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Patriarcado de Lisboa
Departamento da Evangelização – Sector da Catequese Most. S. Vicente Fora, Campo Sta Clara, 1149-085 LISBOA Tel. 218 810 533 | E-mail: [email protected]
CATEQUESE: A ALEGRIA DO ENCONTRO COM JESUS
Síntese das respostas dos catequistas do Patriarcado de Lisboa
CAP. I - RENOVAÇÃO CONCILIAR DA CATEQUESE – Reflexão da Vigararia de Alenquer
Que principais linhas de renovação de Catequese se alcançaram nas nossas comunidades?
1- Divisão de cada ano de catequese em grupos mais pequenos.
2- O Despertar da Fé, que funciona em algumas paróquias, tem trazido resultados muito
positivos.
3- Participação em formações de catequistas, assim como momentos de reflexão.
4- Participação em atividades inter-paroquiais (retiros; férias com Jesus; voluntariado)
promovendo, deste modo a troca de experiências e as relações interpessoais entre as
crianças e jovens.
5- Atividades que envolvem as crianças na vivência em comunidade e lhes permitem viver
os principais momentos do ano litúrgico de forma mais esclarecida e intensa.
6- Envolvimento das famílias com a participação em algumas celebrações e momentos
mais importantes do ano litúrgico como o Natal e a Páscoa assim como em algumas
sessões de catequese.
7- No mesmo âmbito, reforçar a ligação catequista/pais, criando uma relação tão próxima
quanto possível, de modo que eles sintam essa proximidade e se sintam parte
integrante do processo.
8- Criação e dinamização de grupos de jovens (pós Crisma), com participação ativa na
Eucaristia e na vida das comunidades e, logo que possível, integrando-os como
ajudantes e, depois, catequistas.
A que novas acentuações é necessário, neste momento, prestar especial atenção para uma
catequese mais eficaz?
1- Ter atenção ao facto de muitos, para não dizer a maioria dos catequizandos, serem
oriundos de famílias que já não lhes fornecem uma iniciação cristã em casa, ao contrário
do que se passava há relativamente poucos anos. Assim, um número cada vez maior
destas crianças chega ao primeiro ano de catequese sem sequer ter recebido o batismo.
2- Dar à catequese um carácter mais solidário, no sentido de a tornar numa vivência mais
do que uma aprendizagem.
3- O facto de, pela primeira vez, em muitos séculos de história, os católicos (pelo menos
os praticantes) serem, de facto, uma minoria. Isso reflete-se na vida quotidiana dos
nossos catequizandos que, desde muito cedo, são interpelados por colegas não crentes
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acerca da sua fé, nem sempre da forma mais amistosa. Devemos ter esta realidade
presente e prepará-los para estes “confrontos”, dando-lhes a capacidade de serem
“pequenos missionários”.
4- A questão do modelo escolar da catequese não só não ser apelativo (levando a
desistências no percurso) como não ser eficaz, no sentido de envolver e cativar as
crianças e os jovens para uma vivência da fé.
5- A necessidade premente de transmitir a doutrina (até em virtude de muitas famílias
terem deixado de desempenhar esta função) tendo, contudo, sempre presente que é
indispensável fazê-lo inserido num percurso de fé e de encontro pessoal com Jesus.
6- O abandono da prática religiosa, com fraca participação das famílias na Eucaristia.
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CAP. II – NOVOS DESAFIOS – Reflexão das Vigararias de Torres Vedras e Vila Franca de
Xira/Azambuja
A análise apresentada (rutura na transmissão da fé…) corresponde à sua experiência?
Esta é também a nossa experiência. Verificamos que existe uma rutura na transmissão da fé
porque os próprios pais não vivenciam a fé e os valores cristãos e não têm muitas referências
sólidas para as poderem transmitir aos seus filhos. Sente-se uma indiferença em relação a Deus
e à vivência da fé em muitos casais jovens, pelo menos até à idade de início da catequese dos
filhos. Os pais querem que os filhos tenham uma educação na fé, mas esquecem que a melhor
forma de ensinar/transmitir o que quer que seja é através do exemplo e testemunho.
A maior parte das crianças tem o primeiro contacto com a vivência cristã junto do catequista.
Como catequistas verificamos que a rotura está presente em três momentos da catequese:
1. Depois da Primeira Comunhão;
2. Depois da Profissão de Fé;
3. Depois do Crisma.
Estamos perante uma geração que tem colocado de lado Deus e vive à sua margem. As diversas
atividades, tal como: desporto, música, cinema, redes sociais, jogos, os preconceitos dos demais,
a competição, entre outras, colocam em segundo plano a vivência da fé. Por outro lado as
famílias destruturadas em que as crianças frequentam a catequese de 15 em 15 dias, apenas
quando estão com a mãe ou o pai, a demissão dos pais do papel de pais e principais educadores,
a falta de afetos, a falta de compreensão, de amor, de paciência, o comodismo e a correria em
que se vivem estes tempos colocam em primeiro lugar tudo o que é mais visível e competitivo.
Mas para sermos honestos devemos começar por nós catequistas. É possível que tenhamos
desiludido crianças e pais com o nosso testemunho ou com a falta dele. Precisamos todos de ir
descobrindo e praticando, cada vez mais e melhor, que não basta ser crente para ser um bom
catequista; é preciso que sejamos credíveis.
Por isso, a rutura na transmissão da fé não se dá só no seio da família. Também se dá no seio da
catequese e da comunidade. Há catequistas que ainda não tiveram esse encontro definitivo
com a pessoa de Jesus. Encontro que lhes tenha dado um novo horizonte de vida e um rumo
novo ao seu viver, com escreveu o Papa emérito Bento XVI.
Sem esse encontro não haverá uma verdadeira transmissão da fé, pois somos chamados a
transmitir uma Pessoa: Jesus Cristo.
Serão estes os aspetos da realidade que mais influência têm na adesão à fé? Indica outros?
Os aspetos apresentados serão os essenciais.
O estilo de vida e o modo de comunicar atuais são também fatores relevantes, porque os adultos
incutem nos mais novos uma vida acelerada, cheia de "barulho" e de atividades formativas,
desportivas, culturais, etc., deixando pouco ou nenhum espaço temporal para estar uns com os
outros, para a transmissão de valores, para a comunicação em família e, menos ainda, para
cultivar uma atitude de escuta e de comunicação com Deus.
De facto, em toda a dinâmica da sociedade, onde a Fé não é valorizada nem praticada, impera
o individualismo e o egoísmo pessoal. As nossas crianças e jovens, por causa disso, tornaram-se
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seres estranhos, incapazes de se encantarem com a beleza dos lírios dos campos ou com o
esplendor de um sol poente, esquecidas de que não entrará no Reino dos Céus quem deixar de
ser criança.
A globalização permite que as pessoas, sobretudo as mais novas, estejam expostas a uma grande
variedade de informações, estímulos e propostas. Este facto pode permitir que a curiosidade
natural dos mais novos os leve a fomentar a procura da fé.
Nestas idades, as escolhas e opiniões são em grande parte influenciadas pelo seu meio social,
círculo de amigos, colegas, professores, o que torna o meio escolar um local de extrema
importância para a adesão e crescimento na fé, podendo ser motivador ou dissuasor.
Consequentemente, quem não tiver uma estrutura familiar bem definida e alicerçada na fé
“perde-se”, ou seja, deixa-se levar para outros contextos/caminhos que não o da fé em Cristo
que nos dá felicidade.
Além destes obstáculos apontamos outros, tais como: a responsabilidade dos educadores na fé:
os párocos, em especial os catequistas – pelo testemunho de vida que dão, pela
responsabilidade que têm como testemunhas; a secularização do interior da Igreja. Este “eu sou
católico não praticante ” que foi crescendo dentro da igreja e que torna a fé uma fé de festas,
pouco vivida, pouco encarnada. E como consequência disto temos uma vida cristã cansada e
desprovida de conteúdo.
Os sacramentos do batismo e matrimónio tornaram-se eventos sociais, relegando para 2º plano
o sacramento em si, os valores deixaram de importar. Vivemos cada vez mais o parecer do que
o ser. As aparências tornaram-se muito importantes, deixou de haver tempo para gestos
simples, mas no entanto tão grandiosos. O sinal da cruz, a oração, uma reflexão, …, foram
substituídos por “agora não posso, vai jogar, vai ver TV, …”, habituámos os nosso filhos, netos,
irmãos, pais, a família, a uma falta de tempo constante.
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Hoje todos queremos dar uma falsa sensação de liberdade, tornámo-nos irresponsáveis na
educação escolar e cristã dos nossos filhos e família. Somos nós que temos a solução.
A fé é algo que se constrói ao longo do tempo e o que se quer hoje é tudo no imediato e de
preferência que dê pouco trabalho.
A adesão à fé parte de cada um e necessariamente tem que ter o apoio da família. A própria
família, os pais, os avós, a escola, os grupos de amigos são fundamentais no acompanhamento
das crianças/adolescentes e consequente crescimento e adesão à fé.
Temos assistido a grupos de adultos/pais de catequizandos que procuram saber mais, obter
respostas mais profundas de forma a acompanharem os seus filhos e este aspeto é muito
positivo. Os pais de alguns dos nossos catequizandos, afastaram-se da Igreja durante anos, mas
têm começado a mostrar indícios de quererem ultrapassar esta rotura. Estes pais procuram
acompanhar o desenvolvimento da catequese dos seus filhos, participando nas mesmas, o que
lhes permite acompanhar devidamente os seus filhos na caminhada da catequese. Se tiverem
alicerces fortes de fé poderão passá-la para os filhos e um dia para os netos.
É fundamental que a Igreja, a dinâmica dos párocos e as comunidades saibam envolver e acolher
as famílias e as crianças, com realidades tão diversas e muitas delas complexas, permitindo o
aprofundamento e vivência da sua fé na Igreja como se fosse um verdadeiro lar.
É importante que a Igreja/ comunidades formem católicos que atuem na sociedade, verdadeiras
testemunhas de Jesus Cristo Ressuscitado.
É necessário compreender e aceitar que o tempo de Deus não é o nosso tempo, a semente é
lançada e ela germinará e dará frutos quando Deus assim o entender.
O catequista é um ponto de referência que cativa, acolhe ou afasta os catequizandos. Os
catequistas são apenas o instrumento na mão de Deus, nós plantamos a semente que Deus fará
crescer quando cada um se sentir tocado por Deus e acolher a sua palavra (é Deus que atua em
cada um). O catequista deve ser capaz de organizar e dinamizar as catequeses diferenciando-as
do “sistema escolar”.
Saber que é Deus quem faz crescer a semente motiva-nos a não desistir perante as dificuldades,
até porque temos casos de crianças/adolescentes que dizem “não tenho tempo para a
catequese” e mais tarde regressam por iniciativa própria.
Em suma, pensamos que a fé cristã tem uma raiz geracional, e que os hábitos, as vivências e as
tradições da Igreja são transmitidas sobretudo pela família. O exemplo/testemunho da família
é o aspeto que terá mais influência na adesão e vivência da fé sem preconceitos.
Porque é importante acentuar que nós apenas semeamos mas é Deus quem faz crescer?
É importante porque é verdade, para não nos envaidecermos ("Somos servos inúteis; fizemos o
que devíamos fazer." (Lc 17, 10b)) e para não desanimarmos ou desistirmos.
Não podemos desistir, independentemente de todos os constrangimentos, de todas as
adversidades, de todas as nossas próprias fragilidades. Deus escolheu-nos. Temos de confiar
n´Ele. Temos de apostar no tempo e o nosso não é o tempo de Deus. A nossa intervenção será
uma parcela no ciclo e na intervenção de Deus.
Cada projeto iniciado será um projeto de continuidade em que não se busca o mérito do “eu”,
mas o resultado do “nós” e em que o resultado final dependerá de como cada um a quem nos
dirigimos conseguir abrir o seu coração à presença do Amor Divino, ao Amor de Jesus
Crucificado, a deixar-se envolver no manto da Nossa Mãe Misericordiosa.
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Acreditar que a nossa missão é amplificada pela força do Divino Espírito Santo, que não só atua
em nós, mas abre portas no coração das crianças, adolescentes e jovens para que estes abram
o seu coração à Palavra Divina.
Educar pelo exemplo continua a ser tão importante hoje, como no passado. Por isso a missão
do catequista é tão importante. Não podemos baixar os braços e pensar que o nosso trabalho
não dá frutos, porque nós apenas semeamos, mas é Deus quem faz crescer, porque o tempo de
Deus é diferente do nosso. Confiamos e acreditamos que o Senhor tudo pode e a Ele nada é
impossível: “São do homem os projetos do coração mas a resposta vem do Senhor”.
Aquilo que importa é responsabilizar a família e levá-la a exercer o seu papel fundamental de
educadora na fé, uma vez que uma família que vive unida - em comunhão com os valores
transmitidos pela Palavra de Deus - testemunha a Fé e vive feliz. Importa também perceber
como podemos e como pode a igreja fazê-lo, sem esquecer uma atenção especial às crianças e
jovens que ainda participam na missa, para que se sintam mais interpelados e integrados e
possam viver o espírito missionário.
A espiritualidade não se absorve de um sorvo. Vai-se adquirindo e desenvolvendo de acordo
com o conhecimento, o sentir e a compreensão que temos da vida e do mundo. Em cada
momento do nosso percurso de vida, a nossa espiritualidade é diferente, aumenta ou diminui,
acentua-se, vai encontrando acolhimento, aprofunda-se ou não.
Cabe ao “semeador” deitar a semente de acordo com o terreno. Se o terreno não está preparado
há que adubá-lo.
Vamos tentar compreender...
a. Fazer estudos locais e regionais que nos permitam a compreensão do
afastamento dos pais e dos jovens da Catequese, da Eucaristia, de se
assumirem na Fé. Afirma-se que os jovens estão sedentos de espiritualidade:
O que os afasta então? Como sentem eles que Deus está vivo em cada um
de nós? Que vivência de espiritualidade os seduz? Que práticas os
envolveriam? O que nos falta, a nós, para os aproximar?
b. Nós, Catequistas, devemos tentar ter sempre uma postura de contínuo
questionar sobre as nossas práticas pedagógicas, sobre o aprofundamento
da Palavra, sobre a nossa vivência cristã, sobre a nossa fidelidade aos
ensinamentos da Igreja, etc., pois a sociedade está em contínua mudança e
os jovens estão sempre um passo à nossa frente.
c. Fazer encontros periódicos com os pais, por ciclos de abordagem e de
desenvolvimento cristão, pelo menos duas vezes por ano – “Formação para
pais de catequizandos”. Promover a utilização das novas tecnologias,
nomeadamente mais sites de pesquisa, de partilha de experiências de Fé e
ter, nos locais de encontro de Catequese, acesso à internet.
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CAP. III: NOVAS OPORTUNIDADES PARA O EVANGELHO – Reflexão da Vigararia II de Lisboa –
Paróquia de Olivais Sul
Que sinais de abertura e de recomeço da vida cristã nota no seu meio?
Notamos que, no nosso meio, as pessoas estão mais esclarecidas em relação à fé; isto leva-as a
querer seguir o exemplo de Jesus Cristo com mais firmeza e convicção quando é essa a sua opção
e o caminho que querem seguir.
Tanto as crianças como os adultos que descobrem/redescobrem a fé se mostram muito mais
“aplicados” na prática da mesma e por isso questionam efetivamente o porquê dos rituais e
“procedimentos” sem contudo os porem em causa.
Alguns dos sinais que encontramos:
Reencontro com um Deus que conheceram;
Procura de Jesus Cristo de quem ouviram falar;
Necessidade de aprofundamento da fé;
Solidariedade com os que sofrem;
Procura de autenticidade na vida;
Entusiasmo pelo serviço e pela missão;
Uma procura cada vez maior da solidariedade e da paz;
Existência de orações ecuménicas e debates no âmbito da pluralidade de culturas, com
orientação de especialistas;
Um interesse crescente por parte dos pais dos catequizandos que se reflete na
participação das crianças nos encontros desejosas de conhecer melhor o seu Amigo
Jesus;
Vamos também presenciado o recomeço da vida cristã de alguns casais (pai e/ou mãe)
quando os seus filhos iniciam a catequese.
Como responder à sensibilidade e à procura das pessoas de hoje?
Deus acolhe-nos, aceita-nos e ama-nos como somos. Proceder de acordo com este acolhimento
de Deus é a forma de responder à sensibilidade e à procura das pessoas de hoje.
Tentar demonstrar que a Palavra de Jesus é atual e aplicável aos dias de hoje. A conversão nasce
da escuta da Palavra. Mas é essencial um testemunho de vida de acordo com o Evangelho.
Ir ao encontro de cada um. Fazer mais atividades que nos “virem” para fora do nosso meio, que
nos levem àqueles que nos rodeiam e têm dificuldades, como por exemplo o Banco Alimentar,
mas também outras em que se tenha um contacto com realidades como as pessoas sem-abrigo,
as pessoas doentes, idosas e sós, as mães jovens.
A preparação da vida cristã nos adultos faz-se de abertura, exemplos, explicações, convívios,
partilhas. A preparação nas crianças e jovens faz-se através das histórias e as vivências de cada
um para avivar a memória e alimentar a fé.
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O modo de responder à sensibilidade e à procura das pessoas de hoje é através da verdade, do
exemplo concreto e da simplicidade.
A resposta à sensibilidade e à procura das pessoas passa por acolher sem constrangimentos,
com muito amor e sentido fraterno.
Devemos ter sentido de “escuta” e de saber “ler” em relação ao que as pessoas procuram e
anseiam. Na educação da Fé o próximo é Cristo.
Como preparar, no tempo da catequese, o futuro da vida cristã?
Os encontros catequéticos devem ser momentos alegres e de transmissão da Palavra e do
infinito amor de Jesus por todos, sem exclusão de ninguém.
Torna-se pertinente um novo modelo catequético capaz de desencadear verdadeiros processos
de conversão e personalização da fé.
A transmissão da fé deve estar associada, sobretudo, ao testemunho vivo de uma comunidade
cristã. É na comunidade que a fé se manifesta em sinais de vida cristã, se concretiza em
testemunhos vividos. É na comunidade que a Palavra de Deus se realiza globalmente como
palavra proclamada, celebrada e vivida.
A catequese tem de tentar envolver-se cada vez mais com as famílias daqueles que tentamos
evangelizar, mostrando-lhes o Rosto misericordioso de Cristo.
Um sinal novo é a procura de espiritualidade que oferece muitas possibilidades de
evangelização e de educação da fé. Como pode dar-se maior importância à espiritualidade na
catequese?
A espiritualidade toma a sua importância quando é praticada e é possível fazê-lo na catequese.
O tempo de catequese deveria ser inolvidável! Deveria dar-nos referências, estruturando-nos
ética e moralmente para a vida, isto é cativar-nos para a vivência com Cristo e em Cristo!
Por tudo isto, revela-se exigente este preparar do futuro.
É preciso ensinar o silêncio! Só assim se consegue abrir as portas do coração e deixar Jesus
entrar.
A catequese deve procurar fazer a transposição dos valores cristãos para a vida concreta das
pessoas de hoje, mostrando que apesar das diferenças da sociedade e da vida quotidiana, os
ensinamentos de Jesus mantêm toda a sua atualidade.
A catequese deve ser um espaço em que se ensina que Deus se manifesta nas coisas simples:
numa palavra, numa pessoa, num gesto, numa oração.
A catequese deve cultivar a procura de Deus nessas coisas simples, como deve igualmente
relembrar constantemente que é nas fontes da fé (a Eucaristia, a Palavra, os Sacramentos) que
se encontram as respostas para todos os nossos problemas e anseios.
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CAP. IV – CATEQUESE NO HORIZONTE EVANGELIZADOR E MISSIONÁRIO – Reflexão das
Vigararias de Caldas/Peniche e Sintra
Como avalia as dimensões referidas neste capítulo?
As dimensões referidas neste documento são fundamentais para a renovação da catequese que,
cada vez mais, deve partir da “ experiência” do encontro com Jesus para levar ao compromisso
cristão. É importante o primeiro anúncio (querigma) feito na catequese e junto dos pais, visto
que quase não se fala de Jesus Cristo nos meios familiares. O catequista é o primeiro a anunciar,
mas não existe eco lá em casa. Falta talvez falar de Jesus, que antes de pedir que O amemos,
pede-nos que nos deixemos amar eficazmente por Ele, que não extingamos o fogo do Seu amor
por nós, que renova a nossa vida como amigo presente (exemplos concretos e reais da vida dos
catequistas) dos seus amigos da comunidade, como forma de testemunho. Estes poderão ser os
caminhos mais práticos e menos didáticos.
Para o tempo e mentalidade nova em que vivemos, necessitamos de uma catequese mais
missionária, logo mais evangelizadora e comprometida com os valores cristãos. A Catequese
tem que ser dinâmica, vivida pelo catequista, alegre, sempre assente na mensagem de Jesus e
«prolongada na família». A criança, jovem ou adolescente, deve ficar com a Alegria e Certeza de
que a verdade ali falada é a do próprio Jesus lida na Bíblia.
Como traduzi-las na prática?
Não esquecer o lugar primeiro do Espírito Santo na alma do catequista.
Entendemos como mais importante a dimensão mistagógica e vivência dos sacramentos, para
conduzir todos e cada um ao discipulado. Este é o nosso maior desafio: levar as crianças, pais e
outros familiares a viver o dom da Fé e a celebrá-la na comunidade. Esta vivência da fé é a base
da pedagogia catecumenal e, por isso, somos convidados, como catequistas e educadores da fé
a desinstalarmo-nos, a deixar esta forma de pensar do “ sempre se fez assim “, a não ter medo
de arriscar, mesmo que as dificuldades sejam muitas e que andemos contra a corrente.
Talvez fosse positivo apostar fortemente na catequese familiar, mas nas paróquias onde se
iniciou essa experiência tem sido difícil os pais aderirem. De qualquer modo não podemos
desistir de implementar este modelo de catequese.
É muito importante a experiência de Jesus na vida do catequista através da oração, da eucaristia.
Temos também de utilizar a criatividade para explicar e ajudar a compreender a mensagem de
Jesus, trazendo-a para a vida e adaptando o discurso a cada idade.
Para a adolescência existem várias aplicações que nos mostram novas formas de rezar (passo a
rezar), ou até o ivangelho. Estas aplicações para os telemóveis ajudam os adolescentes a
conhecer as leituras, a liturgia das horas para cada dia. A própria liturgia júnior para as crianças
é um bom auxílio para estas conhecerem e acompanharem cada momento da eucaristia.
A utilização dos cânticos e das imagens ajudam a passar a mensagem mais facilmente.
Que mudanças implicam?
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É necessário na vida espiritual do catequista, uma constante renovação que, pela intercessão do
Espírito Santo, leve o catequista a ser um verdadeiro missionário. O encontro com Cristo nos
sacramentos é essencial.
Envolver os pais e trazê-los para o processo de evangelização, com várias atividades, como por
exemplo: terço vivo, via-sacra encenada, momentos de convívio, leituras e encenações bíblicas,
leitura orante da Palavra.
Educar para o silêncio é muito importante para o encontro pessoal com Jesus e para a educação
da interioridade.
Também é importante que o catequista, para além de falar com Jesus, de falar de Jesus às
crianças, fale das crianças a Jesus. Deve rezar com o seu grupo, e rezar pelo seu grupo.
É pelo exemplo e pelo testemunho de vida, pela forma como acolhe as crianças e as famílias que
o catequista evangeliza. Pelo seu testemunho nas diversas atividades da Igreja e participação na
vida comunitária e social. Supõe estar bem alicerçado na sua vida de fé e atento às necessidades
dos outros e ter disponibilidade física e mental para se “ dar aos outros”.
Decisivo no processo de catequese é a experiência pessoal do encontro com Cristo. Na vida dos
catequistas, na sua concretamente, renova-se e aprofunda-se constantemente este encontro
com Cristo?
Sim, através da eucaristia, oração, meditação da palavra de Deus.
Como?
Mostrando o que é a eucaristia de uma forma mais simples adaptado a cada idade para eles
compreenderem o que se faz, mostrando Jesus nos serviços que faz na comunidade, mostrar
como encontrou Deus na sua vida.
Como pode o catequista levar a este encontro?
Quando o catequista realiza a sua missão aprofundada na fé, fecunda no Espírito Santo e deixa
o Senhor entrar no seu coração.
O catequista tem que partir em missão, anunciar a palavra, enriquecer os outros e fortalecer a
sua própria fé.
O catequista deve ser mensageiro de uma fé forte, vivida na alegria, para partilhar os dons
recebidos de Jesus.
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CAP. V – EXERCÍCIOS PRÁTICOS – Reflexão da Vigararia IV de Lisboa
Que exercícios espirituais devemos valorizar com mais cuidado? Como concretizar?
Trata-se de uma visão muito interessante e motivadora. Propõe-se que, ao catecismo adotado,
o catequista junte “outros meios” de que se avança uma lista de sugestões. Exige, no entanto,
que o catequista tenha já superado a fase de reconhecer que “o catecismo é um instrumento
importante para fazer catequese” e o utilize nos seus encontros de catequese, adaptando ao
grupo de catequizandos as tarefas sugeridas no guia do catequista ou criando outras que lhe
pareçam mais adequadas. Ora, partindo da experiência de alguns anos, podemos afirmar que,
em muitos casos, esta primeira fase ainda não está concretizada.
Há catequistas que resistem a esta utilização sistemática do catecismo, revelando dificuldades
em enquadrar-se num percurso que propõe etapas com conteúdos próprios para cada ano e
que segue um fio condutor. Esses catequistas, em geral, não frequentam as ações de formação
programadas em cada ano e resistem ao trabalho em equipa que lhes é proposto, preferindo
um caminho autónomo que raramente avaliam ou questionam.
Para saber quais os exercícios espirituais que devem ser valorizados, importa conhecer a
realidade de cada grupo de catequese, de cada paróquia, de cada vigararia e de cada diocese.
Temos muitos catequizandos que, nos horários de trabalho dos seus pais, passam o tempo entre
aulas e atividades de ocupação dos tempos livres; que, aos fins-de-semana, têm competições
ou audições ou vão “à terra” com os pais visitar os avós; e que, nos períodos em que as suas
férias escolares não coincidem com as férias dos pais, vão para colónias de férias ou para a casa
dos avós.
Por outro lado, temos pessoas que, entre os estudos e/ ou a sua vida profissional e a sua vida
familiar, conseguem arranjar tempo para dar catequese, mas não conseguem esticar o tempo
para, além da preparação da sessão de catequese, da própria sessão de catequese, da missa da
catequese e da ida às reuniões regulares dos catequistas da respetiva paróquia, poderem
frequentar cursos de iniciação para catequistas, frequentar curso geral de catequese, participar
em momentos de oração coletiva, colaborar na organização de exercícios espirituais ao nível da
paróquia ou da vigararia…
Neste quadro, é importante valorizar os exercícios espirituais que possam ser concretizados no
horário das sessões de catequese e na missa dominical e, durante o ano catequético, apostar
em alguns exercícios espirituais ao nível da paróquia ou da vigararia, com a consciência de que
quanto maior o número de iniciativas menor a capacidade para mobilizar catequistas, pais e
catequizandos.
É necessário criar um ambiente onde se começa por ouvir os catequizandos, criar espaços de
encontros de verdadeiros amigos que têm algo em comum, haver empatia/ amizade entre o
catequizando e o catequista. A catequese tem de deixar de ser apenas um local onde se ouve
falar de Jesus, para ser um tempo onde o grupo de amigos se encontra para ouvir, falar, partilhar
e por em prática os ensinamentos de Jesus. Se não se consegue criar um grupo que viva como
tal e que participe ativamente na comunidade paroquial, não se consegue criar encontro com
Jesus.
No caso de crianças entre 5 e 8 anos, período em que ocorre o despertar da fé e a preparação
para a primeira comunhão, é importante transformar o tempo de catequese numa experiência
divertida. Mais do que ensinar dogmas, é importante, nestas idades, transmitir, de modo
agradável, valores e gerar memórias positivas associadas ao nome de Jesus que possam levar,
mais tarde, ao desejo de aprofundamento dos conhecimentos. Ao mesmo tempo, a mensagem
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de Cristo deve surgir associada ao quotidiano das crianças e ao reforço dos laços com o outro
pela partilha de experiências comuns.
Os exercícios espirituais devem ser, por isso, divertidos, gerando comunidade e, ao mesmo
tempo, de algum modo convidar à introspeção, relacionando a vida de cada um com os
ensinamentos de Cristo.
Nas sessões de catequese, é importante que os catequistas consigam que os catequizandos
associem a oração à necessidade de quem ama de falar, de se encontrar, com quem ama. Os
catequistas devem possibilitar aos catequizandos a experiência de várias formas de rezar:
oração memorizada, oração espontânea, cântico, leitura bíblica com meditação e silêncio/
meditação.
É importante passar a mensagem às crianças de que Jesus está sempre connosco e que, durante
o dia, nos devemos lembrar de lhe dar bom dia, boa noite, um beijinho... Ele é o nosso melhor
amigo.
Os catequistas podem, na catequese, convidar as crianças à colocação de intenções (e, portanto,
à partilha) daqueles ou daquilo que mais as preocupa; e dar uma pequena tarefa, no final de
cada catequese, para as crianças porem em prática, no seu dia-a-dia e durante a semana
seguinte, os ensinamentos de Cristo.
Tardes/ momentos de oração permitem aos catequizandos pensar seriamente sobre os temas
propostos e interiorizar pensamentos.
Nas sessões de catequese, é importante que os catequistas consigam que os catequizandos
associem a Palavra de Deus e o Corpo de Cristo a alimentos que nos dão força para amarmos
como Jesus.
Quando os catequizandos percebem que é importante ir à missa, vão. Ajuda saber que a missa
dirigida às crianças é mais breve e simples, com 4 ou 5 músicas apenas e curta homilia.
É necessário fazer celebrações em que os catequizandos se sintam envolvidos e sejam chamados
à participação ativa. Os catequizandos que são incentivados a participar nas celebrações sentem
a eucaristia de modo diferente e muito pessoal, levando-os a ter consciência do ato. A
participação pode traduzir-se em fazer o acolhimento, ler as leituras, cantar o salmo e os
restantes cânticos, fazer o ofertório solene, fazer o peditório, ser responsável pela ação de
graças e acolitar.
É importante valorizar as experiências missionárias e as atividades de voluntariado, levando as
crianças a perceber que elas próprias têm valor e que Jesus é o único que pode preencher toda
a necessidade que tanto elas como os outros têm.
É necessário que todos os catequizandos se conheçam, não só dentro do grupo, mas também
entre os vários anos de catequese, principalmente os que têm idades mais próximas, através de
atividades que obriguem os vários grupos a interagir entre eles (participação em vigílias de
oração, encontros diocesanos de adolescentes, etc.). Este convívio tem de partir do convívio
entre catequistas, pois só assim os grupos se conseguem conhecer e envolver em atividades.
Ao nível da paróquia ou da vigararia, podem ser organizadas pequenas peregrinações com
catequizandos de várias idades, com momentos de jogos e também de oração e partilha.
Que podemos fazer para levar à participação nas celebrações litúrgicas dos tempos fortes da
liturgia?
Os tempos de frequência e de férias na catequese são coincidentes com os do ano escolar e é
difícil que seja de outra forma, sobretudo nas paróquias onde os pais aproveitam as interrupções
e férias escolares para irem de férias ou fazerem umas miniférias ou, continuando a trabalhar
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nesses períodos, optam por inscrever os filhos em colónias de férias ou deixá-los com os avós
nas terras destes.
Depende muito dos pais os catequizandos irem à missa do galo e às celebrações da semana
santa.
Temos vindo a verificar que o número de famílias motivadas e colaborantes tem crescido em
atividades relacionadas, em particular, com a preparação de momentos celebrativos tais como
a Primeira Comunhão ou a Profissão de Fé. Também nas dinâmicas que propomos para viver em
família o tempo de Advento e Natal, a Quaresma e o Tempo Pascal se tem verificado uma adesão
crescente das famílias.
Persistem, no entanto, algumas dificuldades quando as paróquias acolhem uma maioria de
catequizandos que frequentam as escolas próximas, razão pela qual vão à catequese aí, mas
que, não residindo na zona, têm dificuldade em ir à Eucaristia dominical.
O problema é que, muitas vezes, os pais não estão conscientes da necessidade de participar e
de se integrar na comunidade e, portanto, de incentivar as crianças a esta participação. Talvez a
criação de grupos de oração e partilha para os pais, porventura orientados por um sacerdote ou
guia espiritual, decorrendo ao mesmo tempo da catequese das crianças, fosse uma boa ideia
para aproximar os pais entre si e da comunidade.
O catequista, por sua parte, deve sublinhar, através de atividades orientadas para estes temas,
como estes tempos são importantes e como devem orientar a nossa vida.
Nos tempos litúrgicos fortes, é importante haver uma atividade na eucaristia relacionada com o
tempo em questão e que envolva a comunidade paroquial (ex.: no advento e na quaresma,
recolha de bens alimentares para as pessoas mais necessitadas da paróquia e recolha de
cobertores, meias e leite para os sem abrigo).
Como valorizar os exercícios da piedade popular?
Muitas das tradições, especialmente nas grandes cidades, onde o tempo tem outra medida,
estão a desaparecer. A recitação do Rosário ainda se mantém, contudo, diariamente em muitas
igrejas.
O catequista deve sublinhar a importância destas práticas e pode mostrar, na catequese,
pequenos filmes sobre estas tradições; participar e convidar os catequizandos a participar nas
procissões organizadas pela paróquia; e incentivar à recitação das orações que constituem o
Rosário.
Pode ainda levar os catequizandos à experiência da recitação do Rosário que ocorre diariamente
na paróquia, embora esta atividade seja difícil para os catequizandos mais novos. A falta de uma
compreensão mais profunda da prática da oração pode levar, por um lado, à desestabilização
dos fiéis que estejam presentes e, por outro, as crianças a associar a recitação do Rosário a uma
experiência negativa.
Podem ser organizadas pequenas peregrinações.
Os exercícios da piedade popular valorizam-se convocando a história das famílias e das terras
de onde vêm, muitas delas com tradições fortes e significativas.
Tem de ser explicado o porquê dos exercícios de piedade popular e tem de haver uma
participação ativa dos catequizandos para que se sintam interpelados.
Como promover na vida dos catequistas e catequizandos a leitura orante assídua da Sagrada
Escritura?
O catequista oferece, voluntariamente, parte do seu tempo à transmissão da mensagem de
Cristo às crianças e é, por isso, por definição, uma pessoa interessada na Sagrada Escritura e no
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aprofundamento dos conhecimentos. Contudo, a pressa e as tribulações do dia-a-dia podem
conduzir a um descuramento da oração e da leitura da Sagrada Escritura. Pode ser útil distribuir
pequenas reflexões com o objetivo de partilhar, em grupo, aquilo que se rezou durante essa
semana, bem como a participação em palestras e cursos de aprofundamento da fé.
Os guias da catequese contêm, para cada sessão de catequese, uma introdução para os
catequistas que constitui uma meditação sobre a Palavra proposta para essa sessão.
A ser preparada a sessão de catequese com a devida antecedência, esta meditação pode
acompanhar o pensamento do catequista durante uma semana.
Na missa dominical, os catequistas escutam a Palavra de Deus e a homília. Para muitos
catequistas, a isto se resume o seu contacto com a Sagrada Escritura e é necessário aceitar que
não conseguir um contacto maior não significa que o catequista não coloque Deus em primeiro
lugar na sua vida.
Para muitos catequizandos, o seu contacto com a Sagrada Escritura também se resume à escuta
da Palavra de Deus na sessão de catequese e na eucaristia. Há catequizandos que não gostam
de ler, seja qual for o tipo de leitura. Há catequizandos que têm o tempo tão ocupado que é
difícil exigir que o seu contacto com a Sagrada Escritura seja maior. Ter a Bíblia e saber manuseá-
la podem ser suficientes para que um dia o contacto com a Sagrada Escritura seja maior.
É importante é que os catequistas sejam uma comunidade, que se dê voz aos que têm mais
experiência e um contributo a dar. Por vezes a urgência de uma organização eficiente leva a
esquecer do que une os catequistas: um amor por Cristo na Igreja e pela missão de O comunicar
aos outros. É bom haver momentos curtos de encontro em que simplesmente se conte o que
acontece na catequese, se oiçam as descobertas pessoais de cada um e se conheçam uns aos
outros. Se os catequistas forem amigos, a fé em Jesus gera ainda mais na catequese.
A atividade da Tenda da Palavra, lançada há tempos pelo secretariado da catequese, resultou
numa paróquia desta vigararia onde foi dinamizada da seguinte forma: no salão paroquial, havia
uma tenda montada onde tinha a Bíblia em destaque; os vários grupos de catequese juntaram-
-se por idades (1º+2º; 3º+4º; 5º+6º;7º+8º;9º+10º); e, em cada sábado havia um conjunto de
grupos que tinham catequese na tenda da palavra.
Tendo em conta a sua experiência e as características do seu meio, quais os sinais que entende
merecerem maior relevo na catequese?
São um sinal sensível da presença de Cristo as atitudes de carinho e acolhimento do catequista,
bem como a bondade e a entreajuda entre as próprias crianças. Mostrar-lhes a vida da
comunidade e seus rituais é também mostrar-lhes sinais de Jesus.
No caso das crianças de 5 a 8 anos, tem sido útil mostrar desenhos animados ou pequenos vídeos
e fotografias para ajudar a memorizar os ensinamentos de Cristo. Transmitir episódios da vida
de Jesus e parábolas como se fossem “histórias” também tem ajudado as crianças a memorizar,
além de convidar à contemplação da vida de Cristo. Também têm sido proveitosos os jogos, as
visitas à Igreja, a partilha da vida e a oração.
Há paróquias cujas igrejas, pelas suas imagens, justificam uma visita durante sessões de
catequese. É o caso da igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima: as suas imagens justificam
uma visita em sessões de catequese em que se fale de temas como o batismo, o Cordeiro de
Deus e a Nova Aliança.
Encenações de episódios bíblicos também têm resultado.
Há sessões de catequese em que é importante “o testemunho presencial apresentado ao vivo
por crentes que procuram seguir Jesus com entusiasmo, convicção e alegria”, mas nem sempre
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é fácil preparar antecipadamente o momento do testemunho com o crente convidado e, sem
essa preparação, o risco de fugir aos objetivos propostos pelo guia para essa sessão de
catequese é grande.
Dos recursos pedagógicos indicados, quais considera mais importantes para passar da
pedagogia escolar à pedagogia do encontro?
O emprego da terminologia catequista, catequizando, sessões de catequese, sala de catequese
e ano catequético é importante. O catequista deve ser visto, não como um professor que “dá
matérias”, mas como um amigo que escuta e partilha, alguém que passa a mensagem de como
ser amigo e ter vontade de ser melhor.
Nas sessões de catequese, deverá haver acolhimento, experiência humana, Palavra e expressão
de fé. Quando o catequista se esquece da expressão de fé, as sessões de catequese podem
assemelhar-se a aulas.
É importante que o catequista fale com convicção, alegria e entusiamo; seja conciso no falar;
consiga ver, pela expressão das crianças, o que pode ou não aprofundar; consiga fazer a sessão
de catequese sem, durante a mesma, necessitar de ler o guia; e que tenha sempre presente os
objetivos propostos pelo guia para a sessão de catequese. Se, por exemplo, o catequista deve
falar de Moisés numa determinada sessão de catequese, não deve ter a preocupação de dizer
tudo o que sabe sobre Moisés, mas referir o aspeto da vida de Moisés que, de acordo com o
guia, permitirá alcançar os objetivo propostos.
A sala de catequese deve ser diferente da sala de aula, criando um ambiente acolhedor e de
partilha. Uma ou duas mesas de apoio por sala de catequese é suficiente. As cadeiras são
dispostas conforme cada catequista entende que o seu grupo funciona melhor, mas a colocação
das cadeiras em roda é a disposição que tem funcionado melhor: como um grupo de amigos que
se reúnem para conhecerem melhor Jesus e a si próprios.
É certo que a experiência de acompanhar um grupo de crianças ou jovens nos encontros
semanais de catequese é extremamente compensadora e estimulante para o crescimento na fé
do próprio catequista. No seio do grupo criam-se relações de interação pessoal, de interajuda,
de amadurecimento, cimentam-se relações de amizade. Estas relações estendem-se também ao
grupo de pais que, sendo devidamente sensibilizado e informado do percurso que os filhos são
convidados a fazer, também eles se empenham e colaboram com o catequista.
Mas é igualmente certo que a tarefa de conduzir um grupo de crianças ou jovens pode ser, por
vezes, muito absorvente e esgotante para o catequista. Será, pois, imprescindível que este tenha
um suporte sólido na equipa de catequistas do mesmo ano, com quem trabalha na planificação
e concretização das tarefas a propor aos catequizandos e famílias. Será, igualmente, necessário
que a sua formação, pedagógica e didática se vá robustecendo, pois que a sua ação visa a
comunicação com jovens em idade escolar, habituados a uma dinâmica de aquisição de
conhecimentos que tem de ser canalizada para os conteúdos exigidos no caminho catequético.
A formação de catequistas atrás referenciada, sendo indispensável, é, porém, ainda insuficiente.
O catequista tem que ser um cristão empenhado no seu próprio crescimento espiritual,
disponível para um percurso de reforço do seu conhecimento da Palavra de Deus e do sentido
de pertença, que o tornam capaz de assumir crescentes responsabilidades na Comunidade.
De tudo o que atrás se disse, podemos concluir que a proposta de fazer evoluir a catequese
paroquial de crianças e jovens do modelo escolar para o catecumenal, sendo embora um
interessante objetivo a alcançar, está longe de poder atingir-se a curto prazo. Não podemos
ignorar as dificuldades de constituir na paróquia, anualmente, um corpo de catequistas
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suficientemente estruturado e coeso que garanta o acompanhamento dos numerosos grupos
de catequese. Não raras vezes, o recurso às jovens mães que trazem os seus filhos à catequese
e que aceitam partilhar com outro catequista as responsabilidades de conduzir o grupo, ou até
de assumir a sua orientação, é prática comum. Mas essa estratégia não garante que os
catequistas encontrem qualquer outra disponibilidade para receber formação ou estar
presentes nas reuniões de trabalho em equipa. Deste modo a questão só em parte fica resolvida.
Evoluir para outros modelos de catequese paroquial que promovam uma maior integração das
famílias na Comunidade, poderá ser um caminho… Fica a esperança.
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CAP. VI: FORMAR DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS – Reflexão das Vigararias de Amadora, Cascais,
Loures/Odivelas e Oeiras
Que mudanças implica na nossa forma de fazer catequese a preocupação de formar discípulos
missionários?
Apostar na formação dos catequistas para que estes consigam formar discípulos missionários,
sendo eles próprios exemplos vivos da atividade missionária.
Ter consciência de que o Espírito Santo é o protagonista e de que a nossa missão é semear.
Dar a conhecer Jesus usando a pedagogia do Amor, sempre com base na sua Palavra. Sobretudo
viver com os catequizandos uma experiência de Jesus vivo no meio de nós que faz arder o
coração.
Ter uma atitude de humildade, misericórdia, acolhimento, partilha e comunhão.
Mostrar uma Igreja alegre e dar testemunho de fé.
Cada paróquia deve começar a formar células eclesiais, ou seja, ter grupos que sejam fermento
a levedar a massa.
A catequese tem de ser dinâmica, interativa, dialogada, articulada com os pais e o pároco e em
“movimento” (concretizada em projetos na comunidade).
Transformar a catequese num espaço de descoberta da vocação de cada um: descoberta do
chamamento que Deus faz a cada catequizando em particular e de como podem aceitar esse
chamamento, servindo assim os irmãos na comunidade, em cada momento da vida, seja qual
for a idade.
Propor atividades simples que os catequizandos podem colocar em prática nos meios onde se
movimentam, de forma a dar testemunho de serem cristãos.
Porque é prioritária a formação cristã dos adultos? Que experiências funcionam na sua
comunidade? Que outras podem lançar-se e alargar-se a um maior número de pessoas?
A formação cristã dos adultos é prioritária uma vez que são os adultos que constituem o tecido
ativo da nossa sociedade e comunidades. São os adultos que tomam as decisões, fazem as
escolhas e as opções de vida, não só deles próprios, mas também de todos aqueles que deles
dependem, quer a nível social em geral, quer a nível das comunidades cristãs.
Algumas das experiências a funcionar nas várias comunidades são:
Grupos de oração;
Grupos de estudo Bíblico e Lectio Divina;
Percurso ALFHA;
Encontro Pastoral de Casais, mensal;
Promoção de catequese para pais e filhos (filhos explicam aos pais o que foi feito na
catequese);
Grupos de ação sócio-caritativa;
Grupos de voluntariado de visita aos doentes e idosos da comunidade;
Grupos de formação de leitores;
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Catequese de preparação para os Sacramentos da Iniciação Cristã;
Catequese Neocatecumenal para jovens e adultos;
O Curso de preparação para o matrimónio (CPM), também com experiências da
preparação do sacramento do matrimónio nas casas dos nubentes.
O curso de preparação para o batismo (CPB), com experiências de catequese do pároco
nas casas da família das crianças a batizar.
Dinâmicas ligadas à catequese familiar.
Eucaristia mais vocacionada para crianças com cânticos adequados e participação das
famílias.
Necessidade da criação de:
Grupos de formação cristã, que deem a conhecer, aprofundem a doutrina e a cultura
cristã e, desta forma, preparem os cristãos que neles participam, para que tenham uma
consciência maior do seu dever de evangelizadores, ou seja, que pela sua atuação
comprometida o mundo poderá mesmo transformar-se;
Existência de um espaço onde os pais, avós e educadores, possam estar para conviver,
ler livros, revistas, artigos, pagelas com orações, de forma a incentivar a autoformação
e auxiliarem e esclarecer os que estão ao seu cuidado e os outros com quem se cruzam.
Parece‐nos também que poderia ser interessante a criação de espaços virtuais com uma
dupla função: partilha de experiências e de iniciativas das paróquias sobre o
desenvolvimento da catequese, e a construção de redes de formação sobre temáticas
orientadas para a catequese da infância e da adolescência.
É importante perceber que numa comunidade cristã, todos devemos saber ACOLHER aquele
que nos procura. Devemos procurar ENCONTRAR‐NOS uns com os outros em volta de um bem
maior; Devemos CONVIVER e CRIAR LAÇOS, já que todos juntos somos IGREJA e FAMÍLIA.
Como promover a evangelização e a participação de adolescentes e de jovens nas nossas
comunidades?
O catequista deve ser reflexo, imagem de Jesus, convicto nas ideias, firme nas decisões e
sobretudo um amigo, à maneira de Jesus Cristo, de quem é testemunha.
É importante fazer com que se sintam bem-vindos e acolhidos, aceites e não criticados.
Procurar inserir cada jovem/adolescente na relação pessoal com Jesus. Sentir que Jesus não está
somente na missa e na catequese, mas que faz parte da vida de cada um e está presente em
todos os momentos e lugares, em todos os acontecimentos da sua vida. Aprofundar, viver e
celebrar a Fé, implica vivenciar situações concretas no nosso dia-a-dia.
A catequese tem de ser para os adolescentes e jovens o espaço e o tempo para cada um
descobrir, à luz da palavra de Deus e em oração, aquilo a que é chamado, quais os dons que
recebeu de Deus e como os pode pôr ao serviço dos outros e da comunidade, dando-se
exclusivamente por amor, sem esperar receber nada em troca.
A catequese tem de ser envolvente, prática, mais desafiadora, formando pela vivência e por
exemplos. Tem de ter mais ações, atividade e menos sessões e palavras. A comunidade tem
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muito a dar mas também necessidade da criatividade e da generosidade dos jovens. É necessário
conjugar a aprendizagem dos conteúdos doutrinais com atividades na linha do exercício de fé.
Deste modo, seguem algumas iniciativas existentes em várias paróquias:
Propor aos adolescentes e jovens que sejam observadores ou auxiliares dos catequistas
mais experientes;
Solicitar aos diferentes grupos da paróquia que se disponham a chamar os adolescentes
e os jovens a realizarem as tarefas desses mesmos grupos;
Ajudar na realização de serviços concretos na comunidade (segundo a vocação e os dons
de cada um, e segundo as necessidades da comunidade e dos outros).
Conferir responsabilidades em termos de preparação e animação da Eucaristia;
Atribuir progressivamente tarefas e responsabilidades aos jovens, com abertura à
diocese e vigararia, proporcionando conhecimento de outras realidades e da
diversidade eclesial.
Divulgar e sensibilizar para a promoção de ações de Voluntariado e participação em
ações sociais de voluntariado como exemplo o Banco Alimentar, visita a lares e a prisões;
Conhecer os exemplos de adultos comprometidos na paróquia;
Participação na Missa Crismal na Sé;
Dar especial atenção e apoio aos jovens pós Crisma.
Juntar idades diferentes: Colocar os mais velhos a darem testemunho aos mais novos;
Organizar campos de férias: são um contributo muito importante no sentido de
promoverem uma adesão mais profunda aos ensinamentos de Jesus;
Debates sobre temas que são importantes para eles, eventualmente temas controversos
da atualidade, utilizando moderadores formados nos assuntos, podendo incluir idas ao
cinema ou a exposições de interesse humano e religioso;
O intercâmbio entre paróquias, inclusive estrangeiras;
Jornada Vicarial ou Jornada Diocesana da Juventude, com dia anterior de retiro;
Jornadas a nível nacional e internacional;
Encontros de um dia em instituições religiosas ou de solidariedade social;
Eventos e festas … que sejam apelativos; eventos atrativos/alegres, mas sempre com
muita oração;
Celebrações Penitenciais;
Peregrinações (a pé) a santuários marianos ou lugares de forte presença de património
religioso;
Estar atento àqueles que têm qualidades de liderança, para lhes dar a possibilidade de
as desenvolverem no interior do grupo e, um dia, poderem eles próprios acompanhá‐lo
e orientá‐lo, na fase seguinte da catequese juvenil;
Presença do Pároco em várias iniciativas: retiros, peregrinações, festas … promovendo
a ligação e criação de laços com os adolescentes servindo de incentivo à participação e
ao despertar de vocações.
[A catequese na paróquia de Cascais, a partir do 7º ano, é sempre dada por animadores/
monitores orientados por um catequista e alterna com uma sessão mais catequética sobre um
tema, com outra sessão de atividades no exterior, conseguindo muita adesão e bons resultados].
Como pode a catequese de infância e adolescência motivar e envolver os pais e adultos na
formação cristã de adultos?
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Entre as expressões de espiritualidade com as crianças e jovens, o catequista pode incentivar a
várias atividades, entre elas:
Catequese Familiar;
Escola Paroquial de Pais;
Despertar da Fé na primeira infância: Pretende ser uma forma de estabelecer pontes
com as famílias e a Igreja e tem habitualmente efeitos determinantes para a futura
adesão e prática de fé. O método, aposta nos afetos, principalmente da parte dos
educadores que assim, pelo que fazem e dizem às crianças, se tornam para elas as
principais testemunhas do amor de Deus.
Convívios com ações fora da comunidade para toda a família e não apenas para os
catequizandos;
Catequese intergeracional;
Atividades exclusivas para os educadores, como peregrinações, procissões, novenas,
terços, Via Sacra, retiros, vigílias de oração, etc.;
Despertar e envolver algumas famílias na coordenação das atividades da catequese
paroquial;
Contar com ajuda dos pais na preparação de celebrações dos vários catecismos e
sacramentos;
Proporcionar convívios entre pais, filhos e catequistas durante algumas festas, como
festa de Natal ou de encerramento da catequese, com a preparação de atividades em
que todos possam participar; proporcionar eventos que fortaleçam a amizade entre
todos;
Maior participação na Eucaristia por parte dos pais/educadores;
Abertura por parte da paróquia para acolher famílias, sendo que o pároco teria um
horário semanal para isso;
Apostar na catequese de adultos para os educadores;
Facultar aos pais uma pequena oração por semana, para que em casa, a possam rezar
(ao deitar ou às refeições, como for, mais conveniente para a família);
A Bíblia peregrina entre as famílias dos catequizandos leva ao compromisso de lê‐la mais
vezes estimulando à sua interpretação e à partilha, por outro lado aumenta a
responsabilidade na missão da passagem de testemunho;
Ações de rua em comunidade e Festas das Famílias no âmbito do Sínodo Diocesano ou
de outras atividades;
Encontrar na Família o espaço de recrutamento, por excelência, de catequistas e
sensibilizar as famílias para esta missão de educação cristã dos filhos.
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CAP. VII: IGREJA MÃE E MESTRA – Reflexão da Vigararia da Lourinhã
Que sinais de renovação da Igreja verifica na sua comunidade?
Em algumas paróquias os sinais de renovação vão de ténues a nenhuns, enquanto noutras, a
catequese tem desempenhado um papel mais acolhedor das crianças e jovens. As catequeses
são mais dinâmicas e há uma maior participação de crianças e pais na Eucaristia Dominical.
Existe uma maior abertura da mentalidade e maior recetividade da comunidade cristã face a
ideias novas propostas pelo patriarcado/catequese. Há uma maior aproximação dos problemas
e necessidades reais das pessoas através de diferentes ações/propostas, como por exemplo:
catequese familiar, retiros e encontros periódicos com crianças e jovens, catecismo missionário,
grupos corais infantis/juvenis, entre outras.
Também verificamos que há uma maior participação dos leigos, na qual, a presença feminina
predomina e, entre algumas paróquias, um trabalho comum, que não existia antes,
concretizando a unidade da Igreja.
Como caracteriza a imagem do catequista numa Igreja renovada?
A imagem do catequista, passa na opinião geral, pelo testemunho de alguém que apoia a sua
vida em Cristo, que é mensageiro do Amor de Deus para com todos. Deve ser a imagem de Cristo
perante a comunidade cristã, através do seu testemunho pessoal e vivo de Jesus como cristão
autêntico, refletindo a sua amizade com Jesus, cultivada pela escuta orante da Palavra viva, pela
oração e pela participação frutuosa na Eucaristia. Deve ser discípulo, missionário, testemunha e
fermento, tendo um espírito acolhedor; transmitindo a mensagem de Cristo através da Palavra,
alimentando as crianças e os jovens no Espírito de Deus; dando o seu exemplo através da sua
participação ativa na sua comunidade cristã; insistindo no diálogo com os pais dos
catequizandos, levando-os a refletir sobre a sua responsabilidade na educação cristã dos seus
filhos.
Também deve ter uma mente aberta e crítica; saber dar e receber e saber trabalhar em grupo.
Como devemos renovar a formação de catequistas?
A formação dos catequistas deveria ter uma vertente social e pedagógica para ajudar a
transmitir a mensagem nos tempos que correm e tentar que as formações sejam o mais
próximas possível da realidade de cada paróquia/vigararia. Os cursos de iniciação e os cursos
gerais I e II são de manter, e insistir na presença dos catequistas, principalmente dos que estão
a começar. Para facilitar, as formações deveriam ser mais a nível de vigararia, ou on-line.
A formação espiritual não deveria ser descurada, possibilitando retiros mais centrados nas
vigararias, e com preços mais acessíveis a todos, tudo o que ajude a perceber o sentido de ser
catequista.
Também seria importante que algumas das formações fossem abertas aos pais de modo a
envolvê-los mais na educação cristã dos seus filhos.
Que etapas e conteúdos considera importantes nesta formação? Dê sugestões para organizar
melhor a formação de catequistas na sua diocese.
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A formação do Catequista deve transcender todo o tipo de formação a que nos fomos
habituando, quer na área da Ciência, nos nossos percursos académicos, quer nas diferentes
áreas profissionais, nos nossos itinerários e carreiras profissionais, pois o Catequista como tal,
não deve sentir-se nem ser tratado como um académico ou um profissional, mas tão só um
Evangelizador, portador e transmissor da BOA NOVA.
Sabemos que, na época em que vivemos, muitas catequistas desmoralizam perante as
dificuldades que surgem no seio do seu grupo ou comunidade. Muitas vezes, a solução é a
desistência da sua missão. Perante esta problemática das nossas paróquias e as análises feitas
aos trabalhos realizados sobre a Exortação Apostólica do Papa Francisco, vemos a formação do
Catequista como “alimento” para a sua Missão Evangelizadora.
PRONUNCIAMENTO GERAL
Como reflexão global do documento, consideramo-lo importante para a nossa formação, para
nos consciencializar e valorizar o papel da catequese e dos seus mensageiros que somos nós,
como catequistas e cristãos. Ao refletirmos em comunhão, todos crescemos, brotam ideias,
novos desafios e dinâmicas que abrem novas janelas na adesão ao caminho da vida. O mais
importante é sentirmo-nos “Família de Cristo”, descobrirmos a paixão por Jesus, conscientes de
que só trabalhando em conjunto, leigos e consagrados, abriremos portas a todos, para acolher
a verdadeira renovação que se quer na Igreja.
Que luz traz este documento para as dificuldades que sentimos na catequese? Em que medida
é que estas acentuações podem contribuir à renovação da catequese necessária neste
momento? Quais lhes parecem as mais importantes? Que outras acentuações ou alternativas
sugere?
O presente documento desperta-nos para a realidade “SER CATEQUISTA HOJE”. Através do seu
conteúdo, somos levados a refletir sobre a problemática da Catequese na nossa Comunidade,
ajudando-nos a traçar caminhos de renovação na nossa Missão Evangelizadora.
No nosso entendimento, a grande renovação passa por nos centrarmos em três vetores
essenciais:
1. Prioridade à Educação Cristã dos Adultos;
2. Catequese na Família e pela Família: criar uma simbiose catequética entre pais e filhos;
3. Movimentos Eclesiais: sua integração comunitária com partilha de experiências.
O próprio título mostra a perspetiva que desejamos seguir, inspirada na “Evangelii Gaudium”.
Esta perspetiva aparece clara no conjunto da redação?
Sim, achamos que esta perspetiva aparece ao longo de todo este documento, pois reflete as
dificuldades encontradas no anúncio da Palavra, ou seja, ser catequista hoje. Dá-nos uma visão
global daquilo que se faz e que acontece na catequese em Portugal. Depois de ler todo o
documento, o catequista tem uma nova perspetiva da catequese e do facto de ser catequista.
O título, por si só, “CATEQUESE: A ALEGRIA DO ENCONTRO COM JESUS CRISTO”, desafia-nos
para a nossa MISSÃO: SOMOS EVANGELIZADORES, SOMOS MISSIONÁRIOS: LEVEMOS CRISTO
RESSUSCITADO AOS OUTROS!