peculiaridade dos ingleses 1 pagina

53
As PECULIARIDADES DOS INGLESES* de se suportar o tosco método inglês de desenvolvimento, naturalmente. MARX, sobre Darwin I Nos idos de 1962, quando as atividades da New Left Review estavam um pouco confusas, a direção da Nova Es- querda convidou um hábil colaborador - Perr y Anderson - para assumir a editoria da revista. Encontramos, como esperávamos, no camarada Anderson a decisão e a coerên- cia intelectual necessárias para assegurar sua continuidade. Mais ainda, descobrimos que havíamos indicado um verda- deiro doutor Beeching** da intelligentsia socialista. Todos * Ensaio extraído do livro The poverty oftheory & other essays. Nova York: Monthly Review Press, 1978. Tradução: Alexandre Fortes e Antonio Luigi Negro. Agradecemos as colaborações das colegas Denise Gross e Maria Aurora de Meireles Rabe!o. Revisão: Michael Hall. * * Bryan Palmer, à página 100 de Edward Palmer Thompson, Objeções e oposições (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996), assim se refere ao doutor Beeching: "[ .. .] lorde Beeching (1913-1985) - presidente da Brítish 75

Upload: dani-cavalheiro

Post on 16-Aug-2015

233 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

1 pagina de peculiaridades dos ingleses

TRANSCRIPT

AsPECULIARIDADESDOSINGLESES* H de se suportar otosco mtodo ingls de desenvolvimento,naturalmente. MARX,sobre Darwin I Nosidosde1962,quandoasatividadesda NewLeft Reviewestavamum pouco confusas,a direo da Nova Es-querdaconvidou um hbil colaborador - PerryAnderson - paraassumiraeditoriadarevista.Encontramos,como espervamos,nocamarada Andersonadecisoeacoern-ciaintelectual necessriaspara assegurar sua continuidade. Mais ainda, descobrimos que havamos indicado um verda-deirodoutor Beeching**da intelligentsiasocialista.Todos *Ensaio extrado do livro The poverty oftheory &other essays.Nova York: Monthly Review Press,1978. Traduo: Alexandre Fortes e Antonio Luigi Negro.Agradecemos ascolaboraesdascolegas Denise Gross e Maria Aurora de Meireles Rabe!o.Reviso:MichaelHall. * *Bryan Palmer, pgina 100 de Edward Palmer Thompson, Objees e oposies(Rio de Janeiro:Paz e Terra,1996), assim serefere ao doutor Beeching:"[ .. . ] lorde Beeching (1913-1985) - presidente da Brtish 75 osramais secundrios no econmicos e desvios sociocultu-raisda New Lejt,que estavam, deresto,recebendo cada vez menostrfego,foramabruptamentedesativados.Asprin-cipaislinhasdarevista sofreramumamodernizaoigual-mentebrusca.Asmarias-fumaa da VelhaEsquerdaforam varridas dos trilhos, asparadas marginais("Compromisso", "Qual ofuturo do CND?, * "Mulheres apaixonadas")foram fechadas,easlinhas,eletrificadasparaotrfegoexpresso daRiveGauchemarxistencialista.Emmenosdeumano, osfundadoresdarevistadescobriram,paraseupesar,que oconselho editorial viviaem um ramal que,apsrigoroso balanointelectual,foiconsideradodeficitrio.Perceben-do-nossuprfluos,colocamosnossoscargosdisposio. Passados trs anos desde a posse da nova direo,parece possvel examinar a tendncia geral da "nova" New Left. Para simplificar, pode-se localiz-la em trs reasprincipais:an-lise do "Terceiro Mundo", definies(geralmente evasivas) da teoria marxista e oambicioso trabalho de anlise da his-tria e estrutura social britnicas iniciado por meio de uma srie de artigos de Anderson e Tom N airn. 1A primeira delas - oTerceiro Mundo - estalmdoalcancedesteartigo. ,indubitavelmente,areanaqualtmsidorealizados algunsdosmaisoriginaisebemdocumentadostrabalhos dos novos redatores. Aqui, restringir-me-ei soutras duas. Osartigoscitados,vistosemconjunto,representam umaalentadatentativa de desenvolverumcoerentebalan-Railroad Board [ ... ], responsvel pelo 'Plano Beeching', que levou in-terrupodevriaslinhasferroviriasdepequenoportenaGr-Bretanha".(N.dos Ts.) *CND a siglado movimento Campaign for Nuclear Disarmament, do qual Thompson foidestacado integrante.(N.dos Ts.) 76 ohistricodasociedadebritnica.Semdvida,oartigo seminalodeAnderson("Originsof thepresent crisis"). Mas,seotrabalhodeNairnmenosinspirado,aindaas-simamboshabitamomesmouniversomental.Osdoisse sentemmargemda"ideologiainglesa",aqual,"emsua tolavelhice,dorigem aumtipodecrepsculono qual o 'empirismo'setornouumamiopia,eoliberalismo,uma cegueira incmoda". 2N airn estende a acusao:"isolamento eprovincianismoingleses,atrasoetradicionalismoingle-ses,religiosidadeeauramoralistainglesas,'empirismo' inglsmesquinhoou desconfianainstintivadarazo". 3 Contem-se,ainda,"anulidadedastradiesintelec-tuaisnativas", o"embrutecimento secular e insular" da cul-tura britnica, "o impenetrvel manto de complacncia" da vidasocialbritnica,"orgidoentrincheiramentodocon-servadorismo sindicalbritnico" e "os sculos de constipa-odecadenteedeumsedimentadocultodosancestrais" dasociedadebritnica.Aideologiainglesa"abraouuma culturaliterriadiletantedescendentedaaristocraciaea maistosca dasfilosofiasutilitrias lumpemburguesas,jun-tando-as em uma bizarra unio 'Jekyll e Hyde' de atrao e repulsa".4 "Oprprio mundourbano"ingls"a imagemdeste conservadorismoarcaico,bastardoconservadorismo,um mundourbanoquenotemnadaavercomacivilizao urbana,talcomoconcebidaemoutn?spases,comuma cultura burguesa antiga e unificada"s.Estes juzos esto re-sumidosem"Origins",deAnderson: Osdoisgrandeselementosqumicosdesseenvolven-tefoginglsso"tradicionalismo"e"empirismo" : nele,avisibilidadedequalquerrealidadesocialou his-77 tricasemprezero.Encobrindotodaasociedade comumespessovusimultaneamentefilisteu(em relaosidias)emistaggico(emrelaosinsti-tuies),oresultadoumconservadorismoabran-genteecoagulado,conservadoris mopeloquala Inglaterramerecidamenteadgui riuumareputao internacional. Ea essncia da anlise de ambos osautores sobre otra-balhismopodeserencontradanafrasede Anderson:"na Inglaterra,umaburguesiaaptica produziu um proletaria-dosubordinado".6 Semdvida,emcontextosparticulares,algumasdes-sasopiniespodem ser sustentadas . Masoque evidente, onde quer que seimponham, a perda do controle emocio-naleadestituiodaanlisepelacondenao.Pairasobre elasum qu de senhor Podsnap* savessas."Ns, ingleses, temos muito orgulho de nossa Constituio, sir",explicou osenhor Podsnap com wn senso demeritria propriedade: - ElanosfoiconferidapelaProvidncia.Nenhum outropasfoitofavorecidocomoonosso. - Eosoutrospases- disseocavalheiroestrangeiro. - Comofazemeles? - Elesfazem,sir- retrucouosenhorPodsnap,me-neandoacabeagravemente- elessesaembem, lamentoserobrigadoadiz-lo,comoelesfzem. Masagoraospapisestoinvertidos.Inchadocomo umabolaparaincorporartodaaculturabritnicadosl-timos400anos,osenhorPodsnapestsendoacusado. *Senhor Podsnap:personagem de Ourmutual priord, de Charles Dickens, filisteu,complacente, recusa-se a reconhecer fatos (N. dos Ts.) 78 - Eos outrospases- disseosenhor Podsnap,cheio deremorsos.- Comofazemeles? - Elessesaembem- replicaramseveramente mes-sieursAndersoneNairn:- Elesfazem,lamentamos sermos obrigadosa diz- lo, Melhor Sob Qualquer As-pecto.SuasRevoluesBurguesasforamMaduras. SuasLutasdeClasseforamSanguinriaseInequ-vocas.SuaIntelligentsiafoiVerticalmenteIntegrada eAutnoma.SuaMorfologiafoiTipologicamente Concreta.SeuProletariadofoiHegemnico. De ponta a ponta, h,realmente, em suasanlises,um inconfessomodelodeOutrosPasescujasimetriatipol-gica oferece uma reprovao ao excepcionalismo britnico. Cotejadacom estemodelo,aclassetrabalhadorainglesa "um dosenigmas da histria contempornea",? a experin-cia histrica daburguesia inglesa foi "fragmentada, incom-pleta" ,8eosintelectuaisinglesesnoconstituram"uma verdadeiraintelligentsia". 9 Toda experincia histrica obviamente, em certo sen-tido,nica.Muitoprotestocontra issocolocaemquesto noaexperincia(quepermanece por serexplicada),mas arelevnciadomodelocontraoqualelaestsendojul-gada.(PodemosdeixardeladoofatodequeosOutros Pases,seexaminarmosnaesindustriaisavanadasdu-rante os ltimos50anos, nem sempre, ou sob qualquer as-pecto,fizeramMelhor doqueosbritnicos,adespeitode suaintelligentsiaverticaleseuproletariadohegemnico.) Claramente,omodeloAnderson-Nairnseaproximade formamaisestreita da experincia francesa,ou deumain-terpretao particular dessa experincia, e nisto eles seguem atradiomarxista predominantepr-1917.Quandocolo-cadaaoladodela, 'aexperinciainglesafalhaemtrsim-79 portantesaspectos.1)No carterprematuro eincompleto da revoluo do sculo XVII.Nos compromissos decorren-tesde1688e1832,aburguesiaindustrialnoconseguiu obterhegemoniaincontestenemrefazerasinstituies dominantesdasociedadesuaprpriaimagem.Emvez disto,ocorreu"umasimbiosesistemticaedeliberada" entre a aristocracia terratenente e a burguesia industrial, na qual,entretanto,aaristocraciapermaneceucomoscio majoritrio.2)Porque a revoluo do sculo XVII foi"im-pura", e a luta conduzida em termosreligiosos, a burguesia, almdenuncaterdesenvolvidoumavisodemundoou autoconhecimento coerentes, satisfez-se com uma "ideolo-gia"do"empirismo",quetemaparentementecaracteriza-do acultura intelectualinglesa at osdiasdehoje:"[ .. . ]o legadoideolgicodarevoluofoiquasenulo[ ... ] .Devi-do ao seu carter 'primitivo', pr-iluminista, a ideologia da revoluonofundounenhumatradio significativa nem gerouconseqnciasrelevantes".3)Umarevoluobur-guesaprematuradeuorigemaummovimentoprematuro daclassetrabalhadora,cujashericaslutasduranteaRe-voluoIndustrialforamanuladaspelaausncia decresci-mentotericocorrespondente:"[ ... ]seumximoardore insurgnciacoincidemcomamenordisponibilidadedo socialismo como uma ideologia estruturada".Quando este movimentodesintegrou-se,apsocartismo(ata"exaus-to"), seguiu-se uma "inciso profunda"na histria da clas-setrabalhadorainglesa,ea"maisinsurgenteclassetraba-lhadoradaEuropatornou-seamaisentorpecidaedcil". "O marxismo veio tarde demais",aopasso que nosOutros Pases "o marxismo arrebatou a classe trabalhadora". Deste modo,omovimentotrabalhistadops-1880anuloutoda sua existncia por expressar apenas virtudes corporativas(e 80 nohegemnicas)eporsujeitar-seaumaideologia(o fabianismo) *queimita,cominstrumentalempobrecido, obanalempirismodaburguesia. Nossos autores trazem para a anlise oardor de explo-radores . Eles lanam-se em sua circunavegao descartando comdesprezoosvelhosmapasespeculativos.Anderson nota acompleta ausnciadequalquerhistriaglobal sria dasociedadebritnica e"acovardiadanossahistoriogra-fia".Nenhuma tentativa foifeitaparapelomenosesboar umahistriatotalizantedasociedadebritnicamoderna. Nairn descobre que no h "sequer um debate histrico ru-dimentarvisandoaodesenvolvimentototaldasociedade britnica".MasnossOSexploradores so hericos e missio-nrios.NsseguramosnossOflegoenquantoaprimeira incursomarxistafeitaporessanorthlandinexplorada. Entreatundraeomusgodoempirismoingls,elesesto tentandoconstruirverdadeirascapelasparaconverteros pobressindicalistasaborginesdeseusmitoscorporativos luz hegemnica: Enredadanadensateiadaarcaicasuperestruturaen-xertadanocapitalismobritnico[ ... ]aclassetraba-lhadoranopodiadistanciar-seagressivamenteda sociedadeeconstituirseuprpriomovimentoaut-nomoemdireohegemoniasocial.Estavafaltan-*Fabianismo:refere-se Fabian Society, sociedade socialista britnica, fundada em 1883 por Edward R. Pease, com o objetivo de "reconstruir a sociedade deacordocom omaisaltoidealmoral".Teveentre seuS membros H.G.Wells,Bernard Shaw eSidney e e a t ~ i c e Webb. De-sempenhou papelimportante na fundao do Labour Party em 1906. Recusou vrios conceitos marxistas, como o de mais-valia. Reformistas moderados, os Webbs foramintelectuais influentes.(N.dos Ts.) 81 dooinstrumento cortante necessriopara estatarefa. Ouseja,umextratointelectualdescoladodocon-sensosocial,dotadodeforasuficienteecapazde agircomocatalisadordanovaforalutandoporex-pressocontraoconsenso. 10 o problema "criar teoria em um meio ambiente tor-nadorefratrio racionalidadecomotal",isto,criar"a intensaconscinciaracionaleaatividade"queso"pr-requisitos necessrios da revoluo nesta sociedade de cons-cincia fetichizada e emasculada".ll Tapando asorelhas com seus gorros, desembarcam eavanam,lutando para levar a intensaconscinciaracionaldeseusinstrumentoscortan-tes "intelligentsiatradicional",at ento "enterrada intei _ . ramentenosritostribaisdeOxfordoudaLondresliter-ria".12 H uma crescente sensao de suspense enquanto eles - osPrimeiros MarxistasBrancos- abordamosestarre-cidosaborgines. rr Istopoucogeneroso,pois"Origins",deAnderson, umestudoestimulante- defato,comoprovocao, umtourdeforce.Se,porsimesmo,nopodeseraceito comoumenunciadohistrico,todaviaumestmuloao estudoeaumaafinaodeintensidadeconceptualinco-mum.Seno verdade que aGr-Bretanha sejauma terra incgnitapara omarxismo, tambm verdade que taisten-tativasdeauto conhecimento histrico devamser feitasre-petidamente,em cadaavanonoconhecimentoeem cada refinamentodenossoinstrumentalanaltico. Uma questoque me perturba,todavia,seoinstru-mental usado por essesautorespara suatarefa foirefinado 82 ou s maquiado. Podemos voltar primeira proposio do excepcionalismo ingls,isto , revoluodo sculoXVII esuasconseqncias: Quetipoderevoluofoiela?Pode-se,talvez,dizer quefoiumconflitoentredoissegmentosdeuma classedegrandesproprietriosdeterras,nenhum dosquaiseraumacristalizaodiretadeinteresses econmicosopostos;emvezdisso,eramlentes par-cialmenteincertasmas predominantementeinteligveis, nasquaisasforassociaismaisamplasemaisradi-calmenteantagnicasvieramaterfocostemporrios edistorcidos. Porquearevoluofoibasicamentedisputadaden-trodeumaenoentreclasses,emborapudesse(ede fatologrou)destruirosnumerososobstculosins-titucionaisejurdicosdofeudalismoaodesenvolvi-mentoeconmico,nopdealteraroestatutobsi-codapropriedadenaInglaterra. oresultadofoitransformar"oconjuntodeproprie-trios de terra em uma classe basicamente capitalista", e "ela alcanouistotransformandoprofundamente oS'papismas noo pessoaldaclassedominante". "Nestesentido,elafoiumarevoluocapitalistaex-tremamentebem-sucedida.Aomesmotempo,todavia, deixouquasetodaaestruturasocialintacta." Istoestescritonapgina30de"Origins".Mas,na 39, somos avisadosde que essa "amarga e catrtica revolu-o[ ... ]transformou a estrutura, masno a superestrutura dasociedadeinglesa". - d> S'Queseristo?Qualmodeloestaousano.eeum simplesmodelodebase-superestrutura,entodifcil 83 conceber "uma revoluocapitalista extremamentebem-su-cedida"que todavia no altere o "estatuto bsico da proprie-dadenaInglaterra".Notenho claroqual osentido de "es-tatuto"neste contexto, mas, se fssemosexaminar a decom-posiodoexerccioedasrelaesdapropriedadefeudal, deveramoscomearumaanliseda"Revoluo"muitos sculosantesdoautorizadoporAnderson.Seaconquista principaldarevoluofoi"destruir osnumerososobstcu-losinstitucionaisejurdicosdofeudalismoaodesenvolvi-mentoeconmico",entocomopossvelafirmarqueela "transformou a estrutura, mas no a superestrutura da socie-dadeinglesa"?Emqualquercaso,tomando1640e1688 juntos,supe-segeralmentequeafunodeumainstitui-omuito importante,amonarquia,foiconsideravelmente modificada,eaquinstemosumatransformaotantono papelquantonapessoa. De fato,osentido daanlisedeAnderson parece ser o dequearevoluoefetuoucertasmudanasnasuperestru-turainstitucional,removendoobstculoscruciaisaodesen-volvimentocapitalistanametrpoleenascolnias,maso confrontoentreasforassociaisfoi,emoutrosaspectos, dbio,deixandopartesdasuperestruturafeudal(oups-feudal,transicional-paternalista?)intactas.Como descrio, issoclaramente verdade,emborapoucooriginalseja. H, todavia, outra ambigilidade, cuja importncia cresce medida que suasanlisesse movem do sculo XVII para o XIX.Apesardasnegativas,nemAndersonnemNairnpa-recem capazes de aceitar, au fond,a noo de uma classe agr-ria, rentier ou empresarial, como wna verdadeira burguesia. 13Enquanto, em "Origjns", osproprietrios de terra so iden-tificadoscomouma"classebasicamentecapitalista",e ns somosavisados,almdomais,deque"no havia[ .. . ]des-84 de ocomeo nenhuma contradio antagnica fundamental entre avelha aristocraciaea novaburguesia",naanlisedo desenvolvimento do sculo XIX a aristocracia e a classemdia industrial so descritascomo "classessociaisdistintas" que, aps1832,sofreram"s imbi oses",umprocessonoquala burguesia efetivamente capitulou diante da aristocracia("sua coragem se foi","ela ganhou duasmodestas vitrias, perdeu seu vigor e terminou por perder sua identidade"). Em Nairn, ocontrasteaindamaissaliente:osproprietriosdeterra so "protagonistas de uma civilizao distinta, a meio cami-nhoentre ofeudaleomoderno[ ... ],umacivilizao[ ... ], adespeitodeseustraosburgueses,qualitativamentedis-tinta da nova ordem social";a elite poltica aristocrtica, suas instituies e seu etos eram "a emanao de uma classe social distinta,independenteeseparadadosconflitosequestes principaisdasociedadecapitalistaurbana".14Almdisso, cada"classe"especficaprojetouumaideologiadistintiva: