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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

1 Dados de Identificação

Título

A leitura e a escrita de crônicas em sala de aula:

dialogia, responsividade e interlocução em foco

Autora

Alzira Rodrigues de Oliveira Leite

Disciplina/Área (ingresso)

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Olavo Bilac - Ensino

Fundamental e Médio.

Rua Costa e Silva, nº 1313.

Município da Escola

Ubiratã

Núcleo Regional de Educação

Goioerê

Professora Orientadora

Adriana Delmira Mendes Polato

Instituição de Ensino Superior

FECILCAM- Faculdade Estadual de Ciências e

Letras de Campo Mourão

Relação Interdisciplinar História

Resumo A educação e em especial o ensino da Disciplina

de Língua Portuguesa tem como objetivo principal

propiciar ao aluno construir o seu conhecimento

científico e desenvolver habilidades que o levem

ampliar sua capacidade de aprender e exercer a

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cidadania. Por isso a elaboração deste material

didático que visa à produção de uma proposta

metodológica para que o processo de ensino e de

aprendizagem da leitura e da escrita tenha

sucesso por meio do trabalho com o gênero

crônica, visando à formação de um aluno que não

seja mero repetidor de conceitos, mas que seja

capaz de refletir sobre a linguagem para poder

entendê-la e usá-la apropriadamente à situação e

à finalidade comunicativa, considerando sua

natureza social, ou seja, sua dimensão dialógica e

discursiva.

Palavras-chave Leitura; escrita; crônica; interacionismo

Formato do Material Didático Caderno Pedagógico

Público Alvo Alunos do 9º ano

2 Apresentação

Época em que a informação circula simultaneamente aos fatos, o conceito de

aprendizagem muito se distancia da ideia de que aprender é receber e reter

conhecimentos. Sabe-se que o ato de aprender pressupõe e desenvolve habilidades

de analisar, interpretar e relacionar informações recebidas, fazendo com que o aluno

assuma uma posição crítica sobre fatos e idéias e o professor uma postura de

mediador. Levando em conta o que o aluno aprende na escola e o que ele traz para

a escola, sabendo que isso influencia de maneira continua na aquisição do

conhecimento sistematizado, é importante que, em seu papel de mediador, o

professor considere a existência de fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos

que interferem no processo de ensino e aprendizagem.

Nessa perspectiva, a educação e, em especial, o ensino da Disciplina de

Língua Portuguesa tem como objetivo principal propiciar ao aluno construir o seu

conhecimento científico e desenvolver habilidades que o levem ampliar sua

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capacidade de aprender e exercer a cidadania. Especificamente isso se dá à medida

que é capaz de ler e escrever melhor, defender suas opiniões, ou seja, buscar sua

inserção ativa e crítica por meio da linguagem. A leitura e a escrita precisam ser

desenvolvidas num contexto de reflexões e de análises que não deixem de enfatizar

os conhecimentos e a satisfação pessoal que tais atividades possam proporcionar.

Assim sendo, este trabalho de leitura e escrita de crônicas que será

desenvolvido com os alunos do 9º ano se torna importante e interessante, pois o

cronista tira seus temas do próprio cotidiano e fala de tudo, de política a sentimentos

pessoais, alertando ou distraindo de maneira crítica. É uma leitura agradável, capaz

de encantar o leitor, pois traz informação e entretenimento a partir de temas

aparentemente corriqueiros. A crônica é um texto dialógico por si só, pois exige que

o leitor consiga perceber as relações que se estabelecem entre seu conteúdo e o

conteúdo de outros textos, além de que, para escrever uma crônica, o autor precisa

antes cercar-se de fatos ou notícias cotidianas. Baseando-se nesses

acontecimentos de maneira pessoal, o autor redige seu texto incluindo elementos

fictícios, fantasiosos e críticos. Dessa forma, quando o aluno está construindo sua

crônica ele está mostrando seu jeito pessoal de compreender os fatos que o cercam

através de suas palavras e seu estilo. Acreditamos que o trabalho de leitura e escrita

de crônicas é capaz de auxiliar na formação de um sujeito-leitor crítico e responsivo,

assim como de um sujeito-autor mais consciente de seu papel como produtor de

textos e mais consciente quanto aos objetivos de sua interlocução.

Portanto, cabe ao professor por meio deste caderno pedagógico fazer sua

intervenção pedagógica, propiciando situações de ensino e aprendizagem com

práticas leitoras e de escritura, respeitando o tempo de preparação para a atividade

a ser realizada, o conhecimento prévio do aluno, objetivando, que a partir do que já

conhece, possa romper paradigmas, apropriando-se de novos conhecimentos. E

nesse caso, especificamente, isso se dará a partir do trabalho com gênero crônica,

quando procuraremos identificar o grau de dificuldade de leitura e escrita

apresentado pelos alunos, e assim desenvolver estas atividades mediando trocas

enriquecedoras entre professor e alunos, a fim de que possam ler e produzir textos

com competência, passando a compreender a leitura e a escrita como práticas

discursivas indissociáveis e extremamente relevantes à vida social.

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3 Material Didático

Este material didático foi planejado para (32) trinta e duas aulas, ele é

composto de (6) seis unidades didáticas, as (4) quatro primeiras unidades com (5)

cinco aulas e as duas últimas com (6) seis aulas, mas como sabemos todo

planejamento é flexível e está sujeito a mudanças. As atividades aqui propostas

seguem a linha bakthiana, assim sendo, desenvolvem a leitura e a escrita de

crônicas considerando o conteúdo temático, a organização composicional e o estilo

deste gênero. E atendem igualmente aos alunos qual for sua condição social e

econômica, sua origem étnica e cultural e às possíveis necessidades especiais para

aprendizagem dos conhecimentos científicos que cabe à escola ensinar.

LER ESCREVER COMPREENDER

http://www.educacao.pr.gov.br/

4 Para início de conversa, caro aluno

Ler e escrever são habilidades que nos permitem agir no mundo que nos

cerca e com ele interagir. E colocamos em prática essas habilidades por meio da

linguagem. Dessa forma, quanto mais conhecermos a linguagem e as suas

possibilidades de uso, melhor nos expressaremos e compreenderemos a expressão

do outro. Por isso, esse trabalho foi desenvolvido pensando em você, caro aluno.

Foram reunidos aqui textos que me parecem mais significativos. Tudo isso para que

você possa sentir vontade de ler, para conhecer o que escritores dizem e já

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disseram sobre o mundo e as pessoas que nele vivem; sentir vontade de escrever

para expressar o que sente e pensa; de refletir para entender o que está a sua volta;

de indignar-se, para poder procurar maneiras de melhorar o mundo no que se diz

injusto.

Esse trabalho será desenvolvido com o gênero crônica, e espero que este

gênero permita a você descobrir os benefícios da leitura e a satisfação de conseguir

se expressar por escrito, sem temer as palavras, podendo enxergar o mundo de

maneira cada vez mais crítica, mais criativa e mais inteligente.

5 Objetivos deste Material Didático

- Associar leitura e produção de textos do gênero crônica considerando seu

conteúdo temático, sua construção composicional e seu estilo verbal;

- Trabalhar a análise discursiva e linguística no gênero crônica;

- Refletir sobre a atemporalidade das crônicas literárias;

- Analisar a criticidade presente no gênero textual crônica;

- Compreender o diálogo da crônica jornalística com o factual da notícia ou de uma série de notícias;

- Refletir por meio da leitura, as práticas sociais de produção e circulação da crônica;

- Conhecer a vida e a obra de alguns autores;

- Refletir sobre a importância do letramento na vida do cidadão para a inserção política social efetiva;

- Considerar que as condições de produção do texto corroboram sua leitura e,

consequentemente, são de grande importância à reflexão daquele que produz o

texto.

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Unidade 1

É hora de começar Objetivos desta unidade:

- Aproximar os alunos do gênero crônica;

- Conhecer as características do gênero crônica;

- Mostrar o diálogo da crônica jornalística com o factual da notícia ou de uma série de notícias;

- Compreender a atemporalidade da crônica literária a partir da abordagem de temas do cotidiano;

- Trabalhar a leitura, interpretação e compreensão dos textos apresentados;

- Trabalhar aspectos discursivos e linguísticos dos textos.

Professor:

Nesta unidade, trabalharemos com os alunos as características do gênero

crônica; a leitura, a interpretação, a compreensão, como também os aspectos

discursivos e linguísticos dos textos desta unidade. Contrapondo uma crônica

jornalística com uma crônica literária, analisaremos as confluências e diferenças que

esse gênero apresenta nesses diferentes campos. Também procuraremos refletir

sobre o diálogo temático entre a crônica jornalística e a notícia.

Aluno:

Nesta unidade vocês irão conhecer ou reconhecer o gênero crônica. Analisar

como elas surgiram e como são estruturadas. Também aprenderão que existem dois

tipos de crônicas: a jornalística e a literária. Por meio da leitura e da reflexão,

poderão perceber que sempre existe uma relação temática entre a crônica

jornalística e o factual da notícia.

Atividade 1

Conhecendo o gênero crônica

Professor:

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Faça uma sondagem com seus alunos perguntando e aguarde um tempo

para ouvir as respostas:

a) Vocês sabem o que é uma crônica?

b) Quem já leu uma crônica?

c) Em que suporte foi encontrada?

d) Que cronistas vocês conhecem?

e) De que assuntos tratavam essas crônicas?

f) Estas crônicas levavam à reflexão sobre alguma situação?

Depois da sondagem, apresentar e comentar com os alunos os aspectos do

gênero crônica.

Aluno:

O Gênero Crônica

A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo,

resulta da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer

colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada,

(geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana ou tem uma

coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito

próxima do leitor. Quase sempre explora o humor, mas às vezes diz coisas sérias

por meio de uma aparente conversa – fiada. Noutras, despretensiosamente faz

poesia da coisa mais banal e insignificante. A palavra “crônica”, em sua origem está

associada à palavra “krónos” (grego) ou “chronos” (latim), que significa “tempo”. Para

os antigos romanos a palavra “chronica” significava o gênero que fazia o registro de

acontecimentos históricos, verídicos, na ordem em que aconteciam, de maneira

engraçada, crítica e criativa.

E finalmente, a crônica é o relato de um flash, de um breve momento do

cotidiano de um ou mais personagens.

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Características de uma crônica:

A crônica é um texto narrativo;

É em geral um texto curto;

Trata de problemas cotidianos, assuntos comuns do dia a dia;

Narra acontecimentos envolvendo pessoas comuns como personagens;

Há poucas personagens; e o fato ocorre em um tempo breve;

É organizada em torno de um único núcleo, um único problema;

Tem como objetivo envolver, emocionar o leitor;

Apresenta uma visão pessoal do escritor sobre o assunto escolhido;

Promove uma reflexão crítica sobre o assunto;

É um texto opinativo;

Mescla aspectos da escrita com outros da oralidade com uma linguagem muitas

vezes coloquial.

A origem da crônica

(...) a crônica surge primeiro no jornal, herdando a sua precariedade, esse

seu lado efêmero de quem nasce no começo de uma leitura e morre antes que se

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acabe o dia, no instante em que o leitor transforma as páginas em papel embrulho,

ou guarda os recortes que mais lhe interessam num arquivo pessoal. O jornal,

portanto nasce e envelhece e morre a cada 24 horas. Nesse contexto, a crônica

também assume essa transitoriedade, dirigindo–se inicialmente a leitores

apressados, que leem nos pequenos intervalos da luta diária, no transporte ou no

raro momento de trégua que a televisão lhes permite.

(Jorge de Sá. A crônica. São Paulo: Ática, 1997. p.10)

Atividade 2

Crônica jornalística e crônica literária

A crônica, quando surgiu, publicada em jornais, consistia em um comentário

pessoal de uma ou outra notícia. Essa característica da crônica se mantém até hoje,

embora no decorrer do tempo outros assuntos do cotidiano tenham sido

incorporados pelo gênero.

A crônica narra com naturalidade fatos corriqueiros, miudezas do

comportamento das pessoas, trazendo à tona a vida da cidade. Você já leu crônicas

publicadas em jornais, livros, revistas? A seguir conheceremos um pouco de dois

grandes cronistas: Moacyr Scliar e Luís Fernando Veríssimo.

Conhecendo mais Moacyr Scliar e Luiz Fernando Veríssimo

Professor:

Exibir aos alunos o seguinte vídeo de mais ou menos 4 minutos:

http://www.youtube.com/watch?v=jQVvKZQ9jOo&feature=related

Explique para eles que nesse vídeo estão sendo entrevistados dois

importantes cronistas brasileiros: Luiz Fernando Veríssimo e Moacyr Scliar.

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Relacione o vídeo assistido com a questão de que a crônica é baseada em

fatos cotidianos, especialmente a parte na qual Moacyr Scliar fala que “a crônica é a

forma literária dessa conversa informal.”

Questione: Qual o papel do cronista e qual deve ser postura do autor diante

dos fatos cotidianos?

Explore também a ideia de que as crônicas são, de modo geral, publicadas

em jornal. Comente também a ambigüidade apontada por Scliar a respeito de como

a crônica (como um texto literário) fica deslocada dentro do jornal.

Pergunte aos alunos: Ficou claro o que é para vocês uma crônica literária e

uma crônica jornalística?

Todas as crônicas primeiramente são publicadas em jornais e revistas. Mas

nem todas as crônicas resistem ao tempo. Muitas publicadas em jornais e revistas

são lidas apenas uma vez, em geral, esquecidas pelo leitor e pelo autor. A crônica

literária, no entanto, tem longa duração e é sempre apreciada pelo estilo de quem a

escreveu e pelo tema abordado.

Sempre que houver dúvidas, o professor deve ser mediador do conhecimento,

retornando explicações.

Atividade 3

Trabalhando uma crônica literária

Aluno:

O texto que leremos é uma crônica literária que aborda um acontecimento

aparentemente banal do cotidiano, que captado pela sensibilidade do cronista nos

leva a repensar a realidade que nos cerca e a observá-la sob novos ângulos.

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Parece que Luis Fernando Veríssimo estava inspirado num clima de amor e

romance quando escreveu a crônica abaixo. Confira!

Sugestão: Pode-se dramatizar o texto, trocando os papéis para que todos

participem.

Texto 1

Crônica: Namorados

O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Mas o Alcyr se passara. Chegara a

um extremo de ridículo. Chegara a uma apoteose do ridículo. Ou como você

chamaria ter que imitar um cachorro para não descobrirem que era ele no quintal,

louco de ciúmes, embaixo da janela da namorada, numa fria noite de agosto? O

Alcyr exagerara. Alcyr, que Suzana chamava de Ipsilone, porque aquela fora a

primeira coisa que ele lhe dissera.

- Ipsilone.

- Hein?

- Alcyr. É com Ipsilone.

- Ah.

Ela estava preenchendo um formulário para dar entrada no seu pedido, algo a

ver com um crediário, não interessa, e precisava de todos os seus dados.

- Estado civil?

- Solteiríssimo.

Daí para a pergunta "Que horas tu larga?" e o convite para tomarem um

chope foi um pulo, e do chope para o namoro firme foi outro. Suzana ouvia cantadas

e convites o dia inteiro, não era dessas, mas simpatizara com o Alcyr. O Alcyr

parecia não ser como os outros. E o ipsilone, sei lá. O ipsilone no nome dele lhe

dava uma certa segurança.

- Desliga você.

- Não, desliga você.

Crônica encontrada em

http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/leitura_escrita.asp?Id=9&Area=Esq

uinaDosPersonagens&TipoIJ=1

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Luis Fernando Veríssimo nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do

Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo

passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá. Jornalista, iniciou sua carreira no jornal

Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em

diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso,

sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria

assinada, na Zero Hora. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A

Grande Mulher Nua". Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy,

Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do

Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo.

http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp

Conversando sobre o texto

1. A crônica é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, que se inicia

quando os fatos principais da narrativa estão por acontecer. Por esta razão, o

tempo e o espaço são limitados. Na crônica: Namorados

a) Qual o tema da crônica?

b) Quais são as personagens envolvidas na história?

c) Onde acontecem os fatos narrados?

d) Qual o tempo de duração desses fatos?

e) Em poucas linhas conte os fatos narrados?

2. Na crônica, os fatos podem ser narrados por um narrador- observador ou por um

narrador–personagem. Qual é o tipo de narrador na crônica: “Namorados.”?

Justifique sua resposta.

3. Observe a linguagem empregada na crônica em estudo.

a) Os fatos são narrados de maneira pessoal, subjetiva, de acordo com a visão do

cronista ou são narrados de forma pessoal, objetiva numa linguagem jornalística?

Comente.

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b) Em relação à linguagem, a crônica está mais próxima do noticiário geral de um

jornal ou dos textos literários?

c) Como é a linguagem da crônica em análise, formal, informal? Justifique.

4. O cronista volta seu olhar atento para notícias veiculadas em jornais falados e

escritos e para fatos do dia a dia e os registra com sensibilidade e poesia, ora

criando humor, ora provocando uma reflexão crítica acerca da realidade. A crônica

lida apresenta humor e crítica? Justifique.

a) A história narrada na crônica lida é apenas ficcional. Uma história dessas pode

acontecer na realidade? Comente sua resposta.

b) Comente: A crônica se limita a narrar fatos ou busca uma abordagem mais

abrangente deles?

c) A partir da leitura da crônica e dos papeis de suas personagens é possível refletir

sobre a vida e o comportamento das pessoas? Comente.

5. Essa crônica poderá parecer mais significativa a quais interlocutores?

Sobre alguns recursos lingüísticos da crônica

Os tipos de discurso apresentados na crônica:

Nesta crônica aparecem três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto

e o discurso indireto livre.

Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens ganham voz. É o que

ocorre normalmente em diálogos. Isso permite que traços da fala e da

personalidade das personagens sejam destacados e expostos no texto. O discurso

direto reproduz fielmente as falas das personagens.

Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito comuns durante a

reprodução das falas.

-As dondozeira ama os dondozeiro?

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- Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os

dondozeiros.

Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala e reações das

personagens. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir

aquilo que foi dito pela personagem.

“Alcyr não se agüentou, pulou a cerca, se agachou sob a janela da Suzana,

bateu com o joelho em alguma coisa, gritou, e quando o seu Amorim apareceu na

porta dos fundos e perguntou "Quem é que está aí?” tentou imitar um cachorro.”

Discurso Indireto Livre: que ocorre quando o texto é escrito em terceira pessoa e

o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, de acordo com a

necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é uma mistura dos outros dois tipos

de discurso e as duas vozes se fundem.

“Todas as luzes da casa apagadas e o Alcyr pensando, quase chorando:

não pode ser, não pode ser. Como é que o seu Amorim e a dona Laurita deixam?

Eu, eles botavam na rua às onze e meia. O outro, deixam dormir com a Suzana na

sua própria cama. Porque a Suzana só podia estar na cama com o outro.”

6. Esta parte do texto está no discurso indireto, transforme em discurso direto e

reflita se com essa mudança o efeito de sentido obtido é o mesmo. O que muda?

Não convenceu ninguém, claro, tanto que, dez minutos depois, estava

sentado na mesa da cozinha, tiritando, as calças sujas de barro, tomando o café da

dona Laurita com uma mão, e o outro braço em volta da cintura de Suzana. Sim,

reconciliados, abraçados, emocionados. Pois Suzana se enternecera com o ciúme

do seu Ipsilonezinho. Não havia outro nenhum, ela fora à farmácia com o pai, o

homem que ele vira entrar em casa com ela era o seu Amorim, bobo! Mas o que

realmente conquistara Suzana fora o ganido do Alcyr, tentando imitar um cachorro.

Só um homem muito apaixonado faria um ridículo daqueles.

7. A crônica foi escrita com partes no passado e partes no presente. Cite algumas

partes do texto que estejam no passado e outras no presente. Por que foram

alternados esses tempos para escrevê-la?

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8. Nas últimas linhas do texto, percebemos que há uma mudança no tratamento do

casal, por que isso aconteceu?

9. Durante o texto aparecem muitas falas com o uso do travessão, mas também o

autor usou outro recurso pra apresentar uma fala. Qual é este recurso? O uso deste

recurso é legítimo? E que fala é esta?

10. Observe no texto algumas atitudes e alguns apelidos que os apaixonados usam

para se tratarem e que parecem ridículos. Como, linguisticamente esse efeito de

ridicularização acontece? Você também considera isso ridículo?

11. As pessoas movidas por sentimentos como: raiva, alegria, tristeza, ciúmes, às

vezes tomam atitudes extremas e com graves consequências. Como isso se

apresenta na crônica? Você acha que esses sentimentos devem ser levados em

consideração para o julgamento das atitudes das pessoas, ou seja, os sentimentos

justificam as ações?

Atividade 4

Professor:

Trabalhando uma crônica jornalística

Mostre aos alunos trechos da notícia publicada no Jornal Folha de São Paulo.

Retome com os alunos o principal objetivo da notícia: relatar o fato ocorrido de

maneira o mais impessoal possível. Lembrar que Moacir Scliar publica

semanalmente uma crônica, com base numa notícia veiculada no jornal. Explore

com os alunos a sensibilidade do escritor Moacyr Scliar em construir, com base na

notícia, uma crônica de conteúdo crítico. Aproveite e analise junto com os alunos os

recursos utilizados pelo cronista.

Aluno:

A Crônica que já lemos: Namorados é uma crônica literária baseada em fatos

do cotidiano, mas temos também crônicas baseadas numa notícia, chamadas de

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crônicas jornalísticas. Veja a seguir uma crônica jornalística escrita por Moacyr

Scliar.

Texto 1

Notícia:

Juiz proíbe casamento de virgem.

Para justiça, adolescente de 15 anos não está preparada para casar com homem

de 37 anos.

Jornal Folha de São Paulo, 11/12/94. P.3-4

Texto 2

Crônica: Muito cedo para amar

Com muita dificuldade - nenhuma das duas tinha sequer curso primário – elas

percorriam a notícia o jornal. Quando terminaram a hesitante leitura, ficaram um

instante em silêncio.

- Não sei, não – disse por fim a mais velha, Rosa, de 12 anos- mas acho que

o juiz tem razão. Quinze anos não é idade para casar.

- Você acha mesmo?- Maria que tinha 11 anos, respeitava muito a opinião da

mais velha.

-Acho. Nesta idade, uma moça ainda não sabe o que é bom para ela. Precisa

amadurecer, você entende?

Moacyr Scliar, Jornal Folha de São Paulo, 11/12/1994

Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre, RS, em 1937. Formou-se em medicina em 1962.

Especialista em saúde pública e doutor em ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública, seu

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primeiro livro publicado foi Histórias de médicos em formação, contos baseados em sua experiência

como estudante. Foi autor de mais de setenta obras, entre romances, ensaios, contos, ficções, e

infantojuvenis, dos quais muitos traduzidos para vários idiomas. As crônicas de Scliar têm como

temática os fatos do cotidiano noticiados em jornal ou ouvidos na rua. Elas se caracterizam pelo

humor fino e refinado, pela preferência por temas sociais e pelas tensões. Foi membro da Academia

Brasileira de Letras desde 2003. Era um dos escritores mais representativos e premiados da

literatura brasileira contemporânea.

http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp

Conversando sobre o texto

1. Muito cedo para amar é uma crônica jornalística e como tal apresenta uma

opinião sobre um tema presente numa notícia. Qual é a crítica critica apresentada

nesse texto?

2. O título da crônica é “Muito cedo para amar”, qual a relação que existe entre o

título e o assunto do texto?

3. De acordo com a crônica, duas personagens do texto concordam que existe uma

idade para amar, mas na vida pessoal elas agem como pensam? Comente o porquê

da atitude das meninas.

4. Moacyr Scliar escreveu esta crônica baseando-se numa notícia, a qual foi

publicada num jornal. Quais os possíveis interlocutores?

5. Esta crônica já foi escrita há algum tempo, como vimos pela data de publicação. O

problema social focado nela continua atual? Justifique sua resposta.

6. Uma das características da crônica é ser breve e de poucas personagens. Quanto

tempo durou este fato narrado? Quantas personagens participaram? Onde ocorreu o

enredo?

7. Transforme esta parte do texto somente em discurso indireto e reflita sobre o

motivo do autor em escrever praticamente o texto todo em discurso direto.

“- Não sei, não – disse por fim a mais velha, Rosa, de 12 anos- mas acho que

o juiz tem razão. Quinze anos não é idade para casar.

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- Você acha mesmo?- Maria que tinha 11 anos, respeitava muito a opinião da

mais velha.

-Acho. Nesta idade, uma moça ainda não sabe o que é bom para ela. Precisa

amadurecer, você entende? E depois tem a diferença de idade. “O noivo está com

37 anos.”

8. Pelos diálogos do texto, o narrador do texto é narrador-personagem ou narrador-

observador?

Sobre o narrador

A narração pode ser feita em primeira ou em terceira pessoa, sendo assim

podemos classificar os narradores como: narrador em 1ª pessoa e narrador em 3ª

pessoa.

Narrador em primeira pessoa

Narrador personagem: além de contar a história em primeira pessoa, faz parte

dela, sendo por isso chamado de personagem. Geralmente, narra de forma

subjetiva, emite opiniões em relação aos fatos ocorridos. Dessa forma, a narrativa é

dotada de características emocionais daquele que narra.

Narrador em terceira pessoa

Narrador observador: é o que presencia a história e comporta-se como uma

testemunha dos fatos relatados, mas não faz parte de nenhum deles. Sua atitude é

a de reproduziras ações que enxerga a partir do seu ângulo de visão. Não participa

das ações, mas narra demonstrando ter maior ou menor conhecimento a respeito

da vida das personagens, de seus pensamentos, de seus sentimentos ou

personalidade.

9. Analise a fala da personagem D. Teresa:

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“_ Vocês ainda estão aí? Os fregueses estão esperando, vagabundas. Vamos

logo.”

Que a função D. Teresa desempenha no contexto social do fato? E qual a função

das meninas?

10. O título ao texto poderia ser “Cedo para amar”, mas na verdade é “ Muito cedo

para amar”, qual é o efeito de sentido que se obtém a partir do uso do advérbio

“muito”?

11. Em qual pessoa é escrito este texto? Que elementos do texto comprovam sua

resposta?

12. No enunciado: Maria ficou em silêncio. Mas pelo jeito não tinha concordado

muito com a opinião da amiga... Se a palavra negritada fosse trocada por “e” o

enunciado teria o mesmo sentido? Que outras palavras podem substituir a palavra

”mas” para que o enunciado continue com o mesmo sentido?

13. No enunciado: “Por isso não permitiu o casamento. Fez ele muito bem.” Se a

palavra negritada for trocada por “portanto”, o enunciado teria o mesmo sentido?

Explique.

14. O desejo de uma das adolescentes é casar-se na igreja de véu, grinalda... Mas

ela mesma diz que é um sonho. Considerando toda a história, por que esse desejo

é difícil de acontecer?

15. Esta crônica retrata um problema social muito presente em nossos dias. Qual é

esse problema e qual a sua posição diante desse fato? Comente.

16. O autor da crônica baseou-se numa notícia de jornal para escrevê-la. O que a

notícia relatava? Qual a relação que existe entre a crônica e a notícia?

17. O que se pode considerar quanto uma crônica jornalística e uma crônica

literária?

18. Há coerência entre o que as personagens pensam sobre o amor e estilo de vida

que adotam? Por quê? Comente.

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Unidade 2

O cotidiano e suas histórias

Objetivos desta unidade:

- Estimular o manuseio e o conhecimento do jornal impresso;

- Identificar textos de diferentes gêneros: notícia, classificados, notas sociais,

editoriais;

- Identificar a intencionalidade marcada no uso de suportes de comunicação

distintos: o caráter informativo do jornal;

- Ler, interpretar e compreender os textos do gênero crônica propostos nesta

unidade;

- Trabalhar alguns aspectos discursivos e linguísticos da crônica;

- Trabalhar os aspectos organizacionais e estruturais do gênero crônica;

- Possibilitar que os alunos exercitem a oralidade na sala de aula a partir da

vivência dos conteúdos.

Professor:

Nesta unidade você dará continuidade ao trabalho com gênero crônica,

contrapondo-o ao gênero notícia. Também apresentará o suporte jornal aos alunos.

Como sabemos, a principal finalidade do jornalismo é relatar ou opinar sobre os

fatos mais importantes do nosso cotidiano. Atualmente, somos bombardeados por

uma enorme quantidade de informações, que nos chegam através da mídia. É

importante estarmos atentos a essas leituras. O gênero notícia, em especial, cuja

especificidade é a informação, tem a finalidade de relatar com uma pressuposta

imparcialidade e compromisso de verdade os acontecimentos do cotidiano de maior

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relevância, inéditos e de interesse público, como fatos políticos, econômicos,

culturais, esportivos, trágicos, escandalosos e sensacionais. Não obstante, as

noticias são ponto de partida para outros textos do jornal como os editoriais e as

crônicas, por exemplo.

Aluno:

Nesta unidade você conhecerá um pouco mais sobre crônicas e também

sobre o suporte jornal. Sabemos que a notícia tem a finalidade de relatar com

imparcialidade e compromisso de verdade os acontecimentos do cotidiano de maior

relevância, inéditos e de interesse público, como fatos políticos, econômicos,

culturais, esportivos, trágicos, escandalosos e sensacionais. Será que a notícia é

realmente neutra? Outros textos do jornal têm a ver com a notícia?

Atividade 1

Aprimorando o conhecimento sobre a crônica jornalística.

Texto 1

Escola impede estudo de aluno com brinco

Menino de seis anos é barrado por furar a orelha, pais acusam colégio de

discriminação e vão à justiça.

Folha de São Paulo, Cotidiano, 27/11/1994

Texto 2

Crônica: Uso de brinco

O homem – um senhor de certa idade, trajando terno e usando gravata –

estava furioso:

- Onde já se viu? Brinco no colégio, isso tinha de ser mesmo proibido!

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Com risco de incorrer em sua sagrada ira, perguntei se aplicaria a proibição

também às meninas. Olhou-me com desprezo:

-Claro que não. Você é idiota? Claro que não. Meninas podem usar brincos.

Rapazes é que não podem. É coisa de bicha, de afeminado.

Lembrei que vários homens de cuja masculinidade não se poderia duvidar -

bucaneiros, até, e bandidos - usavam brincos, isso sem falar em índios guerreiros. O

argumento deixou-o perplexo e irritado.

Moacyr Scliar, Jornal Folha de São Paulo, Cotidiano 27/11/94.

Conversando sobre o texto

1. O texto traz aspectos da oralidade para a escrita. Aponte passagens em que

essa característica parece ser mais evidente.

2. Qual é o tema da crônica e qual é a crítica que esse tema suscita?

3. Em vários trechos da crônica percebemos expressões que dão instrução de

sentido de tempo e lugar. Cite algumas dessas expressões e justifique suas

escolhas. Depois podemos pesquisar na gramática para saber como são

classificadas.

4. No texto, aparecerem várias formas verbais que introduzem as vozes das

personagens? Cite algumas dessas formas verbais. Você sabe como se chamam

essas formas verbais de acordo com a gramática? Pesquise.

6. No desenrolar da narrativa ocorre alguma surpresa? Qual? Na crônica que lemos

na unidade passada, você observou também alguma surpresa?

7. Notícia e crônica são gêneros diferentes. Quem tem mais liberdade para

expressar sentimentos e opiniões, o autor de uma notícia ou o autor de uma

crônica? Por quê?

8. Uma boa notícia de jornal, responde às questões fundamentais do jornalismo: o

que, quem, quando, onde, como e por que. A crônica também apresenta estes

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aspectos de maneira diferente. Responda analisando a notícia: “Escola impede uso

de brinco” e a crônica: “Uso de brinco.”

Questões Gênero notícia Gênero crônica

Qual é o fato?

Onde e quando aconteceu o

fato?

Quando aconteceu o fato?

Como aconteceu?

Por que aconteceu o fato?

Analisando as respostas dadas, comente o que diferencia e aproxima uma crônica

de uma notícia?

9. Analise este excerto da crônica: ”Diga uma coisa: quanto é que você acha que

daria para cobrar por um brinco desses? ”Qual pode ser interesse da personagem

ao fazer esta pergunta?

10. No enunciado: - Onde é que já se viu? Brinco no colégio, isso tinha de ser

mesmo proibido!

A palavra isso é um pronome relativo. A que se refere o pronome isso?

11. No enunciado: “Claro que não. Você é um idiota? Claro que não. Meninas

podem usar brincos. Rapazes é que não podem. É coisa de efeminado.” Essa é a

opinião do senhor, personagem da crônica. Você compartilha dessa opinião?

Argumente.

12. Vamos imaginar que você seja a favor do uso de brincos. Que argumentos

usaria para defender a sua opinião?

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13. Os dois pontos ( : ) aparecem seis vezes no texto. A função deles é a mesma

nas diversas passagens? Comente.

14. O travessão ( - ) também aparece várias vezes. Qual a função dele nas diversas

passagens em que aparece no texto? Explique.

15. Releia o texto e localize o enunciado: “Os argumentos deixou-o perplexo e

irritado”. O pronome o se refere a quem?

18. ” bucaneiros, até, e bandidos”. Qual o efeito de sentido do uso de até no

enunciado?

19. No meio em que você vive ainda existe discriminação pelo uso de brincos? Você

já foi discriminado por algum motivo? Comente.

Atividade 2

Analisando o suporte jornal

Professor:

Nesta atividade você convidará os alunos a examinarem exemplares de

jornais. Posteriormente, explicará sobre a composição do jornal, levando em conta

as seções que o compõem: as semelhanças e diferenças entre elas quanto ao

tamanho, à localização, à linguagem, ao interlocutor, à intenção ( informar, divertir,

convencer...);

- Solicitar aos alunos que anotem todas as seções que compõem o jornal;

- Distribuir aos alunos, em dupla, cartões cada um com o nome de uma seção

do jornal:

editorial, internacional, política, cultura, sociedade, economia, classificados,

esporte, policial, saúde, cidade, crônica, opinião do leitor.

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- Orientar a escolha e o recorte do texto do jornal relativo à seção de cada

grupo, selecionando o conteúdo mais significativo e o formato mais interessante ou

diferente;

- Convidar a dupla a apresentar o texto escolhido, relatando qual o motivo da

escolha do texto, relacionando o que leu, o conteúdo do texto lido e a função

específica da seção;

- Afixar uma folha de jornal, em branco, e pedir aos alunos que planejem a

distribuição das seções no espaço;

- Colar nas respectivas seções os textos selecionados, montando o formato

de um jornal coletivamente;

- Comentar que o jornal é um suporte de registro cotidiano;

- Analisar com qual notícia o assunto da crônica encontrada no jornal está

relacionado;

Questionar aos alunos se eles já haviam analisado como se constituía um

jornal e como a crônica se insere no jornal a partir das relações temáticas que

mantém com a notícia.

Aluno:

Depois de observar como um jornal é constituído, sabendo que todo jornal

apresenta informação e também opinião, direcionando a opinião do leitor, você acha

que quem escreve para o jornal é livre para expor sua opinião sem se preocupar

com a opinião que o jornal quer publicar? Então, o suporte influencia ou não no

conteúdo dos textos?

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Unidade 3

Cada um é cada um

Objetivos desta unidade:

- Identificar as marcas e os recursos utilizados pelo autor na escrita da

crônica;

- Ler, interpretar e compreender os textos lidos;

- Trabalhar aspectos linguísticos e discursivos dos textos lidos;

- Possibilitar aos alunos que identifiquem a diversidade de estilo e linguagem

entre autores de épocas diferentes.

Professor:

Nesta unidade identificaremos com os alunos os recursos utilizados pelos

autores, a diversidade de estilo e linguagem entre autores de épocas diferentes,

além dos aspectos organizacionais e discursivos. Trabalharemos também a leitura, a

interpretação e a compreensão dos textos propostos.

Nesta unidade haverá uma atividade específica para que os alunos exercitem

sua oralidade a partir da vivência dos conteúdos.

Aluno:

Conheceremos nesta unidade, estilos, linguagens, e recursos utilizados pelos

autores de diversas épocas na escritura de crônicas. Além disso, faremos leitura,

interpretação e compreensão dos textos, abordando os aspectos de sua

organização e também aspectos linguístico-discursivos.

Além disso, nesta unidade, você terá atividades que proporcionarão

oportunidades para que você exercite sua oralidade.

Atividade 1

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Atividade extraclasse

Visita à Biblioteca do Colégio e também à Biblioteca Municipal para conhecer

o acervo que estas têm no que se refere ao gênero CRÔNICA.

a) O aluno pesquisará e trará uma crônica para sala de aula, como também a

biografia do autor desta, mesclando textos de escritores cronistas do início do século

como também de escritores contemporâneos.

Atividade 2

Atividade em grupo em sala de aula.

(Para essa atividade os alunos irão precisar de cartolina e pincel.)

-Primeiramente formarão grupos com dois alunos;

-Depois escolherão uma crônica por grupo daquelas que pesquisaram;

-Em seguida farão uma tabela na cartolina conforme o modelo abaixo;

Autor da crônica Título Espaço Ambiente

Situação do cotidiano Foco narrativo Pessoa do

verbo

Estilo (tom)

Características (físicas e

psicológicas) da

personagem central

Época Tema Assunto

Cenário Desfecho Fato criticado

pelo autor

Opinião crítica do

aluno sobre a

crônica.

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-Neste momento os alunos completarão a tabela usando a crônica escolhida

com a ajuda mediadora do professor;

- Dando prosseguimento à atividade os alunos apresentarão oralmente aos

colegas suas respostas;

-Logo após os alunos relatarão suas experiências e aprendizagens que

tiveram com essa atividade por meio de uma roda de conversa comentando e

comparando os aspectos abordados;

- Finalizando a atividade, os alunos deixarão expostos seus cartazes para

observação posterior, caso precisem de pesquisa no momento da elaboração de sua

crônica.

Atividade 3

Refletir sobre a notícia e a crônica:

Leitura de uma notícia “Menina atacada por ratos corre risco de vida” e da

crônica “Quem é o verdadeiro dono da casa.”

Texto 1

Maus tratos

Menina atacada por ratos corre risco de vida

Menina está internada na UTI do Hospital Santo Antonio. Os médicos...

Jornal Folha de São Paulo, 01/ 08/ 1993.

Texto 2

Crônica: Quem é o verdadeiro dono da casa?

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Era tarde da noite quando ela voltou para a vila. Estava cansada, tinha

tomado uns tragos, tudo o que queria era dormir. Mas alguma coisa chamou sua

atenção: o movimento dos ratos. Rato era o que não faltava, na pequena casinhola

de madeira, mas eles pareciam particularmente alvoroçados naquela noite. Dirigiu-

se à imunda enxerga onde dormia a filha, de 22 meses, e descobriu por que: um

bando de roedores atacava a menina. Os dedos dos pés e das mãos roídos eram

agora cotos, sangrentos. Com o grito da mulher os ratos fugiram; todos, menos um,

que insolente, parecia disposto a enfrentá-la. Ela batia nele com um pau, sem

resultado.

Moacir Scliar, Jornal Folha de São Paulo, 01/08/1993. P.3-4

Conversando sobre o texto

1. No 1º parágrafo percebemos a presença do narrador-observador. Se o narrador

fosse personagem, como poderia ser a narração do primeiro parágrafo?

2. O assunto da notícia e o assunto da crônica são os mesmos. Qual é este

assunto? Na crônica, especificamente, qual é a crítica realizada?

3. O título do texto teria o mesmo sentido se fosse: Qual é o dono da casa? A

palavra “verdadeiro” promove que efeito de sentido no título? Comente.

4. Procure no texto da crônica os recursos dos quais o autor se vale para mostrar:

a) que a mulher aceitava sua condição miserável.

b) que a família acreditava que somente ela era responsável por tal situação.

5. Considerando o parágrafo final do texto 2, como você explicaria o título do texto?

6. Quais elementos do 1º texto indicam que ele foi publicado em jornal?

7. Analisando o texto 2, o que podemos refletir sobre a personagem central quanto:

a) Sua vida matrimonial:

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b) Sua vida trabalhista:

c) Sua vida de mãe:

d) Sua vida de cidadã:

8. “Era tarde da noite”. Que efeito de sentido o advérbio tarde traz para o

enunciado?

9- No enunciado: “Com os gritos da mulher os ratos fugiram; todos, menos um, que

insolente, parecia disposto a enfrentá-la.” Se for omitido o ponto e vírgula (;),o

sentido será o mesmo? Comente.

9. E no enunciado: “...quando os médicos anunciaram que a criança tinha, pela

primeira vez desde sua internação, chorado.” Qual o motivo das vírgulas ?

Comente.

10. Analise estes dois enunciados:

1º “...quando os médicos anunciaram que a criança tinha, pela primeira vez desde

sua internação, chorado.”

2º “Um bom sinal: estava recuperando as forças, em breve poderia até ter alta.”

No 1º enunciado a expressão negritada é separada por duas vírgulas e no 2º é

separado por dois pontos e por uma vírgula. Em ambos os enunciados, estas

pontuações têm as mesmas funções?

11. No enunciado: “Por fim, já estavam até animados.” Que outra expressão poderia

ser utilizada no lugar de por fim e dar-lhe o mesmo sentido.

12. “Ia cantando, feliz”. Qual o efeito de sentido do uso dessa vírgula?

13. No quinto parágrafo a personagem central faz duas perguntas. Caso você fosse

ajudar esta pessoa, quais ações concretas você desenvolveria?

14. Analise o texto a seguir para responder a próxima questão:

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Constituição Federal de 1988

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

IV - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a

suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,

educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com

reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua

vinculação para qualquer fim;

http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/10209663/art-7-inc-iv-da-constituicao-federal-de-88

A personagem central da crônica é uma cidadã que usufrui de todos os

direitos previstos na Constituição Federal, Lei Maior do Brasil? Inclusive o direito à

moradia, previsto no “artigo 7º, inciso IV”?Comente e justifique.

Constituição Federal

Lei fundamental e suprema do país, a Constituição da República Federativa do

Brasil, foi promulgada em 5 de outubro de 1988. Isto é, a Assembleia Constituinte,

formado por deputados e senadores eleitos, escreveu e aprovou uma nova

Constituição, que também pode ser chamada de Carta constitucional.

A Constituição de 1988 pode ser considerada o auge de todo o processo de

redemocratização brasileiro. Ela é a sétima versão na história da República.

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

15. Sabemos que quando efetuamos uma compra, parte deste dinheiro pago são

impostos embutidos, assim indiretamente contribuímos com a educação, moradia,

saúde... Como em sua comunidade estão sendo aplicados estes recursos?

Comente.

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16. O que se pode fazer para defender direitos previstos por lei, e muitas vezes não

concedidos?

16- Na crônica de Moacyr é citado o “Conselho Tutelar”. Leia o texto abaixo para

saber mais sobre o Conselho Tutelar. Ele está desenvolvendo sua verdadeira

função em sua comunidade? Comente.

O Conselho Tutelar é composto por cinco membros, eleitos pela comunidade

para acompanharem as crianças e os adolescentes e decidirem em conjunto sobre

qual medida de proteção para cada caso. Devido ao seu trabalho de fiscalização a

todos os entes de proteção (Estado, comunidade e família), o Conselho tem

autonomia funcional, não tendo nenhuma relação de subordinação com qualquer

outro órgão do Estado.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Tutelar

17. Leia agora o poema “O bicho” de Manuel Bandeira e analise sobre o

comportamento da personagem da crônica e sobre o sentimento do eu lírico da

poesia e responda:

Quem nunca se deparou com uma cena como a descrita no texto de Manuel

Bandeira? Lamentavelmente, esses fatos acontecem tão rotineiramente que

muitos já nem se importam mais6

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Manuel Bandeira

http://www.jornaldepoesia.jor.br/manuelbandeira.html

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b) O que o eu lírico está relatando tem a ver com o que o narrador da crônica conta?

Justifique

19. Reflita sobre a situação das personagens centrais da crônica e do poema e

argumente a favor delas em prol de uma vida digna.

Atividade 4

Identifique as marcas, os recursos utilizados pelo autor na escrita da

crônica.

As crônicas podem ser poéticas, recheadas de descrições líricas, bem

humoradas, irônicas, críticas, políticas e cultural. Para melhor compreender um

texto, é preciso saber de suas condições de produção. Leia os trechos das crônicas

abaixo e também as biográficas dos autores contendo explicações sobre as

características de suas obras. Relacione e descubra quem são seus autores por

meio de sua biografia, seus estilos e da época em que viveram.

1) Peladas

Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma

babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos

que troca silêncios num banco sem encosto.

E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de

sonho: "eu jogo na linha! eu sou o Lula! no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado

de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe." Uma gritaria, todo mundo se

escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada

vaquinha.

Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro jogo

sem camisa.

“Peladas” Os melhores da crônica brasileira. Rio de janeiro: José Olympio, 1977.

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2) A arte de ser avó

Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do

imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva

a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não tem a menor

pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso

dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite

passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma

aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma

maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e

comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem com as cadeiras na sala,

destruir revistas, derramar água no gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes

se quiser - e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com lápis

dizendo que foi sem querer - e ser acreditado!

Cronistas modernos. Rio de Janeiro: Olympio, 2003

3) As Meninas-Moça

Não sei quantos anos tem a moça, nem o leite da moça. Mas, desde que eu

me entendo por gente, que tem uma lata por perto. Com aquela moça com jeitão de

suíça (se for búlgara, não faz a menor diferença). Embaixo, está escrito: indústria

brasileira. Sim, não tem nada mais brasileiro do que o sempre bem-vindo leite

condensado. Qualquer que seja a sua idade.

Sabe com o que as gordinhas sonham nos spas? Com elas. As latinhas

condensadas. Não uma, que não sacia. Muitas moças, muitos leites moça.

Um furinho de cada lado, um maior onde vai a boca. E é só chupar que a

moça entra dentro de você.

Jornal O Estado de S. Paulo, 07/04/1999

4) O criado-mudo

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Tudo começou quando resolvi me mudar do décimo para o quarto andar, aqui

mesmo, neste edifício da Alameda Franca. Um carrinho de supermercado seria o

suficiente. Queria fazer lá embaixo um lar, já que isso aqui virou um

vício.

E, como todo vício, tesão!

Lá no quarto andar, tem quatro apartamentos.

Eu não conhecia ainda os vizinhos quando o fato se deu. Passei o dia

levando coisas lá para baixo. Há dois dias faço isso, ajudado pela

Cristina.

Uma das últimas viagens e lá ia eu com a Cris ao lado, descendo pelo

elevador. Carregávamos o criado-mudo. O criado-mudo tem uma gavetinha.

Filho é bom, mas dura muito. São Paulo:Maltase,1995

5) Quem sou eu?

Nesta altura da vida já não sei mais quem soua Vejam só que dilema!!!

Na ficha da loja sou cliente, no restaurante freguês, quando alugo uma casa

inquilino, na condução passageiro, nos correios remetente, no supermercado

consumidor.

Para a receita federal contribuinte, se vendo algo importado contrabandista.

Se revendo algo, sou muambeiro, se o carnê está com o prazo vencido

inadimplente, se não pago imposto sonegador. Para votar eleitor, mas em comícios

massa, em viagens turista, na rua caminhando pedestre, se sou atropelado

acidentado, no hospital paciente. Nos jornais viro vítima, se compro um livro leitor, se

ouço rádio ouvinte.

http://aaliyahrj-palavrasaovento.blogspot.com.br/2012/06/dica-de-leitura-

cronicas-de-luis.html

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5) A cobrança

Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado

para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres atraíam a atenção dos passantes:

"Aqui mora uma devedora inadimplente".

― Você não pode fazer isso comigo ― protestou ela.

― Claro que posso ― replicou ele. ― Você comprou, não pagou. Você é uma

devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas vezes tentei lhe cobrar,

você não pagou.

― Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...

― Já sei ― ironizou ele. ― Você vai me dizer que por causa daquele ataque

lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados. Problema seu, ouviu?

Problema seu. Meu problema é lhe cobrar.

O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2001.

Autores

1) Nascido em Porto Alegre e filho do também escritor 17. Érico Veríssimo,

Luis Fernando Veríssimo é famoso por suas crônicas cheias de ironia humorística,

mais precisamente de sátiras de costumes. Além de escritor, ele também é

jornalista, publicitário, cartunista e tradutor. Entre suas paixões, estão a família, o

time de paixão, Internacional de Porto Alegre, e o jazz sendo praticamente

inseparável de seu saxofone.

2) Rachel de Queiroz – CE (1910- 2003). Foi a primeira mulher a ingressar na

Academia Brasileira de Letras. Publicou 23 livros individuais e quatro em parceria.

Traduziu 45 obras para o português, sendo 38 romances. Colaborou semanalmente

com crônicas no Jornal O Estado de S. Paulo. Escreveu mais de duas mil crônicas e

a maioria delas, apresenta como pano de fundo, o regionalismo, a realidade, retratos

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pitorescos do povo e imagens exatas da cidade do Ceará, sua terra natal, e do Rio

de Janeiro.

3) Mário Alberto Campos de Morais Prata- MG (1946-). Trabalhou em jornais,

escreveu editorias, reportagens e artigos. Entre seus livros podem-se citar: “O morto

que morreu de rir; Preto no Branco e 100 crônicas. Além de livros, escreveu novelas,

roteiros, peças para teatro e por meio desse vasto trabalho recebeu prêmios

internacionais e nacionais. Usa linguagem leve e coloquial, e gírias num estilo jovem

e dinâmico que dá fôlego a seus textos. Aborda com freqüência temas como

Internet, maconha e outros que o aproximam do público jovem. É extremamente

criativo, inventa metáforas cômicas e inusitadas, e brinca com ditados populares e

lugares-comuns invertendo seu sentido em favor do humor e de uma maior

aproximação com o leitor.

4) Moacyr Scliar- RS, (1937-). As crônicas de Scliar têm como temática os

fatos do cotidiano noticiados em jornal ou ouvidos na rua. Elas se caracterizam pelo

humor fino e refinado, pela preferência por temas sociais e pelas tensões. Usa muito

o absurdo que serve, quase em surdina, para a crítica social, a condenação das

vaidades humanas, a reflexão sobre as armadilhas da vida moderna. Mas, seja em

seus mergulhos no absurdo, seja na captação do cotidiano, o cronista nunca perde o

poder de se comunicar com o leitor, através de uma linguagem clara, coloquial, sem

rebuscamentos, a linguagem do povo, mas depurada por uma rígida disciplina. É

membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003.

5) Armando Nogueira- AC, (1927-). Formado em direito, começou em 1950, a

carreira de jornalista. Foi repórter, redator, e colunista. Fez a cobertura de todas as

copas do mundo a partir de 1954. Iniciou o no telejornalismo em 1959. Atualmente

colabora em diversos jornais e mantém programa em uma emissora de televisão.

Autor de diversos livros, todos sobre esporte. Criou uma abordagem nova do futebol,

aproximando-se mais do leitor a partir de uma consciência artesanal que envolve

suas crônicas, com uma força imagística, poética, carga épica e dramática. Armando

escreveu crônicas para o jornal e só depois elas foram publicadas em seu livro “Os

melhores da crônica brasileira” (Rio de Janeiro: José Olympio, 1977).

Atividade 5

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Reflita com os alunos sobre as múltiplas escritas que podem ocorrer sobre o

mesmo tema ou assunto. E as múltiplas leituras que este texto terá a partir do

momento que chegar até o leitor, apresentando aos alunos a crônica “Os diferentes

estilos” de Paulo Mendes Campos e o “Poema tirado de uma notícia de jornal” de

Manuel Bandeira.

Na crônica de Paulo Mendes Campos, em cada “estilo”, ocorre uma paródia

não de um texto específico, mas sim uma imitação de um modo de falar, ou seja, de

um estilo.

Os diferentes estilos

Narra-se aqui, em diversas modalidades de estilo, um fato comum da vida

carioca, a saber: o corpo de um homem de quarenta anos presumíveis é encontrado

de madrugada pelo vigia de uma construção, à margem da Lagoa Rodrigo de

Freitas, não existindo sinais de morte violenta.

Estilo interjetivo - Um cadáver! Encontrado em plena madrugada! Em pleno

bairro de Ipanema! Um homem desconhecido! Coitado! Menos de quarenta anos!

Um que morreu quando a cidade acordava! Que pena!

(...)

Estilo antimunicipalista - Quando mais um dia de sofrimentos e desmandos

nasceu para esta cidade tão mal governada, nas margens imundas, esburacadas e

fétidas da Lagoa Rodrigo de Freitas, e em cujos arredores falta água há vários

meses, sem falar nas freqüentes mortandades de peixes já famosas, o vigia de uma

construção (já permitiram, por debaixo do pano, a ignominiosa elevação de gabarito

em Ipanema) encontrou o cadáver de um desgraçado morador desta cidade sem

policiamento. Como não podia deixar de ser, o corpo ficou ali entregue às moscas

que pululam naquele perigoso foco de epidemias. Até quando?

Estilo reacionário - Os moradores da Lagoa Rodrigo de Freitas tiveram na

manhã de hoje o profundo desagrado de deparar com o cadáver de um vagabundo

que foi logo escolher para morrer (de bêbedo) um dos bairros mais elegantes desta

cidade, como se já não bastasse para enfear aquele local uma sórdida favela que

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nos envergonha aos olhos dos americanos que nos visitam ou que nos dão a honra

de residir no Rio.

(...)

Paulo Mendes Campos. Para gostar de ler, vol. 4. São Paulo, Ática, 1979.

2º texto

Poema Tirado de uma Notícia de Jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num

barracão sem número

Uma noite ele chegou ao bar Vinte de Novembro

Manuel Bandeira. Antologia poética. Rio de Janeiro, José Olympio, 1982

Comente com os alunos que os dois textos: a crônica e o poema trazem

praticamente o mesmo assunto, mas com uma maneira particular de expressar.

Pode-se designar uma personagem de várias maneiras: um cadáver, um homem

morto, um ser humano abandonado, um corpo estendido no chão, um presunto,

uma vida que se esvai para sempre etc. A escolha do estilo depende do objetivo de

cada narrador e do modo pessoal que ele usa para expressar suas idéias a partir

de um mesmo acontecimento.

Aluno:

Escreva também um parágrafo sobre o assunto mostrando seu estilo

parodiando o conteúdo do texto ”Os diferentes estilos” de Paulo Mendes Campos.

Agora leia seu texto aos colegas e perceba também o estilo deles.

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Unidade 4

Um novo jeito de olhar

Objetivos desta unidade:

- Ler, interpretar e compreender a crônica lida;

- Instigar os alunos sobre a construção e a escrita de uma crônica;

- Apresentar excertos de uma crônica, refletir sobre cada um deles e

organizá-los: A crônica utilizada será “O Homem nu” de Fernando Sabino.

- Estimular os alunos para a escrita de uma crônica;

- Trabalhar os aspectos linguísticos e discursivos dos textos, como

também a estrutura composicional, o conteúdo temático, e o estilo;

- Pesquisar crônicas e autores de diferentes épocas e estilo;

- Trabalhar características na composição de uma crônica;

Professor:

Nesta unidade será organizada uma crônica junto com os alunos, como se

fosse um quebra-cabeça. A crônica será “O homem nu” de Fernando Sabino. Os

alunos serão provocados refletir sobre o tema, a descobrir como será a próxima

parte da crônica e assim sucessivamente até organizá-la por completo. Durante esta

atividade serão trabalhados os aspectos estruturais, linguísticos, discursivos, o estilo

e a compreensão do texto.

Aluno:

Nesta unidade vocês organizarão uma crônica: “O homem nu” de Fernando

Sabino. Refletirão sobre a temática, sobre a construção e sobre as possibilidades de

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desenvolvimento do texto. Dessa forma, aprofundarão seus conhecimentos quanto a

esse gênero.

Atividade 1

Desafiando a turma

a) Primeiramente os alunos conhecerão um pouco de Fernando Sabino, para

entenderem melhor seu estilo. Depois receberão parte por parte do texto, sendo que

em cada uma serão feitos alguns questionamentos sobre a estrutura da crônica,

estilo, aspectos linguísticos, aspectos discursivos, análise linguística e compreensão

da mesma.

Biografia

Fernando Tavares Sabino nasceu em Minas Gerais, em 12/10/1923 e faleceu em 11/10/2004.

Durante a adolescência, foi locutor de programa de rádio Pila No Ar e começou a colaborar

regularmente com artigos, crônicas e contos em revistas da cidade, conquistando prêmios em

concursos.No início da década de 1940, começou a cursar a Faculdade de Direito e ingressou no

jornalismo como redator da Folha de Minas. O primeiro livro de contos, Os grilos não cantam mais,

foi publicado em 1941, no Rio de Janeiro quando o autor tinha apenas dezoito anos, e sendo que

alguns contos do livro foram escritos quando Fernando Sabino tinha apenas quatorze anos.Mudou-

se para o Rio de Janeiro em 1944. Depois de se formar em Direito na Faculdade Federal do Rio de

Janeiro em 1946. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo

mensalmente também para a revista Senhor. Em 1960, Fernando Sabino publicou o livro O

homem nu, pela Editora do Autor, enttre tantas outras obras. Faleceu em sua casa em Ipanema

(zona sul no Rio de Janeiro), às vésperas do 81º aniversário. A pedido, o epitáfio é o seguinte:

"Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!"

http://www.releituras.com/fsabino_bio.asp

Dando continuidade ao trabalho, será entregue aos alunos o título da

crônica:” O homem nu” de Fernando Sabino.

1ª parte:

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Título da crônica: “O Homem Nu”

Fernando Sabino

1ª Seção de questionamentos:

a) Conhecendo um pouco de Fernando Sabino e o título, sobre o que possivelmente

a crônica tratará?

b) Qual poderá ser o tema abordado?

c) Se o título do texto fosse: “Um homem nu”. O sentido seria o mesmo? Explique?

d) Qual a importância de conhecer um pouco o autor para compreender um texto?

Comente.

2ª parte:

Do 1º ao 4º parágrafo

Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí

o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da

cidade, estou a nenhum.

2ª Seção de questionamentos:

a) O pedido do marido será atendido?

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b) Sabemos que na maioria das vezes mascaramos a verdade para não ofender ou

contrariar alguém. Já aconteceu alguma vez isso com você, de precisar mentir ou

omitir? Qual sua opinião sobre isso?

c) O que poderá acontecer agora?

d) Qual o sentido da conjunção mas no enunciado: ‘Mas acontece que ontem eu

não trouxe dinheiro...” Esta conjunção poderia ser trocada por porém sem haver

alteração do sentido no enunciado? Comente.

3ª parte:

5º parágrafo

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um

banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer

um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.

3ª Seção de questionamentos:

a) O autor anuncia um problema. Qual é esse problema?

b) O homem foi irresponsável em seu ato?Fale de atos irresponsáveis que você ou

alguém já cometeu?

c) O que você acha de pessoas que cometem atos impensáveis que prejudicam

outras pessoas? Comente.

d) Analise a palavra até nestes dois enunciados:

“ ...antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho...”

“Ele deixou cair até o embrulho dos presentes.”

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A palavra “até” tem o mesmo sentido nos dois enunciados?

e) Qual o foco narrativo usado no texto?

4ª parte:

Do 6º ao 11º parágrafo

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à

espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do

chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher

pensava que já era o sujeito da televisão.

4ª Seção de questionamentos:

a) Escreva a primeira parte deste trecho do texto como se fosse um narrador–

personagem.

b) Será que a mulher vai abrir a porta? Ou ele terá que tomar outra atitude? Qual

será a atitude que ele irá tomar agora?

c) Qual o tempo verbal utilizado neste trecho?

d) Qual o motivo da personagem chamar a mulher em voz baixa?

e) Alguém irá vê-lo nu? Quem?

5ª parte:

Do 12º ao 14º parágrafo

Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos,

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regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma

pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e

mal ensaiado.

5ª Seção de questionamentos:

a) O que poderá acontecer agora com ele? Qual a próxima atitude que ele deverá

tomar?

c) Por que ele ficou tão apavorado quando o elevador começou a descer?

d) Poderia se empregar no lugar da palavra MAL, “em mal ensaiado” a palavra

MAU? Explique.

6ª parte:

Do 15º ao 18º parágrafo

E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali,

em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que

estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a

viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais

autêntico e desvairado Regime do Terror!

6ª Seção de questionamentos:

a) Sabemos que a cônica narra um acontecimento de curta duração. Quanto tempo

durou esta história até agora?

b) Qual o conflito que desencadeou esta situação?

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c) O espaço no qual se desenvolve esta história é num prédio, entre o apartamento,

o corredor e o elevador. Como é o ambiente desta história?

d) No enunciado: “Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força- entre

andares- obrigando-o parar” A que se referem os pronomes negritados: “se, a, o”.

Por que o autor utilizou destes pronomes neste enunciado?

e) Quem abriu a outra porta atrás do homem nu?

7ª parte

Do 19º ao 22º parágrafo

Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente

cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:

7ª Seção de questionamentos:

a) Qual poderá será atitude da senhora?

b) Quantas orações possuem neste enunciado: “A velha, estarrecida, atirou os

braços para cima, soltou um grito:” Como sabemos disso?

d) Qual a função das vírgulas neste mesmo enunciado: “A velha, estarrecida, atirou

os braços para cima, soltou um grito.” Explique.

e) Qual a função das reticências no enunciado: “Imagine que eu...”

8ª parte

Do 23º ao 28º parágrafo

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E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:

— Tem um homem pelado aqui na porta!

8ª Seção de questionamentos:

a) Quais vizinhos pronunciaram estas falas:

* “– Não olha não! Já para dentro minha filha!”

* “É um tarado!”

* “- Olha, que horror!”

b) Se ele morava no prédio por que as pessoas agiram chamando a polícia como se

ele fosse um estranho? Comente.

c) Quais as características da linguagem utilizada em toda crônica? Comprove com

expressões tiradas do texto.

e) Qual poderá ser o desfecho desta história?

9ª parte

Do 29º ao 31º parágrafo

Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele

entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do

banho.

O texto acima foi publicado no livro "Crônicas Escolhidas”, Editora Ática –

São Paulo, 1994, pág. 13, e extraído do livro "As Cem Melhores Crônicas

Brasileiras", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2007, pág. 27, organização e

introdução de Joaquim Ferreira dos Santos.

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9ª Seção de questionamentos:

a) Qual a crítica abordada pelo autor nesta crônica? Comente.

b) Qual o estilo usado pelo autor nesta crônica?

c) “Ele entrou como um foguete...” Esta expressão é uma figura de linguagem

chamada de comparação. O que essa expressão significa no texto? Que outras

expressões poderiam ser usadas no lugar desta e dar o mesmo sentido ao

enunciado?

d) As suas respostas corresponderam ao texto ou foram muito diferentes?

f) O desfecho poderia ser diferente. Qual?

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Unidade 5

Trocando ideias

Objetivos desta unidade:

- Produzir coletivamente um texto do gênero crônica levando em conta três

aspectos que se inter-relacionam e se completam: os elementos lingüísticos, ou

seja, a escolha lexical que garante a precisão e a coerência, e aspectos gramaticais,

como a concordância, ortografia, etc.; os elementos de textualização, que

envolvem aspectos de textualidade (coerência, coesão, informatividade, etc.) e de

sequenciação do texto; e os elementos da situação, ou seja , a conformidade do

texto como a características do gênero escolhido, a adequação ao interlocutor

previsto, a adequação ao suporte, etc.

- Reescrever o texto modificando se necessário os elementos lingüísticos, de

textualização, e de situação até que ele atenda plenamente aos objetivos do projeto

que o concebeu.

- Estimular os alunos a ler, analisar e a serem interlocutores de si no

momento de revisão e reescrita do texto.

Professor:

Agora é a hora do aluno colocar em prática o que aprendeu. Primeiramente

os alunos escreverão uma crônica de maneira coletiva e a reescreverão até que ela

atenda aos objetivos propostos. Lembrando que é fundamental preservar a voz do

autor.

Aluno:

Você agora é o escritor, ordene as informações, identifique o que precisa

contar, decida o que contar, substitua e refina a escrita, para que o texto atenda um

leitor real, o suporte, e o local de circulação social.

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Atividade1

Hora de escrever

Esta atividade consiste em dar continuidade ao texto de um cronista

consagrado Luís Fernando Veríssimo. Mostre aos alunos apenas o primeiro

parágrafo da crônica já publicada. Peça-lhes que se coloquem no lugar do cronista,

mas que possam assumir seu lugar enquanto autores e a completem de forma

coerente. Peça que analisem como cada autor inicia sua crônica, pois uma das

grandes dificuldades de qualquer escritor é começar o texto;

Lembre aos alunos que cada um tem seu estilo, por isso não precisam se

preocupar em seguir o estilo do autor da crônica original;

Faça uma leitura coletiva do primeiro parágrafo desta crônica, retomando as

marcas próprias e os recursos linguísticos utilizados no gênero.

Amigos

Os dois eram grandes amigos. Amigos de infância. Amigos de

adolescência. Amigos de primeiras aventuras. Amigos de se verem todos os dias.

Até mais ou menos os vinte e cinco anos. Aí, por uma destas coisas da vida- e

como a vida tem coisas!-, passaram muitos anos sem se ver. Até que um dia.

Luis Fernando Veríssimo. Comédias da vida privada. Porto Alegre, L&PM,1994. p.137.

Lembre à turma de que o ponto de partida para a escrita da crônica é o

próprio acontecimento relatado no cotidiano e o cronista vai colocar a sua visão

pessoal do fato, acrescentando uma dose de ficção, lirismo ou mesmo de humor.

Direcione o trabalho para seleção de situações que possam contribuir para dar o tom

literário para a elaboração do texto de forma critica.

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Planeje com os alunos a escrita da crônica, por meio das seguintes

perguntas:

a) Qual será foco narrativo?(autor-observador ou autor-personagem);

b) Quem serão as personagens?

c) Como vai desenrolar a narrativa?( o elemento surpresa, que pode ser tanto uma

personagem quanto a descoberta de uma situação inusitada);

d) Onde o fato vai acontecer?(em que cenário ocorreu a situação);

e) Qual será o estilo?( humorístico, lírico, irônico, crítico);

f) E o desfecho? ( aberto, conclusivo, surpreendente);

g) E o autor do texto? (autor-personagem ou autor-observador);

h) E o tempo? (lembre que a crônica se passa em um curto espaço de tempo:

minutos, horas);

i) Questione com os alunos qual o melhor jeito de escrever para se aproximar do

leitor. No caso; a comunidade escolar

j) Retome com eles a situação de comunicação ( quem fala, de que fala, com que

objetivo,de que lugar, para quem) e os elementos próprios do gênero;

Sabendo que a escrita coletiva exige muitas idas e vindas ao texto, divida o

quadro negro.

Ouça as propostas dos alunos e ajude-os a transformar as ideias

apresentadas oralmente;

Anote no quadro, num dos lados as idéias dos alunos, no outro o parágrafo

redigido;

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Instigue os alunos com perguntas:

(Podem ser usadas estas perguntas como outras nesse sentido.)

Como poderemos dar continuidade a essa situação do cotidiano?

Vocês acham que o texto está ficando com cara de crônica?

A linguagem é simples, como se fosse uma conversa com o leitor?

Como podemos reescrever este parágrafo para que as frases não sejam tão

explicativas, mas demonstrem a emoção do autor, despertando a imaginação,

envolvendo o leitor;

Poderiam ser inclusos diálogos entre os personagens da trama para envolver o

leitor no enredo?

Vocês não acham que deveria apontar outras características do personagem?

Falta alguma coisa? O quê?

Peça aos alunos que copiem os parágrafos redigidos nos cadernos;

Solicite a um dos alunos que faça o registro da crônica em papel Kraft, para

uso posterior;

Releia com os alunos cada parágrafo produzido para verificar o

encadeamento do texto e faça as alterações necessárias;

À medida que o texto for sendo reescrito, recomende aos alunos relê-los, para

verificar a unidade, a coerência e a coesão do texto;

Estimular os alunos a ler, analisar e criticar o próprio texto;

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Estimule a participação de todos, evitando somente as dos que tem mais

facilidade para se expressar;

Deixe a decisão final para os alunos, o texto é deles, você pode mediar, mas

eles são os autores;

É na inteiração entre professor e alunos, alunos e alunos que o texto vai se

organizando, ganhando sentido.

Atividade 2

Aprimoramento da crônica

Depois que o texto estiver finalizado parágrafo por parágrafo, é necessário

uma revisão do texto como um todo;

Cole o papel Kraft no quadro negro com o texto redigido, releia-o e faça os

ajustes finais com os alunos;

Ouça os alunos e faça-os refletirem mais uma vez sobre os aspectos citados

no quadro abaixo, aprimorando o texto até a versão definitiva;

Observe:

- As peculiaridades do gênero;

- A estrutura do texto;

- A coerência no desenvolvimento das ideias;

- Se o nível de informação corresponde às características do leitor pretendido:

- Os recursos de coesão utilizados;

- Se a variedade linguística e o registro escolhido são adequados ao tema, ao

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objetivo e à situação interlocutiva;

- Ortografia;

-Pontuação.

Diagnostique os problemas e ajuste-os com a ajuda dos alunos;

Depois de pronto, escolha um título para a crônica com os alunos que pode

ser a combinação de várias propostas dadas por eles;

Fale com os alunos sobre a importância de se aprender a avaliar o próprio

texto, de reescrevê-lo até que esteja de acordo com a finalidade daquele tipo de

produção.

Atividade 3

Comparando sua crônica

Projetar a crônica: “Os amigos” de Luís Fernando Veríssimo na íntegra;

Ler com os alunos;

Retomar as marcas próprias da crônica e os recursos linguísticos utilizados;

Peça aos alunos que anotem em seus cadernos diferenças e semelhanças

entre o que eles escreveram e a crônica pelo autor Luís Fernando Veríssimo;

Em uma roda de conversa peça que apresentem as diferenças e

semelhanças encontradas na escrita. Estas serão anotadas no quadro para que

analisem se todos tiveram as mesmas percepções;

Faça-os refletir sobre a importância de serem autores, de assumirem esse

papel.

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Unidade 6

O cronista agora é você

Objetivos desta unidade:

-Orientar o aluno a redigir uma crônica individualmente atentando-se para o

léxico e os recursos linguísticos adequados ao gênero crônica, ao leitor e à

finalidade do texto, cuidando dos aspectos normativos, como ortografia, pontuação e

concordância, e dos aspectos relativos à unidade textual, como coerência e coesão.

-Estimular o aluno a desenvolver sua capacidade crítica, identificando no texto

os aspectos que comprometem a coerência ou a coesão textual e os elementos

adequados e inadequados ao seu objetivo, ao interlocutor e ao gênero, encontrando

alternativas para melhorá-lo.

- Estimular o aluno a compreender que sua autoria, seu estilo, não podem ser

renegados, porque é importante criar e não seguir modelos.

Professor:

Nesta unidade você será o mediador do processo de produção do aluno. Este

ato implicará em realizar e articular diversas tarefas em conjunto, como “planejar o

texto” em função dos objetivos, do leitor visado, das especificidades do gênero e/ ou

suporte; “escrever articulando conhecimentos linguísticos” (gramaticais, de

pontuação, paragrafação, convenções de como reproduzir a fala das personagens);

revisar o texto refletindo sobre o projeto que o concebeu.

Aluno:

Nesta unidade vocês irão produzir uma crônica. Vimos que escrever é um

trabalho minucioso e consistente do escritor. São inúmeras escritas, leituras,

reescritas, antes que o texto chegue às mãos do leitor, mas vocês terão a

intervenção mediadora do professor que criará condições para que possam

aprender a se deslocar para o lugar de leitor do próprio texto, sobre os objetivos e,

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assim, identificar o que precisa ser modificado, para que a escrita ganhe qualidade e

você ganhe confiança.

Atividade1

Agora é a sua vez:

Agora os alunos produzirão individualmente a crônica que será

aperfeiçoada com a mediação do professor. Elas devem ser aprimoradas já que

serão reunidas num livro de crônica que ficará na biblioteca para a apreciação de

todos.

Pedir aos alunos que tragam para sala de aula notícias publicadas em

diversos jornais;

Organize com eles um varal com essas notícias e convide-os a lê-las;

Peça-lhes que as analisem e escolham entre elas uma que, na opinião deles,

possa originar uma boa crônica;

Diga aos alunos que escreverão uma crônica individualmente;

Em seguida, peça-lhes que escolham entre os fatos noticiados em jornal uma

situação que mereça uma boa crônica e justifiquem a escolha;

Relembre a situação de comunicação: o que escrevo, para quem escrevo,

com que objetivo, sobre o que escrevo, qual o suporte e em que espaço a produção

irá circular;

Valorize as aprendizagens conquistadas e deseje boa escrita;

Atividade 2

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Aperfeiçoando o texto

Escolha um texto de um aluno para ser analisado e aperfeiçoado com o

consentimento dele e passe-o em papel kraft;

Para a revisão e aprimoramento do texto é interessante que questione com os

alunos:

Se o lugar e o tempo onde ocorreu o fato, refletem realmente o acontecimento da

notícia;

Se o texto reporta significativamente o aspecto escolhido do cotidiano;

Se a situação de produção própria da crônica foi desenvolvida;

Se o objetivo proposto da crônica foi cumprido, como refletir sobre a realidade, se

houve criticidade no texto;

Se a linguagem e o estilo utilizados estão coerentes com o gênero crônica;

Se a organização geral do texto está de acordo com o tipo de crônica escolhido;

Se todos os elementos da narrativa: personagem, cenário, tempo, clímax, conflito,

desfecho foram bem desenvolvidos;

Se há problemas de morfossintaxe, de ortografia, de acentuação e de pontuação a

serem resolvidos;

Se o título foi bem elaborado;

Se o desfecho é surpreendente, mobiliza o leitor;

Se os recursos de linguagem estão adequados ao estilo proposto.

Faça uma roda de conversa com os alunos para uma melhor interação;

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Use a tabela acima para a correção do texto escolhido do aluno;

Faça as orientações necessárias de maneira resolutiva ou interativa para que

o aluno possa ter baliza à reescrita do texto.

Atividade 3

Revisando o próprio texto:

Agora o aluno irá aperfeiçoar o próprio texto.

Peça aos alunos que sentem em dupla para correção;

Orientados sobre os critérios a serem observados, peça que revisem e

aperfeiçoem suas escritas;

Com esta atividade os próprios alunos podem ler, analisar e criticar o texto

do colega, sugerir mudanças, questionar trechos que não estejam tão claros sobre

o que dizer. Na condição de leitores, os alunos geralmente são tão ou mais críticos

em relação ao texto do colega, do que em relação ao próprio texto. O aluno

escritor, por sua vez, tendo leitores, verá mais sentido em aprimorar seu texto de

acordo com o público. E assim o papel do professor será o de mediar o ensino-

aprendizagem.

Em seguida o professor recolherá as crônicas dos alunos, lerá os textos

individualmente e fará um levantamento dos problemas existentes de cada uma,

anotará na própria folha do texto escrito os problemas ainda encontrados e dará

sugestões para o aperfeiçoamento de forma interativa, levando o aluno a ser autor.

Atividade 4

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Em sala de aula novamente o professor devolverá as crônicas e auxiliará de

forma mediadora uma nova correção, agora individualmente;

A fim de que chegue ao gênero pretendido o professor precisa auxiliar os

alunos no processo de revisão, solicitando a releitura e reelaboração da produção

textual, diagnosticando possíveis intervenções durante todo esse processo.

Fazendo com que o aluno perceba que a prática de planejar, escrever, revisar, e

reescrever seus textos é antes de qualquer coisa uma maneira do autor refletir

sobre seus pontos de vista, sua criatividade, sua imaginação ao analisar seu texto

conforme as condições de sua produção.

Finalizando esta etapa, é necessário que o professor atenda aos alunos

individualmente, seja na hora atividade, para que possa fazer as correções finais, já

que as crônicas serão colocadas em circulação;

Cada aluno também produzirá uma pequena biografia que será escrita em

sua crônica, para que todos que a leiam, saibam um “pouquinho” do autor da

mesma;

Agora é o momento de fazer uma avaliação com os alunos sobre o percurso

realizado. Lembrando que: É imprescindível que a avaliação da leitura e escrita

de crônicas seja um processo de aprendizagem contínuo e dê prioridade à

qualidade e ao desempenho do aluno ao longo do desenvolvimento das

atividades.

Houve aprendizagem significativa em relação ao gênero crônica?

O que esta aprendizagem pode ajudar na aprendizagem da leitura e escrita de

outros gêneros?

Em qual sentido a leitura e a escrita pode melhorar a vida política social de cada

um?

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As crônicas ficarão expostas no pátio do colégio e serão convidados pais,

responsáveis, professores e alunos de outras turmas, enfim, toda comunidade

escolar para a apreciação das mesmas;

Depois estas produções farão parte de um livro de crônicas que ficará

exposto na biblioteca para acesso da comunidade escolar.

Considerações Finais

Sabendo da importância da leitura e da escrita para a inserção social e

cultural do indivíduo na sociedade é relevante que o professor selecione diversos

textos para os seus alunos e o gênero crônica sendo dialógico, responsivo e

interlocutivo reforça tal objetivo, pois tem como linguagem predominante o relato,

constituindo uma representação de experiências vividas, situadas no tempo,

envolvendo a documentação e a memorização de acontecimentos humanos, com

tom despretensioso, às vezes poético, às vezes filosófico, às vezes divertido, mas

sempre crítico. A crônica é um gênero discursivo que pela sua mutabilidade,

flexibilidade, plasticidade e pela função dialogal possibilitam ao indivíduo interagir

criticamente com seu meio.

Lendo e escrevendo crônicas daremos conteúdo ideológico e vivencial ao

texto e trabalharemos a palavra com o sentido que o contexto social e histórico lhe

atribui, dessa forma o sentido do discurso depende do ponto de vista daquele que

fala no ato da elaboração e daquele que ouve no ato da recepção. Finalizamos com

essa reflexão de Bakhtin: “Na realidade, não são palavras o que pronunciamos ou

escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais,

agradáveis ou desagradáveis, etc.” (BAKHTIN, 1992, p.81).

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