patrimônio da comunidade

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www.damayaespacocultural.art.br nº20 Informe Comercial 18/07/2014 BAGÉ-RS Brasil Sexta-Feira “(...) Eu quero achar-me, Negrinho! (Diz que você acha tudo!) Ando tão longe, perdido... Eu quero achar-me, Negrinho: A luz da vela me mostre O caminho do meu amor. (...)” Augusto Meyer Negrinho do Pastoreio, ILUMINAI BAGÉ EM SEUS 203 ANOS

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Nº20

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www.damayaespacocultural.art.br

nº20

Informe Comercial

18/07/2014

BAGÉ-RSBrasilSexta-Feira

“(...) Eu quero achar-me, Negrinho!(Diz que você acha tudo!)Ando tão longe, perdido...Eu quero achar-me, Negrinho:A luz da vela me mostreO caminho do meu amor. (...)”

Augusto Meyer

Negrinho do Pastoreio, ILUMINAI BAGÉ EM SEUS 203 ANOS

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

InformeComercial

PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE2

Expediente

Patrimônio da Comunidade é uma publicação especial produzida pelo Da Maya Espaço Cultural em apoio ao Movimento de Resistência à Destruição do Patrimônio Histórico de Bagé.

Endereço Rua General Osório, 572 / Anexo Bagé RS Brasil CEP 96400.100Telefone (53) 3311.1874

www.damayaespacocultural.art.br

Jornalista ResponsávelAngelina Quintana - Reg. Prof. 5305CapaNegrinho do Pastoreio - Cândido Portinari, 1958Projeto GráficoAna Remonti RossiColaboradores Adriana Bozzetto, Armando Teixeira Primo, Catiusa Gomes, Gladimir Aguzzi, Igor SimõesRevisãoThais VinhaisImpressãoGráfica do jornal Zero Hora

Em abril de 2012, no prenúncio de um inverno rí-gido, cheguei a Bagé para iniciar o processo de implantação do curso de Licenciatura em Música da UNIPAMPA, como primeira professora espe-cífica do curso a tomar posse. Trouxe comigo a expectativa de iniciar, sozinha, junto ao grupo de discentes, um curso que tem muito da cidade de Bagé: desde a tradição do Instituto Municipal de Belas Artes – IMBA, palco de nossas aulas práti-cas até março de 2014, bem como inúmeras ou-tras vozes e diversidades musicais da cidade.

A presença significativa e atuação de orquestras e bandas musicais locais, escolares e religiosas, a ocorrência de festivais anuais de música regional e do “Festival Internacional Música no Pampa” (FIMP), a atuação de grupos locais no cenário cul-tural e a existência de compositores e músicos re-conhecidos nesta área, sinalizam todos uma mo-vimentação relevante em torno da presença da música na região de Bagé. Um dos sentidos que podemos aferir para a importância de um curso de Licenciatura em Música para a cidade de Bagé e municípios vizinhos é a necessidade de uma formação profissional que embase, amplie e qua-

lifique os conhecimentos musicais e a prática do-cente de muitos dos acadêmicos do curso que já atuam em diferentes espaços da área. O curso de Música também se mostra relevante para a forma-ção de um olhar atento às novas políticas públicas, visto que a Lei Federal nº 11.769/08 dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de música na Educa-ção Básica. Esse novo cenário exige ações para implementar políticas educacionais para a educa-ção musical no Brasil, reforçando a importância de uma universidade federal como a UNIPAMPA con-tribuir para qualificar profissionais que possam es-tar habilitados para atuarem nessa área. Pelo fato de ser um curso de música, pode-se entender que o trabalho será enfocar a prática musical em suas mais variadas formas: canto coral, prática instru-mental, regência, composição e arranjos musicais, conhecimentos de história da música e da música brasileira, fundamentos teóricos da música.

No entanto, temos também a responsabilidade de proporcionar uma formação aos acadêmicos do curso para que possam atuar no ensino de música compreendendo os desafios e a responsabilidade da docência, o que envolve outras complexidades como pensar, problematizar e refletir sobre a mú-sica na contemporaneidade, atentos ao mundo em que vivemos hoje, e quais sentidos a música constitui e produz em nossa sociedade. Música se faz entre pessoas, o que envolve conhecimentos pedagógicos, metodológicos, sociológicos, psi-cológicos, de pesquisa e fundamentação teórica da área em diálogo com outros campos do saber.

Muitos são os caminhos já trilhados. Hoje o curso de Licenciatura em Música conta com oito docentes efetivos específicos da área e uma professora em processo de tomar posse. Vários instrumentos musicais já chegaram ao campus Bagé, transformando o espaço acadê-mico junto ao som das aulas práticas de instru-mento como flauta doce, violão e piano, canto coral, grupo de percussão, oficinas de prática instrumental e de conjunto. Nosso trabalho de equipe envolve a responsabilidade de construir um curso que vá ao encontro da sociedade de hoje, cientes de que não basta o ensino de mú-sica estar garantido por lei. Esse ensino preci-sa de profissionais competentes, éticos e que respeitem os saberes dos educandos e suas vivências musicais para realizarem uma educa-ção musical significativa tanto na escola quan-to em qualquer outro espaço onde se produza conhecimento. A construção do curso nasceu do desejo e vontade de mostrar que música é mais que “som e silêncio”. A música ocupa distintas funções na vida de todos nós que, se olharmos atentamente, não vivemos sem mú-sica, e não vivemos no silêncio. Muitos, tam-bém, são ainda os caminhos a trilhar. Para isso, somente teremos como limite o céu inspirador da cidade de Bagé.

(*) Coordenadora do Curso de Licenciatura em Música/UNIPAMPA

CURSO DE MÚSICA DA UNIPAMPA: caminhos trilhados e em construção {Profa. Dra. Adriana Bozzetto *

Acreditamos que a poesia liberta. E com base no pensamento sistêmico, onde o desenvolvimento humano alia a ciência à subjetividade das artes e da espiritualidade, recorremos à obra de Augusto Meyer. Para nós, foi o poeta gaúcho que melhor descreveu as belezas da pampa em toda a sua com-plexidade.

Ao completar 203 anos, Bagé clama por luz e a poesia Negrinho do Pastoreio ilumina nossas ações. Afinal, o que está perdido? Sem dúvida, é o amor. Por isso, o Grupo Da Maya através da Cabanha, Genética, Espaço Cultural, Orquestra Filarmônica, Pousada e restaurante Porão cria vida de uma forma interdisciplinar. Assim como nas parcerias com o CIOM e o FIMP. E, do campo à cidade, tentamos produzir com Amor e convidamos a todos para se engajar conosco nesta luta pela vida.

Editorial O caminho do meu amor

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Tiragem5000 exemplares

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 3

Meus queridos, simplesmente renasci pela épo-ca de carnaval como boa carioca, personagem de escola de samba. É mais que sabido e falado que o câncer me acompanhará até o fim da vida e de-pende de mim a vontade de viver.

Mesmo neste mundo atual, com que não con-cordo com a burrice geral de mais da metade da humanidade, não vou desistir. Fui guiada por gente muito boa, além de meu pai e minha mãe. Na pré-adolescência chegou o gaúcho poeta na minha vida. Durante dez anos de ensinos clássi-co e superior, cresci com o pai de minha melhor amiga, Augusto Meyer, que me tinha como uma filha. Fui a primeira jovem recebida como um per-sonagem familiar.

Finalmente completei minha metade de século com o professor querido, Hermes Lima. Esse rit-mo maravilhoso de pai, usando a sabedoria, que me levou para fixar a honestidade como valor da inteligência. Homem de pura sagacidade, baiano oriundo de uma modesta casa de taipa, nascido no meio do sertão. Isto é o Brasil. Retrato de um povo miscigenado na cor e no sangue. Que, infe-lizmente, onde só países civilizados conseguem perceber e valorizar, aquilo que é tão difícil de ser entendido, repito, pela ignorância nacional geral.

Dicas de ona Zuleika

Ano 2014. Uma mulher idosa e doente, talvez por viver e conhecer metade do mundo, e como seu pai pediu: usar a sua inteligência. Entendeu isso e continua resistindo.

Não gosto que me elogiem ou me critiquem. Es-sas atitudes, repito, são burras. Meus pais se fo-ram, não estão mais aqui, mas seus ensinamen-tos estão presentes na capela mineira (século XVIII) de Nossa Senhora da Tapera.

Nasci no Brasil, sou brasileira. Portugueses, es-panhois e, provavelmente, índios e negros. Não sou carioca, mineira, gaúcha ou seja lá o que for. Meu hino é o Nacional. Os demais não fazem parte de minha vida particular. O samba faz par-te da minha formação, o samba verdadeiro, da favela, a raiz de um Brasil onde os choros e as valsas de Chiquinha Gonzaga alimentavam minha alegria. Vibrei ao descobrir que a árvore de minha família era a mesma de Chiquinha, mulher inde-pendente e genial.

Confesso que faço parte de todo o lugar, comecei

no nordeste, plantei raízes no Rio, estendi meus

braços pela Amazônia, voei pelos Estados Unidos conquistando prêmios com

meus cães, fui à Europa e Oriente, e os cavalos de meus filhos me trouxeram

para Bagé.

A vida se revela cada dia mais linda. Todo o dia amadureço me percebendo mais humana e humil-de. Quero o melhor ao meu irmão, mostrar que a vergonha na cara é a esperança que nos resta.

Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu!... Voltemos a ser crianças para corrigir nossos defeitos e reco-meçar a cada dia...

P.S.: Prometo restaurar os animais que os missio-neiros trouxeram para nós e a vaidade de alguns afastou do Rio Grande.

Alan Levine

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE4

Em sua coluna, na página 3, Zuleika Borges Tor-realba assinala a importância de dois persona-gens ilustres em sua vida. O primeiro é o escritor e poeta gaúcho Augusto Meyer, apresentado na edição anterior, o segundo é o jurista e ministro Hermes Lima, “a sabedoria que me levou a fixar a honestidade como valor da inteligência”, escre-ve como testemunho de vida a idealizadora do Grupo Da Maya e nora desse ilustre personagem da vida pública brasileira no Século XX.

Em seu discurso no Supremo Tribunal Federal, na Sessão em Homenagem ao Centenário de Nascimento de Hermes Lim a, o ministro Eros Grau, amigo do homenageado, declarou:

– As decisões do ministro Hermes Lima nesta corte estiveram sempre permeadas de humani-dade. (...) As regras estão postas, cumpre acatá-las. Força, no entanto, é tomar decisões produ-zindo humanidade. Hermes Lima o fez, sempre, porque consciente de que não é a consciência do homem que determina o seu ser; seu ser social é que determina a sua consciência.

Lima nasceu em Livramento do Brumado, Bahia, 1902. Concluiu a Faculdade de Direito da Uni-versidade da Bahia, dedicou-se ao Magistério, obtendo em 1925, por concurso, o cargo de Li-vre-Docente de Sociologia, no Ginásio do Esta-do; a Livre-Docência de Direito Constitucional, por concurso, da Faculdade de Direito da Bahia, e a Livre-Docência da mesma cadeira, na Facul-dade de Direito de São Paulo. Exerceu, ainda, o cargo de Diretor da Escola de Economia e Direito da Universidade do Rio de Janeiro (1934) e o de Diretor da Faculdade Nacional de Direito da Uni-versidade do Brasil (1957-1959).

No jornalismo, Hermes Lima atuou como redator dos jornais O Imparcial e Diário da Bahia (1920); Correio Paulistano, Folha da Noite e Folha da Ma-nhã (1926) e Diário de Notícias do Rio de Janeiro (1933).

Foi deputado estadual, na Bahia, em 1925, e de-putado Federal pelo antigo Distrito Federal à As-sembleia Constituinte de 1946.

Na sessão de homenagem no STF, Eros Grau fez ecoar em vários momentos a frase “poucos fizeram a travessia (da vida) de modo tão profí-cuo”. Além da referência ao livro Travessia, de memórias de Lima, a razão da frase está na

sua importante e ativa participação nos grandes acontecimentos brasileiros em 45 anos de vida pública.

• Revolução de 32 •Em setembro de 1932, quando o coronel Hercu-lano de Carvalho e Silva reconheceu a derrota política e militar da Revolução Constitucionalis-ta deflagrada em São Paulo no dia 9 de julho da-quele ano, Lima constituiu uma comissão repre-sentativa da intelectualidade paulista, reuniu-se com o comandante supremo das forças legalis-tas entregando a carta que redigiu definindo as bases para a paz, assinada em 2 de outubro.

• Universidade do Brasil •Em 1935 aceitou convite do grande educador bra-sileiro, Anísio Teixeira, para dirigir a Faculdade de Direito da Universidade do Distrito Federal.

• Memórias do cárcere •Hermes Lima era ligado à Aliança Nacional Liber-tadora (ANL), frente política que no início de 1935 agrupou a intelectualidade liberal e socialista para se contrapor ao movimento integralista. A ANL acabou fechada pelo presidente Getúlio Vargas. Na onda repressiva que se seguiu, Hermes Lima foi preso. Sem processo e sem julgamento, per-maneceu na cadeia durante 13 meses. Em seu livro Memórias do cárcere, Graciliano Ramos refe-re-se ao bom humor que Lima mantinha e trans-mitia a seus companheiros durante o período em que passou na prisão.

• “Exílio” e censura •Dois dias antes do decreto do Estado Novo (10/11/1937), a mando do presidente do Sena-do, seu conterrâneo Antônio Garcia de Medei-ros Neto, foi procurado por alguns amigos que o aconselharam a se afastar do Rio por um pe-ríodo. Viajou para Caeteté, cidade baiana onde viviam seus pais. Passado o período de repres-são entrou para o Correio da Manhã. Cansado de ver seus artigos censurados, deixou o jornal e passou a trabalhar como advogado na Com-panhia Usinas de Sergipe.

• Redemocratização •

Em janeiro de 1945 participou do I Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em São Paulo. Reunindo expressivo número de intelectuais de várias tendências. O congresso aprovou uma de-claração de princípios pedindo a democratização do país, tomando posição contra o Estado Novo. Em 28 de fevereiro, o presidente Vargas anun-ciou a realização de eleições e concedeu em 18 de abril a anistia a todos os presos políticos. Lima e outros professores foram readmitidos em seus cargos na Universidade do Brasil.

• Constituinte •Em junho de 45, fundou a Esquerda Democrá-tica (ED), cujo manifesto de lançamento de-fendia o socialismo com liberdade. A ED não conseguiu o mínimo de dez mil assinaturas, em pelo menos cinco estados, para o registro de partidos nacionais exigido pela Lei Eleitoral. Então, pediu abrigo na UDN – União Democrá-

HERMES LIMA, um homem correto

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 5

tica Nacional. Onde foi fundamental para a efetuação da aliança, elegendo-se deputado à Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e integrante a grande comissão organizadora do anteprojeto de Constituição.

Como constituinte, priorizou a reformulação da estrutura agrária do país e o maior entrosamen-to entre os órgãos legislativos e executivos, propondo reduzir os poderes destes últimos.

• PSB •Em agosto de 1947, da fusão da Esquerda Democrática e da Liga Comunista Internacio-nalista, nasceu o Partido Socialista Brasilei-ro. Lima participou da construção do PSB e definiu a posição ideológica como “socialista não-marxista”.

• Universidade do Brasil, PTB e ONU •

Em 31 de janeiro de 1951, Lima deixou a Câ-mara e retornou à Universidade do Brasil. De-legado a VI Sessão da Assembléia Geral da Or-ganização das Nações Unidas (ONU), realizada em Paris em 1951, e à VII Sessão do mesmo organismo realizada em Nova Iorque em 1952. A seguir, participou da Conferência Econômica realizada em Buenos Aires e, nesse mesmo ano, a convite de Francisco de San Tiago Dan-tas, entrou para o PTB.

Entre 1957 e 59 dirigiu a Faculdade de Direito da Universidade do Brasil e, em 1960, voltou a participar como delegado da XV Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

• Primeiro Ministro •

Em 1961, com a renúncia do presidente Jânio Quadros e o fato de o vice-presidente João Goulart não contar com o apoio dos ministros militares, que tentaram impedir sua posse, foi votada a Emenda Constitucional nº 4 instituin-do no país o regime parlamentarista. Empossa-do Goulart, Tancredo Neves foi nomeado pri-meiro-ministro e Lima convidado para chefiar o Gabinete Civil da Presidência da República, assumindo o cargo no dia 11 de setembro de 1961. No período também ocupou o Ministério do Trabalho.

Mais tarde, ante nova crise e encarregado de formar um gabinete interino que atuaria até a realização do plebiscito, João Goulart nomeou Hermes Lima para o cargo de primeiro-ministro no dia 18 de setembro de 1962, acumulando a pasta das Relações Exteriores.

• Mísseis em Cuba •No Ministério das Relações Exteriores, Her-mes Lima enfrentou uma grande prova para sua anunciada política independente, vendo-se obrigado a definir a posição do Brasil em relação à crise dos mísseis cubanos que colo-cou em perigo a paz mundial. Enviou a Cuba (29/10/1962), o chefe do Gabinete Militar, general Albino Silva, que esteve com Fidel e transmitiu-lhe o ponto de vista do governo brasileiro. Afinal, a crise foi solucionada com a retirada dos mísseis, obtida em troca da ga-rantia dada pelos Estados Unidos de que não interviriam na ilha.

• Ministro do STF •Em junho de 1963 é nomeado para o Supremo Tribunal Federal (STF), nesse mesmo período integra o Conselho Federal de Educação.

• Pós 64 •Destituído o presidente João Goulart em março de 1964 e ficando o poder nas mãos do Comando Mili-tar, o general Humberto de Alencar Castelo Branco assume a presidência da República. O jornal O Esta-do de S. Paulo pede em editorial o afastamento de Lima do STF. Esse fato causou indignação ao presi-dente do tribunal, o ministro Álvaro Ribeiro da Costa, que repeliu o referido editorial, sendo seguido nesse gesto pelo presidente da seção de Brasília da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Esdras Gueiros. Hermes Lima continuou no STF e teve uma atuação liberal na concessão de habeas-corpus a presos po-líticos, assim como no julgamento de inúmeros pro-cessos resultantes de inquéritos policiais-militares.

No dia 16 de janeiro de 1969, perdeu sua cadeira no STF, aposentado pelo AI-5.

• Academia Brasileira de Letras •Em 18 de dezembro de 1968, o autor de Travessia foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Afonso Pena Júnior. Além de diversos estudos e teses sobre Direito, deixou publicados Introdução à Ciência do Direito (1933, com 36 edições, por mais de quarenta anos adotado pelas faculdades de direito de todo o Brasil), Problemas do nosso tempo (1935), Tobias Barreto, a época e o homem (1939), Notas à vida brasileira (1945), Lições da crise (1955), Ideias e figuras (1957), Travessia (memórias, 1974) e Anísio Teixeira, estadista da Educação (1978).

Faleceu no Rio de Janeiro no dia 1º de outubro de 1978. Foi casado com Maria Moreira Dias Lima.

FONTESCentro de Pesquisa e Documentação de História Contempo-rânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas (Amélia Coutinho); Academia Brasileira de Letras; Arquivo Dep. Pesq. Jornal do Brasil, Arquivo Hermes Lima; Câmara dos Deputa-dos; Diário do Congresso Nacional; Encic. Mirador; Estado de S. Paulo (19/9/76); Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação.

Na Academia Brasileira de Letras

Na solenidade de retorno à

Universidade de Brasília

Fotos Arquivos CPDOC /FGV

*Gladimir Aguzzi

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE6

A iniciativa da Cabanha da Maya em buscar a preservação da raça bovina crioula - gado este trazido ao Brasil por volta do ano de 1493, pelas caravelas de Cristóvão Colombo e, depois, dis-persado pelo Rio Grande com o ataque bandei-rante de 1600 – tem um peso forte nessa nova empreitada pelo resgate.

Esse gado, que hoje, tem como principal estado criador Santa Catarina, que por lá é denominado Lageano, quase foi extinto no início do século XX, quando foram aqui introduzidos por reprodutores europeus e cruzados com raças mais evoluídas. O resultado foi uma perda na originalidade do crioulo. “Naquele estado”, assinala Vinicius Diniz, “o reco-nhecimento oficial da raça aconteceu em 31 de ou-tubro de 2008 pelo Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento, algo muito recente”, diz o veterinário e administrador da Cabanha da Maya.

Entre as primeiras e principais ações da Cabanha, no caminho do resgate, tem sido fundamental o conhecimento e o auxílio do criador Antonio Luís Blanco, com seus exemplares servindo para os estudos da raça e a tentativa de registro através de um forte embasamento técnico. Diniz e Blan-co acreditam que o caminho para acabar com a desavença nos dois estados seria uma única denominação, ampla e universal, registrando-se apenas “bovino crioulo”, anulando a nomenclatu-ra lageano pampeano ou franqueiro.

Também em parceria com a Associação de Cria-dores da Raça Crioula Lageana virão reprodutores de Santa Catarina, lugar livre de aftosa. “A parce-ria será boa para todos os produtores e boa para raça”, ressalta Diniz que completa “ o meu olhar para o que estamos fazendo é da parte da con-servação da raça. Quanto ao futuro, a intenção da associação é criar uma marca da carne. É uma carne de boa qualidade, mas precisa de tempo para aumentar o rebanho e garantir o abasteci-mento de mercado.”

Um caminho começa a ser trilhado. Nada é fácil, pois deve ser feito com muita atenção, técnica e apego à cultura. Resgatar uma parte fundamental da formação do Rio Grande do Sul, através do gado, que faz parte de um embasamento históri-co significativo na constituição das fronteiras, do povoamento, da educação e do desenvolvimento econômico do Estado, representa a busca da vida em seu sentido amplo, arraigada no consciente e

BOVINO CRIOULO : Em busca da raça perdida

inconsciente de um povo. Eram tempos em que onde existia vaca, existia vida e a possibilidade de prosperar, com o uso do leite, do couro, da carne e do transporte.

Durante 300 anos o crioulo se adequou ao am-biente dos campos do sul, ao pampa livre, aber-to, moldando-se à seleção natural, oportunizan-do aos brancos e índios prosperarem em suas vilas e aldeias. Esse gado andou por aí ao dispor do homem, testemunhando a formação de um povo, até perder-se pelo descaso e desinteres-se desse mesmo homem. A Cabanha da Maya tomou, para seu dever encontrá-lo e trazê-lo de volta ao pampa gaúcho.

A Cabanha da Maya entra na luta pela conservação dos bovinos Crioulos

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FONTES:

• Ing. Zoot. Rubén Darío Martínez. 1998. Revista Sociedad Rural de Jesús María. Dpto. Prod. AnimaI FICA-UNLZ, Llavallol, pcia. Buenos Aires.• A práxis pastoral entre os imigrantes alemães e seus descendentes na região Noroeste do Rio Grande do Sul / Valdino Busse – Escola Superior de Teologia. Programa de Pós-Graduação. Mestrado em Teologia. São Leopoldo, 2009. • Concepta McManus, Robespierre Ribeiro e Luiz Seixas - Informação Genético Sanitária Da Pecuária Brasileira – Universida-de de Brasília (UNB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) • Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula de Lages ( ABCCL –www.abccl.org.br)• Animais do Descobrimento, Mariane e Cavalcante – Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2000.

A equipe da Cabanha da Maya e parceiros tem realizado visitas a criadores de Santa Catarina e Argentina, lugares onde adquiriu exemplares de bovinos crioulos. Os melhores animais vindos do estado vizinho participarão de exposição e julga-mento na Expointer que acontece de 30 de agos-to a 7 de outubro de 2014, em Esteio.

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O CRIOULO NA EXPOINTER

*Gladimir Aguzzi

BOVINO CRIOULO : Em busca da raça perdidaAr

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Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 7

José Antônio Ribas Ribeiro, proprietário da Santa Rita do Passo da Telha (SC), Edison Martins, médico-veterinário (Bom Jesus do Herval, SC), Antônio Blanco, João Carlos Deschamps, PHD em Biotecnologia, Vinicius Diniz e Assis Camargo, proprietário da Fazenda Canoas (SC)

RAÇA CRIOULA LAGEANAArmando Teixeira Primo *

Os bovinos da raça Crioula Lageana, em linhas gerais, são os que mais se assemelham ao tipo introduzido pelos conquistadores portugueses e espanhóis.

As condições adversas, com invernos frios e ve-getação pobre, modelaram um tipo de bovino per-feitamente adaptado às condições ecológicas do sul do Brasil.

A maior concentração dos bovinos da raça Crioula Lageana localiza-se na região de Lages, SC (origem da denominação Crioula Lageana) e no Paraná.

São animais rústicos, com porte avantajado, alta pro-lificidade, habilidade materna e facilidade de parto.

A pelagem mais característica é a africana (lom-bo e barriga brancos e manchas vermelhas ou pretas no costilhar, com pelos vermelhos ou pretos circundando os olhos). A pelagem apre-senta grande variedade de cores, sendo as mais comuns rosilhos, jaguanés, barrosos, oveiros, baios, colorados, etc.

A raça apresenta chifres com grande desenvolvi-mento, em forma de lira, dirigidos para cima, para a frente e para fora.

Os bovinos da raça Crioula Lageana no passado, estiveram em perigo de extinção, com o propósito de substituição pelas chamadas “raças melhora-

das”. As notáveis características adquiridas em 500 anos de seleção natural, como variabilidade genéti-ca, adaptação a diferentes condições ambientais e rusticidade, foram determinantes em um acrésci-mo significativo nos rebanhos existentes.

O Centro Nacional de Recursos Genéticos e Bio-tecnologia (CENARGEN) da EMBRAPA, ao iden-tificar o notável potencial genético dos bovinos “crioulos” implementou projetos de avaliação desse germoplasma animal.

Os resultados obtidos e a colaboração dos criado-res estimularam a criação da Associação Brasileira de Criadores da Raça Crioula Lageana (ABCCL), com sede em Lages, Santa Catarina.

Na região de Lages, SC, foi realizado um proje-to de cruzamento dos bovinos Crioulos Lageanos com Nelore e/ou Charolês com a finalidade de estudar sistemas de produção que aumentem a produtividade da pecuária regional.

Para a zona da Campanha, no Rio Grande do Sul (Bagé), com condições adversas de invernos frios e pastagens nativas de baixa produção hibernal, os bovinos da raça Crioula Lageana constituem uma opção de raça adaptada em ambientes extremos para produzir carne e leite. As vacas desmamam os terneiros com mais de 50% do peso da mãe.

O bovino Crioulo Lageano talvez seja a raça na-turalizada brasileira que tem a maior quantidade de raças fenotipicamente similares distribuídas em diferentes países das Américas e da Europa.

Assim pode-se citar o Gado Bovino Crioulo Argen-tino, no país de mesmo nome; o Texas Longhorn, nos Estados Unidos; o Berrenda, na Espanha e, por último, o Mertolenga em Portugal. A carac-terística mais marcante seria a pelagem africana que todas podem apresentar.

A Associação Brasileira de Criadores da Raça Crioula Lageana (ABCCL) tem difundido a raça por diversos meios de comunicação, estimulando a adesão de novos criadores.

Os bovinos Crioulos adaptados, com 500 anos de Brasil, tem potencial genético para expressar de maneira superlativa a interação genótipo-ambiente.

A promoção midiática das “raças da moda”, de origem europeia, tem obstaculizado a difusão das raças brasileiras.

A Cabanha da Maya, em Bagé e Pedras Altas, têm condições excepcionais para a criação e difu-são dessa raça nacional. Será uma “vitrine” e uma contribuição inestimável para a pecuária gaúcha.

*Gladimir Aguzzi

A Cabanha da Maya investe em genética e aposta nas raças nacionais. No entanto, as conquistas resultam do comprometimento e dedicação ao trabalho de uma equipe que tem como desafio continuar melhorando. Sempre.” (Vinícius Diniz)

(*) Engenheiro agrônomo; ph.D em produção animal pela Uni-versidade da Flórida (EUA). Em 1981, como pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), iniciou um projeto que visava à preservação dos recursos ge-néticos animais. Esse trabalho foi reconhecido nacionalmente. Em 2010, recebeu homenagem do Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa Brasília, com a atribui-ção de seu nome ao prêmio que é concedido ao pesquisador Curador do Ano na área de Recursos Genéticos Animais, em congresso anual da Instituição.

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE8

Na chegada à casa da rua Melanie Gra-nier, nº 370, a natureza já abraça. Um túnel de roseiras, antúrios, samambaias, orquí-deas, violetas levam a um abraço ainda mais afetuoso. O engenheiro agrônomo Nicanor Antônio Risch, 87 anos, profes-sor aposentado há três pela Universidade da Região da Campanha(Urcamp), pai de três filhas, cinco netos e ansioso pela che-gada da bisneta Malu, em outubro. Na-tural de Palmeira das Missões, o profes-sor conta que veio para Bagé porque se apaixonou pela esposa Norma, já falecida, durante uma festa na Faculdade de Agro-nomia da UFRGS.

Afeto, trabalho e memória. Patrimônios que falam– Parece que foi ontem, diriam os historiadores.

Ou, quem sabe, os mais antigos. Bagé completou 203 anos, nesse 17 de julho, à procura de luz. Como escreveu Augusto Meyer em sua poesia Negrinho do Pastoreio (Box na página 9). Nas culturas orien-tais, o maior patrimônio é a sabedoria dos mais velhos. Por aqui, também podemos perceber que eles tem muito a ensinar. Sugestões não faltam. Basta querer aprender e entender que a vida pode ser como uma grande orquestra. Que escolhemos andar afinados? Ou não.

Amor em conserva

O fundador dos cursos de Agronomia e Ciências Biológicas da Urcamp, na dé-cada de 70, revela que sente como se estivesse em prisão domiciliar decretada porque precisou abandonar um trabalho de 40 anos.

– Tenho uma saudade imensa do ambien-te, dos colegas e do alunos. Aí, resolvi trasnformar a minha saudade em carinho e comecei a fazer conservas e compotas para presentear a quem eu quero bem. É um hobby maravilhoso. Adoro as conser-vas que faço. Eu mesmo faço a festa e solto os foguetes, comemora.

Além das atividades profissionais, Risch foi um dos pioneiros das oficinas de ora-ção e vida, Ministro da Comunhão e da Palavra e dá a comunhão aos enfermos nas quintas-feiras.

– E o conteúdo eu presenteio a vocês. Mas, os vidros são meus. Então, o valor da minha produção deve ser depositado no Banco da Amizade. Que fica subindo a Sete, dobrando à esquerda e colocado- bem pertinho- no coração. Quanto maior for a sua capacidade de amar, maior será o depósito, orienta o educador.

Os cravos ficaram de fora. Maria Rosa, 74 anos, e Sere-no Mesquita, 83 anos, vivem numa propriedade rural de 113 hectares desde que casaram há 58 anos. Os quatro filhos foram morar na cidade. Na propriedade São Leo-nardo criam gado de corte, ovinos sem pedigree e cul-tivam um pequeno pomar e estão reformando a horta.

O casal ainda faz todo o trabalho de campo e garan-te que não cansa com as atividades diárias. Em geral, acordam às 5h da manhã e não param nunca.

– Tem sempre o que fazer por aqui. O segredo para viver bem é a harmonia e trabalhar em conjunto. As-sim, a gente não cansa e vive com prazer. Outra detalhe importante é respeitar a opinião do outro. Olha só: Eu sou colorado, ela gremista. Às vezes, voto num partido e ela noutro. Mesmo assim, a gente não briga, sintetiza Seu Sereno.

Além da vida ao ar livre e uma alimentação saudável, os dois orgulham-se de nunca terem bebido ou fumado.

O Sereno e a Rosa

Antô

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Pach

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Cris

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Catiusa Gomes

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 9

Negrinho do Pastoreio,Venho acender a velinhaQue palpita em teu louvor.

A luz da vela me mostreO caminho do meu amor.

A luz da vela me mostreOnde está Nosso Senhor.

Eu quero ver outra luzNa luz da vela, Negrinho,Clarão santo, clarão grandeComo a verdade e o caminhoNa falação de Jesus.

Negrinho do PastoreioDiz que você acha tudoSe a gente acender um lumeDe velinha em seu louvor.

Vou levando esta luzinhaTreme-treme, protegidaContra o vento, contra a noite...É uma esperança, queimandoNa palma da minha mão.

Que não se apague este lume!Há sempre um novo clarão.Quem espera acha o caminhoPela voz do coração.

Eu quero achar-me, Negrinho!(Diz que você acha tudo!)Ando tão longe, perdido...Eu quero achar-me, Negrinho:A luz da vela me mostreO caminho do meu amor.

Negrinho, você que achouPela mão da sua MadrinhaOs trinta tordilhos negros

ORAÇÃO AO NEGRINHO DO PASTOREIO Augusto Meyer

Afeto, trabalho e memória. Patrimônios que falam

Sonhadora como toda pisciana. Mas é com os pés no chão e mãos na terra que a médica veterinária e pesquisadora aposen-tada da Embrapa CPPSUL, Clara Silveira Luz Vaz, 69 anos, casada, dois filhos, fala com encanto do seu trabalho de resgate da ovelha crioula. A menina que nasceu no interior do município de Bagé, no distrito de Palmas, herdou do pai a paixão pela na-tureza e o gosto pela vida saudável.

– O meu pai já era criador de ovelha criou-la. Mas foi na faculdade, em Santa Maria, que fui interessando-me ainda mais por esse tipo de rebanho, salienta.

Clara acrescenta ainda que quando se formou na Universidade de Santa Maria, em 1973, o professor Virgílio dos San-tos levou a turma à Fazenda Pedreiras

Aos sete anos, Zélia Fernandes Sastre começou a estudar piano por imposição do pai que gostava muito de música. Aos 16, já estava formada pelo Conservató-rio de Música e foi lecionar piano, teoria e solfejo em Dom Pedrito durante oito anos. Trabalhou em Porto Alegre e vol-tou para Bagé, quando foi nomeada para o Grupo Escolar Silveira Martins.

– Foi nessa época que comecei a traba-lhar com a Gilca Nocchi Collares. Eu to-cava piano e ela regia, então iniciou-se o “Coral dos pequenos cantores do Silveira Martins”, recorda com estusiasmo.

Apaixonada por Bethoven, Mozarth e Carlos Gomes, confessa-se uma gran-de admiradora de Mílton Nascimento e Tom Jobim. Dona Zélia perdeu a conta de quantos alunos já passaram por suas mãos nesses 40 anos. Até hoje continua tocando, mas somente como acompa-nhante em missas e festas.

Minha vitalidade vem da música

Fonte: Meyer, A. 2002. Melhores poemas de Augusto Meyer. SP, Global. Poema publicado em livro em 1928.

E varou a noite todaDe vela acesa na mão(Piava a coruja roucaNo arrepio da escuridão,Manhãzinha, a estrela d’alvaNa voz do galo cantava,Mas quando a vela pingava,Cada pingo era um clarão),Negrinho, você que achou,Me leve à estrada batidaQue vai dar no coração!Ah! os caminhos da vidaNinguém sabe onde é que estão!

Negrinho, você que foiAmarrado num palanque,Rebenqueado a sangue peloRebenque do seu patrão,E depois foi enterradoNa cova de um formigueiroPra ser comido inteirinhoSem a luz da extrema-unção,Se levantou saradinho,Se levantou inteirinho:Seu riso ficou mais brancoDe enxergar Nossa SenhoraCom seu Filho pela mão!

Negrinho santo, Negrinho,Negrinho do Pastoreio,Você me ensine o caminho,Pra chegar à devoção,Pra sangrar na cruz benditaPelo cravos da Paixão.

Negrinho santo, Negrinho,Quero aprender a não ser!Quero ser como a sementeNa falação de Jesus,Semente que só viviaE dava fruto enterrada,Apodrecendo no chão.

em Alegrete para uma atividade prática. O que acabou norteando o seu trabalho, suas pesquisas e sua paixão. O dono da propriedade, Sebastião Pires, lançou o desafio de quem diagnosticasse a doen-ça, fizesse o tratamento e salvasse um carneiro branco da raça Crioula ganharia um reprodutor de presente.

– Eu acertei. Tirei toda a medicação que o veterinário estava usando, indiquei que o carneiro fosse tirado do estábulo e que deveria fazer longas caminhadas. Não só salvei aquele animal, que estava intoxica-do com o excesso de medicação, como ganhei o Don Sebastian.

Algum tempo depois, em 1982, a en-tão pesquisadora da Embrapa viria a de-fender o Projeto de Resgate da Ovelha Crioula. Hoje, profere palestras no Brasil e no exterior sobre desenvolvimento rural sustentável. E não esconde de onde tira tanta energia.

E qual é o segredo para manter-se tão ati-va com boa memória:

– Sem dúvida, a minha vitalidade vem da música. Nunca fui de dar concerto, o meu orgulho é de ter sido professo-ra. Gosto é de trabalhar nos bastidores, porque sou muito tímida. Adoro estar na platéia e acompanho o FIMP desde o pri-meiro, relata faceira.

– De uma vida em permanente contato com a natureza, com muitos animais de estimação a minha volta. Sou feliz com a minha bicharada. Alimentação saudável: com muitos vegetais, mas não abro mão da carne. Tenho muita fé e acredito no catolicismo. Vivo em paz comigo mes-ma e gosto de ajudar os outros. Medica-mentos? Só com prescrição, simplifica.

Sou feliz com a minha bicharada

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE10

A Quarta Acústica do Da Maya Porão pas-sou a aquecer as noites de quarta-feira. Com a chegada do inverno, ficamos mais intimis-tas e as noites exigem um atrativo a mais. Por isso, quatro músicos foram convidados para compor a Quarta Acústica, apresentan-do um repertório variado e que atende aos gostos mais refinados. A primeira noite este-ve a cargo de Davi Covalesky , com uma re-leitura de canções que começou pela Bossa Nova, passou pela música latino americana até chegar aos clássicos da Música Popular Brasileira. No dia 9, foi a vez de Niandra La-cerda que interpretou os melhores compo-sitores da MPB. Já, no dia 16, Igor Cougo desfilou a nata da malandragem e muitas das melhores composições brasileiras. Na próxima quarta-feira( dia 23), Jéssica Ber-det completa o primeiro ciclo de intérpretes da Quarta Acústica. Com o seu encanto de menina e um repertório de gente grande. E, como a música não pode parar, Davi Cova-lesky retorna no dia 30 de julho aquecendo uma nova rodada da Quarta Acústica.

Quarta também é dia de Porão

Quarta AcústicaLocal: Da Maya Porão (General Sampaio, 300)

Horários: Quarta-feiras às 20h30Não é cobrado o couvert artístico

1º Encontro de Enologia no Pampa Local: Da Maya Pousada (General Sampaio, 300)

Incrições: [email protected]

Víto

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Llano

O Da Maya Arte, Cultura e Turismo em parceria com a Associação Vinhos da Campanha e a Universidade Federal do Pampa(Unipampa) promove o 1º Encon-tro de Enologia no Pampa. Durante dois dias, técnicos, professores e produtores debatem sobre a importância do setor no desenvolvimento regional. O evento acontece durante o 5º FIMP e está vin-culado à Carta de Vinhos Regionais do restaurante Da Maya Porão - que reúne 10 empreendimentos vitivinicultores da região - o 1º Encontro de Enologia no Pampa tem como objetivo incentivar as vinícolas e vinhedos do pampa. Além dis-so, deve impulsionar a procura pelo Ro-teiro Vinhos do Pampa que foi idealizado pelo Da Maya Arte, Cultura e Turismo e lançado no início deste ano.

1º Encontro de Enologia no Pampa valoriza a produção

APOIO

V I N H A S & V I N H O S

REALIZAÇÃO PARCERIA

PROGRAMAÇÃO • 31 de julho •- 13h30 Credenciamento- 14h Associação de Viticultores do Extremo Sul (Vitisul) com o Enólogo Rossano Lazzarotto- 14h30 Palestra “A História da Vinícola Guatambu” e Degustação Orientada com a Enóloga Gabriela Herr-mann Pötter - 16h Coffee Break- 16h30 Palestra “Vinhos Peruzzo: uma expressão autên-tica do terroir da Campanha” e Degustação Orientada com o engenheiro agrônomo Tauê Hamm

• 1º de agosto •- 13h30 Credenciamento- 14h Associação dos Vinhos da Campanha com o enge-nheiro agrônomo Giovâni Silveira Peres- 14h30 Palestra “A Enologia na Unipampa: característi-cas do curso e perfil do egresso” com o professor Ro-drigo da Silva Lisboa/ Coordenador do Curso de Enologia- 16h Coffee Break- 16h30 Palestras “Vinificação de Vinhos Tintos”, “Miolo - Terroirs do Brasil” e Degustação Orientada com o Enólogo Miguel Ângelo Vicente Almeida

Nilton Santolin

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 11

Quarta AcústicaLocal: Da Maya Porão (General Sampaio, 300)

Horários: Quarta-feiras às 20h30Não é cobrado o couvert artístico

CIOM - Centro Integrado de Oncologia e MamaLocal: Carlos Mangabeira, 519Atendimento: De segunda a sexta-feiraHorários: 7h30 às 17h45. Sem fechar ao meio dia.Telefone: (53) 3311.2900

O CIOM completa 365 dias de trabalho com muitas conquistas

Nilton Santolin

Joba Migliorin

O Da Maya Orquestra Filarmônica come-çou como um projeto de integração social em setembro de 2013. Um trabalho de educação musical com crianças e adolescentes em vul-nerabilidade social.

O maestro e diretor artístico do Projeto Da Maya Orquestra Filarmônica, Joab Muniz, explica que foi tudo muito rápido a partir da doação de 63 instrumentos(violino, viola, violoncelo e contra-baixo)pelo Da Maya Arte, Cultura e Turismo.De lá para cá, o projeto já conta com 80 alunos, cinco professores e a Associação Amigos Da Maya Orquestra Filarmônica já está organiza-da sob a presidência de Del Gilmar Mesquita. Além da musicalização, é desenvolvida a sensi-bilidade, o trabalho em equipe, a disciplina para o estudo e a auto-estima.

– Já estamos ensaiando com a turma de con-trabaixo acústico, o que foi muito comemorado por toda a nossa equipe de professores e por um dos idealizadores do Festival Internacional de Música no Pampa (FIMP), o contrabaixista bageense Marcos Machado que reside nos Es-tados Unidos, vibra o maestro.

E, por falar no festival, os alunos e professores do Da Maya Orquestra Filarmônica vão ter aulas exclu-sivas com os professores do 5ª FIMP. E o trabalho da equipe está tão afinado que dentro dos próxi-mos dias, começa uma nova etapa a ser instala-da na rua Oswaldo Cruz nº 378, nas proximidades do aeroporto Comandante Kraemer. A diretora do Da Maya Arte Cultura e Turismo, Eulália Anselmo, observa que o ambiente do FIMP sensibilizou para que fossem criados novos espaços de vida.

– Vamos começar um trabalho coordenado pela musicoterapeuta Ana Maria Delabary com os pa-cientes do CIOM em conjunto com a Da Maya Or-questra Filarmônica, complementa Eulália.

• CRONOGRAMA •- 30 de julho Apresentação da Da Maya Orquestra Filarmônica , sob a regência do maestro Joab Muniz para pacientes com câncer, com a supervisão da professora Ana Maria Delabary, às 17h, no Da Maya Espaço Cultural.

- 5, 6 e 7 de agosto Introdução à musicoterapia das 14h às 16h.

- 8 de agosto Ensaio geral da Da Maya Orquestra Filarmônica, às 14h, e uma conversa com a musicoterapeuta Ana Maria Delabary.

- 11/12 de agosto 1º Encontro de musicoterapia com pacientes de câncer.

A música que envolve, integra e trata

Joab: “ Já estamos ensaiando uma turma de contrabaixo acústico”

A equipe do Doutor Buzaid interliga-se a Bagé todas as 4ª feiras (urologia e ginecologia) e 6ª feiras (mama) através da Telemedicina

O Centro Integrado de Oncologia e Mama (CIOM) completou, no dia 13 de junho, 365 dias de atividades e comemora novas con-quistas. Para o coordenador Mario Mena Kalil, o trabalho da equipe é reconhecido pelas au-toridades da Saúde e cada vez mais procura-do pela população.

– Nesse ano, a equipe cresceu e abrimos no-vas áreas de trabalho. E, dentro dos próximos

PROFISSIONAL FUNÇÃOMario Kalil .................................................... MastologistaMauricio Collares ................................Oncologista ClinicoRenato Salim .................................... Cirurgião OncológicoBarbara Sassi ..........................................Cirurgiã Toráxica Ricardo Costa ...............................................GinecologistaMichel Kaé ...................................................GinecologistaSergio Henriques .............................................. UrologistaElcio Souza ........................................................ UrologistaCarlos Bispo ...................................................... UrologistaOrfelina Ricardo ..................................................PsicólogaLuisa Ricardo .................................................... EnfermeiraSabrina Torales ..........................Técnica em EnfermagemGabrielli Cloque ............................................... Escriturária Francine Farinha.............................................. Escriturária

dias, a nossa área começa a ser ampliada em 200 m². Vamos ter uma sala de espera maior e mais aconchegante, oito salas de atendimento, auditório, vestiário e copa, informa o coordena-dor do CIOM.

E para estreitar a relação com a equipe do Doutor Buzaid, Kalil viaja a São Paulo para participar do Simpósio Internacional de Mama do Hospital São José.

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE12

A alegria da Copa do Mundo ensina

Uma verdadeira festa entre as nações

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WuA Copa no Brasil ensinou muito ao mundo. Entre

as lições mais importantes, encontramos a espe-rança. Os brasileiros mostraram que acreditam no Brasil. A Alemanha foi mais forte, disciplinada e apostou no grupo. Portanto, foi a equipe que me-receu ser campeã.

E, da Argentina, nas palavras do Papa Francisco veio outro grande ensinamento:

– O esporte é a cultura do encontro.

Com ele, formamos o coletivo. Contemplamos a diversidade, aprendemos. E crescemos. Sim, fica-mos maiores após essa Copa do Mundo.

O país recebeu cerca de 1 milhão de estrangei-ros, sendo que 95% destes pretendem voltar ao Brasil. Afinal, foram recebidos com muita alegria, carinho, simpatia, respeito e hospitalidade.

A torcida queria o hexa, mas não deu. Muitos chora-ram, É legítimo, é uma expressão de sentimento. Al-guns, vaiaram. No entanto, estes últimos não nos in-teressam. Vaia não é sentimento, é falta de educação.

Ciência aliada à paixãoSete segundos foi o tempo que o neurocientista Miguel Nicolelis e a sua equipe, tiveram para apre-sentar o projeto Andar de novo - tempo reserva-do ao chute simbólico com o exoesqueleto- na transmissão da abertura da Copa do Mundo no dia 12 de junho.O paraplégico Juliano Pinto, 29 anos, chutou uma bola de futebol usando o equi-pamento, um robô comandado pelo cérebro.

Cultura dentro dos estádios A Copa do Mundo comprovou que além do gos-to pelo esporte, serviu para aprender com outras culturas. Foi o que vimos com os torcedores da seleção japonesa. Eles chegavam aos estádios portando sacos de lixo que - durante as partidas - eram enchidos de ar e serviam para enfeitar as arquibancadas e torcer. Mas, logo após o apito final, eram utilizados para recolher o lixo produzi-do. Um belo exemplo de civilidade.

– A Fifa nos informou que nós teríamos 29 se-gundos para realizar um experimento dificílimo. Nunca ninguém fez uma demonstração em 29 segundos de robótica. Isso não existe em lugar nenhum do mundo. Foi um esforço dramático de todas essas pessoas que estão aqui. E nós realizamos em 16. Pelo visto, a Fifa não estava preparada para filmar um experimento que vai ser histórico, analisou o cientista.

Após o pontapé, Juliano comentou:

– Sempre existe um caminho e sempre exis-te esperança para aquele que acredita e para aquele que sonha, comemorou.

O Comitê Organizador da Copa do Mundo in-formou que o pontapé inicial foi dado fora do campo de jogo, para não prejudicar o gramado por causa do peso do equipamento. Mesmo assim, Nicolelis disse à imprensa que foi o re-sultado de um grande trabalho em equipe.

– E destaco, especialmente, os oito pacientes, que se dedicaram intensamente para este dia. Coube a Juliano usar o exoesqueleto, mas o chute foi de todos. Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência, resumiu o cien-tista.

Modéstia à parte, a Seleção Brasileira é a quar-ta melhor do mundo. Mas, mesmo assim, temos muito o que aprender. Dentro e fora dos grama-dos. Mas, sempre, com alegria.

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 13

Um museu que abrigava armas, na rua Coronel Azambuja nº18, transmuta-se num espaço de arte. Isso só poderia vir das mãos e do coração de ho-mens como o historiador Tarcísio Antônio Costa Taborda e do artista plástico Carlos Scliar. Essa his-tória começou em 1976, com o Encontro Nacional de Artistas Plásticos realizado em Bagé, no Museu Dom Diogo de Souza. Ali, surgiram as bases para a fundação do Museu da Gravura Brasileira (MGB). Norteados pela poesia de Ernesto Wayne. Concre-tizada em 1977 e reunindo as gravuras do Grupo de Bagé, formado por Carlos Scliar, Danúbio Gon-çalves, Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti. Hoje, abriga mais de 1,5 mil gravuras.

A artista plástica Ana Lúcia Pereira Ferreira de Quadros decidiu escrever sobre o MGB ao cons-tatar o estado de abandono em que se encontra-va o primeiro museu do país nessa tipologia, em 2009, enquanto fazia mestrado na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). A dissertação “Me-mória social e patrimônio cultural”

O Museu da Gravura Brasileira está vivo

– A gravura é uma técnica que permite o múltiplo. De uma matriz, faz-se uma série. A gravura é uma arte democrática, analisa Ana Lúcia.

O Museu da Gravura Brasileira é mantido pela Fundação Attila Taborda/ Urcamp e esteve fecha-do, para manutenção, até 5 de maio. No entanto, o esforço coletivo da mantenedora, e da Gestão

Local: Museu da Gravura Brasileira (Coronel Azambuja, 18)

Horários: Segunda a Sexta 14h às 18h

Tarcísio tinha orgulho do 13 de julho. Fazia questão de comemorar o aniversário, cercado de amigos e familiares. Juiz, professor, historiador, fundador dos museus Dom Diogo de Souza, Patrício Corrêa da Câmara e da Gravura Brasisleira, pai e avô. Apaixonado, mas, acima de tudo, amigo. Como homem da ciência, sempre buscou a precisão. No entanto, em sua trajetória deixou um rastro de amor. Principalmente por sua Bagé. Temores? Quase nenhum. Apenas não gostava dos anos pares, porque acreditava que estes levavam-lhe as pessoas que mais amava. Coincidências à parte, lamentamos a combinação de 13 de março de 1994. Tarcísio, Bagé tem saudade.

O início do MGB: Glauco Rodrigues, Camilo Moreira, Carlos Scliar, Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Tarcísio Taborda

Se todos fossem iguais a você

Com muita justiça, o Largo da Catedral São Sebastião - espaço emblemático na história de Bagé - passou a chamar-se Tarcísio Costa Taborda.

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Lala Pêgas

“(...) As obras valem por sí, nelas procuro dar o melhor, e na medida em que estiverem ao alcance das pessoas, que sejam provocadoras, criem dúvidas e façam com que cada um sinta com sua sensibilidade e pense com sua própria cabeça.” (Carlos Scliar)

dos Museus, Associação dos Amigos dos Mu-seus de Bagé e Da Maya Espaço Cultural, o MGB reabre ao público com a itinerância da exposição Êxodos, de Sebastião Salgado.

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE14

Memórias do meu lugar assinala a primeira edição de uma série de exposições com a pro-dução de grupos de artistas bageenses no Da Maya Espaço Cultural. Nesse primeiro gru-po, 10 artistas apresentam suas memórias e a coordenadora de arte e educação, Carmem Barros, observa que as próximas edições es-tão em fase de planejamento.

– Agora, são 10 artistas. Cada um com suas peculiaridades e processos de imagens, tan-genciados pela memória e diferenciação de caminhos: percorridos, percebidos e constru-ídos, acrescenta.

O lançamento dessa edição coincide - propo-sitalmente - com as comemorações do aniver-sário da cidade de Bagé.

– A primeira edição se contrapõe aos não luga-res da supermodernidade e inaugura o mês de julho na cidade de Bagé celebrando o espírito do lugar, complementa a coordenadora de arte e educação.

Em média são agendados cerca de quatro gru-pos - de segunda a sexta-feira - que visitam as exposições e participam das ações educativas que norteiam a filosofia do Da Maya, Arte, Cultura e Turismo. São alunos e professores de escolas municipais, estaduais e particula-res. Além de integrantes de instituições como Caminho da Luz, Centro do Idoso, Casa da Menina e da comunidade em geral.

Memórias Do Meu Lugar as mãos de artistas bageenses

– Assim, validamos a educação através da arte, propondo através da visibilidade e mediação estética a construção de sentidos, em um re-corte ético de valores e construções humanas, colaborando para um exercício pleno de cultu-ra, comemora Carmem Barros.

Para o Curador Educativo do Da Maya Espaço Cultural, Igor Simões, a primeira edição de Me-mórias do meu lugar possui um papel funda-mental neste momento.

– Aqui, é possível que o olhar do visitante da exposição perceba como cada um destes ar-tistas operam sobre o seu lugar, a memória, a arte, sua história em diferentes posicionamen-tos. Toda obra produzida é uma pergunta e um processo de abrí-la para verter novos sentidos que não encerram a questão, mas expandem as possibilidades de pensá-la.

Local: Da Maya Espaço Cultural (General Osório, 572)

Visitação: 2 de julho a 24 de agosto de 2014Horários: Terça a Sexta 14h às 18h30 Sábado e Domingo 15h às 18h30

A 1ª edição apresenta diferentes leituras

As memórias de Théo Gomes, Marly Meira, Teresa Poester, Jussara Casarin, Marta Loguércio, Rejane Karam, Heloísa Beckman, Carlo Andrei, Norma Vasconcellos e Consuelo Cuerda

Cristiano Lameira

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PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE 15

Não existem regras, nem fórmulas, nem re-ceitas que possam dar conta de indicar qual a trajetória que será percorrida por um pro-jeto quando o assunto é arte e educação. No entanto, algo é recorrente nestes planos/ projetos: a intencionalidade. A intencionalida-de no Da Maya Espaço Cultural sempre foi clara e expressa bem pontualmente por sua direção - há de se acreditar que a arte soma-da à educação são ferramentas indispensá-veis para compreender o mundo a partir de um ponto onde sensível, racional, criação e pensamento são indissociáveis. Neste mun-do sempre serão necessários lugares que ousem mover conceitos, desestabilizar cer-tezas, estimular a compreensão de si e do outro, do seu lugar próximo e distante e pela via do sensível compreender que é possível reconectar-se com coisas que façam pulsar tudo que é humano.

Um espaço cultural que seleciona suas mos-tras tendo como critério a realização de um projeto de educação e arte é, na experiência de muitos que trabalham com educação em museus e galerias, um caso raro, louvável e necessariamente precioso. O mais comum é vermos núcleos educativos atrelados às exi-gências dos curadores de exposição, relega-dos em muitos casos à mera possibilidade de ilustrar as ideias dele ou do artista. Para que um projeto educativo em uma instituição cultural possa de fato se erguer é indispensá-vel que ele possa ser construído na mesma respiração em que é construída a exposição, é preciso que curadores e educadores es-tejam partindo de um mesmo ciclo de pen-samento e de ideias e que cada exposição possa produzir pequenos deslocamentos através de um programa educativo que fale à todos, independente da sua condição social, raça, gênero, proximidade ou distância com a arte. Isto, por si só, significa adotar a ideia de que arte não é uma mera forma de distinção social, um capricho, uma secreta seita para iniciados. Significa, outrossim afirmar a cren-ça de que aquilo que é arte pode não morar no objeto artístico, mas antes, se guarda na mente-cérebro de homens e mulheres que se permitem tocar para criar. Não me refiro apenas aos artistas, que são a parte primeira desse lugar tão grande que é o território da

arte. Mas falo de todos que se permitem estar na e com a arte e assim, criam. Criam imagens novas para aquilo que é visto. Em arte, olhar é ação, criação, produção.

Durante esse tempo de trabalho do Da. Maya, houveram estágios de apresentação, convenci-mento e colaboração com escola, professores, alunos e comunidade.

Era necessário que os professores estivessem ali participando das atividades propostas, que as visitas fossem produtivas e prenhes em sentidos para os alunos, que projetos fossem realizados a partir daquilo que era proposto, que a comu-nidade como um todo se apropriasse do espa-ço físico e simbólico que o Da Maya buscava. Também era preciso manter acesa a noção de que ganhos, neste campo, não são mensuráveis em tempo curto, em números de visitantes, ou de participantes de proposições. O trabalho com arte e educação é lento, e às vezes pode pare-cer até invisível. Precisa paciência para esperar que cheguem alguns pequenos sinais de que estamos no caminho certo. Aqui, após alguns anos estes sinais sutilmente começam a se pro-nunciar. Eles aparecem nos alunos que voltam às exposições sozinhos ou trazendo seus pais e mães, em novos professores que se somam àqueles que são parceiros desde o início. Quan-do ouvimos que os alunos cobram a visita ao Espaço, quando durante a visita vemos homens, mulheres, meninos e meninas que já conhecem os caminhos das salas de exposição e circulam

pelo Da Maya com a segurança de quem se acostumou a passar por lá.

São estas pequeníssimas coisas que transfor-mam o trabalho realizado cotidianamente por toda a equipe que compõe o espaço em algo possível e cheio de vontade, esperança e de-licadeza.

Cada funcionário, independente do posto que ocupa, é um pouco mediador do espaço. Cada um sabe falar se a exposição foi mais ou menos frequentada, se a escola A ou B veio ou não na mostra, se os professores es-tão engajados, se os alunos estão compreen-dendo o que o projeto propõe. Talvez porque todos saibam e defendam a validade daquilo que o Da Maya propicia para muitos que che-gam ao seu espaço expositivo. A história ain-da recente do Da Maya Espaço Cultural é um constante apontamento para a arte como for-ma de qualificar a vida, de reencontrar o olhar, que se tornou opaco, em tudo que ele cintila e da educação como um lugar de experimenta-ção, invenção e produção de um mundo que abarca o íntimo e o coletivo, o doméstico e o global. Para que essa história continue sendo contada precisamos, cada vez mais, de pro-fessores, alunos, empresários, instituições e cidadãos que acreditem, participem e com-partilhem a crença em tudo que pode a arte e a educação.

DOS CAMINHOS de um projeto educativo

Curador educativo Da Maya

Espaço Cultural

Igor SIMÕES

Memórias Do Meu Lugar as mãos de artistas bageenses

Local: Da Maya Espaço Cultural (General Osório, 572)

Visitação: 2 de julho a 24 de agosto de 2014Horários: Terça a Sexta 14h às 18h30 Sábado e Domingo 15h às 18h30

Nilton Santolin

Bagé, Sexta-feira, 18 de julho de 2014PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE

O FIM

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No momento em que o Festival Inter-nacional de Música no Pampa( FIMP) chega a sua 5ª edição, que acontece de 27 de julho a 2 de agosto, no Complexo Cultural do Museu Dom Diogo de Sou-za, confirma sua reputação positiva no meio musical como um dos festivais internacionais de música de sólido con-teúdo artístico e pedagógico do Brasil. E, como se não bastasse, o convidado especial José Staneck (*) , festejado virtuose da harmônica de boca, impri-me ainda mais destaque ao evento.

O coordenador artístico e maestro Jean Reis observa que o festival rea-lizado em Bagé mantém o padrão de qualidade artística do Festival Músi-ca nas Montanhas, sendo conside-rado o festival irmão do FIMP. Além disso, soma-se um fator importante que é a presença de um filho da ci-dade, Dr. Marcos Machado que jun-tamente com Reis trazem para Bagé personalidades a nível internacional, valendo-se do relacionamento que possuem dentro do meio musical.

– A exemplo podemos citar a vinda do aclamadíssimo contrabaixista virtuose François Rabbath que veio ao Brasil para apresentar-se no FIMP. Tivemos ainda a presença do Ensemble São Paulo com membros do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, sem deixar de citar membros do corpo de professores como o conceituadíssimo pianista Guigla Katsarava. Prata da casa, Dr. Marcos Machado e demais professores ocupam importantíssimos papéis como solistas no Brasil e exterior e são todos procurados por estudantes que desejam um sólido trabalho técnico mu-sical aliado a um título em universidades onde estes professores atuam.

O maestro salienta também que a formação do corpo docente dos professo-res e artistas é precedido de uma cuidadosa escolha. Por esta razão, estudan-tes de instrumentos das oficinas do FIMP atraem jovens de nível avançado de estudo, provindos não somente de outros estados brasileiros mas do exterior, mesmo sendo estudantes de importantes universidades de outros países.

Reis salienta que os concertos noturnos obedecem critérios impostos pe-los artistas e direção artística no intuito de prover música de alto nível e im-portância musical, mas que pode ser apreciada pelo público bageense.

– Para tanto, alia-se o virtuosismo dos artistas, a importância para os jovens estudantes e o bom gosto para que o público seja arreba-

tado pela beleza musical e não apenas pela dificuldade téc-nica das obras executadas, comemora o maestro.

JOSÉ STANECK foi chama-do de David Oïstrakh - violista russo-ucrâniano mais consa-grado do século XX - da har-mônica pelo crítico francês Oliver Bellamy e comparado aos músicos Andrés Segovia e Mstislav Rostropovich por sua atuação no desenvolvimento e divulgação de seu instru-mento pelo crítico Luiz Paulo Horta, José Staneck tem um estilo próprio onde elementos tanto da música de concerto quanto da música popular bra-sileira e do jazz se fundem a serviço de uma sonoridade e expressividade marcante.

Tem sido solista de importan-tes orquestras no Brasil e ex-terior. Em 2013 participa da 1ª audição mundial e gravação do DVD Contraponto 3 contendo a composição de Aluísio Didier – Concertino Romântico para Gaita e Orquestra – Sobre Tema de Jo-bim. Peça essa iniciada por Tom Jobim há qua-se 60 anos atrás desenvolvida e finalizada pelo autor. Em Janeiro de 2014, após executar a mesma obra com a Orquestra Versatilis no Festival Música nas Montanhas sob a regência do Diretor Artístico do FIMP, maestro Jean Reis, chamou a atenção do prefeito DUDU que se encon-trava presente. Deste encontro resultou o convite para estar presente no FIMP não apenas como solista da orquestra mas implementando um trabalho com crianças usando como instru-mento a Harmônica de Boca, de fácil utilização pelas crianças.

Staneck será o solista no concerto de encerramento da Or-questra do FIMP executanto “Memória e fado” e “So-

nhos do Recife” (versão para harmônica e orquestra de cordas), por Egberto Gismonti, um dos con-

ceituados compositores que já escreve-ram obras dedicadas a Staneck.

ADOTE UM ESTUDANTEA comunidade de Bagé abraçou o FIMP desde a sua 1ª edição, hospedando alunos indicados pela direção do festival.

Participe do programa Adote um estudante ligando (53) 9943-0234 ou pelo e-mail [email protected].

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