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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Hyptis pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS SOBRE OS Streptococcus mutans Aracaju/SE 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPEPRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA

PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIALANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Hyptis

pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS SOBRE OSStreptococcus mutans

Aracaju/SE2005

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PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIALANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Hyptis

pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS SOBRE OSStreptococcus mutans

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-graduação em Medicina da UniversidadeFederal de Sergipe, para obtenção do grau deMestre em Ciências da Saúde.

Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Trindade

Aracaju/SE2005

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PAULA FRASSINETTI COELHO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO in vitro DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO ÓLEOESSENCIAL DE Hyptis pectinata (L.) Poit. E DE COLUTÓRIOS

SOBRE OS Streptococcus mutans

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-graduação em Medicina da UniversidadeFederal de Sergipe, para obtenção do grau deMestre em Ciências da Saúde.

Data da aprovação: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia Trindade

________________________________________________________1ª Examinadora: Profª. Drª. Celuta Sales Alviano

________________________________________________________2° Examinador: Prof. Dr. Ângelo Roberto Antoniolli

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À irreverência

sempre viva de

Newman Sucupira

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Agradeço...

Ao tempo... tempo... tempo....Ao tempo que não pára e, no entanto, nunca envelhece.

Àquela infância simples,dos sonhos simples.

Às dificuldadesde cada dia.

Aos amigosque apostaram em mim,

ou não!

Aos muitos outros que adquiridurante toda essa minha trajetória.

Aos companheiros, aos cúmplices, inclusiveàqueles que além de amigos ou amigas, são

irmãos, irmãs, tios, tias, cunhados, cunhadas e agregados.

Aos que contribuíram sem até se aperceber dissopositiva ou “negativamente” (lições de aprendizado).

Aos mestres. Estes sim! Culpados por tudo isso (rsrs).Catedráticos ou não!

Obrigada a todos!

Aos nomináveis:Pereira, Aguiar, Cruz, Moraes, Maciel, Tirado, Azevedo, Silveira, Hermínia, Souza, Santos,Resende, Novais, Barbosa, Lemos, Piva, Almeida, Moura, Melo, Garcia, de Jesus, Oliveira

Obrigada!manda um alô pra mim aê!

Às Marias, aos Josés, Joões, inclusive aos ninguém.Especialmente à Maria Mãe. Obrigada Heroína!

E ao Paulo Pai. Obrigada por tudo!

Aos que ficaram e aos que se foram,aos achados, aos perdidos, conquistados e construídos.

ao meu maior achado, Santana Krupka,... com “K”.Saudades!

Aos meus queridos e lindos!Thiago, Carol, Felipe, Alinne e Marcela pelas alegrias e magia.

Ao meu irmão e amigo maior: DEUS

Obrigada! Obrigada! Obrigada!Hoje, sou um pouco de todos vocês.

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Descobri como é bom chegar

quando se tem paciência. E para se chegar,

aprendi que não é preciso dominar a ansiedade

ou o tempo, mas a perseverança. Aqueles que

chegam e colaboram com o tempo

podem vangloriar-se de

uma longa série de

sucessos.

Josenilton Santos Bonfim

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RESUMO

A odontologia moderna enfatiza a importância do controle do biofilme dental para melhorar a

saúde oral. O uso na terapêutica odontológica de colutórios tem um papel crucial na redução

do biofilme. A eficácia destas substâncias foi extensivamente avaliada em vários estudos. A

pesquisa farmacológica de plantas medicinais é necessária diante de sua capacidade

terapêutica e da sua larga utilização. Óleos essenciais e extratos de plantas há muito tempo

têm sido base para diversas aplicações na medicina popular, entre elas como antimicrobianos

e anti-sépticos tópicos. Existem vários métodos descritos na literatura para mensurar a

atividade antimicrobiana dos óleos essenciais. Entretanto, a ausência de métodos

padronizados, faz com que a comparação entre os estudos seja praticamente impossível, além

de incapacitar sua reprodutibilidade. O presente trabalho pesquisou in vitro a eficácia do óleo

essencial Hyptis pectinata frente ao Streptococcus mutans. Este apresenta atividade

antimicrobiana equivalente à clorexidina, o que demonstra o uso deste óleo como alternativa

promissora nos regimentos de saúde oral. Validando as propriedades antimicrobianas do óleo

essencial de Hyptis pectinata, desenvolveu-se um experimento utilizando a técnica de difusão

em disco, com algumas variações nos diluentes do óleo, dos quais, o Tween 20 e o Tween 80

são os mais indicados para a emulsificação do óleo de Hyptis pectinata. Os dados obtidos

ressaltam um considerável interesse pelo desenvolvimento de métodos confiáveis para

avaliação e comparação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais.

Palavras-Chave: óleo essencial; atividade antimicrobiana; biofilme dental; bochecho;

Streptococcus mutans.

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ABSTRACT

The modern dentistry emphasizes the importance of the control of the dental biofilm to

improve the oral health. The use in the odontologic therapeutics rinses has a crucial paper in

the reduction of the biofilm. The effectiveness of these substances was appraised extensively

in several studies. The pharmacologic research of medicinal plants is necessary due to its

therapeutic capacity and use. Essential oils and extracts of plants have been used for several

applications in the popular medicine, among them as antimicrobial and antiseptic topics.

There are several methods described inside the literature for size the antimicrobial activity of

the essential oils. However the measure of this activity is hindered by the absence of

standardized methods, what dificults the comparison among the studies. Besides, disables its

reproduction. The present work researched in vitro the susceptibility of Streptococcus mutans

to the Hyptis pectinata essential oil. It presents antimicrobial activity equivalent to the

chlorhexidine, what demonstrates the use of this oil as promising alternative in the regiments

of oral health. Validating the antimicrobial properties of the Hyptis pectinata essential oil, an

experiment was developed using the diffusion technique in disk with some variations in the

diluents of the oil, among them Tween 20 and Tween 80 are the most suitable for the

emulsification of the Hyptis pectinata oil. The obtained data emphasize a considerable interest

for the development of reliable methods for evaluation and comparison of the activity

antimicrobial of essential oils.

Key Words: essential oil; antimicrobial activity; dental biofilm; mouthwash;Streptococcus mutans.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADA – American Dental Association

ATCC – American Type Collection Culture

CBM – Concentração Bactericida Mínima

CDT – Council on Dental Therapeutics

CG/EM – Cromatografia Gasosa/Espectrômetro de Massa

CIM – Concentração Inibitória Mínima

DMSO – Dimetil sulfóxido

FDA – Food and Drug Administration

IRR – Índice de Retenção Relativa

ISO – International Standard Organization

MRS – Methicillin-Resistant Staphylococci

MSS – Methicillin-Susceptible Staphylococci

NCCLS – National Committee for Clinical Laboratory Standard

OMS – Organização Mundial da Saúde

S. mutans – Streptococcus mutans

TR – Tempo de Retenção

TTO – Tea Tree Oil

UFC – Unidade Formadora de Colônia

UFS – Universidade Federal de Sergipe

UI – Unidade Internacional

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 (Capítulo II) – Critérios para participação de voluntários...............................82

QUADRO 2 (Capítulo II) – Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio.........86

QUADRO 1 (Capítulo III) - Critérios para participação de voluntários...............................96

QUADRO 2 (Capítulo III) - Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio........100

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 (Capítulo II) – Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis

pectinata...................................................................................85

TABELA 2 (Capítulo II) - Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo

hidrolato e o óleo essencial de Hyptis pectinata em variadas

concentrações, utilizando-se o método de difusão em

disco.........................................................................................88

TABELA 3 (Capítulo II) -– Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans

produzidos em diferentes concentrações do óleo essencial de

Hyptis pectinata e a clorexidina (controle positivo) pelo método

de difusão em disco..................................................................89

TABELA 1 (Capítulo III) – Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis

pectinata...................................................................................99

TABELA 2 (Capítulo III) - Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo

óleo essencial de Hyptis pectinata suspenso em diluentes

diversos (DMSO, Tween 20 e 80 e Propileno glicol) através do

método de difusão em disco....................................................102

TABELA 3 (Capítulo III) - Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans

produzidos pelo óleo essencial Hyptis pectinata suspenso em

diversos diluentes (Tween 80, Tween 20, DMSO e Propileno

glicol) através do método em disco.........................................103

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. 6

ABSTRACT ......................................................................................................................... 7

LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................. 8

LISTA DE QUADROS ........................................................................................................ 9

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 10

SUMÁRIO.......................................................................................................................... 11

CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 12

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 14

2. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................... 18

2.1 CENÁRIO DA DOENÇA CÁRIE: DOMÍNIO MICROBIOLÓGICO. ................ 18

2.2 COLUTÓRIOS DE USO ODONTOLÓGICO........................................................ 25

2.2.1 Clorexidina ........................................................................................................ 26

2.2.2 Listerine ............................................................................................................. 30

2.3 ASPECTO SÓCIO–ECONÔMICO DOS FITOTERÁPICOS............................... 34

2.3.1-Hyptis pectinata (L.) POIT.: Matéria Prima Vegetal. ...................................... 40

2.4 ÓLEOS ESSENCIAIS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA................................. 42

2.5 ÓLEOS ESSENCIAIS NOS REGIMENTOS DE SAÚDE ORAL. ........................ 56

3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 64

4. REFERÊNCIAS............................................................................................................. 66

CAPÍTULO II .................................................................................................................... 77

CAPÍTULO III .................................................................................................................. 92

CAPÍTULO IV................................................................................................................. 106

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 121

APÊNDICE 1 ................................................................................................................... 124

APÊNDICE 2 ................................................................................................................... 125

ANEXO ............................................................................................................................ 129

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CAPÍTULO I

Alternativa Terapêutica no Processo Saúde Doença.

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INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

A saúde é direito humano básico, sendo a saúde bucal essencial para a conservação

da saúde geral do indivíduo, e, não podem ser compreendidas dissociadas, bem como de

outros problemas sócio-econômico-culturais que o acometem, definindo sua relação com o

meio ambiente. As patologias bucais, geralmente, não se apresentando como ameaças à vida,

constituem um grande problema de saúde pública por sua alta prevalência, e, também, por sua

importância em termos de dor, desconforto e limitações funcionais e/ou sociais que afetam a

qualidade de vida. Dentro deste aspecto, é válido lembrar que o papel da odontologia

preventiva é essencial como instrumento para proporcionar melhores níveis de saúde bucal à

população, não apenas levando assistência para resolvermos problemas já instalados, mas para

prevenir o aparecimento de alterações patológicas nas estruturas bucais. A promoção de saúde

envolve atividades gerais do profissional e do paciente, bem como ações específicas de cada

um, tanto em nível de manutenção da saúde, como de diagnóstico precoce de qualquer desvio

para seu controle em fase de maior facilidade e segurança.

O controle do biofilme dental, que consiste na colonização e no crescimento de

microrganismos nas superfícies dos dentes e nos tecidos orais, é assunto de bastante interesse

para a odontologia preventiva, por ser este, o agente etiológico preponderante no surgimento

da cárie dentária e da doença periodontal. Portanto, a saúde bucal depende em grande parte do

controle da formação e desenvolvimento do biofilme bacteriano através da higienização e

utilização de um arsenal de produtos, tais como: dentifrícios, anti-sépticos orais, fio dental,

uma boa escova, que nem sempre são disponíveis à grande parte da população.

A cárie dentária é uma doença de índices elevados na população, constituindo,

portanto, uma pandemia. Sendo de natureza multifatorial, está na dependência da interação de

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15Introdução

vários fatores: microrganismo, hospedeiro, substrato e o tempo. Segundo Newbrun (1988), o

principal microrganismo envolvido no processo é o Streptococcus mutans pela sua capacidade

de metabolizar carboidratos, produzindo ácidos que formam a cavitação dentária da doença.

Associado ao papel precípuo da odontologia, a tecnologia farmacêutica é uma

forte e poderosa aliada no combate às patologias bucais, com todo um aparato de insumos e

medicamentos tais como: creme dental e colutórios bucais. O desenvolvimento de pesquisas

científicas tem contemplado a utilização de plantas medicinais de forma racional, aliando

menores custos, maior eficácia terapêutica e menores efeitos colaterais. O estudo das espécies,

utilizadas há muito pelas comunidades, se dá por meio de equipes multidisciplinares

propiciando um modelo de medicina a ser seguido que permita assegurar o uso dessas plantas

nos serviços de saúde. Necessário se faz, no entanto, garantir a qualidade dos fitoterápicos,

iniciando-se com a caracterização da matéria-prima vegetal, que inclui identificação botânica

e farmacognóstica, determinação das propriedades físico-químicas e biológicas, quantificação

da(s) substância(s) marcadora(s) e toxicidade. Assim, a padronização torna-se imprescindível

para a produção racional de medicamentos oriundos de plantas medicinais, visando

reprodutibilidade dos métodos utilizados, garantindo desta forma, a qualidade do produto

final.

Neste sentido, dois fatores favorecem as pesquisas voltadas para a área

etnofarmacológica no Brasil: a enorme biodiversidade da flora medicinal e a diversidade

etnocultural. As práticas de cura foram incorporadas e assimiladas através dos conhecimentos

transmitidos pelos inúmeros povos que habitaram o Brasil. Isso contribuiu para a formação de

uma medicina popular bastante rica e original. Dessa forma, a utilização de plantas como

medicinais faz parte da cultura do povo, interage com o conhecimento popular, e é passado de

geração em geração sob diversas formas. Investimentos nessa área poderão contribuir com o

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16Introdução

banco de dados genéticos, com a descoberta de novos princípios ativos e novos medicamentos

à base de plantas medicinais.

O material vegetal deste estudo é constituído pelas partes aéreas da Hyptis

pectinata (L.) Poit. pertencente à família Lamiaceae, comumente encontrada na região da

caatinga sendo popularmente conhecida por sambacaitá, de uso difundido por via oral e/ou

uso como anti-séptico tópico, em bochechos, banhos aromáticos, contra febre, diaforético

estomacal, infecções bacterianas, dor e até mesmo câncer; apresentando comprovadas

atividades antimicrobianas, analgésicas e antiinflamatórias (PEREDA-MIRANDA et al.,

1993; BISPO et al., 2001; FRAGOSO-SERRANO; GIBBONS; PEREDA-MIRANDA,

2005).

Este trabalho avaliou a atividade antibacteriana do óleo essencial da Hyptis

pectinata frente ao Streptococcus mutans. Trata-se de um estudo pioneiro e vem se somar a

outros estudos microbiológicos e farmacológicos já realizados na Universidade Federal de

Sergipe. Além disso, à luz da importância da ciência, poderá contribuir para enriquecer outras

pesquisas. Espera-se que a partir dele haja um maior aprofundamento na compreensão e

interpretação dos procedimentos da medicina popular, de forma a promover avanços na área

da etnobotânica, antropologia, química, farmacologia, sociologia, microbiologia, fitoterapia,

odontologia e medicina. No contexto operacional, os resultados desta pesquisa poderão ser de

grande valor para melhoria da qualidade de saúde da população.

A dissertação está estruturada por capítulos, sendo o primeiro representado pela

parte introdutória, e, a seguir, cada objetivo específico gerou os capítulos seguintes.

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REVISÃO DA LITERATURA

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18

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CENÁRIO DA DOENÇA CÁRIE: DOMÍNIO MICROBIOLÓGICO.

A preocupação do homem na busca de meios eficientes para prevenção e cura de

suas enfermidades vem desde as remotas épocas em que curandeiros utilizavam ervas

medicinais e rituais místicos para tratamento dos diversos males que acometiam sua cavidade

bucal. Esse interesse pela prevenção evoluiu consideravelmente a partir da real percepção de

que ao mastigar alimentos, resíduos ficavam em várias regiões da cavidade bucal,

principalmente entre os dentes. Várias civilizações contribuíram para o desenvolvimento das

técnicas de remoção desses resíduos alimentares, com a conseqüente redução da formação do

biofilme bacteriano.

Council on Dental Therapeutics (1986) conceituou biofilme bacteriano como uma

entidade altamente variável que resulta da colonização e do crescimento de microrganismos

nas superfícies dos dentes e nos tecidos orais moles, consistindo de um número de espécies e

cepas microbianas embutidas em uma matriz extracelular. Clinicamente, o biofilme é

encontrado como supragengival e subgengival, assim como nas superfícies orais que incluem

as restaurações e dispositivos orais.

Uma variedade de superfícies, incluindo o corpo humano, é colonizada por

microrganismos que ocorrem na forma de película chamada biofilme. Esse biofilme é

formado como uma resultante da interação interbacteriana e co-agregação de uma variedade

de microrganismos. A placa dental é um filme bacteriano aderente. Na formação da placa são

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19Revisão da Literatura

aderidos microrganismos pioneiros que proliferam e formam colônias. No estágio final

envolve a agregação de organismos filamentosos e espiroquetas em um biofilme coesivo. A

placa dental é, talvez, o biofilme melhor estudado e serve como um modelo para estudo de

outro biofilme (BERNIMOULIN, 2003).

Foi descrito no processo de colonização do biofilme que os primeiros

microrganismos a se agregarem são os cocos Gram-positivos, especialmente os Streptococcus

mutans e sanguis, fusobactérias, espirilos e espiroquetas. A colonização ocorre nas primeiras

oito horas de forma rápida e seletiva à película adquirida (NEWBRUM, 1988). A composição

do biofilme varia de acordo com a idade e a dieta, mas geralmente é composta por cerca de

80% de água e 20% de sólidos, dentre estas, bactérias e polímeros extracelulares secretados

pelos organismos e aqueles derivados do meio ambiente (GENCO, 1996; SREENIVASAN;

GAFFAR, 2002).

As doenças cárie e periodontal são as afecções bucais de maior prevalência e

incidência na população mundial, constituindo os dois maiores problemas de saúde pública na

odontologia. Na verdade não constitui uma afecção apenas, mas um grupo de problemas ou

doenças que ganham importância cada vez maior. Sendo assim, responsáveis pela maioria das

dores e perdas dentais, que têm por principal causa o biofilme bacteriano devido às más

condições de higienização (MOREIRA; HAHN, 1994; QUELUZ, 1995; BERNIMOULIN,

2003).

Thylstrup e Fejerskov (2001) afirmaram que as superfícies da cavidade oral são

constantemente colonizadas por microrganismos, os quais constituem uma microbiota muito

complexa que, por si só, não resulta em doença, pois eles existem em equilíbrio com o

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20Revisão da Literatura

hospedeiro. Em seguida a uma limpeza completa dos dentes, o biofilme supragengival se

acumula ao longo da margem gengival dos dentes em dois dias e nesse ponto ele começa a

aumentar em espessura até um máximo de sete dias. Levantamentos epidemiológicos,

associados ao papel etiológico estabelecido a partir de investigação clínica, resultaram na

suposição de que o controle mecânico do biofilme poderia prevenir a cárie, a gengivite e,

portanto, a doença periodontal.

A associação de Streptococcus mutans com lesões de cárie dental foi

primeiramente reportada por Clarke (1924 apud GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973) que

isolou o microrganismo, geralmente de culturas puras, do fundo de lesões cariosas. Este

microrganismo tem sido foco de vários estudos desde que foi descoberto o seu potencial de

indução de cárie, demonstrada em modelos animais.

Sabe-se que a cárie é uma doença dentária infecciosa crônica, dependente da

virulência e do tempo de permanência do biofilme, bem como da resistência, dos hábitos

alimentares e de higiene do hospedeiro. O principal microrganismo envolvido no processo é o

Streptococcus mutans pela sua capacidade de metabolizar carboidratos e produzir ácidos,

além de polímeros intracelulares (que são utilizados como reserva de carboidratos) e

extracelulares (fazendo com que as bactérias fiquem aderidas umas às outras e ao dente). A

dieta alimentar rica em carboidratos (oligossacarídeos, em especial a sacarose) é fator

fundamental para a manutenção do Streptococcus mutans em grandes proporções na boca,

sendo importante também, a freqüência com que estes carboidratos são ingeridos. No entanto,

a capacidade tampão da saliva do indivíduo reduz o risco à cárie, promovendo a neutralização

dos ácidos e inibindo a formação e cavitação dentária da doença (NEWBRUN, 1988).

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21Revisão da Literatura

Maltz (1996) e Hofling et al. (1999) estabeleceram que os Streptococcus mutans

constituem um grupo heterogêneo de bactérias altamente cariogênicas pelas seguintes

características: capacidade de colonizar o dente, produzir polissacarídeo extracelular a partir

da sacarose, ser altamente acidogênico e acidúrico e metabolizar glicoproteínas salivares. O

efeito local do alimento na cavidade bucal é o fator mais importante na etiologia e

patogenicidade da doença cárie. Takahashi; Yamada (1999) relataram que a dieta influencia o

tipo e a quantidade de biofilme bacteriano, a composição de microrganismos, a qualidade e

quantidade de secreção salivar e a produção de ácidos. A cárie se inicia pela desmineralização

da superfície dentária devido à produção de ácido pelas bactérias do biofilme dental.

Muitos estudos têm sido efetuados com a intenção de descobrir a maneira mais

eficiente para controlar o biofilme bacteriano, fator primordial na prevenção, e deve ser

considerada a base da promoção da saúde bucal. No entanto, apesar dos esforços dos

pesquisadores nessa busca, a limpeza mecânica através da escovação dentária, continua sendo

o método mais eficiente e universalmente aceito (LINDHE, 1983).

Weyne (1996) descreveu a cárie como uma doença infecto-contagiosa,

multifatorial, sacarose dependente de fundo comportamental que exige tratamento específico

sobre fatores etiológicos para sua prevenção e cura. Métodos convencionais de combate à

cárie baseados apenas nos procedimentos curativos mostram-se ao mesmo tempo ineficientes

e clinicamente irrealistas.

Vários fatores podem interferir na acidogenicidade e cariogenicidade do biofilme,

como a dieta, capacidade de higienização do paciente, o uso da água, dentifrícios e outros

produtos que possuem flúor. A cárie trata-se de condição patológica na qual o hospedeiro

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22Revisão da Literatura

susceptível, em um ambiente de desequilíbrio da microbiota, é agredido pela ação de ácidos

orgânicos, particularmente o ácido lático, produzido principalmente por Streptococcus

mutans, segundo Jardim P. e Jardim Junior (1998).

Barbosa; Medeiros (1999) e Pilloni; Paoletti; Perdona (1999) concluíram que o

índice de cárie aumenta paralelamente com a concentração, na saliva, de microrganismos

cariogênicos e que, a sua contagem é importante para o diagnóstico de risco desta doença. O

teste de saliva, para diagnóstico do risco de cárie, tem como objetivo identificar os indivíduos

que precisam de medidas específicas para reduzir a velocidade de progressão da cárie, bem

como verificar se o ambiente bucal é propício à formação de lesões de cárie, determinando o

real risco da doença de um paciente. Complementando, para Toi; Cleaton-Jones; Daya, (1999)

enquanto os Streptococcus mutans estiverem associados fortemente com cárie dental, seus

níveis salivares são uma ótima indicação do risco de cárie.

Bratthall (1980) definiu pacientes de risco à cárie como sendo os expostos a uma

maior oportunidade e/ou possibilidade de injúrias. Representados pelos que tenham alta

freqüência de ingestão de sacarose, que apresentam um reduzido fluxo salivar e também baixa

capacidade tampão da saliva e/ou aqueles com altas contagens de Streptoccocus mutans.

A presença de altos números de Streptococcus mutans no biofilme e na saliva (>

106 UFC/mL) é um índice confiável para apontar pessoas de alto risco de cárie. A

possibilidade de aparecimento de lesões cariosas aumenta em proporção direta com o grau de

presença dessas bactérias no ambiente bucal, constatado por métodos de contagem

(LORENZO J.; LORENZO A., 2002; YANO et al., 2002).

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23Revisão da Literatura

Nos pacientes de alto risco, a escovação com dentifrícios fluoretados deve estar

associada à utilização de substâncias antimicrobianas capazes de atuar no meio bucal, no

processo de desmineralização – remineralização, como um meio preventivo seguro e de baixo

custo. A eficácia da escovação depende do risco à cárie do paciente e não age isoladamente

como um método eficaz na prevenção de cáries, e doenças periodontais (TINOCO E.,

TINOCO N., 2000).

A colonização da cavidade bucal pelos Streptococcus mutans geralmente ocorre

durante a infância, sendo transmitida de acordo com o nível de infecção da mãe, detectados na

cavidade bucal a partir da erupção dos dentes decíduos, fato relatado por Torres et al. (1999);

Castro et al. (2000).

Mattos-Granner et al. (1998) relacionaram em sua pesquisa a presença de cárie

dental e o quantitativo de Streptococcus mutans na saliva, encontrando uma alta prevalência

de Streptococcus mutans em crianças de 12 a 31 meses de idade na amostra estudada.

Sugeriram que os níveis salivares desses microrganismos são dependentes do número de

dentes irrompidos na cavidade bucal, além de estarem positivamente associados à freqüência

e severidade da cárie dental.

Entretanto, estudos sobre a etiologia dos Streptococcus mutans em cáries dentais

são difíceis de serem realizados devido à falta de técnicas convincentes e confiáveis para o

reconhecimento e contagem dos microrganismos do biofilme dental humano. Um método

largamente utilizado envolve a cultura de amostras de biofilme dental em ágar Mitis-

salivarius que é seletivo para o gênero Streptococcus. Neste meio é possível diferenciar o

Streptococcus mutans de outras espécies baseado na sua morfologia colonial, este

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24Revisão da Literatura

procedimento, no entanto, pode ser tedioso quando um grande número de amostras está

envolvido. Com objetivo de desenvolver um meio seletivo para isolamento de Streptococcus

mutans do biofilme de humanos, foi utilizado o ágar Mitis-salivarius modificado pela adição

de 0.2 unidades/mL de bacitracina e 20% de sacarose. Nestas concentrações, os agentes

seletivos permitem o crescimento do Streptococcus mutans com inibição máxima da flora

estreptocócica normal encontrada neste meio (GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973).

Whiley e Beighton (1998) desenvolveram uma classificação atualizada para

estreptococos orais. As mudanças que surgiram na classificação, identificação e nomenclatura

dos membros das espécies foram revisadas frente a um plano histórico de gradual melhora das

técnicas, levando a uma classificação natural baseada na evidência genotípica. O esquema de

identificação corrente, empregando testes bioquímicos foi também revisado, juntamente com

alternativa aproximação molecular. Dentro do gênero Streptococcus, os estreptococos orais

são as espécies que predominam na cavidade oral e nas vias respiratórias superiores de

humanos, podendo causar infecções oportunistas em pacientes imunocomprometidos. Os

Streptococcus do grupo mutans são cocos Gram-positivos, imóveis, catalase-negativos, que

formam cadeias curtas ou médias. Em ágar Mitis-salivarius crescem como colônias convexas,

opacas, com aparência de vidro esmerilhado. No ágar-sangue produzem hemólise tipo alfa

(viridante) ou ausência de hemólise. Quando cultivados em presença de sacarose, apresentam

cápsula de glicano e levano e produzem polissacarídeos extracelulares insolúveis. Fermentam

o manitol e o sorbitol e não são exigentes para seu crescimento como os demais

Streptococcus. Desenvolvem bem em pH ácido, em torno de 4,3.

Os Streptococcus do grupo mutans são pandêmicos, sendo isolados de populações

de diversas origens étnicas e sócio-econômicas. São encontrados em grande número no

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25Revisão da Literatura

biofilme isolado de populações cárie-ativas e mais freqüentemente de biofilme de lesões

cariosas do que de biofilme que recobrem superfícies dentárias sadias. Existe uma relação

entre o nível de infecção por Streptococcus do grupo mutans e o risco de cárie em fissuras e

nas superfícies interdentais. Na cavidade bucal humana, predominam as espécies

Streptococcus mutans (presentes em 90% das bocas) e Streptococcus. sobrinus (7 a 35% das

bocas). A concentração do grupo Streptococcus mutans na saliva humana tem uma variação

que vai desde não detectável até 107 UFC/mL, com concentração média de 105 UFC/mL de

saliva (BERNIMOULIN, 2003).

2.2 COLUTÓRIOS DE USO ODONTOLÓGICO.

Os colutórios bucais são definidos como produtos para uso tópico na cavidade

bucal, destinados a funcionar como cosméticos e terapêuticos. Eles podem ser classificados

em dois grandes grupos: com fluoretos e com antimicrobianos. Os antimicrobianos à base de

clorexidina, óleos essenciais e cloreto de cetilpiridínio são facilmente encontrados no mercado

nacional e internacional, sendo considerados coadjuvantes importantes no tratamento dentário

(WU; SAVITT, 2002).

Os bochechos antimicrobianos reduzem o biofilme visível na superfície dos

dentes. A aplicação clínica dos bochechos pode ser dividida em duas categorias: preventiva e

terapêutica (FISCHMAN, 1994).

A relevância da eficácia dos produtos antibiofilme para a manutenção da saúde

bucal justifica a necessidade de realização de novos experimentos. Pitten e Kramer (1999)

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26Revisão da Literatura

avaliaram diversas soluções de bochechos contra as bactérias da cavidade oral de dez

indivíduos através de um modelo uniforme que permitiu uma comparação direta de diferentes

produtos. Os resultados obtidos classificaram as soluções de acordo com suas propriedades:

eficácia contra os patógenos do biofilme; substantividade, ou seja, que possua um efeito

residual; ação preventiva ou curativa de doenças; forma de uso segura; não provocar efeitos

colaterais locais ou sistêmicos importantes e sabor agradável.

Segundo Bernimoulin (2003), muitos produtos do biofilme bacteriano reagem com

o tecido subepitelial, causando a inflamação responsável por um aumento da vascularidade e

diapedese dos leucócitos. Um anti-séptico oral efetivo deve atuar contra uma larga variedade

de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, incluindo Streptococci e Fusobacteria. Um

agente efetivo ideal deveria também penetrar no biofilme. Dados mostram que bochechos

com óleos essenciais e clorexidina têm o mais amplo efeito antimicrobiano contra as bactérias

da cavidade oral.

2.2.1 Clorexidina

Dentre os antimicrobianos mais utilizados, destaca-se um detergente catiônico, do

tipo bisguanidina, disponível na forma de sais de gluconato ou acetato de clorexidina. Devido

a seu grande potencial antibiofilme, a clorexidina é a substância de eleição em procedimentos

de descontaminação bucal, sendo muito utilizada sob a forma de gel ou solução,

principalmente para pacientes que necessitam de uma forma adicional de controle de biofilme

microbiano, tais como pacientes de alto risco à cárie, com deficiências físicas e/ou mentais

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27Revisão da Literatura

impossibilitados de realização da escovação eficiente, com cárie rampante, com fluxo salivar

reduzido, nas doenças periodontais e após cirurgias orais (NAVARRO; CÔRTES, 1995).

O potencial da clorexidina como um agente útil em influir na atividade cariogênica

foi mencionado há quase 20 anos atrás por Emilson (1977 apud BOWDEN, 1996). Usada ao

longo da história por ser segura, possui utilidade em diversas áreas e uma variada aplicação. A

clorexidina também pode ser usada como irrigante subgengival, como enxaguatório para

controle de aerossóis, como anti-séptico e desinfetante de hospitais, em saúde pública na

purificação de água, como produtos de tratamento - incluindo formulações de tratamento,

funcionando como chave no controle e prevenção de infecções (SREENIVASAN; GAFFAR,

2002).

O advento das soluções para bochechos à base de clorexidina, que é considerado o

“padrão ouro” dos agentes antibiofilme, proporcionou um novo impulso nas pesquisas sobre a

prevenção de doenças. Além disso, um produto com clorexidina a 0,12%, Peridex – Procter

and Gamble Co., Cincinnati, OH., recebeu o Selo de Aceitação do Council on Dental

Therapeutics (CDT), sendo aceito como controle positivo, usando as Diretrizes American

Dental Association – ADA (ADAMS; ADDY, 1994).

De acordo com Reis e Novaes Júnior (1984), duas aplicações diárias de

clorexidina tópica a 2% ou sob a forma de bochecho a 0,2% são eficientes para controlar o

biofilme supragengival. A superfície dental condicionada com clorexidina rejeita a retenção e

crescimento bacteriano. Devido às suas propriedades catiônicas, a clorexidina liga-se a

hidroxiapatita do esmalte dentário, à película orgânica e às proteínas salivares, podendo ser

liberada quando a sua concentração no meio bucal diminui.

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28Revisão da Literatura

Quagliato (1991) concluiu que a clorexidina é uma das substâncias mais estudadas

na odontologia há três décadas e, por isso, uma das mais utilizadas entre os antimicrobianos.

Na cavidade oral ela age inibindo a formação e na retenção do biofilme com subseqüente

lenta liberação, atuando de forma bactericida e bacteriostática. Seu uso mais comum é na

forma de bochechos diários.

Silva (1994), afirmou que os efeitos colaterais, relativos ao manchamento dos

dentes e alterações da mucosa, não foram observados. Entretanto, perda do paladar, e gosto

metálico, foram observados por alguns minutos após a realização do bochecho com

clorexidina.

Bowden (1996) relacionou o Streptococcus mutans com a cárie, o valor dos testes

de quantificação para S. mutans no diagnóstico da atividade de cárie e o uso da clorexidina na

redução ou eliminação destes microrganismos. Uma avaliação do número de S. mutans no

biofilme e na saliva pode ajudar no diagnóstico da atividade de cárie. Em conjunto com este

conceito, o controle e prevenção de cárie têm sido buscados com intuito de reduzir o número

de colonização bacteriana no indivíduo. É possível conduzir análises clínicas e laboratoriais

de amostra de saliva e do biofilme para determinar a presença e número de S. mutans,

possibilitando um meio de controle e prevenção da doença. Testes para diagnóstico de cárie

que são baseados apenas na microbiologia são confundidos pela natureza multifatorial da

cárie. A contagem de microrganismos pode ser útil para estabelecer o padrão microbiológico

para dado paciente e ela é essencial para a monitoração no tratamento preventivo com uso de

antimicrobianos. Assim, também pode ser usada para estabelecer um padrão normal de

colonização para um paciente, e uma divergência desse padrão indicará mudança no status

oral, que pode ser incluído como um parâmetro no diagnóstico. A decisão de usar testes

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29Revisão da Literatura

microbiológicos para auxiliar o diagnóstico e o uso de clorexidina para reduzir ou eliminar

Sreptococcus mutans repousa sobre o profissional.

Jones (1997), revisando o uso da clorexidina na prática odontológica, a considerou

um dos agentes mais conhecidos e estudados. Sendo do grupo das bisguanidas, com amplo

espectro antibacteriano, atinge bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, fungos e alguns

vírus. É muito bem aceita pelos odontólogos e freqüentemente usada como controle positivo

em estudos que testam produtos alternativos para o controle do biofilme supragengival.

Uma das principais indicações da clorexidina é o controle químico do biofilme

dental, sendo utilizada nos pós-operatórios nos pacientes com dificuldades motoras e mentais,

com problemas sistêmicos que predisponham a infecções orais, pacientes com alto risco à

cárie, em uso de terapia ortodôntica, implantodontia e pacientes hospitalizados por um longo

período (ADDY; RENTON-HARPER, 1997).

Villalpando e Toledo (1997) observaram que a capacidade antibiofilme bacteriano

da clorexidina está relacionada com sua substantividade na cavidade bucal, formando

complexos reversíveis com macromoléculas presentes no epitélio da mucosa oral e nos

dentes. É ratificada por Vasconcelos (2001), que relatou acentuada capacidade de adsorção da

clorexidina aos dentes e às superfícies da mucosa oral, com posterior liberação na cavidade

oral em níveis terapêuticos no período de 24 horas.

Pesquisas epidemiológicas indicam um aumento no isolamento de linhagens

clínicas de bactérias resistentes aos antibióticos. Monitoramentos microbiológicos

examinaram a flora oral com relação à resistência segundo o uso prolongado de biocidas em

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30Revisão da Literatura

adição a susceptibilidade antibiótica de um grande número de linhagens clínicas de bactérias

orais comuns obtidas de indivíduos acompanhando o uso de formulações de clorexidina.

Demonstraram fornecer benefícios adicionais na redução da gengivite e do biofilme, sem

resultar em resistência microbiana ou alterar a flora oral levando a colonização por

microrganismos patogênicos ou oportunistas (SREENIVASAN; GAFFAR, 2002).

2.2.2 Listerine

O Listerine, anti-séptico bucal que segundo o fabricante Warner Lambert�, ajuda

a combater os germes que causam o mau hálito e previne a formação do biofilme dental, deve

ser usado como bochecho duas vezes ao dia, com 20 mL cada, após escovação ou quando

desejado. O Listerine é composto por timol (0.064%), eucaliptol (0.092%), salicilato de metila

(0.060%) e mentol (0.042%) em veículo de solução hidroalcoólica a 26.9%.

Análises clínicas de curto prazo, com durações entre sete e sessenta dias,

demonstraram que Listerine retarda a acumulação do biofilme dentário e reduz a gravidade da

gengivite quando usado como suplemento ou na ausência dos procedimentos normais de

higiene oral (KENNEDY; KRAVETS, 1970; GOMER et al., 1972; LUSK et al., 1974;

FORNELL; SUNDIN; LINDHE, 1975; MENAKER et al., 1979).

Estudos realizados sobre os efeitos do enxágüe bucal com Listerine contra mau

hálito (halitose) e sua ação anti-séptica frente às bactérias produtoras de compostos

responsáveis por esse odor, provaram sua eficácia na redução do nível desses microrganismos

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31Revisão da Literatura

e, conseqüentemente, no mau hálito (PITTS et al., 1983). Testes feitos por Lamster et al.

(1983) verificaram o efeito de Listerine na redução da extensão e gravidade do biofilme

supragengival e gengivite, quando usado como um adjunto a práticas orais usuais. Gordon,

Lamster e Seiger (1985) notaram também, que o uso do Listerine como complemento aos

procedimentos de higiene bucal ocasionava uma redução global na atividade tóxica do

biofilme, bem como, redução na massa do mesmo sem que houvesse a ocorrência de efeitos

adversos no tecido mole ou coloração extrínseca do dente. Através de ensaios comparativos

desenvolvidos por Axelsson e Lindhe (1987), a respeito de bochechos realizados com os anti-

sépticos Listerine e clorexidina, verificaram a eficiência dos mesmos na redução do biofilme

dental e gengivite, no entanto, somente os pacientes que fizeram uso da clorexidina

apresentaram ulcerações.

O uso de enxaguatórios com Listerine duas vezes ao dia por nove meses induziu

uma inibição de biofilme em 13,8%, quando comparado ao veículo controle, e de 19,5%

quando comparados com o controle água. O grupo que fez bochechos com Listerine, não

desenvolveu mais pigmentação dentária do que o grupo que fez bochechos com água. Por

último, o veículo contendo 26,9% de álcool não mostrou uma diferença significativa com a

água, confirmando que o álcool não é ativo na inibição de biofilme. A efetividade de Listerine

não é devida somente ao teor de álcool, e sim, aos seus ingredientes ativos (GORDON;

LAMSTER; SEIGER, 1985).

Alguns bochechos podem ter seus efeitos anti-sépticos reduzidos quando em

contato com proteínas, e sendo a saliva uma fonte rica em proteínas, acredita-se que esta pode

interferir na atividade dos colutórios. Nesse sentido, Ross, Charles e Dills (1989) estudaram a

ação das proteínas sobre o Listerine e determinaram a capacidade do mesmo em matar uma

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32Revisão da Literatura

ampla faixa de bactérias e a não inibição dele pela presença de proteínas. Nenhum

microrganismo resistente, oportunista ou patógenos orais prováveis emergem como resultado

do uso diário de longa duração de Listerine, sendo o primeiro enxaguatório sem prescrição a

receber o Selo de Aceitação do “Council on Dental Therapeutics” como seguro e efetivo no

auxílio da prevenção e redução de acúmulo de biofilme supragengival e gengivite quando

usado em um programa de higiene oral e tratamento profissional regular aplicado de forma

consciente.

A prevenção e/ou a redução do biofilme, determinada pelo Listerine, se deve a

uma potente atividade antimicrobiana que essa substância possui, uma vez que a mesma

promove alterações na superfície celular da bactéria e, assim, interfere na colonização inicial

da microbiota inativando o crescimento do biofilme (OVERHOLSER et al, 1990; KUBERT

et al, 1993; OLIVEIRA et al, 1998).

Sperança e Barbosa (1993) afirmaram que o Listerine é capaz de exercer atividade

inibitória sobre o Streptococcus mutans, sendo bacteriostático nos períodos de trinta segundos

a três minutos e bactericida após esse período.

Whitaker et al. (2000) sugeriram que há uma associação entre doença periodontal

avançada e condições sistêmicas, tais como doença da coronária. Investigaram se a exposição

dos patógenos orais ao Listerine afeta a agregação de plaquetas do indivíduo. Demonstraram

que o uso de colutórios contendo óleos essenciais tem uma variedade de efeitos, além e acima

de eliminação direta da bactéria, que podem ter relevância clínica.

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33Revisão da Literatura

O Listerine é o mais antigo produto de higiene oral do mercado. Seus ingredientes

ativos consistem numa combinação de óleos essenciais de plantas. Evidências clínicas da

segurança desse produto foram baseadas em mais de cem anos de uso e na baixa incidência de

queixas. Todos os óleos foram estudados individualmente e considerados seguros para o uso

tópico em mucosas da boca e garganta na forma de bochechos, gargarejos e sprays nas

concentrações de: 0.04 a 2.0% de mentol, 0.025 a 0.1% de eucalipitol, e acima de 0.4% de

metil salicilato. Estudos toxicológicos mostraram que quando os componentes que formam o

Listerine são combinados, produzem um composto seguro e sem efeito adverso de nenhum

componente em particular. Apesar de alguns relatos sobre uma sensação inicial de queimor e

gosto amargo, esses efeitos cessaram após alguns minutos do uso. Não houve lesão de mucosa

oral com o uso do produto. Não se detectou surgimento de microrganismos oportunistas ou

patógenos potenciais na flora de usuários de Listerine (WU; SAVITT, 2002).

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34Revisão da Literatura

2.3 ASPECTO SÓCIO–ECONÔMICO DOS FITOTERÁPICOS.

A Organização Mundial de Saúde – OMS estima que 80% das pessoas nos países

em desenvolvimento confiam na medicina tradicional para os cuidados primários de saúde e

que 85% desta medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas (FARNSWORTH;

SOEJARTO, 1985).

Definição sobre a fitoterapia, dada por Ferreira (1998), significa a expressão

genérica ao tratamento de doenças por meio de medicamentos originados exclusivamente de

material botânico integral ou de extratos. A Organização Mundial da Saúde define fitoterápico

como “qualquer produto medicinal acabado e rotulado que contenha como ingredientes

ativos, partes aéreas ou subterrâneas de plantas, ou outro material derivado de plantas, ou

combinações destes, quer em estado natural, quer como preparado de plantas” (OMS, 1991

apud ELDIM; DUNFORD, 2001).

Desde o início da civilização, o homem faz uso das plantas pela necessidade de

sobrevivência, levando-o à descoberta de possíveis aplicações terapêuticas de determinadas

espécies (MATOS, 1999). Entende-se por planta medicinal qualquer vegetal produtor de

drogas ou de substâncias bio-ativas utilizadas, direta ou indiretamente, como medicamento

(BRAGANÇA, 1996). Segundo Matos (1999), uma planta é considerada medicinal quando,

através da experimentação científica, tiver validado suas ações farmacológicas e, portanto,

possa ser usada na terapêutica ou como matéria-prima para a fabricação de medicamento

fitoterápico.

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35Revisão da Literatura

O Brasil possui a maior biodiversidade vegetal do mundo, em torno de 55.000

espécies de um total mundial estimado de 350.000 a 550.000, estando o nordeste entre as

regiões que apresentam uma grande diversidade de plantas, característica que quando somada

às particularidades sócio-econômicas da região se constituem em fatores responsáveis pela

tradição do uso de plantas medicinais. Apesar da riqueza da flora brasileira, com cerca de 55

mil espécies vegetais catalogadas, dentre as espécies, 10 mil podem ser medicinais,

aromáticas ou úteis (FERREIRA, 1998). Tem crescido gradualmente e de forma significativa

no Brasil nos últimos anos, o uso das plantas no meio urbano como alternativa e complemento

aos medicamentos no tratamento de algumas doenças, isso se deve, principalmente, às

terapias naturais, através do uso de compostos de plantas com finalidades farmacêuticas.

Além disso, a crise econômica, o alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil

acesso da população à assistência médica e farmacêutica e os efeitos colaterais causados pelos

fármacos sintéticos, são alguns dos fatores que têm contribuído para a utilização de tal recurso

através da medicina popular, mesmo em camadas sociais que até então não a empregavam

(SIMÕES, 2000).

Estima-se que 60% dos brasileiros recorrem às plantas medicinais, principalmente

por falta de recursos. O Brasil está em sétimo lugar no mercado mundial de produtos

farmacêuticos, entretanto, 60% dos remédios são consumidos por apenas 23% da população

(VAITSMAN, 1995). Nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde persistem os

grandes bolsões de pobreza, os fitoterápicos representam uma opção terapêutica ou

complementar ao tratamento convencional. Além disso, ampliam o número de benefícios de

programas de saúde, bem como diminuem os custos operacionais dos medicamentos

alopáticos. As análises experimentais são fundamentais, principalmente, porque muitas

plantas, embora venham sendo utilizadas comumente, podem provocar reações tóxicas ao

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36Revisão da Literatura

organismo, seja pelo seu uso incorreto quanto à denominação da planta ou pela dosagem

inadequada (BONFIM, 2001).

A relevância social das plantas medicinais foi abordada pela Organização Mundial

de Saúde – OMS, quando publicou uma resolução determinando a criação de um programa

mundial para avaliar as espécies vegetais utilizadas na medicina popular com a finalidade de

estimular sua utilização, conforme Bragança em 1996.

À luz da importância cultural e sócio-econômica das plantas utilizadas como

medicinais pelo povo e diante da necessidade do reconhecimento destas plantas pela ciência

ortodoxa, através da caracterização farmacológica e toxicológica, Bomfim em 2001, elucidou

o exposto através de pesquisa etnofarmacológica realizada na Universidade Federal de

Sergipe. A interação entre o conhecimento popular e o saber científico é altamente vantajosa,

pois contribui, preliminarmente, para: o resgate das informações populares a respeito do uso

das plantas; o cultivo das espécies estudadas e validadas cientificamente, implementação de

hortas comunitárias e de farmácias vivas locais colaborando para a preservação das espécies

nativas.

Numa esfera maior, a descoberta de plantas medicinais e o saber a elas associado

incluem diversos benefícios sociais, tais como: atividades econômicas ligadas ao plantio

(processamento e comercialização), melhores condições de assistência à saúde, benefícios

ambientais com a preservação dos ecossistemas, possibilidade da substituição de fármacos

importados, surgimento de novos modelos para a síntese de fármacos e de ferramentas

farmacológicas, conservação dos recursos genéticos como fonte potencial de fármacos para

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37Revisão da Literatura

doenças ainda desconhecidas e possibilidade de descoberta de novos compostos ativos contra

microrganismos resistentes (ELISABETSKY, 1997).

Serrano (1985) afirmou que vários medicamentos da medicina oficial tiveram suas

bases nas plantas popularmente conhecidas, corroborando com Farnsworth e Soejarto (1985)

relataram que 74% das 119 drogas desenvolvidas a partir de plantas tiveram como guia o uso

destas pela medicina popular.

A coleta dos espécimes vegetais deve levar em conta qual órgão ou parte da planta

adequada: raiz, caule, folha, casca, entrecasca ou a planta inteira. Deve-se considerar o estágio

de desenvolvimento, a época do ano e até mesmo a hora do dia ideal para a coleta. Alguns

cuidados devem ser tomados no sentido de se evitar coletar em plantações situadas próximas

de estradas, rodovias, lavouras que utilizam agrotóxicos e à margem de cursos d’água

contaminados com produtos químicos (MARTINS, 1998).

As propriedades farmacológicas que as ervas medicinais podem oferecer variam

de acordo com a natureza dos compostos químicos – princípios ativos – que as mesmas

apresentam, sendo assim, alguns aspectos devem ser respeitados durante a avaliação das

potencialidades terapêuticas das plantas consideradas como medicinais, partindo, por

exemplo, da seleção adequada do método de extração dos constituintes químicos (CRUZ,

2002). Esses compostos são classificados nos seguintes grupos: óleos essenciais, ácidos

orgânicos, alcalóides, flavonóides, glicosídeos cardioativos, glicosídeos cianogênicos, taninos,

mucilagens e pectinas, compostos fenólicos, antraquinonas, cumarinas, “bitters” ou

medicamentos amargos e saponinas (MARTINS, 1998; ELDIM; DUNFORD, 2001).

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38Revisão da Literatura

A combinação entre as informações populares sobre o uso das plantas medicinais e

os estudos farmacológicos e químicos, permitiu a descoberta de inúmeros fármacos usados

atualmente na clínica odontológica (BARREIRO, 1990). A eficiência de ervas medicinais,

tanto nos cremes como nos colutórios bucais para o tratamento do biofilme dentário, foi

investigada por Willershausen (1994), cujos resultados sugeriram que os ingredientes

herbáceos podem ser empregados como apoio à terapia das doenças periodontais e como

profilaxia de rotina. Desse modo, várias plantas de uso medicinal tiveram suas propriedades

antimicrobianas testadas e atualmente são empregadas como preventivo a algumas infecções,

a exemplo da amina, da camomila, da hortelã, da sálvia, do cravo-da-índia e do juá que se

constituem em alguns fitoterápicos de grande interesse no uso odontológico.

Silva (2001) relatou que na odontologia o uso de plantas medicinais não é tão

restrito e que plantas como romã, pitanga e girassol são utilizadas no serviço público e na

clínica privada há mais de dez anos. Esclareceu que a fitoterapia não é uma terapia

especificamente conduzida para as populações pobres, não sendo uma alternativa, mas uma

conduta clínica criteriosa pela qual o profissional opta por ser eficaz, por provocar efeitos

colaterais mínimos e por estar ao alcance de todos.

Swerts et al. (2002) expõem a atividade da própolis contra patógenos bucais,

principalmente sua ação antibacteriana in vitro contra as bactérias cariogênicas entre elas os

Streptococcus mutans. O potencial terapêutico da própolis varia de acordo com a ecoflora da

coleta, com gênero da abelha coletora e com a forma de preparo. A própolis nos estudos in

vitro foi eficaz na inibição de bactérias cariogênicas e patógenos periodontais.

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39Revisão da Literatura

Sato et al. (1998) e Takahashi et al. (2003) afirmaram que o uso da mastigação

lenta de goma de mascar com extrato de eucalipto mostrou reduzir o número de bactérias da

saliva, índice de biofilme e índice gengival. Sugeriram que a eficiência dos métodos de

higiene oral tradicional pode ser devida, em parte, aos componentes antimicrobianos extraídos

de plantas presentes nos produtos.

Carvalho (1999) e Cruz (2002) num levantamento etnofarmacológico no semi-

árido de Sergipe, citaram uma variedade de plantas utilizadas para diversos fins. Dentre as

quais, Cruz (2002) mencionou o potencial antimicrobiano de algumas delas, a exemplo da

cabaceira (Lagenaria vulgaris Ser.); da sacatinga (Croton argirophyloides Mull.), do juazeiro

(Ziziphus joazeiro Mart.), da quixabeira (Bumelia sartorum Mart.), do jatobá (Hymneaea

courbaril L.), da catingueira (Caesalpínia pyramidalis Tull.) e do sambacaitá (Hyptis

pectinata (L.) Poit.).

O estudo conduzido por Carvalho (1999), no povoado de Curituba (SE), a respeito

das plantas medicinais da caatinga, correlaciona aspectos sociais, culturais e farmacológicos

sobre a fitoterapia na região. Identificou 44 espécies como fitoterápicos classificados de

acordo com os critérios de atividade biológica. Uma das mais freqüentes utilizações

encontrada na comunidade foi o uso dermatológico como anti-séptico e cicatrizante, que

justifica pela própria característica da flora da caatinga, que apresenta adaptações, entre as

quais, a presença de espinhos. Quanto às formas de preparo, registraram-se dez técnicas:

infusão, decocção, alcoolaturas, xarope ou lambedor, garrafadas, compressas, banhos,

cataplasmas, tintura e ungüento, além do uso na dieta e bochechos. O sambacaitá foi uma das

plantas mais conhecidas e utilizadas, tendo indicação popular para os diversos tipos de

inflamação, sob a forma de chás e bochechos.

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40Revisão da Literatura

2.3.1-Hyptis pectinata (L.) POIT.: Matéria Prima Vegetal.

O gênero Hyptis pertencente à família Lamiaceae, possui mais de quarenta

espécies espalhadas pela América, oeste africano, oeste indiano, ilhas Fiji (Oceania) e

nordeste brasileiro (PIETSCHMANN et al., 1998). Hyptis pectinata (L). Poit. (Lamiaceae) é

uma espécie aromática, em Sergipe e Alagoas essa planta ocorre naturalmente de forma

selvagem em campos, matas e estradas e em volta de residências, conhecida popularmente

como sambacaitá ou canudinho sendo vastamente utilizada para problemas gastrintestinais. É

um arbusto perene com galhos eretos, e baixa densidade foliar (BISPO et al., 2001).

A utilização dessa planta limita-se ao uso popular, sendo comum sua presença em

hortas e jardins, porém o extrativismo é a forma usual de obtenção, o que na maioria das

vezes, tem acarretado em perdas mesmo antes de serem estudadas. O seu uso mais freqüente é

a ingestão na forma de chás (decocções ou infusões) e bochechos, sendo considerada um

antiinflamatório natural (CARVALHO, 1999).

A medicina popular usa a parte aérea da Hyptis pectinata para tratamento de

infecções no aparelho respiratório, congestão nasal e algumas manchas de pele. As principais

aplicações são como: bactericida, antimicótico e antiviral (MALAN et al., 1988). O extrato

aquoso da planta mostrou efeito antinociceptivo e antiedematogênico, com redução dos

sintomas em até 54% quando aplicado na dosagem de 400mg/kg, validando o uso popular da

espécie (BISPO et al., 2001).

Pereda-Miranda et al. (1993) mensuraram a atividade antimicrobiana da Hyptis

pectinata, a partir do extrato bruto e de seus componentes, através do teste de difusão em

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41Revisão da Literatura

ágar. Observaram que o pectinolide A, um componente encontrado em grande quantidade na

Hyptis pectinata, tinha a maior atividade antimicrobiana entre todos os outros componentes,

além de mostrar uma significante atividade contra bactérias Gram-positivas e uma grande

sensibilidade contra Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis.

Melo Júnior et al. (2000) selecionaram plantas, a partir de um estudo etnobotânico

e quimiossistemático, visando encontrar espécies com ação antimicrobiana sobre

microrganismo presente na alveolite. Verificaram que a Hyptis pectinata foi eficaz contra o

Enterococcus Grupo D e o Streptococcus viridans.

Bispo et al. (2001) realizaram o isolamento e identificação dos constituintes fixos

e voláteis da Hyptis pectinata, além da avaliação da atividade dos extratos aquosos e

metanólicos. A espécie estudada foi coletada na farmácia viva do Parque da Sementeira, em

Aracaju-SE, sendo transformada em extrato e óleo essencial. A partir do óleo essencial foi

possível identificar os componentes, num número de 33, tendo como principais o β-

cariofileno, o ∆-cadineno e o β-selineno. Demonstraram que o extrato aquoso da Hyptis

pectinata teve efeito antinociceptivo e antiedematogênico, com dose de até 5mg/kg não

apresentando ser letal, fato que sugere baixa toxidade do extrato.

A Universidade Federal de Sergipe através do Departamento de Engenharia

Agronômica vem aprofundando estudos na tentativa da domesticação dessa espécie, uma vez

que muito pouco se conhece de suas características agronômicas. O cultivo de plantas

medicinais é considerado uma das etapas que mais pode interferir na produção de um

fitoterápico, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo. Estudos sobre os

constituintes químicos e atividades farmacológicas do óleo essencial são necessários para a

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42Revisão da Literatura

seleção de genótipos, que agronomicamente demonstrem potencialidades que serão aliadas

aos conhecimentos fitoterápicos. Experimentos realizados por Silva-Mann et al. (2003),

avaliando o teor de óleo essencial, não demonstraram diferença significativa entre os vários

genótipos testados. Verificaram os constituintes químicos do óleo essencial extraído em

diferentes épocas de corte, visando à identificação de princípios ativos que possam sofrer

variações diante das diferentes épocas de colheita. Tais informações contribuíram para

avaliação diante das mudanças sazonais e para definição da melhor época de colheita.

Fragoso-Serrano, Gibbons e Pereda-Miranda (2005) avaliaram a atividade

antibacteriana da Hyptis pectinata contra Staphylococcus aureus comparando essa atividade

com medicamentos clínicos padrões. Correlacionaram poderosa propriedade contra cepas de

linhagens resistentes aos medicamentos tradicionalmente potentes.

2.4 ÓLEOS ESSENCIAIS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA.

Os óleos essenciais são metabólitos orgânicos de origem vegetal, com

características voláteis, refringentes, lipossolúveis, geralmente aromáticos, de odor

característico, composição heterogênea, extraídos de vegetais ou de parte deles por

arrastamento com vapor d’água. Podem estar presentes em um só órgão vegetal ou em toda a

planta, onde atuam atraindo insetos polinizadores, regulando a transpiração e intervindo como

hormônio na polinização (MARTINS, 1998). Tais produtos naturais são responsáveis por

grande movimentação econômica, sendo utilizados em diversos setores industriais: alimentos,

cosméticos e farmacêuticos (MANCINI; HANAI, 1991).

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43Revisão da Literatura

A ISO (International Standard Organization) definiu óleos voláteis como os

produtos obtidos de plantas através de destilação por arraste com vapor d’água, bem como os

obtidos por prensagem - método empregado para extração de óleos vegetais de frutos cítricos

(SIMÕES, 2000).

Óleos e extratos de plantas têm sido usados de uma diversidade de formas e

propósitos há milhões de anos. Esses propósitos variam desde o uso em perfumaria à essência

de bebidas, incluindo a preservação de comida crua e processada, na farmacêutica e terapias

alternativas médicas e naturais (MISHRA; DUBEY, 1994; JONES, 1996; LIS-BALCHIN;

DEANS, 1997).

Historicamente, óleos e extratos de plantas têm sido citados por suas atividades

antimicrobianas e uso como anti-sépticos tópicos. É de grande importância investigar

cientificamente as plantas utilizadas na medicina tradicional como fontes de novos

componentes antimicrobianos (MITSCHER et al., 1987).

Martins (1998) relatou algumas propriedades a cerca dos óleos essenciais,

destacando as seguintes: antiviral, antiespasmódica, analgésica, bactericida, cicatrizante,

expectorante, relaxante, anti-séptica das vias respiratórias, vermífuga e antiinflamatória. No

entanto, Simões (2000) advertiu que altas doses ocasionam efeito abortivo e irritante no trato

gastrintestinal. O que pode desencadear náuseas, vômitos, diarréias e intoxicações graves

levando ao colapso respiratório.

Mudança na composição de um óleo essencial pode influenciar na sua atividade

antimicrobiana, para isso, os seguintes fatores devem ser considerados: a fonte botânica

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44Revisão da Literatura

(alguns óleos comerciais são procedentes de diferentes espécies), a proveniência do material

da planta, o tempo de colheita, se o material é fresco ou seco e a técnica de extração

(JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987).

Os óleos essenciais têm uma composição química complexa, apresentando

algumas centenas de constituintes, especialmente, hidrocarbonetos e substâncias terpênicas

oxigenadas (álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos, fenóis, óxidos, lactonas, éteres e ésteres).

Assim, é muito importante que a proporção natural das substâncias seja mantida durante a

extração dos óleos essenciais das plantas por algum procedimento. Os métodos mais comuns

para a extração de óleos essenciais são hidrodestilação, arraste a vapor, extração por solvente

e a extração por fluído supercrítico. É importante que o método de extração mantenha as

características naturais do óleo preservando-o da degradação térmica, hidrólise e

contaminação por solvente (LACERDA, 1999).

De acordo com Carson, Hammer e Riley (1995), a eficácia antimicrobiana de um

óleo essencial ou de seus componentes é, geralmente, descrita como concentração inibitória

mínima (CIM), que é a concentração mais baixa capaz de inibir o crescimento de um

microrganismo.

Janssen, Scheffer e Baerheim Svendsen (1987) realizaram uma revisão literária

sobre a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais durante a década de 1976 a 1986, com

enfoque nos métodos utilizados para testar os óleos. Classificaram as técnicas de acordo com

a necessidade ou não de dispersão homogênea em água. Uma técnica que não requer a

dispersão homogênea em água é a técnica em ágar, que utiliza: discos, furos ou cilindros

como reservatório, ou ainda, discos como fonte de vapor. As técnicas que requerem uma

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45Revisão da Literatura

dispersão homogênea em água são chamadas de técnicas de diluição e são usadas para

determinar: CIM ou CBM (concentração bactericida mínima), curvas de crescimento,

propriedades inibitórias de crescimento, o período anterior ao crescimento fúngico e atividade

anti-séptica. Em estudos recentes sobre a técnica em ágar, a influência do teor de ágar na

solubilidade de alguns constituintes do óleo foi estabelecida. O alto teor de ágar e a baixa

solubilidade geraram uma das menores zonas de inibição. Os valores de CIM podem ser

determinados tanto em meio líquido quanto em meio sólido e a turbidez do meio é tida como

a indicação de densidade bacteriana. O direto envolvimento de um organismo teste é um

importante fator na determinação da atividade antimicrobiana da substância. Os constituintes

do meio podem reagir com os componentes do óleo, ativando ou inativando-os.

Todos os óleos essenciais têm uma solubilidade limitada em meio aquoso. O

Tween 20 ou 80 (0.5 - 20%) ou outros detergentes convenientes foram usados para promover

a distribuição do óleo em meio aquoso sem destruir os efeitos antimicrobianos (CARSON;

RILEY, 1993).

Dada a natureza volátil dos óleos essenciais e solventes, o possível efeito de

transferência da fase de vapor entre os poços nas placas de micro-titulação seladas, deve ser

considerado. Além do mais, é necessário estabelecer se a adição direta do solvente não exerce

nenhum efeito antibacteriano (SHAPIRO; MEIER; GUGGENHEIM, 1994).

Para Carson, Hammer e Riley (1995), os testes de difusão, nos quais o agente é

aplicado a um poço ou no centro de um disco de papel em uma placa com ágar semeada com

os microrganismos testes, são inadequados para testar óleos essenciais, uma vez que seus

componentes não são miscíveis em água. Afirmaram ainda que, quando antimicrobianos não

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46Revisão da Literatura

solúveis em água são testados, assim como os óleos essenciais, se faz necessária a aplicação

de um emulsificante ou solvente no meio testado para garantir contato entre o microrganismo

teste e o agente durante o experimento. Os agentes mais utilizados são o Tween 80, Tween 20,

etanol e DMSO (dimetil sulfóxido). Alguns agentes, entretanto, podem causar mudanças nas

propriedades físico-químicas do sistema testado, resultando em aumento ou redução da

atividade antimicrobiana. O agente emulsificante (Tween 80) é usado em experimentos

porque não interfere com as propriedades antimicrobianas do óleo essencial.

Hammer, Carson e Riley (1996) determinaram a susceptibilidade de uma

variedade de microrganismos transientes e comensais da pele ao óleo essencial de Melaleuca

alternifolia. O método de micro-diluição em caldo foi utilizado para determinar o CIM e a

Concentração Bactericida Mínima (CBM) do óleo essencial, e o Tween 80 (na concentração

de 0.001%) foi adicionado ao meio para possibilitar a solubilidade do óleo. Concluíram, com

relação aos microrganismos Gram-negativos, que o valor da CIM geralmente corresponde ao

valor da CBM, e isto pode ser um indicativo de efeito bactericida. Em contra partida,

microrganismos Gram-positivos possuem uma larga diferença entre os valores do CIM e

CBM sugerindo que o óleo essencial de Melaleuca alternifolia pode exercer um efeito

bacteriostático sobre estes microrganismos.

Smith e Navilliat (1997) descreveram um novo protocolo para os testes de

antimicrobianos tópicos de óleos essenciais não comercializados oficialmente, através de

modificações nas regras propostas pela Food and Drug Administration (FDA), para drogas

antimicrobianas tópicas. A FDA propõe que as formulações finais de anti-sépticos solúveis

e/ou miscíveis em água sejam bactericidas e/ou bacteriostáticas. Este novo método, para teste

de óleos essenciais insolúveis em água usando um solvente não tóxico, promoveu um

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47Revisão da Literatura

mecanismo com capacidade de reconhecimento geral da eficácia das drogas anti-sépticas com

base em óleos essenciais, estando em acordo com a FDA.

Existe um considerável interesse pelo desenvolvimento de métodos confiáveis para

avaliação e comparação de propriedades antimicrobianas de várias misturas com óleos, bem

como, criação e reprodução de uma formulação que otimize sua reprodutibilidade, sendo

assim exigido, dos métodos atuais, uma maior confiança no uso do Tween na determinação do

CIM dos óleos essenciais (MANN; MARKHAM, 1998).

Souza et al. (1998) investigaram o óleo essencial da flor de Egletes viscosa L. com

relação aos seus efeitos antinociceptivos e anticonvulsivantes em camundongos e a sua

eficácia antibacteriana contra Staphylacoccus aureus, in vitro. Observaram que o óleo

mostrou boa atividade antibactariana contra cepas resistentes de Staphylococcus aureus a um

CIM entre 0,625 e 2,5 mL/mL.

Mann e Markham (1998) desenvolveraram um método de micro-diluição em caldo

conveniente para determinar a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais usando um

estabilizador químico e microbiologicamente inerte (corante resazurina), que é um indicador

capaz de demonstrar com segurança o CIM, tanto visualmente como instrumentalmente.

Verificaram numa leitura visual e fotométrica que as placas de micro-titulação apresentavam

resultados que poderiam ser avaliados sem instrumentação. A precisão do método da

resazurina foi confirmada pelos valores da CIM em placas de micro-poços e comparados com

os resultados obtidos pelo método de diluição em ágar. Concluíram que os valores para os

CIM obtidos pelo método da resazurina foram levemente menores que os valores obtidos pelo

método de diluição em ágar, indicando que o primeiro método é mais sensível.

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48Revisão da Literatura

As folhas de Hyptis suaveolens são usadas na medicina tradicional como agente

anticancerígeno, como contraceptivo (em mulheres), para o tratamento de cólicas, dores

estomacais e febre. Asekun, Ekundayo e Adeniyi (1999) estudaram as atividades

antibacteriana e antifúngica do óleo essencial das folhas de Hypis suaveolens diluído em

DMSO através do método disco difusão. Os resultados mostraram significante atividade

inibitória contra duas bactérias Gram-positivas, quatro Gram-negativas e também grande

atividade contra Candida albicans.

Hammer, Carson e Riley (1999) testararam um largo número de óleos essenciais e

extratos de plantas contra diversos tipos de microrganismos abrangendo Gram-positivos,

Gram-negativos e um fungo. Utilizaram o método de diluição (v/v) tanto em ágar, como o de

micro-diluição em caldo, para obtenção da CIM. Os resultados foram comparados às CIMs

obtidas em ágar e em caldo onde as diferenças mostraram-se demasiadas, sendo a maior

diferença para a Candida albicans, com óleo essencial de Santalum álbum. Concluíram que

muitos óleos essenciais e extratos de plantas possuem atividade antibacteriana e antifúngica in

vitro, porém, o seu uso na preservação de comidas e em propósitos medicinais requerem mais

estudos.

As substâncias naturais têm atraído a atenção dos consumidores pela sua

segurança, por isso estudos científicos sobre óleos foram realizados com a finalidade de se

conhecer ainda mais sobre as suas utilidades. Uma das teorias sobre os mecanismos de ação

dos óleos é a de que a ação dos terpenos lipofolícos, presentes nos óleos, sobre os

fosfolípidios da membrana celular das bactérias poderia destruir sua estrutura e função (COX;

MANN; MARKHAM, 2000).

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49Revisão da Literatura

Em 2000, Christoph, Kaulfers e Stahl-Biskup compararam a atividade

antimicrobiana e antifúngica dos óleos de tea tree, óleo cajuput, óleo niaouli, óleo kanuka e

óleo manuka in vitro. As CIMs encontradas para dezesseis diferentes microrganismos foram

determinadas aplicando o método macro-diluição em caldo. A atividade antimicrobiana e

antifúngica do óleo australiano de tea tree (TTO) avaliada, mostrou-se melhor entre todos os

óleos testados. O melhor efeito inibitório sobre bactérias Gram-positivas e dermatotipos foi

atribuído ao óleo de manuka, devido ao componente β-triketones presente na sua composição

química.

A atividade antibacteriana do óleo essencial de Chrysanthemum viscidehirtum foi

estudada por Khallouki et al. (2000) através do método de diluição em ágar, sendo testada

contra uma linhagem de 21 micróbios, onde o óleo exibiu atividade antimicrobiana contra

todas as cepas, sendo a Salmonella typhi e Proteus mirabilis as bactérias mais sensíveis.

Takaisi-Kikuni, Tshilanda e Babady (2000) através do método de macro-diluição

com caldo de Mueller-Hinton, analisaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial de

Cymbopogon densiflorus. Verificaram que o óleo exibia atividade contra a maioria das

bactérias testadas, sendo as Gram-positivas mais sensíveis que as Gram-negativas. A CIM

(concentração inibitória mínima) encontrada ficou entre 250 e 500 ppm para Gram-positivas e

entre 500 e 1000 ppm para bactérias Gram-negativas. Estes resultados podem justificar o uso

da Cymbopogon densiflorus na medicina tradicional, onde são utilizadas no tratamento da

asma, febre, frieira, epilepsia, cãibras abdominais e dor em geral.

Azevedo et al. (2001) estudaram a variabilidade química no óleo essencial de

Hyptis suaveolens. Os óleos essenciais de Hyptis suaveolens coletados de onze localidades do

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50Revisão da Literatura

cerrado brasileiro foram investigados pelo método GC-MS. Observaram que os padrões de

variação geográfica, na composição do óleo essencial, indicaram que os componentes foram

produzidos principalmente em amostras que cresceram em baixas latitudes.

Num estudo sobre atividade antibacteriana, através do método de difusão em disco

Haznedaroglu, Karabay e Zeybek (2001) observaram que o óleo essencial de Salvia

tomentosa inibia notavelmente o crescimento de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas

com exceção da Pseudomonas aeruginosa. Ressaltaram o uso dos óleos essenciais na

medicina tradicional no tratamento de laringite, faringite, estomatite, gengivite e glossite.

Canillac e Mourey (2001) investigararam o comportamento de várias bactérias

patogênicas isoladas de produtos alimentícios na presença do óleo essencial de Picea excelsa.

A atividade antibacteriana deste óleo foi testada através do método de diluição contra as

seguintes bactérias: Listeria, Staphylococcus aureus e bactérias coliformes. Concluíram que

uma técnica simplificada pode fornecer bons resultados na determinação da atividade

bactericida contra a Listeria.

Lambert et al. (2001) determinaram a CIM do óleo essencial de orégano e de dois

de seus componentes principais, timol e carvacrol, contra Pseudomonas aeruginosa e

Staphylococcus aureus usando uma técnica inovadora. Esta consistia numa análise

matemática específica de observação do perfil de inibição de todos os componentes,

sugerindo que misturas de carvacrol e timol fornecem um efeito aditivo e que toda inibição do

óleo essencial de orégano foi atribuída principalmente a uma ação antimicrobiana desses dois

componentes. Este conhecimento ajudou a entender a eficácia desses óleos com respeito à

variação de composição de cada tipo de planta, localização geográfica e tempo do ano.

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51Revisão da Literatura

A composição química do constituinte volátil da flor de Thymus revolutus Celak,

uma planta endêmica da Turquia, foi analisada por Karaman et al. (2001). Vinte e dois

componentes foram identificados, e o carvacrol foi encontrado como o componente

predominante no óleo. Além disso, o óleo essencial foi testado contra onze bactérias e quatro

fungos em diferentes concentrações. Os resultados mostraram que o óleo exibe atividade

antifúngica e antibacteriana significantes.

A investigação da atividade antibacteriana do óleo essencial de folhas de

Cinnamomum osmophloeum e de seus constituintes químicos, utilizou nove linhagens de

bactérias. Os resultados demonstraram que os óleos da folha do Cinnamomum osmophloeum

indígena tinham um excelente efeito inibitório. Estes dados sugerem que o óleo da folha da

Cinnamomum osmophloeum é benéfico à saúde humana, com grande potencial em finalidades

médicas (CHANG, S. -T; CHEN; CHANG, S. -C, 2001).

Em 2002, Rasooli e Mirmostafa testaram a atividade antibacteriana dos óleos

essenciais de Thymus pubescens e Thymus serpyllum através do método de difusão em disco.

Os óleos mostraram-se fortemente bactericidas mesmo em altas diluições contra as bactérias

Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Klebsiella pneumoniae com

exceção da bactéria Pseudomonas aeroginosa, que mostrou uma reação estática ao óleo de

Thymus pubescens e uma resistência ao óleo de Thymus serpyllum. Ressaltaram ainda que,

estes óleos possuem propriedades espasmódicas, anti-sépticas e expectorantes. As espécies de

plantas, os quimiotipos e as condições climáticas podem interferir na composição dos óleos

essenciais, concluindo que os óleos essenciais testados podem ser usados no combate a certos

tipos de patógenos.

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52Revisão da Literatura

Shafi et al. (2002a) testaram a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de

Syzygium cumini e Syzygium travancoricum pelo método de difusão em disco, onde

perceberam que os óleos mostraram uma considerável atividade antimicrobiana,

especialmente contra Salmonella typhimurium. Relataram que o Syzygium cumini tem sido

usado com sucesso no tratamento da disenteria, inflamação e do diabetes mellitus.

Utilizando o método de difusão em disco, Shafi et al. (2002b) analisaram o óleo

essencial de Aristolochia indica, onde observaram uma atividade antimicrobiana moderada

deste óleo contra os seis microrganismos. Relataram o uso tradicional do óleo essencial de

Aristolochia indica contra verminoses intestinais, inflamações, cólera, diversos tipos de

picadas venenosas e como sedativo suave.

Juteau et al. (2002) estudaram a atividade antibacteriana e antifúngica do óleo

essencial de Artemisia annua, através do método de difusão líquida, e observaram que o óleo

inibia o crescimento de Enterococcus hirae e de fungos. Esta planta é conhecida por suas

atividades antiinflamatórias e anticancerígenas.

Azevedo et al. (2002) pesquisaram quimiotipos de óleos essenciais da Hyptis

suaveolens provenientes do cerrado brasileiro. A composição de nove amostras de óleo

essencial em plantas em estágio frutífero de Hyptis suaveolens foi analisada. Os padrões de

variação geográfica na composição do óleo essencial indicaram que os componentes são

produzidos principalmente em amostras que cresceram em baixas latitudes e longitudes.

Cimanga et al. (2002) selecionaram quinze espécies de plantas aromáticas e

investigaram a composição química dos óleos essenciais e suas supostas atividades

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53Revisão da Literatura

antibacterianas in vitro contra onze bactérias, através do método de disco difusão.

Justificaram o uso destas plantas medicinais como remédios tradicionais para o tratamento de

algumas infecções.

Opalchenova e Obreshkova (2003) investigaram a atividade do óleo essencial de

Ocimum basilicum contra as linhagens de bactérias do gênero Staphylococcus, Enterococcus e

Pseudomonas utilizando o método de macro-diluição em caldo para a determinação da CIM.

Compararam os resultados obtidos de concentrações inibitórias com algumas modificações do

método, assim como através da mudança do meio, do tempo de cultivo e do uso de outros

diluentes no lugar do caldo. Os dados obtidos depois da aplicação de diferentes métodos de

investigação e validados com membrana de filtração, mostraram um forte efeito inibitório do

óleo de Ocimum basilicum contra as bactérias testadas. As bactérias tinham um alto nível de

resistência e por isso os resultados foram considerados encorajadores.

Em 2003, Basim E. e Basim H. utilizaram os métodos de disco difusão e efeito

volátil para estudar a atividade antibacteriana do óleo essencial de Rosa damascena, já

conhecida por suas propriedades: analgésica, antidepressiva, antiinflamatória, diurética e

cosmética. O óleo essencial pode ser um potencial agente controle no tratamento da doença

causada por Xanthomonas axonopodis vesicatoria em tomates, uma vez que este óleo inibiu

notavelmente o crescimento desta bactéria.

Malele et al. (2003) estudaram a composição química do óleo de Hyptis

suaveolens oriunda da Tanzânia, bem como testaram sua potencial atividade antifúngica e

concluíram que este óleo é um excelente antifúngico.

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54Revisão da Literatura

De acordo com Hood, Wilkinson e Cavanagh (2003), o uso dos óleos essenciais

como agentes terapêuticos tem se tornado comum popularmente. Entretanto, as pesquisas

sobre a atividade antimicrobiana desses produtos têm sido dificultadas pela ausência de

métodos padronizados, fazendo com que a comparação direta entre os estudos seja

praticamente impossível. Foram avaliados os testes antimicrobianos dos óleos essenciais mais

citados na literatura e estimados por sua confiabilidade e habilidade. Os métodos testados

foram: difusão em discos e poços, diluição em ágar e caldo. Os quais se apresentaram

inseguros e produziram resultados inconsistentes, em conseqüência da dificuldade de

obtenção de uma solução estável dos óleos essenciais em meio aquoso, da difusão dos

constituintes lipofílicos neste meio, e da variação de métodos para determinar o número de

bactérias remanescentes viáveis após a adição do óleo. Um método de diluição em caldo

otimizado, usando 0.02% de Tween 80 para emulsificar os óleos, foi desenvolvido e mostrou

ser o método mais seguro para testar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais viscosos e

hidrofóbicos. A concentração de Tween 80 usada neste estudo foi a menor relatada na

literatura.

Bassole et al. (2003) estudaram a composição química dos óleos essenciais de

Lippia chevalieri e Lippia multiflora obtidas por hidrodestilação de folhas secas que são

tradicionalmente usados no tratamento da malária, hipertensão, diarréia e como anti-séptico

oral. Os óleos solubilizados em Tween 80 foram testados contra nove linhagens usando o

método de micro-diluição em caldo. Observaram que as bactérias Gram-negativas foram mais

sensíveis e que o óleo de Lippia multiflora foi o mais ativo.

Baydar et al., em 2004, utilizaram uma variedade de patógenos potenciais e outras

bactérias na avaliação da atividade antibacteriana dos óleos extraídos de plantas pertencentes

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55Revisão da Literatura

à espécie Lamiaceae, incluindo Origanum minutiflorum, Origanum onites, Thymbra spicata e

Satureja cuneifólia através do teste de difusão em disco de papel e relacionaram com sua

composição química. Confirmaram o uso desses óleos essenciais em alimentos para prevenir

o crescimento de bactérias e aumentar o tempo de armazenamento dos alimentos processados.

Em 2004, Setzer et al. descreveram o uso da folha da Artemisia douglasiana para

o tratamento profilático de infecções crônicas de bexiga em um jovem paraplégico e

apresentaram a análise química, além da atividade antimicrobiana do óleo essencial desta

planta. O óleo essencial mostrou atividade antimicrobiana in vitro limitada, o que torna

incerta a sua atividade in vivo.

Nostro et al. (2004) avaliaram a susceptibilidade de Staphylococcus isolados e

completamente caracterizados como susceptíveis a meticilina (MSS) ou Staphylococcus-

meticilina-resistente (MRS), ao óleo de orégano, ao carvacrol e ao thymol. Como a

resistência à meticilina é freqüentemente acompanhada pela resistência a outros agentes

antimicrobianos, o perfil de susceptibilidade de Staphylococcus resistentes a meticilina frente

a vários agentes quimioterápicos foi também avaliado. Indicaram que, em adição a outras

propriedades, o óleo de orégano é um potencial agente antibacteriano tópico contra espécies

Staphylococcus-meticilina-resistentes (MRS).

Benkeblia (2004) estudou o efeito dos óleos essenciais, extraídos de vários tipos de

cebolas e alhos, em dois patógenos bacterianos e três espécies de fungos através do teste de

difusão em disco. Observou que os óleos essenciais de alho e cebola podem ser utilizados

como um antimicrobiano natural pela sua incorporação em vários produtos alimentícios.

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56Revisão da Literatura

Sokmen et al. (2004) investigaram a composição química bem como determinaram

a atividade antioxidante e antimicrobiana do óleo essencial e do extrato hidrodestilado de

Thymus spathulifolius. Sugeriram que o óleo essencial e o extrato de Thymus spathulifolius

possuem propriedade antimicrobiana e antioxidante, e também, podem ser usados como um

conservante natural nas indústrias alimentícia e farmacêutica.

Bruni et al. (2004) determinaram a composição química do óleo essencial da flor

Ocotea quixos e proveram o primeiro relato sobre suas propriedades antioxidante,

antibacteriana e antifúngica, in vitro. Concluiram que a atividade do óleo contra o

fitopatógeno testado pode também abrir a possibilidade do seu uso como um constituinte de

fito-complexo para culturas agrobiológicas. Comercialmente, o principal inconveniente destas

especiarias, reside em sua produção escassa e localizada. A sustentabilidade ecológica de sua

colheita, entretanto, sugere sua exploração como um valioso produto de reserva proveniente

do nordeste da Amazônia.

2.5 ÓLEOS ESSENCIAIS NOS REGIMENTOS DE SAÚDE ORAL.

The Lancet, jornal Britânico (1929 apud FINE et al., 2000), publicou um relato

independente a respeito de uma avaliação de bochechos contendo óleos essenciais, os quais

demonstraram ter atividade bactericida significante contra uma variedade de microrganismos

e concluiu que os óleos são tanto seguros quanto efetivos.

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57Revisão da Literatura

Óleos essenciais, misturas complexas de componentes orgânicos representados

pelos princípios odoríferos das plantas, são usados há milhares de anos no controle da dor e

odor bucal, e desde o século XIX, na terapia de canais radiculares, restaurações temporárias e

tratamento periodontal (MEEKER; LINKE, 1988).

Apesar de seu largo uso em higiene oral e dentisteria, a quantidade de dados sobre

a atividade dos óleos essenciais ou componentes desses óleos em microrganismos sub e

supragengivais é pequena, e a maioria dos dados disponível é relativa a um microrganismo em

particular, o Streptococcus mutans (SAEKI et al., 1989).

A eficácia de um bochecho antimicrobiano, contendo óleo essencial, no controle

do biofilme supragengival e gengivite foi demonstrada em estudos clínicos de curta e longa

duração (ROSS; CHARLES; DILLS, 1989; OVERHOLSER et al., 1990). O mecanismo

primário da atividade clínica dos bochechos é geralmente o fato dele ser bactericida. Algumas

considerações do mecanismo de ação dos bochechos in vivo, devem ser conduzidas no

contexto do atual entendimento da natureza do biofilme (PAN et al., 2000).

Os efeitos do uso durante seis meses de um bochecho de óleo essencial, não

mostraram alteração na composição bacteriana do biofilme supragengival ou emergência de

patógenos oportunistas. As bactérias permaneceram susceptíveis a este óleo essencial

(OVERHLSER et al., 1990). A capacidade dos enxaguatórios antimicrobianos em reduzir os

níveis de microrganismos cariogênicos fornece uma razão adicional para seu uso no

regimento diário de higiene oral (FINE et al., 2000).

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58Revisão da Literatura

Botelho e Soares (1994) utilizaram o óleo essencial do alecrim-pimenta contra

cepas bacterianas do Streptococcus mutans e lactobacilos isolados a partir da saliva e do

biofilme bacteriano de crianças que apresentavam um alto risco à cárie. Concluiram que o

óleo essencial desta planta é detentor de uma considerável atividade contra tais bactérias.

Acrescentaram ainda, o prosseguimento de estudos para elucidar o mecanismo de ação do

princípio ativo do óleo que promoveu a inibição do crescimento das bactérias com evidente

papel acidogênico e acidúrico no biofilme bacteriano.

Shapiro, Meier e Guggenheim (1994) avaliaram a atividade antimicrobiana de

alguns óleos botânicos e sua reprodutibilidade. Determinaram a CIM e a CBM em relação a

bactérias orais anaeróbias facultativas e fastidiosas. Examinaram as propriedades

antimicrobianas do óleo essencial de tea tree, óleo de pimenta (perppermint) e óleo de salva

(sage), usando o método de mensuração de densidade óptica em placas de micro-titulação. Os

três óleos mostraram propriedades inibitórias contra todas as linhagens de anaeróbias

obrigatórias testadas. Já entre os componentes dos óleos essenciais, os mais potentes foram o

timol e o eugenol.

Groppo et al. (2002) compararam a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais

de Melaleuca alternifolia, Allium sativum e clorexidina, contra microrganismos orais.

Perceberam que os grupos que utilizaram clorexidina e o Allium sativum mostraram atividade

antimicrobiana contra Streptococcus mutans, mas não contra outros microrganismos orais. Já

o grupo da Melaleuca alternifolia mostrou atividade antimicrobiana contra o Streptococcus

mutans e outros microrganismos orais. A manutenção dos níveis de redução de

microrganismos foi observada somente com o óleo de Melaleuca alternifolia e de Allium

sativum durante duas semanas consecutivas. Alguns efeitos adversos foram relatados, como:

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59Revisão da Literatura

sabor desagradável, sensação de queimor, mau hálito e náusea. Concluíram que estes óleos

essenciais podem ser uma boa alternativa na substituição da clorexidina.

Segundo Shapiro, Meier e Guggenheim (1994) e Groppo et al. (2002), existem

evidências científicas que sugerem que óleos essenciais podem ser usados na manutenção da

higiene oral e na prevenção de doenças dentárias. Já, de acordo com Hammer et al. (2003), a

atividade dos óleos essenciais in vitro contra os microrganismos encontrados na cavidade oral

não foi testada extensivamente.

Segundo Pan et al. (1999), apesar de estudos laboratoriais não serem

necessariamente predictivos de atividade clínica, eles podem ajudar a elucidar o mecanismo

da atividade clínica latente. Em estudo clínico, um bochecho de óleo essencial mostrou ser

significantemente mais efetivo que o bochecho contendo fluoreto estanhoso na inibição do

biofilme supragengival.

As bactérias orais estão associadas a muitas doenças sistêmicas como a pneumonia

e doenças cardiovasculares. Por esse motivo, enfatiza-se a necessidade de cuidado oral no

controle sistêmico da saúde (TAKARADA et al., 2004). O óleo essencial de Melaleuca

alternifolia mostrou-se efetivo como uma alternativa nos protocolos para pacientes aidéticos

com candidíase orofarigeana refratária ao fluconasol (JANDOUREK; VAISHAMPAYAN;

VAZQUEZ, 1998). Para Whitaker et al. (2000), usando tratamento in vitro de células

planctônicas, não ficou claro se efeitos similares seriam vistos in vivo, visto que as bactérias

estariam contidas no biofilme dentro de uma bolsa periodontal. No entanto, este estudo provê

evidência adicional de que o enxaguatório de óleo essencial pode ter efeitos não letais em

células microbianas e amplia as descobertas de um estudo anteriormente mencionado por Fine

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60Revisão da Literatura

et al. (1996), que embora o mecanismo predominante da atividade antibiofilme/antigengivite

deste enxaguatório seja microbicida, sua capacidade para afetar atividades associadas com a

superfície da célula pode ter relevância clínica.

Fine et al. (2000) realizaram um estudo com a saliva de adultos com pelos menos

105 CFU de Streptococcus mutans. Os participantes foram orientados a bochechar duas vezes

ao dia com solução de óleo essencial ou água estéril concomitante à escovação com

dentifrício contendo fluoreto. Perceberam que os bochechos com óleo essencial foram 37,1%

mais ativos contra Streptococcus mutans do que contra Streptococci total. Todavia, o impacto

dos bochechos de óleos essenciais no desenvolvimento e prevalência da cárie dentária não foi

avaliado. Portanto, as implicações clínicas são desconhecidas. Concluíram que os bochechos

com antimicrobianos são mais freqüentemente recomendados no controle do biofilme

supragengival e gengivite para pacientes cujos procedimentos mecânicos de higiene oral são

inadequados. Além disso, promoveram uma inclusão racional dos bochechos com óleos

essenciais como um adjunto aos procedimentos de higiene oral.

Pan et al. (2000) indicaram que bactérias do biolfime podem sofrer mudanças na

susceptibilidade a agentes antimicrobianos quando comparadas com as suas formas

planctônicas. Determinaram o efeito bactericida de um bochecho contendo óleo essencial nas

bactérias do biofilme dental in situ, por meio de análise computadorizada. Suportaram a

primazia de um mecanismo bactericida na produção do biofilme e redução da gengivite

observada com bochechos contendo óleos essenciais.

Em um estudo piloto sobre o efeito clínico e antibacteriano do óleo de tea tree

(TTO), Arweiler et al. (2000) compararam o efeito deste óleo com o da água e da clorexidina

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61Revisão da Literatura

na formação e vitalidade do biofilme supragengival. Os resultados obtidos não puderam ser

comparados com outros estudos por não haver na literatura relatos sobre a eficácia

antibacteriana do óleo de TTO no biofilme dental in vivo. Comparando os resultados com um

controle positivo e negativo, entretanto, classificaram o efeito do óleo de TTO, que quando

usado como uma simples solução de bochecho, não influencia efetivamente na quantidade e

qualidade do biofilme supragengival.

Estudos do tempo de morte demonstraram um decréscimo rápido de Streptococcus

mutans e Lactobacillus rhamnosus depois de 30 segundos de tratamento com 0,5% de óleo de

tea tree. Os autores concluíram que as bactérias encontradas na cavidade oral são susceptíveis

e morrem rapidamente quando em contato com o óleo de Melaleuca alternifólia (HAMMER

et al, 2003). Dessa forma, o uso deste óleo é adequado à cavidade oral funcionando como um

eficiente anti-séptico que pode ser utilizado incorporado a produtos de higiene oral como

bochechos, dentifrícios e géis dentais ou irrigatórios.

Claffey (2003) esclareceu os benefícios dos bochechos com óleos essenciais como

um componente seguro nos cuidados diários de higiene oral. Ressaltou que bochechos

contento álcool desnaturado como veículo têm aumentado as suspeitas sobre a associação do

álcool com o câncer oral.

Segundo Seymour (2003), muitas evidências dão suporte ao uso dos bochechos

com óleos essenciais em inúmeras áreas da saúde oral, incluindo atividade antimicrobiana,

irrigação caseira, manutenção da saúde dos implantes, uso pós-cirúrgico, redução de bactérias

do aerossol dental e redução de bacteremia.

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62Revisão da Literatura

Saeed e Sabir (2004) testaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial

extraído do látex resinoso de Commiphora mukul através do método de difusão em disco por

zona de inibição e determinaram a CIM. O óleo essencial exibiu uma potente e persistente

atividade de inibição contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, enfatizando seu uso

na medicina tradicional como bochechos, dentifrícios, em úlceras bucais e faringite.

Takarada et al. (2004) investigaram o efeito antimicrobiano dos óleos essenciais

contra as principais bactérias da cavidade oral. Determinaram as CIMs e CBMs dos óleos

essenciais de manuka, tea tree, eucalyptus, lavandula e romarinus. Todos os óleos inibiram o

crescimento das bactérias testadas e a adesão do Streptococcus mutans, sendo o óleo de

manuka e o tea tree os que apresentaram maior atividade antimicrobiana contra bactérias

periodontopáticas e cariogênicas. Do ponto de vista da segurança, examinaram o efeito desses

óleos em células endoteliais do umbigo de humanos e observaram que na concentração de

0.2%, eles exerciam pequeno efeito sobre as células humanas cultivadas. As substâncias

antimicrobianas ideais devem ser efetivas contra a maioria dos microrganismos, agir

rapidamente, manter boa atividade em baixas concentrações, não possuir efeitos colaterais e

não causarem desconforto.

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63

OBJETIVOS

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64

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

• Determinar a atividade antimicrobiana do óleo essencial de Hyptis pectinata L. Poit

(Lamiaceae) frente aos isolados clínicos e cepas padrão de Streptococcus mutans.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar a atividade antibacteriana de um colutório comercializado contendo

clorexidina comparando-o com o Listerine, a base de óleos essenciais, também

industrializado e com o óleo essencial de Hyptis pectinata.

• Verificar a eficiência de alguns solventes nos testes de difusão em discos na

atividade antimicrobiana do óleo essencial de Hyptis pectinata.

• Copilar os dados disponíveis na literatura acerca da atividade antibacteriana de óleos

essenciais.

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65

REFERÊNCIAS

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.

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CAPÍTULO II

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DEHyptis pectinata (L.) Poit. FRENTE AO Streptococcus mutans.

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78Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DEHyptis pectinata (L.) Poit. FRENTE AO Streptococcus mutans.

RESUMO

A odontologia preventiva tem como meta principal o controle do biofilme bacteriano,objetivando assim um melhor nível de saúde bucal. Com a finalidade de auxiliar os métodosconvencionais de controle das doenças cárie e periodontal, substâncias químicas vêm sendobastante utilizadas na terapêutica odontológica. Apesar da maioria absoluta desses produtosser industrializada, com o desenvolvimento da fitoterapia uma nova fonte de possíveismedicamentos vem sendo testada. O presente trabalho analisou, in vitro, a eficácia do óleoessencial Hyptis pectinata, em comparação com as soluções comerciais, com relação àatividade antimicrobiana sobre os Streptococcus mutans presentes na saliva e cepas padrão,através dos métodos de difusão em disco. Realizou isolamento das bactérias para posteriorteste antimicrobiano com as referidas soluções. Em concentração definida, o óleo essencial deHyptis pectinata, apresenta atividade anti Streptococcus mutans bem semelhante àclorexidina, podendo ser considerada alternativa promissora no controle do biofilme.

PALAVRAS-CHAVE: óleo essencial; atividade antimicrobiana; biofilme dental; bochecho.

ABSTRACT

The preventive dentistry has as main goal the control of the bacterial biofilm, aiming a betterlevel of buccal health. With the purpose of aiding the conventional methods of control of thecaries and periodontal diseases, chemical substances are being quite used in the therapeuticsodontology. In spite of most absolute of those products to be industrialized, with thedevelopment of the fitoterapia a new source of possible medicines has been tested. Thepresent work analyzed in vitro the effectiveness of the Hyptis pectinata essential oil incomparison with the commercial solutions regarding the antimicrobial activity onStreptococcus mutans present in the saliva and pure cultures of ATCC strains through thediffusion methods in disk. It accomplished isolation of the bacteria for subsequentantimicrobial tests with referred solutions. In defined concentration, Hyptis pectinata essentialoil presents anti Streptococcus mutans activity very similar to the chlorhexidine, and can beconsidered a promising alternative in the control of the biofilm

KEY WORDS: essential oil; antimicrobial activity; dental biofilm; mouthwash.

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79Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

1. INTRODUÇÃO

Os dois tipos mais comuns de doenças bucais, cárie dental e doença periodontal,

são infecções relacionadas ao biofilme bacteriano. A cárie dental envolve desmineralização,

cavitação e quebra do tecido dental mineralizado e é causada por microrganismos que

fermentam carboidratos da dieta, especialmente sacarose, para produzirem ácidos que iniciam

a dissolução do esmalte dental. Dentre os microrganismos envolvidos no processo de

formação do biofilme, o Streptococcus mutans salivar tem sido apontado como agente

principal de cariogenicidade, estando sua quantidade diretamente relacionada com o

acréscimo do número de colônias totais, permitindo assim o avanço da doença periodontal e

da cárie. Um declive no número desse microrganismo é considerado o equivalente ao

decréscimo do biofilme, por isso a prevenção de doenças dentais está baseada na

administração de produtos que reduzam ao máximo a incidência de Streptococcus mutans

(AXELSSON; LINDHE, 1987; HARDIE, 1992).

Dessa forma, os bochechos realizados, antes e depois da escovação, têm sido

considerados, ao longo dos anos, um adjunto poderoso para os cuidados orais dos pacientes,

através da utilização de uma variedade de agentes antimicrobianos como a clorexidina,

triclosan, sais metálicos, óleos essenciais e extratos de plantas, os últimos, estão sendo

formulados e estudados para examinar sua eficácia clínica na tentativa de inibir o biofilme

dental (OWENS; ADDY; FAULKNER, 1997; SREENIVASAN; GAFFAR, 2002).

Os colutórios utilizados durante os bochechos contêm surfactantes, álcool, flúor e

agentes antimicrobianos. Estes últimos devem ter as seguintes propriedades: largo espectro

antimicrobiano, ser eficaz em baixas concentrações, ação rápida, não ser tóxico, não ser

irritante, ter sabor e odor neutro, boas propriedades de retenção oral, não interferir na flora

oral microbiana, ter regulamentação globalmente aprovada, ser fisicamente estável

quimicamente definido e invariável, e ter custo acessível (MORGAN et al., 2001).

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80Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

Dentre os enxaguatórios frequentemente prescritos, ressaltam-se a clorexidina e o

Listerine, sendo o primeiro considerado um dos mais seguros e eficientes agentes

antimicrobianos, porém, possui efeitos adversos importantes como: manchamento dental,

sabor desagradável, alteração de paladar, erosão de mucosa e outros (OWENS; ADDY;

FAULKNER, 1997). Já o segundo anti-séptico, o Listerine, quando comparado ao primeiro,

apresenta menos efeitos colaterais, comprovado em ensaios desenvolvidos por Axelsson e

Lindhe (1987), nos quais verificaram a presença de ulcerações apenas em pacientes que

fizeram uso da clorexidina.

Evidências clínicas da segurança da utilização do Listerine têm sido baseadas em

mais de 100 anos de uso e na baixa ocorrência de queixas por parte dos consumidores. Seus

ingredientes ativos consistem numa combinação de óleos essenciais (timol, eucaliptol,

salicilato de metila e mentol) extraídos de plantas (WU; SAVITT, 2002); um dos motivos

pelos quais os produtos naturais têm sido apontados como alternativa na busca de novos

fármacos com propriedades antimicrobianas. Além disso, os fitoquímicos têm demonstrado

um grande potencial na substituição de produtos químicos sintéticos para prevenção da cárie

(HAMMER; CARSON; RILEY, 1999).

Estudos etnofarmacológicos realizados por Carvalho (1999) e Cruz (2002), no

município de Curituba, Canidé do São Francisco-SE, demonstraram a utilização de plantas na

medicina popular na forma de bochechos como indicação para infecções bucais, a exemplo da

cabaceira (Lagenaria vulgaris Ser.); da sacatinga (Croton argirophyloides Mull.), do juazeiro

(Ziziphus joazeiro Mart.), da quixabeira (Bumelia sartorum Mart.), do jatobá (Hymneaea

courbaril L.), da catingueira (Caesalpínia pyramidalis Tull.) e do sambacaitá (Hyptis

pectinata L. Poit.).

Dentre as espécies supracitadas a Hyptis pectinata (L.) Poit. Lamiaceae é uma das

que vem sendo estudada devido a sua ampla utilização na medicina popular, tendo seus

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efeitos antiflamatório, antinociceptivo e antimicrobiano confirmados (PEREDA-MIRANDA

et al., 1993; BISPO et al., 2001; FRAGOSO-SERRANO; GIBBONS; PEREDA-MIRANDA,

2005).

No Nordeste brasileiro, principalmente em Sergipe e Alagoas, essa planta ocorre

naturalmente de forma selvagem em campos, matas e estradas e em volta de residências,

conhecida popularmente como sambacaitá ou canudinho. Destaca-se pela sua freqüente

utilização, em chás, decocções, infusões e bochechos como antiinflamatório natural (BISPO

et al., 2001).

Devido ao exposto, o presente trabalho avaliou a atividade antimicrobiana do óleo

essencial e do hidrolato puro de Hyptis pectinata (L.) Poit. Lamiaceae frente a amostras

clínicas e amostra padrão de Streptococcus mutans.

2. CASUÍSTICA E MÉTODOS

2.1. PRODUÇÃO DA AMOSTRA.

Foram selecionados, para coleta de saliva, 10 pacientes voluntários adultos de

ambos os gêneros, atendidos no Ambulatório de Odontologia do Hospital Universitário/UFS,

seguindo os critérios citados no Quadro 1.

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82Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

Quadro 1 – Critérios para participação de voluntários

• Indivíduos adultos (18 a 50 anos de idade);

• Serem mutans-milionários (> 106 UFC/mL), após o processamento da saliva;

• Sem evidências clínicas de gengivite e periodontite;

• Presença de no mínimo 70% de dentes na arcada dentária, (20 dentes presentes);

• Não serem portadores de rinite e sinusite;

• Maior homogeneidade possível quanto à dieta;

• Cooperação e habilidade durante a coleta da saliva;

• Assinatura do termo de Consentimento Livre Esclarecido do Comitê de Ética;

• Não serem fumantes, alcoólatras, imunodeprimidos e desnutridos;

• Não serem portadores de dentaduras parciais e aparelhos removíveis;

• Foram excluídas as gestantes e as mulheres que fazem uso de medicaçãocontraceptiva;

• Excluídos os indivíduos sob terapia com antibióticos, antiinflamatórios eantifúngicos locais (na cavidade bucal) ou sistêmicos.

Fonte: (PITTEN; KRAMER, 1999; adaptado).

As amostras de saliva foram coletadas no período entre sete e nove horas da

manhã, em jejum e sem escovação. De cada voluntário, um volume de cerca de 2 mL de

saliva foi depositado em tubos de ensaios estéreis e transportado em gelo até o Laboratório de

Microbiologia Aplicada da Universidade Federal de Sergipe, onde foi imediatamente

processado.

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83Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

2.2 ISOLAMENTO DO Streptococcus mutans.

As amostras foram homogeinizadas e diluídas em solução salina na escala de 10-1 a

10-3. Com auxílio de “swabs” estéreis, os inóculos foram semeados em placa de Petri

contendo ágar Mitis salivarius, suplementado com 20% de sacarose e 0,2 UI/mL de

bacitracina (GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973). Em seguida, foram incubados a 37°C,

por 72 horas em condições de microaerofilia. Realizaram-se leituras de 24, 48 e 72 horas. As

colônias que apresentaram as características morfológicas típicas das colônias de

Streptococcus mutans (convexas, opacas, com aparência de vidro esmerilhado) foram

repicadas para tubos contendo meio de cultura ágar triptona soja enriquecido com sangue, e

estocadas em freezer a –80°C.

Foram testadas sete cepas clínicas de Streptococcus mutans e duas cepas padrão

ATCC N° 10449 e 25175.

Todo o experimento foi realizado em duplicata e em capela de fluxo laminar.

2.3. ÓLEO ESSENCIAL - Hyptis pectinata (L.) Poit.Lamiaceae.

� Registro no Herbário da UFS: 7454

� Data de colheita: Março/2004

� Teor: Os teores foram estimados com base no peso da matéria seca (0,5mL/100 g1) e

obtidos utilizando-se três amostras de 75g de folhas secas.

2.3.1. Colheita da planta.

As plantas foram obtidas no Campus Rural da UFS localizado no município de

São Cristóvão-SE. A colheita foi realizada três meses após o plantio, em março de 2004. As

folhas foram secas em estufa a 40°C, até peso constante.

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84Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

2.3.2. Extração, análise e identificação do óleo essencial:

A extração do óleo essencial foi realizada no Laboratório de Fitotecnia do

Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS), pela

técnica de hidrodestilação em aparelho do tipo Clevenger onde foi obtido além do óleo o

hidrolato (GUENTHER, 1972). Amostras dos óleos foram analisadas utilizando-se

cromatografia gasosa em equipamento Shimadzu QP5050A interfaceada com espectrômetro

de massa (CG/EM) dotada de: coluna capilar DB-5 (30m x 0,25mm x 0,25µm) conectado em

um detector operando em impacto eletrônico a 70V; gás de arraste Hélio (fluxo 1 mL/min) e

programação: 80oC (1 min), 3oC/min, 180oC (0 min), 10oC/min, 300oC (3 min), tipo de

injeção split 1:100. Os cálculos dos índices de retenção foram feitos através da co-injeção de

n-alcanos. A identificação dos constituintes do óleo essencial foi efetuada baseada nos

índices de retenção (ADAMS, 1995) e pela comparação do espectro de massa com o banco

de dados da biblioteca NIST21 e NIST107. A concentração dos constituintes foi calculada a

partir da área de pico do CG e arranjado em ordem de eluição (Tabela 1).

Durante e após as análises, o óleo foi estocado em frascos âmbar estéreis a -4°C.

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85Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

Tabela 1 - Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis pectinata.Pico No TR

(min)Composto (%) IRR exp.* IRR lit.**

1 4.050 �-Pineno 1.39 937 9392 4.700 1-Octen-3-ol 2.23 975 9783 4.817 �-Pineno 6.95 982 9804 5.867 Limoneno 2.06 1030 10315 7.550 Linalol 1.54 1099 10986 16.375 �-Copaeno 2.40 1381 13767 16.867 �-Elemeno 2.15 1396 13918 17.800 Cariofileno 18.34 1425 14189 18.900 �-Cariofileno 1.50 1459 1454

10 19.758 Germacreno-D 3.07 1486 148011 20.050 Guaieno 3.76 1495 149012 20.258 Biciclogermacreno 1.49 1502 149413 20.525 �-Bisaboleno 1.17 1510 150914 20.758 �-Cadineno 1.75 1518 151315 21.025 Trans-Calameno 2.40 1527 153216 21.958 Epi-Longipanol 1.07 1558 156117 22.708 Globulol 1.24 1583 158318 22.892 Òxido de Cariofileno 18.00 1589 158119 23.683 Não identificado 1.17 1618 -20 23.833 Cubenol 1.66 1621 161421 25.767 Não identificado 24.68 1687 -

* IRR exp. = Indice de retenção relativo aplicando a equação de Van den Dool, H. e Kratz,P.D., J. Chrom., 1963, 11, 463.

** Adams, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatograpy/massspectroscopy. Illinois USA: Allured Publishing Corporation, Carol Stream, 1995.

2.4. TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE in vitro.

2.4.1. Padronização do inóculo.

Foram preparadas suspensões celulares, transferindo-se as células com 24h de

cultivo do meio de ágar Mitis salivarius para tubos contendo salina estéril. Utilizando a escala

de MacFarland ajustou-se a suspensão celular para a turvação padrão 0,5, que equivale 1,5 x

108 UFC/mL (BIER,1981).

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86Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

2.4.2. Teste de difusão em disco.

A atividade antimicrobiana foi verificada adaptando o método do NCCLS (M44-P,

2003) utilizando discos de papel de filtro estéreis. Os discos foram dispostos individualmente

em fileiras sobre tela de nylon estéril, de forma que não houvesse contato entre eles, sendo

adicionados em discos diferentes (ao centro de cada um) 20 µL de cada solução a ser testada

(Quadro 2) esperando sua secagem para o uso (JÚNIOR; MARTINS, 2004).

A suspensão celular foi inoculada por espalhamento em placa contendo meio ágar

Mitis salivarius. Após a secagem da suspensão no meio, foram adicionados os discos (5mm)

contendo as soluções conforme Quadro 2. As placas foram incubadas por 72h em

microaerofilia, sendo realizadas leituras após 24, 48 e 72h.

Quadro 2 – Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio.

• Periogard-solução bucal de clorexidina a 0,12%, fabricada pela Colgate-Palmolive� (controle positivo).

• Listerine-antisséptico bucal fabricado pela Warner Lambert� (controle positivo).

• Solução de óleo de canola em Tween 80 a 1% (controle negativo).

• Solução de óleo essencial de Hyptis pectinata nas concentrações de 200mg/mL,300mg/mL, 400mg/mL, 500mg/mL e 600mg/mL em Tween 80 a 1% (solução-teste).

• Óleo essencial de Hyptis pectinata (substância-teste).

• Hidrolato da Hyptis pectinata (solução-teste).

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87Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado montado em

sete tratamentos (concentrações) com nove repetições para cada tratamento. Os dados foram

expressos como médias. Foi aplicado o teste de Tukey para detecção de diferenças de médias

entre os tratamentos, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. Foi utilizado o programa

ASSISTAT versão 7.2 beta 2004.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em todas concentrações testadas de óleo essencial de Hyptis pectinata foi

observada a formação do halo de inibição das cepas de Streptococcus mutans analisadas

(Tabela 2), corroborando com o estudo realizado por Pereda-Miranda et al. (1993) e Fragoso-

Serrano, Gibbons e Pereda-Miranda (2005) sobre a propriedade atimicrobiana da Hyptis

pectinata frente a bactérias Gram-positivas.

Na concentração de 200mg/mL foram observados os menores halos de inibição

quando comparados aos produzidos pela clorexidina (controle positivo). Nas concentrações de

300 a 500mg/mL houve um aumento crescente nos halos de inibição, no entanto, esse

resultado não foi observado nas cepas S-53.2, ATCC 25175 e ATCC 10449.

Entre as cepas clínicas e padrão não foi notada diferença de sensibilidade.

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88Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

Tabela 2 – Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo hidrolato e o óleoessencial de Hyptis pectinata em variadas concentrações, utilizando-se o método de difusãoem disco.

*Os halos foram calculados a partir de uma média de duas placas.(-) não houve halo de inibição.

Como mostra a Tabela 3, as zonas de inibição apresentadas pelo óleo puro e nas

concentrações acima de 400mg/mL, foram estatísticamente iguais entre si e ao controle

positivo (clorexidina) nas diferentes cepas. Uma vez que entre 200 e 400mg/mL, a diferença

foi considerada significante, pode-se inferir que esse fato está relacionado ao aumento da

concentração do princípio ativo responsável pela ação antimicrobiana presente no óleo

essencial proporcionalmente ao aumento de sua concentração, o que foi mais observado a

partir de 400mg/mL. A ação do Tween 80 como emulsificante, por sua vez, pode ter facilitado

o envolvimento direto do microrganismo teste com a solução resultando numa melhor

determinação da atividade antibacteriana do óleo. A concentração de 400mg/mL é proposta

aqui como a ideal, pois, foi a menor concentração utilizada que apresentou desempenho

estatísticamente igual ao da clorexidina. Tal proposta significa uma economia do óleo, e seu

uso nessa concentração, economicamente mais viável.

Cepas testadas Halo (mm)*Concentração de

óleo essencial S-50 S-53. 2 S-54 S-55 S-56 S-57 S-64 25175ATCC

10449ATCC

200mg/mL 9 6 7 5 13,5 10 11 7 10300mg/mL 12 6 10 9 13 12 11 11 10400mg/mL 13 12 12 10,5 14 14,5 11 13,5 12500mg/mL 13,5 9 13 14 14 15 11,5 11 11600mg/mL 14 14 14 12 15 15 10 14 14Óleo puro 14,5 10 14,5 12,5 15 14 11,5 12 13Hidrolato puro - - - - - - - - -

ControlesClorexidina 14,5 13 14 13 15,5 15,5 15 13 13,5Listerine - - - - - - - - -Óleo de canola - - - - - - - - -

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89Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

O hidrolato de Hyptis pectinata, bem como, o Listerine não apresentaram ação

antibacteriana diante das cepas testadas.

Tabela 3 – Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans produzidos emdiferentes concentrações do óleo essencial de Hyptis pectinata e a clorexidina (controlepositivo) pelo método de difusão em disco.

Concentração do óleo essencial de Hyptispectinata Halo de inibição (mm)

200mg/mL 8.94 c300mg/mL 10.61 b c400mg/mL 13.27 a500mg/mL 12.27 a b600mg/mL 14.27 a

Óleo essencial puro 12.94 aControle positivo

Clorexidina 14.11 aAs médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si no testes deTukey ao nível de 5% de probabilidade.

4. CONCLUSÃO

� O óleo essencial de Hyptis pectinata apresenta atividade anti Streptococcus

mutans.

� As concentrações de 400mg/mL, 500mg/mL, 600mg/mL bem como o óleo puro

apresentam atividade anti Streptococcus mutans iguais à clorexidina.

� A concentração de 400mg/mL se apresenta economicamente mais viável.

� O hidrolato puro de Hyptis pectinata não apresenta ação antibacteriana diante das

cepas analisadas.

� Nas condições deste estudo, o Listerine não apresentou atividade anti

Streptococcus mutans.

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90Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

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91Atividade Antimicrobiana do Óleo Essencial de Hyptis pectinata Frente ao S. mutans

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92

CAPÍTULO III

AVALIAÇÃO DE DILUENTES USADOS PARA ÓLEO ESSENCIAL EMTESTES DE DIFUSÃO EM DISCO.

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93Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

AVALIAÇÃO DE DILUENTES USADOS PARA ÓLEO ESSENCIAL EMTESTES DE DIFUSÃO EM DISCO.

RESUMO

A utilização de produtos de origem natural, como os óleos essenciais e extratos brutos deplantas com atividade terapêutica específica, tem crescido na área de cosméticos e produtosfarmacêuticos. Em virtude de suas características, os óleos têm apresentado potencial para aelaboração de fármacos com propriedade antibacteriana, por isso, levando-se em consideraçãoa atividade antimicrobiana e conhecendo a flora microbiana sensível a ele é possível preversua utilização. Para a avaliação desse potencial alguns métodos têm sido propostos, emboranão haja nenhuma padronização, o que dificulta a reprodutibilidade dos experimentos. Essadificuldade está relacionada às características que os óleos essenciais apresentam, tais como,volatilidade, complexidade e hidrofobicidade. Nesse sentido, visando à otimização da técnicade difusão em disco, este estudo comparou a eficiência de emulsificação dos agentes Tween20, Tween 80, DMSO (dimetil sulfóxido) e Propileno glicol no óleo essencial de Hyptispectinata frente ao Streptococcus mutans. Os dados obtidos confirmam o efeito inibitório doóleo. Dos diluentes testados, o Tween 20 e o Tween 80 são os mais indicados para aemulsificação do óleo essencial de Hyptis pectinata.

PALAVRAS-CHAVE: óleo essencial; atividade antimicrobiana; métodos.

ABSTRACT

The use of natural origin products, as the essential oils and rude extracts of plants withspecific therapeutic activity, it has been growing in the area of cosmetics and pharmaceuticalproducts. Because of their characteristics the oils have been presenting potential for thepharmaceutical products elaboration with antibacterial property for that, being taken intoaccount the activity antimicrobial and knowing the sensitive microbial flora to him is possibleto foresee his/her use. For the evaluation of that potential some methods have been proposed,although there is not any standardization, what hinders the reproduction of the experiments.That difficulty is related to the characteristics that the essential oils present such as, volatilitycomplexity and water insolubility. In that sense seeking to the optimization of the diffusiontechnique in disk, this study compared the efficiency of the agents' emulsify Tween 20,Tween 80, DMSO (dimethylsulphoxide) and Propylene glycol in the Hyptis pectinataessential oil front to the Streptococcus mutans. The obtained data confirm the inhibitory effectof the oil. Of the tested diluents, Tween 20 and Tween 80 are the most suitable for theemulsification of the Hyptis pectinata essential oil.

KEY WORDS: essential oil; antimicrobial activity, methods.

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94Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

1. INTRODUÇÃO

Relatos a respeito da utilização de plantas com aplicações terapêuticas datam

desde o início da civilização. No entanto, somente nos últimos anos, o consumo de ervas

medicinais como alternativa no tratamento de algumas doenças tem crescido gradualmente e

de forma considerável, isso decorre, principalmente, das terapias naturais, através do uso de

compostos de plantas com finalidades farmacêuticas (RIBEIRO, 1996; PEREIRA, 2004).

Vários estudos têm sido propostos para investigar as propriedades farmacológicas

dos diversos produtos de origem vegetal, a exemplo dos extratos e dos óleos essenciais. Em

particular, os óleos têm se apresentado como base de muitas aplicações farmacêuticas e

terapias alternativas médicas (MISHRA; DUBEY, 1994; JONES, 1996; LIS-BALCHIN;

DEANS, 1997).

Os óleos essenciais são metabólitos orgânicos, de origem vegetal, com

características voláteis, refringentes, lipossolúveis, geralmente aromáticos de odor

característico e de composição heterogênea. Algumas de suas propriedades têm sido descritas,

destacando as seguintes: antiviral, antiespasmódica, analgésica, antimicrobiana, cicatrizante,

expectorante, relaxante, anti-séptica das vias respiratórias, vermífuga e antiinflamatória

(MARTINS, 1998).

Existe um considerável interesse pelo desenvolvimento de métodos confiáveis para

avaliação e comparação das diversas propriedades dos óleos essenciais, dentre elas destaca-se

a ação antimicrobiana (MANN; MARKHAM, 1998).

As técnicas mais utilizadas para a determinação da atividade bactericida ou

fungicida dos óleos essenciais se fundamentam de acordo com a necessidade ou não de

dispersão homogênea em água. Uma técnica que não requer a dispersão homogênea em água

é a técnica em ágar, que utiliza discos, furos ou cilindros como reservatório, ou ainda, discos

como fonte de vapor. As técnicas que requerem uma dispersão homogênea em água são

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95Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

chamadas de técnicas de diluição e são usadas para determinar a CIM (concentração inibitória

mínima) ou a CBM (concentração bactericida mínima). Os estudos sobre a técnica em ágar, a

baixa solubilidade dos óleos essenciais geraram uma das menores zonas de inibição, o que

aumenta, significativamente, as chances de resultados falso-negativos (JANSSEN;

SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987).

Os testes de difusão, nos quais o agente é aplicado em furos feitos no ágar ou no

centro de um disco de papel em uma placa com ágar semeada com os microrganismos testes,

são inadequados para testar óleos essenciais, uma vez que seus componentes não são

miscíveis em água. Quando antimicrobianos não solúveis em água são testados, se faz

necessária adição ao meio testado de um emulsificante ou solvente, que garanta o contato

entre o microrganismo teste e o agente durante o experimento. O mesmo princípio deve ser

obedecido quando da utilização de óleos essenciais, uma vez que, o direto envolvimento de

um organismo teste é um importante fator na determinação da atividade antibacteriana e

antifúngica da substância. Para a realização de testes antimicrobianos, os agentes

emulsificantes mais utilizados são o Tween 80, Tween 20 e DMSO (dimetil sulfóxido).

Alguns agentes, entretanto, podem causar mudanças nas propriedades físico-químicas do

sistema testado, resultando em aumento ou redução da atividade antimicrobiana (CARSON;

HAMMER; RILEY, 1995).

Com vista na otimização dos resultados experimentais durante a avaliação da

atividade antimicrobiana de óleos essenciais, o objetivo deste estudo foi comparar a eficiência

de emulsificação dos agentes Tween 20, Tween 80, DMSO (dimetil sulfóxido) e Propileno

glicol no óleo essencial de Hyptis pectinata em teste de difusão em disco frente ao

Streptococcus mutans.

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96Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

2. CASUÍSTICA E MÉTODOS

2.1 PRODUÇÃO DA AMOSTRA.

Foram selecionados, para coleta de saliva, 10 pacientes voluntários adultos de

ambos os gêneros, atendidos no Ambulatório de Odontologia do Hospital Universitário/UFS,

seguindo os critérios citados no Quadro 1.

Quadro 1 – Critérios para participação de voluntários

• Indivíduos adultos (18 a 50 anos de idade);

• Serem mutans-milionários (> 106 UFC/mL), após o processamento da saliva;

• Sem evidências clínicas de gengivite e periodontite;

• Presença de no mínimo 70% de dentes na arcada dentária, (20 dentes presentes);

• Não serem portadores de rinite e sinusite;

• Maior homogeneidade possível quanto à dieta;

• Cooperação e habilidade durante a coleta da saliva;

• Assinatura do termo de Consentimento Livre Esclarecido do Comitê de Ética;

• Não serem fumantes, alcoólatras, imunodeprimidos e desnutridos;

• Não serem portadores de dentaduras parciais e aparelhos removíveis;

• Foram excluídas as gestantes e as mulheres que fazem uso de medicaçãocontraceptiva;

• Excluídos os indivíduos sob terapia com antibióticos, antiinflamatórios eantifúngicos locais (na cavidade bucal) ou sistêmicos.

Fonte: (PITTEN; KRAMER, 1999; adaptado).

As amostras de saliva foram coletadas no período entre sete e nove horas da

manhã, em jejum e sem escovação. De cada voluntário, um volume de cerca de 2 mL de

saliva foi depositado em tubos de ensaios estéreis e transportado em gelo até o Laboratório de

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97Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

Microbiologia Aplicada da Universidade Federal de Sergipe, onde foi imediatamente

processado.

2.2. ISOLAMENTO DO Streptococcus mutans.

As amostras foram homogeinizadas e diluídas em solução salina na escala de 10-1 a

10-3. Com auxílio de “swabs” estéreis, os inóculos foram semeados em placa de Petri

contendo ágar Mitis salivarius, suplementado com 20% de sacarose e 0,2 UI/mL de

bacitracina (GOLD; JORDAN; van HOUTE, 1973). Em seguida, foram incubados a 37°C,

por 72 horas em condições de microaerofilia. Realizaram-se leituras de 24, 48 e 72 horas. As

colônias que apresentaram as características morfológicas típicas das colônias de

Streptococcus mutans (convexas, opacas, com aparência de vidro esmerilhado) foram

repicadas para tubos contendo meio de cultura ágar triptona soja enriquecido com sangue, e

estocadas em freezer a –80°C.

Foram testadas nove cepas clínicas de Streptococcus mutans e duas cepas padrão

ATCC N° 10449 e 25175.

Todo o experimento foi realizado em duplicata e em capela de fluxo laminar.

2.3. ÓLEO ESSENCIAL - Hyptis pectinata (L.) Poit.Lamiaceae.

� Registro no Herbário da UFS: 7454

� Data de colheita: Março/2004

� Teor: Os teores foram estimados com base no peso da matéria seca (0,5mL/100g1) e

obtidos utilizando-se três amostras de 75g de folhas secas.

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98Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

2.3.1. Colheita da planta.

As plantas foram obtidas no Campus Rural da UFS localizado no município de

São Cristóvão-SE. A colheita foi realizada três meses após o plantio, em março de 2004. As

folhas foram secas em estufa a 40°C, até peso constante.

2.3.2. Extração, análise e identificação do óleo essencial:

A extração do óleo essencial foi realizada no Laboratório de Fitotecnia do

Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe (UFS) pela

técnica de hidrodestilação em aparelho do tipo Clevenger onde foi obtido além do óleo o

hidrolato (GUENTHER, 1972). Amostras dos óleos foram analisadas utilizando-se

cromatografia gasosa em equipamento Shimadzu QP5050A interfaceada com espectrômetro

de massa (CG/EM) dotada de: coluna capilar DB-5 (30m x 0,25mm x 0,25µm) conectado em

um detector operando em impacto eletrônico a 70V; gás de arraste Hélio (fluxo 1 mL/min) e

programação: 80oC (1 min), 3oC/min, 180oC (0 min), 10oC/min, 300oC (3 min), tipo de

injeção split 1:100. Os cálculos dos índices de retenção foram feitos através da co-injeção de

n-alcanos. A identificação dos constituintes do óleo essencial foi efetuada baseada nos

índices de retenção (ADAMS, 1995) e pela comparação do espectro de massa com o banco

de dados da biblioteca NIST21 e NIST107. A concentração dos constituintes foi calculada a

partir da área de pico do CG e arranjado em ordem de eluição (Tabela 1).

Durante e após as análises o óleo foi estocado em frascos âmbar estéreis a

temperatura de -4°C.

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99Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

Tabela 1 - Constituintes químicos do óleo essencial de Hyptis pectinataPico No TR

(min)Composto (%) IRR exp.* IRR lit.**

1 4.050 �-Pineno 1.39 937 9392 4.700 1-Octen-3-ol 2.23 975 9783 4.817 �-Pineno 6.95 982 9804 5.867 Limoneno 2.06 1030 10315 7.550 Linalol 1.54 1099 10986 16.375 �-Copaeno 2.40 1381 13767 16.867 �-Elemeno 2.15 1396 13918 17.800 Cariofileno 18.34 1425 14189 18.900 �-Cariofileno 1.50 1459 1454

10 19.758 Germacreno-D 3.07 1486 148011 20.050 Guaieno 3.76 1495 149012 20.258 Biciclogermacreno 1.49 1502 149413 20.525 �-Bisaboleno 1.17 1510 150914 20.758 �-Cadineno 1.75 1518 151315 21.025 Trans-Calameno 2.40 1527 153216 21.958 Epi-Longipanol 1.07 1558 156117 22.708 Globulol 1.24 1583 158318 22.892 Òxido de Cariofileno 18.00 1589 158119 23.683 Não identificado 1.17 1618 -20 23.833 Cubenol 1.66 1621 161421 25.767 Não identificado 24.68 1687 -

* IRR exp. = Indice de retenção relativo aplicando a equação de Van den Dool, H. e Kratz,P.D., J. Chrom., 1963, 11, 463.

** Adams, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatograpy/massspectroscopy. Illinois USA: Allured Publishing Corporation, Carol Stream, 1995.

2.4 TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE in vitro.

2.4.1 Padronização do inóculo.

Foram preparadas suspensões celulares, transferindo-se as células com 24h de

cultivo do meio de ágar Mitis salivarius para tubos contendo salina estéril. Utilizando a escala

de MacFarland ajustou-se a suspensão celular para a turvação padrão 0,5, que equivale 1,5 x

108 UFC/mL (BIER,1981).

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100Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

2.4.2. Teste de difusão em disco.

A atividade antimicrobiana foi verificada adaptando o método do NCCLS (M44-P,

2003) utilizando discos de papel de filtro estéreis. Os discos foram dispostos individualmente

em fileiras sobre tela de nylon estéril, de forma que não houvesse contato entre eles, sendo

adicionados em discos diferentes (ao centro de cada um) 20 µL de cada solução a ser testada

(Quadro 2) esperando sua secagem para o uso (JÚNIOR; MARTINS, 2004).

A suspensão celular foi inoculada por espalhamento em placa contendo meio ágar

Mitis salivarius. Após a secagem da suspensão no meio, foram adicionados os discos (5mm)

contendo as soluções conforme Quadro 2. As placas foram incubadas por 72h em

microaerofilia, sendo realizadas leituras após 24, 48 e 72h.

Quadro 2 – Soluções-controle e Soluções-teste utilizadas no ensaio.

• Periogard-solução bucal de clorexidina a 0,12%, fabricada pela Colgate-Palmolive� (controle positivo).

• Listerine-antisséptico bucal fabricado pela Warner Lambert� (controlepositivo).

• Óleo de canola solução em Tween 80 a 1%, Tween 20 a 1%, DMSO a 1% ePropileno glicol a 1% (controle negativo).

• Óleo essencial de Hyptis pectinata nas concentrações de 400mg/mL e600mg/mL de solução em Tween 80 a 1%, Tween 20 a 1%, DMSO a 1% ePropileno glicol a 1%(solução-teste).

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101Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado montado em

esquema fatorial cinco (diluentes) x dois (concentrações), com duas repetições para cada

tratamento. Os dados foram expressos como médias. Foi aplicado o teste t para detecção de

diferenças de médias entre os tratamentos, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. Foi

utilizado o programa ASSISTAT versão 7.2 beta 2004.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a verificação da atividade antimicrobiana de óleos essenciais através do método

de difusão em disco tem sido sugerida a utilização de diluentes que possibilitem uma melhor

interação entre o óleo e o microrganismo teste, podendo essa interação ser avaliada pelo

tamanho do halo de inibição. Dentro dessa proposta, os diluentes Tween 80, Tween 20 e o

DMSO são os mais utilizados (REMMAL et al., 1993; CARSON; RILEY, 1993; HOOD;

WILKINSON; CAVANAGH, 2003).

No teste antimicrobiano de difusão em disco, realizado com óleo essencial de Hyptis

pectinata nas concentrações de 400mg/mL e 600mg/mL em solução de Tween 80 a 1%,

Tween 20 a 1%, DMSO a 1% e Propileno glicol a 1% (solução-teste), foi verificada a

presença de halos de tamanho semelhantes entre si e ao controle positivo em todas as

soluções-teste analisadas frente ao S. mutans (Tabela 2). Quando os mesmos diluentes foram

testados em associação com o óleo de canola (selecionado por apresentar propriedades físicas

similares à maioria dos óleos), reconhecidamente inerte microbiologicamente, (HOOD;

WILKINSON; CAVANAGH, 2003). As culturas de S. mutans cresceram sem qualquer

inibição, indicando que nenhum dos diluentes aqui testados apresentou atividade

antimicrobina per si, não potencializando, portanto, a ação antimicrobiana do óleo. A

possibilidade da ação sinérgica entre o óleo essencial e o diluente utilizado foi relatada por

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102Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

vários autores (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987; CARSON;

HAMMER; RILEY, 1995; MANN; MARKHAM, 1998; HOOD; WILKINSON;

CAVANAGH, 2003).

Tabela 2 – Diâmetro (mm) do halo de inibição de S. mutans produzido pelo óleo essencial de Hyptispectinata suspenso em diluentes diversos (DMSO, Tween 20 e 80 e Propileno glicol) através dométodo de difusão em disco.Diluente Concentração

de ÓleoCEPAS TESTADAS - HALO (mm)*

S-53.2 S-60 S-57 S-54 S-55 S-56 S-58 10449ATCC

25175ATCC

S-64 S-54.2

400mg/mL 9 15,5 11 13,5 14 13,5 11,5 15 17,5 12,5 13,5DMSO 600mg/mL 11 14,5 14,5 15 14 15,5 12,5 11,5 15,5 14,5 15

400mg/mL 11 14 15,5 17 14 14,5 12,5 15,5 16 11,5 14,5Tween 20 600mg/mL 12 14,5 16 17 14 15,5 11,5 16 15 16,5 15,5

400mg/mL 11,5 16 14,5 12 10,5 18 17 14 13 11 15Tween 80 600mg/mL 12 17 16 14 12 18 18,5 16 14 10 20

400mg/mL 13 12 12,5 13 15 18,5 10,5 12 13 11,5 12Propilenoglicol 600mg/mL 13,5 10,5 11 14 14 18,5 11 12 14 12,5 11,5

ControlesClorexidina

13,5 15 13,6 14 13 15,5 16 13,5 15 15 16,5

Listerine - - - - - - - - - - -Óleo decanola**

- - - - - - - - - - -

*Os halos foram calculados a partir de uma média de duas placas.** Óleo de canola suspenso nos diluentes supracitados.(-) não houve halo de inibição.

Com o tratamento estatístico (Tabela 3), observou-se que as médias dos halos de

inibição obtidos a partir das soluções-teste utilizando os diluentes Tween 80 e Tween 20, não

diferem estatisticamente entre si e ao controle positivo. Com efeito, estes diluentes se

apresentaram como os melhores emulsificantes para o óleo essencial de Hyptis pectinata. O

DMSO mostrou diferença estatisticamente significante, embora os halos produzidos sejam

insignificantes quando comparados ao Tween 20, ao Tween 80 e à clorexidina (controle

positivo). Já o propileno glicol, foi estatisticamente considerado, o diluente de menor

qualidade.

A variação nas concentrações (400mg/mL e 600mg/mL) do óleo não apresentou

diferença estatística, demonstrando que a capacidade de emulsificação do diluente não foi

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103Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

reduzida com o aumento da concentração do óleo. Concomitantemente, a atividade

antimicrobiana do óleo essencial não foi potencializada com a diminuição da concentração do

óleo, o que seria uma possibilidade, uma vez que, com a diminuição da concentração

(400mg/mL) do óleo o diluente poderia emulsificá-lo de forma mais eficiente.

Tabela 3 – Médias dos diâmetros (mm) dos halos de inibição de S. mutans produzidos peloóleo essencial Hyptis pectinata suspenso em diversos diluentes (Tween 80, Tween 20, DMSOe Propileno glicol) através do método em disco.

Diluentes Halo de inibição (mm)

Tween 80 14.55 aTween 20 14.50 a

DMSO (dimetil sufóxido) 13.64 a bPropileno glicol 12.98 b

Controle positivoClorexidina 14.60 a

As médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si no teste de t aonível de 5% de probabilidade.

4. CONCLUSÃO

� O óleo essencial de Hyptis pectinata apresenta atividade anti Streptococcus

mutans semelhante à clorexidina.

� Dos diluentes testados, o Tween 20 e o Tween 80 são os mais indicados

para a emulsificação do óleo essencial de Hyptis pectinata.

� Dentre os diluentes testados, o propileno glicol apresenta capacidade de

solubilização inferior.

� Nas condições teste, nenhum dos diluentes testados pontencializa a ação

antimicrobiana do óleo essencial de Hyptis pectinata.

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104Avaliação de Diluentes Usados para Óleo Essencial em Testes de Difusão em Disco

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106

CAPÍTULO IV

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS:Uma abordagem multifatorial dos métodos

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107Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS:Uma abordagem multifatorial dos métodos

RESUMO

Os dados colhidos da literatura sobre a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais sãotratados de um ponto de vista experimental e consideram uma possível aplicação clínica dosóleos. Com intuito de verificar a variação entre os experimentos sobre eficácia antimicrobianados óleos essenciais, realizou-se um levantamento bibliográfico. Os testes e avaliações daatividade antimicrobiana dos óleos essenciais são dificultados pela volatilidade do óleo, suainsolubilidade em água e sua complexidade. Uma maior atenção deve ser dada a quatrofatores quando se trabalha com óleos essenciais: a técnica usada, o meio de crescimento, omicrorganismo teste e o óleo essencial testado. Os resultados obtidos na literatura com relaçãoaos testes de óleos essenciais para atividade antimicrobiana são difíceis de se comparar. Osmétodos usados diferem largamente e fatores importantes que influenciam os resultados sãofreqüentemente negligenciados. Assim, diante deste levantamento, concluiu-se airreprodutibilidade dos experimentos.

PALAVRAS-CHAVE: óleo essencial; atividade antimicrobiana.

ABSTRACT

The given data of the literature on the antimicrobial activity of the essentials oils are treated ofan experimental point of view and they consider a possible clinical application of the oils.With intention of verifying the variation among the experiments on antimicrobialeffectiveness of the essential oils, a bibliographical rising was made. The tests and evaluationsof the antimicrobial activity of the essentials oils are hindered by the volatility of the oil, itsinsolubility in water and its complexity. A larger attention should be given to four factorswhen we work with essential oils: the technique used, the growth medium, the testedmicroorganism and the essential oil tested. The results obtained in the literature regarding thetests of essential oils for activity antimicrobial are difficult to compare. The used methodsdiffer broadly and important factors that influence the results are frequently neglectful. Likethis, before this rising, the irreproductibility of the experiments was ended.

KEY WORDS: essential oil; antimicrobial activity.

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108Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

INTRODUÇÃO

Óleos e extratos de plantas há muito tempo têm sido base para diversas aplicações

na medicina popular, entre elas, como antimicrobianos e anti-sépticos tópicos. A luz desta

importância levou a diversas investigações científicas, com intuito de se confirmar a atividade

antimicrobiana dos óleos essenciais (JANDOUREK; VAISHAMPAYAN; VAZQUEZ, 1998;

ARWEILER et al., 2000; FINE et al., 2000; PAN et al., 2000; CLAFFEY, 2003;

SEYMOUR, 2003; BENKEBLIA, 2004; REHDER et al., 2004).

Para tanto, têm-se buscado métodos in vitro confiáveis capazes de serem

reproduzidos e validados. Contudo, isso tem sido dificultado devido às peculiaridades que os

óleos apresentam, tais como: volatilidade, insolubilidade em água e complexidade,

características que interferem significativamente nos resultados, por isso, em testes de

susceptibilidade antimicrobiana, deve-se levar em consideração a técnica usada, o meio de

crescimento, o microrganismo teste e o óleo essencial testado. Nesse contexto, o presente

estudo realizou um levantamento bibliográfico a respeito dos métodos utilizados para testes

de avaliação antimicrobiana de óleos essenciais.

Testes de susceptibilidade in vitro.

O ressurgimento do interesse nas terapias naturais e o crescimento da demanda de

consumo por produtos naturais efetivos e seguros requerem mais dados sobre os óleos e

extratos de plantas (MANCINI; HANAI, 1991; MISHRA; DUBEY, 1994; JONES, 1996;

LIS-BALCHIN; DEANS, 1997). Vários estudos têm apontado algumas propriedades dos

óleos, destacando as seguintes: antiviral, antiespasmódica, analgésica, antimicrobiana,

cicatrizante, expectorante, relaxante, anti-séptica das vias respiratórias, vermífuga e

antiinflamatória. (MARTINS, 1998).

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109Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

Nos ensaios sobre a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais in vitro é

possível verificar uma variedade de metodologias propostas, o que torna a comparação entre

esses estudos problemática (MITSCHER et al., 1987; HAMMER; CARSON; RILEY, 1999).

Os métodos comumente usados são o de difusão em disco, difusão utilizando

pocinhos feitos no ágar, diluição em ágar e diluição em caldo para determinação da

concentração inibitória mínima - CIM (MANN; MARKHAM, 1998; SOUZA et al., 1998;

ASEKUN; EKUNDAYO; ADENIYI, 1999; TAKAISI-KIKUNI; TSHILANDA; BABADY,

2000; CANILLAC; MOUREY, 2001; HAZNEDAROGLU; KARABAY; ZEYBEK, 2001;

CIMANGA et al., 2002; JUTEAU et al., 2002; SHAFI et al., 2002; NOSTRO et al., 2004).

Os resultados obtidos por cada um desses métodos podem diferir devido a fatores como as

variações entre os testes, a exemplo do crescimento microbiano, exposição de microrganismos

ao óleo, a solubilidade do óleo ou de seus componentes e o uso e quantidade de emulsificante

(HAMMER; CARSON; RILEY, 1999; LAMBERT et al., 2001; OPALCHENOVA;

OBRESHKOVA, 2003; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003).

Os testes de avaliação antimicrobiana são padronizados pela NCCLS (National

Committee for Clinical Laboratory Standards) e desenvolvidos para analisar agentes

antimicrobianos convencionais como os antibióticos. Nos testes de atividade antimicrobiana

de óleos essenciais a metodologia proposta pelo NCCLS não pode ser seguida à risca, devido

às propriedades químicas que estes apresentam. Dessa forma, feitas modificações esses

métodos podem ser usados em algumas situações. Na maioria dos estudos, as zonas de

inibição formadas pelos óleos são comparadas com aquelas obtidas pelos antibióticos, no

entanto, é importante destacar que esses resultados não devem ser simplesmente comparados,

pois as particularidades apresentadas pelos óleos, bem como, outras variáveis (técnica usada,

o meio de crescimento, o microrganismo teste) devem ser levadas em consideração

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110Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

(CARSON; HAMMER; RILEY, 1995; CHRISTOPH; KAULFERS; STAHL-BISKUP, 2000;

JÚNIOR; MARTINS, 2004; NOSTRO et al., 2004; SAEED; SABIR, 2004).

As substâncias normalmente testadas pelos métodos propostos pelo NCCLS têm

natureza hidrofílica e os testes são otimizados para esta condição. Nos ensaios com óleos

essenciais essa característica é inadequada para verificar a atividade antimicrobiana, uma vez

que os óleos são voláteis, insolúveis em água, viscosos e complexos, além disso, formam uma

suspensão túrbida que impede a determinação visual da eficácia antimicrobiana do óleo,

devido à interferência da dissolução insuficiente dos componentes testados, sendo assim, a

falta de padronização dos testes de susceptibilidade antimicrobiana tem sido um dos

empecilhos encontrados para a realização desse tipo de estudo (HAMMER; CARSON;

RILEY, 1996; SMITH; NAVILLIAT, 1997; HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003).

Outro problema observado é a difusão dos componentes lipofilícos dos óleos,

quando se utiliza a técnica de difusão em ágar, pois resulta em concentrações desiguais do

óleo no ágar causando a formação de regiões variáveis de atividade antibacteriana e,

finalmente, a determinação de um número de bactérias viáveis remanescentes após a adição

do óleo. Desta forma, acredita-se que os métodos não permitem a reprodução de resultados

que expressem a realidade e, por isso, são incapazes de comparar diretamente a verdadeira

atividade dos óleos (HOOD; WILKINSON; CAVANAGH, 2003; SETZER et al., 2004;

SOKMEN et al., 2004).

Visando a otimização dos procedimentos com óleos essenciais, tornou-se comum

à dispersão dos mesmos através do meio de crescimento, usando um solvente, detergente, ou

agente emulsificante, os mais utilizados são: Tween 20, Tween 80, DMSO (dimetil sulfóxido)

e etanol (GROPPO et al., 2002; BAYDAR et al., 2004; BRUNI et al., 2004). As propriedades

físicas e químicas das dispersões usadas são importantes para observar a atividade

antimicrobiana dos óleos, no entanto, deve-se levar em consideração que ao se introduzir um

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111Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

agente emulsificante, este está sujeito a possíveis interações com a substância em teste, bem

como, possuir atividade antimicrobiana. Esses efeitos podem ser acentuados ou minimizados

a depender do modo de preparo da solução óleo-agente emulsificante. Por isso, preconiza-se

uma relação adequada entre óleo e dispersante. (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM

SVENDSEN, 1987; REMMAL et al., 1993; SHAPIRO; MEIER; GUGGENHEIM, 1994;

HAMMER; CARSON; RILEY, 1999).

A interferência do agente dispersante na susceptibilidade da bactéria ao óleo

essencial pode ser explicada devido a possível influência que este exerce sobre o crescimento

bacteriano e/ou a alteração da permeabilidade da membrana celular. Os emulsificantes podem

agir antagonicamente ou sinergeticamente aos componentes ativos do óleo. Altas

concentrações de Tween, por exemplo, podem aumentar a atividade antibacteriana

determinando resultados falso-positivos ou reduzindo a bio-atividade do óleo, esse último

efeito é, possivelmente, causado pela formação de micelas que dificultaria o contato direto do

óleo com os microrganismos (REMMAL et al., 1993; COX; MANN; MARKHAM, 2000;

TAKARADA et al., 2004). Para minimizar esses efeitos, alguns autores propuseram que os

dispersantes Tween 20, 80 e outros detergentes sejam utilizados em concentrações que variem

entre 0.5 a 20% em solução com óleo. Ou ainda, para o Tween 80, preconiza-se uma

concentração de 0.02% a fim de se otimizar o método de diluição em caldo na determinação

da concentração inibitória mínima - CIM, estando os valores desta relacionados ao agente

dispersante usado (REMMAL et al., 1993; CARSON; RILEY, 1993; HOOD; WILKINSON;

CAVANAGH, 2003).

Outros elementos podem interferir nos valores apresentados pelo CIM obtido em

métodos de difusão e diluição, como: no tempo de incubação, nas formulações de ágar, nos

volumes das substâncias testadas e na interferência da emulsão óleo-água (CARSON;

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112Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

HAMMER; RILEY, 1995; CARSON et al., 1995; MANN; MARKHAM,1998; HAMMER;

CARSON; RILEY, 1999).

Existe um crescimento da demanda para aumentar o conhecimento sobre os CIMs

dos óleos essenciais gerando um equilíbrio sensível entre aceitabilidade e a eficácia

antimicrobiana. Isto pode ser testado com estudos in vitro e in vivo. Os métodos podem ser

divididos em grupos como difusão, diluição, impedância e densidade ótica (TASSOU;

KOUTSOUMANIS; NYCHAS, 2000). Entre esses, a diluição provou ser o método de

maiores resultados quantitativos, enquanto dados obtidos a partir da difusão em placa de petri,

constitui em um método qualitativo, por isso, esses métodos (diluição e difusão) não são

necessariamente comparáveis. Os resultados obtidos por cada um desses métodos podem

diferir devido a fatores como as variações entre os testes. Na técnica de difusão em disco e em

ágar a vantagem é limitada na geração de dados preliminares, somente dados qualitativos,

como a natureza hidrofóbica da maioria dos óleos essenciais e extrato de plantas, impedem a

difusão uniforme destas substâncias através do meio contendo ágar. Algumas das condições

propostas neste modelo foram checadas para sua validação, concluindo que os testes são

muitas vezes impraticáveis (SKANDAMIS; TSIGARIDA; NYCHAS, 2000).

Variação dos microrganismos e óleos essenciais testados.

Estudos da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais, em sua maioria, não

fornecem detalhes sobre a quantidade, o tipo de microrganismo utilizado e o espectro desta

atividade, dificultando sua reprodutibilidade e a comparação dos dados. Dessa forma,

sugerem que a avaliação do efeito antibacteriano e antifúngico dos óleos essenciais seja

realizada com isolados múltiplos para cada espécie testada (HAMMER; CARSON; RILEY,

1999; KHALLOUKI et al., 2000; CHANG, S. -T; CHEN; CHANG, S. -C, 2001;

KARAMAN et al., 2001; HAMMER et al., 2003).

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113Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

Outro fator importante a ser considerado para validar o efeito antimicrobiano do

óleo é o conhecimento das particularidades de cada microrganismo, bem como do óleo a ser

analisado. Em experimentos com fungos, por exemplo, deve-se levar em conta o tempo de

incubação, uma vez que este acontece em torno de dois a quinze dias, podendo interferir no

diâmetro de inibição para alguns óleos, esse fato pode ser atribuído à decomposição ou

evaporação pela volatilidade dos óleos durante o período de teste (JANSSEN; SCHEFFER;

BAERHEIM SVENDSEN, 1987; BASIM E.; BASIM H., 2003; MALELE et al., 2003).

Em relação às particularidades do óleo, algumas pesquisas a respeito de sua

composição mostram que mesmo variações genéticas dentro de uma espécie podem alterar o

teor do princípio ativo. Ademais, outros fatores, como clima, solo, época e forma de plantio,

adubação, uso de agrotóxicos, irrigação, tempo e condições ambientais, proveniência do

material da planta (fresco ou seco), técnica de extração, fonte botânica, tratos culturais e

colheita e padrões de variação geográfica (latitudes e longitudes) afetam na variabilidade

química dos óleos, levando, por exemplo, a alterações na atividade bacteriana (LACERDA,

1999; LAMBERT et al., 2001; AZEVEDO et al., 2002; RASOOLI; MIRMOSTAFA, 2002;

BASSOLE et al. 2003; OPALCHENOVA; OBRESHKOVA, 2003).

A atividade antimicrobiana de um mesmo óleo pode ser às vezes bem diferente.

Para uma espécie em particular, por exemplo, os valores de CIM determinados para óleos

essenciais de quimiotipos de Thymus vulgaris diferem quando se usam outras linhagens de um

mesmo microrganismo (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM SVENDSEN, 1987).

O volume e a concentração dos óleos são parâmetros que também devem ser

observados na avaliação do efeito antimicrobiano, pois podem afetar os resultados do sistema-

teste. Nos experimentos com óleos essenciais utilizando-se pocinhos, um certo volume

mínimo de óleo é necessário para se observar alguma inibição. Existe ainda um volume

ótimo, além do qual nenhum crescimento maior dentro do diâmetro de inibição pode ocorrer.

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114Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

Entretanto, a significância destes volumes na descrição da atividade antimicrobiana de um

óleo essencial não é conhecida. Quando cilindros e discos de diâmetros similares são usados

para o mesmo óleo, diâmetros de inibição iguais são encontrados. Isto é imprescindível

porque a aplicação de volumes difere largamente (JANSSEN; SCHEFFER; BAERHEIM

SVENDSEN, 1987).

CONCLUSÃO

Existem vários métodos descritos na literatura para mensurar a atividade

bactericida e bacteriostática dos óleos essenciais. Entretanto, as pesquisas sobre a atividade

antimicrobiana desses produtos têm sido dificultadas pela ausência de métodos padronizados,

fazendo com que a comparação entre os estudos seja praticamente impossível, além de

incapacitar sua reprodutibilidade. Os métodos usados diferem largamente e fatores

importantes que influenciam os resultados são freqüentemente negligenciados. Em estudos

futuros, deve-se, por exemplo, mencionar o número da linhagem do microrganismo testado, o

tempo de exposição do microrganismo ao óleo essencial, uso e quantidade de emulsificante,

revelar a composição do óleo essencial ou descrever precisamente as condições em que ele foi

obtido. Sem um método padrão confiável é praticamente impossível elucidar a verdadeira bio-

atividade, o potencial terapêutico e a utilidade clínica dos óleos essenciais, bem como fazer

uma comparação direta entre eles.

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115Atividade Antimicrobiana dos Óleos Essenciais

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120

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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121

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O papel do biofilme bacteriano como fator para o desenvolvimento das doenças

bucais como a cárie dentária e a gengivite é reconhecido pela comunidade de dentistas. Maior

ênfase é dada à prevenção da forma precoce dessas doenças, e na prevenção da progressão

destas para formas mais destrutivas de periodontite. As abordagens sobre a prevenção foram

centradas na conscientização crescente das pessoas sobre a necessidade da manutenção dos

níveis adequados de higiene oral e na pesquisa dirigida para a avaliação de métodos químicos

de redução e inibição do biofilme. A utilização de agentes seguros, efetivos e

antimicrobianos, oferece uma abordagem para redução da incidência mundial das doenças

bucais.

A pesquisa farmacológica de plantas medicinais é necessária diante das suas

capacidades terapêuticas e da sua larga utilização. Dessa maneira, é primordial o estudo

científico das plantas para distinguir e selecionar aquelas que apresentam propriedades ativas

e dotadas de razoável grau de segurança, aumentando o arsenal terapêutico disponível no

atendimento médico/farmacêutico em saúde pública.

A relevância da eficácia dos produtos antibiofilme para a manutenção da saúde bucal

juntamente com o potencial terapêutico das plantas justifica a necessidade de realização de

experimentos.

Dentro do contexto, esta Dissertação de mestrado conseguiu alcançar o objetivo

proposto ao demonstrar, in vitro, que o tratamento com óleo essencial de Hyptis pectinata

frente a odontopatógenos é viável. Contribuiu, ainda, com um levantamento consistente

acerca das técnicas utilizadas, buscando definir as mais confiáveis para avaliação e

comparação das propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais. Proveu evidências

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122Considerações Finais

adicionais de que a definição adequada do diluente pode favorecer a emulsificação do óleo

contribuindo para uma melhora na atividade antimicrobiana.

Considerando que as plantas medicinais levam em seu bojo a possibilidade de

aproveitamento da planta “in natura” e/ou preparados simples obtidos a partir dela, tais

abordagens surgem como um caminho viável para a produção de medicamentos a baixo custo

e acessíveis à maior parte da população mundial.

A Hyptis pectinata, pode representar uma opção para a manutenção da higiene oral

como uma alternativa promissora no controle do biofilme, além e acima de eliminação direta

da bactéria, que pode ter relevância clínica.

Esse é um dos aspectos que merece atenção especial, principalmente no contexto

da implementação de Programas de Plantas Medicinais com a finalidade de viabilizar não só

as pesquisas e divulgação, mas também, a produção de medicamentos.

É clara a necessidade do estudo de plantas que são utilizadas pela medicina

popular, e podem ser empregadas no arsenal terapêutico, isso somado ao fato de que o uso de

plantas medicinais é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como forma

de ampliar: os programas de saúde pública, o número de beneficiários, a capacidade de

atendimento farmacêutico e a formação de multiplicadores.

Estamos no início de um novo século e já é chegado o momento de refletir sobre o

caminho da odontologia em relação ao seu importante papel na promoção saúde bucal da

população, permitindo uma mudança no paradigma da profissão odontológica. A odontologia

moderna está praticamente voltada para a prevenção, pois, sem dúvida, esse é o único

caminho para a saúde em latu sensu.

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APÊNDICES

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124

APÊNDICE 1

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _____________________________________________________, portador(a) da Carteira

de Identidade de número: ____________________, autorizo a odontológa Paula Frassinetti

Coelho Nascimento, a examinar minha cavidade bucal , bem como a coleta da saliva e

execução de exames microbiológicos. Além disso, autorizo a realização de fotografias e

utilização dos dados coletados para a elaboração de trabalhos científicos, apresentações em

seminários, reuniões científicas, jornadas, congressos e a publicação em revistas e periódicos

odontológicos.

Aracaju, ____/____/______

____________________________________________Paciente

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125

APÊNDICE 2�

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ANEXO

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ANEXO