paulo cesar de sousa filho
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UUnniivveerrssiiddaaddee ddee SSoo PPaauulloo Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto Departamento de Qumica Programa de Ps-Graduao em Qumica
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e
espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes como
luminforos de ultravioleta de vcuo
Paulo Cesar de Sousa Filho
Tese apresentada Faculdade de Filosofia,
Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade
de So Paulo, como parte das exigncias para a
obteno do ttulo de Doutor em Cincias,
rea: Qumica
RIBEIRO PRETO SP 2013
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UUnniivveerrssiiddaaddee ddee SSoo PPaauulloo Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto Departamento de Qumica Programa de Ps-Graduao em Qumica
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e
espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes como
luminforos de ultravioleta de vcuo
Paulo Cesar de Sousa Filho
Orientador: Prof. Osvaldo Antonio Serra
Tese apresentada Faculdade de Filosofia,
Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade
de So Paulo, como parte das exigncias para a
obteno do ttulo de Doutor em Cincias,
rea de concentrao: Qumica
RIBEIRO PRETO SP 2013
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Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por
qualquer meio convencional ou eletrnico, para fins de estudo e
pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRFICA
de Sousa Filho, Paulo Cesar Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e
espectroscpicas de oxossais de Terras Raras para aplicaes como luminforos de ultravioleta de vcuo. Ribeiro Preto, 2013.
260 p.: 86 il.; 30 cm
Tese de Doutorado apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto/USP. rea de concentrao: Qumica
Orientador: Serra, Osvaldo Antonio 1. Terras Raras. 2. Luminescncia. 3. Nanomateriais. 4. Fosfatos. 5. Vanadatos.
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FOLHA DE APROVAO
Nome: de Sousa Filho, Paulo Cesar Ttulo: Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes como luminforos de ultravioleta de vcuo
Tese apresentada Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo para a obteno do ttulo de Doutor em Cincias, rea de Concentrao: Qumica.
Aprovado em: Ribeiro Preto, ____ de _____________ de 2013.
Banca Examinadora
Prof. Dr. ____________________________________ Instituio:______________
Julgamento: ___________________ Assinatura: _________________________
Prof. Dr. ____________________________________ Instituio:______________
Julgamento: ___________________ Assinatura: _________________________
Prof. Dr. ____________________________________ Instituio:______________
Julgamento: ___________________ Assinatura: _________________________
Prof. Dr. ____________________________________ Instituio:______________
Julgamento: ___________________ Assinatura: _________________________
Prof. Dr. Osvaldo Antonio Serra (orientador) Instituio: FFCLRP-USP
Julgamento: ___________________ Assinatura: _________________________
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i
NNaaddaa vveemm ddee ggrraaaa,, nneemm oo ppoo,, nneemm aa ccaacchhaaaa..
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ii
...... ffoorr tthhee ppaassssiioonn,, ffoorr tthhee gglloorryy,, ffoorr tthhee mmeemmoorriieess,, ffoorr tthhee mmoonneeyy..
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TThheessee ccoolloouurrss ddoonntt rruunn ffrroomm ccoolldd bbllooooddyy wwaarr!!
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iii
DDeeddiiccoo eessttaa tteessee::
AAooss mmeeuuss ppaaiiss,, MMeeiirree ee PPaauulloo,, ppeelloo aappooiioo iinnccoonnddiicciioonnaall,, ppeellaa ccoonnffiiaannaa,,
ppaacciinncciiaa ee aammoorr;; mmiinnhhaass pprriinncciippaaiiss ffoonntteess ddee mmoottiivvaaoo ee ddee ffoorraa ppaarraa
pprroosssseegguuiirr.. DDeevvoo ttuuddoo aa vvooccss..
mmiinnhhaa iirrmm,, MMaarriiaannaa,, ppoorr ttooddoo oo ccaarriinnhhoo ee aappooiioo ee,, ttaammbbmm,, ppeellaass bbrriiggaass,,
ddiissccuusssseess ((ee oouuttrraass ccooiissaass ddee iirrmmooss)).. DDeessccuullppaa ppoorr nnoo ttee eennssiinnaarr qquummiiccaa!!!!
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iv
AAggrraaddeeoo::
Ao Prof. Serra, pela sua valiosa orientao e pela grande amizade, pelas lies, pela
liberdade (que no teria em lugar nenhum do mundo), pela firmeza e condescendncia
nas horas apropriadas, e pelo incentivo desde meu tempo de calouro.
Prof. Yassuko pela possibilidade de utilizar o espao do Laboratrio de
Bioinorgnica, bem como de participar ativamente das pesquisas desenvolvidas em seu
grupo, contribuindo imensamente para meu desenvolvimento pessoal e acadmico.
Ao Prof. Thierry Gacoin pela hospitalidade e orientao no Groupe de Chimie du
Solide, no Laboratoire de Physique de la Matire Condense da cole Polytechnique.
s Profs. Mrcia, Maria Elisabete e Ana Paula pela amizade, pela utilizao de seus
laboratrios e pelos ensinamentos e sugestes durante as supervises nos estgios PAE.
Ao Prof. Jos Mauricio Caiut pela a amizade e pela colaborao com as anlises de
luminescncia e espectroscopia Raman, e ao Prof. Sidney Jos Lima Ribeiro pela
possibilidade de utilizao da instrumentao de seu laboratrio.
Ao Prof. Przemysaw Dere pela possibilidade de realizao das medidas de
luminescncia em seu laboratrio em Wrocaw, e ao Adam Watras pelo grande auxlio
com os experimentos.
Dr; Isabelle Maurin, ao Dr. Fouad Maroun e ao Dr. Georges Lampel pelo auxlio
com as anlises de difratometria de raios-X, microscopia eletrnica e luminescncia.
A todos os docentes do Departamento de Qumica da FFCLRP que, dentro e/ou fora
das salas de aula, contriburam para a minha formao moral e acadmica, em especial:
Donate, Gil, Grgoire, Lo, Maurcio e Rogria.
Aos docentes deste mesmo departamento que, apesar de aulas ou similares, no
contriburam para a minha formao, mas que forneceram, de qualquer forma, fortes
exemplos a no serem seguidos.
Aos tcnicos e funcionrios e amigos do DQ que contriburam para minha formao
como qumico, para a realizao desse trabalho, ou que me propiciaram um excelente
convvio neste Departamento.
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v
Ao Dr. Cludio Neri pelos inmeros auxlios e discusses no laboratrio, e pela
grande amizade.
Juliana (Juju), inteligncia arguta e exemplo no laboratrio, por toda a ajuda,
amizade, apoio e pacincia desde setembro de 2005.
Juliana Lanzo pelo auxlio na reviso deste trabalho, pelo carinho e por se tornar
to especial em to pouco tempo.
Aos grandes amigos e amigas que fiz no DQ ao longo desses anos, em especial:
Ana Ceclia, Camila e Roberta, pela maravilhosa convivncia, e aos meus irmos
Xic e Chucrute pelos incontveis momentos de descontrao.
Aos meus irmos cientficos e grandes amigos deste e de outros tempos dos
Laboratrios de Terras Raras e Bioinorgnica, em particular: Dani, Fernanda, Isaltino,
Joo, Leandro, Lucas Paran, Renata e Vito.
Aos amigos do PMC em Palaiseau/Paris, que tornaram menos difcil minha estadia
na Frana, em especial: Barbara, Blaise, Blandine, Charlotte, Claire, Daniel, Lili, Lucie,
Mateo, Nicolas, Quentin, Sandrine e Sbastien.
queles que, mesmo que por pouco tempo, tive a oportunidade de orientar algo nos
Laboratrios de Terras Raras e Bioinorgnica: Amanda, Ana Paula, Douglas, Fabrcio,
Liliane e Jos Henrique. Dentre esses, agradeo, em especial, Ariane, pela grande
amizade e companheirismo, e ao Jonathan (Buc...), sem o qual parte desse trabalho no
seria realizada.
queles que, por descuido de minha parte, no foram aqui mencionados, mas que de
alguma forma contriburam para esse trabalho.
Pr-Reitoria de Ps-Graduao da Universidade de So Paulo pelas trs bolsas
concedidas em meus estgios em docncia (PAE).
CAPES, ao CNPq e ao inct-INAMI pelo apoio financeiro ao nosso laboratrio.
FAPESP pelas bolsas de iniciao cientfica (Proc. 2006/02698-1) e de doutorado
direto (Proc. 2008/09266-5) concedidas ao longo destes mais de sete anos, bem como
pelo financiamento das pesquisas desenvolvidas em nosso laboratrio.
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Resumo
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho vi
RREESSUUMMOO
Presentes h mais de dois sculos no cenrio acadmico mundial, as terras taras (TR)
figuram h vrias dcadas entre as mais atuais tecnologias desenvolvidas pelo homem
em diversas reas do conhecimento. Particularmente, no que tange s aplicaes de
materiais luminescentes, as propriedades espectroscpicas nicas das TR tornaram-nas,
nos ltimos anos, praticamente insubstituveis em dispositivos clssicos tricolores (tais
como lmpadas fluorescentes compactas ou tubos de raios catdicos). Contudo, o
surgimento de novas tecnologias de visualizao (displays compactos de alta resoluo)
e iluminao (eliminao do mercrio de lmpadas fluorescentes) impulsiona cada vez
mais o estudo das propriedades e dos mtodos de sntese de luminforos a base de TR.
Nesse sentido, o presente trabalho consistiu na avaliao de processos sintticos para a
obteno de slidos nanoestruturados a base de fosfatos e vanadatos de TR capazes de
atuar como luminforos sob excitao no ultravioleta de vcuo, alm da caracterizao
estrutural e espectroscpica desses materiais. Desenvolveram-se adaptaes de trs
abordagens sintticas para o preparo dos slidos: o mtodo dos precursores polimricos
(Pechini) e os mtodos de precipitaes em microemulses reversas e de precipitaes
coloidais. Tais mtodos so adaptveis de acordo com as necessidades de sntese
(controle morfolgico, controle composicional, grau de agregao de partculas etc.) e
consistem em abordagens consideravelmente eficientes para a obteno de fosfatos e/ou
vanadatos de TR nanoestruturados. Sintetizaram-se ortofosfatos (TRPO4),
fosfovanadatos (TRP1-xVxO4) e sistemas core@shell (TRVO4@TRPO4) com diferentes
composies, a fim de se obterem luminforos vermelhos, verdes e azuis, alm de
slidos com emisso por converso ascendente (upconversion). Os compostos obtidos
foram caracterizados por difratometria de raios-X, microscopia eletrnica, espalhamento
dinmico de luz, anlise trmica, espectroscopia vibracional e espectroscopia de
luminescncia (emisso/excitao, tempos de vida, eficincias qunticas, cromaticidade,
parmetros de intensidade de Judd-Ofelt).
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Abstract
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho vii
AABBSSTTRRAACCTT
The rare earth elements (RE) have figured in the academic scenario for over two
centuries, being an integral part of most up-to-date developed technologies in several
fields of expertise. Regarding the applications of luminescent materials over the last
years, the unique spectroscopic properties of RE elements have made them almost
irreplaceable in classic tricolor devices, such as compact fluorescent lamps or cathode
ray tubes. Nevertheless, the advent of new visualization and lighting technologies, like
the high-resolution compact displays and the elimination of mercury from fluorescent
lamps, has stimulated scientists to investigate the synthesis and properties of RE-based
phosphors. In this work, we have evaluated the processes available for the synthesis of
nanostructured RE phosphates and vanadates capable of acting as phosphors under
vacuum ultraviolet excitation, and conducted the structural and spectroscopic
characterization of these materials. We used three strategies to prepare the solids: the
polymeric precursor method (Pechini), precipitation into reverse microemulsions, the
colloidal precipitations. These methods can be adapted to the synthesis requirements
and enable the control of morphology, composition and particle aggregation, thus
constituting highly efficient ways to obtain nanostructured RE phosphates and/or
vanadates. We synthesized orthophosphates (REPO4), phosphovanadates (REP1-xVxO4),
and core@shell structures (REVO4@REPO4) with different composition, to generate of
red, green, and blue phosphors, as well as solids with upconversion emissions. We
characterized the prepared compounds by X-ray diffractometry, electron microscopy,
dynamic light scattering, thermal analysis, and vibrational and luminescence
spectroscopies (emission/excitation, luminescence lifetimes, quantum yields,
chromaticity, and Judd-Ofelt intensity parameters).
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Lista de ilustraes
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho viii
LLIISSTTAA DDEE IILLUUSSTTRRAAEESS
Pg.
Figura 1. A Tabela Peridica, com destaque para os grupos dos metais
lantandeos e das terras raras.
2
Figura 2. Cronologia da separao das terras (a) cricas e (b) tricas por seus
respectivos descobridores a partir das misturas consideradas como elementos
puros
3
Figura 3. Funes de distribuio radial para os orbitais 4f, 5s e 5p, no caso,
para o on Nd3+ livre, ilustrando a natureza interna dos orbitais 4f
8
Figura 4. (a) Principais aplicaes das TR e seus percentuais utilizao em
termos de (b) volume e (c) valor
12
Figura 5. Abundncia das TR (com relao abundncia no universo) na
monazita e na xenotima.
17
Figura 6. Representaes (a) da estrutura do rabdofano (hexagonal), (b) da
estrutura da monazita (monoclnica) e (c) do poliedro de coordenao dos
ctions na monazita
18
Figura 7. Representao da estrutura tetragonal da xenotima. 19
Figura 8. Diagrama de Jablonski. 29
Figura 9. (a) Diagrama de Franck-Condon e (b) espectros tericos de
absoro e emisso representando o deslocamento Stokes.
30
Figura 10. Superfcies limite dos orbitais 4f para um tomo hidrogenoide
(srie geral).
33
Figura 11. Principais potenciais de perturbao atuantes sobre as energias da
configurao 4f n nos ons lantandeos.
34
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Lista de ilustraes
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como luminforos de ultravioleta de vcuo
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Pg.
Figura 12. Diagrama de Dieke para os nveis eletrnicos da configurao 4f n
dos lantandeos trivalentes.
36
Figura 13. Ilustrao do efeito de acoplamento dinmico nas transies f-f dos
lantandeos.
40
Figura 14. Diagrama parcial de nveis de energia dos ons Ce3+, Eu2+, Eu3+,
Gd3+, Tb3+ e Tm3+, com destaque para as suas transies principais.
41
Figura 15. Representao esquemtica de um display de plasma e de uma
lmpada fluorescente utilizando plasma de xennio.
46
Figura 16. Esquematizao da sntese dos slidos TRXO4 (X=P,V) atravs do
mtodo Pechini.
64
Figura 17. Imagens de MEV dos fosfovanadatos sintetizados: (a) YPO4:Eu3+,
(b) Y(P0,99V0,01)O4:Eu3+, (c) Y(P0,95V0,05)O4:Eu
3+, (d) Y(P0,90V0,10)O4:Eu3+, (e)
Y(P0,80V0,20)O4:Eu3+, (f) Y(P0,50V0,50)O4:Eu
3+ e (g) YVO4:Eu3+.
66
Figura 18. Difratogramas de raios-X dos fosfovanadatos obtidos, contendo
diferentes concentraes de vandio(V).
67
Figura 19. Espectros de infravermelho (em pastilhas de KBr) dos
fosfovanadatos de diferentes composies.
70
Figura 20. Espectros Raman dos slidos Y(P,V)O4:Eu3+ sintetizados contendo
diferentes concentraes de VO43-.
71
Figura 21. Espectros de reflectncia difusa dos fosfovanadatos obtidos
contendo diferentes concentraes de VO43-.
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Lista de ilustraes
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P.C. de Sousa Filho x
Pg.
Figura 22. Espectros de excitao normalizados (em=616 nm) dos
luminforos
Y(P1-x,Vx)O4:Eu3+ obtidos. (Insero: espectros de excitao na faixa entre
380-500 nm mostrando as principais absores f-f do Eu3+, e sua intensidade
relativa em relao aos espectros da figura principal).
74
Figura 23. Variao do fator ambiental (he) para as diferentes concentraes
de VO43- nos luminforos Y(P1-x,Vx)O4:Eu
3+.
76
Figura 24. Diagrama de nveis de energia simplificado ilustrando as
diferenas de energia que do origem s absores de transferncia de carga
no espectro de excitao do Eu3+ nos luminforos a base de fosfato e de
vanadato.
77
Figura 25. Espectros de emisso dos fosfovanadatos obtidos para as diferentes
concentraes de vandio(V) (exc=394 nm para a amostra de YPO4:Eu3+; as
demais foram excitadas no mximo da BTC).
80
Figura 26. Espectros de emisso a 77 K (N2 lquido) das amostras (a)
YPO4:Eu3+ (exc=394 nm), (b) Y(P0.95V0.05)O4:Eu
3+ (exc=300 nm) e (c)
YVO4:Eu3+ (exc=310 nm). (Inseres: amplificao da regio entre 400-550
nm mostrando as emisses azuis dos ons vanadato nos dos casos).
81
Figura 27. Diagrama de cromaticidade CIE 1931 mostrando a dependncia da
cor de emisso com relao concentrao de vandio(V) nos slidos
sintetizados.
83
Figura 28. Representao da variao (a) dos tempos de vida de estado
excitado, (b) da razo I02/I01, (c) das taxas de decaimento radiativo e no-
radiativo e (d) dos parmetros () em funo da concentrao de vandio(V)
nos luminforos Y(P,V)O4:Eu3+ ( e representam os valores para
[VO43-]=0).
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Pg.
Figura 29. Curvas de tempo de vida de estado excitado (nvel 5D0, monitorado
na transio 5D07F2) dos luminforos Y(P1-xVx)O4:Eu
3+ com diferentes
concentraes de vandio(V).
87
Figura 30. Esquematizao de algumas das organizaes que os surfactantes
podem assumir em soluo: (a) monmero de surfactante, (b) monocamada,
(c) micela esfrica, (d) micela cilndrica, (e) bicamada, (f) vescula
(lipossomo) e (g) micela reversa.
91
Figura 31. Influncia da cadeia carbnica do surfactante na estrutura da
microemulso: (a) lcool etoxilado para microemulses leo/gua; (b) ter-
sulfato de cadeia ramificada para microemulses bicontnuas; (c) sulfonato de
cadeia dupla para microemulses gua/leo.
95
Figura 32. Representao esquemtica da coliso entre micelas reversas
contendo diferentes contedos, com a formao de dmeros de vida curta nos
quais ocorre a mistura das fases aquosas.
98
Figura 33. Curvas de espalhamento dinmico de luz obtidas para as
microemulses contendo NaH2PO4 com diferentes valores de 0: (a)
distribuio por intensidade de espalhamento, (b) distribuio em volumes, e
(c) distribuio numrica. (d) Curva representado o dimetro hidrodinmico
mdio em funo da razo gua/surfactante.
103
Figura 34. Imagens de MEV dos slidos sintetizados com diferentes razes
gua/surfactante: (a) 0=15, (b) 0=30, (c) 0=40 e (d) 0=50.
106
Figura 35. (a) Espectro de EDS, (b) imagem de MEV e mapeamento
elementar MEV-EDS do slido hidratado LaPO4:Eu3+ obtido na ausncia de
H3cit com razo 0=15.
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P.C. de Sousa Filho xii
Pg.
Figura 36. (a) Espectro de EDS, (b) imagem de MEV e mapeamento
elementar MEV-EDS do slido hidratado LaPO4:Eu3+ obtido na ausncia de
H3cit com razo 0=30.
109
Figura 37. Micrografias de MEV-FEG dos slidos LaPO4:Eu3+ obtidos na
ausncia de H3cit com diferentes razes iniciais gua/surfactante: (a) 0 = 15,
(b) 0 = 30, (c) 0 = 40, e (d) 0 = 50.
110
Figura 38. Esquematizao simplificada do processo de crescimento das
nanopartculas de TRPO4 na sntese em microemulses reversas proposta.
111
Figura 39. Avaliao do efeito do tempo de reao no tamanho de partcula e
na morfologia dos slidos LaPO4:Eu3+ obtidos em snteses com (a) 0=50 (b)
0=40 na ausncia de H3cit.
112
Figura 40. Micrografias de MEV-FEG dos slidos LaPO4:Eu3+ obtidos com a
adio de H3cit s microemulses contendo TR(NO3)3: (a) 0 = 15, (b) 0 =
30, (c) 0 = 40, e (d) 0 = 50.
113
Figura 41. Curvas de potencial- em funo do pH das nanopartculas
hidratadas de LaPO4:Eu3+ sintetizadas (a) na ausncia de cido ctrico e (b) em
presena de cido ctrico.
114
Figura 42. Curvas de anlise trmica (TGA, DTG e DTA) das amostras
hidratadas de LaPO4:Eu3+ obtidas na ausncia de cido ctrico com diferentes
razes 0. (DTA: Exo )..
116
Figura 43. Curvas de anlise trmica (TGA, DTG e DTA) das amostras
hidratadas de LaPO4:Eu3+ obtidas na presena de H3cit com diferentes razes
0. (DTA: Exo ).
118
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P.C. de Sousa Filho xiii
Pg.
Figura 44. Difratogramas de raios-X das amostras de LaPO4:Eu3+ sintetizadas
na ausncia de H3cit: (a) hidratadas, (b) tratadas com TEOF e (c) calcinadas..
121
Figura 45. Difratogramas de raios-X das amostras (a) hidratadas, (b) tratadas
com TEOF e (c) calcinadas de LaPO4:Eu3+ sintetizadas em presena de cido
ctrico.
122
Figura 46. Difratogramas de raios-X das amostras de (a) LaPO4:Tm3+, (b)
(Y,Gd)PO4:Eu3+ (c) YPO4:Tm
3+ e (d) YbPO4:Er3+.
124
Figura 47. Espectros de infravermelho das amostras de LaPO4:Eu3+
sintetizadas na ausncia de H3cit com diferentes razes 0: (a) hidratadas, (b)
tratadas com TEOF e (c) calcinadas a 900 C.
125
Figura 48. Espectros de infravermelho das amostras de LaPO4:Eu3+
sintetizadas em presena de H3cit com diferentes razes 0: (a) hidratadas, (b)
tratadas com TEOF e (c) calcinadas a 900 C.
126
Figura 49. Espectros de infravermelho das amostras de (a) LaPO4:Tm3+, (b)
(Y,Gd)PO4:Eu3+, (c) YPO4:Tm
3+ e (d) YbPO4:Eu3+.
128
Figura 50. Espectros de excitao (em=616 nm) das amostras de LaPO4:Eu3+
(a) aps o tratamento com TEOF e (b) aps calcinao a 900 C (nesse caso,
obtida com 0=50). (Inseres: espectros de excitao sem correo da
intensidade da lmpada).
130
Figura 51. Espectros de emisso (exc=394 nm) das amostras de LaPO4:Eu3+
(a) aps o tratamento com TEOF e (b) aps calcinao a 900 C (nesse caso,
obtida com 0=50).
131
Figura 52. Diagrama de cromaticidade (CIE 1931) representando as cores das
emisses dos diferentes fosfatos sintetizados pela metodologia de
microemulses reversas.
132
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Lista de ilustraes
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P.C. de Sousa Filho xiv
Pg.
Figura 53. Espectros de excitao (em=590 nm) da amostra de
(Y,Gd)PO4:Eu3+ (a) aps o tratamento com TEOF e (b) aps calcinao a 900
C. (*Linhas de excitao do Gd3+).
135
Figura 54. Espectros de emisso (exc=271 nm) da amostra (a) hexagonal
(aps o tratamento com TEOF) e (b) tetragonal (aps calcinao a 900 C) de
(Y,Gd)PO4:Eu3+. (insero: amplificao das faixas da transio 5D0
7F0).
137
Figura 55. Espectros (a) de excitao (em = 450 nm) e (b) de emisso (exc =
358 nm) da amostra de LaPO4:Tm3+ (calcinada a 900 C).
140
Figura 56. Espectros (a) de excitao (em = 450 nm) e (b) de emisso (exc =
358 nm) da amostra de YPO4:Tm3+ (calcinada a 900 C).
140
Figura 57. Espectro de luminescncia por UC da amostra de YbPO4:Er3+ sob
excitao de laser em 980 nm (500 mW).
142
Figura 58. (a) Variao do perfil emisso do YbPO4:Er3+ com diferentes
potncias do laser de 980 nm e (b) curva bilogartmica da intensidade
integrada das transies monitoradas em funo da potncia do laser.
143
Figura 59. Diagrama de nveis de energia simplificado representando o
processo de upconversion do par Yb3+/Er3+ no YbPO4:Er3+, representando-se a
via de decaimento multifnon para o estado 4F9/2 do Er3+.
144
Figura 60. Ilustrao de mecanismos de precipitaes coloidais que levam a
partculas monodispersas: (a) modelo de La Mer, (b) modelo de Ocaa e (c)
modelo de Sugimoto.
148
Figura 61. (a) Balano dos potenciais de repulso (VR) e atrao (VA) entre
partculas de acordo com a teoria DLVO. (b) Diagrama representando as
foras atrativas (abaixo do eixo das abscissas) e repulsivas (acima das
abscissas) atuantes entre partculas em suspenso.
150
-
Lista de ilustraes
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xv
Pg.
Figura 62. Ilustrao do modelo de dupla camada eltrica e evoluo do
potencial eltrico em funo da distncia superfcie da partcula coloidal.
153
Figura 63. Diferentes produtos de reao possveis na sntese de sistemas
core@shell a partir da mistura das nanopartculas iniciais e dos precursores
solveis da casca.
157
Figura 64. Ilustrao de uma nanoestrutura core@shell e das possibilidades
de transferncia de energia e emisso bicolor.
160
Figura 65. Comparao entre eficincias tericas de uma lmpada
fluorescente convencional (a base de Hg) e uma lmpada a base de plasma de
Xe em condies similares.
161
Figura 66. Diagramas de nveis de energia representando os processos de
quantum-cutting (a) nos ons Pr3+ e (b) no par Gd3+/Eu3+.
162
Figura 67. Imagens de MET das nanopartculas de YVO4 obtidas atravs de
precipitao coloidal.
166
Figura 68. (a) Difratograma de raios-X do slido YVO4 obtido por
precipitao coloidal e (b) perfil de DLS do coloide de YVO4 estabilizado com
PAA.
167
Figura 69. Imagens de MET dos slidos YVO4@YPO4 obtidos (a-c) a 100 C
e (d-f) a 70 C
169
Figura 70. (a) Distribuies de tamanhos e (b) variao do potencial em
funo do pH para os slidos YVO4 e YVO4@YPO4 sintetizados em
diferentes temperaturas.
170
-
Lista de ilustraes
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xvi
Pg.
Figura 71. Difratogramas de raios-X das partculas precursoras de YVO4 e do
slido YVO4@YPO4 obtido atravs da sntese core@shell (a 70 C, com
YVO4/YPO4=1/1) e comparao com os padres de vanadato de trio e fosfato
de trio.
172
Figura 72. Espectros (a) de excitao (em=616 nm), (b) de emisso (exc=300
nm), (c) intensidades de emisso em 612 nm em funo do tempo, ilustrando a
evoluo do crescimento de sucessivas camadas no sistema
YVO4@YPO4:Eu3+ e (d) ilustrao do processo de luminescncia no sistema
core@shell sob estudo.
174
Figura 73. Espectros (a) de excitao (em=616 nm), (b) de emisso (exc=240
nm), (c) intensidades de emisso em 612 nm em funo do tempo para a fase
de YPO4:Eu3+ na ausncia dos ncleos de YVO4.
175
Figura 74. Espectros (a) de excitao (em=616 nm), (b) de emisso (exc=260
nm) de nanopartculas separadas de YPO4:Eu3+ e YVO4 e em diferentes
propores YPO4:Eu3+/YVO4.
176
Figura 75. (a) Espectros de absoro no UV-Vis e (b) absorvncia em 455 nm
em funo do tempo de reao para as alquotas da reao de formao do
YVO4@YPO4:Eu3+ aps o tratamento com cido e perxido.
178
Figura 76. Esquema de preparao dos sistemas TRVO4@TRPO4 atravs de
precipitaes coloidais. (a) preparo das partculas precursoras de TRVO4; (b)
processo de recobrimento com TRPO4; e (c) tratamento trmico em SiO2
mesoporoso
180
Figura 77. Imagens de MET dos slidos YVO4@YPO4 aps o tratamento
trmico em matriz de SiO2 mesoporoso.
181
-
Lista de ilustraes
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xvii
Pg.
Figura 78. (a) Difratograma de raios-X e (b) diagrama de Williamson-Hall
dos slidos YVO4 precursor e YVO4@YPO4 obtido aps o tratamento
trmico.
182
Figura 79. Espectro (a) de excitao (em=550 nm) e (b) de emisso (exc=300
nm) do slido YVO4:Er3+ aps o tratamento trmico em slica mesoporosa.
184
Figura 80. (a) Mecanismos de upconversion para o on Er3+ e para o par
Yb3+/Er3+ sob excitao em 980 nm (b) Esquematizao do processo de
sensibilizao pela casca de YbPO4 no slido YVO4:Er3+@YbPO4 aps o
tratamento trmico.
185
Figura 81. (a) Espectros de UC dos slidos YVO4:Er3+ e YVO4:Er
3+@YbPO4
sob excitao de laser em 980 nm a 200 mW. (b) Dependncia da intensidade
integrada de emisso por UC para as diferentes emisses dos slidos
sintetizados.
186
Figura 82. Espectros de excitao dos sistemas YVO4:Eu3+, (Y,Gd)VO4:Eu
3+
e (Y,Gd)VO4:Eu3+@YPO4 sintetizados pelas metodologias de precipitao
coloidal.
188
Figura 83. Espectros de emisso dos sistemas YVO4:Eu3+, (Y,Gd)VO4:Eu
3+ e
(Y,Gd)VO4:Eu3+@YPO4 sintetizados pelas metodologias de precipitao
coloidal.
189
Figura 84. Diagrama e coordenadas de cromaticidade representando as cores
de emisso dos slidos TRVO4 e TRPO4@TRVO4 dopados com Eu3+ e Tm3+
sob excitao no UV e no UVV.
189
Figura 85. Espectros de excitao e das amostras de GdVO4:Tm3+ e
GdVO4:Tm3+@YPO4.
190
Figura 86. Espectros de emisso das amostras de GdVO4:Tm3+ e
GdVO4:Tm3+@YPO4.
191
-
Lista de tabelas
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xviii
LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS
Pg.
Tabela 1. Configuraes eletrnicas e raios inicos em seus principais estados
de oxidao, smbolos e origem do nome dos 17 elementos terras raras
6
Tabela 2. Distribuio das terras raras na monazita brasileira e na xenotima
chinesa (em porcentagens do total de xidos de TR)
16
Tabela 3. Classificao dos fenmenos de luminescncia segundo o tipo de
excitao
22
Tabela 4. Nmero e representaes de simetria das componentes das
transies 5D07FJ do Eu
3+ nas simetrias mais comuns
43
Tabela 5. Propriedades de alguns luminforos comerciais de UVV 48
Tabela 6. Parmetros de cela e tamanhos de cristalito calculados para os
fosfovanadatos tetragonais sintetizados
68
Tabela 7. Energias da banda de transferncia de carga (EBTC) e fatores
ambientais (he) calculados a partir dos espectros de excitao dos
fosfovanadatos dopados com Eu3+
76
Tabela 8. Coordenadas de cromaticidade dos fosfovanadatos com diferentes
concentraes de vandio(V)
82
Tabela 9. Tempos de vida de luminescncia, taxas de decaimento radiativo e
no-radiativo, eficincias qunticas (estado 5D0), razo de intensidades entre
as transies 5D07F2 e
5D07F1 e parmetros de intensidade de Judd-Ofelt
dos fosfovanadatos dopados com Eu3+
84
Tabela 10. Quantidades de CTAB e n-butanol utilizadas para a obteno de
microemulses contendo NaH2PO4 (0,5 mL H2O/5 mL C7H16) com diferentes
valores de 0, com seus respectivos valores de condutividade
101
-
Lista de tabelas
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xix
Pg.
Tabela 11. Dimetros hidrodinmicos mdios e ndices de polidispersidade
das microemulses preparadas, determinados atravs de espalhamento
dinmico de luz
102
Tabela 12. Massa inicial, perdas percentuais de massa, quantidade de gua
perdida na primeira e na segunda etapa e resultados composicionais obtidos
dos dados de anlise trmica dos slidos LaPO4:Eu3+ sintetizados sem H3cit
117
Tabela 13. Massa inicial, perdas percentuais de massa, quantidade de gua
perdida na primeira e na segunda etapa, quantidade de matria orgnica
adsorvida, e resultados composicionais obtidos dos dados de anlise trmica
para os slidos LaPO4:Eu3+ sintetizados na presena de H3cit
119
Tabela 14. Coordenadas de cromaticidade das amostras de TRPO4:Eu3+
obtidas atravs das snteses em microemulses reversas
131
Tabela 15. Tempos de vida de luminescncia, taxas de decaimento radiativo e
no radiativo, eficincias qunticas (nvel 5D0) e parmetros de intensidade de
Judd-Ofelt obtidos para os fosfatos dopados com Eu3+
133
-
Lista de abreviaturas e siglas
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xx
LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS,, SSIIGGLLAASS EE SSMMBBOOLLOOSS
1/2 Largura de banda a meia-altura
Eficincia quntica de estado excitado
Comprimento de onda
Momento de dipolo
Frequncia
~ Nmero de ondas
ngulo de difrao de Bragg
Tempo de vida de estado excitado
0 razo molar gua/surfactante
() Parmetros de intensidade de Judd-Ofelt
Potencial zeta
ANRAD Taxa de decaimento no-radiativo de estado excitado
ARAD Taxa de decaimento radiativo de estado excitado
BC Banda de conduo
BTC Banda de transferncia de carga
BuOH 1-Butanol
BV Banda de valncia
CFL Lmpada fluorescente compacta
CIE Comission Internationale dclirage
cit3- - Citrato
CRT Tubo de raios catdicos
CTAB Brometo de hexadeciltrimetilamnio
-
Lista de abreviaturas e siglas
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como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xxi
DC Converso descendente (downconversion)
DE Dipolo eltrico
DLS Espalhamento dinmico de luz (dynamic light scattering)
DM Dipolo magntico
DRX Difratometria de raios-X
DTA Anlise trmica diferencial
DTG Anlise trmica derivativa
edta4- - Etilenodiaminotetraacetato
Eg Energia de band-gap
EG Etilenoglicol
EDS Espectroscopia de fluorescncia de raios-X por energia dispersiva
EtOH lcool etlico
FTIR Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier
I0J Intensidade integrada da transio 5D0
7FJ do Eu3+
IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry
IR ou IV - Infravermelho
J Nmero quntico de momento angular total
L Nmero quntico de momento angular orbital
LED Diodo emissor de luz (Light emitting diode)
Ln3+ on lantandeo trivalente
MeOH lcool metlico
MET Microscopia eletrnica de transmisso
MEV Microscopia eletrnica de varredura
MM Massa molecular
-
Lista de abreviaturas e siglas
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como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xxii
NIR Infravermelho prximo
OLED Diodo emissor de luz orgnico (Organic light emitting diode)
PDP Painel de display de plasma
PA Pureza analtica
PAA cido poliacrlico
PDDA Cloreto de poli(dialildimetilamnio)
PE6800 Pluronic PE-6800
QC Quantum cutting
RD Reflectncia Difusa
S Nmero quntico de momento angular de spin total
TEOF Ortoformato de trietila
TEOS Tetraetoxissilano
TGA Anlise termogravimtrica
TR Terra rara
UC Converso ascendente (upconversion)
UV Ultravioleta
UVV Ultravioleta de vcuo
-
Sumrio
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xxiii
SSUUMMRRIIOO
Captulo 1 Introduo Geral ..................................................................... 1
1.1. Terras raras ............................................................................................... 1
1.2. Fosfatos e outros oxossais de Terras raras ........................................... 13
1.3. Luminescncia ......................................................................................... 21
1.4. Aspectos gerais sobre a espectroscopia de lantandeos ...................... 33
1.4.1. O caso do on Eu3+........................................................................ 42
1.5. Luminforos de UVV: propriedades e aplicaes .............................. 46
1.6. Justificativa e Objetivos ......................................................................... 52
1.7. Material e mtodos .................................................................................. 53
1.7.1. Reagentes ..................................................................................... 53
1.7.2. Equipamentos .............................................................................. 55
1.7.3. Preparo das solues de terras raras ............................................ 57
1.7.4. Caracterizaes ............................................................................ 58
1.7.4.1. Difratometria de raios-X ..................................................... 58
1.7.4.2. Microscopia eletrnica ........................................................ 59
1.7.4.3. Espalhamento dinmico de luz e potencial ....................... 60
1.7.4.4. Anlise trmica .................................................................... 60
1.7.4.5. Espectroscopia vibracional ................................................. 60
1.7.4.6. Espectroscopia de luminescncia ........................................ 61
Captulo 2 Mtodo Pechini ....................................................................... 62
2.1. Introduo ................................................................................................. 62
2.2. Procedimento experimental .................................................................... 64
2.3. Resultados e discusso ............................................................................ 65
2.3.1. Microscopia Eletrnica de Varredura .......................................... 65
2.3.2. Difratometria de raios-X .............................................................. 67
2.3.3. Espectroscopia vibracional .......................................................... 69
2.3.4. Espectroscopia de luminescncia ................................................ 73
2.4. Concluses parciais ................................................................................. 89
Captulo 3 Microemulses reversas ........................................................ 90
3.1. Introduo ................................................................................................. 90
3.1.1. Surfactantes e agregados moleculares em soluo ...................... 90
-
Sumrio
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho xxiv
3.1.2. Microemulses reversas e nanorreatores ..................................... 92
3.2. Procedimento experimental ................................................................... 99
3.2.1. Preparo e caracterizao das microemulses .............................. 99
3.2.2. Sntese dos slidos TRPO4:Ln3+ .................................................. 104
3.3. Resultados e discusso ............................................................................ 106
3.3.1. Microscopia eletrnica de varredura ........................................... 106
3.3.2. Potencial ................................................................................... 113
3.3.3. Anlise trmica ............................................................................ 115
3.3.4. Difratometria de raios-X .............................................................. 120
3.3.5. Espectroscopia vibracional .......................................................... 124
3.3.6. Espectroscopia de luminescncia ................................................ 128
3.3.6.1. LaPO4:Eu3+ e (Y,Gd)PO4:Eu
3+ ........................................... 128
3.3.6.2. LaPO4:Tm3+ e YPO4:Tm
3+ ................................................... 139
3.3.6.3. YbPO4:Er3+ .......................................................................... 141
3.4. Concluses parciais ................................................................................. 144
Captulo 4 Precipitaes coloidais ........................................................... 146
4.1. Introduo ................................................................................................. 146
4.1.1. Introduo qumica dos coloides .............................................. 146
4.1.2. Sistemas core@shell .................................................................... 155
4.1.2.1. Luminforos de ultravioleta de vcuo ................................. 159
4.2. Procedimento experimental ................................................................... 164
4.3. Resultados e discusso ........................................................................... 165
4.3.1. Sistemas TRVO4@TRPO4 .......................................................... 165
4.3.2. Espectroscopia de luminescncia no UVV .................................. 187
4.4. Concluses parciais ................................................................................ 192
Captulo 5 Consideraes finais e concluso ....................................... 194
Referncias bibliogrficas .............................................................................. 196
Apndice ............................................................................................................... 210
A. Fichas cristalogrficas .............................................................................. 210
B. Espectros de luminescncia ...................................................................... 218
C. Curvas de decaimento de luminescncia ................................................ 229
D. Smula curricular ...................................................................................... 242
E. Produo bibliogrfica .............................................................................. 246
-
Captulo 1- Introduo geral
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho
CCaappttuulloo 11:: IInnttrroodduuoo GGeerraall
Why should I refuse a good dinner simply because I dont understand the digestive
processess involved?
Oliver Heaviside
11..11.. TTeerrrraass rraarraass
O grupo de elementos conhecido como terras raras (TR) inclui os metais
lantandeos (elementos com nmero atmico entre Z=57, o lantnio, e Z=71, o lutcio),
alm de escndio (Z=21) e trio (Z=39) (Figura 1).[1] O termo terras deve-se ao fato
de que, ao longo dos sculos XVIII e XIX, tais elementos foram isolados, a partir de
seus minerais, na forma de xidos, j que a palavra terra era, poca, uma
designao geral para xidos metlicos (assim como em terras alcalinas ou metais
alcalinoterrosos). J o termo raras decorre do fato de que tais elementos foram
inicialmente encontrados apenas em alguns minerais de regies prximas a Ytterby, na
Sucia, sendo que sua separao era consideravelmente complexa.[2-8] Assim, a
expresso terras raras emite uma ideia errnea acerca desse grupo, j que designa
elementos de natureza metlica (e no propriamente seus xidos ou terras), cuja
abundncia na crosta terrestre , ao contrrio do que se pode pensar, consideravelmente
alta (o crio, o de maior ocorrncia, to abundante quanto o zinco ~8x10-3% e o
mais raro, o tlio, mais abundante que a prata ~8x10-6%).[2] Alm disso, ainda que
paream raros (com nomes pouco ou nada difundidos em meios no-acadmicos),
tornam-se cada vez mais presentes na vida do homem, seja em inmeros aparelhos de
-
Captulo 1- Introduo geral: Terras raras
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho 2
uso cotidiano, seja nas mais diversas reas do conhecimento cientfico. Dentre os mais
de 250 minerais conhecidos que contm TR, monazita ((La,Ce,Th)PO4), bastnasita
((La,Ce,Nd)CO3F) e xenotima ((Y,Dy,Yb)PO4) so os mais importantes e de maior
demanda industrial.[2-4] A China detm as maiores reservas e produo mundial desses
elementos, possuindo tambm, desde 2002, o maior nmero de publicaes indexadas
em assuntos relacionados.[2-4,9]
Figura 1. A Tabela Peridica, com destaque para os grupos dos metais lantandeos e
das terras raras.
O primeiro registro histrico sobre as TR data de 1751, quando o sueco Axel
Frederik Cronstedt descobre um novo mineral pesado (posteriormente chamado de
cerita). poca, aps sries de anlises, acreditou-se que o mineral tratava-se de um
silicato de clcio e ferro, sendo que as TR, ento desconhecidas, foram confundidas com
o clcio.[8,10] Contudo, comumente atribui-se o incio da Qumica das TR ao tambm
sueco Carl Axel Arrhenius, com a descoberta da iterbita (mineral posteriormente
chamado de gadolinita) em 1787. Foi desse mineral que, em 1794, o finlands Johan
Terras Raras
Lantandeos
Sc
Y
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
-
Captulo 1- Introduo geral: Terras raras
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho 3
Gadolin, considerado o pai da Qumica das TR, isolou a terra que batizou de tria,
reconhecendo o trio como um novo elemento qumico e pensando tratar-se do xido de
trio puro. Na verdade, a tria consistia numa mistura de xidos que hoje se conhecem
como terras tricas, isto , os xidos do trio e dos lantandeos pesados (Gd-Lu). O
mesmo ocorreu com o isolamento da cria (supostamente xido de crio puro) a partir
da cerita por Martin Heinrich Klaproth e Jns Jacob Berzelius (independentemente) em
1803.[5-8,10] A cria era, na verdade, uma mistura das chamadas terras cricas, isto , de
xidos dos lantandeos leves (La-Eu, com exceo do promcio, a nica das TR que no
apresenta istopos estveis). O descobrimento desses dois novos elementos deu incio a
uma extensa e complexa srie de trabalhos de separao e identificao de novos
elementos a partir dos xidos supostamente puros (Figura 2).
Figura 2. Cronologia da separao das terras (a) cricas e (b) tricas por seus
respectivos descobridores a partir das misturas consideradas como elementos
puros.[5,10]*
*O pseudoelemento chamado de didmio (Di) foi reconhecido entre 1841 e 1885, consistindo, na verdade, de uma mistura de praseodmio e neodmio. O nome didmio vem do grego, didymos, e siginfica gmeo, pois, segundo Mosander, o referido elemento seria o gmeo do lantnio.
(a)
Y
Tb(Er)
Ce
La
Di
SmDi
Ce
La
NdPrGd Sm Eu
Berzelius, Klaproth, 1803
Mosander, 1839
Mosander, 1841
Boisbaundran, 1879
Demaray, 1896Welsbach,1885
Y
Gadolin, 1794
Er(Tb)
Tb Gd Er Yb
Mosander, 1843
Boisbaundran, 1886
Er Tm Ho Sc Yb
Yb Lu
Urbain, 1907
Cleve, 1879
Ho Dy
Boisbaundran, 1886
Nilson, 1879
Marignac, 1878
Delafontaine, Soret, 1878
(b)
-
Captulo 1- Introduo geral: Terras raras
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho 4
No perodo entre a descoberta do trio (1794) e do lutcio (a ltima das TR
naturais a ser identificada, em 1907), por exemplo, relata-se quase uma centena de
anncios de descobertas de elementos TR, tratando-se, evidentemente, de inmeras
misturas de TR no completamente separadas.[3] Entretanto, ainda que em meio a essa
situao, a extensa aplicao de tcnicas de espectroscopia de chama contribuiu
imensamente para elucidao das caractersticas dos elementos TR recm descobertos e
a confirmao da ocorrncia ou no de misturas.[10,11] Alie-se a essa tcnica, ainda, o
exaustivo e cuidadoso trabalho realizado pelos qumicos da poca, que empregavam
apenas tcnicas analticas clssicas (recristalizao, dissoluo fracionada etc.) para a
separao das TR: afirma-se, por exemplo, que Charles James certa vez realizou 15000
recristalizaes at a obteno de Tm(BrO3)3 puro.[12]
Frente a tais descobertas e tendo em vista que a tabela peridica de Mendeleiev
podia acomodar apenas um elemento lantandeo, em 1905, Alfred Werner props que se
deixasse uma lacuna de 17 elementos entre o brio e o tntalo (uma vez que o hfnio
tambm no era conhecido poca), em um formato similar ao atualmente adotado.[10]
Posteriormente, em 1913, atravs da aplicao de espectroscopia de raios-X, Henry
Moseley corrobora com tais proposies e demonstra a existncia de no mais que 16
elementos entre o Ba e o Ta, correspondendo aos 15 lantandeos e ao hfnio, com a
introduo do conceito de nmero atmico. Foi isso que permitiu a interpretao de
Niels Bhr de que isso correspondia ao preenchimento gradual dos orbitais 4f, como
uma expanso da quarta camada quntica que permitiria a acomodao de 32 eltrons
ao invs de 18.[3,5]
A grande dificuldade de separao dos lantandeos para que se obtenham os
elementos individuais decorrente de sua alta similaridade qumica, com diferenas
-
Captulo 1- Introduo geral: Terras raras
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho 5
muito pequenas entre si em relao solubilidade de seus compostos ou formao de
complexos. Por se apresentarem, com poucas excees, no estado de oxidao 3+ e por
possurem raios inicos bastante prximos, a substituio de uma TR por outra livre
de impedimentos em diversos retculos cristalinos.[2-4,13] Assim, tal facilidade de
substituio resulta na ocorrncia simultnea de vrias TR em um mesmo mineral, alm
de uma considervel disperso de tais elementos pela crosta terrestre (elementos
litoflicos).
Dessa forma, as pequenas diferenas entre o comportamento qumico das TR so
associadas constncia do estado trivalente e progressiva diminuio do raio com o
aumento do nmero atmico, como observado na Tabela 1. As distribuies eletrnicas
dos lantandeos neutros no estado fundamental tm a forma (em ordem energtica)
[Xe] 6s2, 4f n, 5dx com 0 n 14 e x=1 para La, Ce, Gd e Lu (x=0 para os demais). Ao
se escreverem as distribuies eletrnicas em ordem crescente de nmero quntico
principal, constata-se que as mesmas tomam uma forma do tipo:
[Kr] 4d10 4f n, 5s2, 5p6, 5dx, 6s2, sendo que o eltron mais energtico da distribuio no
se encontra na camada mais externa do tomo. Esse o motivo pelo qual os lantandeos
(assim como os actindeos) so tambm conhecidos como elementos de transio
interna (note-se, contudo, que a IUPAC recomenda o uso do termo elemento de
transio apenas aos metais que possuam subnvel d parcialmente preenchido).[1,14]
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Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
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Tabela 1. Configuraes eletrnicas e raios inicos em seus principais estados de
oxidao, smbolos e origem do nome dos 17 elementos terras raras[2-5,10]
Z TR2+ TR3+ TR4+ Config.
eletrnica Raio* (pm)
Config. eletrnica
Raio* (pm)
Config. eletrnica
Raio* (pm)
21 Escndio (Sc) (de Escandinvia, norte da Europa)
- - [Ar] 3d0
(Incolor)
68 - -
39 trio (Y) (de Ytterby, vila sueca)
- - [Kr] 4d0
(Incolor)
89 - -
57 Lantnio (La) (de lanthanein, estar escondido)
- - [Xe] 4f 0
(Incolor)
106 -
58 Crio (Ce) (do asteroide Ceres)
- - [Xe] 4f 1
(Incolor)
103 [Xe] 4f 0
(Incolora)
92
59 Praseodmio (Pr) (prasios(verde)+didymos(gmeo))
- - [Xe] 4f 2
(Verde)
101 [Xe] 4f 1
(Incolora)
90
60 Neodmio (Nd) (neo(novo)+didymos(gmeo))
- - [Xe] 4f 3
(Violeta)
100 - -
61 Promcio (Pm) (de Prometeu, da mitologia grega)
- - [Xe] 4f 4
(Rosa)
98 - -
62 Samrio (Sm) (do mineral samarskita)
[Xe] 4f 6
(Rosa plido)
111 [Xe] 4f 5
(Amarelo plido)
96 - -
63 Eurpio (Eu) (de Europa)
[Xe] 4f 7
(Incolor)
109 [Xe] 4f 6
(Rosa plido)
95 - -
64 Gadolnio (Gd) (homenagem a Johan Gadolin)
- - [Xe] 4f 7
(Incolor)
94 - -
65 Trbio (Tb) (de Ytterby, vila sueca)
- - [Xe] 4f 8
(Rosa plido)
92 [Xe] 4f 7
(Incolora)
84
66 Disprsio (Dy) (de dysprositos, difcil de obter)
- - [Xe] 4f 9
(Amarelo plido)
91 - -
67 Hlmio (Ho) (de Stockholm, capital sueca)
- - [Xe] 4f 10
(Amarelo plido)
89 - -
68 rbio (Er) (de Ytterby, vila sueca)
- - [Xe] 4f 11
(Rosa)
88 - -
69 Tlio (Tm) (de Thule, Terras do Norte)
[Xe] 4f 13
(Incolor)
94 [Xe] 4f 12
(Verde plido)
87 - -
70 Itrbio (Yb) (de Ytterby, vila sueca)
[Xe] 4f 14
(Incolor)
93 [Xe] 4f 13
(Incolor)
86 - -
71 Lutcio (Lu) (de Lutce, antigo nome de Paris)
- - [Xe] 4f 14
(Incolor)
85 - -
* Raios inicos calculados para o nmero de coordenao 6. a Apresenta cores originrias de transies de transferncia de carga.
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Alm disso, nota-se claramente o motivo da predominncia do estado trivalente
nos casos de La, Ce, Gd e Lu, com a perda dos trs eltrons mais externos da
configurao [Xe] 4f n, 5d1, 6s2. Nos demais casos, a formao dos ctions TR3+ se d
pela perda dos dois eltrons 6s e de um eltron 4f, dando origem a um ction
com configurao [Xe] 4f n-1. A preferncia pela perda de um eltron 4f ao invs de um
dos eltrons 5s ou 5p mais externos consequncia de uma maior penetrabilidade dos
eltrons s e p em relao aos dos eltrons f (que no apresentam, em sua distribuio
radial de probabilidade, mximos locais nas proximidades do ncleo), como mostra a
Figura 3. Assim, embora os eltrons 4f sejam de natureza interna, sua baixa
penetrabilidade os torna mais disponveis que os eltrons 5s e 5p para contriburem para
a terceira energia de ionizao dos tomos TR. Alm disso, os eltrons em orbitais 5s e
5p so mais suscetveis a efeitos de contrao relativstica do que os eltrons 4f, o que
torna ainda menos provvel a remoo de um eltron da configurao fechada [Xe] para
a formao do ction TR3+.[5,15] As principais excees ao estado trivalente consistem
nos casos em que ons divalentes ou tetravalentes podem ser formados de modo se
chegar a uma subcamada 4f vazia (4f 0, como Ce4+), semipreenchida (4f 7, como Eu2+ ou
Tb4+) ou totalmente preenchida (4f 14, como o Yb2+), embora ons Pr4+ (4f 1), Sm2+(4f 6)
e Tm2+ (4f 11) tambm sejam observados.[2,4]
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Figura 3. Funes de distribuio radial para os orbitais 4f, 5s e 5p, no caso, para o on
Nd3+ livre, ilustrando a natureza interna dos orbitais 4f.[15]
As distribuies eletrnicas e as funes de distribuio radial tambm permitem
a explicao da diminuio progressiva dos raios atmicos/inicos com o aumento do
nmero atmico, no fenmeno conhecido como contrao lantandica. Como o
aumento do nmero atmico leva ao preenchimento dos orbitais 4f, que possuem
natureza interna e menor capacidade de blindagem do que eltrons em orbitais s, p ou d,
o aumento da repulso intereletrnica , nesses casos, largamente superado pelo
aumento da carga nuclear. Dessa forma, a carga nuclear efetiva sobre os eltrons mais
externos que os eltrons 4f consideravelmente elevada, resultando em uma atrao
mais intensa sobre os eltrons 5s, 5p (e 6s, no caso dos tomos neutros) e na diminuio
dos raios atmicos e inicos. Parte desse fenmeno tambm normalmente atribuda a
efeitos relativsticos, tambm devido maior suscetibilidade de eltrons s e p a tais
fatores. Alm de ser grande responsvel pela similaridade qumica entre os lantandeos,
Fu
n
o d
e d
istr
ibu
i
o rad
ial (
r2R
n,l2)
Raio (r)
4f5s
5p
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dados os seus raios atmicos/inicos prximos, a contrao lantandica tambm faz com
que os elementos ps-lantandicos da srie 5d tambm tenham grande semelhana com
os elementos correspondentes do perodo anterior. Por exemplo, o zircnio muito mais
similar ao hfnio do que ao titnio, assim como o nibio assemelha-se muito mais ao
tntalo do que ao vandio; tais observaes ocorrem porque, nos pares Hf/Zr e Nb/Ta,
os raios atmicos envolvidos so praticamente idnticos devido contrao lantandica,
embora os tomos possuam a mesma valncia e pertenam a perodos diferentes.
Ainda com relao ao seu tamanho, por possurem raios inicos ao redor de
80-100 pm, as TR (com exceo do escndio) acomodam facilmente vrios ligantes,
sendo que nmeros de coordenao maiores que 6 (geralmente 8-9, chegando a 12 em
alguns casos) so comumente observados. Devido contrao lantandica, h uma
tendncia de diminuio dos nmeros de coordenao alo longo da srie, sendo que o
trio normalmente se posiciona entre o disprsio e o hlmio. Por formarem ctions com
alta razo carga/raio, as TR mostram uma preferncia por ligantes duros segundo a
classificao de Pearson, o que explica a sua ocorrncia natural quase que unicamente
na forma de xidos/oxossais ou fluoretos.[2,13]
Outra propriedade marcante relacionada aos lantandeos o carter no
direcional dos orbitais 4f com relao s geometrias de coordenao adotadas. Ao
contrrio dos metais do bloco d, as geometrias de coordenao assumidas pelos
lantandeos so determinadas unicamente por fatores estricos, de modo a se
minimizarem as repulses entre os ligantes. Tal fato consequncia da baixa
participao dos orbitais 4f no estabelecimento das ligaes qumicas envolvidas. Por
sua natureza interna, encontrando-se enterrados na camada fechada de configurao
[Xe], os orbitais 4f so pouco disponveis para a formao de ligaes com overlap
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interorbital efetivo, resultando, assim, em uma baixa influncia sobre geometria de
coordenao. Outra consequncia dessa baixa participao o estabelecimento de
ligaes de carter predominantemente inico por parte das TR, com uma alta labilidade
em seus compostos de coordenao. A exceo o escndio que, por possuir um raio
inico muito menor, forma compostos com alto carter covalente, como por exemplo o
[Sc(OH)6]3- por dissoluo de Sc(OH)3 em meio bsico, ou o [ScF6]
3- por dissoluo de
ScF3 em HF.[2,3] Alm disso, mais uma consequncia advinda da localizao interna dos
orbitais 4f , sob uma perspectiva contrria, um efeito de proteo por parte dos orbitais
5s e 5p em relao ao ambiente externo, tornando os eltrons 4f pouco afetados por
efeitos do campo ligante. Assim, os efeitos do ambiente qumico sobre as propriedades
eletrnicas dos lantandeos so muito menos significativos quando comparados aos
efeitos sobre os orbitais d dos elementos de transio. Isso resulta em espectros
eletrnicos de transies f-f bastante estreitas, com uma dependncia muito pequena em
relao aos ligantes. Por exemplo, um dos primeiros relatos tratando das peculiaridades
espectrais dos metais lantandeos data de 1866, quando Robert Wilhelm Bunsen, um dos
pais da espectrometria de chama, relatou a ocorrncia de linhas incomumente estreitas
no espectro do sulfato de didmio.[10,11] O mesmo tipo de comportamento observado ao
se analisarem as propriedades magnticas dos diferentes lantandeos, que tambm so
praticamente independentes de seu ambiente qumico.
Com esse diferente conjunto de propriedades, muitas delas completamente
despercebidas poca da descoberta desses elementos, no de se surpreender que as
TR tenham sido cunhadas como raras e como elementos exticos. De fato, at o incio
da dcada de 1950, as TR eram praticamente curiosidades de laboratrio, sobretudo
graas dificuldade de obteno de seus compostos puros. At ento, suas principais
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aplicaes consistiam na fabricao de mantas para lampies a gs (nitrato de trio e
crio) por volta de 1885 e na manufatura de pedras para isqueiros (mischmetal, liga
metlica contendo 50% de Ce, 25% de La e diferentes quantidades de Pr e Nd, alm de
Fe e Mg) por volta de 1903.[5,7] At o incio da Segunda Guerra Mundial, apenas crio e
eurpio eram obtidos em quantidades apreciveis devido sua relativa facilidade de
separao atravs de reaes de oxidorreduo. Durante a Segunda Guerra Mundial, o
Projeto Manhattan foi um dos grandes contribuintes para o desenvolvimento dos
processos de separao de TR, j que visava utilizao da cromatografia de troca
inica para a separao de lantandeos como modelo para a separao de
actindeos.[2,6-8] O emprego dessa tcnica, bem como o incio da utilizao de outros
mtodos de separao (extrao com solventes, cromatografia de extrao), possibilitou
a obteno de quantidades cada vez maiores e mais puras de TR, permitindo o
desenvolvimento de suas atuais aplicaes.[2-5,16]
As amplas aplicaes das TR consistem, de uma maneira geral, na explorao
das propriedades magnticas, pticas ou redox inerentes a tais elementos. A Figura 4
ilustra as aplicaes mais frequentes das TR, bem como a porcentagem que cada tipo de
utilizao consome do total desses elementos. Entre as aplicaes mais comuns, a
catlise envolve praticamente 1/5 do volume total consumido de TR, principalmente no
craqueamento do petrleo e na composio de redutores das emisses poluentes por
motores automotivos.[17,18] Embora contribua com uma grande frao do consumo de
TR, a catlise corresponde, contudo, a apenas 5% do valor agregado a esses elementos,
j que nesses processos utilizam-se principalmente La e Ce (mais abundantes e baratos).
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Figura 4. (a) Principais aplicaes das TR e seus percentuais utilizao em termos de
(b) volume e (c) valor.[16]
J a produo de magnetos tambm responde por aproximadamente 1/5 do
consumo total de TR, sendo, por outro lado, a atividade que mais agrega valor s TR
(37% do consumo total em termos de valor). Os magnetos de TR, sobretudo os ms
permanentes Sm-Co (SmCo5) e Nd-Fe-B (Nd2Fe14B) (que podem conter diferentes
quantidades de Dy, Tb e Pr), so, por exemplo, aplicados em discos rgidos, dnamos,
autofalantes e turbinas para a gerao de energia elica.
Como mostra a Figura 4, a fabricao de materiais luminescentes (luminforos*)
envolve o consumo de apenas 7% do volume total de TR. Por outro lado, os produtos
gerados por essa atividade correspondem a mais de 1/3 do valor agregado s TR, j que, *O termo fsforos tambm consta atualmente nos principais dicionrios da Lngua Portuguesa para a designao de materiais luminescentes. No presente texto, prefere-se o uso de luminforos para se evitarem confuses com o elemento qumico fsforo (P).
Catlise Automotiva
Craqueamento de petrleo
Vidros
Polimentos
Ligas para baterias Ni-MH
ms permanentes
Luminforos
Cermicas de alta resistnciae dieltricos
Ce La Nd Pr
La Ce
Ce La Nd Pr
Y
Ce La Pr
Ce La Nd Pr Sm
Nd Pr Dy Gd Tb
Ce La Eu Tb Gd
Y La Ce Nd Pr
Sm
(a)
(b) (c)
18%
21%
7%
6%6%
20%
10%
12%
(Volume)
Catlise
Vidros
Polimentos
Ligas
ms
Luminforos
Cermicas
Outros
(Valor $$)32%
37%
3%3% 5% 2%4%
14%
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P.C. de Sousa Filho 13
para essas aplicaes, so necessrios elementos de menor abundncia e com elevado
grau de pureza (no mnimo 99,9%). Os luminforos a base de TR so aplicveis em
lmpadas fluorescentes convencionais e compactas (CFL), visualizao (tubos de raios
catdicos, CRT, e displays de plasma, PDP), lasers, LEDs (light-emitting diodes) e
OLEDs (organic light-emitting diodes), marcadores pticos luminescentes, entre outros.
Algumas das aplicaes dos materiais luminescentes a base de TR e seus fundamentos
tericos sero melhor discutidos nas sees seguintes. Entre as outras aplicaes das
TR, destacam-se a fabricao de vidros especiais (controle da colorao e da absoro
de determinados comprimentos de onda) e o polimento de vidros, a produo de baterias
recarregveis (nquel-hidreto metlico), a produo de cermicas de alta resistncia,
entre outros.[4-7]
11..22.. FFoossffaattooss ee oouuttrrooss ooxxoossssaaiiss ddee tteerrrraass rraarraass
Desde a sua descoberta em 1669 por Henning Brand, o fsforo e seus compostos
sempre apresentaram uma importncia marcante nos diferentes ramos da Qumica. Os
compostos de fsforo (haletos, organofsforos etc.), os fosfatos em geral e seus
derivados possuem uma srie de aplicaes industriais das mais variadas e importantes,
alm de diferentes papeis biolgicos de natureza fundamental. Os fosfatos, isto , os
oxonions do fsforo, constituem uma importante classe de materiais inorgnicos, sendo
que, por exemplo, mais de 300 minerais so classificados como algum tipo de
fosfato.[2,19-22]
Os oxonions do fsforo (PxOyn-) so formalmente classificados de acordo com a
razo entre a carga total atribuda ao grupo aninico (n) e o nmero de tomos de
fsforo presentes (x).[20,21] Os fosfatos em que n/x > 1 so classificados como fosfatos
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lineares, fazendo parte desse grupo o ortofosfato (PO43-), os polifosfatos simples
(pirofosfato, P2O74-, tripolifosfato, P3O10
5- etc.) e os polmeros de fosfato de alta massa
molecular. Tais nions apresentam frmula geral PxO(3x+1) (x+2)- e consistem na unio de
tetraedros de ortofosfato ligados atravs de um tomo de oxignio, sendo a classe mais
importante de fosfatos. Os fosfatos que apresentam razo n/x = 1 so classificados como
metafosfatos ou fosfatos cclicos, consistindo em anis mistos de oxignio e fsforo
tetradrico alternados, com frmula geral PxO3xx-; os membros mais importantes desse
grupo so o trimetafosfato (P3O93-) e o tetrametafosfato (P4O12
4-). Por fim, os fosfatos
que possuem razo n/x < 1 so classificados como ultrafosfatos, sendo derivados dos
polifosfatos e consistindo em grupos PO4 ligados entre si atravs de trs tomos de
oxignio, com frmula geral PxO(3x-1)(x-2)-.[19,23]
As TR formam compostos com as trs classes mencionadas dos oxonions do
fsforo. Contudo, o grupo de maior importncia cientfica e tecnolgica , sem dvida,
o dos ortofosfatos. Isso se deve, primeiramente, ao fato de que dois dos trs principais
minerais contendo TR na crosta terrestre so ortofosfatos. A monazita e a xenotima da
crosta terrestre (minerais a base de fosfatos de TR) correspondem, juntamente com a
bastnasita (fluorocarbonato de TR), a 95% dos recursos minerais de terras raras.[2,24]
A monazita um ortofosfato das terras cricas e de trio, ocorrendo nos mais
diversos ambientes geolgicos como mineral acessrio em rochas gneas, metamrficas
ou na forma de areias.[24] O nome monazita originrio do grego monazeis, que
significa estar s, em aluso ocorrncia de seus cristais isolados em rochas gneas
pegmatitas. O contedo total de TR, bem como a distribuio das TR particulares e a
quantidade de trio, depende de sua localizao, porm geralmente a monazita
composta de 70% em massa de xidos de TR, sendo ~40-50% CeO2, 20-30% La2O3,
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alm de quantidades variveis de traos (
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Tabela 2. Distribuio das terras raras na monazita brasileira e na xenotima chinesa (em
porcentagens do total de xidos de TR)[24]
Terra Rara Monazita ((La,Ce,Nd,Th)PO4),
costa brasileira
Xenotima ((Y,Dy,Yb)PO4),
Guandong, China La 24,00 1,20 Ce 47,00 8,00 Pr 4,50 0,60 Nd 18,50 3,50 Sm 3,00 2,20 Eu 0,0550 0,20 Gd 1,00 5,00 Tb 0,1 1,20 Dy 0,35 9,10 Ho 0,035 2,60 Er 0,07 5,60 Tm 0,005 1,30 Yb 0,02 6,00 Lu -- 1,80 Y 1,4 59,30
Assim, nos dois principais minerais de TR constitudos por fosfatos, observa-se
uma clara diferenciao em relao distribuio das terras cricas e tricas. As terras
raras mais leves e, portanto, de maior raio atmico e maior basicidade, concentram-se
nos minerais menos cidos na forma de monazita, ao passo que as terras raras pesadas
so mais facilmente encontradas na xenotima, como ilustra a Figura 5.
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Figura 5. Abundncia das TR (com relao abundncia no universo) na monazita e na
xenotima.
Essa observao no se restringe a essas duas formas anidras dos fosfatos de TR,
sendo tambm observada no caso de fosfatos hidratados. Tal fato pode ser relacionado
s estruturas distintas dos dois slidos, uma vez que, como o raio dos lantandeos
diminui do La ao Lu, h uma mudana nos tipos estruturais, com Tb e Dy possuindo
caractersticas intermedirias nessa transio. Os lantandeos mais leves tendem a
assumir nmeros de coordenao maiores para a estabilizao das estruturas, enquanto
que os lantandeos pesados possuem maior tendncia em apresentar menores nmeros
de coordenao, com a formao de geometrias mais regulares.
Os fosfatos hidratados das terras cricas ocorrem aproximadamente como hemi-
ou mono-hidratos, com estrutura hexagonal primitiva, sendo isoestruturais ao mineral
rabdofano. Tal mineral consideravelmente raro, devido facilidade de converso
estrutural monazita. Nesse caso, os ons lantandeos so coordenados por um poliedro
LnO8 ligados a tetraedros de PO4 e com a formao de canais nos quais se acomodam as
molculas de H2O, sendo que se estima que o grau de hidratao do slido
inversamente proporcional ao raio inico dos ctions. A estabilidade dessa forma
104
105
106
107
108
Xenotima
Ab
un
dn
cia
(min
eral
/un
iver
so) Monazita
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
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relativamente baixa, uma vez que em temperaturas ao redor de ~500 C, h a perda das
molculas de gua e converso irreversvel para a fase de monazita; acredita-se, ainda,
que as guas desempenhem papel fundamental na estabilizao da estrutura, sendo
consideradas de natureza zeoltica (Figura 6).[25-28] A forma anidra dos ortofosfatos das
terras cricas monoclnica primitiva, em que o lantandeo coordenado irregularmente
por nove tomos de oxignio. Alguns estudos revelam que a geometria de coordenao
na estrutura da monazita assume a forma de um poliedro tetradrico interpenetrado
pentagonalmente (Figura 6).[25-28]
Figura 6. Representaes (a) da estrutura do rabdofano (hexagonal),[29] (b) da estrutura
da monazita (monoclnica) e (c) do poliedro de coordenao dos ctions na monazita.[27]
Embora possam tambm ocorrer na forma hexagonal do mineral rabdofano, os
fosfatos hidratados das terras tricas apresentam-se, predominantemente, na forma de di-
hidratos com estrutura monoclnica, possuindo a estrutura da weischenkita e sendo
isoestruturais gipsita (CaSO4.2H2O).[2,22] Nesse caso, observa-se a ocorrncia de
poliedros de coordenao LnO8, sendo duas guas de hidratao coordenadas, de modo
que essa estrutura estvel apenas at ~300 C, quando ocorre o colapso dessa rede
monoclnica. J a xenotima, forma anidra dos fosfatos das TR pesadas, cristaliza-se em
um sistema tetragonal de corpo centrado. Com quatro unidades de frmula por cela
(a) (c)(b)
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unitria, essa estrutura fornece ao ction um poliedro de coordenao do tipo TRO8 na
forma de um dodecaedro deformado de simetria D2d (que pode ser descrito como dois
tetraedros ortogonais interpenetrados).[30] Nesse poliedro, h quatro ligaes TR-O mais
longas (relativas ao tetraedro TRO4 alongado na direo [001]), e quatro ligaes TR-
O curtas associadas ao outro tetraedro. Os nions XO43- tambm tm sua geometria
distorcida, de modo que a sua simetria tetradrica diminuda para D2d. Nesse caso,
contudo, as distncias das ligaes X-O mantm-se constantes e caractersticas para os
grupos XO43- (Figura 7).[19,30,31]
Figura 7. Representao da estrutura tetragonal da xenotima.
Assim, a ocorrncia maior ou menor das terras cricas e tricas nas estruturas da
monazita ou xenotima pode ser explicada pelos limites de dimenses impostos pelas
duas estruturas. Estima-se que os ons com raio inico maior que 1,10 (em seu
respectivo nmero de coordenao) no podem participar da formao da rede
tetragonal da xenotima, adotando a estrutura cristalina da monazita.[22,25-28]
Tais estruturas, da monazita e xenotima, apresentam, assim, uma altssima
estabilidade trmica, com comportamento monofsico at praticamente seu ponto de
fuso (ao redor de 2000 C). Isso, juntamente s baixas reatividades apresentadas por
Stio [MO8] D2d
Stio [XO4] D2d
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essas estruturas, explica, por exemplo, a grande estabilidade geolgica desses minerais,
pois nunca se pode provar a converso da monazita em quaisquer outros minerais. As
monazitas brasileiras, por exemplo, so estimadas a terem ~2 milhes de anos. Essa
estabilidade se reflete, ainda, na grande dificuldade de processamento desses minerais,
cuja abertura realizada, aps etapas fsicas de pr-concentrao, com ataque por cido
sulfrico concentrado em temperaturas superiores a 200 C, ou ataque com soda
custica a 150 C. Alm disso, a grande inrcia qumica desses slidos tambm levou
sua utilizao para acomodar tomos radioativos, para a estocagem em longo prazo de
lixo nuclear. Dessa forma, as vrias propriedades estruturais nicas dos fosfatos de TR,
aliadas suas elevadas estabilidades, levaram ao desenvolvimento de aplicaes para
tais slidos nos mais diversos campos tecnolgicos, tais como matrizes cermicas,
condutores inicos e luminforos.
Outros sistemas do tipo TRXO4, em que X representa um elemento pentavalente
(As, V, por exemplo), apresentam vrias similaridades qumicas e estruturais com os
fosfatos de TR.[19,30,31] Assim, os vanadatos de TR so isoestruturais aos fosfatos de TR,
apresentando, portanto, estrutura cristalina monoclnica (monazita) ou tetragonal
(xenotima/zirconita). Em verdade, apenas o vanadato de lantnio (LaVO4) apresenta-se
estvel com a estrutura monoclnica, sendo que os vanadatos dos demais lantandeos e
do trio cristalizam-se apenas na estrutura tetragonal (com o vanadato de crio
apresentando uma forma monoclnica metaestvel).[14]
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Captulo 1- Introduo geral: Luminescncia
Estudos sobre sntese, propriedades estruturais e espectroscpicas de oxossais de terras raras para aplicaes
como luminforos de ultravioleta de vcuo
P.C. de Sousa Filho 21
11..33.. LLuummiinneessccnncciiaa
O termo luminescncia foi utilizado pela primeira vez por Wiedemann (fsico
alemo) em 1888 para definir todos os fenmenos da luz que no so condicionados
unicamente pelo aumento da temperatura.[32] Ainda que Wiedemann no contasse com
conhecimentos consistentes sobre a estrutura da matria e sobre a natureza da radiao
eletromagntica, sua definio , mesmo nos dias de hoje, suficientemente ampla para
fornecer uma boa ideia sobre o fenmeno. Atualmente, o Gold Book da IUPAC
define como luminescncia a emisso espontnea de radiao eletromagntica por uma
espcie eletronicamente excitada que no est em equilbrio trmico com seu
ambiente.[14] Portanto, tais fenmenos de emisso de radiao ocorrem,
fundamentalmente, por mecanismos diferentes da emisso de luz por corpos a altas
temperaturas, processos conhecidos como incandescncia e regidos pela Lei de Wien.
Assim, de uma maneira mais estrita, pode-se definir a luminescncia como um processo
em que um estado eletrnico de uma substncia excitado por alguma energia externa,
sendo que a energia de excitao posteriormente devolvida na forma de luz.
Tradicionalmente, restringe-se o termo luz a emisses na faixa visvel do espectro
eletromagntico (400-700 nm), embora seja bastante comum e, sobretudo, vlido, o uso
do termo para emisses no infravermelho ou no ultravioleta prximos.[33,34]
De maneira geral, os fenmenos de luminescncia so classificados de acordo
com o tipo de excitao que levou formao do estado excitado. A Tabela 3 mostra
vrios tipos de energias de excitao que podem levar emisso de luz, alm de alguns
exemplos.[33-35]
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como luminforos de ultravioleta de vcuo
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Tabela 3. Classificao dos fenmenos de luminescncia segundo o tipo de excitao
Nome Tipo de excitao Exemplo Fotoluminescncia Ftons
(UV, Vis, NIR) Quinino, rubi,
rodamina, fluorescena.
Quimiluminescncia Energia proveniente de reaes qumicas
Reao entre luminol e H2O2.
Bioluminescncia Quimiluminescncia em sistemas biolgicos
Vagalumes, animais marinhos abissais.
Cristaloluminescncia Quimiluminescncia envolvendo a formao de cristais
As2O3.
Eletroluminescncia Diferena de potencial eltrico Relmpagos, displays eletrnicos.
Catodoluminescncia Feixe de eltrons Tubos de raios catdicos.
Termoluminescncia Luminescncia estimulada pela temperatura (envolve outra forma de excitao)
Clorofana (variedade de fluorita, CaF2)
Triboluminescncia Energia mecnica, atrito Acar, tartarato de sdio.
Fractoluminescncia Energia mecnica, fraturas Gelo.
Piezoluminescncia Energia mecnica, presso KBr, KCl.
Roentgenluminescncia ou Radioluminescncia
Radiao ionizante (raios-X, raios-, radiao-)
Ba[Pt(CN)4], cintiladores
Ionoluminescncia Feixe de ons ou partculas- Aurora boreal
Sonoluminescncia Ondas sonoras, levando imploso de bolhas em um lquido
gua sob ao de ultrassom de elevada
potncia
Embora haja diversos exemplos de processos de luminescncia que ocorrem na
natureza, talvez seja com a fotoluminescncia que o ser humano esteja mais habituado,
dados os inmeros dispositivos cotidianos que fazem uso desse fenmeno. A
fotoluminescncia caracterizada por uma excitao por ftons de energia mdia ou
baixa, na faixa do ultravioleta, do visvel ou mesmo do infravermelho prximo. Alguns
dos exemplos mais frequentes so os interruptores de luz e os ponteiros de relgio que
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apresentam luminescncia persistente, os luminforos presentes em lmpadas
fluorescentes, alm de substncias muito conhecidas como o quinino, a fluorescena, a
rodamina etc. Outros tipos comuns de luminescncia so a radioluminescncia
(excitao por raios-X ou raios-), a eletroluminescncia (excitao causada por
diferena de potencial), a catodoluminescncia (excitao por um feixe de eltrons), a
triboluminescncia (excitao resultante de foras mecnicas de atrito em cristais) a
quimiluminescncia (excitao resultante da energia liberada por reaes qumicas),
entre outros.[33,34]
Em termos mais fundamentais, os processos de luminescncia so classificados
com relao natureza das transies eletrnicas envolvidas em cada caso. Os
requisitos necessrios para ocorrncia de uma transio entre dois estados so
resumidos pelas chamadas regras de seleo, que advm da condio de que a integral
dij* (tambm escrita como ij || ),
(1)
definida para todas as coordenadas do sistema, no seja nula. Nesse caso, a transio
ser permitida e a integral anterior representar o momento de transio, sendo que i e
j denotam as funes de onda dos estados inicial e final (em que * simboliza o
conjugado complexo) e representa o operador de momento de transio. Se o valor da
integral anterior zero, diz-se que a transio proibida, no sentido de que