paulo missionario

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http://www.ipreviver.com.br/estudos.php?e=8 Vida e Obra do Apóstolo Paulo Introdução: Estudar sobre a vida e ministério do Apóstolo Paulo é sem dúvida, estudar sobre o maior propagador e pensador do cristianismo. Uma das contribuições de Paulo para o movimento cristão, deve-se ao fato de que ele extrapolou as barreiras culturais, religiosas, econômicas, políticas de sua época, para falar aos judeus e gentios sobre a pessoa de Cristo. O protestantismo clássico sempre considerou a justificação pela fé e a reconciliação do homem com Deus por meio de Cristo o âmago da teologia paulina. Em síntese, Paulo fala e escreve de Cristo, morto e ressurreto, a partir deste tema central, elabora muitos temas doutrinários: cristologia, hamartiologia (estudo do pecado) e soteriologia (estudo sobre salvação) do Novo Testamento, sem falar em sua escatologia (estudo sobre o fim). Ao falar para seu vasto público sobre Cristo, Paulo vai muito além de seus companheiros de ministério, embora tenha tido contato direto com muitos dos Apóstolos como Pedro, Tiago e João líderes da igreja em Jerusalém, Paulo não se atém em relatar os milagres de Jesus, seus muitos sermões, sua trajetória na Palestina, não!! Paulo sistematiza coerentemente, de forma clara e objetiva o valor da encarnação do filho de Deus como homem, tornando-se o perfeito sacrifício para a humanidade caída, sem Deus, sem esperança. Ao refletir sobre a morte do cordeiro de Deus e sua ressurreição, como o primogênito de entre os mortos, Paulo colabora de forma única e exclusiva pormenorizando aspectos do valor da salvação em Cristo.

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Page 1: Paulo Missionario

http://www.ipreviver.com.br/estudos.php?e=8

Vida e Obra do Apóstolo Paulo 

Introdução:

 

Estudar sobre a vida e ministério do Apóstolo Paulo é sem dúvida, estudar sobre o maior propagador e pensador do cristianismo.

Uma das contribuições de Paulo para o movimento cristão, deve-se ao fato de que ele extrapolou as barreiras culturais, religiosas, econômicas, políticas de sua época, para falar aos judeus e gentios  sobre a pessoa de Cristo.

O protestantismo clássico sempre considerou a justificação pela fé e a reconciliação do homem com Deus por meio de Cristo o âmago da teologia paulina. Em síntese, Paulo fala e escreve de Cristo, morto e ressurreto, a partir deste tema central, elabora muitos temas doutrinários: cristologia, hamartiologia (estudo do pecado) e soteriologia (estudo sobre salvação) do Novo Testamento, sem falar em sua escatologia (estudo sobre o fim).

Ao falar para seu vasto público sobre Cristo, Paulo vai muito além de seus companheiros de ministério, embora tenha tido contato direto com muitos dos Apóstolos como Pedro, Tiago e João líderes da igreja em Jerusalém, Paulo não se atém em relatar os milagres de Jesus, seus muitos sermões, sua trajetória na Palestina, não!! Paulo sistematiza coerentemente, de forma clara e objetiva o valor da encarnação do filho de Deus como homem, tornando-se o perfeito sacrifício para a humanidade caída, sem Deus, sem esperança. Ao refletir sobre a morte do cordeiro de Deus e sua ressurreição, como o primogênito de entre os mortos, Paulo colabora de forma única e exclusiva pormenorizando aspectos do valor da salvação em Cristo.

Ao se lançar como missionário na regiões da Ásia e Europa, Paulo juntamente com seus companheiros alcançam enormes resultados, muitos deixaram suas praticas pagãs, incestuosas, promiscuas, idolatras e pelo poder de Deus foram transformados em novas criaturas, já não viviam mais para o mundo, mas, para Deus. Não obstante, os enviados de Deus, sofreram muito nas mãos dos judeus e gentios, não poucas vezes, foram açoitados, sofreram ameaças, fome, frio, descrédito, foram expulsos de algumas cidades, mas como o próprio Paulo disse aos seus irmãos filipenses "olhando para o alvo que é Cristo", sempre seguiu em frente, foi perseverante pois sabia que Deus tinha guardado para ele "a coroa de justiça".

Juntos vamos neste estudo bíblico, cujo tema central é a Vida e Ministério do Apóstolo Paulo, aprender mais sobre temas relacionados a este servo de Deus. Aprender sobre Paulo é aprender sobre Deus, pois ele mesmo disse: "sejam meus imitadores, como eu sou de Deus".

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Convido você a fazermos como os crentes bereanos, vamos estudar a Palavra, pois dela provem fontes de águas vivas, que saciam nossa sede, nos tornam melhores, e mais ainda, nos fazem pensar nas grandezas de Deus.

 

Pastor Elias Lombardi

 

 

1° Origem e contexto. Paulo antes de sua conversão

 

Para iniciarmos nossos estudos, nos atentemos um pouco sobre a origem de Paulo.

Jamais foi escrita uma biografia completa do apostolo Paulo. Essa tarefa é simplesmente impossível por nos faltarem o inicio e o fim de sua historia. Nosso registro de suas atividades começa em sua juventude, pouco antes de ele iniciar o apostolado. Foi aí que Lucas o conheceu e inclui-o em sua historia da Igreja Primitiva. Além disso, só temos algumas notas pessoais nas 13 epístolas eclesiásticas e pastorais escritas por ele em diferentes partes do Império Romano.

Está claro que não houve monotonia na vida de Paulo. Sumariando esse período, ele menciona vividamente alguns episódios:

"Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minas nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez". (2 Co 11.24-27)

Em lugar algum, porém, essa história é inteiramente contada. Além do breve relato de um naufrágio, os outros não são mencionados.

O nome judaico de Paulo é Shaul (Saul ou Saulo). O apóstolo fora assim chamado provavelmente por pertencer a tribo de Benjamim (Filipenses 3:5), a qual historicamente teve o rei Saul como seu integrante mais famoso. O cidadão romano Paulo (seu nome latino) nascera em Tarso, antiga capital da Cilícia, situada junto ao rio Cidno, região próxima ao mar Mediterrâneo (a palavra Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que, juntos, significam "o meio da terra"). A cidade fora helenizada e se tornara um centro de cultura grega, chegando a contar com cerca de 500 mil habitantes.

Paulo cresceu em meio à tradição judaica religiosa, muito bem instruído na Tora hebraica (Atos 26: 4-8; Gálatas 1:14 e Filipenses 3:6) - , e aprendeu o grego, o hebraico e o aramaico (língua comum entre os judeus da época).

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Adquiriu também o oficio de fazedor de tendas (Atos 18:3). A influência dos Rabinos nas comunidades judaicas era grande, e entre eles havia um ditado muito comum: "O homem que não ensina um ofício ao filho quer que ele se torne ladrão, pois quem não trabalha para ganhar o próprio pão come o de outrem". Sabendo disso o pai de Saulo (Paulo) ensinou uma profissão ao filho.

Ainda muito jovem, de acordo com os costumes dos judeus quando o menino completava 13 anos deveria iniciar seus estudos sobre a Lei, desta forma Saulo foi estudar com o famoso Rabino Gamaliel, neto de Hiliel (Atos 22:3). Dentre os muitos rabinos de Jerusalém, o pai de Saulo escolheu Gamaliel porque, primeiro, este era fariseu, assim advertiria Saulo contra os saduceus, em segundo lugar, pela grande reputação de sua sabedoria e bondade.

Nota sobre os fariseus: Todas as regras que Saulo aprendia na escola eram seguida rigorosamente, tanto que este era meticuloso até na forma de lavar as mãos. No lar de Saulo, havia mais rigor e disciplina que na maioria das casas de outros judeus. Seu pai era fariseu, ser fariseu significava pertencer a mais importante seita do judaísmo.

Os saduceus pertenciam à classe alta e rica; eram a aristocracia; ocupavam a maioria dos altos cargos, mas não se importavam com a fé nem com a moral. Aceitavam as Escrituras de modo geral, mas não acreditavam no céu, nem nos anjos, ou na vida após a morte.

Por sua vez, os fariseus não só aceitavam integralmente as Escrituras, como também as tradições orais dos rabinos. Diziam que as tradições originavam-se da Palavra de Deus. Eles estavam continuamente brigando e discutindo com os saduceus, por acharem ter alcançado uma posição superior à de qualquer outra classe. Orgulhosos e intolerantes, agradeciam a Deus por não serem como os demais.

Andar uma milha, carregar um graveto, ou acender o fogo no sábado era considerado ofensa grave para os fariseus. Até mesmo comer um ovo posto por uma galinha no sábado era considerado pecado.  

Os fariseus também se entregavam à missão entre os pagãos, ainda que, certamente, com resultados bem menores do que os alcançados pelo judaísmo da Diáspora. Compreende-se, por isso, a sentença de Jesus, pronunciada contra eles: "Ai de vós escribas e fariseus hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, mas, quando conseguis conquistá-lo, vós o tornais duas vezes mais digno da geena do que vós". ( Mateus 23:15)

 

Após longos anos de estudo em Jerusalém, provavelmente 10 anos (exigia-se que os professores estudassem dez anos para que fossem considerados aptos a lecionar), Saulo voltou para sua cidade Tarso. Saulo deixou Jerusalém e voltou a Tarso provavelmente em 26 A.D.

Sigla Significado Observações/Exemplo

A.D. (Anno Domini)

Ano do Senhor

É uma designação usada nos calendários Juliano e Gregoriano para o número de anos após o nascimento de cristo. Exemplo:

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1984 A.D

 

 Não era ainda um rabino, pois não tinha idade suficiente para ocupar tal posição.

Saulo morou em Tarso durante nove ou dez anos, aumentando o seu zelo pela Lei e por Israel.

Durante este período da vida de Saulo, um evento da maior importância teve lugar na Palestina. Jesus, da pequena cidade de Nazaré reunira ao redor de si um grupo de amigos, a maioria seguidores de João Batista. Andou por toda a região da Judéia e da Galiléia, pregou a chegada do Reino de Deus, ensinou multidões sobre valores que a muito estavam esquecidos, apresentou-se como o Filho de Deus, o Messias a tanto tempo aguardado por Israel. Foi rejeitado pelos judeus, condenado a morte por crucificação, sofreu o escárnio, a rejeição, entregou-se em favor de muitos, de todos quantos nele depositarem sua fé, ressuscitou, foi elevado aos céus, mas antes, disse para seus seguidores anunciarem a nova mensagem, o Evangelho a toda criatura.

 

 

2° O perseguidor da comunidade cristã. Conversão e vocação.

 

Com o anuncio do evangelho pelos apóstolos de Cristo, principalmente Pedro e João (Atos 2, 4:8-14; 4:33), depois também por Estevão (Atos 6:8; 7:2-56), a igreja cresceu rapidamente (Atos 2:47), assim como a perseguição aos "nazarenos" (nome dado aos primeiros cristãos).

Estevão torna-se o primeiro mártir do cristianismo, quando preso e condenado à morte por anunciar a Cristo. A esta altura dos acontecimentos Saulo desloca-se de sua cidade natal Tarso, e vai para Jerusalém, movido por um ódio mortal aos seguidores de Cristo. Estava tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a seita dos nazarenos. Saulo era genioso e cruel, seu zelo pelas tradições judaicas e pela Lei de Moises o torna o principal perseguidor dos seguidores de Cristo.

Leia este texto de Gálatas capitulo 1:11-14 para entendermos melhor como Saulo era hostil aos primeiros cristãos.

 11 Irmãos, eu declaro a vocês: o Evangelho por mim anunciado não é invenção humana. 12 E, além disso, não o recebi nemaprendi através de um homem, mas por revelação de Jesus Cristo. 13 Certamente vocês ouviram falar do que eu fazia quandoestava no judaísmo. Sabem como eu perseguia com violência a Igreja de Deus e fazia de tudo para arrasá-la. 

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14 Eu no judaísmoa maior parte dos compatriotas da minha idade, e procurava seguir com todo o zelo as tradições dos meus antepassados.

 

Antes mesmo da morte de Estevão, Saulo ofereceu-se ao Sumo Sacerdote para por na cadeia todos o que se opusessem ao judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome tornou-se o terror de todo e qualquer ajuntamento cristão.

Tão cego em sua ira e tão pronto para esmagar os seguidores de Jesus, que se achava disposto a extirpar de dentre seu povo todos quantos ousassem falar de Jesus de Nazaré.

Quando Estevão foi preso e levado diante do Sinédrio, Saulo estava lá para participar do julgamento (Atos 22:19-20), não somente Saulo, mas muitos fariseus compareceram, juntamente com os sacerdotes, escribas e grande multidão que ouvira as palavras de Estevão. Bem os fatos que se seguem é conhecido, Estevão faz um belíssimo discurso, resgatando a história o povo de Israel desde Abraão, passa por Moises e chega em Jesus, o Messias enviado por Deus, mas que fora rejeitado. Sumariamente Estevão é condenado, quem aplicaria a pena de morte ao jovem diácono era Saulo, o mais ferrenho dos fariseus, que mandou arrastar o condenado para fora dos muros da cidade, e apedrejado sucumbiu diante de seus algozes.

Com medo muitos cristãos fogem para outras cidades, o evangelho se espalha, a historia de Cristo é contada nas sinagogas dos judeus, não era isso que Saulo e o Sinédrio desejavam, pois onde quer que os discípulos fossem, contavam a história de Cristo. Em vez de um grande grupo em Jerusalém, muitos pequenos grupos de crentes passaram a reunir-se secretamente nas casas.

Muitos cristãos fugiram de Jerusalém, e foram para Samaria, outros foram para a cidade de Damasco. Irritado com a propagação da Igreja, Saulo prepara uma expedição a Damasco, onde os cristãos tinham liberdade para falar abertamente de Cristo.

Acompanhado por uma tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém respirando ameaças e mortes.

Vejamos agora, o relato do próprio Paulo, o que aconteceu no caminho para Damasco: Atos 26: 1-14 Bíblia Edição Pastoral.1 Agripa dirigiu-se a Paulo: Você tem a permissão de falar em sua defesa. Então Paulo estendeu a mão e começou a sua defesa:2 Rei Agripa, considero-me feliz de poder, em sua presença, defender-me de todas as coisas de que os judeus me acusam. 3Ainda mais que o Senhor está a par dos costumes e controvérsias dos judeus. Portanto, peço-lhe que me escute com paciência.4 Todos os judeus sabem como foi a minha vida desde a minha juventude, no meio do meu povo e em Jerusalém, desde oinício. 5 Eles me conhecem de longa data e,

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se quiserem, podem testemunhar que vivi como fariseu, conforme a seita mais de nossa religião. 6 E hoje estou sendo julgado por causa da esperança prometida por Deus aos nossos pais 7 e que as nossasdoze tribos esperam conseguir, servindo a Deus dia e noite, com perseverança. É por causa dessa esperança, ó rei, que estousendo acusado pelos judeus. 8 

Por que é que vocês acham tão incrível que Deus ressuscite os mortos?9 Eu também antes acreditava ser meu dever combater com todas as forças o nome de Jesus, o Nazareu. 10 E foi isso que eu fizem Jerusalém: muitos cristãos com autorização dos chefes dos sacerdotes, e dei o meu voto para que fossem condenados àmorte. 11 Em todas as sinagogas eu procurava obrigá-los a blasfemar por meio de torturas e, no auge do furor, eu os até emcidades estrangeiras.12 Com essa intenção, eu estava indo a Damasco, com autorização e a mando dos chefes dos sacerdotes. 13 Ó rei, eu estava acaminho, quando aí pelo meio-dia vi uma luz vinda do céu, mais brilhante que o sol. Essa luz me envolveu, a mim e aos que meacompanhavam. 14 Todos nós por terra. Então ouvi uma voz que me dizia em hebraico: 'Saulo, Saulo, por que você mepersegue? É difícil você contra o ferrão!' 15 Eu respondi: 'Quem és tu, Senhor?' E o Senhor me respondeu: 'Eu sou Jesus,aquele que você está perseguindo. 16 Mas agora levante-se e fique de pé. O motivo pelo qual apareci a você é este: eu oconstituí para ser servo e testemunha desta visão, na qual você me viu, e também de outras visões, nas quais eu a você. 17 Euvou livrá-lo deste povo e dos pagãos, aos quais eu o envio, 18 para que você abra os olhos deles e assim se convertam dastrevas para a luz, da autoridade de Satanás para Deus. Desse modo, pela fé em mim, eles receberão o perdão dos pecados e aherança entre os santificados'

 

Podemos ver que Saulo teve um encontro com Jesus Cristo (I Corintios 15:8), encontrou-se face a face com o Messias, e viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: Jesus era o Cristo.

Naquele momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido nas mãos daquele que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa.

Saulo ficou cego, devido a visão que teve do Senhor, foi conduzido por seus companheiros de viagem para a cidade de Damasco, ficou hospedado na casa de Judas, até que Ananias enviado por Deus foi até onde Saulo estava, orou por ele e sua visão foi recuperada. (Atos 9:16-18)

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O que aconteceu com Saulo após sua conversão? Vejamos o texto bíblico abaixo em Gálatas capitulo 1:15-24.15 Deus, porém, me escolheu antes de eu nascer e me chamou por sua graça. Quando ele resolveu 16 revelar em mim o seuFilho, para que eu o anunciasse entre os pagãos, não consultei a ninguém, 17 nem subi a Jerusalém para me encontrar comaqueles que eram apóstolos antes de mim. Pelo contrário, fui para a Arábia, e depois voltei para Damasco. 18 Três anos maistarde, fui a Jerusalém para conhecer Pedro, e fiquei com ele quinze dias. 19 Entretanto, não vi nenhum outro apóstolo, a não serTiago, o irmão do Senhor. 20 Deus é testemunha: o que estou escrevendo a vocês não é mentira. 21 Depois fui para as regiõesda Síria e da Cilícia, 22 de modo que as igrejas de Cristo na Judéia não me conheciam pessoalmente. 23 Elas apenas ouviamdizer: «Aquele que nos perseguia, agora está anunciando a fé que antes procurava destruir.» 24 E louvavam a Deus por minhacausa.

Veja ainda Gálatas capitulo 2:1-2.

Catorze anos depois, voltei a Jerusalém com Barnabé e levei também Tito comigo. 2 Fui lá seguindo uma revelação. Expus a eles o Evangelho que anuncio aos pagãos, mas o expus às pessoas mais notáveis, para não me arriscar a correr ou ter corridoem vão.

 

Nota sobre a vocação de Paulo: chamado a ser apóstolo

 

As 3 narrativas de Atos (9:1-19; 22:1-17 e 26:12-18) conhecidas como relatos da conversão de Saulo/Paulo são na verdade textos de vocação. Do ponto de vista literário, esses três modos de narrar a mesma cena estão construídos a partir do esquema clássico de vocação. Como funciona esse esquema? Tem basicamente 4 elementos:

1.    A pessoa que Deus quer chamar tem de repente uma visão transcendente - algo de misterioso ou divino que aparece.

2.    A pessoa se sente arrasada, cai no chão, às vezes apresenta desculpas, objeções, não quer aceitar etc.

3.    A voz, anjo ou ser transcendente levanta a pessoa, às vezes encoraja-a.

4.    A pessoa é confirmada na missão para a qual foi chamada.

 

A vocação de muitos escolhidos de Deus no Antigo Testamento e do Novo Testamento é descrita a partir desse molde básico. Você pode conferir, por exemplo, a vocação de Moises (Êxodo 3:1-15), Isaias (Is 6), Jeremias (Jr 1:4-

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10), Ezequiel (Ez 1-3), Daniel (Dn 10), o autor do livro de Apocalipse - João (Ap 1:9-20) e por ultimo nosso caso em estudo Paulo.

Em Atos 9:1-19 estão presentes os 04 elementos:

1.    Aparição transcendente: Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu... e ouviu uma voz...( vv 3 e 4).

2.    Reação de fraqueza: Caiu por terra... Quem és tu, Senhor? (vv 4 e 5).

3.    Ordem de se levantar - encorajamento: Agora, levante-se, entre na cidade, e aí dirão o que você deve fazer... Saulo se levantou do chão e abriu os olhos, mas não conseguia ver nada. Então o pegaram pela mão e o levaram para Damasco. (v v.6 - 8).

4.    Confirmação na missão: O Senhor disse a Ananias: Vá, porque esse homem é um instrumento que eu escolhi para anunciar o meu nome aos pagãos, aos reis e ao povo de Israel. (v. 15). O chamado para pregar veio junto com a experiência de conversão, e foi assim que ele começou a caminhada cristã.

Notemos o detalhe do último elemento: Saulo/Paulo é instrumento escolhido para levar o nome de Jesus a todos: pagãos, reis e povo de Israel. Assim se explica por que Lucas registra três vezes o episódio da vocação de Paulo.

Devemos observar também, que após o encontro com Ananias, o primeiro trabalho de Paulo foi pregar: (Atos 9:20)

Logo começou a pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus.

Desde o início de seu trabalho como pregador, Paulo se mostrou cristocêntrico, focando o conteúdo principal de seus sermões na cristologia, como bem podemos notar no texto bíblico acima.

Em 1 Coríntios 1:17, Paulo também destacou a importância da pregação em sua vida: Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho.

 

3° O mundo na época de Paulo: domínio romano, filosofia grega e a religiosidade judaica.

No tempo de Paulo três povos contribuíram significativamente para a expansão do mundo de então, e em especial para a propagação do evangelho, são eles: os romanos, os gregos e os judeus.

O domínio romano: Uma das grandes contribuições de Roma nos tempos bíblicos foi a Pax Romana. As guerras entre as nações tornaram-se quase impossíveis sob a égide daquele poderoso império. Esta paz entre as nações favoreceu extraordinariamente a proclamação do evangelho entre os povos. Além disso, a administração romana tornou fácil e segura as viagens e comunicação entre as diferentes partes do mundo. Os piratas foram varridos dos mares e as esplêndidas estradas romanas davam acesso a todas as partes do império. Essas estradas notáveis realizaram naquela civilização o mesmo

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papel das nossas estradas atuais. E elas eram bem vigiadas que os ladrões desistiam de seus assaltos.

Seria praticamente impossível ao apóstolo Paulo, e a outros de seu tempo, espalhar o evangelho mundo afora como fizeram sem essa liberdade e facilidade de trânsitos possibilitada pelo império romano.

A influência grega: Era típico do império romano não influenciar na cultura dos povos conquistados, por isso, no início da era cristã os povos que habitavam as regiões do Mediterrâneo já haviam sido profundamente influenciados pelo espírito do povo grego. Colônias gregas, algumas das quais com centenas de anos, foram amplamente disseminadas ao longo da costa do Mediterrâneo. Com seu comércio os gregos foram em toda parte. A influência deles espalhou-se e foi mais acentuada nas cidades e países onde se estabeleciam os mais importantes centros do mundo de então.

No entanto, uma das maiores contribuições gregas para o advento do cristianismo foi a disseminação da língua em que o evangelho seria pregado ao mundo pela primeira vez. Uma prova da extensão da influencia do grego está no fato de que a língua falada nos países às margens do Mediterrâneo era o dialeto grego conhecido por Koinê, o dialeto "comum". Era esta a língua universal do mundo greco-romano.

Muitos judeus, nos dias de Paulo, liam as Escrituras na tradução grega - a Septuaginta - pois o hebraico estava se tornando rapidamente uma língua morta.

Quando o cristianismo surgiu, toda praça de mercado tinha seu grupo de eruditos gregos que se deleitavam em discutir palavras e frases, e cujo talento resultava em confusão. A balbúrdia era tão grande que muitas pessoas, tanto romanos quanto gregos, abandonavam a crença em seus deuses e sistemas filosóficos. As religiões pagãs achavam-se à beira de um completo colapso, decadência e corrupção. Essa era a situação cultural do mundo, quando Jesus e Paulo nasceram.

 

4° As estratégias Missionária de Paulo

 

Paulo procurava atingir primeiro os centos provinciais que não eram evangelizados na sua missão. Ele não tentava evangelizar o mundo gentílico totalmente, mas contava com a obra evangelizadora das comunidades que ele estabeleceu para continuar a missão. Ele mesmo se apressava para a tarefa urgente de pregar o evangelho para aqueles que não o ouviam (Romanos 10:14).

 

A base de operações de Paulo não era Jerusalém, mas Antioquia da Síria. A primeira igreja missionária, embora sediada em território gentio, era uma igreja judaica (At. 11:19). Dezesseis anos tinham se passado desde que Jesus lhes dera aquela ordem (Atos 1:8). A proclamação do evangelho até os confins da

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terra se cumpria. Durante aproximadamente 3 anos (46 a 49 D.C), o Espírito Santo usa Paulo e Barnabé para proclamarem o evangelho, desenvolvendo assim o trabalho missionário.

Vamos estudar os capítulos 13 e 14 de Atos e ver como a atividade missionária foi desenvolvida por Paulo e Barnabé nos primórdios da igreja cristã:

1.Missões em Antioquia da Síria - 13:1-3

A resposta ao chamado de Deus deve ser imediata

A igreja usava os dons e vivia em amor. V 1

Havia profunda comunhão com Deus. V 2

O chamado para missões é feito pelo E. Santo. V 2

A resposta deve ser de pronta obediência. V 3

 

2.Missões em Chipre - 13: 4 -13

As diversas reações humanas não impedem o sucesso do evangelho

A pregação nas sinagogas. V 4 e 5 - primeiro aos judeus

O falso profeta Elimas.  V 6 a 11 - enciumado

O procônsul Sérgio Paulo. V. 7, 8 e 12 - abertura para o evangelho

A desistência de Marcos. V 13 - imaturo para a obra

 

3. Missões em Icônio - 14: 1 - 7

A proclamação do evangelho traz consigo as bênçãos do Senhor

A pregação nas sinagogas. V 1 - primeiro aos judeus

A dureza do coração dos judeus.  V -2

A manifestação do poder de Deus. V- 3

A resposta negativa ao evangelho, mesmo constatando-se o  poder de Deus - perseguição. V 4 a 7

 

4. Missões em Listra - 14: 8 a 20

A verdadeira adoração de ser dada somente a Deus.

A cura do aleijado de nascimento. V 8 a 10

A repercussão do milagre.  V 11 a 13

A pregação do evangelho.  V 14 a 18

A perseguição do ex-perseguidor. V 19 a 20

 

5.Missões em Derbe - 14:20 - 21

Deus requer perseverança mesmo nas circunstâncias adversas

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A urgência do evangelho. V 20

A proclamação do evangelho. V 21

O ministério do discipulado. V 21 b

O investimento do tempo para fazer-se discípulos, um bom tempo deve ser gasto. V 21 b

 

Podemos fazer duas breves conclusões:

1° A igreja cristã cumprirá sua tarefa quando a atividade missionária fizer parte de sua vida normal.

2° O cumprimento da atividade missionária só será bem sucedida com a ação do Espírito Santo e o nosso envolvimento.

 

 

Conclusão:

 

Espero ter colaborado para seu crescimento no conhecimento da palavra, em seu fortalecimento na fé e no seu desejo de ser útil ao nosso Deus e ao próximo.

Fizemos uma pequena viagem ao mundo antigo, nos primórdios da igreja cristã, vimos como era a vida do apóstolo Paulo, sua conversão, suas viagens missionárias, seu amor para com as igrejas que tanto lutou mediante a graça de Deus para iniciar os trabalhos.

Este estudo não esgota o tema que abordamos, pelo contrário traz uma pequena luz a um vasto campo de estudo que são os livros do Novo Testamento. Deveras tivéssemos tempo para nos aprofundar mais e mais em estudar outros personagens bíblicos, peço ao nosso Bom Deus que nos dê a oportunidade de voltamos a nos encontrar, até lá..., que Deus te abençoe, te guarde e te faça prosperar.

 

Um grande abraço, de seu amigo,

 

Pastor Elias Lombardi.

 

Bibliografia consultada na elaboração deste estudo:

SOUZA, Itamir Neves. Atos dos Apóstolos - Uma história singular. Londrina: Descoberta, 1999.

BALL, Charles Ferguson. A vida e a época do Apóstolo Paulo. Vida, 1998.

BORNKAMM, Gunther. Paulo, vida e obra. Petrópolis: Vozes, 1992.

Page 12: Paulo Missionario

REGA, Lourenço Stelio (Organizador). Paulo e sua teologia. São Paulo: Vida, 2009.

OLSON, Roger. História da Teologia Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2001.

CARSON, D. A,  MOO, Douglas J,  MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.