pedagogia histórica crítica texto para questão 1 e 2

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Para entender o ideário de uma escola democrática e de qualidade para todos é preciso uma nova concepção de homem, sociedade, educação, conhecimento; concepção que pode ser apreendida dos postulados de sua pedagogia histórico-crítica mostra aos educadores a viabilidade de superar a crítica reprodutora da situação vigente e construir uma educação voltada aos interesses da maioria da sociedade brasileira, explorada pela classe dominante. A pedagogia histórico-crítica busca captar o movimento objetivo do processo histórico e compreende a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Desse modo, quando o homem transforma o mundo é por este transformado, naturalizando processos, hábitos, atitudes, habilidades, símbolos, valores, ideias, conceitos que vão engendrando práticas de criação e reinvenção desse próprio mundo. Logo, a escola pode se reinventar de modo a tomar-se um lugar para todos e não um bem reservado a alguns As teorias crítico-reprodutivistas, embora reconheçam os condicionantes sociais da educação, entendem que a sua função é reproduzir a sociedade em que ela se insere a pedagogia histórico-crítica, reposicionou a educação no processo de transformação e reinvenção da sociedade. A Pedagogia histórico-crítica é claramente uma teoria contra-hegemônica. Penso que ela desempenha, em relação à educação, papel análogo à teoria elaborada por Marx. Assim como Marx esperava que sua teoria da sociedade pudesse servir como uma arma nas mãos do proletariado em sua luta para instaurar outra forma social, também espero que a pedagogia históricocrítica sirva como uma arma nas mãos dos trabalhadores para instaurar relações educativas que correspondam às suas necessidades e aspirações. É por pleitear lugar legítimo também para a cultura dos filhos da marginalidade, que o desafio de pensar e fazer uma educação de qualidade para todos tem ocupado a vida desse pensador contemporâneo a elaboração de uma teoria pedagógica crítica, transformadora, comprometida, em especial com os filhos da classe trabalhadora e, sobretudo, sensata, capaz de reconhecer, em virtude da coerência teórica, o que de bom os diferentes homens e mulheres, de diferentes épocas, construíram

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descrição sobre o metodo de ensino utilizado no brasil na decada de 30

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Page 1: Pedagogia Histórica Crítica Texto Para Questão 1 e 2

Para entender o ideário de uma escola democrática e de qualidade para todos é preciso uma nova concepção de homem, sociedade, educação, conhecimento; concepção que pode ser apreendida dos postulados de sua pedagogia histórico-crítica

mostra aos educadores a viabilidade de superar a crítica reprodutora da situação vigente e construir uma educação voltada aos interesses da maioria da sociedade brasileira, explorada pela classe dominante.

A pedagogia histórico-crítica busca captar o movimento objetivo do processo histórico e compreende a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Desse modo, quando o homem transforma o mundo é por este transformado, naturalizando processos, hábitos, atitudes, habilidades, símbolos, valores, ideias, conceitos que vão engendrando práticas de criação e reinvenção desse próprio mundo. Logo, a escola pode se reinventar de modo a tomar-se um lugar para todos e não um bem reservado a alguns

As teorias crítico-reprodutivistas, embora reconheçam os condicionantes sociais da educação, entendem que a sua função é reproduzir a sociedade em que ela se insere

a pedagogia histórico-crítica, reposicionou a educação no processo de transformação e reinvenção da sociedade.

A Pedagogia histórico-crítica é claramente uma teoria contra-hegemônica. Penso que ela desempenha, em relação à educação, papel análogo à teoria elaborada por Marx. Assim como Marx esperava que sua teoria da sociedade pudesse servir como uma arma nas mãos do proletariado em sua luta para instaurar outra forma social, também espero que a pedagogia históricocrítica sirva como uma arma nas mãos dos trabalhadores para instaurar relações educativas que correspondam às suas necessidades e aspirações.

É por pleitear lugar legítimo também para a cultura dos filhos da marginalidade, que o desafio de pensar e fazer uma educação de qualidade para todos tem ocupado a vida desse pensador contemporâneo

a elaboração de uma teoria pedagógica crítica, transformadora, comprometida, em especial com os filhos da classe trabalhadora e, sobretudo, sensata, capaz de reconhecer, em virtude da coerência teórica, o que de bom os diferentes homens e mulheres, de diferentes épocas, construíram

Na pedagogia histórico-crítica, a importância do ensino da cultura letrada aparece como fio condutor, “razão de ser da escola”. Em entrevista, Saviani retoma reflexões de sua obra Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações e deixa clara a preocupação com a preservação da cultura popular:

a sistematização e o delineamento da pedagogia histórico-crítica começa a ganhar corpo quando Saviani estabelece vínculo com instituições educacionais fora do Brasil

Após a Segunda Guerra Mundial É justamente contra essa lógica excludente, de falsa democracia e igualdade, que a pedagogia históricocrítica de Saviani insurge:

se queremos que a educação pública se paute por uma ética da solidariedade, portanto, contraposta à orientação dominante, devemos nos posicionar numa perspectiva contra-hegemônica, isto é, de resistência e de crítica à ordem capitalista buscando pressionar o Estado para orientar a política educacional na direção da superação dessa ordem social.Saviani, ao desejar uma educação pública pautada por uma ética da solidariedade, justifica e demarca o valor da sua teoria, como um posicionarse numa perspectiva contra-hegemônica, de resistência e de crítica à ordem capitalista, oferecendo aos educadores ferramentas intelectuais e proposições práticas capazes de orientar um fazer na direção da superação dessa ordem. Contesta, dessa maneira, as teorias pedagógicas que marcaram a história da educação brasileira e oferece uma resposta às teorias histórico-críticas fatalistas. Mas de que modo a lógica capitalista de produção contribuiu para a fadiga e contestação de uma cultura pedagógica secular na educação brasileira

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A pedagogia nova desloca o foco, no âmbito educacional, do professor e do conhecimento/conteúdos para os métodos e o aluno e, dessa forma, confronta a pedagogia tradicional que privilegia o conteúdo, e, consequentemente, o ensino e o papel do professor. São duas perspectivas filosóficas que, segundo Saviani (idem) provocaram um intenso debate que perdurou ao longo de quase quarenta anos (1920 a 1969), do qual a pedagogia nova sai vitoriosa alcançando a hegemonia da classe dominante.

O movimento da escola nova tende a classificar, segundo Saviani (1987), o método tradicional como “pré-científico e dogmático”, articulandoo ensino como “processo” de desenvolvimento da ciência enquanto para o método tradicional ele estaria articulado com o “produto” da ciência. Assim, o ensino, na escola nova seria considerado como “processo de pesquisa” e os assuntos de que trata seriam “problemas”, assuntos desconhecidos tanto pelos estudantes quanto por seus professores. A caracterização clarifica a distinção do ensino tradicional

pedagogia tecnicista na educação desde a educação básica ao ensino superior a partir da década de 1970. Essa teoria pedagógica, segundo Saviani (2010) advoga o princípio da neutralidade científica e busca tomar o processo educativo objetivo e operacional, a exemplo do funcionamento do sistema fabril. Nessas condições, a orientação tecnicista no trabalho pedagógico se coaduna com as práticas tradicionais predominantes nas escolas bem como com a influência da escola nova, acabando por “(...) contribuir para aumentar o caos no campo educativo, gerando tal nível de descontinuidade, de heterogeneidade e de fragmentação que praticamente inviabiliza o trabalho pedagógico

Foi, pois, nesse cenário caracterizado por uma profunda descrença na possibilidade de se fazer uma revolução social pela revolução cultural, que as teorias crítico-reprodutivistas de Boudelot e Establet, a escola dualista de Bordieu e Passeron (Educação como violência simbólica) e de Althusser (Escola como Aparelho Ideológico do Estado) ganham corpo, representando uma possibilidade de confrontar o autoritarismo da pedagogia tecnicista e seu objetivo precípuo de manter a ordem social vigente, adequando a educação às exigências da sociedade industrial e tecnológica

Ancorada no materialismo histórico de Marx, aos moldes maoista, a pedagogia histórico-crítica de Saviani entende o homem como um ser ativo, capaz de conhecer, produzir sua própria realidade e intervir na situação para aceitar, rejeitar ou transformá-la. Ao transformar a natureza, criando o mundo humano, o mundo da cultura, o mundo social, o homem produz a sua própria existência por meio do trabalho, ação adequada a uma intencionalidade.

cabe à educação, na perspectiva da pedagogia histórico-crítica, promover o homem, tomá-lo capaz de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela transformando-a no sentido de uma ampliação da liberdade, da comunicação e da colaboração entre os homens. É nesse sentido que a proposta da pedagogia histórico-crítica delineia quatro objetivos gerais para a educação: educar para a subsistência; educar para a libertação; educar para a comunicação e educar para a transformação.

a pedagogia históricocrítica constitui um arsenal analítico que alimenta a formulação de políticas, o trabalho pedagógico e os novos e renovados estudos que encontram, em seu Denise de Oliveira Alves , Miliane Nogueira Magalhães Benício | 243 pensamento, não só a denúncia das formas disfarçadas de discriminação, mas as diretrizes orientadoras de um novo projeto de escola e de sociedade.

dá na direção do direito de todos a uma educação de qualidade e promotora da superação da desigualdade social.

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