pedro bandeira “meus livros tratam de gente” · grande desafio”, “descanse em paz meu...

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São Luís, 26 e 27 de novembro de 2016. Sábado/ Domingo [email protected] U m dos mais prestigiados autores da literatura bra- sileira no segmento infan- tojuvenil, o escritor Pedro Bandeira estará neste sábado, 26, às 10h, na Livraria Moderna (Cohama) para lançar novas edições de oito livros de sua autoria. Serão relançados os livros “Alice no País da Mentira”, “Brincadeira Mortal”, “Gente de estimação”, “O Grande desafio”, “Descanse em paz meu amor...”, “Prova de Fogo”, “Ma- ria Menina e Mulher” e “Histórias Apaixonadas”. Na ocasião, o autor vai conversar com os leitores e con- tar novidades da carreira. As obras, publicadas há mais de 20 anos, ga- nharam edições inéditas pela Edi- tora Moderna e trazem novidades como textos totalmente revistos pe- lo autor e novo conceito visual com novas capas e projetos gráficos di- ferenciados. Nessas obras, é possí- vel encontrar enredos variados re- pletos de suspense, mistério, amor e emoção que prometem levar o lei- tor para mais que uma simples lei- tura: uma nova experiência. Nascido em Santos, em 1942, Pe- dro Bandeira trabalhou em teatro profissional como ator, diretor e ce- nógrafo. Foi redator, editor e ator de comerciais de televisão. A partir de 1983 tornou-se exclusivamente es- critor. Sua obra, direcionada a crian- ças e jovens, tem ganhado diversos prêmios, como Jabuti, APCA, Adol- fo Aizen e Altamente Recomendá- vel, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Já vendeu mais de 20 milhões de exemplares de seus livros. Atualmente, é autor exclusi- vo da Editora Moderna. Nesta entrevista a O Estado, o es- critor fala sobre literatura, relação com os leitores e sobre inspiração. O senhor está relançando grandes clássicos da literatura infantoju- venil e que marcaram gerações. O senhor acha que a forma das crian- ças e adolescentes de hoje em se re- lacionar com os livros mudou? Publico livros para crianças e adolescentes há quase 40 anos. O que posso dizer é que alguns dos pri- meiros que publiquei, como “A dro- ga da obediência”, “A marca de uma lágrima” e “O fantástico mistério de Feiurinha” fazem grande sucesso até hoje, como se eu os tivesse lançando novamente a cada ano que se inicia. Meus leitores atuais, que têm 10 anos, recebem estes livros das mãos depro- fessoras que têm 50 anos, de mães e pais que têm 30 e essas três gerações leram, leem e curtem esses livros com grande prazer! Isso só pode sig- nificar que os tempos podem ter mudado, mas não as pessoas. Meus livros, como todos os clássicos, não tratam do tempo de hoje; falam dos sentimentos humanos, tratam do amor, do ciúme, da inveja, da alegria, do medo, da esperança, da justiça, da amizade, da confiança. E nada disso depende da invenção do com- putador, da Internet, do Facebook, do Google, do videogame ou do te- lefone celular. Meus livros tratam de gente. E gente é eterno. Quando eu escrevi estes livros, quando eu os escrevo atualmente e quando eu continuarei a escrever, sempre es- tarei inspirado pelo amor que te- nho pelas gentes. E meus leitores sabem disso. Os livros trazem novidades gráfi- cas e também textos revistos pelo senhor. Em suas obras, os temas são comuns às descobertas de crianças e adolescentes, temas que acontecem em qualquer geração. Houve alguma necessidade de mu- danças nos textos? Foram leves demais, porque, co- mo eu disse acima, as pessoas são sempre as mesmas, os sentimentos delas são sempre os mesmos. Revi- sitações de textos significam uma varredura da sala, uma tirada de pó dos móveis. O que fiz foi rearrumar a sala e os móveis usando as novas vassouras e os novos espanadores que fui aprendendo com a expe- riência de décadas. Quem tiver uma edição antiga e for compará-la a es- sas novas apenas ficará impressio- nado com a beleza da produção dos livros, com sua modernidade gráfi- ca e artística. Só um especialista no- tará detalhes das arrumações de textos e estruturas. Seus livros falam de descobertas da adolescência e, em algumas ve- zes, já foram alvo de polêmicas com pedidos de pais de alunos pa- ra que sejam retirados da leitura obrigatória por mostrarem desco- bertas comuns da adolescência. Hoje, na época que a velocidade de informações está bastante acele- rada, por que, na sua opinião, que as descobertas em relação ao cor- po ainda causam tanta polêmica? Isso é bastante raro. Em quase 40 anos como autor, houve apenas uma ou outra dessas censuras. Meus textos são extremamente sé- rios quanto à adequação da psico- logia de cada idade à qual cada li- vro meu é indicado, isso todas as professoras sabem. Mas (felizmen- te!), as pessoas não são iguais, nem todas pensam do mesmo jeito. Há famílias mais conservadoras que as outras e assim, não só em relação aos meus livros quanto aos livros de todos os meus colegas, de vez em quando aparecem reclamações. Por exemplo, no caso dos menores, quando eu e outros autores usamos o folclore, ouvimos reclamações quando incluímos o Saci ou alguma bruxa em nossas histórias, devido a certas posturas religiosas. Não se pode agradar a todo mundo... Co- nhecem a fábula do Esopo em que um velho vai com um menino ven- der seu burro na feira e cada pessoa que aparece os critica porque estão andando a pé e não montados no burro, ou porque só o homem mon- ta no burro e explora o menino que vai a pé, ou porque o menino está montado no burro enquanto o ve- lho o segue a pé, ou porque os dois montam o burro, exaurindo o po- bre animal? Diferenças de opinião existem há séculos! Felizmente eu sou um dos que menos sofrem re- clamações. Mas estou certo de que mesmo os reclamantes sabem que eu amo os filhos deles, que eu dedi- co a minha vida a ajudar as profes- soras a educá-los e a construir sua segurança psicológica. Além do relançamento desses li- vros, há ainda para esse ano títu- los inéditos? Sim, estão para sair algumas no- vidades muito divertidas, mas des- ta vez eu andei pensando nos me- nores, nos alfabetizandos. Eu só es- crevo para meus netinhos desde a pré-escola até o fim do fundamen- tal. Para todos os meus milhões de netinhos! No bate-papo em São Luís, o que o público que é fã de sua obra po- de esperar? Eles sabem que de mim só po- dem esperar carinho, muito cari- nho, muito amor. Aos quase 75 anos, minha maior alegria é poder abraçá-los, ouvi-los, senti-los ao meu lado. E sempre me emociono como se fosse a primeira vez. Eles são o meu oxigênio. BRUNA CASTELO BRANCO Editora do Alternativo PALESTRA EXALTA NAURO MACHADO Poeta Carlos Nejar realiza nesta segunda-feira, uma homenagem ao escritor maranhense P. 5 Divulgação/Rubens Romero Um dos maiores nomes da literatura nacional infantojuvenil, o escritor Pedro Bandeira participa de encontro com leitores neste sábado, às 10h, na Livraria Moderna “Meus livros tratam de gente” Entrevista Pedro Bandeira Meus livros, como todos os clássicos, não tratam do tempo de hoje; falam dos sentimentos humanos, tratam do amor, do ciúme, da inveja, da alegria, do medo, da esperança, da justiça, da amizade, da confiança” PEDRO BANDEIRA, Autor Obras relançadas são clássicos da literatura Livros receberam novo projeto gráfico AFETO escritor diz gostar do contato com os leitores Serviço O quê Lançamento de livros e bate´papo com o escritor Pedro Ban- deira Quando: Sábado, às 13h Onde Livraria Moderna (Cohama)

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Page 1: Pedro Bandeira “Meus livros tratam de gente” · Grande desafio”, “Descanse em paz meu amor...”, “Prova de Fogo”, “Ma-ria Menina e Mulher” e “Histórias Apaixonadas”

São Luís, 26 e 27 de novembro de 2016. Sábado/ [email protected]

Um dos mais prestigiadosautores da literatura bra-sileira no segmento infan-tojuvenil, o escritor Pedro

Bandeira estará neste sábado, 26, às10h, na Livraria Moderna (Cohama)para lançar novas edições de oitolivros de sua autoria.

Serão relançados os livros “Aliceno País da Mentira”, “BrincadeiraMortal”, “Gente de estimação”, “OGrande desafio”, “Descanse em pazmeu amor...”, “Prova de Fogo”, “Ma-ria Menina e Mulher” e “HistóriasApaixonadas”. Na ocasião, o autorvai conversar com os leitores e con-tar novidades da carreira. As obras,publicadas há mais de 20 anos, ga-nharam edições inéditas pela Edi-tora Moderna e trazem novidadescomo textos totalmente revistos pe-lo autor e novo conceito visual comnovas capas e projetos gráficos di-ferenciados. Nessas obras, é possí-vel encontrar enredos variados re-pletos de suspense, mistério, amore emoção que prometem levar o lei-tor para mais que uma simples lei-tura: uma nova experiência.

Nascido em Santos, em 1942, Pe-dro Bandeira trabalhou em teatroprofissional como ator, diretor e ce-nógrafo. Foi redator, editor e ator decomerciais de televisão. A partir de1983 tornou-se exclusivamente es-critor. Sua obra, direcionada a crian-ças e jovens, tem ganhado diversosprêmios, como Jabuti, APCA, Adol-fo Aizen e Altamente Recomendá-vel, da Fundação Nacional do LivroInfantil e Juvenil. Já vendeu mais de20 milhões de exemplares de seuslivros. Atualmente, é autor exclusi-vo da Editora Moderna.

Nesta entrevista a O Estado, o es-critor fala sobre literatura, relaçãocom os leitores e sobre inspiração.

O senhor está relançando grandesclássicos da literatura infantoju-venil e que marcaram gerações. Osenhor acha que a forma das crian-ças e adolescentes de hoje em se re-lacionar com os livros mudou?

Publico livros para crianças eadolescentes há quase 40 anos. Oque posso dizer é que alguns dos pri-meiros que publiquei, como “A dro-ga da obediência”, “A marca de umalágrima” e “O fantástico mistério deFeiurinha” fazem grande sucesso atéhoje, como se eu os tivesse lançandonovamente a cada ano que se inicia.Meus leitores atuais, que têm 10 anos,recebem estes livros das mãos depro-fessoras que têm 50 anos, de mães epais que têm 30 e essas três geraçõesleram, leem e curtem esses livroscom grande prazer! Isso só pode sig-nificar que os tempos podem termudado, mas não as pessoas. Meuslivros, como todos os clássicos, nãotratam do tempo de hoje; falam dossentimentos humanos, tratam doamor, do ciúme, da inveja, da alegria,do medo, da esperança, da justiça,da amizade, da confiança. E nadadisso depende da invenção do com-putador, da Internet, do Facebook,do Google, do videogame ou do te-lefone celular. Meus livros tratam degente. E gente é eterno. Quando euescrevi estes livros, quando eu osescrevo atualmente e quando eucontinuarei a escrever, sempre es-tarei inspirado pelo amor que te-nho pelas gentes. E meus leitoressabem disso.

Os livros trazem novidades gráfi-cas e também textos revistos pelosenhor. Em suas obras, os temassão comuns às descobertas decrianças e adolescentes, temas queacontecem em qualquer geração.Houve alguma necessidade de mu-danças nos textos?

Foram leves demais, porque, co-mo eu disse acima, as pessoas sãosempre as mesmas, os sentimentosdelas são sempre os mesmos. Revi-sitações de textos significam uma

varredura da sala, uma tirada de pódos móveis. O que fiz foi rearrumara sala e os móveis usando as novasvassouras e os novos espanadoresque fui aprendendo com a expe-riência de décadas. Quem tiver umaedição antiga e for compará-la a es-sas novas apenas ficará impressio-nado com a beleza da produção doslivros, com sua modernidade gráfi-ca e artística. Só um especialista no-tará detalhes das arrumações detextos e estruturas.

Seus livros falam de descobertasda adolescência e, em algumas ve-zes, já foram alvo de polêmicascom pedidos de pais de alunos pa-ra que sejam retirados da leituraobrigatória por mostrarem desco-bertas comuns da adolescência.Hoje, na época que a velocidade deinformações está bastante acele-rada, por que, na sua opinião, queas descobertas em relação ao cor-po ainda causam tanta polêmica?

Isso é bastante raro. Em quase 40anos como autor, houve apenasuma ou outra dessas censuras.Meus textos são extremamente sé-rios quanto à adequação da psico-logia de cada idade à qual cada li-vro meu é indicado, isso todas asprofessoras sabem. Mas (felizmen-te!), as pessoas não são iguais, nem

todas pensam do mesmo jeito. Háfamílias mais conservadoras que asoutras e assim, não só em relaçãoaos meus livros quanto aos livros detodos os meus colegas, de vez emquando aparecem reclamações. Porexemplo, no caso dos menores,quando eu e outros autores usamoso folclore, ouvimos reclamaçõesquando incluímos o Saci ou algumabruxa em nossas histórias, devido acertas posturas religiosas. Não sepode agradar a todo mundo... Co-nhecem a fábula do Esopo em queum velho vai com um menino ven-der seu burro na feira e cada pessoaque aparece os critica porque estãoandando a pé e não montados noburro, ou porque só o homem mon-ta no burro e explora o menino quevai a pé, ou porque o menino estámontado no burro enquanto o ve-lho o segue a pé, ou porque os doismontam o burro, exaurindo o po-bre animal? Diferenças de opiniãoexistem há séculos! Felizmente eusou um dos que menos sofrem re-clamações. Mas estou certo de quemesmo os reclamantes sabem queeu amo os filhos deles, que eu dedi-co a minha vida a ajudar as profes-soras a educá-los e a construir suasegurança psicológica.

Além do relançamento desses li-vros, há ainda para esse ano títu-los inéditos?

Sim, estão para sair algumas no-vidades muito divertidas, mas des-ta vez eu andei pensando nos me-nores, nos alfabetizandos. Eu só es-crevo para meus netinhos desde apré-escola até o fim do fundamen-tal. Para todos os meus milhões denetinhos!

No bate-papo em São Luís, o queo público que é fã de sua obra po-de esperar?

Eles sabem que de mim só po-dem esperar carinho, muito cari-nho, muito amor. Aos quase 75anos, minha maior alegria é poderabraçá-los, ouvi-los, senti-los aomeu lado. E sempre me emocionocomo se fosse a primeira vez. Elessão o meu oxigênio. �

BRUNA CASTELO BRANCOEditora do Alternativo

PALESTRA EXALTANAURO MACHADOPoeta Carlos Nejar realiza nestasegunda-feira, uma homenagem aoescritor maranhense P. 5

Divulgação/Rubens Romero

Um dos maiores nomes da literatura nacional infantojuvenil, o escritor Pedro Bandeira participa de encontro com leitores neste sábado, às 10h, na Livraria Moderna

“Meus livros tratam de gente”Entrevista

Pedro Bandeira

Meus livros,como todos osclássicos, nãotratam do tempode hoje; falamdos sentimentoshumanos, tratamdo amor, dociúme, da inveja,da alegria, domedo, daesperança, dajustiça, daamizade, daconfiança”

PEDRO BANDEIRA,Autor

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