paulo freire é caracterizado com um pensador que se comprometeu

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  • 8/17/2019 Paulo Freire é Caracterizado Com Um Pensador Que Se Comprometeu

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      Paulo Freire é caracterizado com um pensador que secomprometeu, além das idéias, com a própria vida, com a própriaexistência; na Pedagogia do Oprimido ele nos apresenta sua experiênciacativada no exílio durante cinco anos, bem como nos mostra o papelconscientizador da educaço numa aço libertadora do próprio !medo da

    liberdade!" Para Paulo Freire vivemos numa sociedade dividida em classes,sendo que os privilégios de uns impedem que a maioria usu#rua dos bensproduzidos e, coloca como um desses bens produzidos e necess$rios pataconcretizar a vocaço necess$ria do ser mais, a educaço, da qual éexcluída grande parte da populaço do %erceiro &undo" 'e#ere(se ento adois tipos de pedagogia) a pedagogia dos opressores, onde a educaçoexiste como uma pr$tica de dominaço e a pedagogia do oprimido queprecisa ser realizada para que sur*a uma educaço com pr$tica deliberdade"  O movimento da liberdade deve surgir e partir dos próprios

    oprimidos, e a pedagogia decorrente ser$ gerada nos +omens e no para os+omens; vê(se que no é suciente que o oprimido ten+a consciência críticada opresso, mas, que se dispon+a a trans#ormar essa realidade, trata(se deum trabal+o de conscientizaço e politizaço" - violência dos opressores égerada por uma ordem que se posiciona in*ustamente sendo resultado deum processo +istórico de desumanizaço".sta desumanizaço d$ margemao surgimento da luta pelo direito de cada ser +umano, a luta pela liberdadetrabal+ista, e pela armaço do +omem enquanto indivíduo possuidordestes direitos".m relaço / deniço de oprimidos e opressores pode +aver algumas

    contradiç0es; o que torna os opressores desumanizados é sua violência, eessa violência #az com que os oprimidos tendam a reagir lutando contraquem os oprime, contra quem os #ez menos".ssa luta só adquire sentidoquando o ser menos, ao buscar sua +umanizaço, no se recon+eceopressor devolvendo a quem o oprimiu tal violência"- libertaço se d$ $medida que o oprimido reconquista sua +umanidade em ambos os papéisque possivelmente ocupa o do ser mais e o do ser menos"

     %oda a Pedagogia do Oprimido se apresenta como um textoproblematizador, que explicita a própria teoria da educaço do +omem;essa teoria da educaço se re1ete em generosidade verdadeira e +umanista

    podendo alcançar o ob*etivo da libertaço"2ó unindo teoria e pr$tica essalibertaço pedagógica ser$ possível, além disto, quando os líderes de umarevoluço estabelecem uma relaço dialógica, ao contr$rio de tentarsobrepor(se aos oprimidos querendo mantê(los como quase !coisas!, isso sed$ e#etivamente"- pedagogia que parte de interesses individuais, apedagogia !+umanitarista!, que est$ repleta de opressores que se dis#arçamde generosos, essa pedagogia promove e constrói a desumanizaço"3uandoos oprimidos se recon+ecem como seus próprios re#azedores permanentes éporque #oram capazes de alcançar na pr$tica o saber da realidade".stapresença dos oprimidos na busca de sua libertaço mesma é, assim como

    deve ser, um enga*amento, desta #orma esta atitude se congura comomais que uma pseudo(participaço"

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    Paulo Freire também estabelece uma di#erença crucial quando trata deeducaço banc$ria e educaço libertadora"- pedagogia dominante é#undamentada em uma concepço banc$ria de educaço 4predomina odiscurso e a pr$tica, na qual, quem é o su*eito da educaço é o educador,sendo os educandos como vasil+as a serem enc+idas; o educador deposita

    !comunicados!, que estes, recebem, memorizam e repetem5, da qual derivauma pr$tica totalmente verbalista, dirigida para a transmisso e avaliaçode con+ecimentos abstratos, numa relaço vertical, o saber é dado,#ornecido de cima pra baixo, e autorit$ria, pois manda quem sabe"6aeducaço banc$ria o educador é sempre o que sabe, enquanto oseducandos sero os que no sabem" - rigidez destas posiç0es nega aeducaço e o con+ecimento como processo de busca; educador é o su*eitodo processo enquanto o educando o mero ob*eto"7esta maneira oeducando, em sua passividade, torna(se apenas um ob*eto receptor numa#alsa pressuposiço de um mundo +armonioso, no qual no +$ contradiç0es"

    O método #reireano no ensina a mera repetiço de palavras, mas, adespeito disto, coloca o educando numa posiço de poder re(existenciarcriticamente as palavras de seu mundo"8 a palavra que o +omem constróiseu mundo e se di#erencia dos animais"-prender a escrever sua vida é oprincipal e mais exato sentido da al#abetizaço, aprender a escrever suaprópria vida enquanto autor e testemun+a constituindo +istoricamente sua#orma e sua consciência se #azendo re1exivamente respons$vel pela+istória"

    .nquanto a educaço banc$ria é vista como uma modalidade em que o

    educador é o 9nico detentor do con+ecimento e o educando é vaso vazio aser preenc+ido pela sabedoria do mestre, na educaço libertadora, aocontr$rio, +$ interaço entre educando e educador onde o ensino e aaprendizagem partem, ambos, de ambos os lados"3uem ensina aprende equem aprende ensina simultaneamente" 6esta educaço problematizadoraproposta por Paulo Freire o con+ecimento no é trans#erido do educadorpara o educando, mas, a despeito disto, ocorre um compartil+amento deexperiências onde se encontram as condiç0es necess$rias para aconstruço de seres críticos, no decorrer do di$logo com o educador, porsua vez, também ser crítico"

    7entro da situaço concreta de opresso e oprimidos, a auto(desvalia é umadas características do oprimido, que resulta da intro*eço que #azem eles daviso que deles tem os opressores" 7e tanto ouvirem de si mesmos que soincapazes, indolentes, que no sabem nada, que no podem saber, acabampor se convencer de sua !incapacidade!"3uando isto e#etivamente ocorre omundo do oprimido no é visto a partir de uma nova perspectiva quevaloriza a verdade das palavras numa mediatizaço dos su*eitoscon+ecedores, que, por sua vez, no culminam em sua própria+umanizaço"O di$logo no é um produto +istórico, é a própria +istoricizaço, é ele, pois,

    o movimento constitutivo da consciência que abrindo(se para a innitude,vence intencionalmente as #ronteiras da nitude e, incessantemente, busca

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    reencontrar(se além de si mesmo" .xpressar(se expressando o mundo,implica o comunicar(se"-l#abetizaço no é um *ogo de palavras, é aconsciência re1exiva da cultura, a reconstruço critica do mundo +umano, étoda a pedagogia) aprender a ler é aprender a dizer sua palavra(aço"-teoria contr$ria, a anti(dialógica, se caracteriza nas elites dominadoras e

    essas classes têm interesse em dividir a sociedade entre eles e a :massapopular:, pois se no ocorrer tal diviso a classe oprimida pode despertarem um sentimento de unio que é indispens$vel / aço libertadora; *$ ateoria da aço dialógica se caracteriza numa classe ocupada emrevolucionar libertadoramente os métodos estabelecidos, nesta classe épossível encontrar os su*eitos que visam / trans#ormaço do mundo atravésda educaço"emos que na teoria anti(dialógica o su*eito domina o ob*eto, enquanto nateoria dialógica os su*eitos unidos e reunidos pronunciam o mundo".nquantona aço anti(dialógica a elite dominadora dis#arça o mundo para domin$(lo

    de mel+or #orma a aço dialógica visa desvelar o mundo; estedesvelamento do mundo e do próprio indivíduo enquanto parte delepossibilita, na pr$tica cotidiana, / adeso das massas populares".staadeso se d$ ao mesmo tempo que as massas populares conam em simesmas e em suas lideranças revolucion$rias, pois percebem a dedicaço ea verdadeira de#esa da libertaço dos +omens" Para os opressores, o quevale é ter cada vez mais, / custa, inclusive do ter menos ou do nada ter dosoprimidos" 2er para eles, é ter, e ter como classe que tem" O sadismoaparece como uma das características da consciência opressora, na suaviso necróla do mundo" Por isto é que seu amor é um amor as avessas <

    um amor a morte e no a vida"6a teoria dialógica as lideranças revolucion$rias se sentem obrigadas amanter a unio dos oprimidos entre si em virtude da libertaço; estaobrigaço na pr$tica é pó ponto #undamental"O contr$rio do que ocorre coma elite opressora que mantém sua unidade interna no intuito de #ortalecersua organizaço e poder e por isso importa sua separaço das massas; paraa liderança revolucion$ria deve +aver unidade entre ela e as massas"- açoda unidade em virtude da libertaço se contrap0e $ vontade da classedominante e por este motivo é to di#ícil para as lideranças revolucion$riamanter esta unio; o ponto inicial para manter a unidade é o desvelamento

    da realidade, a desmisticaço do real, de modo que também éimprescindível uma #orma de aço cultural através da qual se possacon+ecer o porquê e o como da !aderência! / realidade que l+es d$ umcon+ecimento #also dela e de si mesmo; também é necess$rio des#azer aideologia e con+ecer a verdadeira maneira que o mundo se apresenta,realizando, deste modo, uma adeso / verdadeira pr$tica de trans#ormaçoda realidade in*usta"8 na tentativa da liderança manter um testemun+o de que busca alibertaço, que é uma tare#a comum entre um povo, que se #az presente ateoria dialógica; e é este testemun+o que, por sua vez, singelo e cora*oso,

    exercita uma tare#a comum, a m de evitar o risco dos direcionamentosanti(dialógicos; este testemun+o é ainda uma das principais interpretaç0es

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    das características culturais e pedagógicas da revoluço"Os +omens+umanizam(se, trabal+ando *untos para #azer do mundo, sempre mais, amediaço de consciências < que se coexistenciam em liberdade" =m métodopedagógico de conscientizaço alcança as 9ltimas #ronteiras do +umano, ecomo o +omem sempre se excede, o método também o acompan+a, é a

    educaço como pr$tica de liberdade"- luta do ser menos pela +umanizaço,pelo trabal+o livre, pela desalienaço, pela armaço do +omem comopessoa, somente tem sentido quando os oprimidos buscarem recuperar sua+umanidade, no se sentem idealisticamente opressores, nem se tornam de#ato, opressores dos opressores, mas restauradores da +umanidade emambos"- aço cultural, no entender de Paulo Freire, se p0e ou a serviço dosopressores, ou a serviço da libertaço dos +omens, de #orma consciente ouinconsciente"3uando se p0e a serviço dos opressores, na aço cultural nose encontra a possibilidade de seu car$ter de aço induzida; quando se p0e

    a serviço da libertaço dos +omens, a aço cultural se coloca em posiçodialógica e se ac+a a condiço para superar a induço" 2egundo Paulo Freirea libertaço é um processo doloroso, pois depende do próprio individuoexpulsar ou no o opressor de dentro de si" O +omem que nasce deste partoé um +omem novo que só é vi$vel na e pela superaço da contradiçoopressores(oprimidos, que é a libertaço de todos" - superaço dacontradiço é o parto que traz ao mundo este +omem novo, no o opressor,no mais o oprimido, mas +omem libertando(se"=m dos problemas maisgraves que se p0em / libertaço é que opressores e oprimidos precisamgan+ar a consciência critica da opresso, na pr$xis desta busca" -través da

    pr$xis autêntica que, no sendo !bl$bl$bl$!, nem ativismo, mas aço ere1exo, e possível #azê(lo" Pr$xis é a re1exo e aço dos +omens sobre omundo para trans#orm$(lo, sem ela é impossível / superaço da contradiçoopressor(oprimido"7este modo, se os indivíduos puderem se descobrir a partir de umamodalidade de aço cultural que problematize em si mesma a aço decon#ronto com o mundo, isto signica, num primeiro momento, que sedescubram como tal e recon+eçam sua identidade com toda a signicaçopro#unda que tem esta descoberta"6o levar em conta a viso do mundoque o povo tem é um dos erros que a liderança comete"6o caso da liderança

    revolucion$ria, o con+ecimento desta viso do mundo l+e é indispens$velpara sua aço, enquanto síntese cultural"O que a aço cultural dialógicapretende é o no desaparecimento da dialeticidade entre permanência emudança, e a superaço das contradiç0es antag>nicas de que resulte alibertaço dos +omens"8 como +omens que os oprimidos tem que lutar e no como !coisas!, narelaço de opresso em que esto, que se encontram destruídos" - luta poresta reconstruço começa no auto con+ecimento dos +omensdestituídos"=m educador +umanista, revolucion$rio deve orientar(se nosentido da +umanizaço de ambos" 7o pensar autêntico e no no sentido de

    doaço, da entrega do saber, sua aço deve estar #undida da crença nos+omens" ?sto tudo exige dele um compan+eiro dos educandos, em suas

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    relaç0es com estes"- educaço como pratica de liberdade implica anegaço do +omem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assimcomo também a negaço do mundo como uma realidade ausente"- pr$tica problematizadora prop0e ao +omem sua situaço como situaçoproblema, prop0e a ele a sua situaço como incidência de seu ato

    cognoscente, através do qual ser$ possível a superaço da percepçom$gica ou ingênua que dela ten+am"O di$logo é também uma exigênciaexistencial, e se ele é o encontro em que solidarizam o re1etir e o agir deseus su*eitos endereçados ao mundo e ser trans#ormado e +umanizado, nopode reduzir(se a um ato de depositar idéias de um su*eito no outro, nemtampouco tornar(se simples troca de idéias a serem consumidas pelospermutantes"- auto(suciência é incompatível com o di$logo" @omens queno tem +umildade ou a perdem, no podem aproximar(se do povo" 2ealguém no é capaz de sentir(se e saber(se to +omem quanto os outros, éque l+e #alta ainda muito que camin+ar para c+egar ao lugar do encontro

    com eles"- conança vai #azendo os su*eitos dialógicos cada vez mais compan+eirosna pronuncia do mundo" Falar em democracia e silenciar o povo, #alar em+umanismo e negar os +omens é uma mentira"Para o educador educando,dialógico, problematizador, o conte9do program$tico da educaço no éuma doaço ou uma imposiço mas devoluço organizada, sistematizada eacrescentada ao povo daqueles elementos que este l+e entregar de #ormadesestruturada"- investigaço da tem$tica envolve investigaço do própriopensar" Pensar que no se d$ #ora dos +omens, nem num +omem só, nemno vazio, mas nos +omens e entre os +omens, e sempre re#erido a

    realidade"6o processo da descodicaço cabe ao investigador, auxiliar, noapenas ouvir os indivíduos, mas desa$(lo cada vez mais problematizando,de um lado, a situaço existencial codicada e de outro, as própriasrespostas que vo dando aqueles no decorrer do di$logo"- solidariedade nasce no testemun+o que a liderança d$ ao povo, noencontro +umilde, amoroso e cora*oso" 6em todos temos a coragem desteencontro e nos enri*ecemos no desencontro, no qual trans#ormamos osoutros em puros ob*etos, e ao assim agirmos nos tornamos :necrólos:, emlugar de :biólos:, matamos a vida, em lugar de alimentarmos, em lugar debusc$(la, corremos dela"&anipulaço é uma das características da teoria da

    aço anti(dialógica, é a manipulaço das massas oprimidas" -través damanipulaço vo tentando con#ormar as massas populares e seusob*etivos"Arianças de#ormadas num ambiente de desamor, opressivo,#rustradas na sua potência, se no conseguem na *uventude, endereçar(seno sentido da rebelio autêntica, ou se acomodam numa demisso total doseu querer, alienados a autoridades e aos mitos, podero vir a assumir#ormas de aço destrutiva"O trabal+o de Paulo Freire pode ser visto no apenas como um método deal#abetizaço, mas como um processo de conscientizaço, por levar emconta a natureza política da educaço"ara ele o ob*etivo da educaço

    deveria ser a libertaço do oprimido, que l+e daria meios de trans#ormar arealidade social e sua volta mediante !conscientizaço! 4con+ecimento

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