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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃOPRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: Práticas Pedagógicas: gramática normativa ou análise linguística?

Autor Luciana Ferreira Matar

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Brasílio de Araújo

Rua Joaquim Ladeia, 187

Município da escola Bela Vista do Paraíso

NRE Londrina

Professor Orientador Paulo Roberto Almeida

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar------------------------------------------------------------------------------------

Resumo

Refletir e discutir, entre professores e pedagogos, questões relativas à teoria e práticas pedagógicas referentes ao ensino da gramática normativa e da análise linguística, buscando um posicionamento e uma tomada de decisão em relação a estas questões, a fim de que o ensino-aprendizagem da análise linguística contribua para a formação de um leitor competente através dos recursos da textualidade.

Palavras-chave Textualidade; gramática normativa; análise linguística;práticas pedagógicas.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Professores de Língua Portuguesa e pedagogos.

APRESENTAÇÃO

O objetivo desta sequência didática é refletir e discutir, entre professores,

questões relativas à teoria e práticas pedagógicas referentes ao ensino da gramática

normativa e da análise linguística, buscando um posicionamento e uma tomada de

decisão em relação a estas questões.

Apesar de todos os instrumentos teóricos norteadores do trabalho com o

ensino de língua portuguesa, parece haver, por parte dos professores, uma incerteza

quanto à metodologia a ser utilizada e ao que realmente seja importante ensinar aos

alunos no que se refere à Análise Linguística.

Alguns professores comentam que vão trabalhar apenas leitura e

interpretação de textos, ou seja, “aboliram” a gramática ou então julgam que ela não

faça parte do estudo da língua; outros parecem ainda estar muito presos à gramática

tradicional, importando-se apenas com a nomenclatura.

Em geral, os estudos linguísticos que integram os currículos dos cursos de letras ainda incidem muito sobre aspectos da morfossintaxe das línguas, em detrimento de questões sobre a construção e a circulação das ações de linguagem. Consequentemente, o olhar dos professores e alunos sobre a construção do texto ainda é um olhar quase exclusivamente gramatical. Ainda falta, em muitos cursos, uma abordagem consistente de teorias sobre a textualidade, o que poderia ser possível pela exploração dos princípios da linguística de texto (ANTUNES, 2010, p.14).

Muitas dúvidas e incertezas fazem parte do quadro que direciona o ensino

de língua portuguesa , principalmente no que diz respeito ao enfoque da gramática.

Qual é o olhar que o professor de língua portuguesa tem do ensino da gramática na

língua materna? Que direcionamentos ele poderá tomar dentro das novas propostas

das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa? É ou não é para ensinar a

gramática normativa? Como? Qual a ênfase que nós, professores de língua

portuguesa, deveremos dar para esta questão?

Esta sequência didática tem por finalidade a busca de um embasamento

teórico e o exercício de novas práticas pedagógicas para uma gramática reflexiva,

interativa e funcional, que não se desprenda do texto.

De acordo com Antunes (2010, p. 14), “[...] falta ao professor uma prática

contínua de análise, que possibilite o desenvolvimento da capacidade de enxergar

os elementos que, para além do gramatical, são centrais para o entendimento do

texto.”

E é justamente desta “prática contínua de análise” de que nos fala Irandé

Antunes que esta produção didático-pedagógica trata, tendo o objetivo de levar o

professor a refletir e tomar consciência de uma nova postura em relação ao ensino

de língua portuguesa. É claro que não se trata de uma “mágica”. Ninguém muda de

olhar de uma hora para outra. Mas é através de leituras e discussões, embasadas

por fundamentação teórica e sugestões pedagógicas que o professor poderá

caminhar para uma nova forma de ver o trabalho com a gramática, libertando-se de

uma postura mais rígida e entrando em contato com questões gramaticais de uso,

que partam do texto, com questões que usem a gramática no plano da textualidade

e não na fragmentação de enunciados.

MÓDULO I

[…] certamente, nenhum de nós faria, nem conhece quem faça, coisas como as seguintes: propor a uma criança de dois anos (ou menos) que faça tarefas como completar, procurar palavras de um certo tipo num texto, construir uma frase com palavras dispersas, separar sílabas, fazer frases interrogativas, afirmativas, negativas, dar diminutivos, aumentativos, dizer alguma coisa vinte ou cem vezes, copiar, repetir, decorar conjugações verbais etc. Tudo isso são exemplos de exercícios. Nada disso se faz na vida real, porque nada disso ajuda ninguém a aprender uma língua. Em resumo, poderíamos enunciar uma espécie de lei, que seria: não se aprende por exercícios, mas por práticas significativas. (POSSENTI, 1996, p.47).

ATIVIDADE 1

Será proposto aos professores, antes de qualquer leitura a respeito dos

temas que serão apresentados para reflexão, que respondam cinco questões sobre

alguns dos itens que serão discutidos durante os encontros. Estas questões servirão

de base para serem discutidas e refletidas juntamente com as propostas de leituras

que virão nos encontros futuros.

ALGUMAS QUESTÕES AOS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1) Para você, qual o papel do professor de língua portuguesa no ensino de língua materna?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2) Qual a função da escola no ensino de língua portuguesa?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

3) Dentro de uma proposta interacionista da língua e de acordo com o que nos dizem as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa, deve-se ou não ensinar gramática normativa na escola? Por quê?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4) No que diz respeito ao enfoque da gramática normativa/análise linguística, qual (quais) metodologia(s) você costuma utilizar? Assinale quantas respostas você julgar necessárias para traduzir sua prática de sala de aula:

( ) Não trabalho a gramática normativa em minhas aulas.

( ) Utilizo frases soltas para sistematizar o conteúdo, antes da realização dos exercícios.

( ) Trabalho com muitos exercícios estruturais de fixação.

( ) Procuro utilizar atividades que privilegiem a identificação, em textos, do conteúdo que está sendo trabalhado.

( ) Uso atividades que cobrem a nomenclatura dos conteúdos, sobretudo das classes gramaticais e funções sintáticas.

( ) Só trabalho com a gramática a partir do texto.

( ) Dou prioridade para atividades de reflexão da língua em uso

5) Para você, o que é utilizar um texto como pretexto para o trabalho com a gramática normativa?

ATIVIDADE 2

Antes de qualquer discussão a respeito de práticas pedagógicas que

enfoquem a gramática normativa ou a análise linguística propriamente dita, é

fundamental uma leitura que retome conceitos relativos às concepções de

linguagem e aos vários tipos de gramática, para que a visão da gramática normativa

como única ( que muitas vezes temos) se desfaça. A sugestão, antes de mais nada,

é da leitura da primeira parte do livro “Por que (não) ensinar gramática na

escola”, de Sírio Possenti. A leitura deverá ser feita por todos os professores para a

reflexão e discussão em conjunto. Como roteiro para discussão após a leitura do

texto, sugerem-se as seguintes questões:

1) Segundo Possenti (1996, p.30) “Saber falar significa saber uma língua. Saber uma língua significa saber uma gramática.” O que isso quer dizer? Podemos afirmar que nossos alunos, ao virem para a escola, conhecem uma gramática? Que gramática é esta?

2) “...não se aprende por exercícios, mas por práticas significativas”. (POSSENTI, 1996, p. 47).Refletindo sobre o que nos fala Sírio Possenti, o que poderíamos dizer sobre nossa prática pedagógica no ensino de língua portuguesa? Talvez não possamos ainda dizer com certeza o que devemos fazer, mas certamente podemos responder: o que NÃO devemos fazer?

MÓDULO II

Qual a gramática que enfocamos no ensino de língua portuguesa?

ATIVIDADE 1

Neste módulo, serão apresentados aos professores dois textos de alunos

para análise e reflexão. Os textos trarão em negrito apenas os erros ortográficos e

de concordância.

O objetivo desta atividade é suscitar uma discussão em torno da prática

de, muitas vezes, colocar a gramática normativa como única no processo do ensino

de língua portuguesa. No que diz respeito à produção textual, por exemplo, será

interessante observar como somente aspectos ortográficos e de concordância foram

colocados em destaque no texto I. Observações com relação à coerência, coesão e

argumentação não foram feitas. Por outro lado, o texto II limitou-se a destacar

apenas um termo, ou seja, teoricamente o texto estaria “quase perfeito”, sem “erros”.

Contudo, espera-se que os professores cheguem à conclusão de que o texto II

apresenta problemas muito mais sérios que o texto I, uma vez que não tem um

conteúdo significativo, possui deficiências na coerência e coesão, é típico de alunos

que produzem frases soltas, sem conexão umas com as outras. Enfim, os

professores discutirão o que esses textos mostram em relação a suas práticas

pedagógicas.

ATIVIDADE 2

Após a análise, discussão e avaliação pelos professores dos textos

anteriores, propõe-se a leitura do texto “Mas o que é mesmo 'gramática'?”, de Carlos

Franchi. O texto oferece ao professor subsídios teóricos para discutir questões em

torno da gramática e de suas implicações na prática pedagógica do professor de

língua portuguesa. Feita a leitura do texto, as seguintes questões serão

apresentadas como roteiro para nortear a reflexão e discussão dos professores

acerca do tema.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1) Qual a relação que cada uma das concepções de gramática apresentadas pelo autor estabelece com a nossa prática pedagógica atual?

2) De acordo com o autor, qual das três gramáticas deve ter prioridade no ensino de língua portuguesa? Dê exemplos práticos que justifiquem tal posicionamento.

MÓDULO III

No módulo I, foi proposta aos professores a leitura da primeira parte do

livro “Por que (não) ensinar gramática na escola”, de Sírio Possenti. Neste

momento, faz-se necessária a leitura da segunda parte do mesmo livro, que trata

dos vários conceitos de gramática, das regras, da língua e da questão do erro. Tais

conceitos são indispensáveis para a fundamentação teórica do professor,

principalmente no que se refere às várias gramáticas e à noção de erro, que

derrubam certas concepções que acreditam ser a gramática normativa a única

detentora de toda a língua e a falsa impressão de que o professor de português é

apenas um corretor de “erros”.

Após a leitura em conjunto feita pelos professores, sugere-se o seguinte

roteiro de questões para discussão:

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1) Sírio Possenti nos apresenta vários tipos de gramática. Quais são elas e qual a relação que cada uma estabelece com o ensino da língua portuguesa?

2) Reflita a respeito da questão do ensino da colocação dos pronomes observada pelo autor. Como está, de fato, acontecendo o ensino deste conteúdo no momento?Os alunos estão sendo levados a perceber que há diferenças entre o que a gramática normativa diz e o que podemos ver no uso do português do Brasil?

MÓDULO IV

Estratégias para o enfoque da análise linguística no ensino fundamental

ATIVIDADE 1

A proposta do módulo IV é a leitura do artigo “Análise linguística no ensino

fundamental”, de Lilian Cristina Buzato Ritter, que consta do volume 42 da Formação

de Professores – EAD, da UEM.

O texto traz considerações importantes e embasamento teórico-prático ao

professor de língua portuguesa a respeito de possibilidades concretas para trabalhar

a gramática de uma forma contextualizada. Há uma retomada sobre a concepção

interacionista de linguagem e sobre as principais diferenças entre uma aula de

gramática e a prática de análise linguística.

Dentro de uma proposta pedagógica para o enfoque da análise linguística

e leitura, o texto elucida as etapas necessárias para o trabalho com o gênero,

trazendo informações sobre os componentes desta análise, ou seja, o contexto de

produção, a construção composicional, o conteúdo temático e as marcas

linguísticas. Portanto, o objetivo deste módulo é fundamentar o professor para o

trabalho com a análise linguística, mas contemplando todos os eixos do ensino de

língua portuguesa: leitura, produção e análise linguística.

ATIVIDADE 2

A partir da leitura da crônica “A mulher vestida”, de Fernando Sabino,

elaborar, no mínimo, três atividades de análise linguística.

MÓDULO V

Novas perspectivas para o ensino da gramática

ATIVIDADE 1

Leitura e discussão do artigo “Analise linguística no ensino médio: um

novo olhar, um outro objeto”, de Márcia Mendonça.

O objetivo desta atividade será embasar os professores teoricamente a

respeito das diferenças fundamentais entre o trabalho com a gramática normativa e

o trabalho com a análise linguística, além de apresentar textos com exemplos

concretos destas práticas.

Sobre isso, Mendonça (2006, p.208) nos esclarece:

O que configura um trabalho de AL é a reflexão recorrente e organizada, voltada para a produção de sentidos e/ou para a compreensão mais ampla dos usos e do sistema linguísticos, com o fim de contribuir para a formação de leitores escritores de gêneros diversos, aptos a participarem de eventos de letramento com autonomia e eficiência.

ATIVIDADE 2

Após a leitura do texto, propõe-se as seguintes questões:

QUESTÕES PARA REFLEXÃO....

1) Márcia Mendonça reflete sobre a organização cumulativa dos conteúdos no ensino médio e aponta a necessidade da análise linguística como complemento para as práticas de leitura e produção textual. Discuta como tem sido esta organização de conteúdos nos três anos do ensino médio e qual o papel da análiselinguística nesta organização.

2) São as atividades epilinguísticas que capacitarão o aluno para chegar às atividades metalinguísticas. Dê um exemplo prático disto utilizando um conteúdo de língua portuguesa e fazendo a abordagem da análise linguística. Se achar necessário, poderá utilizar um texto para elaboração de algumas atividades que exemplifiquem concretamente esta colocação.

MÓDULO VI

Transpondo os limites da gramática

ATIVIDADE 1

Neste módulo, o que se propõe é a leitura do capítulo 12 do livro “Muito

além da gramática”, de Irandé Antunes. Neste capítulo, com o título “Uma sugestão

de programa muito além da gramática”, a autora apresenta um programa que

focaliza o texto, a frase e, finalmente, a palavra (como parte da atividade discursiva).

Os professores terão oportunidade de lerem e discutirem o programa, ampliando

também o embasamento teórico a respeito do assunto.

ATIVIDADE 2

Após a leitura e discussão do texto da atividade 1, no mesmo capítulo, os

professores farão a leitura e análise da parte prática deste programa de Irandé

Antunes. Ela apresenta um anúncio de um banco, onde explora os itens

apresentados em seu programa. Desta forma, o professor poderá visualizar, na

prática, um texto analisado sob a perspectiva de uma gramática contextualizada.

Antunes (2010, p.16) nos coloca a necessidade do exercício do professor

na busca da efetivação de uma nova visão do enfoque da gramática:

Os professores têm procurado entender esse ponto quando propõem a conveniência de se estudar a 'gramática contextualizada', ou 'a gramática no texto', conforme dizem. Mas ainda, falta, me parece, vivenciar satisfatoriamente essa proposta. As atividades realizadas sob o rótulo de gramática contextualizada têm consistido, quase sempre, na prática de retirar do texto um fragmento para indicar as classes ou categorias morfossintáticas desses fragmentos ou partes deles.

Feitas as leituras, seguem algumas questões para atividade prática entre

os professores:

HORA DE PRATICAR...

1) No programa de Irandé, no que diz respeito às conjunções, preposições e advérbios, o que é realmente importante enfatizar? Como? Dê um exemplo concreto a partir de um texto.

2) Faça o mesmo com relação ao uso dos sinais de pontuação e outros recursos gráficos.

MÓDULO VII

A construção do texto (fundamentos teóricos)

Leitura e estudo do capítulo 6 do livro “Análise de textos: fundamentos e

práticas”, de Irandé Antunes. O objetivo da leitura deste capítulo é fundamentar

teoricamente o professor para analisar o texto, priorizando aspectos de sua

construção. O capítulo coloca em discussão a coesão e a coerência, os nexos

textuais e ainda traz um quadro com os valores semânticos de operadores

argumentativos/ marcadores textuais. Portanto, oferece um material teórico de muito

valor para que o professor possa, posteriormente, aplicar estes conhecimentos nas

análises textuais em sala de aula.

A respeito disto, Antunes (2010, p.115) nos diz:

Como na construção de um edifício, é preciso que se saiba como se juntam os vários elementos, os vários materiais que hão de resultar num todo coerente, pensado para desenvolver certas funções. A questão maior, no entanto, não é juntar as partes, dar-lhes uma junção; é fazer com que dessa junção resulte um todo funcional, com sentido e propósitos claros, de forma que se reconheça um propósito comunicativo, uma proposta de interação, uma negociação de sentido, uma ação de linguagem, enfim.

QUESTÕES SOBRE O TEXTO

1) Segundo Irandé Antunes, como se dá a materialização da coesão nos textos?

2) Elabore, a partir de um texto, pelo menos duas atividades que focalizem os recursos de constituição dos nexos textuais, de acordo com o texto de Irandé.

MÓDULO VIII

A prática da análise de um texto na perspectiva de sua construção

ATIVIDADE 1

Leitura da análise da fábula “Os urubus e os sabiás” (Rubem Alves), feita

por Irandé Antunes em seu livro “Análise de textos: fundamentos e práticas”. A

análise destaca, neste momento, aspectos da construção do texto (vistos no módulo

anterior), porém, desta vez, de uma maneira bem prática.

Objetiva-se, com esta atividade, que o professor entre em contato com

aspectos essenciais para se analisar um texto considerando a sua forma de

construção. A expectativa é de que, o professor, cada vez mais, a partir dos

exemplos das análises, sinta segurança em explorar aspectos semelhantes em

outros textos com seus alunos. É um exercício de aprendizagem constante, para

que as análises não se detenham apenas na superficialidade do texto.

Antunes (2010, p.152) afirma “ […] é, aí, no texto, que podemos ver como

essa gramática se efetiva e que funções discursivas cada uma de suas ocorrências

cumpre.”

ATIVIDADE 2

TRABALHANDO A PARTIR DO TEXTO...

A partir da leitura da análise da fábula “Os urubus e os sabiás” (Rubem Alves), feita por Irandé Antunes, discutir com os professores em que as sugestões da análise podem viabilizar o trabalho pedagógico do professor de língua portuguesa no que se refere ao ensino da gramática contextualizada.

MÓDULO IX

Reconhecimento de atividades que utilizam o texto como pretexto para o

ensino da gramática normativa

ATIVIDADE 1

Propor aos professores que façam a leitura de um trecho do capítulo I de

“Macunaíma – o herói sem nenhum caráter”, de Mário de Andrade, e que,

posteriormente, analisem os comentários de algumas questões de gramática sobre

este texto que foram encontradas em um livro didático do Ensino Médio. Os

comentários estão no artigo A leitura no ensino médio: o que dizem os documentos

oficiais e o que se faz?”, de Shirley Jurado e Roxane Rojo. O objetivo desta

atividade é fazer com que o professor tome ciência de que as questões dos livros

didáticos e muitas das atividades de gramática que são trabalhadas em sala de aula

e que remetem ao texto, utilizam-no apenas como pretexto para o ensino da

gramática tradicional, não chegando a um dos objetivos do ensino da língua

materna: que é analisar os recursos linguísticos utilizados num texto, bem como

suas funções do ponto de vista discursivo.

ATIVIDADE 2

Solicitar que os professores façam o levantamento de algumas questões

de gramática do livro didático que utilizam e que verifiquem, em cada capítulo, o que

predominam: se questões que estão somente utilizando o texto como pretexto,

trabalhando só com frases descontextualizadas, fragmentadas ou se trazem

questões que enfocam a análise linguística, enfatizando os recursos textuais, onde

os componentes linguísticos são funcionais nas relações de sentido do texto. Para

esta pesquisa, sugere-se a leitura do quadro elaborado por Márcia Mendonça

(2006,p.207), que consta também nas Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa

(2008, p.61-62) e que aponta as principais diferenças entre o ensino na perspectiva

da gramática normativa descontextualizada e o enfoque na prática de análise

linguística. Buscar-se-ão aqui sugestões de diferentes formas de exploração dos

textos trabalhados, onde o trabalho com a gramática torne-se mais usual,

contribuindo para a análise e interpretação de textos e não apenas fazendo

distinções de classes e exercitando nomenclaturas. Há possibilidade também de

uma tabulação destes dados em outros livros didáticos, conforme interesse do

professor.

Para nortear esta pesquisa, além da leitura referida acima, segue-se uma

ficha com algumas questões para os professores utilizarem como dados na análise

de cada livro didático.

NOME DO LIVRO DIDÁTICO (COLEÇÃO):

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

TOTAL DE QUESTÕES GRAMATICAIS ANALISADAS NO LIVRO: �

1) As questões que se referem aos conteúdos gramaticais estão, predominantemente: A ( ) voltadas para os efeitos de sentido que produzem nos contextos.B ( ) voltadas exclusivamente para o uso da norma-padrão.

2) As explicações referentes aos conteúdos gramaticais partem:A ( ) de exemplos de casos específicos até se chegar à conclusão das regras.B ( ) da transmissão de regras e exposição de exemplos.

3) A metodologia utilizada para a realização dos exercícios/atividades é feita:A ( ) através de atividades de pesquisa, que levam o aluno a comparar e refletir sobre as situações diversas de uso da língua, bem como seus efeitos de sentido.B ( ) por meio de exercícios que exigem identificação e classificações de termos dentro da Morfologia e da Sintaxe.

4) Os conteúdos gramaticais enfocados possuem:A ( ) interligação no trabalho com gêneros textuais, enfatizando uma conexão entre leitura _ produção _ análise linguística.B ( ) desvinculação do trabalho com gêneros, mostrando independência nas relações de leitura _ produção _ análise linguística.

5) Na coleção de livros didáticos analisados, percebe-se que:A ( ) os conteúdos gramaticais são apresentados e, todas as vezes que houver necessidade, voltam a ser retomados, em diferentes situações.B ( ) existe uma estrutura fixa de conteúdos de acordo com a série e o período que se trabalha.

6) O trabalho com os conteúdos gramaticais :A ( ) dá prioridade ao texto, ou seja, é ele que conduz a análise dos elementos linguísticos.B( ) parte de elementos linguístcos isolados para analisar frases e palavras soltas dentro dos textos.

Total de respostas A �

Total de respostas B �

A partir da tabulação destes dados os professores poderão chegar a um

parâmetro a respeito das questões gramaticais do livro didático: se estão mais

voltadas apenas para atividades metalinguísticas ou se questões epilinguísticas já

estão sendo trabalhadas. O quadro abaixo poderá ser utilizado para a anotação dos

títulos das coleções e a classificação da predominância dos mesmos.

LIVRO DIDÁTICO UTILIZADO NA ESCOLA

ENSINO DE GRAMÁTICA PRÁTICA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA

MÓDULO X

A prática na elaboração de atividades epilinguísticas

A partir de todos os fundamentos e propostas práticas trabalhados ao

longo dos módulos, os professores deverão escolher um gênero textual e elaborar

uma proposta de três ou quatro aulas que envolva os três eixos do ensino de língua

portuguesa: leitura, produção e análise linguística. Enfocar a análise linguística, de

modo que ela contribua para o desenvolvimento da prática de uma leitura

competente, possibilitando aos alunos o desenvolvimento de um olhar mais atento

para os recursos linguísticos como produção de sentidos.

METODOLOGIA

Todos os módulos serão realizados no formato de grupos de estudo, aos

sábados. Cada módulo corresponderá a um encontro e terá como atividades as

leituras dos textos e as questões ou atividades práticas que cada texto traz como

sugestão. As leituras, questões reflexivas e outras atividades serão todas realizadas

em conjunto. Cada encontro corresponderá a um módulo, totalizando 40 horas,

como se descreve no quadro abaixo:

ENCONTROS CARGA HORÁRIA

MÓDULO I 4 horas

MÓDULO II 4 horas

MÓDULO III 4 horas

MÓDULO IV 4 horas

MÓDULO V 4 horas

MÓDULO VI 4 horas

MÓDULO VII 4 horas

MÓDULO VIII 4 horas

MÓDULO IX 4 horas

MÓDULO X 4 horas

REFERÊNCIAS

ANTUNES, I. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

_____. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: 5.ed. São Paulo: Ática, 2011.

FRANCHI, Carlos. Mas o que é mesmo gramática? 2.ed. São Paulo: Parábola, 2006.

JURADO, Shirley; ROJO, Roxane. A leitura no ensino médio: o que dizem os documentos oficiais e o que se faz. In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia [orgs.]. Português no ensino médio e formação do professor. 2.ed. São Paulo: Parábola, 2006.

MENDONÇA, M. Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro objeto. In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia [orgs.]. Português no ensino médio e formação do professor. 2.ed. São Paulo: Parábola, 2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: língua portuguesa. Curitiba, 2008.

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. 4. ed. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1996.

RITTER,Lilian Cristina Buzato. Análise linguística no ensino fundamental. In: MENEGASI, Renilson José; SANTOS, Annie Rose dos; RITTER, Lilian Cristina Buzato. Formação de profesores _ EAD. Volume 42. UEM.

SABINO, Fernando. A mulher vestida. In: Para gostar de ler 4. 12.ed. São Paulo: Ática, 2002.