta taxa

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diária é calculada para o equivalente do prazo total do papel. O valor futuro (letra q)

é calculado pela multiplicação do valor principal letra (l) por este fator (letra p).

Taxa do CDI para o vencimento (letra r) é encontrada pela interpolação da

negociação DI para um dia na BM&F.

O cálculo do valor presente (letra t) é encontrado pela divisão do valor futuro

(letra q) pelo fator dos dias úteis a decorrer (letra s).

Tabela 8 – Demonstração do cálculo da Marcação a Mercado Ponta Passiva do swap

Ponta Passiva

A Emissão 09/05/2005 09/05/2005 09/05/2005 B Vencimento 13/04/2010 13/04/2010 13/04/2010 C Data base 29/12/2005 28/12/2006 28/12/2007

d = b-a Prazo total 1.800 1.800 1.800 e =c-a Dias decorridos 234 598 963 f = b-c Dias a decorrer 1.566 1.202 837

g Dia úteis totais 1.236 1.236 1.236 h Dias úteis decorridos 163 412 662 i Dias úteis a decorrer 1.073 824 574

j Principal em US$ 24.981.816 24.981.816 24.981.816 k Taxa inicial 2,4594 2,4594 2,4594

l = j*k Principal em R$ 61.440.279 61.440.279 61.440.279

m Fator CDI no vencimento 5,140523 4,633208 4,585832 n Fator CDI na emissão 2,452496 2,452496 2,452496

o Taxa swap CDI 104,5% 104,5% 104,5% p = ((m/n)^(1/d)-

1)*o+1)^d Fator prazo total 2,1669996 1,9440323 1,9232646 q = l*p Valor futuro 133.141.062 119.441.887 118.165.915

r Taxa DI no vencimento 15,05321% 12,36887% 12,90232% s = (1+r)^(g/252) Fator p dias uteis a decor. 1,8167829 1,4642136 1,3183947

t = q/s Valor Presente 73.283.969 81.574.089 89.628.633

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A tabela a seguir, resume os ajustes da marcação a mercado no final de cada

ano.

Tabela 9 – Ajustes anuais da marcação a mercado

Ponta Ativa Ponta Ativa Total do Data Curva MtM Ajuste Curva MtM Ajuste Ajuste

29/12/2005 61.131 62.819 1.688 (69.275) (73.284) (4.009) (2.321) 28/12/2006 59.590 60.029 439 (80.203) (81.574) (1.371) (932) 28/12/2007 52.478 54.036 1.558 (90.138) (89.629) 509 2.067

Com estes valores marcados a mercado das pontas ativas e passivas, a

empresa do estudo de caso, elaborou uma nota explicativa pró-forma, nas suas

Demonstrações Contábeis, informando o valor de mercados e valor da curva do

papel conforme demonstrado abaixo na figura 06.

Figura 6 – Nota explicativa dos instrumentos financ eiros

Fonte: Extraída das Demonstrações Contábeis de 2007 da empresa do

estudo de caso.

Os valores estimados de mercado dos instrumentos financeiros em 31 de dezembro de 2007 aproximam-se do seu valor de mercado, refletindo os vencimentos ou o reajuste freqüente de preço desses instrumentos, e podem ser assim demonstrados:

Contábil Mercado Contábil MercadoAtivo

Disponibilidades 271.575 271.575 414.013 414.013 Aplicações financeiras 478.957 478.957 650.119 650.119 Fundo de investimentos em direitos creditórios 54.621 54.621 - -

805.153 805.153 1.064.132 1.064.132

PassivoEmpréstimos e financiamentos 844.824 829.365 2.358.323 2.335.805 Debêntures 807.531 805.399 807.531 805.399

1.652.355 1.634.764 3.165.854 3.141.204

Controladora ConsolidadoEm 31 de dezembro de 2007

O valor de mercado dos ativos financeiros e dos financiamentos de curto e longo prazos, quando aplicável, foi determinado utilizando taxas de juros correntes disponíveis para operações com condições e vencimentos remanescentes similares.

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3.5 Eficácia do swap

Na tabela 10 abaixo, é apresentada a eficácia do swap na cobertura cambial.

Ao se comparar o saldo inicial mais a movimentação dos juros e variação cambial do

empréstimo com a ponta ativa do swap, resta tão somente, o saldo e a despesa da

ponta passiva como uma dívida em reais. Os pronunciamentos SFAS 113, o IAS 39

parágrafo AG105 b e CPC 14 parágrafo 57 item b, estabelecem parâmetros entre

80-125% para a eficácia.

Tabela 10 – Demonstração da eficácia do hedge cambi al

Empréstimo Ponta Ativa Eficácia % Ponta

Passiva Saldo Inicial 61.485.000 (61.440.279) 44.721 99,93% 61.440.279 Despesas Juros 2.457.945 (2.626.028) 7.834.979 Despesas Performance 151.026 Marcação a mercado (1.687.711) (1.704.767) 165,34% 4.008.711 Variação Cambial (2.936.926) 2.935.006 (1.919) 99,93%

Saldo final em dez-2005 61.157.046 (62.819.011) (1.661.966) 102,72% 73.283.969

Despesas Juros 3.578.063 (3.805.916) 10.927.404 Despesas Performance 219.850 Marcação a mercado 1.248.544 1.240.542 67,34% (2.637.284) Variação Cambial (5.349.300) 5.347.183 (2.117) 99,96%

Saldo final em dez-2006 59.605.658 (60.029.199) 1.238.424 100,71% 81.574.089

Despesas Juros 3.182.741 (3.385.420) 9.935.164 Despesas Performance 195.560 Marcação a mercado (1.118.489) (1.125.607) 133,32% (1.880.620) Variação Cambial (10.499.172) 10.497.073 (2.099) 99,98%

Saldo final em dez-2007 52.484.788 (54.036.034) (1.127.706) 102,96% 89.628.633

A empresa contabilizava o empréstimo e o swap pela curva da operação e a

marcação a mercado do swap só era reconhecida para fins de publicação das

demonstrações financeiras em notas explicativas.

3.6 Reconhecimento inicial do hedge e definição do hedge contábil.

Se a empresa do estudo de caso designasse o instrumento financeiro, swap

como hedge contábil, esta operação seria caracterizada como hedge cambial de um

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passivo já reconhecido nas demonstrações financeiras, um empréstimo em moeda

estrangeira, exposto ao risco de variação da taxa de câmbio, que, de acordo com os

pronunciamentos SFAS 133, IAS 39 e CPC 14, receberia o tratamento contábil para

um hedege de fluxo de caixa (cash flow hedege), pelo fato do contrato principal não

sofrer variação pelo valor justo e sim pela curva de juros. Embora, na forma, existe a

figura de exportação de mercadorias, mas na essência, é um empréstimo em moeda

estrangeira.

A empresa financiada não apresentou a documentação requerida para a

contabilização de hedge, portanto é um instrumento derivativo não designado como

hedge, cujo valor justo deverá ser reconhecido diretamente no resultado. Para que

esta operação seja caracterizada com hedge contábil é obrigatória a apresentação

da documentação exigida pelas normas SFAS 133, IAS 39 e CPC 14 no início da

operação. No Quadro 6 abaixo, é apresentada uma sugestão desta documentação:

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Quadro 6 – Documentação da operação com derivativo – swap

Fonte: Teixeira (2004 p.160).

3.7 Resultado da Marcação a Mercado (MtM)

Na Tabela 11 a seguir estão demonstradas as posições contabilizadas em 31

de dezembro de 2007 com o swap marcado a mercado. É importante salientar que o

instrumento financeiro swap, designado como hedge, modificou a contabilização nas

contas de resultado. A variação cambial e juros do contrato principal juntamente com

a variação cambial, juros e o ajuste da marcação a mercado do swap serão

registrados na conta Ajuste de Avaliação Patrimonial no grupo do Patrimônio

Formulário de Designação de Transação de Hedge

1 Data da transação de hedge 09 de maio de 2005

2 Descrição da transação de hedge Swap de Dólar por 104,5% do CDI.

3 Data do contrato 13 de abril de 2005

4 Contraparte do contrato de hedge Banco ABN AMRO Real S.A.

5 Data do vencimento do contrato 13 de abril de 2010

6Descrição dos pagamentos relacionados

ao contrato de hedge

Liquidação por diferença no vencimento

do contrato.

7Descrição do item que está sendo

protegido

Empréstimo em dólares norte-

americanos.

8Descrição do risco que está sendo

protegido

Risco da variação da taxa de câmbio do

dólar norte-americano.

9 Valor do item que está sendo protegido US$ 25.000.000,00

10 Termos do item protegido:

Data da ocorrência do item protegido 09 de maio de 2005

Data esperada da liquidação do item

protegido13 de abril de 2010

11 Eficácia de proteção esperada 100%

12Critériio para medição da eficácia da

proteção esperada

Hedge cambial realizado com as mesmas

condições do item que está sendo

protegido.

Assinatura do responsável Assinatura do aprovador

(Data, nome e cargo) (Data, nome e cargo)

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Líquido, restando somente a despesa da ponta passiva. Quando houver a liquidação

do swap, a conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial será zerada contra o resultado.

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Tabela 11 – Posição Contábil marcada a mercado

Em 31 de dezembro de 2007 marcado a mercado:

Ativo Passivo P.Liq. Resultado

SEQ EVENTOS

Aplicação do

empréstimo

(Caixa)

Contas a

ReceberEstoques Empréstimo

Ponta

Ativa

Swap

Ponta

Passiva

swap

Contas a

pagar

Ajuste

de aval.

Patrim.

Despesas

de jurosVendas CMV

OBTENÇÃO DO EMPRÉSTIMO E ATUALIZAÇÕES

1 Valor original do empréstimo 61.485 (61.485)

2 Variação cambial em R$ do empréstimo 18.785 (18.785)

3 Despesas de juros do empréstimo (9.219) 9.219

4 Despesas de performance (566) 566

TOTAL DO EMPRÉSTIMO 61.485 0 0 (52.485) 0 0 0 (9.000) 0 0 0

CONTRATAÇÃO DO SWAP

5 Valor nocional da operação de swap 61.440 (61.440)

6 Variação cambial da ponta ativa do swap (18.779) 18.779

7 Juros da ponta ativa do swap 9.817 (9.817)

8 Variação CDI da ponta passiva do swap (28.697) 28.697

9 Marcação a mercado do swap 1.558 509 (1.558) (509)

TOTAL DO SWAP 54.036 (89.628) 7.404 28.188

OPERAÇÃO COM MERCADORIAS

10 Compra da mercadoria 42.700 (42.700) 0

11 Exportação da mercadoria 42.700 (42.700)

12 CMV das exportações (42.700) 42.700

LIQUIDAÇÃO DO EMPRÉSTIMO

13 Pagamento dos juros (9.219) 9.219

14 Pagamento da performance (566) 566

15 Pagamento da compra da mercadoria (42.700) 42.700 0

16 Liquidação do empréstimo pelo importador (42.700) 42.700

LIQUIDAÇÃO DO SWAP

17 Liquidação do swap (37.659) (52.478) 90.137 1.596 (1.596)

TOTAL GERAL (28.659) 0 0 0 1.558 509 0 0 26.592 (42.700) 42.700

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São apresentadas a seguir, três tabelas que demonstram as situações

patrimoniais para as seguintes condições:

A) Tabela 12, não se adotando os procedimentos das normas dos

derivativos.

B) Tabela 13, adotando-se os procedimentos das normas para instrumentos

derivativos não designados como hedge.

C) Table 14, instrumentos derivativos designado como hedge, classificado

como hedge de fluxo de caixa.

Tabela 12 – Situação patrimonial sem a marcação a m ercado

BALANÇO 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 Ativo

Caixa 61.485 61.485 61.485 61.485 Total do ativo 61.485 61.485 61.485 61.485 Passivo

Empréstimos (61.485) (61.157) (59.606) (52.485) Swap ponta ativa 61.440 61.131 59.590 52.478 Swap ponta passiva (61.440) (69.275) (80.203) (90.138) Total do financiamento (61.485) (69.301) (80.219) (90.145) Patrimônio Líquido

Resultado acumulado 0 7.816 18.734 28.660 Total do passivo (61.485) (61.485) (61.485) (61.485)

DRE 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 TOTAL

Variação cambial do empréstimo (Receita) 0 2.937 5.349 10.499 18.785

da ponta ativa (Despesa) 0 (2.935) (5.347) (10.497) (18.779)

0 2 2 2 6

Juros do empréstimo (Despesa) 0 (2.609) (3.798) (3.378) (9.785)

da ponta ativa (Receita) 0 2.626 3.806 3.385 9.817

Sub-total 0 17 8 7 32

Variação do CDI (Despesa) (7.835) (10.928) (9.935) (28.698)

0 (7.818) (10.920) (9.928) (28.666)

TOTAL 0 (7.816) (10.918) (9.926) (28.660)

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A tabela acima demonstra a situação patrimonial resultante da contabilização

desta operação, juntamente com o instrumento derivativo swap, atualizados no final

de cada ano pela taxa do contrato, denominado também pela atualização pela curva

do papel. Após a publicação da Lei 11.638/2007 esse tipo de contabilização não é

permitido porque a norma CPC 14 obriga a registrar contabilmente os instrumentos

derivativos a valor justo.

Tabela 13 – Situação patrimonial com marcação a mer cado e sem hedge contabil

BALANÇO 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 Ativo

Caixa 61.485 61.485 61.485 61.485 Total do ativo 61.485 61.485 61.485 61.485 Passivo

Empréstimos (61.485) (61.157) (59.606) (52.485) Swap ponta ativa 61.440 62.819 60.029 54.036 Swap ponta passiva (61.440) (73.284) (81.574) (89.629) Total do financiamento (61.485) (71.622) (81.151) (88.078) Patrimônio Líquido

Resultado acumulado 0 10.137 19.666 26.593 Total do passivo (61.485) (61.485) (61.485) (61.485)

DRE 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 TOTAL

Variação cambial do empréstimo (Receita)

2.937 5.349 10.499 18.785

da ponta ativa (Despesa) (2.935) (5.347) (10.497) (18.779)

0 2 2 2 6

Juros do empréstimo (Despesa)

(2.609) (3.798) (3.378) (9.785)

da ponta ativa (Receita) 2.626 3.806 3.385 9.817

Sub-total 0 17 8 7 32

Variação do CDI (Despesa) (7.835) (10.928) (9.935) (28.698)

0 (7.818) (10.920) (9.928) (28.666)

Ajuste da marcação a mercado

(2.321) 1.389 2.999 2.067

TOTAL 0 (10.137) (9.529) (6.927) (26.593)

Ao se introduzir a marcação a mercado sem o hedge contábil é acrestada a

conta de Ajuste da Marcação a Mercado nas contas de resultados. Justamente pelo

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fato do instrumento financeiro não ser designado como hedge os ajustes são

registrados diretamente nas contas de resultados afetando o lucro de cada período.

Tabela 14 – Situação patrimonial com marcação a mer cado e hedge contábil

BALANÇO 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 Ativo

Caixa 61.485 61.485 61.485 61.485 Total do ativo 61.485 61.485 61.485 61.485 Passivo

Empréstimos (61.485) (61.157) (59.606) (52.485) Swap ponta ativa 61.440 62.819 60.029 54.036 Swap ponta passiva (61.440) (73.284) (81.574) (89.629) Total do financiamento (61.485) (71.622) (81.151) (88.078) Patrimônio Líquido

Ajuste de avaliação patrimonial 0 (1.688) (439) (1.558) Resultado acumulado 0 11.825 20.105 28.151 0 10.137 19.666 26.593 Total do passivo (61.485) (61.485) (61.485) (61.485)

DRE 10/mai/05 dez-05 dez-06 dez-07 TOTAL

Variação cambial do empréstimo (Receita)

2.937 5.349 10.499 18.785

da ponta ativa (Despesa) (2.935) (5.347) (10.497) (18.779)

0 2 2 2 6

Juros do empréstimo (Despesa)

(2.609) (3.798) (3.378) (9.785)

da ponta ativa (Receita) 2.626 3.806 3.385 9.817

Sub-total 0 17 8 7 32

Variação do CDI (Despesa) (7.835) (10.928) (9.935) (28.698)

0 (7.818) (10.920) (9.928) (28.666)

Ajuste da marcação a mercado

(4.009) 2.638 1.880 509

TOTAL 0 (11.825) (8.280) (8.046) (28.151)

Havendo o hedge contábil e se o instrumento derivado for definido como Cash

flow hedge (cobertura de fluxo de caixa) o ajuste da marcação a mercado será

registrado na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial no grupo do Patrimônio

Líquido não afetando o resultado do exercício.

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CCOONNCCLLUUSSÃÃOO

Neste trabalho foi demonstrada a importância dos mercados organizados na

evolução dos instrumentos derivativos. As Bolsas de Valores e Mercantis

desempenham papel importante para o desenvolvimento deste mercado, pois a

estrutura que as envolvem, como corretoras, câmara de compensações e os demais

dispositivos de controle proporcionam segurança aos seus participantes. Podem ser

negociados papéis das mais variadas modalidades nos mercados à vista, futuros e

opções, montando-se qualquer estratégia financeira, tanto para fazer investimentos

de longo prazo, hedge, quanto, especulação ou arbitragem. Os agentes por

consequência exigem o aprimoramento das informações financeiras e contábeis

para tomada de decisão nos seus investimentos.

As operações de hedge são montadas financeiramente objetivando

resguardar-se das incertezas futuras provocadas por diversas variáveis. Estas

operações funcionam como uma trava na rentabilidade, objetivando minimizar os

riscos destes investimentos. Geralmente são utilizados instrumentos derivativos para

hedge.

Com o aumento da utilização dos instrumentos financeiros nas operações das

entidades, os órgãos internacionais reguladores como FASB, SEC e IASB, no Brasil

o CPC e CVM desenvolveram mecanismos de controle, mensuraração e

evidenciação através de relatórios contábeis, demonstranto os riscos em que as

entidades estão expostas. Antes da publicação dos pronunciamentos destes órgãos

era possível que estas operações ficassem fora da escrituração contábil formal. As

normas trazem em seu bojo um arcabouço de grande envergadura, fazendo com

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que os profissionais da área contábil desenvolvam conhecimentos sistemáticos

destes mercados a fim de interpretá-las adequadamente.

Verificou-se que a organização no balanço contábil quanto à classificação dos

instrumentos financeiros foi de grande ajuda, pois a classificação de “Mantidos até o

Vencimento”; “Disponível para Venda” e “Para Comercialização” ajudam a inferir o

grau de risco que a entidade está assumindo. Por exemplo, se o balanço contábil

apresenta um grande valor dos instrumentos financeiros classificados como

mantidos até o vencimento, denota-se que a empresa tem capacidade financeira

para “carregá-los” até o fim, porém, se o fluxo de caixa líquido descontado não

consegue comprovar esta capacidade, então a entidade está exposta a um grande

risco. Em conseqüência dessa classificação é possível contabilizar os ajustes de

mensuração de forma adequada, no resultado do exercício ou diretamente em conta

especial do Patrimônio Líquido.

Constatou-se que as normas também definem com clareza os instrumentos

derivativos, mas para sua designação como hedge, a morma se reveste da mais

rígida formalidade para caracterizá-los. Além da documentação descrevendo sua

estratégia e cobertura do risco, ele deve ser testado para evidenciar a sua eficácia. É

certo que se a entidade opera com derivativos ela deve ter capacidade técnica e

organização suficiente para elaborar a documentação e atender toda a prescrição da

norma.

Este trabalho procurou demonstrar os conceitos que as Normas

Internacionais de Contabilidade exigem neste assunto e tornou-se uma realidade no

Brasil. As empresas não financeiras que operam com derivativos deverão se

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adequar, não somente para atender ao rigor das normas, mas principalmente em

atender as exigências do mercado onde está inserida.

Este trabalho apresentou estudo de caso de operações com instrumento

derivativo swap para proteção contra o risco de variação de taxa de câmbio de uma

modalidade de empréstimo conhecida como adiantamento a exportação. Foi

coletada documentação completa e também levantamento dos registros contábeis

envolvendo esta operação, bem como os cálculos de atualizações da dívida e do

instrumento derivativo. Foi pesquisada metodologia de cálculo para atualização da

dívida e marcação a mercado do swap. Após estes procedimentos chegou-se as

seguintes contatações:

a) A empresa não tinha política de hedge contábil, registrava a dívida e o

swap apenas pela curva do papel.

b) Na demonstração de resultados não anulava a variação cambial da dívida

com a ponta ativa do swap. Apenas registrada a diferença da ponta ativa

contra a ponta passiva em uma conta denominada “Resultado de swap”.

c) Marcava a mercado o instrumento derivativo contra resultado apenas para

reportar em USGAAP, apontando a diferença na reconciliação do

Patrimônio em Notas explicativas.

Foram feitas simulações dos registros contábeis com instrumento derivativo

marcado a mercado sem o hedge contábil contabilizando-se o resultado da

marcação diretamente no resultado.

Para a simulação do hedge contábil foram feitas uma documentação da

política de cobertura, análise da eficiência do hedge. Com base nas normas, foi

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classificado como hedge de fluxo de caixa. Nesta modalidade, o resultado da

marcação a mercado mais os juros e variação cambial da ponta e os juros e

variação cambial do empréstimo foram registrados em conta do Patrimönio Líquido

“Ajustes de Avaliação Patrimonial”, não havendo influência no resultado do exercício.

Ao final da operação esta conta é encerrada contra resultado.

É de vital importância o hedge contábil para evitar a volatilidade no resultado

do exercício provocada pela marcação a mercado dos instrumentos derivativos.

Finalmente, considerando-se a limitação deste trabalho e a dinâmica do

mercado de derivativos podem-se sugerir futuras pesquisas sobre instrumentos de

macro hedge e o global hedge, e também o volume monetário que os instrumentos

financeiros, em geral, representam nas entidades não financeiras.

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GLOSSÁRIO

Assessment of hedge

effectiveness Efetividade do hedge. As normas nacionais e internacionais estabelecem parâmetros entre 80% a 125% para a eficácia.

Available-for-sales Contratos disponíveis para venda sem data prevista para negociação.

Call options Opções de compra

Cash flow hedge Hedge de fluxo de caixa

CDI Certificado de Depósito Interfinanceiro: Título emitido por instituições financeiras com objetivo de captar recursos de outras instituições financeiras; no jargão de mercado se diz da taxa de juros que remunera tais depósitos.

Contrato a termo Contrato com objetivo de reduzir incertezas sobre o preço futuro das mercadorias, não é negociado em bolsa e sim no mercado de balcão e requer entrega física dos bens no momento da liquidação.

Contrato de mercado futuro

Esta modalidade de contrato significa um compromisso de comprar ou vender determinado ativo numa data específica no futuro, por um preço previamente estabelecido, não requer liquidação com entrega física de bens.

Contrato de Opção Uma opção dá a seu titular o direito de fazer algo, sem obrigá-lo a exercer tal direito, diferentemente dos contratos futuros e a termo, em que duas partes se comprometem a fazer algo. Com a exceção dos depósitos de margem, não há custos para realizar um contrato futuro ou a termo, ao passo que a compra de uma opção requer um pagamento antecipado.

Derivativos Derivativos são instrumentos financeiros que não existem por si somente, os mesmos decorrem de outro ativo (e por isso são assim chamados), são ferramentas utilizadas por pessoas ou instituições nos mercados de futuros e de opções no intuito de gerenciar riscos, proteger investimentos ou apenas especular; estes se caracterizam por serem geralmente efetivados por contratos padronizados, negociados entre as partes, em mercados secundários organizados ou contratos ad hoc entre os agentes.

DI Depósito Interfinanceiro, também denominado Depósito Interbancário: Instrumento financeiro destinado a possibilitar a troca de reservas entre as instituições financeiras. Registrado pela CETIP - Câmara de Custódia e Liquidação. Também é referência do custo do dinheiro de um dia, negociado no mercado interbancário.

Disclosure Divulgação (geralmente Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis).

Embbeded derivative Instrumentos híbridos denominados como derivativos embutidos.

Fair Value Valor justo

Fair value hedge Hedge de valor justo

Firm commitment Contrato firme de compra ou venda ainda não registrado contabilmente. Pode ser usado utilizado como hedge de valor justo.

Foreign currency

hedge Hedge de uma exposição a uma moeda estrangeira

Forward Contract Veja Contrato de mercado futuro

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Forward rate

agreements - FRA Contratos onde duas partes avençam sobre a taxa de juros a ser paga em uma data futura, com base em um valor nominal (notional value), para um vencimento especificado.

Hedge Cobrir, defender, safar, garantir, proteger, travar. Estratégia pela qual os investidores com intenções definidas procuram cobrir-se do risco de variações de preços desvantajosas para seus propósitos.

Hedge accounting Contabilização do instrumento de hedge com critérios específicos. A tradução do termo em inglês para o português é "Contabilização de cobertura".

Hedge cambial Hedge em operação de compra e venda de moeda estrangeira. Técnicas especiais permitem combinar o hedge cambial com o hedge de taxa de juros interna.

Held-to- maturity Contratos mantidos na carteira das entidades até o vencimento.

Inicial net investment Em geral, na adesão de um contrato derivativo, não requere um investimento inicial líquido exceto quanto ao prêmio pago em contratos de opção e contratos com dispositivos mais ou menos favoráveis que as condições de mercado determinem

Instrumento financeiro

É qualquer contrato que produza um ativo financeiro para uma entidade e um passivo financeiro ou título patrimonial a uma outra entidade.

Long position Posição comprada (geralmente este termo é empregado no mercado de opções)

Marking-to-Market Marcar a mercado, processo pelo qual ativos reais ou instrumentos financeiros são considerados pelo seu preço de mercado.

Net settlement Liquidação financeira em bases líquidas, ou seja, no caso do contrato de swap, a liquidação no final do contrato será pela diferença entre a ponta ativa e a ponta passiva.

Notional amount Valor nocional: Representa o número de unidade de uma moeda, número de ações, ou qualquer unidade especificada no contrato.

Other-Comprehensive

Income (OCI)

Lucros abrangentes, conta destacada no grupo do Patrimônio Líquido para registrar transações que não tramitam pelo resultado do período. No Brasil, a nomenclatura definida pela Lei 11.638/2007 é Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP).

Over-the-counter-

market Mercado de balcão

Puts options Opções de venda

Short position Posição vendida (geralmente este termo é empregado no mercado de opções)

Swap Trocas: Contrato em que duas partes permutam fluxos de caixa ao longo de certo período.

Trading securities Contratos mantidos na carteira das entidades para venda no curto prazo.

Underlying Taxa de juro específica, um preço de um título ou valor mobiliário específico, um preço de uma commodity, cotações de moeda, índice de preços, ou outra variável. Pode também ser um preço ou percentual de um ativo ou passivo, mas não é considerado o ativo ou passivo em si.

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AANNEEXXOO BB –– TTHHEE OOFFFF--TTAAKKEE CCOONNTTRRAACCTT

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AANNEEXXOO CC –– CCOONNTTRRAATTOO DDEE CCÂÂMMBBIIOO DDEE CCOOMMPPRRAA –– TTIIPPOO EEXXPPOORRTTAAÇÇÃÃOO

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