patrimônio cultural edificado: o caso da basílica de santa sofia

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  • 7/24/2019 Patrimnio cultural edificado: o caso da baslica de Santa Sofia

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    Patrimnio cultural edificado:o caso da baslica de Santa Sofia

    GIOVANNA PAOLA PRIMOR RIBAS*

    ResumoEm 1993, o Estado Turco, em razo da situao crtica que se encontra a baslica deSanta Sofia, iniciou um processo de restaurao que se arrastou por 16 anos. Esse

    processo foi patrocinado pelo Estado da Turquia e pela UNESCO (Organizao dasNaes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura) que subsidiada por seuspases membros, inclusive o Brasil. O presente trabalho objetivou verificar se oprocesso de restaurao foi eficiente a ponto de salvaguardar a integridade e aautenticidade desse Patrimnio Comum da Humanidade. Em 2009, os andaimes dasobras da Santa Sofia foram retirados, sem que tivesse sido alcanado um resultadosatisfatrio, exceo da restaurao dos mosaicos patrocinada pela UNESCO. Pela

    pesquisa, concluiu-se que a situao da baslica ainda extremamente preocupante,visto que ainda existem srios riscos de danos irreparveis a esse monumento.

    Palavras-chave: Histria; Restaurao; UNESCO; Preservao; Integridade;Autenticidade.

    Abstract

    Due to the critical conditions of the cathedral, in 1993 the Turkish State began arestoration process which lasted 16 years. This process was sponsored by the TurkishState and by UNESCO that is subsidized by its country members, including Brazil.The goal of the present study is to verify if the restoration process was efficientenough to keep the integrity and the authenticity of this common heritage of mankind.In 2009 the scaffolds of Saint Sophia were taken off and they show that therestoration did not achieve a satisfactory result, except for the restoration of the

    mosaics, sponsored by UNESCO. It is inferred through the research, that the state ofthe cathedral still is extremely worrisome, due to the serious risks of irreparabledamages to this monument.

    Key words:History; Restoration; UNESCO; Preservation; Integrity; Authenticity.

    *

    GIOVANNA PAOLA PRIMOR RIBAS Doutoranda em Direito Econmico e Socioambientalpela Pontifcia Universidade Catlica do Paran; Professora em Direito Ambiental pela Faculdade Secal eAdvogada.

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    Introduo

    O bem cultural algo capaz de satisfazeras necessidades vitais sociais dereconhecimento do homem no mundo,

    tanto no passado, como no presente, para aconstruo do futuro. O intuito da

    preservao do bem cultural fazer reviverum passado, a fim de preservar aidentidade dos povos e grupos sociais erefletir sobre o destino das sociedadesatuais (CHOAY, 2006, p. 26-29).

    No obstante os avanos obtidos emrelao ao tema patrimnio cultural,constata-se ainda o descaso da sociedade e

    das naes face deteriorao e adestruio do patrimnio cultural, seja pelafalta de incentivos, formal e/ou material,ou pela falta de proteo efetiva do PoderPblico.

    Um dos monumentos mais importantespara a histria da humanidade a baslicade Santa Sofia, situada na cidade deIstambul, Turquia. A Aya Sofya, como conhecida pelos turcos, passou por umlongo processo de restaurao que durou16 anos, aps visita oficial da UNESCOque constatou o estado de deteriorao emque se encontrava.

    No obstante o caso da baslica de SantaSofia parecer uma realidade distante da doBrasil e ainda termos tambm muitos

    problemas como este, a escolha do caso sedeu pelo valor incomensurvel que esse

    patrimnio possui e por ser um dos maisimportantes do mundo para a histria da

    nossa civilizao. A inteno destapesquisa foi fazer um alerta comunidadeinternacional a respeito dos srios riscos dedanos irreparveis que acometem SantaSofia.

    Em razo da importncia dessemonumento para o mundo, o presentetrabalho objetivou verificar se esse

    processo de restaurao foi eficiente aponto de salvaguardar a integridade e a

    autenticidade desse Patrimnio Comum daHumanidade.

    1. Conceito de patrimnio cultural

    O conceito de patrimnio no sentidoclssico est voltado para a questoeconmica, tendo como ncleo a

    titularidade e a apropriao de bens, sejano mbito pblico, seja no privado. Noentanto, para que os bens ambientaisculturais formem um patrimnio, no

    precisam nem ter valor econmico, nempertencerem a um mesmo titular (SILVA,2002, p. 97-98), como se depreende dasdefinies de patrimnio cultural adotadas

    pela UNESCO.

    Para a Conveno de Paris sobre a

    salvaguarda do patrimnio mundial,cultural e natural da UNESCO, de 1972,so considerados como patrimniocultural, de acordo com o artigo 1:

    Os monumentos. Obrasarquitetnicas, de escultura ou de

    pintura monumentais, elementos deestruturas de carter arqueolgico,inscries, grutas e grupos deelementos com valor universalexcepcional do ponto de vista da

    histria, da arte ou da cincia;Os conjuntos. Grupos de construesisoladas ou reunidos que, em virtudeda sua arquitetura, unidade ouintegrao na paisagem tem valoruniversal excepcional do ponto devista da histria, da arte ou da cincia;

    Os locais de interesse. Obras dohomem, ou obras conjugadas dohomem e da natureza, e as zonas,incluindo os locais de interesse

    arqueolgico, com um valor universalexcepcional do ponto de vistahistrico, esttico, etnolgico ouantropolgico.

    Para a Conveno relativa s medidas aserem adotadas para proibir e impedir aimportao, exportao e transferncia de

    propriedades ilcitas dos bens culturais, de1970, conforme artigo 1, a expresso"bens culturais" significa quaisquer bensque, por motivos religiosos ou profanos,tenham sido expressamente designados porcada Estado como de importncia para a

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    arqueologia, a pr-histria, a histria, aliteratura, a arte ou a cincia e que

    pertenam s categorias descritas nodispositivo citado.

    Os conceitos das citadas convenes secomplementam na tentativa de abarcartodas as formas de bens culturais. Adefinio de patrimnio cultural aceita pelaConveno da UNESCO, de 1970, deixaevidente que a dominialidade se determina

    pela localizao do bem, e no pelo seuautor. (SOUZA FILHO, 2006, p. 46).

    O conceito de patrimnio cultural utilizadonesse trabalho ser baseado nos conceitos

    construdos por Marchesan e Choay.Marchesan indica trs subcategorias quemelhor distinguiriam um bem comum deum cultural, que seriam: 1) a nao; 2) otestemunho; 3) a referncia(MARCHESAN, 2007, p. 44).

    A autora aponta a Nao como categoria-chave do sentido ontolgico de patrimniocultural. Entende-se temerria a designaodesta categoria como regra geral.

    Vrios autores como Bobbio, Dallari eTnnies aceitam a diferenciao entreEstado e Nao, quando reconhecem no

    primeiro a categoria sociedade, e nasegunda, comunidade. As sociedades seformam por ato de vontade, no seexigindo que os seus membros tenhamafinidades espirituais ou psicolgicas,enquanto as comunidades so frutos delaos naturais, eternos (DALLARI, 2007, p.133-134).

    A Nao um projeto poltico que visa aunificao em seu territrio de lngua,cultura e tradies (BOBBIO, 1995, p.799e 803). Ainda que o Brasil sejaconsiderado uma Nao, somos um pasmulticultural. Os laos que ligam o

    Nordeste ao Sul, pode-se dizer, sobasicamente territoriais e no culturais.Assim, no mbito de uma Nao,

    possvel encontrar vrias comunidades. Os

    bens culturais que so referncias adeterminadas comunidades (como a

    nordestina), no so a outras (como asulina).

    A idia de Nao como categoria-chaveparece restringir o mbito de alcance da

    cultura transformada em patrimnio.Esferas menores como os Estados-membros e os Municpios tambm

    possuem patrimnio cultural que pode noser referncia para a Nao brasileira.Comunidades locais tambm possuem

    patrimnio cultural, mesmo que noprotegidas pelo Estado, visto sereminferiores unidade poltica do Municpio.Portanto, compreende-se que a autora noquis restringir o conceito de patrimniocultural, entretanto, em razo dadificuldade de definio da categoria

    Nao, um tanto quanto temerria a suautilizao para definio de patrimniocultural.

    Choay utiliza a categoria comunidade paraexplicar o conceito material de patrimniohistrico. Assim, uma definio que seentende mais adequada para patrimniocultural funde os conceitos de Choay e

    Marchesan.Portanto, pode-se concluir que patrimniocultural o conjunto de bens, prticassociais, criaes materiais ou imateriais dedeterminada comunidade e que, por sua

    peculiar condio de estabelecer dilogostemporais e espaciais relacionados aquelacultura, serve de testemunho e dereferncia s geraes presentes e futuras,e constitui valor de pertena pblica,

    merecedor de proteo jurdica e ftica porparte do Estado (MARCHESAN, 2006, p.50).

    2. O patrimnio cultural dahumanidade

    Para que um bem possa ser consideradopatrimnio da humanidade e,consequentemente, ser inscrito na Lista doPatrimnio Mundial, deve expressar umvalor universal excepcional, definido por

    em uma srie de critrios estabelecidospelo Comit do Patrimnio Mundial,

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    conforme estabelece o art. 11, 2 e 5 daConveno Relativa Proteo doPatrimnio Mundial, Cultural ou Naturalde 1972.

    Para a inscrio, basta o preenchimento deum dos critrios elencados. Dentre essescritrios, destacam-se a autenticidade, arepresentatividade, a seletividade e acomprovao de que o Estado interessadoadotou medidas protetoras adequadas ao

    bem candidato inscrio, alm de,obviamente, seu consentimento (SILVA,2003, p. 91).

    Cabe ao Comit a organizao da Lista do

    Patrimnio Mundial, que nada mais doque a aprovao das listas elaboradas porcada Estado-membro dos bens de seuterritrio que tenham importncia para acultura universal. Dessa forma, a proteodos bens inscritos na Lista do PatrimnioMundial deixa ser uma preocupaointerna, e passa a ser tambm umcompromisso internacional.

    Para proteo do patrimnio dahumanidade, foi institudo um Fundo doPatrimnio Mundial, constitudo, dentreoutros recursos, por contribuiesobrigatrias e voluntrias dos Estados-

    partes da Conveno (art. 15, pargrafosegundo). O Brasil, Estado-parte desde aratificao da conveno em 01.09.1977,

    contribuiu para o Fundo, em 2012, com ovalor de R$ 88.388,00.

    Ressalta muito bem Rodrigues e Mirandaque o critrio da excepcionalidade como

    requisito para proteo jurdica somente sejustifica em mbito internacional, tendo oEstado soberano o dever de proteger todosos bens culturais do pas,independentemente do grau designificncia (2012, p. 300).

    3. O caso da baslica de Santa Sofia:histria e arquitetura

    Chamada de Aya Sofya em turco, HagiaSophia em grego, Church of Divine

    Wisdom em ingls, a baslica de SantaSofia, que significa divina sabedoria, umdos monumentos mais importantes efascinantes do mundo.

    O Imperador Justiano no apenasrevolucionou a construo de igrejas, masa arquitetura como um todo. Foiresponsvel pela reparao de fortificaese aquedutos, alm de reconstruir cidadescomo Antioquia, devastada por um

    terremoto. Uma das suas maiorescontribuies para a arquitetura mundialfoi a ereo da baslica de Santa Sofia. Suaestrutura em cpula tornou-se a base paragrandes catedrais renascentistas como asde So Pedro, em Roma, e So Paulo, emLondres (GLANCEY, 2001,p. 38).

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    Fotografia 1 Fonte: a autora

    Erigida no lugar de outras duas baslicasem runas, com o mesmo nome, o templono foi projetado por grandes mestres da

    construo. Antmio de Trales e Isidoro deMileto eram mais cientistas do que

    propriamente arquitetos. Arquitetos ouno, foram responsveis por um dosmaiores patrimnios da humanidade quemistura dois tipos de edifcios: a igrejaabobadada biflia e a baslica acupulada. Aestrutura inovadora foi possvel devido utilizao de tijolos, exceo das oitocolunas enormes construdas com blocosde pedra (COLE, 2011, p. 158).

    O mais impressionante da construo acpula, em razo da aparente falta desuporte. Com 32,6 metros de dimetros,

    sustentada a leste e a oeste por duassemicpulas, cada uma com duas exedraelaterais, tambm com semicpulas.Abbadas cilndricas levam abside a lestee ao nrtex a oeste. O espao centralcupulado circundado por dois andares denaves, nrtex e galerias, em uma plantaquadrada (COLE, 2011, p. 158).

    Fotografia 2 Fonte: a autora

    Um dos pontos principais da baslica soos belssimos mosaicos. Originalmente,todas as reas da igreja eram cobertas por

    mosaicos em ouro, desde a cpula atcorredores e galerias. Restaram hojevestgios desses mosaicos.

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    Fotografias 3 e 4 - Fonte: a autora

    A baslica foi por nove sculos o centroque comandou o mundo ortodoxo cristo.Construda pelo imperador Justiano em537 d. C. (532-537), a baslica o grandemarco do Imprio Bizantino que perduroude 330 d. C. a 1453 d. C., data em queConstantinopla foi tomada pelos turcos

    otomanos. Nesta poca, Mehmet, oConquistador, apoderou-se da baslica para

    o Islamismo e a converteu em mesquita.Devido importncia tanto para osmuulmanos, quanto para os cristos, foideclarada museu, em 1935, por Atatrk,oficial do exrcito, estadistarevolucionrio, fundador e primeiro

    presidente da Repblica da Turquia. Os

    minaretes so frutos da invao da turca. Oprimeiro foi instalado por Mehmet, o

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    Conquistador, enquanto Sinan projetou osoutros para os sultes Beyazit II (1481 1512) e Selim II (1566-1574).

    4. O processo de restaurao da

    baslica e a participao daUNESCO

    A inscrio da baslica na Lista doPatrimnio Mundial ocorreu em 1985, emrazo da inscrio de toda rea Histricade Istambul, e teve como fundamentoquatro dos seis critrios (I, II, III e IV)

    previstos nas Diretrizes do Comit doPatrimnio Mundial. Abaixo, segue umhistrico dos principais acontecimentos

    relativos Santa Sofia junto UNESCO1

    : 1993 Durante visita oficial doDiretor-Geral da UNESCO para a Turquia,as autoridades turcas chamaram suaateno para o estado de deteriorao deSanta Sofia. Posteriormente, uma missofinanciada pela UNESCO avaliou o estadode conservao e concluiu que o prdiono estava seriamente em risco. Noentanto, foi proposto que se estabelecesseum sistema de controle, especialmente noque diz respeito a todo o movimento que

    poderia afetar a estrutura do edifcio. 1994 Aprovado requerimento deassistncia internacional no montante deUS$30,000 para continuidade do trabalhode restaurao dos mosaicos da cpula.

    1994 O Comit foi informado deque os problemas com o financiamento do

    projeto causou alguns atrasos narestaurao dos mosaicos e que osespecialistas presentes, no local, daUNESCO manifestaram seu pesar sautoridades responsveis pela obra que,apesar de suas recomendaes, a partemetlica que cobre a Santa Sofia foiexecutada com um material que era muitofino e, portanto, frgil. O Comitrecomendou s autoridades turcas para que

    1 UNESCO. Documents Historic Areas of

    Istambul. Disponvel em:. Acesso em: 01 jul 2012.

    tomassem as medidas necessrias paraacelerar a transferncia de recursosaprovados no mbito do Fundo doPatrimnio Mundial para a restaurao dos

    mosaicos na Santa Sofia. 1994 O Comit aprovouassistncia internacional no valor deUS$80,000 para completar a fase final do

    projeto de restaurao.

    1998 Em 1993, uma misso deperitos visitou Santa Sofia. Uma srie derecomendaes para a sua reabilitao,elaboradas pela misso da UNESCO em1993, foi aprovada pelo Governo da

    Turquia, que depois aumentou a suadotao oramentria para a suaimplementao. Em maro de 1998 outramisso visitou o monumento e salientou anecessidade de um rgo consultivo deespecialistas internacionais e nacionais que

    pudessem se reunir regularmente paraaconselhar a equipe nacional composta

    pelo Museu de Santa Sofia e peloLaboratrio Central de Conservao eRestauro, responsveis pela restaurao.

    Ele tambm observou que a restauraodos mosaicos de Santa Sofia, para a qual oFundo do Patrimnio Mundial, em

    particular os EUA, contribuiu com US$80.000 dlares entre 1983 e 1994, estava

    progredindo satisfatoriamente. 1999 Notando que o impacto deterremotos nos monumentos e stios s soevidentes ao longo do tempo, a Secretariasolicitou ao Centro do Patrimnio Mundial

    para apoiar o esforo nacional dereabilitao e para monitorar os efeitos doterremoto. 2000 Ajuda de emergncia dosEUA no valor de US$ 30,000.00 paraavaliao dos danos do terremoto na SantaSofia.

    Em 1993, o Estado da Turquia iniciou umprocesso de restaurao da baslica, que searrastou por 16 anos. Alm dos US$140,000.00 recebidos da UNESCO, o

    Estado turco recebeu mais US$ 211,900.00para conservao da Santa Sofia de fundos

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    extra-oramentrios (UNESCO extra-budgetary Funds), sem contar os recursosnacionais e as ajudas financeiras deentidades para-estatais como World

    Monuments Funds que contribuiu comUS$ 500,000.00 e levantou outro meiomilho em fundos de contrapartida parareparaes urgentes na ltima dcada(BORDEWICH, 2008).

    5. Concluso

    Em 2009, os andaimes das obras da SantaSofia foram retirados, sem que tivesse sidoalcanado um resultado satisfatrio, exceo da restaurao dos mosaicos

    patrocinada pela UNESCO.Pode-se concluir que a situao da baslicaainda extremamente preocupante, peloque relata o Instituto Smithsonian:

    Yet the overall impression was one ofdingy neglect and piecemeal repair. Igazed up at patches of moisture and

    peeling paint; bricked-up windows;marble panels, their incised surfaces

    obscured under layers of grime; andwalls covered in mustard-colored paintapplied by restorers after goldenmosaics had fallen away. Thedepressing effect was magnified by atower of cast-iron scaffolding thatcluttered the nave, testament to alagging, intermittent campaign tostabilize the beleaguered monument(BORDEWICH, 2008).

    Essa concluso foi reforada ainda mais

    aps visita ao local, onde se pde constatara situao de fragilidade que se encontraSanta Sofia, um patrimnio de importnciaincomensurvel.

    Fotografia 5 - Fonte: A Autora

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    Fotografia 6 - Fonte: A Autora

    Fotografia 7 - Fonte: A Autora

    Essa apenas uma fase inicial da presente

    pesquisa2 que visou analisar o grau deeficincia do processo de restaurao daSofia Santa. Outro grande questionamentosurge: Por que o processo de restauraofoi ineficiente, se ao que parece recursosfinanceiros no faltaram?

    O novo paradigma ambiental prope adiluio das posies formais rgidas entre

    2Pesquisa vinculada disciplina Direito Ambiental

    e Sustentabilidade ministrada pelo Professor DoutorVladimir Passos de Freitas no Doutorado emDireito da PUC/PR.

    credores e devedores, ou seja, a todos se

    atribuem, simultaneamente, o direito aomeio ambiente ecologicamente equilibradoe o dever de proteg-los. Istambul e a

    baslica representam a histria viva domundo. Ao passo que a humanidade possuio direito preservao da sua cultura, porser o monumento um bem de interessedifuso, tambm tem o dever de contribuir

    para a sua proteo.

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    Referncias

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    Recebido em 2013-01-29

    Publicado em 2013-05-13