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143 A TERRA: CONFLITOS E ORDEM Património paleontológico do Concelho de Almada João Pais 1,3 , Paulo Legoinha 1,4 & Mário Estevens 1,2,5 1 Centro de Investigação em Ciência e Engenharia Geológica, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Quinta da Torre, 2829-516 Caparica 2 Departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável, Câmara Municipal de Almada, Rua Bernardo Francisco da Costa, 42, 2800-029 Almada 3 [email protected]; 4 [email protected]; 5 [email protected] Palavras-chave: Património paleontológico; Miocénico; Almada; Bacia do Baixo Tejo; Portugal. Resumo: pela sua grande riqueza paleontológica, sobretudo no que diz respeito a fósseis miocénicos, as arribas litorais e ribeirinhas do Concelho de Almada merecem ser incluídas no Património Paleontológico Português, de acordo com critérios científicos, pedagógicos e culturais, entre outros. Enumeram-se razões justificativas dessa inclusão, para algumas jazidas seleccionadas, consideradas mais representativas da totalidade do conjunto. Title: Paleontological Heritage of Almada County. Key-words: Paleontological heritage; Miocene; Almada; Lower Tagus Basin; Portugal. Abstract: due to its great paleontological wealth, especially in what concerns the Miocene fossils, the coastal and riverine cliffs of Almada County should be part of the Portuguese Paleontological Heritage, according to scientific, pedagogic and cultural criteria, among others. Reasons justifying this inclusion are herein presented for some selected localities, considered most representative of the whole series. 1. Introdução Diz-se que a memória de um povo está no seu património histórico e cultural. Antes dos povos, a Terra e, por conseguinte, a vida, também têm uma história que interessa registar e preservar, a fim de melhor compreendermos os sistemas naturais, as suas interligações e dependências. É neste património natural que se integra o património geológico e, em particular, o património paleontológico. O registo da história da Terra e da Vida está conservado nas rochas, tanto enquanto materiais líticos gerados pelos processos geológicos do planeta, como pelos fósseis que encerram, que constituem elementos essenciais ligados à história da vida. Uma das formas mais comuns de guardar esses documentos naturais tem sido a preservação e exposição em museus de história natural, onde é mostrada a grande variedade de rochas e de fósseis que vão sendo recolhidos no campo. Todavia, por mais cuidada e elaborada que seja a apresentação desses materiais, falta-lhes sempre o enqua- dramento natural na paisagem (o contexto geológico de proveniência), pelo que a preservação dos locais de ocorrência desses materiais é também essencial, constituindo uma das melhores formas de os valorizar. Neste sentido, tem havido preocupação cada vez maior das entidades oficiais, entre as quais se conta a Câmara Municipal de Almada, na preservação do património cultural e, também, natural. Muitas vezes, a conservação de locais

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Page 1: Património paleontológico do Concelho de Almada · 143 A TERRA: CONFLITOS E ORDEM Património paleontológico do Concelho de Almada João Pais1,3, Paulo Legoinha1,4 & Mário Estevens1,2,5

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A TERRA: CONFLITOS E ORDEM

Património paleontológicodo Concelho de Almada

João Pais1,3, Paulo Legoinha1,4 & Mário Estevens1,2,5

1 Centro de Investigação em Ciência e Engenharia Geológica, Faculdade de Ciências e Tecnologia daUniversidade Nova de Lisboa, Quinta da Torre, 2829-516 Caparica

2 Departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável, Câmara Municipal de Almada, RuaBernardo Francisco da Costa, 42, 2800-029 Almada

3 [email protected]; 4 [email protected]; 5 [email protected]

Palavras-chave: Património paleontológico; Miocénico; Almada; Bacia do Baixo Tejo; Portugal.

Resumo: pela sua grande riqueza paleontológica, sobretudo no que diz respeito a fósseis miocénicos,as arribas litorais e ribeirinhas do Concelho de Almada merecem ser incluídas no PatrimónioPaleontológico Português, de acordo com critérios científicos, pedagógicos e culturais, entre outros.Enumeram-se razões justificativas dessa inclusão, para algumas jazidas seleccionadas, consideradasmais representativas da totalidade do conjunto.

Title: Paleontological Heritage of Almada County.

Key-words: Paleontological heritage; Miocene; Almada; Lower Tagus Basin; Portugal.

Abstract: due to its great paleontological wealth, especially in what concerns the Miocene fossils,the coastal and riverine cliffs of Almada County should be part of the Portuguese PaleontologicalHeritage, according to scientific, pedagogic and cultural criteria, among others. Reasons justifyingthis inclusion are herein presented for some selected localities, considered most representative ofthe whole series.

1. Introdução

Diz-se que a memória de um povo estáno seu património histórico e cultural. Antesdos povos, a Terra e, por conseguinte, a vida,também têm uma história que interessaregistar e preservar, a fim de melhorcompreendermos os sistemas naturais, assuas interligações e dependências. É nestepatrimónio natural que se integra opatrimónio geológico e, em particular, opatrimónio paleontológico.

O registo da história da Terra e da Vidaestá conservado nas rochas, tanto enquantomateriais líticos gerados pelos processosgeológicos do planeta, como pelos fósseisque encerram, que constituem elementosessenciais ligados à história da vida. Umadas formas mais comuns de guardar esses

documentos naturais tem sido a preservaçãoe exposição em museus de história natural,onde é mostrada a grande variedade derochas e de fósseis que vão sendo recolhidosno campo. Todavia, por mais cuidada eelaborada que seja a apresentação dessesmateriais, falta-lhes sempre o enqua-dramento natural na paisagem (o contextogeológico de proveniência), pelo que apreservação dos locais de ocorrênciadesses materiais é também essencial,constituindo uma das melhores formas deos valorizar.

Neste sentido, tem havido preocupaçãocada vez maior das entidades oficiais, entreas quais se conta a Câmara Municipal deAlmada, na preservação do patrimóniocultural e, também, natural.

Muitas vezes, a conservação de locais

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com elevado valor natural entra em conflitocom interesses económicos, que tendem ainviabilizar a respectiva classificação eprotecção. Esta situação só pode serultrapassada por legislação específica, quevalorize correctamente a importância desseslocais, de modo a que constituam patrimónionatural a nível nacional ou internacional. Paraque isso aconteça, devem ser respeitadoscritérios que permitam caracterizar o valorintrínseco das ocorrências e justifiquem asua inclusão na entidade designada porPatrimónio Paleontológico.

2. Definição e critérios do

Património Paleontológico

Por Património Paleontológico entende-se o conjunto de recursos paleontológicos(incluindo os fósseis, as jazidas e ascolecções de fósseis fora de contextogeológico) provenientes do registo geológicode uma dada área, que, pela sua relevância,constituam um bem patrimonial funda-mental merecedor de preservação (Silva et

al., 1998; Cachão et al., 1998; Cachão &Silva, 1999, 2004).

A relevância dos recursos paleontoló-gicos, sejam eles fósseis ou jazidas, derivada avaliação do seu valor feita pelosprofissionais da área (os paleontólogos), deacordo com critérios diversificados:científicos, pedagógicos, culturais, econó-micos, etc. (Alcalá & Morales 1994; Cachãoet al., 1998; Cachão & Silva, 2004).

O interesse potencial de uma dada jazidafossilífera (ou seja, o seu valor patrimonial)resulta, assim, da concorrência de um oumais destes critérios, os quais fornecempadrões objectivos para filtrar e avaliar ossítios paleontológicos, de modo a determinara sua eventual classificação e integração noPatrimónio Paleontológico Português (P.P.P.).Em geral, pode considerar-se que uma jazidaé tanto mais importante, quanto maior for onúmero de publicações de índole científicaque lhe forem dedicadas (Cachão et al.,1998; Cachão & Silva, 2004).

O valor patrimonial do Miocénico daPenínsula de Setúbal, e em particular do seuconteúdo paleontológico, foi anteriormenteabordado para a totalidade desta região(Estevens et al., 1999a, 1999b), sendo agora

tratado, especificamente, o patrimóniopaleontológico do Concelho de Almada.

3. Contexto geológico

do Concelho de Almada

Do ponto de vista da geologia e dapaleontologia, o que importa considerar emAlmada em termos patrimoniais? A questãonão pode ser encarada unicamente dentreos limites administrativos do concelho,embora lhe reservemos o enfoqueprevalecente. Contudo, o município deAlmada insere-se num contexto geológicomais vasto, que convém abordar.

Os terrenos de Almada, inteiramentedatados do Neogénico, fazem parte doenchimento sedimentar da Bacia do BaixoTejo, constituindo um registo invulgarmenterico a nível da Europa Ocidental. Aalternância de níveis marinhos econtinentais, resultante de diversastransgressões e regressões marinhas,proporciona uma visão invulgarmentecompleta de ambientes e condicionalismosclimáticos diversos, permitindo estabelecercorrelações de primeira ordem entre osdomínios marinho e continental, com basesobretudo em foraminíferos planctónicos emamíferos terrestres, a nível dificilmentealcançável noutras regiões.

Destaca-se, em especial, a sériemiocénica, a qual apresenta uma sucessãoquase completa desde o Aquitaniano até,pelo menos, o Tortoniano Inferior (unidadesI a VIIb de Cotter, 1904), bem como umagrande riqueza paleontológica, quer emabundância quer em diversidade. Por estemotivo, pode proceder-se à caracterizaçãobastante precisa das evoluções paleo-climática, paleoecológica e paleogeográficada região durante o Miocénico. A posiçãogeográfica privilegiada de Portugal, no limiteentre os domínios Atlântico e Mediterrânico,por um lado, e em face da costa leste daAmérica do Norte, por outro, acresce aointeresse da série, por permitir oestabelecimento de correlações entre osvários domínios.

A importância do Miocénico da regiãodistal da Bacia do Baixo Tejo, em particulardos afloramentos do Concelho de Almada,

Património Paleontológico

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A TERRA: CONFLITOS E ORDEM

levou a que, nos últimos anos, tenham sidopublicados diversos estudos sobre estasucessão estratigráfica, em especial porinvestigadores integrados no CICEGe –Centro de Investigação em Ciência eEngenharia Geológica da Universidade Novade Lisboa, com longa experiência nesta área(Antunes et al., 1995, 1996, 1997, 1998,1999a, 1999b, 2000a; Manuppella et al.,1999; Legoinha, 2001; Pais, 2002, 2004;Pais et al., 2003, 2006; Ribeiro et al., 2003;Sousa et al., 2003;, Legoinha et al., 2004;Kullberg et al., 2006).

A evidência acerca dos depósitos pós-miocénicos é consideravelmente maislimitada. Na região, afloram depósitos deuma sucessão pliocénica, além de outrosquaternários (plistocénicos e holocénicos),de carácter predominantemente continentale bastante mais desenvolvidos nos concelhoslocalizados a Sul de Almada (Antunes et al.,2000b; Pais, 2004). Uns e outros têm-serevelado pobres do ponto de vistapaleontológico, conquanto tenham interessesignificativo quanto aos caracteressedimentológicos e, até, pela presença deouro, que deu origem a antigas explorações(Choffat, 1912-13; Salgueiro et al., 2000).

Dada a destruição e/ou ocultação porconstruções da maioria dos depósitos queoutrora expostos na região de Lisboa, osmelhores afloramentos miocénicos da Baciado Baixo Tejo encontram-se, actualmente,na Península de Setúbal, onde se distribuem,principalmente, pelas arribas ribeirinhas elitorais dos municípios de Almada eSesimbra. Apresentam um caráctermarcadamente marinho e fossilífero,exibindo, no conjunto, a quase totalidade dasérie desta bacia. O Aquitaniano não aflorae podem estar representados níveis umpouco mais recentes do que os últimosconhecidos em Lisboa (Antunes et al.,1999a; 2000a).

A proximidade de áreas fortementeurbanizadas e/ou em urbanização apontapara que, num futuro não muito longínquo,apenas restem algumas destas arribas comotestemunho dos depósitos distais doMiocénico da Bacia do Baixo Tejo, factor queacentua o valor patrimonial dos aflora-mentos do Concelho de Almada (Estevenset al., 1999a).

4. Património Paleontológicodo Concelho de Almada

Uma das características do Miocénico dageneralidade da Bacia do Baixo Tejo, queconcorre para a sua necessidade depreservação, é a grande riqueza paleon-tológica que revela quanto à abundância,diversidade e boa conservação de fósseis emquase todos os níveis, os quais assumempapel relevante pelas indicações bios-tratigráficas, paleoclimáticas, paleoeco-lógicas e paleogeográficas que proporcionam(Estevens et al., 1999b).

O Miocénico de Almada, em particular,merece destaque pelo carácter notória-mente fossilífero, tendo produzido diversose abundantes espécimes ao longo dos anos.Assinale-se, que esta temática tem sidofrequentemente abordada por investigado-res integrados no CICEGe, sendo de referir,nos últimos anos, vários estudos na área daCaparica e da Arriba Fóssil (Antunes et al.,1990, 1992, 1996), bem como proposta declassificação do corte do Cristo Rei, bemdescrito dos pontos de vista estratigráfico epaleontológico (Antunes et al., 1999b), aefectuar em articulação com a CâmaraMunicipal de Almada.

Alguns aspectos do património paleo-ntológico do Concelho de Almada sãoespecialmente notáveis, sendo possíveldiferenciar três intervalos de característicasdistintas ao longo do Miocénico.

4.1. Miocénico Inferior (até cerca de 16 Ma)

Intervalo de caracteres tropicais ousubtropicais, representado quase sempre porfácies marinhas correspondentes a situaçõescomparáveis às actuais do Golfo da Guiné,à excepção de alguns níveis mais elevados,de influência continental mais acentuada.Este conjunto de caracteres, que evolui notempo e no espaço, mantém-se, de certomodo, próximo do início do Miocénico Médio,há cerca de 16 Ma. Além de muitos outrosníveis, são de destacar, pela qualidade dosfósseis (sobretudo de moluscos), as “argilasazuis” da unidade IVa, bem expostas emPalença de Baixo. Esta unidade produziu,além de excelentes pectinídeos, belosexemplares do gastrópode Pereiraia gervaisi.

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Ainda que extremamente raras, são delembrar ocorrências dos derradeirosnautilóides, nomeadamente Aturia aturi.Aparecem também elementos termófilos dosmais típicos, tais como os tubarões dosgéneros Ginglymostoma, Negaprion eHemipristis. Dentre os mamíferos, há algunsrestos, escassos, de sirénios (dugongídeos)e de pequenas formas continentais (artiodác-tilos, lagomorfos e roedores), estes últimosapenas no corte do Cristo Rei.

4.2. Miocénico Médio(16 a 11,6 Ma)

Intervalo de caracteres indicativos detemperaturas menos elevadas, embora ocariz subtropical se mantenha ainda emprincípios do Miocénico Médio. Depois, hámodificações importantes, patenteadas pelas“argilas azuis” da unidade VIa (cerca de 14Ma), bem expostas nas trincheiras do IC20(via rápida para a Costa de Caparica),correspondentes a meios marinhos maisprofundos e águas de temperatura menoselevada. Além de moluscos bemconservados, está representada uma faunade peixes particularmente rica, em que osotólitos permitem uma visão muito completados teleósteos, a par de dentes repre-sentativos de seláceos muito variados.Ocorrem, ainda, restos frequentes decetáceos (principalmente odontoceteskentriodontídeos e misticetes cetoterídeos),além de uma tartaruga-marinha.

4.3. Miocénico Superior (parte Inferior - 11,6 a cerca de 9 Ma)

Intervalo de caracteres indicativos demeios marinhos temperados, ainda que comtemperaturas excedendo as actuais. Osdepósitos predominantes, essencialmenteareno-siltosos (unidades VIIa e VIIb), sãoricos de fósseis, com realce para pectinídeoscomo Flabellipecten tenuisulcatus e Chlamysmacrotis. Destacam-se as ocorrências depeixes, incluindo restos frequentes do grandetubarão Carcharocles megalodon, e decetáceos (eurrinodelfinídeos e cetoterídeos,entre outros). Inclui-se, neste domínio, aúltima ocorrência, verificada na antigaexploração de “areolas” da Quinta dosDurões, na Mutela, de um exemplar de

Tomistoma lusitanica, o crocodilo gigante deAlmada, porventura o mais espectacularfóssil encontrado na área em causa.

5. Jazidas Paleontológicasde Valor Patrimonialdo Concelho de Almada

Dada a relevância paleontológica de todoo Miocénico do Concelho de Almada,considera-se justificada a inclusão dageneralidade das arribas miocénicas domunicípio no Património PaleontológicoPortuguês (P.P.P.). Contudo, a títulomeramente ilustrativo do valor patrimonialdestas arribas, foram seleccionadas algumasjazidas mais importantes, que se destacampelo seu valor científico, pedagógico ecultural, pela facilidade de acesso e/ou peloelevado nível de conhecimento paleon-tológico (fig. 1).

As razões justificativas da selecçãodestas jazidas, e da sua inclusão no P.P.P.,são enumeradas, em pormenor, nos Quadros1 a 6, os quais, para não sobrecarregar, nãoincluem referências bibliográficas. As maisimportantes estão, no entanto, citadas naBibliografia, que, embora não exaustiva,comporta as obras básicas nestas matérias,clássicas e outras, de preferência comcaráter de síntese e de actualização.

Apresenta-se também, em seguida,uma caracterização breve de cada uma dasjazidas seleccionadas, distribuídas,essencialmente, ao longo do litoral doconcelho, podendo ser enquadradas em trêssectores:

a) Arribas da Frente Ribeirinha Oriental –antigas arribas ribeirinhas próximas dolitoral do “Mar da Palha” (entre Cacilhas ea Cova da Piedade), incluindo as jazidasda Mutela e Quinta dos Durões;

b) Arribas da Frente Ribeirinha Norte –arribas ribeirinhas da margem esquerdado “gargalo” do Tejo (entre Cacilhas e aTrafaria), incluindo as jazidas de Cristo Rei,Palença de Baixo, Porto Brandão, Portinhoda Costa e Trafaria;

c) Arriba Fóssil do Litoral Ocidental – arribafóssil ao longo da frente atlântica doconcelho (entre a Trafaria e o seu limitesul), incluindo as jazidas da Costa de

Património Paleontológico

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Caparica, Capuchos, Foz do Rego, Fonteda Telha e Adiça.

5.1. Arribas da Frente Ribeirinha Oriental

As arribas deste sector correspondem aantigas escarpas ribeirinhas, outrorabanhadas pelo Tejo, hoje separadas do riopela construção dos estaleiros da Margueira.Estão aqui expostos depósitos sucessi-vamente mais modernos a partir de Cacilhas,desde parte do Miocénico Inferior (unidadesIVb-Va2) ao Miocénico Médio (unidades Va3-VIc) e até a parte inferior do MiocénicoSuperior (unidade VIIa). Pertence a esteconjunto de arribas a importante jazida daQuinta dos Durões, na Mutela, onde outrora(até 1958, ou pouco depois) eram exploradossiltes para moldes de fundição.

5.1.1. Mutela

Localização: antiga escarpa ribeirinha,actualmente coberta por vegetação, situadano lado poente da EN 10, defronte dosestaleiros da Lisnave, presentementedesactivados. Coordenadas geográficas: 38º40' 48'’ N, 9º 9' 1'’ W.

Datação: à excepção de alguns níveisdo Serravaliano Superior, presentes somentena base (unidades VIb-VIc), ocorriam princi-palmente camadas do Tortoniano Inferior(unidade VIIa) (Cotter, 1904, p. 25-27).

Caracterização: as areias finas daunidade VIIa, com cerca de 26 m deespessura, constituíam a maior parte daescarpa, embora os níveis mais fossilíferoscorres-pondessem aos 11 m basais do corte,formados por grés e margas calcárias dasunidades VIb-VIc, muitos ricos em equi-nóides e moluscos (com destaque para ospectinídeos e, principalmente, Pycnodontasquarrosa).

Aspectos relevantes: constituía, àaltura, uma das melhores exposições daunidade VIIa na margem sul do Tejo. Localtipo de novas espécies de equinóides dedistribuição muito restrita (Arbacinamutellaensis e Clypeaster mutellensis), eratambém uma jazida muito rica devertebrados, nomeadamente peixes(seláceos e teleósteos) e, principalmente,cetáceos (misticetes).

Bibliografia: Cotter (1879, 1896,1904), Ribeiro (1880), Zbyszewski (1953).

5.1.2. Quinta dos Durões (Mutela)

Localização: antigo areeiro deexploração de areias finas para moldes defundição, situado cerca de 50 m a SSE da“Escola Industrial e Comercial de Almada”,imediatamente a SO da escarpa da Mutela.Coordenadas geográficas: 38º 40' 40'’ N, 9º10' 10'’ W.

Datação: sobre camadas doSerravaliano Superior (unidade VIc),ocorriam essencial-mente níveis doTortoniano Inferior (unidade VIIa).

Caracterização: o corte observado em1957 (Antunes, 1961, p. 9-10) permitiareconhecer mais de 7,5 m de areiasargilosas, intercaladas por um nível maiscarbonatado e compacto com numerososexemplares de Pinna pectinata, Flabelli-pecten tenuisulcatus, Tapes (Callistotapes)vetula, etc., que apresentavam frequente-mente a concha conservada.

Aspectos relevantes: a exposição eraexcelente, sendo que a própria exploração,moderada quanto a volumes de matériaextraída, ia “refrescando” o corte.Posteriormente, o abandono e sujidadeprejudicaram a observação. A abundância defósseis era notória, sendo de destacar apresença frequente de vertebrados, comorestos de peixes (incluindo dentes de seláceose otólitos de teleósteos), cetáceos (princi-palmente misticetes) e, em especial, o crânioe restos associados do esqueleto de um únicoindivíduo do grande crocodilo Tomistomalusitanica.

Bibliografia: Antunes (1958, 1961,1987, 1994), Antunes & Jonet (1969-70).

5.2. Arribas da Frente Ribeirinha Norte

As arribas ribeirinhas da margemesquerda do gargalo do Tejo, entre Cacilhase Trafaria, expõem principalmente camadasdo Miocénico Inferior (unidades II-Va2) eparte inferior do Miocénico Médio (unidadeVa3). Correspondem, quase sempre, a fáciesmarinhas, à excepção de alguns níveisregressivos, de influência continental maisacentuada, que ocorrem nomeadamente no

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Figura 1 – Distribuição das jazidas paleontológicas de valor patrimonial do Concelho de Almada(base cartográfica adaptada da Carta Geológica do Concelho de Almada na escala 1/20. 000, editadapela Câmara Municipal de Almada, em 2005).

Património Paleontológico

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corte subjacente ao Monumento ao CristoRei, onde há que destacar significativa jazidapaleobotânica, com restos foliares variados.

5.2.1. Cristo Rei (Forno do Tijolo)

Localização: arriba da margemesquerda do gargalo do Tejo, sob oMonumento a Cristo Rei. Coordenadasgeográficas: 38º 40' 48'’ N, 9º 10' 20'’ W.

Datação: maioritariamente do Burdi-galiano (unidades II-Va2), com alguns níveisdo Langhiano, mal expostos, no topo daencosta (unidade Va3).

Caracterização: composta, de baixopara cima, por arenitos margosos (unidadeII); arenitos fossilíferos (III); areias finas esiltitos margosos cinzentos ricos de fósseis(IVa); areias feldspáticas fluviais (parteinferior), passando a areias finas deltaicascom bancos de ostras, lentículas argilosascom macrorrestos de vegetais e areias comostras e pequenos mamíferos (IVb);biocalcarenitos com concreções algares(Va1); alternância de margas e biocal-carenitos (Va2); e biocalcarenitos com mol-des de moluscos e concreções algares (Va3).

Aspectos relevantes: boa represen-tação de quase todo o Burdigaliano, comdisconformidade evidente entre as unidadesII e III. Grande diversidade de paleo-ambientes (desde fluvial a circalitoral),possibilitando correlação directa entrebiostratigrafia marinha e continental. Fósseisabundantes, sendo a única jazida doConcelho de Almada com macrorrestos deplantas e pequenos mamíferos terrestres.

Bibliografia: Nascimento (1988),Antunes et al. (1996, 1999b), Gibert et al.(1998), Legoinha (2001).

5.2.2. Palença de Baixo

Localização: arriba da margemesquerda do gargalo do Tejo, a O da ponte,junto às antigas barreiras de exploração deargila para cerâmica há muito conhecidasneste local. Coordenadas geográficas: 38º40' 44'’ N, 9º 10' 49'’ W.

Datação: maioritariamente do Burdi-galiano (unidades II-Va2), com alguns níveisdo Langhiano a aflorarem já no topo daencosta (unidade Va3-Vb).

Caracterização: sequência semelhante

à da jazida do Cristo Rei, em que a maiorparte das arribas desta localidade éconstituída pelas “argilas azuis” (siltesargilosos), de fácies euxínica, da unidadeIVa, que aqui chegam a atingir cerca de 40m de espessura (Cotter, 1956, p. 80-83).

Aspectos relevantes: além da boaexposição das camadas burdigalianas, comdestaque para a unidade IVa, este antigocorte deu muitos e magníficos fósseis demoluscos (com realce para Pereiraia gervaisiie pectinídeos); exemplares bem preservadosde malacostráceos (Achelous delgadoi);peixes, entre os quais raros exemplarescompletos de pargo (Pagrus sp.); bem comoabundantes microfósseis (foraminíferos ecocolitoforídeos), que permitiram dataçõesde pormenor.

Bibliografia: Cotter (1904, 1956),Zbyszewski (1957, 1963), Fonseca (1977).

5.2.3. Porto Brandão

Localização: arribas da margemesquerda do gargalo do Tejo, em redor dePorto Brandão. Coordenadas geográficas:38º 40' 36'’ N, 9º 12' 27'’ W.

Datação: inteiramente Burdigaliano(unida-des II-IVa).

Caracterização: cortes antigos levan-tados nestas arribas indicam que estariamaqui representados mais de 20 m dedepósitos essencialmente marinhos, namaioria per-tencentes às unidades II e III,com as “argilas azuis” da unidade IVa aaflorarem apenas no topo da série(Zbyszewski, 1957, p. 100-101).

Aspectos relevantes: grandeabundancia e diversidade de fósseis, comdestaque para os moluscos, em especial oraríssimo nautilóide Aturia aturi, e paraescassos exemplares fragmentários de coraiscoloniais, como Tarbellastraea cf. abditaxise Favites neglecta.

Bibliografia: Cotter (1904), Zbyszewski(1957).

5.2.4. Portinho da Costa

Localização: arriba da margemesquerda do gargalo do Tejo, sobretudo notroço para E da praia do Portinho da Costa.Coordenadas geográficas: 38º 40' 31'’N, 9º13' 10'’W.

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Datação: maioritariamente Burdigalianojunto à praia (unidades II e III), atingindoeventualmente o Langhiano para o topo daencosta (unidade Va3).

Caracterização: base da arriba formadapor areias e arenitos com moluscos eicnofósseis (unidade II); sobrepostos emdisconformidade por biocalcarenito commoluscos e algas (III); encimados por areiasfinas argilosas com pirite e algumasintercalações carbonatadas (IVa).

Aspectos relevantes: boa exposição doBurdigaliano Inferior e da disconformidaderegional entre as unidades II e III,complementada por abundantes figurassedimentares, grande riqueza fossilífera efacilidade de acesso.

Bibliografia: Zbyszewski (1957, 1963),Antunes et al. (1992).

5.2.5. Trafaria (Pica Galo)

Localização: escarpa interior a SO daTrafaria, situada entre esta localidade e obairro do Pica Galo. Coordenadas geo-gráficas: 38º 39' 60'’ N, 9º 14' 19'’ W.

Datação: essencialmente BurdigalianoSuperior (unidades Va).

Caracterização: sucessão de margascinzentas, arenitos e biocalcarenitosfossilíferos das unidades Va, separadas porsuperfície de erosão.

Aspectos relevantes: boa exposiçãodas unidades burdigalianas, bem datadascom base em dados bio e magnetos-tratigráficos. Abundância de moluscos(bivalves e gastrópodes), microfósseis(especialmente foraminíferos), equinóides(Clypeaster olisiponensis) e malacostráceos(Calianassa lusitanica), entre outros.

Bibliografia: Zbyszewski (1963), Senet al. (1992), Antunes et al. (1992),Legoinha (2001).

5.3. Arriba Fóssil do Litoral Ocidental

A arriba fóssil da Costa de Caparica, queacompanha o litoral ocidental do Municípiode Almada desde a Trafaria até à Lagoa deAlbufeira (já no Concelho de Sesimbra),constitui área de paisagem protegida emgrande parte da sua extensão, beneficiandode raro estatuto de protecção. Afloram

essencialmente depósitos do MiocénicoMédio (unidades VIa-VIc, na região mais anorte) e Miocénico Superior (VIIa-VIIb), que,para sul da Costa de Caparica, estão cobertospor níveis grosseiros, sem fósseis, doPliocénico.

5.3.1. Costa de Caparica (Fonte da Pipa)

Localização: taludes do IC20, no pontoem que esta via corta a arriba fóssil, próximoda chegada à Costa de Caparica.Coordenadas geográficas: 38º 38' 58'’ N, 9º13' 44'’ W.

Datação: maioritariamente Langhiano eSerravaliano (unidades Vc-VIc), com algunsníveis do Tortoniano no topo (unidades VIIa-VIIb).

Caracterização: na base, aflorammargas com intercalações fossilíferas(unidade Vc); seguidas de uma sucessão desiltitos argilosos cinzento-azulados, compirite framboidal (VIa); sobrepostos poralter-nância de biocalcarenitos e areias finasa médias, amareladas e esbranquiçadas (VIbe VIc); encimados por areias finas micáceascom níveis concrecionados (VIIa e VIIb).

Aspectos relevantes: evidência desedimentação euxínica correspondente aosambientes mais profundos da transgressãoserravaliana. Fósseis abundantes, comdestaque para os microfósseis (nomeada-mente foraminíferos), moluscos (bivalves),peixes (incluindo espécies novas de seláceos,batóides e teleósteos) e cetáceos(odontocetes e misticetes).

Bibliografia: Jonet (1963-64, 1972-73),Antunes & Jonet (1969-70), Steurbaut &Jonet (1981), Antunes et al. (1990, 1992),Legoinha (2001).

5.3.2. Capuchos

Localização: taludes e arribassobranceiras à EN 10-1 (Via PanorâmicaPablo Neruda), que liga a povoação dosCapuchos à Costa de Caparica, descendo aarriba fóssil. Coordenadas geográficas: 38º38' 41'’ N, 9º 13' 24'’ W.

Datação: Serravaliano (unidades VIa-VIc) e Tortoniano (unidade VIIa).

Caracterização: sobre as argilascinzento-azuladas (unidade VIa), afloram

Património Paleontológico

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A TERRA: CONFLITOS E ORDEM

níveis mais arenosos e compactos,amarelados (VIb e VIc), encimados porareias finas, também amareladas (VIIa), queaqui formam a maior parte da arriba.

Aspectos relevantes: além da boaexposição das unidades serravalianas etortonianas (VIa-VIIa), assinala-se a grandediversidade fossilífera, com destaque para apresença de briozoários raros (Membrani-pora tuberculata), restos abundantes depeixes (incluindo espécies novas de seláceose teleósteos) e cetáceos (odontoceteskentriodontídeos).

Bibliografia: Jonet (1972-73, 1980-81),Antunes & Jonet (1969-70), Steurbaut &Jonet (1981), Antunes et al. (1990),Legoinha (2001).

5.3.3. Foz do Rego

Localização: sector da arriba fóssil queladeia o desfiladeiro da Ribeira da Foz doRego. Coordenadas geográficas: 38º 37' 31'’N, 9º 12' 43'’ W.

Datação: Tortoniano Inferior a Médio,talvez Superior (unidades VIIa-VIIb).

Caracterização: sucessão de areiasfinas com concentração de pectinídeos,argilitos e margas com concreções, e níveisfossilíferos ricos de moluscos (bivalves egastrópodes) e icnofósseis (unidades VIIa-VIIb); sobrepostos por depósitos arenosos,sem fósseis, do Pliocénico.

Aspectos relevantes: ocorrência dosúltimos níveis marinhos do Miocénico daBacia do Baixo Tejo e de tempestitos (?) ricosde Chlamys macrotis, separados das areiasfluviais pliocénicas por contacto erosivo.Moluscos abundantes e bem preservados;microfósseis frequentes (dinoflagelados,foraminíferos, ostracodos, etc.); e presençade vertebrados (seláceos e cetáceos).

Bibliografia: Cotter (1904, 1909),Zbys-zewski (1963), Antunes et al. (1990,1992), Legoinha (2001).

5.3.4. Fonte da Telha

Localização: sector da arriba fóssilsituado para S da povoação da Fonte daTelha. Coordenadas geográficas: 38º 33' 32'’N, 9º 11' 20'’ W.

Datação: Tortoniano Médio a Superior(?) (unidade VIIb).

Caracterização: sucessão de margassiltosas com níveis muito fossilíferos(gastrópodes e bivalves) e argilas (VIIb), àsquais se sobrepõem areias feldspáticasfluviais (Pliocénico).

Aspectos relevantes: ocorrência dosúltimos níveis marinhos bem caracterizadosdo Miocénico da Península de Setúbal, quecontactam por superfície de erosão com asareias fluviais pliocénicas (com excelentesfiguras sedimentares). Conteúdo fossilíferoabundante e diversificado, com boapreservação da fauna malacológica epresença de vários fósseis raros (esca-fópodes, cirrípedes, batóides e, principal-mente, peixes teleósteos).

Bibliografia: Zbyszewski et al. (1965),Jonet (1978, 1979), Nascimento (1988),Antunes et al. (1990), Legoinha (2001).

5.3.5. Adiça (Mina de Ouro)

Localização: sector da arriba fóssil nasimediações do local conhecido como Minade Ouro, situado no extremo S do Concelhode Almada. Coordenadas geográficas: 38º33' 9'’ N, 9º 11' 12'’ W.

Datação: Tortoniano Médio a Superior(?) (unidade VIIb).

Caracterização: afloram alguns metrosde areias argilosas na base (VIIb),frequentemente mascaradas pelas areiasgrosseiras plio-plistocénicas que se lhessobrepõem, as quais constituem a maiorparte da arriba neste local.

Aspectos relevantes: ocorrem níveismarinhos miocénicos ainda mais recentes,dada a sua maior proximidade ao eixo doSinclinal de Albufeira. Constituiu local deexploração de ouro, proveniente das areiaspós-miocénicas. Possui conteúdo fossilíferoabundante e diversificado, nomeadamentede moluscos (bem preservados e comalgumas espécies novas) e de peixes ecetáceos (que constituíram os primeirosvertebrados fósseis de Portugal descritos naliteratura).

Bibliografia: Eschwege (1831), Vandelli(1831), Cotter (1904), Choffat (1912-13),Zbyszewski et al. (1965), Jonet (1978).

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6. Conclusões

Ainda que muitas das ocorrências citadasnos Quadros 1 a 6 sejam apresentadas sobreserva do ponto de vista taxonómico, porfalta de estudo actualizado, a sua análisepermite concluir que as jazidas consideradassatisfazem vários critérios de selecção, quercientíficos quer outros, pelo que a suaintegração no P.P.P. assume maior premên-cia. Mesmo com as reservas formuladas, acompilação parece da maior utilidade.

Na verdade, considera-se justificada aclassificação da totalidade das arribasmiocénicas de Almada, e não apenas dasjazidas enumeradas. Estas apenas repre-sentam locais de maior interesse e melhorconhecimento integrados num conjuntocontínuo, cuja conservação só faz sentidono seu todo. Muitos outros pontos das arribasde Almada foram tradicionalmente referidosna bibliografia como locais de frequentescolheitas de fósseis, evidenciando a riquezafossilífera do Miocénico do Concelho:Cacilhas, Ginjal, Fonte da Pipa, Olho de Boi,Boca do Vento, Praia do Covalinho, Pragal,Arialva, Alfanzina, Banática, Torre Velha,Porto dos Buxos, Alpena, etc.

O presente trabalho representa umaactualização da inventariação do PatrimónioPaleontológico do Miocénico de Almada, comvista à sua integração no P.P.P. Embora setenha tentado ser tão exaustivo quantopossível, não se tem a pretensão de teresgotado o assunto. Convirá atender àsunidades pós-miocénicas, embora menosimportantes mas com interesse suficiente.Eventuais contribuições futuras permitirãomelhorar esta inventariação.

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Património Paleontológico

Page 13: Património paleontológico do Concelho de Almada · 143 A TERRA: CONFLITOS E ORDEM Património paleontológico do Concelho de Almada João Pais1,3, Paulo Legoinha1,4 & Mário Estevens1,2,5

155

A TERRA: CONFLITOS E ORDEM

Quadro

1 –

Cri

téri

os

cien

tífico

s para

incl

usã

o d

as

jazi

das

do M

iocé

nic

o d

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arr

ibas

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ada n

o P

atr

imónio

Pale

onto

lógic

o P

ort

uguês.

Quadro

2 –

Cri

téri

os

ped

agógic

os

e cu

ltura

is p

ara

incl

usã

o d

as

jazi

das

do M

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rib

eiri

nha o

rien

tal do C

once

lho d

e Alm

ada n

oPatr

imónio

Pale

onto

lógic

o P

ort

uguês

.

Page 14: Património paleontológico do Concelho de Almada · 143 A TERRA: CONFLITOS E ORDEM Património paleontológico do Concelho de Almada João Pais1,3, Paulo Legoinha1,4 & Mário Estevens1,2,5

156

Quadro

3 –

Critério

s científico

s para

inclu

são d

as ja

zidas d

o M

iocén

ico d

as a

rribas d

a fren

te ribeirin

ha n

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o C

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o d

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Pale

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lógico

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Património Paleontológico

Page 15: Património paleontológico do Concelho de Almada · 143 A TERRA: CONFLITOS E ORDEM Património paleontológico do Concelho de Almada João Pais1,3, Paulo Legoinha1,4 & Mário Estevens1,2,5

157

A TERRA: CONFLITOS E ORDEM

Quadro

4 –

Cri

téri

os

cien

tífico

s para

incl

usã

o d

as

jazi

das

do M

iocé

nic

o d

a a

rrib

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den

tal do C

once

lho d

e Alm

ada n

o P

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imónio

Pale

onto

lógic

o P

ort

uguês.

Page 16: Património paleontológico do Concelho de Almada · 143 A TERRA: CONFLITOS E ORDEM Património paleontológico do Concelho de Almada João Pais1,3, Paulo Legoinha1,4 & Mário Estevens1,2,5

158

Quadro

5 –

Critério

s ped

agógico

s e cultu

rais p

ara

inclu

são d

as ja

zidas d

o M

iocén

ico d

as a

rribas d

a fren

te ribeirin

ha n

orte d

o C

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o d

e Alm

ada n

oPatrim

ónio

Paleo

nto

lógico

Portu

guês.

Quadro

6 –

Critério

s ped

agógico

s e cultu

rais p

ara

inclu

são d

as ja

zidas d

o M

iocén

ico d

a a

rriba fó

ssil do lito

ral o

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tal d

o C

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oPatrim

ónio

Paleo

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Portu

guês.

Património Paleontológico