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Muna exibe exposição dedicada ao arquiteto Ricardo Pereira. Confira o que há de bom para se fazer na noite da cidade: bares, restaurantes, boates. Os lugares mais curtidos pra você degustar uma comidinha rápida e saudável. A crítica de Lu de Laurentiz, a crônica de Guimarães Lobo a filosofia de Paulo Irineu. Cultura e Diversão Uberlândia/MG Dezembro de 2011 Gratuito PÁGINA CULTURAL

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Muna exibe exposiçãodedicada ao arquitetoRicardo Pereira.

Confira o que há de bompara se fazer na noite da cidade:bares, restaurantes, boates.

Os lugares mais curtidospra você degustar umacomidinha rápida e saudável.

A crítica de Lu de Laurentiz,a crônica de Guimarães Loboa filosofia de Paulo Irineu.

Cultura e DiversãoUberlândia/MGDezembro de 2011Gratuito

PÁGI

NA C

ULTU

RAL

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Editorial

Hoje, o conceito ganha novos desdobramentos, tendo em vista, principalmente, a ramificação, pelo corpo social, das técnicas empresariais de (auto)gestão, o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, e os dispositivos de produção e circulação de imagens e sons. Por um lado, mantém-se e intensificam-se as estratégias de administração e regulação da vida das populações, algo que se legitima pela retórica do risco, da instabilidade e da insegurança, em um momento histórico em que se trata menos de criar a ordem do que de gerir a desordem, como diria Agambem.

Expediente

Tiragem: 5 mil exemplaresDistribuição: gratuitaDiretor-Executivo: Sérgio EvangelistaDiretora Editorial: Lilian GuedesFotografia: Alessandro GomesComercial: Guimarães Lobo e Flávia GuedesContato: [email protected] (34) 9999 - 0000 | 8888 - 0987

5 - Entrada Franca7 - Internet8 - Teatro 14 - Música ao Vivo17 - Festas19 - Toda Semana20 - Artes Plásticas22 - Turismo25 - Leitura30 - Coma Bem

Índice

O Museu Universitário de Arte (MUnA) traz sua última exposição do ano dedicada a contar a história do arquiteto Ricardo Pereira.

Destaque Cultural - 29

04 05 Entrada Franca

Mostra Perpendicular de Cinema e Vídeo

Acontece em Uberlândia, de 27 a 30 de novembro, a IV Mostra de Cinema e Vídeo do Triângulo – Perpendicular. A curadoria da mostra convidou os filmes longa metragem: Riscado, Melhor Atriz Festival do Rio – de Gustavo Pizzi (RJ); O Céu sobre os ombros, Melhor Filme Festival de Brasília – de Sergio Borges (BH); Desas-sossego, Festival de Rotterdam – de Felipe Bragança (SP); e Transeunte, Prêmio do Júri Festival de Brasília – de Erick Rocha (RJ). Todos vencedores de festivais nacionais e internacionais. Representantes dos filmes estarão em Uberlândia para debates com o público, refletindo estéticas e políticas para a produção audiovisual brasileira.

www.perpendicular.com.br

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Entrada Franca

Sam Peckinpah, um dos nomes mais importantes do cinema americano, foi um cineasta de personalidade controversa. Seu estilo, marcado pela violência e pelo sentido épico influenciou diretores como Quentin Tarantino, John Woo e Oliver Stone. Considerado um homem de comportamento sádico e propenso a rompantes de agressividade, praticava jogos psicológicos perver-sos com os atores nas filmagens. Seus parceiros de trabalho, no entanto, sempre lhe tiveram em alta estima. Peckinpah morreu em decorrência de um derrame, em 28 de dezembro de 1984, em Inglewood, Califórnia.

Programação completa: www.paginacultural.com

07 Internet06

Arrotos e Soluços de Renato Cabral

O cinema de Sam Peckinpah

Dia 28 de novembro, a partir das 14h, Renato Cabral apresenta seu 12º filme aos interessados e aos interessantes, apenas um mês depois de lançar Raízes e Asas, que teve grande repercussão na web, seja lá onde isso chega ou vai dar. Recheado de tabus, e com uma narrativa que brinca com espaço e tempo, Arrotos e Soluços será lançado também pela internet, seguindo um caminho marginal aos festivais de cinema e vídeo do Brasil. Arrotos e Soluços é um filme sem inocentes e sem inocência; que o diga a galinha. Um filme cujo único valor é levar o banheiro para a mesa do jantar. Não espere nada além disso. Mas se você for assistir, veja de barriga vazia.

www.oruminante.com.br/arrotosesolucos

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Teatro 08

“Outro Lado” é o segundo espetáculo de longa duração realizado pelo Quatroloscinco – Teatro do Comum, e quinto trabalho cênico do grupo. Esta montagem é resultado de 8 meses de pesquisas em criação coletiva e dramaturgia autoral – linha na qual o Quat-roloscinco vem se aprofundando desde seu primeiro trabalho, em 2007. Dramaturgia, direção e atuação são assinadas pelos inte-grantes do grupo, em um processo de horizontalização da relação de trabalho e quebra de hierarquias.

A parceria com a Cia. Clara também resultou no espetáculo “Nada aconteceu” (2010), com direção de Anderson Aníbal, estreado em maio, na qual o Quatroloscinco participou do processo de criação e atuou em sua primeira temporada.

Espetáculo “Outro Lado” – QuatroloscincoDatas: 10 a 27/11 (quinta, sábado e domingo)Local: Teatro Espanca – Rua Aarão Reis, 542 Ingressos: R$ 5 – inteira/ R$2,50 – meia-entrada

Quatroloscinco apresenta “Outro Lado”

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Shows 10

Gravado em São Paulo e produzido pelos melhores músicos do país (dentro do estilo Forró Pé-de-Serra), o CD “Até o dia clarear” do Trio Sucupira, apresenta 13 faixas, sendo 7 de autoria do grupo e 6 de outros compositores. A proposta do trabalho foi regastar a cultura nordestina através dos ritmos que se popularizam com as vozes e instrumentos de artistas daquela região. O lançamento do novo trabalho acontecerá dia 20 de novembro, no Liverpool Clube, a partir das 16 horas. Serão mais de 8 horas de festa com várias atrações, entre elas os atuais campeões do Festival Nacional de Forró, Raízes do Sertão (DF), o quarteto Os 4 Mensageiros (SP), considerada uma das melhores bandas de forró do Brasil, e as bandas locais Forró Q Só, Trio Façuá e Forró Smeril.

Lançamento do CD “Até o dia Clarear”Trio Sucupira + Raízes do Sertão (DF) + Os 4 Mensageiros (SP)+ Forró Q Só (Udia) + Trio Façuá (Udia) + Smeril (Udia)Dia 20 de novembro de 2011Liverpool Clube – 16hInformações: (34) 8849-7376 / 9964-4261

Forró “Até o dia Clarear”

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Festa 12

Fábio Smeli e Mexicano William sacam tanto de música que qualquer outro termo entre “Roots” e “Revolution” soaria coerente ao nome do projeto que mantém juntos. No caso desse post, esta-mos falando de funk. A última mixtape do RRR é uma compilação harmônica de clássicos da funk music e outros bounce beats suculentos. Tá muito foda. Quem coloca Dam-funk e Chromeo num mesmo set merece todo o nosso respeito. Dá o play e mexe as cadeiras:

Ras Bernardo (RJ) & QG Imperial (SP)Faluja (DF) + DiscotecagemSexta-feira, 4 de novembro de 2011Local: Alldeia – Rua Estrela do Sul, 655 – MartinsIngressos antecipados: R$12,00

Roots Funk Revolution

Toda Quinta13

Mara realizou vários shows do Mara Faria Trio e também com a participação de artistas locais, misturando sua música, com raízes do jazz, blues e soul, com a música de tantos outros como: Karine Telles, Daniela Borela, Letycia Landin, Hugo Barata, Danislau Tam-bém, Naldo Luiz e Ivy, Maurício Ricardo, Bisa Nascimento. Esses e muitos outros maravilhosos músicos e instrumentistas participaram do projeto Quinta de 1ª, realizado por dois anos a cada primeira quinta do mês no Vinil Cultura Bar, por Mara Faria juntamente com o pianista André Henriques e o baterista Juliano Costa, músicos que sempre a acompanharam, desde os primeiros shows.

Show SoulongDespedida da cantora Mara Faria08 de outubro de 2011Vinil Cultura Bar – 22h00Fone: (34) 3234-6999

Mara Faria faz show com cantora americana

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Gastronomia 16

A cozinha mineira encanta não somente porque é a mais carac-terística do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias. São histórias bem brasileiras que remontam à época dos escravos, o ciclo do ouro, das pedras preciosas e que nos falam de cidades importantes como Ouro Preto, Diamantina, Sabará e outras, onde se escreveram muitas páginas da história brasileira. A preparação desses pratos em ambientes modestos e com poucos recursos, termina por despertar um espírito criativo, seja nas misturas dos ingredientes, seja nos seus tem-peros, dando lugar assim a uma cozinha típica, muito rica e bem variada. A cozinha mineira é toda baseada nos produtos de fundo de quintal, o porco, a galinha, o quiabo, a couve, o fubá.

Onde comer a tradicionalcomida mineira?

Gastronomia17

Peixada de Surubim e frutos do mar A cozinha mineira encanta não so-mente porque é a mais característica do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias.

Lanches naturais, sucos e sobremesas dietética A cozinha mineira encanta não so-mente porque é a mais característica do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias.

O verdadeiro churrasco gaúcho feito na brasa A cozinha mineira encanta não so-mente porque é a mais característica do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias.

Para você que é esportista, várias receitas de açaí A cozinha mineira encanta não so-mente porque é a mais característica do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias.

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Exposição 19O Museu Universitário de Arte (MUnA) traz sua última exposição do ano dedicada a contar a história do arquiteto Ricardo Pereira. A exposição póstuma é uma iniciativa da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Uberlândia para homenagear o arquiteto que também foi professor do curso de arquitetura da UFU.

A exposição coordenada por Lu de Laurentiz e Maria Eliza Alves Guerra juntamente com equipe curadora selecionaram 23 projetos para serem expostos: sete residências unifa-miliares; cinco projetos paisagísticos; seis na classificação institucional (Centro Administrativo, Câmara Municipal, arquitetura escolar); um projeto comercial e quatro igrejas católicas.

O arquiteto e professor falecido em outubro de 2010, possui grande importância tanto para Uberlândia como para a UFU. Ele foi arquiteto, urbanista, ilustrador, desenhista, miniaturista, paisagista, fotógrafo e designer. Entre as obras espalhadas pela cidade tem-se o projeto da Praça Ruy Barbosa, mais conhecida como Praça da Bicota, feita na época em que Ricardo Pereira era funcionário da Prefeitura Municipal de Uberlândia.

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Artes 21

O trabalho de Paulo Lanna é marcado pela influência do expressionismo alemão. A figura humana e o seu drama na urbs contem-porânea fazem parte da preocupação central das suas pinturas. Todas elas compõem uma situação horripilante dos dramas humanas existentes nas grandes cidades, influenciadas possivelmente pelos filmes de terror e revista em quadrinho, assim como do próprio no-ticiário televisivo que invade a nossa privaci-dade todos os dias. Essas figuras humanas fazem parte de uma composição pictórica carregadas de grande força expressiva e ocu-pam quase todo o espaço composicional, ao lado de esboços de elementos arquitetônicos, como, casario, janelas, portas, etc. Estes apenas sugeridos por linhas curtas e impreci-sas, conjugados com cores contrastantes. Em muitos destes trabalhos foi usado sobre as linhas pretas, linhas de cor ocre que ressalta a o caráter artificial do mundo pictórico. Nos últimos trabalhos a linha foi substituída por superfície preta produzido por spray automo-tivo. Com isso conseguiu sugerir levemente a idéia de volume antes desprezada, assim como obteve um contraste de luz e cor muito acentuado.

Paulo Lannaexpressionista

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Exposições 22 Resenha 23Exposição “FILTROS DE LUZ”

Artista Vera PradoVisitação até 30/11/2011 – segunda a sexta das 9h às 19hGaleria VirmondesRua Melo Viana, 74 – Bairro MartinsFone: (34) 3235-8933 / 8805-7746

Exposição Coletiva Palavra Imagem

Visitação até 09 de dezembro de 2011 – segunda a sexta das 12h às 18hSala de Experimentações Visuais Casa da CulturaPraça Coronel Carneiro, 89 – Bairro Fundinho – Uberlândia/MGFone: (34) 3255-8252 / E-mail : [email protected]

Exposição ARQUITETO RICARDO PEREIRA

Visitação até 17 de dezembro de 2011, de segunda a sexta das 8h30 às 17hMuseu Universitário de ArtePraça Cícero Macedo, 309Bairro Fundinho – Uberlândia/MG

Exposição “MORADIAS PROVISÓRIAS”

Artista Paulo AugustoAbertura, 18 de novembro de 2011 – 20hVisitação até 23 de dezembro – segunda a sexta das 11h30 às 17h30Galeria Ido Finotti – Centro AdministrativoAvenida Anselomo Alves dos Santos, 600Bairro Santa Mônica – Uberlândia/MG

Acompanhe, em A Arte do Rock: Imagens que Marcaram a Era Clássica do Rock, a incrível viagem do historiador de rock Paul Grushkin pela coleção do talentoso diretor teatral Rob Roth, reu-nida por mais de 40 anos. Para muitos fãs deste gênero musical, as imagens de cartazes publicitários, capas de discos, crachás e muitos outros itens de merchandising do mundo do rock, cuidados-amente catalogadas nas páginas deste livro, despertarão lembran-ças nostálgicas de luzes piscando, da fumaça e do som poderoso dos shows de rock dos anos 70, 80 e 90.

Editora: Nacional / Autor: PAUL GRUSHKIN / ISBN: 9788504017274Origem: Nacional / Ano: 2011 / Edição: 1 / Número de páginas: 256

A arte do Rock

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Aventura 25

Serra doCipóViajar é transcendente, você se coloca de frente com o descon-hecido, provoca encontros e desencontros que jamais poderiam ocorrer.É engraçado, pelo simples fator de ir e estar desconfortável, em um ambiente desconhecido, com pessoas que não aquelas que está acostumado, e mesmo assim se sentir em casa e se manter sorrindo.É ir ver, mas muito além disso, é conseguir encontrar consigo mesmo em situações diversas, que não aquelas da sua rotina. É conhecer várias pessoas, inclusive aquela que está escondida aí dentro, você dá a oportunidade dela sair, se mostrar, flutuar e permear sua vida com novas possibilidades.Muito ruim, mas muito ruim mesmo, seria cercearmo-nos de con-hecer, experimentar, vivenciar e sentir. E vos digo meus amigos, a maneira mais provável disso acontecer é não viajar. Parque do Sumidouro | Lapinha | Sto. do ROD | Serra do Cipó – MG, Brasil

http://peruzzo.fot.br/

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Fotografia 27

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O Ano da Morte de Hannah Reis

Crônica 29

_ Saio de casa, de moto, no frio…

_ Saio nua da coxia…

_ Saio para ver Ana Reis, a menina que dançou com beterrabas, que eu ainda não sei quem é. No Teatro, poucas pessoas – 27 ou 28, no máximo – Em mim, pessoa alguma. O palco montado em arena (tenho de revisar o livro de Ana Said sobre o Teatro de Arena de São Paulo). Sento-me à esquerda. Sempre sentei-me à esquerda, mesmo num círculo. No palco, duas bacias grandes; uma de uma água turva como meus pensamentos; outra vazia, como meus pensamentos; outra ainda menor, para o banho (que saberei mais tarde); e vários rolos de algodão desmembrados, desenrolados, sujeitos. À direita, ao fundo, uma colônia de caquis (uma fruta sem graça como essa vida). À frente, frutos enormes de bucha seca. Enormes e secas e ásperas e fálicas e ocas… Ana entra. Nua. Não há música.

_ Entro na luz da arena. Vinte e sete pessoas. Vinte e sete dias sem sangrar. Eles ainda não sabem, mas serão meus leões esta noite. Eu, o seu Daniel.

_ Ouço um barulho no alto, na técnica. Um rumor intermitente de quem desconhece a obediência ao silêncio em um espetáculo. Lembro-me de Um Dia de Fúria. Lembro-me de um taco de Basebol (ou de sinuca). Lembro-me de miolos espalhados pela mesa de som e luz…

_ Estou cheia de feridas e preciso me curar. Faço compressas de ervas para cada uma de minhas cicatrizes abertas – são tantas! Meus pés, que tanto me levaram e rodaram por viagens várias que fiz, e que ainda vou fazer… Meus tornozelos e meus joelhos, que em tantos saltos e quedas sempre me ampa-raram – e que doem sempre… Minha vulva exposta, minhas nádegas, minhas coxas, minhas costas… Ombros e braços que carregam meus sonhos – coi-tados… Minha nuca que pede um beijo, mas o beijo do inverno é frio… Minha testa em febre…. Passo agora para o meu outro corpo. Para banhá-lo. E o banho em ervas puras e nuas como este corpo. E o banho de uma água turva, como todas histórias turvas e personagens turvas que já interpretei. E o banho demorado e sem tempo. E permito ao corpo o cheiro das ervas que o lavam… Outro corpo tem fome. Uma mesa repleta com os frutos da vida – frágeis – doces para uns; sem gosto para tantos… Eu como e me lambuzo e cuspo e como e me sujo de vida e como e vomito e como e me lambuzo e vomito a vida e como o vômito da vida e me lambuzo de vida e de vômito e como até que

tudo seja um caldo único… Outro quer se limpar dessa vida toda, na angústia e nascer de novo. Cinquenta e quatro olhos a devorar este corpo.

_ Não entendem. Fingem que entendem. Entendem que entendem.

_ Esfrego este corpo na aspereza de cada olhar. Na aspereza de todos os olhares do mundo. Esfrego e arranco cada pedaço de olhar sobre minha pele toda. Quer me comer? Minha bunda é bonita? De meus seios jorra o néctar dos deuses? Arranco tudo. Arranco minha pele se for preciso, até que derrame sangue e me lave com esse sangue e me purifique de todos os olhares. Olho, em cada olho que me olha, com raiva e súplica…

_ Ela me viu!!!

_ Quero me sentar. Quero me desfazer. Quero me rasgar. Encontro-me no que é áspero e fálico e seco e oco e sem vida. E rasgo e despedaço. E desfio e estripo. E desconstruo e esfacelo com força. Até que eu me canse. Até que eu me esgote. Até que as mãos sangrem. E cubro-me de todos os meus ped-aços. E aqueço-me com o que há em mim. E junto-me dessa colcha que sou para me deitar. Estou cansada…

_ Já está deitada há cinco minutos e ainda vejo seu peito arfar; e ainda ouço sua respiração ofegante. Cinco minutos eternos e desconcertantes. Há um rearranjar de corpos na arena que circunda. O desconforto é palpável. Eu apenas a olhar os seus olhos fechados. Os olhos da bailarina estão fechados. Os meus não querem sair dali. Mais minutos eternos se fazem e nem a luz se abranda. Outros estão a sair. Eu quero gritar. Quero gritar até enrouquecer. Quero um poema de Pessoa…

“Cada dia sem gozo não foi teuFoi só durares nele.Quanto vivas Sem que o gozes, não vives.

Não pesa que amas, bebas ou sorrias:Basta o reflexo do sol ido na águaDe um charco, se te é grato.

Feliz o a quem, por ter em coisas mínimasSeu prazer posto, nenhum dia nega A natural ventura!” (Ricardo Reis)

E então aplaudo. Aplaudo sozinho. Aplaudo a toda minha vergonha. Essa vergonha de mim mesmo. Choro o que é possível (ultimamente, as bailarinas têm feito isto comigo: enchido estes olhos de mar. Não sei se sinto raiva… ou se agradeço.).

[email protected]

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Humor 30

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