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Patologia na Construção Civil Julho/2017 1 ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017 Patologia na Construção Civil Ricardo Souza Almeida – [email protected] Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade na Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Anápolis, GO, 17/09/2016 Resumo Patologia na construção civil pode ser entendida como o comprometimento do desempenho da estrutura no que diz respeito à estabilidade, estética, condições de serviço e, principalmente, durabilidade relativa às condições a que está submetida (SOUZA E RIPPER, 1998), Segundo HELENE (1997), os fenômenos patológicos geralmente apresentam manifestação externa característica, a partir da qual se pode deduzir a natureza, a origem e os mecanismos envolvidos. Certas manifestações têm maior incidência, devido à necessidade de cuidados que freqüentemente são ignorados. A patologia das estruturas já pode ser considerada um novo ramo do conhecimento da engenharia estrutural e encontra-se em acelerado desenvolvimento, seja no que se refere a novas pesquisas, seja em relação a novos produtos que são frequentemente lançados no mercado, seja pela capacitação de profissionais. Apesar do avanço tecnológico no campo das técnicas e dos materiais de construção, tem-se observado um expressivo número de edificações relativamente jovens apresentando patologias de toda sorte. Neste contexto, o surgimento de manifestações patológicas nas edificações, causa grande desconforto aos usuários. Neste trabalho serão analisadas as principais manifestações patológicas que puderam ser evidenciadas. Com foco em infiltrações e trincas, a manifestação patológica advinda de uma eventual falha, a técnica utilizada no reparo do problema e a possível recorrência das patologias objeto da intervenção. O objetivo é propor métodos construtivos e intervenções mais efetivas para que as mesmas sejam reduzidas ou cessem. Palavras-chave: Patologia, Trinca, Fissura e Infiltração. 1. Introdução Com o avanço tecnológico, pode-se perceber que os métodos construtivos sofreram alterações. Antigamente, o ramo da construção civil era bastante conservador e se preferia utilizar uma grande quantidade de operários do que investir em um maquinário, pois o custo era menor, mesmo com baixa produtividade. Porém com o passar do tempo mudaram-se os conceitos e nos dias de hoje, o mercado está cada vez mais competitivo e seleciona as construtoras que conseguem entregar as obras em um intervalo de tempo menor e com um custo inferior. Contudo tais fatores podem influenciar na qualidade da construção, que, às vezes, evidenciadas pela baixa qualidade da mão de obra, colaboram com o surgimento de manifestações patológicas na edificação. Para RIPPER et al. (1998), a patologia na construção civil pode ser entendida como o baixo, ou fim, do desempenho da estrutura em si, no que diz respeito à estabilidade, estética, servicibilidade e, principalmente, durabilidade da mesma com relação às condições a que está submetida. Segundo HELENE (2002), os fenômenos patológicos geralmente apresentam

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Patologia na Construção Civil Julho/2017

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ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017

Patologia na Construção Civil

Ricardo Souza Almeida – [email protected] Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade na Construção

Instituto de Pós-Graduação - IPOG Anápolis, GO, 17/09/2016

Resumo Patologia na construção civil pode ser entendida como o comprometimento do desempenho da estrutura no que diz respeito à estabilidade, estética, condições de serviço e, principalmente, durabilidade relativa às condições a que está submetida (SOUZA E RIPPER, 1998), Segundo HELENE (1997), os fenômenos patológicos geralmente apresentam manifestação externa característica, a partir da qual se pode deduzir a natureza, a origem e os mecanismos envolvidos. Certas manifestações têm maior incidência, devido à necessidade de cuidados que freqüentemente são ignorados. A patologia das estruturas já pode ser considerada um novo ramo do conhecimento da engenharia estrutural e encontra-se em acelerado desenvolvimento, seja no que se refere a novas pesquisas, seja em relação a novos produtos que são frequentemente lançados no mercado, seja pela capacitação de profissionais. Apesar do avanço tecnológico no campo das técnicas e dos materiais de construção, tem-se observado um expressivo número de edificações relativamente jovens apresentando patologias de toda sorte. Neste contexto, o surgimento de manifestações patológicas nas edificações, causa grande desconforto aos usuários. Neste trabalho serão analisadas as principais manifestações patológicas que puderam ser evidenciadas. Com foco em infiltrações e trincas, a manifestação patológica advinda de uma eventual falha, a técnica utilizada no reparo do problema e a possível recorrência das patologias objeto da intervenção. O objetivo é propor métodos construtivos e intervenções mais efetivas para que as mesmas sejam reduzidas ou cessem. Palavras-chave: Patologia, Trinca, Fissura e Infiltração. 1. Introdução

Com o avanço tecnológico, pode-se perceber que os métodos construtivos sofreram alterações. Antigamente, o ramo da construção civil era bastante conservador e se preferia utilizar uma grande quantidade de operários do que investir em um maquinário, pois o custo era menor, mesmo com baixa produtividade. Porém com o passar do tempo mudaram-se os conceitos e nos dias de hoje, o mercado está cada vez mais competitivo e seleciona as construtoras que conseguem entregar as obras em um intervalo de tempo menor e com um custo inferior. Contudo tais fatores podem influenciar na qualidade da construção, que, às vezes, evidenciadas pela baixa qualidade da mão de obra, colaboram com o surgimento de manifestações patológicas na edificação. Para RIPPER et al. (1998), a patologia na construção civil pode ser entendida como o baixo, ou fim, do desempenho da estrutura em si, no que diz respeito à estabilidade, estética, servicibilidade e, principalmente, durabilidade da mesma com relação às condições a que está submetida. Segundo HELENE (2002), os fenômenos patológicos geralmente apresentam

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manifestação externa característica, a partir da qual se pode deduzir a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos. Certas manifestações têm maior incidência, devido à necessidade de cuidados que freqüentemente são ignorados, seja no projeto, na execução ou até mesmo na utilização. Pode-se dizer que os problemas patológicos de maior gravidade nas estruturas em concreto armado, notadamente pelo seu evidente risco à integridade da estrutura, são a corrosão da armadura do concreto, as flechas excessivas das peças estruturais e as fissuras patológicas nestas. HELENE (2002) define a corrosão das armaduras de concreto como um fenômeno de natureza eletroquímica que pode ser acelerado pela presença de agentes químicos externos ou internos ao concreto. No concreto armado, o aço encontra-se no interior de um meio altamente alcalino no qual estaria protegido do processo de corrosão devido à presença de uma película protetora de caráter passivo, explica CASCUDO (1997). A alcalinidade no interior do concreto provém da fase líquida existente nos seus poros que contém hidroxilas oriundas da ionização dos hidróxidos de cálcio, sódio e potássio. Mesmo em idades avançadas o concreto continua propiciando um meio básico que protege a armadura do fenômeno da corrosão. As patologias podem ter sua origem por falha humana na fase de projeto, na fase de execução ou na fase de utilização. A norma ABNT NBR 15575 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013): Edificações Habitacionais – Norma de Desempenho veio para estabelecer critérios de bom desempenho das edificações. Caso tal norma seja seguida, o número de manifestações patológicas e de reclamações no pós-obra, poderá reduzir significantemente. Para isso, é de suma importância que, as construtoras e os usuários, atendam os critérios que tal norma estabelece, uma vez que ela atribui responsabilidade às construtoras quanto à qualidade dos materiais utilizados e serviços realizados, mas também destina aos proprietários das edificações o dever de executar a manutenção devida. Neste artigo será feito um levantamento das patologias encontrada em alguns prédios públicos de Brasilia-DF, destacando a incidência de cada tipo de manifestação patológica. O artigo focará o estudo em infiltrações e trincas, pois acredita-seserem estas as patologias que mais incomodam os usuários. 2 Fissura horizontal nas paredes da sala de comunicação social - CLDF

No dia 19 de maio de 2016 identificou-se que as paredes da sala de comunicação social apresentaram fissura longitudinal na parte inferior da alvenaria. Segundo a NBR 8802 (ABNT 1994b), fissura é a ruptura ocorrida no material sob ações mecânicas ou físico-químicas com até 0,5 mm de abertura, enquanto as trincas são rupturas com abertura superior a 0,5 mm e inferior a 1mm e rachaduras apresentam aberturas mais pronunciadas, da ordem de cinco milímetros.

As fissuras são as maiores manifestações patológicas em Edifícios O surgimento delas podem indicar um estado perigoso para a estrutura, comprometer o desempenho da obra (a estanqueidade à água, a durabilidade, a isolação acústica, etc.) e provocar o constrangimento psicológico dos usuários.

Segue abaixo as possíveis causas das fissuras e trincas apresentadas em uma edificação.

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Trabalho da Viga, considerando as vibrações da estrutura por causa do estacionamento;

Por movimentações higrotérmicas (Movimentação causada pelas ações da umidade e da temperatura (tração e retração)), Está relacionada com as propriedades físicas dos materiais e com a variação de Umidade e temperatura. Estas movimentações provocam o aparecimento de tensões de tração que o material não suporta, originando as fissuras.

As trincas surgem por movimentações diferenciadas entre os componentes de um elemento estrutural (argamassa de assentamento e os blocos de alvenaria com coeficientes de dilatação térmica diferentes); na exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas (cobertura em relação às paredes de uma edificação) e devido a gradiente de temperatura ao longo de um mesmo elemento (gradiente entre a face exposta e a face protegida de uma laje de cobertura);

Fissuras Causadas por Atuação de Sobrecargas, Fatores intervenientes na fissuração e na resistência final de uma parede a esforços axiais de compressão, previstas ou não no projeto, pode produzir o fissuramento dos componentes estruturais (pilares, vigas, lajes, paredes portantes de alvenaria e cortinas de contenção). Sua origem é, em geral, decorrente do mau uso da edificação (p.e. estocagem de material indevido). Análise do comportamento de cada matérial isoladamente. Sendo que, em alguns a sobrecarga origina flexão e em outras compressões ou trações excessivas;

Deformações Excessivas de elementos estruturais; Recalques de Fundações; Retração de Produtos a Base de Cimento; Alterações químicas dos Materiais

2.1 Procedimentos corretivos

Em nosso caso as fissuras são provocadas por movimentações iniciais acentuadas (Estacionamento), cuja variação na abertura passa a ser vinculada a movimentações higrotérmicas da própria parede ou por dilatação da parede por causa da variação de temperatura, é sugerida a utilização de uma bandagem que propicie a dessolidarização entre o revestimento e a parede na região da fissura (Figura 1).

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Conforme seqüência apresentada na Figura 1, as etapas de recuperação da fissura com bandagem seria:

Remoção do revestimento da parede, numa faixa com largura de aproximadamente 10 a 15 cm;

Aplicação da bandagem com distribuição regular para ambos os lados da fissura; a largura deve ficar compreendida entre 2 a 10 cm;

Aplicação de chapisco externamente à bandagem e recomposição do revestimento com argamassa de baixo módulo de deformação (traço 1:2:9 - cimento, cal e areia);

Acabamento com emassamento de massa látex pva, e execução de pintura com tinta da cor conforme a parede.

Essa aplicação de revestimento argamassado com esse tipo de traço (1:2:9), utilizando cimento, cal e areia, vale lembrar que como está sendo usado a cal, é preciso deixar o revestimento secar, e depois dele totalmente seco, fazer o acabamento, pois é necessário um tempo para que o revestimento ganhe resistência pois se aplicar o acabamento em forma de tinta, ela formará uma película "impermeável" que dificulta a evaporação da água e a penetração do gás carbônico, resultando assim em um revestimento fraco e de pouca durabilidade. Esta observação deve ser seguida para outros tipos de revestimentos decorativos.

3 Vazamento no reservatório superior da Etapa I - MPDFT

No dia 27 de Abril de 2016 identificou-se que o reservatório superior da Etapa I está com vazamento, verificou-se que a manta impermeabilizante esta sendo a causa do problema, tendo em vista que a água passa pela a manta e infiltra pela a laje, podemos conferir na figura 2 abaixo.

Figura 1- Recuperação de fissura por movimentação higrotérmica em alvenaria com emprego de bandagem de dessolidarização parede/revestimento

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Figura 2 – Vazamento do reservatório superior da Etapa I.

3.1 Procedimentos corretivos

Será necessário esvaziar o reservatório superior, verificar o ponto do vazamento e corrigir com manta asfáltica impermeabilizante para conter o vazamento.

Assim que verificar o ponto do vazamento retirar a manta asfáltica impermeabilizante, passar uma camada de selante (Prime) e repor a manta asfáltica impermeabilizante corrigindo o vazamento.

4 Vazamento na tubulação do reservatório inferior da Etapa I 3ss - MPDFT

No dia 04 de Maio de 2016 identificou-se que a tubulação do reservatório inferior da Etapa I localizado no 3ss apresentou um vazamento conforme figura 3, a tubulação em aço galvanizado está desgastada por causa do tempo e corrosão, necessita ser trocada para evitar futuros danos maior.

Tubulação de aço galvanizado apresentando vazamento na parte inferior.

Figura 3 - Vazamento da tubulação do reservatório inferior da Etapa I

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4.1 Procedimentos corretivos

Será necessário esvaziar o reservatório inferior, demolir uma parte da parede de concreto próximo a tubulação conforme mostra na figura 4, retirar a tubulação que apresenta o problema e substituir por uma tubulação em perfeito estado, após substituir a tubulação inicia- se a recomposição da parede de concreto próximo a tubulação, o tempo para a cura do concreto é de 21 dias, após a parede de concreto em perfeito estado e com o concreto curado, uma equipe especializada em impermeabilização irá refazer o serviço com a manta asfáltica.

5 Movimentação das pedras de granito na sala 742 Etapa II - MPDFT

No dia 11 de maio de 2016, foi verificada na sala 742 da Etapa II que houve um deslocamento de duas peças de granito próximo à janela conforme figura 5, como podemos observar na imagem abaixo. O prédio trabalhou (movimentou) e não havendo uma junta de dilatação ocasionou o deslocamento de duas peças de granito, o prédio trabalha por causa das vibrações terrenas que existem no solo, isto é um procedimento normal em todas as fundações das edificações.

Local da parede de Concreto próximo a tubulação a ser demolida.

Figura 4 - Parede de Concreto próximo a tubulação a ser demolida

Deslocamento das duas pedras de granito.

Figura 5 Duas Peças de granito levantada

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5.1 Procedimentos corretivos

Será necessário retirar as peças de granito, provavelmente não saíram inteiras, limpar a área e assentar as novas peças com um espaçamento de no mínimo 5mm uma peça da outra, colocar o produto PU 40 Preto, é um selante monocomponente, à base de poliuretano, que cura com a umidade do ar em temperatura ambiente formando um elastômero com excelentes propriedades físicas e químicas, que serve como junta de dilatação para quando o prédio trabalhar não ocorra o mesmo problema. 6 Trincas e fissuras no piso do 4º andar - MDS.

Segundo informações dos servidores da edificação, a laje apresenta TRINCAS E FISSURAS no piso. Ainda segundo os servidores levantou-se uma preocupação com relação e precipitação de parte da laje em função do desnível apresentado no local das trincas e das fissuras. Constatar e diagnosticar as evidências patológicas bem como procedimentos corretivos ou paliativos para fins supressão da(s) evidência(s) registrada(s). 6.1 Vistoria técnica

Já no local da vistoria, foram evidenciadas as trincas e as fissuras apresentadas no piso do 2º andar, um trecho de 2 m de comprimento, conforme figura 6, apresentando um desnível de 2 cm, como mostra a figura 7. Após retirar 2 placas de cerâmica, conforme figura 8, constatamos que no local onde a manta asfáltica termina é o mesmo local das trincas e fissuras, como mostra a figura 9, o contra piso e a proteção mecânica da manta asfáltica esta com a espessura muito fina e o traço está muito fraco, conforme figura 10, o nível da cerâmica subiu ocasionado pelas infiltrações pelo piso, não tendo para onde ir a agua, por causa da manta asfáltica, acabou expandido o contra piso e levantando o nível da cerâmica.

Figura 6 - Trincas e fissuras aproximadamente 2mt de comprimento.

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Figura 8 - Desnível de 2 cm de Altura Figura 7 - As placas de ceramica retirada.

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6.2 Análise: 6.3 Trincas e fissuras na laje.

Em fazes que precedem a elaboração do projeto estrutural, os furos e aberturas existentes em lajes devem ser verificados quanto a sua influência na resistência e deformação do elemento estrutural. Neste caso, não se tratando de um problema estrutural, mas apenas de problemas em relação aos materiais, será necessária a retirada de todas as placas de cerâmicas juntamente com o contra piso das áreas afetadas e refazer um novo contra piso com o traço mais reforçado e a espessura da proteção mecânica maior.

A justificativa para este procedimento é a existência de um traço do contra piso mal elaborado, proteção mecânica para a manta impermeabilizante com a espessura muito fina.

A norma vigente NBR 9575/2003 – Impermeabilização – Seleção e projeto, item 3.25

Figura 10 – Contra piso e proteção mecanica com espessura fina

Figura 9 – Final da manta asfaltica

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prescreve a seguinte recomendação: "Camada de proteção mecânica: Estrato com a função de absorver e dissipar os

esforços estáticos ou dinâmicos atuantes por sobre a camada impermeável, de modo a protegê-la contra a ação deletéria destes esforços."

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6.4 Procedimento Corretivo Será necessária a retirada das placas de cerâmica afetadas a escarificarão (perfuração)

da nata de cimento presente da laje superior com acúmulo de agregados expostos (broca de concretagem) para que durante a execução do reforço não seja precipitado nenhum destes. Recomenda-se ainda:

A umidificação de todas as superfícies a serem retiradas evitando propagação de detritos e poeiras.

Poderão ser utilizados o martelo rompedor de 11kg ou aproximado em peso; Ponteiras adaptadas com resistência mecânica e abrasiva de tal modo que

resistam a impactos sobre com a superfície do concreto; Nos locais com profundidade superficial inferiores ou iguais a 3cm deve ser

efetuado os seguintes procedimentos:

Fazer a retirada de todas as placas de cerâmicas afetadas; Retirar todo o contra piso que apresente porosidade; Retirar toda a proteção mecânica da manta asfáltica tendo o cuidado de não

perfurar, e se perfurar colocar uma nova manta fazendo o procedimento corretivo.

Para fazer o fechamento do contra piso e recompor as placas cerâmicas deve ser efetuada os seguintes procedimentos:

Executar a base com argamassa traço 1:3 (cimento e areia média) para contra piso, preparo mecânico com misturador de eixo horizontal de 300 kg;

Limpeza de superfícies com jato de alta pressão de ar e agua; Proteção mecânica de superfície com argamassa de cimento e areia, traço 1:4,

e=0,5 cm; Regularização de piso/base em argamassa traço 1:3 (cimento e areia grossa

sem peneirar), espessura 5,0cm, preparo mecânico; Assentar as placas cerâmicas com argamassa colante tipo AC1, industrializada

com características de resistência às solicitações mecânicas e termoigrométricas típicas para revestimentos internos. Segundo a NBR 14081: “Produtos industrial, no estado seco, composto de cimento Portland, agregados minerais e aditivos químicos, que, quando misturado com agua, forma uma massa viscosa, plásticas cerâmicas para revestimentos”.

7 Integridade física da laje do banheiro feminino situado no 6º andar do bloco C - MDS

Segundo informações dos servidores da edificação, a laje apresenta um orifício com um trecho de tubulação em aço galvanizado (Marca: Barbará) parcialmente aparente e em utilização. Ainda segundo os servidores levantou-se uma preocupação com relação e precipitação de parte da laje em função da ausência de concreto local.

7.1 Vistoria técnica

Já no local da vistoria, foi evidenciada a abertura na região central com exposição

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de armaduras, um trecho de tubulação em aço galvanizado e restos de entulhos ambos concretados juntos durante a concretagem da laje realizado a mais de 50 anos, conforme figura 11. Nas regiões mais próximas as periferias foram registradas a presença de tijolos de 8 furos em dois locais mais afastados, como mostra a figura 12, porém no mesmo alinhamento de fissuração causado pela abertura. Ainda sobre a esta, foram registrados outros materiais associados em seu diâmetro e entorno como restos de madeira e cimento em pó.

Tijolos de 8 furos

Figura 11-Ilustração da abertura e demais materiais

Figura 12 - Tijolos de 8 furos expostos

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7.2 Procedimento Corretivo

Será necessário retirar todo resíduo que foi concretado indevidamente como, resto de madeira, ferragens expostas a corrosão, cimento em pó e etc.. Após a retirada de todos os resíduos, iniciará o processo de tratamento na laje e se necessário um reforço estrutural por causa das ferragens oxidadas, recomenda –se ainda:

Uma nova instalação hidráulica com tubos PVC; Instalação de uma nova malha de ferro, fazer o tratamento com ante corrosivo; Reconcretagem da laje.

8 Degradação sob a laje do reservatório superior do bloco I - ANEEL

No dia 05/05/2016, verificou que a estrutura da laje do reservatório superior no bloco

I, constatamos que está com um alto nível de degradação. Muitas situações o concreto se degrada naturalmente ao longo do tempo ou devido a ações externas e falhas de execução. Como elemento estrutural é de suma importância para a segurança o concreto deve ser devidamente recuperado.

Constatar e diagnosticar as evidências patológicas bem como procedimentos corretivos ou paliativos para fins supressão da evidência registrada.

8.1 Vistoria técnica

No local da vistoria, foram evidenciadas degradação, corrosão e resto de madeira apresentadas na laje do reservatório superior do bloco I, em todo o trecho da laje apresenta as deformações. A estrutura de concreto armado do reservatório superior do bloco I possui uma idade de utilização de mais de 30 anos. A exposição da estrutura de concreto, ao longo de sua vida útil, a agressividade química por efeito da carbonização e ação de cloretos, contribui para o processo de corrosão da armadura e segregação dos componentes do concreto, caracterizando falha de desempenho e requerendo uma intervenção técnica de imediato, de forma a reabilitar a estrutura.

Na vistoria efetuada foram verificadas as seguintes anomalias da estrutura de concreto armado:

Nichos de segregação e exposição das armaduras inferiores da estrutura, com cobrimento insuficiente em processo de corrosão da ferragem:

Resto de madeira que não foram retiradas totalmente: Tais registros foram documentados a seguir:

Resto de madeira.

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É classificado, quanto ao grau de risco, como CRÍTICO, considerando a

disseminação de anomalias, o que compromete a vida útil da estrutura. É necessário a recuperação imediata da estrutura de concreto, tendo em vista o agravamento do potencial de risco aos usuários, sendo constatado uma perda acentuada do desempenho do sistema.

8.2 Procedimento corretivo.

Limpar a área criando uma superfície aderente. Com um martelo localizar as áreas não

aderidas ou deterioradas. Demarcar a área a ser reparada mediante corte mínimo de 5 mm de profundidade com disco diamantado. Apicoar e eliminar todas as áreas deterioradas ou não aderidas, formando arestas retas.

Retirar toda a madeira que resta na laje. Retirar todo o concreto em volta das armaduras corroídas, deixando, no mínimo 2 cm

livres em seu contorno. Inspecionar a ferragem quanto a redução de área resistente por oxidação. Se a seção da armadura estiver muito deteriorada e com perdas, será necessário substituí-la.

Se a armadura estiver com uma agressão apenas superficial, limpe a armadura eliminando a ferrugem com uma escova de aço ou jato de areia. Aplicar sobre toda área da

Figura 13 – Resto de madeira na laje do reservatório.

Figura 14 - Nichos e corrosão de armadura

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armadura, com pincel, uma camada de um produto inibidor de corrosão, evitando manchar o concreto. Deixar secar totalmente por, no mínimo, 1 hora.

A superfície deve estar resistente, rugosa, limpa e isenta de partículas soltas, pintura ou óleos que impeçam a aderência do produto.

Molhar a área a ser recuperada, regulando a absorção de água da base para evitar perda de água da argamassa de recuperação.

Iniciar a recuperação da área chapando Reparo Estrutural e, depois, moldando-a com colher ou mesmo com as próprias mãos protegidas com luvas.

Aplicar em camadas de 0,5 cm a 5 cm no máximo, preenchendo a área a ser recuperada. Compactar as camadas. Para espessuras maiores que 5 cm, fazer em duas camadas, com espaço de tempo entre as camadas de, aproximadamente, 6 horas.

Após o tempo de puxamento, fazer o acabamento do Reparo Estrutural com uma desempenadeira de plástico ou de madeira.

Tempo para realizar o acabamento: de 1 a 3 horas. Tempo de cura para o revestimento cimentício: 7 dias no mínimo. Para recuperações em áreas com altas taxas de armadura, estruturas complexas

e locais de difícil acesso, recomenda-se o uso do super graute quartzolit ou do graute plus - concreto fluido com características de autonivelamento, dispensando, praticamente, a vibração.

9 Conclusão

Em termos de patologias, existe o agravante de que os problemas freqüentemente se inter-relacionam: Por exemplo, através de fissuras ocorre a penetração de água, que provoca lixiviação, e florescência e/ou bolor, que redunda em movimentações higrocópicas dos materiais que por sua vez irão incorrer na formação de novas fissuras.

O diagnóstico correto dos problemas patológicos é elemento fundamental para o estabelecimento das correspondentes medidas preventivas e para a decisão sobre os prováveis processos de correção, que a princípio só serão eficientes na medida em que se conseguir combater efetivamente a causa do problema. Uma simples fissura pode ser a indicação de problemas estruturais graves.

As manifestações patológicas devem ser entendidas com os avisos, ou mesmo Gritos, de uma edificação para a existência de um problema que pode ser grave, e muitas vezes agravado pela negligência em se intervir à tempo nas causas corretas, Intervenções tardias geram custos altos e podem levar a acidentes sérios com perda de nosso maior patrimônio, a vida humana.

Referências

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações Habitacionais, 2013. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8802: Concreto Endurecido - Determinação da Velocidade de Propagação de Onda Ultra-Sônica. Rio de Janeiro, 1994.

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ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575: Impermeabilização, Seleção e projeto, 2010. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR13752: Perícias de Engenharia na Construção Civil. RIPPER, T; MOREIRA DE SOUZA, V. C. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo, Pini, 1998. HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. São Paulo, Pini, 1992. DE SOUZA, V.C.M.; RIPPER, T. Patologia Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. Ed. Pini. São Paulo, 1998. THOMAZ E. Trincas em Edifícios, causas, prevenção e recuperação. Ed. IPT/EPUSP/PINI. São Paulo, 1989.