patricia costa do nascimento · como resultado de um tratamento desrespeitoso e frustrante em um...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM
CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU DE GESTÃO
EM SAÚDE
Parto Humanizado: A luta contra a violência obstétrica
PATRICIA COSTA DO NASCIMENTO
Prof. Orientadora: Fabiane Muniz
Prof. Co-orientadora: Giselle Böger Brand
RIO DE JANEIRO
2017
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
AVM
CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO
SENSU
Parto Humanizado: A luta contra a violência
obstétrica
PATRICIA COSTA DO NASCIMENTO
Monografia apresentada
à AVM como requisito
parcial para a obtenção
do grau de especialista
de Gestão em Saúde.
RIO DE JANEIRO
2017
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus o grande doador da vida, agradeço aos meus pais e aos meus
queridos avos Oscar e Dalva sem eles eu nunca chegaria até aqui, devo a eles
a base da minha primeira infância. Agradeço a minha mãe Lindalva da Costa
que ao logo da vida se tornou mais que minha mãe se fez minha amiga nos
momentos mais difíceis.
Agradeço a minha família, meu marido Carlos Henrique por toda compreensão
e aos meus filhos Raphael, Pedro Henrique e Lara que são fontes inspiradoras
de minha alma.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a toda mulher
que apesar de todas as
contrariedades diz sim a vida,
dedico a todas as gestantes...para
sempre o meu mais profundo amor
e respeito.
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EPÍGRAFE
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa
paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
onde houver ofensa, que eu leve o perdão,
onde houver discórdia, que eu leve a
união,
onde houver dúvida, que eu leve a fé,
onde houver erro, que eu leve a verdade,
onde houver desespero, que eu leve a
esperança, onde houver tristeza, que eu
leve a alegria,
onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido,
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive para a vida eterna...”.
Oração de São Francisco de Assis
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RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar a importância do parto
humanizado e da luta pelo fim da violência obstétrica, na garantia do acesso aos
direitos da Mulher e da criança durante a gestação, no parto e puerpério,
trazendo os entraves e possibilidades desta atuação.
Abordaremos no primeiro capítulo o contexto histórico e a importância das
parteiras, a forma na qual historicamente o parto era realizado e como mesmo
com tanto avanço na medicina a violência obstétrica ainda é algo tão banalizado
no ambiente hospitalar público e privado, trazemos no segundo capitulo uma
análise sobre a humanização na saúde, perpassando pela PNH Política
Nacional de Humanização e o parto humanizado. No terceiro capitulo se
reportará ao tema violência obstétrica apresentaremos a parte jurídica atual
sobre os direitos das gestantes e do bebê. E como estamos avançando ainda
que lentamente para extirpar a violência obstétrica no Brasil.
Essa reflexão sobre às dificuldades tanto das gestantes quanto de suas
respectivas famílias, assim como a dos profissionais envolvidos no tema, é de
extrema importância para que tão logo essa realidade seja transformada e assim
todas mulheres independe de sua étnica, credo ou classe social tenha o direito
efetivado de ter um parto seguro e humanizado. A finalidade deste trabalho é
poder esclarecer e entender o que perpassa no ambiente hospitalar durante um
parto, e quanto a violência obstétrica é prejudicial a saúde da mulher. Uma
análise a respeito do quanto é necessário que os profissionais de saúde estejam
realmente aptos para atenderem de forma humanizada as gestantes que
chegam as unidades de saúdes.
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Que esse estudo possa trazer uma contribuição para todos aqueles que
se dedicam ao assunto, para todas as gestantes que foram vítimas de violência
obstétrica, para todas as futuras gestantes e seus filhos.
Palavras-chave: Parto, Violência Obstétrica, Humanização.
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METODOLOGIA
O tipo de pesquisa é bibliográfico. O estudo foi realizado através das pesquisas,
onde realizaram-se pesquisa bibliográfica aos diversos autores que tratam da
temática.
Revisões bibliográficas são estudos elaborados a partir de material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e
atualmente com material disponibilizado na Internet. Gil (2002).
O levantamento bibliográfico será feito através de artigos científicos ligados
ao parto humanizado, sites ligados à área de pesquisa como scielo e livros. Será
feito um levantamento na história da obstetrícia acerca da desvalorização do
parto vaginal, e medicalização do corpo feminino, e as diversas formas de
violência obstétrica.
Cabe ressaltar como explicam Lakatos e Marconi (2007), “a pesquisa
bibliográfica não é mera repetição do que foi dito ou escrito sobre certo assunto,
mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando
a conclusões inovadoras”.
A abordagem qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo
real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação
dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de
pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é
instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus
dados indutivamente. O processo e seu significado são focos principais de
abordagem. Gil (2002).
Para Polit e Hungler (1995) a abordagem qualitativa é caracterizada como
modos de inquisição sistemática e está preocupada com a compreensão dos
seres humanos e da natureza das suas transações consigo mesmo e com seus
arredores. Esta abordagem costuma ser descrita como holística (preocupada
com os indivíduos em seu ambiente, em todas as suas complexidades) e
naturalista (sem qualquer limitação ou controle imposto ao pesquisador).
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A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa qualitativa e os principais
autores consultados para o embasamento teórico do trabalho foram Vaitsman &
Andrade, Mouta e Progianti, Largura, Polit e Hungler.
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LISTA DE ABREVIATURAS
PNH - Política Nacional de Humanização
SUS - Sistema Único de Saúde
OMS- Organização Mundial de Saúde
ISEA- Instituto de Saúde Elpídio de Almeida
ReHuNa- Rede pela Humanização do Parto e Nascimento
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................ ...................11
CAPÍTULO I – AS PARTEIRAS, COMO TUDO COMEÇOU.............................13
CAPÍTULO II – HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE....................................................17
2.2 – A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO.........................................17
2.3 – PARTO HUMANIZADO............................................................................21
CAPÍTULO III – A LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTETRICA....................30
CONCLUSÃO....................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................38
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INTRODUÇÃO
O tema deste referido estudo é Parto Humanizado: A luta contra a violência
obstétrica a questão central se encontra em analisar qual a importância do parto
humanizado e a luta contra a violência obstétrica?
Para compreender melhor o tema no capitulo I abordaremos o contexto histórico
das parteiras, época em que os partos eram realizados em casas somente com
o auxílio das parteiras. O capítulo II será de extrema relevância pois
analisaremos a humanização na saúde perpassando sobre a história da Política
Nacional de Humanização (PNH) e sobre as características do parto
humanizado. O capitulo III é uma análise sobre a luta contra a violência
obstétrica sua configuração jurídica e social, ressaltando ser uma luta continua
realizada por todos os cidadãos para que seus direitos sejam efetivados e
cumpridos.
O parto humanizado é aquele no qual os procedimentos executados e os
profissionais que o praticam respeitam as escolhas da família e viabilizam um
pós-parto tranquilo, havendo acolhimento das demandas específicas da mãe e
do bebê. Porém muita das vezes o tratamento recebido pelas gestantes é
totalmente ao contrario como por exemplo, a forma desacolhedora ao recebê-la
na unidade, não chamá-la pelo nome, não se importar com os relatos tais como,
medo, angústias, dúvidas, receios, temores, dentre outros, durante aquele
momento sendo ela primípara ou não, não haver explicação sobre quais, quando
e por que alguns procedimentos iriam acontecer, ao realizar técnicas e
abordagens sem a colocação do biombo para preservar a privacidade da mulher,
realização incorreta da manobra de Klisteller¹, a forma inapropriada de falar com
a mulher, aplicação insuficiente de anestesia que propiciou à mulher sentir muita
dor durante a episiorrafia, corte indevido da artéria pudenda ocasionando grave
hemorragia para a mulher e rompimento do cordão umbilical durante a retirada
agressiva da placenta havendo necessidade de curagem², para que não
causasse infecção à mulher. Este é um momento muito esperado onde a mulher
deveria ser valorizada e vista como protagonista de um dos momentos mais
importantes e marcantes da sua vida assim a violência obstétrica destoa
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totalmente dos conceitos de humanização de parto preconizados pelo Ministério
da Saúde.
Como resultado de um tratamento desrespeitoso e frustrante em um momento
tão delicado, muitas mulheres chegam a ter reações semelhantes às de vítimas
de estupro, passando a rejeitar o próprio corpo, temer relações sexuais, além do
pavor de uma nova gestação ou ansiedade por outra na tentativa de substituir
as péssimas memórias. Qualquer ato ou intervenção direcionado à grávida,
parturiente, que acaba de dar à luz, ou ao seu bebê é considerado violência
obstétrica se for praticado sem a informação e o consentimento explícito da
mulher ou se desrespeitar sua autonomia como mãe, sua integridade física e
mental, seus sentimentos, suas opções e suas preferências.
O país já tem diversas normas que buscam a adoção do parto humanizado não
apenas no SUS, mas nos hospitais particulares. O parto humanizado não é um
produto a ser adquirido para quem pode pagar mais, mas sim um modelo de
atenção que efetivamente reduz a mortalidade. Só quem tem competência para
determinar o que pode ser executado como prática de saúde é o Ministério da
Saúde, segundo a Lei
8.080/1990. Em 2005, o artigo 19 da lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90) foi
modificado pela lei 11.108/05, obrigando que o Sistema Único de Saúde (SUS)
deve permitir a parturiente um acompanhante de sua preferência, durante todo
o processo de parto e pós-parto.
Assim os objetivos deste trabalho é analisar a importância do parto humanizado
e a luta contra a violência obstétrica, na garantia do acesso ao direito da gestante
e do nascituro. Ressaltando como objetivos uma análise sobre pesquisa em
literaturas a respeito do valor do parto humanizado e a violência obstétrica,
evidenciando formas de que o parto não seja uma violência ou um trauma na
vida da mulher e o acesso ao parto humanizado como uma questão direito
estabelecido pelo Ministério da Saúde.
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CAPÍTULO I – AS PARTEIRAS, COMO TUDO COMEÇOU
Segundo REZENDE (2000), o parto na pré-história, a semelhança do ocorrido
entre os animais, era episódico solitário e a obstetrícia surgiu no momento em
que deixou de sê-lo presenciado pelo homem, aturdido e solícito. As mulheres
mais velhas, depois, passando a acudir com conselhos e práticas diversas as
que faziam à estréia funcional, foram a origem das parteiras.
Ainda na referente literatura, entre os astecas a mulher era cuidada
carinhosamente durante a gestação e o parto com cerimônias que humanizavam
a atenção: a futura mãe devia alimentar-se bem, a parteira dava conselhos para
o bom desenvolvimento do filho e recomendava relações sexuais nos primeiros
meses de gravidez com o objetivo de fortalecer e crescer o produto. Cinco ou
seis dias antes da data provável do parto a parteira acompanhava
permanentemente a mulher e quando começava o trabalho de parto dava-lhe um
banho e uma bebida preparada com uma erva de propriedade ocitócicas.
Recebe também outros nomes como: curiosa, aparadora, etc. e
representa um profissional muito importante na história da assistência ao parto.
Sua função é tão antiga quanto à própria humanidade. Através da história foram
perseguidas, combatidas e caluniadas pelos representantes da sociedade que
detinham certos poderes, tais como sacerdotes, administradores, médicos.
Muitas vezes considerada ignorante e perigosa para a mãe e a criança, além de
faltar ao asseio em suas práticas. Na Idade Média chegaram a ser queimadas
nas fogueiras da inquisição. Largura (2000).
No Brasil, as parteiras através de sua história até os dias de hoje, são
inúmeras e incontáveis. Em algumas regiões viajam a pé, a cavalo, em pequenas
embarcações, por estradas, por rios ou no meio da mata. Às vezes, devido às
dificuldades de locomoção, passam vários dias na casa da parturiente, à espera
da hora do parto. Cantam para a paciente canções de estímulo e de conforto.
Auxiliam nos trabalhos domésticos da cozinha, da lavagem da roupa, do cuidado
com as crianças. Assistem à mãe após o parto, observando sintomas e
orientando sobre registro de nascimento, vacinações, etc. Largura (2000).
São na sua grande maioria mães de família, o que lhes concede maior
sensibilidade e compreensão para com a mulher na hora de dar à luz. Exercem
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outras funções, além da assistência ao parto. Na zona rural trabalham na
agricultura e na zona urbana em pequenos negócios. Esse fato sutil permite que
suas vidas de parteira deixem de ser uma rotina como acontece nos hospitais.
Os membros da equipe de saúde, médicos, enfermeiras, auxiliares, executam
todos os dias as mesmas práticas, dia após dia, mês após mês, ano após ano,
assistindo um número variável de partos por dia. Essa ação mecânica e repetitiva
é desintegrante, pois após algum tempo eles, por força da rotina, perdem a
noção da importância do que estão executando. Largura (2000).
A parteira, ao contrário, é chamada uma ou outra vez e sua ação é
entremeada por outros trabalhos que lhe permitem sair de uma função que
poderia se tornar rotineira e fastidiosa. A história cobre com um manto de silêncio
os partos normais e os nascimentos sem problemas. As parteiras humildes e
extremamente dedicadas fazem parte desse capítulo. Quantas crianças vieram
ao mundo em suas mãos, sem alardes e sem problemas. Largura (2000).
Parteiras sem grandes pretensões econômicas doam o seu tempo à
mulher que está parindo. Seu tempo é livremente dedicado ao parto. Em sua
sabedoria inata não têm pressa, pois sabem que é prudente observar a natureza
e deixá-la agir. Não se preocupam com contas bancárias que precisam
"engordar”. Estão ali cumprindo uma missão e a mãe é o centro de suas
atenções. São confidentes, humildes, corajosas, pacientes, compreensivas e
amorosas. Largura (2000).
Segundo MOURA (2007), historicamente quem fazia os partos eram
parteiras, com vasta experiência, porém sem o conhecimento científico.
Observava-se que nesta época a presença de um homem no momento do parto
era tida como um incômodo.
Com o passar dos anos, vários conceitos foram mudados e a presença
masculina não era tão incomoda assim. Foi instituído o parto no hospital,
crescendo assim o número de medicalização do parto, onde é visto como um
fato patológico e que tendem a aumentar o índice de morbidade materna e
neonatal, visto que o número de cesarianas cresce a cada dia sem uma
justificativa obstétrica plausível.
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Os benefícios das parteiras são inúmeros o parto é mais seguro, tem menos
intervenções, menos prematuridade, menos morte fetal. No mundo todo, existem
grandes contrastes entre mulheres desassistidas e o excesso de intervenções.
É importante ainda não deixar de lado o aspecto psicológico, da satisfação da
mulher com a assistência e o apoio obtidos na gestação e no parto. Em muitos
países o suicídio é a principal causa de morte materna, a saúde mental é crucial.
“O apoio humano é o mais importante, é algo crucial para qualquer sociedade
civilizada. É preciso também ajudar a melhorar o status da mulher na
sociedade para salvar vidas. Existem lugares onde as parteiras são ameaçadas
de morte. É difícil trabalhar eficazmente sob opressão e invisibilidade”,
defendeu Leslie, para quem é importante ainda não deixar de lado o aspecto
psicológico, da satisfação da mulher com a assistência e o apoio obtidos na
gestação e no parto. ”
SegundoLeslie Page, presidente do Royal College of Midwives – instituição
corporativa britânica que regula a profissão de obstetriz (parteiras) Revista
Radis n.148
Para a medicina se apropriar do cuidado das mulheres foi preciso desnaturalizar
o parto e a gestação, e criar a cultura do hospital, o modelo atual é o modelo
tecnocrático do parto, em que o corpo feminino é visto como uma máquina
defeituosa, sobre a qual o médico tem o poder de normatizar. Nos anos 2000,
começou a haver uma inflexão nessa visão do parto no Brasil, embora o número
de cesarianas hoje supere o de nascimentos pela via natural. Pelo modelo
centrado no hospital e no médico. De um lado tem a cesárea, de outro, o parto
conduzido de maneira inadequada, com práticas desaconselhadas. Precisamos
mudar esse cenário para que a mulher tenha acesso ao bom parto.
O Ministério da Saúde não só reconhece o trabalho de parteiras tradicionais
como incentiva a participação de doulas nos hospitais públicos. Existe hoje o
programa Doulas no SUS, de formação dessas acompanhantes. O ministério
considera que a participação da doula é um instrumento humanizador e que a
assistência prestada pelas parteiras é uma realidade em diversos locais do país.
16
JORGE (1975) aponta que o primeiro curso de parteiras foi criado no País em
1832, com a implantação das faculdades de medicina. Até então, não havia
parteiras diplomadas e as mulheres que atendiam ‡s parturientes recebiam uma
autorização legal para exercer a obstetrícia.
Na atualidade o nome parteira vem sendo substituído pelo termo obstetriz, que
se trata de uma profissional graduada que atua no acompanhamento das
gestações, em são Paulo encontra-se o único curso no Brasil que é realizado
pela USP, este profissional faz parte da equipe multidisciplinar que irá atuar para
a realização eficaz e eficiência de um parto humanizado.
O Dia Internacional da Parteira, no dia 05 de maio, foi instituído
pela Organização Mundial da Saúde em 1991, para salientar a importância do
trabalho das parteiras em todo o mundo. Em diversos países, o dia internacional
da Parteira tem sido comemorado por diversas organizações ligadas à defesa
dos direitos das mulheres.
Existem hoje movimentos sociais de apoiam ao trabalho das parteiras e o seu
real retorno aos partos, viabilizando um atendimento mais humanizado e
respeitoso, é necessário valorizar todo o aprendizado e o quanto foi necessário
o trabalho das parteiras.
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CAPÍTULO II – HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE
2.2 – A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
A humanização na atenção à saúde passou a ser tema de proposições políticas
governamentais de forma mais ampla no final da década de 1990. Em 2001 é
lançado o Programa Nacional de humanização da Assistência Hospitalar
(PNHAH) que tem como foco a necessidade de transformação cultural no
ambiente hospitalar, modificando os padrões de assistência aos usuários.
Este programa expressa a necessidade de agregar à eficiência técnica e
cientifica a dimensão ética que possibilite o respeito a singularidade das
necessidades de usuários e profissionais, o acolhimento do desconhecido e
imprevisível, e aceitação dos limites de cada situação.
Destaca-se no PNHAH, além da preocupação com os direitos dos usuários, a
valorização dos trabalhadores da área da saúde, buscando capacita-los para
lidar com a dimensão psicossocial de usuários e suas famílias. O programa
destaca ainda a importância do trabalho em equipes multiprofissionais, bem
como o papel do gestor, para a eficácia do processo de humanização da
assistência.
Com o intuito de expandir a humanização para além do ambiente hospitalar, o
Ministério da Saúde propõe em 2003, a Política Nacional de Humanização e da
Gestão do SUS- HumanizaSUS (PNH), visando atingir todos os níveis de
atenção à saúde (Fortes,2004).
De acordo com Benevides & Passos, a PNH foi proposta diante de um duplo
problema: a banalização da humanização e a fragmentação das práticas nos
programas de humanização na saúde. Orientando para a construção de novas
formas de produção de saúde e de sujeitos, a política impõe mudanças no
modelo de atenção e gestão na saúde, se apresentando como um meio de
qualificação das práticas de saúde.
Se desvinculando apenas de ser um programa e se tronando um Política
ressaltamos o que diz a Política Nacional de Humanização
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“Portanto, para a construção de uma Política de Qualificação do Sistema Único
de Saúde (SUS), a Humanização deve ser vista como uma das dimensões
fundamentais, não podendo ser entendida como apenas um “programa” a mais
a ser aplicado aos diversos serviços de saúde, mas como uma política que
opere transversalmente em toda a rede SUS”
A humanização constitui-se, então como estratégia para a qualificação da
atenção e da gestão em saúde, oferecendo atenção integral e equânime com
responsabilização e vinculo, promovendo a valorização do profissional e o
avanço da democratização e do controle social participativo.
A PNH resgata os princípios do SUS operacionalizando-os para melhorar as
condições de trabalho e de atendimento por meio da construção de espaços de
encontro entre sujeitos, da troca de saberes, do trabalho em equipes com
atuação transdisciplinar, bem como do pacto entre diferentes níveis de gestão
do SUS e instâncias de efetivação das Políticas Públicas. ” Os valores que
norteiam essa Política são a autonomia e protagonismo dos sujeitos, a cor -
responsabilidade entre eles, o estabelecimentos de vínculos solidários, a
construções de redes de cooperação e participação coletiva no processo de
gestão”.(Brasil,2006,p.8 -9). Assim sendo,
Levar em conta as necessidades sociais, os desejos e interesses dos
diferentes atores envolvidos no campo da saúde constitui a Política em ações
materiais e concretas. Tais ações políticas tem a capacidade de transformar e
garantir direitos, constituir novos sentidos, colocando-se, assim, a importância
e o desafio de se esta, constantemente construindo em ampliando os espaços
da troca, para que possamos caminhar na direção do SUS que queremos.
(Brasil,2004ª, p.8)
O surgimento do conceito de humanização no campo da saúde remete ao
paradigma de direitos humanos, expressos individual e socialmente. O núcleo
deste conceito é a noção dignidade e respeito á vida humana, com ênfase na
dimensão ética na relação entre profissionais de saúde paciente. A preocupação
com a humanização da assistência surge nos anos 90, com proposta para
19
assegurar direitos fundamentais diante de uma pratica medica vista como
impessoal e desumana. (Vaitsman & Andrade,2005).
Sobre os direitos dos pacientes, Vaitsman & Andrade salientam que, embora
variem conforme contexto culturais e sócio políticos, o crescente consenso
internacional considera como direito fundamentais a privacidade, a
confidencialidade de informações médicas, o direito de consentir ou recusar
tratamento e a informação sobre os riscos relevantes dos procedimentos
médicos.
Ressaltamos os 5 princípios norteadores da Política de Humanização:
“ 1) Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção
e gestão, fortalecendo/estimulando processos integradores e promotores de
compromissos/responsabilização. 2) Estimulo a processos comprometidos coma
produção de saúde e coma produção de sujeitos. 3) Fortalecimento de trabalho
em equipe multiprofissional, estimulando a transdisciplinaridade e a grupalidade.
4) Atuação em rede com alta conectividade, de modo cooperativo e solidário em
conformidade com as diretrizes do SUS. 5) Utilização da informação, da
comunicação, da educação permanente e dos espaços da gestão na construção
de autonomia e protagonismo de sujeitos e coletivos. ”
Espera-se que a PNH possa trazer avanços efetivos na qualificação da
assistência à saúde, possibilitando resgatar a noção de sujeito, pois ainda que
seja fundamental uma visão voltada para a coletividade, não se pode perder de
vista que quando estamos diante dos usuários do sistema de saúde não estamos
lidando senão com sujeitos singulares. Isto é o profissional de saúde deve ser
capaz não somente de considerar as particularidades do contexto em que vive
um determinado grupo populacional, ou especificidades da comunidade a qual
atua, mais deve compreender que ainda que os sujeitos vivam em um mesmo
contexto, possuam uma condição de saúde semelhante, façam parte de uma
coletividade, a experiência de cada um é subjetiva e única.
Como ressalta Fortes (2004, p.31).
20
“Humanizar na atenção a saúde é atender cada pessoa em sua singularidade,
tendo necessidade especificas, e assim criando condições para que tenha
maiores possibilidades para exercer sua vontade de forma autônoma. ”
As estratégias para a implementação de uma Política de Saúde Humanizada
perpassam desde a gestão chegando aos profissionais que atuam na ponta de
atendimentos e aos próprios usuários do SUS, é necessária uma nova ideia de
saúde onde o sujeito é visto como proprietário de direitos, onde o profissional é
capacitado e qualificado. Com atendimento humanizado em uma rede de
programas que visam melhorar o atendimento da população.
Salientamos uma das orientações para a implementação segundo a PNH
“Articular programas e os projetos do Ministério da Saúde (Hospital Amigo Da
Criança, Humanização no Parto, etc.) com a PNH, com vista a diminuir a
verticalização, implicando a co-responsabilidade dos gestores estaduais e
municipais. ”
21
2.3 – PARTO HUMANIZADO
A partir dos anos 1970, nos grandes centros urbanos, os partos passaram a ser
realizados pelos médicos e, nos hospitais do Rio de Janeiro. Em 1985, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o documento Tecnologia
Apropriada para Partos e Nascimentos. Esse documento enfatiza os direitos da
população em relação à assistência pré-natal e à informação sobre as várias
tecnologias utilizadas no parto; descreve o papel das instituições de saúde em
relação ao parto e ao nascimento; faz críticas ao uso desnecessário de
tecnologias no parto e questiona a cientificidade das tecnologias invasivas
utilizadas como rotinas no modelo biomédico. Mouta e Progianti (2009).
O modelo de humanização da assistência ao parto e
nascimento da Maternidade Leila Diniz teve inspiração na
maternidade francesa de Pithiviers, idealizada pelo médico
Michel Odent. Previa em primeiro lugar, o projeto
arquitetônico com ambiente agradável, acolhedor, o mais
semelhante possível a uma casa, com cores relacionadas
na cromoterapia, chuveiros dentro do pré-parto, banheira
para hidroterapia e para parto na água e equipamentos
para o parto vertical; em segundo lugar, permitia a
presença do acompanhante; em terceiro, deveria respeitar
o processo fisiológico do trabalho de parto, intervindo o
mínimo possível, além de acolher o recém-nascido de
forma a não invadir suas primeiras experiências sensoriais
e motoras; e, por último, seria necessário proporcionar à
mãe e ao filho o papel principal do evento, reconhecendo a
autonomia da mulher, sendo os profissionais de saúde
facilitadores e coadjuvantes. Mouta e Progianti (2009).
Preocupados com tal situação, a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da
Saúde e outros órgãos não governamentais, têm proposto mudanças nessa
assistência, incluindo o resgate do parto natural, Castro e Clapis (2005).
22
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1996):
As práticas assistenciais são classificadas em quatro
grupos: as que são úteis, as prejudiciais ou ineficazes; as
que existem evidências suficientes para apoiar uma
recomendação clara e as que são frequentemente
utilizadas de modo inadequado.
Destacam-se em relação às práticas que são úteis: a
realização de um plano individual de parto; o oferecimento
de líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto;
o respeito à escolha da mãe sobre o local do parto; o
fornecimento de assistência obstétrica no nível mais
periférico (domicílio, centro de parto e maternidade), onde
o parto for viável e seguro; o respeito ao direito da mulher
à privacidade no local do parto; o respeito à escolha da
mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de
parto e parto; o fornecimento às mulheres de todas as
informações e explicações que desejarem; a utilização de
métodos não invasivos e não farmacológicos para alívio da
dor, como massagens e técnicas de relaxamento, durante
o trabalho de parto; a liberdade de posição e movimento
durante o trabalho de parto e parto e o contato cutâneo
direto precoce pele a pele entre mãe e filho e apoio ao início
da amamentação na primeira hora após o parto.
E desaconselha muitas práticas defendidas pelo modelo
assistencial do parto medicalizado como o enema, a
tricotomia, a rotina de hidratação venosa, da posição
supina no trabalho de parto e da limitação no leito. Bem
como a realização sistemática de episiotomia, de
amniotomia, da aceleração do trabalho de parto com
ocitócitos, do cateterismo vesical, entre outras.
23
O Ministério da Saúde, vem confirmando esta afirmação da OMS e diz:
[...]considera que a atenção ao parto e nascimento é
marcada pela intensa medicalização, intervenções
desnecessárias e potencialmente iatrogênicas e prática
abusiva da cesariana. Ocorre ainda o isolamento da
gestante de seus familiares, a falta de privacidade e o
desrespeito à sua autonomia (BRASIL, 2004).
A humanização do parto não significa mais uma nova técnica ou mais
conhecimento, mas, sim, o respeito à fisiologia do parto e à mulher.
Muitos hospitais e serviços médicos ignoram as regulamentações exigidas pela
Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde, seja por querer todo o
controle da situação do parto, por conveniência dos hospitais em desocupar
leitos mais rápido ou por comodidade de médicos e mulheres em que no mundo
atual não se pode perder muito tempo.
Mas a ciência vem comprovando que o excesso de intervenções tecnológicas
durante o parto pode não ser tão seguro em partos de baixo risco.
Já se provou que as parteiras são mais seguras que os médicos nos
nascimentos de baixo risco, e que neste mesmo nascimento de baixo risco o
parto domiciliar ou em Casas de Parto são tão seguros quanto os realizados nos
hospitais e maternidades, com a vantagem de não realizarem tantas
intervenções, pois o parto é mais natural.
O acompanhamento familiar deixa a parturiente mais tranquila, tornando o parto
mais seguro, ao constatar que a equipe especializada dos hospitais não
consegue oferecer o suporte emocional que a parturiente necessita.
A posição deitada substituiu o parto vertical para melhor controle médico, mas a
posição vertical é mais segura tanto para a mamãe quanto para o bebê, além de
ser mais rápida. A presença do bebê junto à mãe após o parto é tão ou mais
importante para o vínculo afetivo dos dois do que os exames realizados no bebê
depois do parto e longe da mãe.
24
Mais do que após o parto, a presença do bebê junto à genitora no quarto é
fundamental para o conhecimento de ambos, maior vínculo afetivo e
amamentação prolongada. O leite artificial substituiu o leite materno e está
provado que o aleitamento materno é superior nas suas qualidades.
Humanizar o parto é dar liberdade às escolhas da mulher, prestar um
atendimento focado em suas necessidades, e não em crenças e mitos. O médico
deve mostrar todas as opções que a mulher tem de escolha baseado na história
do pré-natal e desenvolvimento fetal e acompanhar essas escolhas, intervindo o
menos possível.
É a mulher que deve escolher onde ter o bebê, qual acompanhante quer ao seu
lado na hora do trabalho de parto e no parto, liberdade de movimentação antes
do parto e em que posição é melhor na hora do nascimento, direito de ser bem
atendida e amamentar na primeira meia hora de vida do bebê. Para isso, é
fundamental o pré-natal.
A dor é entendida como uma função fisiológica normal que pode ser aliviada com
métodos não-farmacológicos amplamente embasados, mas não quer dizer que
a mulher não tenha a escolha de optar pelo uso de analgesia.
Isso não significa que o parto cesariana ou com intervenção médica não possa
ser humanizado. O parto cesariana existe para salvar vidas, mas não deve ser
a grande maioria dos partos como acontece hoje e sim como em último caso.
Isso também deveria acontecer com as intervenções médicas que somente
devem ser aplicadas quando necessárias ou quando de escolha da mulher se
bem orientada quanto a essas intervenções. Caso seja necessário recorrer a
um parto cesariana isso não quer dizer que a mulher deixará de ter um parto
humanizado, uma cesariana pode ser mais humana, não chega a ser um
verdadeiro parto humanizado, pois é considerada uma cirurgia de médio porte.
Mas pequenas mudanças podem deixá-la melhor, como manter o companheiro
ou acompanhante na sala, controlar, em parte, o ruído e a luz, diminuir a
manipulação do bebê, deixar o pai cortar o cordão umbilical e o filho mamar tão
logo nasça.
25
É pertinente ressaltar que muitas mulheres procuram o parto cesariana por terem
medo de serem violentadas no parto normal. Porém quando chegam na
cesariana as mulheres têm sido violentadas, é um cenário que não tem pra onde
correr, parece que no parto normal se tem maias chance de sofrer violência, só
que esta informação é parcialmente verdadeira, pois as cesárias também são
cercadas de violências.
Segundo a Revista Radis (Fiocruz) nº 113:
“A assistência exemplar ao parto ainda não é a regra. Sequer a via natural de
nascimento, o parto normal, é praticado no país na maioria dos nascimentos.
Dos cerca de 3 milhões de partos realizados por ano no Brasil, mais da metade
(52% em 2010, segundo o DataSUS) se dão por meio de cesariana.
Os dados sobre parto cirúrgico mostram que existe grande discrepância entre o
percentual registrado na rede pública, que fica em 37% — já acima do
preconizado pela OMS, que estima em 15% o percentual de mulheres que
teriam necessidade de passar por uma cesariana para conseguir ter seus filhos
— e o estarrecedor índice nacional de 82% na rede privada. Segundo dados do
Sistema de Informações de Nascidos Vivos do ministério (Sinasc/MS), entre
1994 e 2007, a taxa de cesarianas aumentou em 44% no país. Medicalização
abusiva é o termo que define a situação, mencionado em artigo sobre saúde de
mães e crianças, na edição especial Saúde no Brasil da revista inglesa The
Lancet, publicado em 2011 (Radis 113).”
O Brasil chegou a ser o campeão de cesarianas no fim dos anos 80, com o
assustador índice de cesáreas ultrapassando 80% do total de partos. Diante
desse quadro, alguns profissionais de saúde começaram a reagir. Em 1993, foi
criada a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa), que
organizou a primeira conferência em 2000 e foi também responsável pela
promoção desta segunda, cinco anos depois.
Algumas vitórias importantes já podem ser contabilizadas. O SUS adotou um
limite para o pagamento de cesáreas, reduzindo drasticamente seu uso nos
serviços públicos de saúde. Em 7 de abril de 2005 entrou em vigor a Lei 11.708,
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da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), dando às mulheres o direito a acompanhante
de sua escolha antes, durante e após o parto. Alguns municípios criaram as
Casas de Parto, fora do ambiente hospitalar.
As Casas de Parto são locais destinados a prestar um atendimento humanizado
e de qualidade, exclusivamente ao parto normal, e que funcionam integradas a
um hospital, porém, fora dele, e de acordo com as novas recomendações do
Ministério da Saúde, com no máximo 200 metros de distância deste local.
Lá são desenvolvidas atividades educativas e de humanização relacionadas à
gravidez e à chegada do bebê, o acolhimento de gestantes e do seu
acompanhante, a avaliação das condições de saúde maternas e fetais, e a
garantia de uma assistência segura ao recém-nascido e à mulher em todo seu
ciclo: pré-natal, intraparto e pós-parto. Estes locais também devem garantir a
remoção segura das mulheres e de seus bebês nos casos de urgência e
emergência até o hospital mais próximo.
A diminuição das intervenções que costumeiramente ocorrem no processo
natural do parto e a utilização adequada da tecnologia são alguns dos conceitos
norteadores das Casas de Parto, incorporando assim a filosofia da humanização
na assistência prestada à mãe e seu bebê.
A gestação e o parto de baixo risco são pré-requisitos essenciais para que a
mulher possa ser acompanhada em um destes locais.
Nas Casas de Parto são desenvolvidos: consultas de pré-natal, avaliação do
bem-estar materno e do bebê, atividades de orientação para a gestação e parto,
auxílio à amamentação, atividades de estímulo ao parto normal, acolhimento e
cuidado às mulheres, além do parto em si.
As Casas de Parto surgiram no Brasil ano de 1999 e foram apoiadas pelo
Ministério da Saúde através de uma legislação própria. Atualmente, fazem parte
das ações desenvolvidas com a Rede Cegonha, programa governamental de
assistência à saúde materna e neonatal.
No Brasil, existem, atualmente, 14 casas de parto que atendem pelo SUS em
nove estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Bahia, Alagoas, Paraná,
Ceará, Paraíba e Sergipe.
27
Os Estados Unidos possuem, hoje, cerca de duzentos e quarenta Centros de
Parto, seguindo uma legislação própria onde cada estado regulamenta esses
estabelecimentos de saúde, e que devem seguir programas de controle da
qualidade do serviço proposto. Todo este movimento se iniciou a partir da
década de 70 com o movimento para o resgate da normalidade no processo de
nascimento e do protagonismo e autonomia da mulher em suas escolhas.
Os benefícios que o parto normal realizado em uma casa de parto pode oferecer
á mulher e seu bebê são: respeito pelo processo normal ou fisiológico do parto;
menor risco de infecção; menos intervenção e procedimentos = menos
complicações, melhor adaptação ao aleitamento materno; respeito ao ritmo de
cada mulher e ao processo do nascimento; participação mais efetiva da família
e acompanhantes no momento do parto e do trabalho de parto; melhor
adaptação pós-parto, possibilitando melhores cuidados ao bebê e retorno às
suas atividades básicas e cuidados com o próprio corpo; possibilidade de
movimentação e alimentação durante o trabalho de parto; escolha da posição
para o parto pela mulher; liberação de hormônios que dão prazer, favorecem a
amamentação e oferecem maior segurança no pós-parto.
O Parto Humanizado significa direcionar toda atenção às necessidades da
mulher e dar-lhe o controle da situação na hora do nascimento, mostrando as
opções de escolha baseados na ciência e nos direitos que tem.
“Quando você humaniza um parto, a grávida fica mais livre
para escolher o que a faz se sentir melhor. Pode andar
durante o trabalho de parto e escolher quem quer ao seu
lado, por exemplo”, diz a enfermeira obstétrica Helen
Mendes, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São
Paulo. (Revista Veja, p.26.2015)
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Projetos buscam tornar lei a humanização do atendimento a gestante.
• PL 7.633/2014 (na Câmara), do deputado Jean Wyllys, estabelece que
médicos e profissionais de saúde devem dar prioridade à assistência
humanizada à mulher e ao recém-nascido no ciclo da gravidez até o pós-parto.
Os hospitais deverão respeitar o limite de 15% de cesáreas, recomendado pela
Organização Mundial da Saúde.
• PLS 8/2013, do ex-senador Gim, obriga a obediência às diretrizes e orientações
técnicas e o oferecimento de condições que possibilitem a ocorrência do parto
humanizado nos estabelecimentos do SUS. Já aprovado no Senado e remetido
à Câmara, foi motivado pelos esforços da Rehuna, coletivo de profissionais de
saúde em Rede pela Humanização do Parto e Nascimento.
• PLS 75/2012, da senadora licenciada Maria do Carmo Alves (SE), proíbe que
a gestante detenta seja algemada durante o parto.
• PEC 100/2015 (na Câmara), do deputado Veneziano Vital do Rêgo (PMDB-
PB), disponibiliza equipe multiprofissional para atenção integral no pré-natal,
parto e pós-parto, pelo SUS.
• PL 359/2015 (na Câmara), da deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), propõe
fornecer curso de qualificação básica para as parteiras tradicionais e incluir sua
atividade no âmbito do SUS.
O que cabe ao SUS realizar para coibir a violência obstétrica é incentivar, em
escala nacional, iniciativas que já estão acontecendo dentro do sistema. Em Belo
Horizonte existe um modelo para exportar que oferece parto domiciliar pelo
SUS, se o SUS pode oferecer este serviço em Minas Gerais, pode oferecer em
qualquer outro lugar. Em Campina Grande, na Paraíba, tem a maternidade
Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), com um bom modelo de
assistência obstétrica logo o SUS possui modelos que estão funcionando, outra
questão seria promover a inserção de obstetrizes, de parteiras dentro do sistema
de atenção obstétrica, desde o pré-natal.
Hoje temos casas de parto em quantidade ínfimas perto do número de
maternidades. Se a medicalização do parto e do nascimento é produtora de
violência, é necessário então desinstitucionalizar o parto, assim teremos menos
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violência. Além de mais casas de parto, precisamos de formação continuada
para profissionais que já estão atuando, de uma reforma no ensino médio e
superior para uma recuperação não do caráter patológico da gestação e partos,
é preciso que se recuperem os métodos que eram utilizados pelas parteiras, os
conhecimentos científicos são extremamente importantes, porém quando são
necessários.
Abordaremos a importância da ReHuNa - Rede pela Humanização do Parto e
Nascimento , que é uma organização da sociedade civil que vem atuando desde
1993 em forma de rede de associados em todo o Brasil, onde seu foco de
trabalho é a divulgação de assistência e cuidados perinatais com base em
evidências científicas e em conformidade com as recomendações da
Organização Mundial de Saúde. Esta rede desempenhou um papel fundamental
na estruturação de um movimento que hoje é denominado “humanização da
assistência ao parto e nascimento”, que pretende diminuir as intervenções
desnecessárias e promover um cuidado ao processo de gravidez-parto-
nascimento-amamentação baseado na compreensão do processo natural e
fisiológico, com base em evidências científicas.
30
CAPÍTULO III – A LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTETRICA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência obstétrica como o
conjunto de atos desrespeitosos, abusos, maus-tratos e negligência contra a
mulher e o bebê, antes, durante e depois do parto, que “equivalem a uma
violação dos direitos humanos fundamentais”. Assim violência obstétrica é o com
junto de condutas condenáveis por parte dos profissionais responsáveis pelo
bem-estar da gestante e do bebê, o desrespeito é a forma menos agressiva da
violência obstétrica, porém a mais difundida, inclui ofender a paciente e
dispensar a ela tratamento insensível. Cabe ressaltar que o abuso é o uso de
uma posição de poder para constranger a paciente ou priva-la de um direito, o
médico a rejeitar o direito a acompanhante e se recursar a esclarecer dúvidas da
parturiente, mesmo sem que haja situações sem emergências. A negligencia
também é considerada uma forma de violência obstétrica, situa-se na fronteira
do erro médico, ocorre quando profissionais de saúde atuam com
irresponsabilidade, imprudência ou adotam procedimentos superados ou não
recomendados ao lidar coma paciente e o bebê.
Quanto à presença de um acompanhante da família durante o trabalho de
parto, é muito reconfortante para a parturiente que se sente mais segura e
confiante. Devemos deixar a parturiente escolher quem lhe tem mais amor e
amizade. Que um membro da família possa entrar junto com ela na sala de parto
para, de certa forma, amenizar o sentimento de solidão que a envolve nesses
ambientes estranhos e muitas vezes hostis.
.
De acordo com LARGURA (2000), é nesse ambiente hostil, que a violência
explode da sociedade para dentro da sala de parto. Ela está presente no
atendimento à parturiente. Sabe-se que a violência se manifesta não só por atos
de agressão física. Ela tem seu início em palavras e frases. Quando a mulher
reclama das dores escuta invariavelmente uma frase: "Estava bom na hora de
fazer, agora aguenta", além de outras agressões verbais. O abuso em não
31
permitir que a gestante tenha acompanhante afeta a criança e ao parceiro, pois
os maridos são impedidos de acompanhar as mulheres sem justificativa.
A Lei n. 11.108, de 2005, garante que a parturiente tem o direito de indicar
um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-
parto imediato. Essa lei foi regulamentada pela Portaria n. 2.418, de 2 de
dezembro de 2005, do Ministério da Saúde. Assim como qualquer situação de
urgência, nenhum hospital, maternidade ou casa de parto pode recusar um
atendimento de parto.
(Conselho Nacional de Justiça)
A violência se reveste das máscaras mais variadas: indiferença, frieza,
cinismo, polidez disfarçada, palavras ditas com segundas intenções, mas que
ferem a dignidade da mulher. Se fôssemos ouvir as estórias das mulheres que,
por causa das suas, condições financeiras, deram à luz em serviços públicos
não acreditaríamos ser verdade tanta falta de sensibilidade dos membros da
equipe de saúde.
Segundo o Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher
da Defensoria Pública de São Paulo a violência obstétrica é realizada em três
dimensões na gestação; no parto ou puerpério e no atendimento em situação de
abortamentos.
É considerado violência obstétrica durante a gestação negar atendimento à
mulher ou impor dificuldades ao atendimento em postos de saúde onde é
realizado acompanhamento de pré-natal; dirigir comentários constrangedores a
mulher por sua etnia, idade, escolaridade, religião ou crença, condição sócio
econômica, situação conjugal, orientação sexual, número de filhos ou qualquer
outra razão; ofender e humilhar a mulher ou sua família; Negligenciar
atendimento de qualidade; agendar cessaria sem recomendação baseada em
evidências científicas atendendo interesse e conveniência do médico.
Durante o parto e puerpério são considerados violência obstétrica recursar a
admissão em hospital ou maternidade (peregrinação por leito),impedir a entrada
32
na sala de parto do acompanhante escolhido pela mãe; Realizar procedimentos
que incidam sobre o corpo da mulher, que interfiram, causem dou ou dano físico
sem autorização dela tais como; soro com ocitocina para acelerar o trabalho de
parto; exames de toque sucessivos e por diferentes pessoas; privação de
alimentos e líquidos (alegando possível cessaria); episiotomia (corte na vagina);
imobilização; uso de fórceps; manobra de kristeller (procedimento proibido pela
OMS);romper artificialmente a bolsa amniótica. Obrigar a paciente a ficar deitada
e não permitir que ela caminha durante o trabalho de parto, dizer ou fazer algo
de cause na mulher sentimento de inferioridade, vulnerabilidade e abandono,
ameaçar não atende-la se ela gritar, fazer cesariana sem indicação clínica,
impedir ou retardar o contato do bebê com a mulher, impedir ou dificultar o
aleitamento materno.
Violência obstétrica em casos de abortamento negar ou demorar atendimento a
mulher em situação de abortamento, realizar procedimentos invasivos sem
explicação consentimentos e sem anestesias.
Quando se observam as estatísticas, porém, fica claro que há algo errado no
atendimento de praxe. Um levantamento de 2012 feito pela Fiocruz mostra que
uma em cada quatro mulheres que deram à luz acredita ter sido vítima. “Nascer
no Brasil não tem sido uma experiência natural, nem para pobres nem para
ricos”, afirma a pesquisa. O índice de cesáreas no país é altíssimo. A OMS
considera razoável que 15% dos partos ocorram por essa cirurgia. No Brasil, o
índice é de 89,9% dos nascimentos em maternidades privadas. A Agência
Nacional de Saúde Suplementar publicou em janeiro uma resolução para tentar
elevar a parcela de partos normais. A cesárea acarreta mais riscos para mãe e
criança. Nas redes pública e privada, porém, intervenções desnecessárias para
acelerar o nascimento ainda valem como regra, mostra o estudo da Fiocruz.
Ainda são amplamente difundidas práticas em desuso ou sem respaldo
científico, como administração de ocitocina para acelerar o parto. A cesárea sem
uma indicação precisa constitui em si uma violência contra a mãe e a criança.
Muitos dos casos não chegam a incluir negligência ou abuso, nem colocam
ninguém em risco. Mas decorrem de doses cavalares de insensibilidade e
33
despreparo de profissionais de saúde para lidar com a fragilidade emocional da
paciente. Cabe ressaltar que o médico não é o único responsável pelas
violências obstétricas administradores hospitalares, funcionários de atendimento
e outros profissionais de saúde também precisam zelar pelo bem-estar das
famílias.
O problema não será resolvido apenas pela lógica de fiscalização e punição.
“Criminalização (da violência obstétrica) é demagogia. Não adianta querer que o
Direito Penal dê resposta a tudo, para fazer cumprir as leis que já existem, como
a previsão de presença de acompanhante no parto, a melhor estratégia é unir
pressão à educação. Não somente por parte das vítimas, mas por toda a
sociedade.
As mulheres precisam ser educadas, dando a elas estímulo para serem
protagonistas de suas vidas, incluindo não só a vida reprodutiva, mas também
seu empoderamento para se defender da discriminação e da violência.
Castro e Caplis (2005).
Os direitos do paciente constituem-se então, como direitos individuais vinculados
a direitos sociais garantidos constitucionalmente, estabelecendo que os serviços
de saúde, públicos ou privados, devem assegurar ás pessoas que sua autonomia
seja preservada e que tenha acesso à informação sobre sua saúde. Uma vez
que o conceito de humanização está ligado ao paradigma dos direitos e a cada
dia surgem novas reivindicações de direitos, que se remetem ás singularidades
dos sujeitos.
A violência obstétrica é decorrente é decorrente do processo de medicalização
exacerbada do corpo da mulher gestante, a perda do caráter do parto como um
evento natural, parte da vida de uma mulher, da exclusão das mulheres da cena
de parto, o total domínio do parto pela medicina, a exclusão das parteiras, o parto
totalmente institucionalizado.
A violência obstétrica diz respeito á perda de autonomia da mulher durante o
processo de parto e nascimento, ao desrespeito, aos maus tratos. Estamos
referindo-se as mulheres não serem consultas sobre os procedimentos que
34
serão realizados com ela, ou não autorizarem e sem realizados assim mesmo.
Também do uso da tecnologia que são consideradas obsoletas pela
Organização Mundial da Saúde ou de procedimentos que vão causar dano físico
ou emocional a elas, além de abuso emocional ou verbal. Essa definição envolve
uma apropriação do corpo da mulher não somente por médicos, mais todos os
profissionais envolvidos na atenção obstétrica: enfermeiros, anestesistas,
auxiliares de enfermagem, neonatologistas. Não é uma categoria de violência
exclusiva dos médicos, é dos profissionais que prestam assistência á gestante.
Alguns membros da classe obstétrica alegam que a violência obstétrica não
existe, com o argumento de que se existisse o número de denúncias seria maior,
Cabe salientar que segundo a Revista Radis - Fiocruz nº 170:
“90% das mulheres entrevistadas na pesquisa relataram que não denunciaram
violência obstétrica, primeiro pois não tem caminho de denúncia. As que
denunciaram fizeram isso no Ministério Público ou no próprio hospital. Mas no
hospital geralmente o assunto morre. A primeira coisa a se fazer é capacitar a
rede de acolhimento de denúncia. “
A violência obstétrica apesar de ser sempre ligada a questão medicas, não é
somente uma violência vinda de uma classe especifica e sim uma violência na
assistência. A violência obstétrica não ´parte de uma categoria profissional, é
formação, de cultura, que cerca a gestante a parturiente. Mulheres são agredidas
por enfermeiros ou auxiliares de enfermagem, geralmente as mulheres são
agredidas por mais de um profissional, e a violência não restrita ao momento do
nascimento; começa no pré-natal. Profissionais das áreas de nutrição e
fonoaudiólogos também possuem relatos de violência obstétrica ao darem
consultorias sobre amamentação, por grosseiras ao se comunicar com a mulher,
por ir tirando a blusa da mesma sem pedir licença, por falar que a mulher não
quer amamentar por motivos estéticos por isso não bebê não consegue fazer a
pegada correta da amamentação.
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Cabe ressaltar neste capitulo a questão psicológica da mulher durante o parto e
quanto isso influência e sua recuperação e bem- estar. O atendimento
psicológico á gestante é de extrema importância uma vez que é durante o
processo de gestação que se constrói o vínculo afetivo entre a gestante o bebê,
logo durante o parto inúmeros sentimentos estão sento vivenciados pela
gestante é necessário que a equipe de assistência compreenda e respeite esse
momento e a formação desse vinculo.
Durante o processo do parto o medo pode sim, aumentar as intensidades de dor
da gestante, provocada por suas inseguranças.
“ O medo provoca também a diminuição da circulação sanguínea no útero,
dificultando a dilatação, prejudicando o curso natural do parto e aumentando o
desconforto. Portanto o medo da dor produz uma dor real.”
Maria Tereza Maldonado. Psicologia da Gravidez.
Em suma o parto é um fenômeno complexo que envolve fatores biológicos,
sociais, psicológicos e assistenciais, e é um processo psicossomático por
excelência. Medo, ansiedade, sentimentos de estar desamparada, mal assistida,
sem suporte emocional ou submetida a rígidas rotinas hospitalares, aumenta a
sensação de dor e desconforto.
Como ressalta a Psicóloga Maria Tereza Maldonado. Em seu livro Psicologia da
Gravidez.2017
“A dor no parto normal surge da ativação do sistema nervoso autônomo
provocada pelo medo, que produz excesso de tensão no útero. ”
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CONCLUSÃO
Desta forma concluímos que a análise referente à temática, viabilizou
inúmeras reflexões a respeito das políticas de Saúde, e de atendimento à Mulher
e a criança. Fomentado um compromisso ético profissional e trazendo a
sociedade para essa reflexão tão importante a respeito do tema parto,
humanização e violência obstétrica.
Cabe salientar que esta analise perpassou pelos limites e as
possibilidades enfrentadas pela luta por um parto humanizado e respeitoso, que
apesar de já ser assegurado pela legislação ainda é uma utopia em algumas
unidades de saúde, seja ela pública ou privada.
A sociedade precisa reconhecer os seus direitos para que esses possam
enfim serem efetivados. Vivemos em uma sociedade repleta de paradigmas e
estereótipos onde a mulher é muito desvalorizada. E necessário Politicas
Publicas que tenham como objetivo transformar esta realidade, o onde o senso
comum perpetua que o momento do parto deve ser estremo sofrer para a mulher
como resposta do suposto “pecado” realizado pela mesma.
Todos os profissionais de saúde precisam ter todos os mecanismos
necessários para viabilizar um atendimento humanizado, seja ele quantidade
suficiente de profissionais, medicações, e treinamentos e aprimoramento sobre
o referido tema.
Podemos ressaltar também que o recém-nascido é um cidadão direito e
esses direitos estão garantidos pela Constituição Federal, logo nascer em um
ambiente acolher é direito do bebê que acaba de chegar.
Concluímos que a violência obstétrica precisa ser um assunto abordado
no meio acadêmico de saúde, nas salas dos cursos de medicina, enfermagem,
nutrição, psicologia, serviço social para que essa equipe multidisciplinar que vai
atuar na assistência a gestante possa compreender todo o contexto do parto e
se torna sensível a ele. Desta forma o ambiente hospitalar se tornará mais
37
acolhedor e com certeza mais humano...é simples bastar olhar o ser humano
como ser humano.
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma
humana, seja apenas outra alma humana. ”
Carl Jung
38
Referências Bibliográficas:
Maldonado, Maria Tereza. Psicologia da Gravidez. São Paulo: Ed.Ideias &
Letras.2017.
BRASIL, Ministério da Saúde. Parto, Aborto e Puerpério: Assistência
humanizada à mulher, Secretaria de Políticas Públicas, Área Técnica da Mulher,
Brasília DF 2001.
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McGraw-Hill do Brasil, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2002.
LARGURA, Marilia - Assistência ao Parto no Brasil - Aspectos Espirituais
Psicológicos, Biológicos e Sociais - São Paulo – 2000.
LOBIONDO-WOOD, G; HARBER, J. Pesquisa em Enfermagem: método,
avaliação crítica e utilização. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001
LUDKE, M.; ANDRÉ M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
OMS, Organização Mundial de Saúde. Assistência ao Parto Normal: um guia
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Reprodutiva e da Família. Genebra, Tradução para Português: Organização
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REZENDE, J.; MONTENEGRO, C. A. B. Obstetrícia Fundamental. 9ª. ed.
Guanabara Koogan- São Paulo 2000.
39
ReHuNa – Carta de Campinas. In: Rattner DeTrench B. Humanizando
nascimentos e partos. São Paulo: Editora Senac,2005.
JORGE, D.R. Evolução da legislação federal do ensino e do exercício
profissional da obstetriz (parteira) no Brasil. Rio de Janeiro, 1975. 148p. Tese
(Livre-DocÍncia) - Escola de Enfermagem Ana Neri, Universidade Federal do Rio
de Janeiro.