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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR
CAMPUS PATO BRANCO
DIRETORIA DE RELAÇÕES COMUNITÁRIAS E EMPRESARIAIS – DIREC
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DAHUM
PATO BRANCO – CIDADE AMIGA DO IDOSO: PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO DE SEUS CIDADÃOS
(RELATÓRIO FINAL)
PATO BRANCO-PR, JULHO, 2019
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PATO BRANCO – CIDADE AMIGA DO IDOSO: PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO DE SEUS
CIDADÃOS
(RELATÓRIO FINAL)
Relatório Final da Pesquisa diagnóstica realizada pela Equipe Central de Pesquisa da UTFPR Campus Pato Branco, como etapa de acompanhamento do processo de certificação internacional do Município na Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas dos Idosos/OMS.
Dra. Maria de Lourdes Bernartt Dr. Aruanã Antonio dos Passos
M.ª Suelyn Maria Longhi de Oliveira
PATO BRANCO, JULHO, 2019
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Bernartt, Maria de Lourdes et. al.
Pato Branco - Cidade Amiga do Idoso: primeiro diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus cidadãos / Maria de Lourdes Bernartt, Aruanã Antonio dos Passos, Suelyn Maria Longhi de Oliveira. -- , 2019.
000 f. : il
ISBN: em elaboração. Livro () -- Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Pato Branco, 2019.
1. Envelhecimento. 2. População Idosa (Pato Branco/PR). 3. Políticas Públicas. 4. Cidades e comunidades amigáveis à pessoa idosa. 5. Pesquisa diagnóstica. I. Passos, Aruanã Antonio dos. II. Oliveira, Suelyn Maria Longhi de. I. , . II. Título.
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas (SIBI/UTFPR), com os dados
fornecidos pelo(a) autor(a).
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ UTFPR
REITOR Luiz Alberto Pilatti VICE-REITORIA Vanessa Ishikawa Rasoto PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL – PROGRAD Luis Maurício Martins de Resende Gilberto Souto PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPPG Christian Luiz da Silva Nestor Cortez Saavedra Filho PRÓ-REITORIA DE RELAÇÕES EMPRESARIAIS E COMUNITÁRIAS – PROREC Douglas Paulo Bertrand Renaux Carlos Raimundo Erig Lima PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO – PROPLAD Sandroney Fochesatto Leila Milani CAMPUS PATO BRANCO – DIRETORIA GERAL Idemir Citadin DIRETORIA DE RELAÇÕES EMPRESARIAIS E COMUNITÁRIAS - DIREC Neimar Follmann DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – DIRPPG Sandro César Bortoluzzi DIRETORIA DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - DIRGRAD Nilvânia Aparecida de Mello DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO – DIRPLAD Renato Luis Carpenedo DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO Márcia Rozane Balbinotti de Lourenço DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO Nádia Sanzovo DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS HUMANAS Sérgio Paes de Barros NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS Giovana Faneco Pereira
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PREFEITURA MUNICIPAL DE PATO BRANCO
GESTÃO 2018-2021
AUGUSTINHO ZUCCHI Prefeito de Pato Branco
ROBSON CANTU
Vice Prefeito de Pato Branco
OSMAR BRAUN SOBRINHO
Secretário de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico
FREDERICO DEMARIO PIMPÃO
Secretário de Engenharia, Obras e Serviços Públicos
EMERSON MICHELLIN
Secretário de Planejamento Urbano
MARCIA FERNANDES DE CARVALHO
Secretária de Saúde
MARIZA FERNANDA MEDEIROS DA CUNHA
Diretora de Comunicação Social
CLODOMIR LUIZ ASCARI Secretário de Agricultura
HELOÍ APARECIDA DE CARLI Secretária de Educação e Cultura
PAULO VICENTE STEFANI Secretário de Esporte e Lazer
MAURO JOSÉ SBARAIN
Secretário de Administração e Finanças
GERI NATALINO DUTRA
Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação
ANNE CRISTINE GOMES DA SILVA
Secretária de Assistência Social
NELSON BERTANI Secretário de Meio Ambiente
BÁRBARA DAYANA BRASIL
Procuradoria Jurídica
6
CARLOS LOPES
Secretaria Executiva
ELIANE SOMACAL MARCONDES GAUZE
Departamento de Cultura de Pato Branco
ROBERTINHO DA LUZ DOLENGA
Departamento Municipal de Trânsito de Pato Branco
MARIZA FERNANDA MEDEIROS VIEIRA DA CUNHA
Departamento Municipal de Comunicação Social
CONCEIÇÃO DE MARIA BARROSO RITZMANN
Conselho Municipal dos Direitos do Idoso De Pato Branco – CMDI
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES
Vilmar Maccari VEREADORES
Januario Koslinski
Vilmar Maccari
Ronalce Moacir Dalchiavan
Rodrigo José Correia
Moacir Gregolin
Marines Boff Gerhardt
Marco Antonio Augusto Pozza
José Gilson Feitosa da Silva
Fabricio Preis de Mello
Claudemir Zanco
Carlinho Antonio Polazzo
Joecir Bernardi
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LISTA DE SIGLAS
AMSOP – Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná API – Associação Pato-branquense de Idosos
ATI – Academias da Terceira Idade CadÚnico – Cadastro único
CALEM – Centro Acadêmico de Línguas Estrangeiras Modernas
CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos CEU DAS ARTES: Centro Unificado de Artes e Esporte
CRAS Centro de Referência de Assistência Social CREA-PR – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social DAHUM – Departamento Acadêmico de Ciências Humanas DALET – Departamento de Letras
DAMAT Departamento de Matemática DEPED – Departamento de Educação DEPEX – Departamento de Extensão DIRGE – Diretoria-Geral DIRGRAD – Diretoria de Graduação e Educação Profissional DIRPPG – Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação EJA – Educação de Jovens e Adultos FADEP – Faculdade de Pato Branco
IAGG – Congresso da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social NASF – Núcleo de Atenção à Saúde da Família NUAPE – Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil NUENS – Núcleo de Ensino OMS – Organização Mundial da Saúde
OPAS – Organização Pan Americana da Saúde
PMPI – Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município
PPGDR – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional PPGL– Programa de Pós-Graduação em Letras
PPGPS – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas PR – Paraná
RMA – Registro Mensal de Atendimentos SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
UNATI – Universidade da Terceira Idade
UNIMED – Confederação Nacional das Cooperativas Médicas
UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
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LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS
Figura 1: Rede Global para Cidades e Comunidades Amigas do Idoso (OMS) com a localização das quatro cidades do Sul do Brasil
49
Figura 2: Mapa de Localização Pato Branco – PR 52
Figura 3: Eixos Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco (2018-
2021) 60
Figura 4: Fórmula para Cálculo de Amostra 74
Gráfico 1: Localização das Regiões com Maior População Idosa no Município 79
Gráfico 2: Grau de Escolaridade 80
Gráfico 3: Idade dos Participantes 80
Gráfico 4: Fonte de Renda 81
Gráfico 5: Bairros e Comunidades Rurais com Maior Amostra Pesquisada 81
Gráfico 6: Proporção de Importâncias por Idade 82
Gráfico 7: Escolaridade x Escalas de Importância 82
Gráfico 8: Sexo e Escala de Importâncias 83
Gráfico 9: Síntese dos Eixos 83
Gráfico 10: Síntese de Respostas por Escalas 84
Gráfico 11: Número de Repostas por Importância por Eixo Pesquisado 84
Tabela 1: Eixos GG/MDS, eixos do Plano Municipal das Pessoa Idosa do Município de Pato Branco-PR e variáveis apontadas na pesquisa quantitativa
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Tabela 2: Eixos da VII Conferência Municipal Pessoa Idosa, Eixos do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco – PR e variáveis apontadas
na pesquisa qualitativa
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DEDICATÓRIA
Para as pessoas idosas que nos ouviram e compartilharam suas vidas, dedicamos esse trabalho.
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EPÍGRAFES
“Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida
A minha face?”
Cecília Meirelles, Retrato. In: Antologia poética, p. 18.
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AGRADECIMENTOS
A elaboração de uma atividade de pesquisa, densa como esta, envolve muitas
pessoas, muitas etapas, desde o planejamento inicial, até a sua execução e relatório
final. E, ademais, uma pesquisa, dizem experientes pesquisadores, “nunca está
conclusa”, havemos, pois, de colocar-lhe um “ponto final”. É, por seu turno, um
processo que congrega a síntese de um enorme esforço coletivo direta e/ou
indiretamente, de muitas pessoas e, consequentemente, de muitas instituições,
representadas por estas.
No Projeto de Pesquisa e Extensão “Pato Branco – Cidade Amiga do Idoso:
primeiro diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus cidadãos”, elaborado e
coordenada por Equipe Central de Pesquisa da UTFPR campus Pato Branco, no
período de fevereiro de 2018 a julho de 2019, muitas inúmeras pessoas da sociedade
civil, e instituições governamentais e não-governamentais, sensíveis à causa da
população idosa, juntaram-se a esta, e, por dever muito a TODAS, por diferentes
razões, expressamos os nossos sinceros agradecimentos:
Às pessoas idosas do Município de Pato Branco e a seus cuidadores,
participantes da pesquisa;
À Organização Pan Americana de Saúde (OPAS);
Á Organização Mundial da Saúde (OMS);
À Prefeitura Municipal de Pato Branco;
À Secretaria de Assistência Social;
À Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação;
Ao Conselho Municipal dos Direitos do Idoso de Pato Branco;
À Comissão Rotária de Pato Branco;
À Deputada Federal Leandre Dal Ponte;
Á Assessora Parlamentar Jovelina Chaves;
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Às Instituições participantes da pesquisa:
API São Cristóvão;
API São Luís;
API São Roque do Chopim;
API Planalto;
API Bonatto;
API Cristo Rei;
API Novo Horizonte;
Centro Dia;
CEU das Artes;
CRAS São João;
CRAS Sudoeste;
Conselho Municipal dos Direitos do Idoso;
Grupo Vida Plena – Comunidade Cristã;
Lar Dos Idosos São Vicente de Paula;
Pastoral da Pessoa Idosa;
UNIMED;
Universidade Da Terceira Idade – UNATI;
Unidade Básica de Saúde – Passo da Ilha;
Unidade Básica de Saúde – Independência;
Unidade Básica de Saúde – Fazenda da Barra;
À Reitoria e Vice-Reitoria da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR;
À Direção-Geral da UTFPR campus Pato Branco – DIRGE;
À Diretoria de Relações Comunitárias e Empresariais - DIREC
À Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação – DIRPPG;
À Diretoria de Graduação e Educação Profissional – DIRGRAD;
Ao Departamento de Extensão – DEPEX;
Ao Departamento Acadêmico de Ciências Humanas – DAHUM;
Ao Departamento de Letras – DALET;
Ao Departamento de Matemática – DAMAT;
Ao Departamento de Educação – DEPED;
Ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional –
PPGDR;
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Ao Programa de Pós-Graduação em Letras – PPGL;
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas –
PPGPS;
Ao Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil
– NUAPE;
Ao Núcleo de Ensino – NUENS;
Ao Centro Acadêmico de Línguas Estrangeiras Modernas - CALEM1;
Às secretarias e departamentos municipais:
Secretaria de Administração e Finanças;
Secretaria de Agricultura;
Secretaria de Assistência Social;
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação;
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico;
Secretaria de Educação e Cultura;
Secretaria de Engenharia, Obras e Serviços Públicos;
Secretaria de Esporte e Lazer;
Secretaria de Meio Ambiente;
Secretaria de Planejamento Urbano;
Secretaria de Saúde;
Departamento de Cultura;
Departamento de Trânsito;
Departamento de Comunicação Social;
À Pastoral da Pessoa Idosa;
Ao Comitê Gestor do Programa Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa
Idosa;
À Faculdade de Pato Branco – FADEP;
1 Às professoras do CALEM, do campus Pato Branco, Lourdes Terezinha Graebin Parise, Ana Paula Petriu
Ferreira Engelbert, Denize Terezinha Teis, pela revisão, adaptação e validação do instrumento quantitativo
Questionnaire-AARP-Survey-of-Community-Residents-2015-2016. Às colaboradoras, Caroline Polo Terres e
Juliane Polo Terres, pela primeira versão do questionário em português.
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Aos componentes das Equipes de Pesquisas, pertencentes às seguintes
instituições: UTFPR, Comissão Rotária, FADEP, Prefeitura Municipal, Pastoral da
Pessoa Idosa, Sebrae e Interact Club de Pato Branco.
Aos acadêmicos e professores da UTFPR campus Pato Branco dos Cursos
de Administração, Ciências Contábeis, Letras, Matemática, Química;
Aos professores e acadêmicos da FADEP, dos cursos de Educação Física,
Enfermagem, Fisioterapia, Pedagogia, Psicologia e Tecnologia em Estética e
Cosmética.
Aos colaboradore(a)s externo(a)s.
A todos e todas que participaram desse processo, nossos agradecimentos.
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SUMÁRIO
MENSAGENS DE ATORES E INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO-GOVERNAMENTAIS
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RESUMO 37 FICHA TÉCNICA DO PROJETO DE PESQUISA 40 APRESENTAÇÃO 42 INTRODUZINDO A TEMÁTICA – O MUNICÍPIO DE PATO BRANCO NA REDE GLOBAL DE CIDADES E COMUNIDADES AMIGAS DOS IDOSOS/OMS
47
PARTE I: O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR NA REDE GLOBAL DE CIDADES E COMUNIDADES AMIGAS DOS IDOSOS/OMS
54
1.1. TRAJETÓRIAS DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR (2017-2019)
55
ETAPA 1: MOVIMENTOS DE SENSIBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE PATOBRANQUENSE 55 ETAPA 2: LANÇAMENTO DO “PROJETO CIDADE AMIGA DO IDOSO”, NO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR E ADESÃO DA UTFPR
57
ETAPA 3: A CERTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR NA REDE GLOBAL DE CIDADES E COMUNIDADES AMIGAS DOS IDOSOS/OMS
58
ETAPA 4: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO: COMITÊ GESTOR 62 PARTE II: O PROCESSO DA PESQUISA “PATO BRANCO – CIDADE AMIGA DO IDOSO: PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO DE SEUS CIDADÃOS” (2018/2019)
63
2.1. TRAJETÓRIAS DA PESQUISA DIAGNÓSTICA 63
ETAPA 1: PROJETO DE PESQUISA E APROVAÇÃO NO CEP/UTFPR 64 ETAPA 2: PLANEJAMENTO PARA A COLETA DE DADOS QUANTI-QUALITATIVOS 65
ETAPA 3: PESQUISA A CAMPO: A COLETA DE DADOS QUANTI-QUALITATIVOS 66
ETAPA 4: RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA DIAGNÓSTICA 67
2.2. PERCURSOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA DIAGNÓSTICA PARA “ESCUTAS” JUNTO À POPULAÇÃO IDOSA (2018)
68
ETAPA 1: BASES CONCEITUAIS E TEÓRICO-METODOLÓGICAS 68
ETAPA 2: PROBLEMÁTICA, TIPOLOGIA DA PESQUISA, OBJETIVOS 69 ETAPA 3: SELEÇÃO DA AMOSTRAGEM: CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 70 ETAPA 4: INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 72 ETAPA 5: TESTAGEM DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 72 ETAPA 6: OFICINAS DE BOAS PRÁTICAS E ÉTICA NA PESQUISA 73 ETAPA 7: PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS QUANTITATIVOS 73 ETAPA 8: PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS QUALITATIVOS 76 2.3. RESULTADOS QUANTI-QUALITATIVOS 77 ETAPA 1. QUESTIONÁRIO: QUESTÕES SÓCIO DEMOGRÁFICAS E QUESTÕES POR EIXOS
77
ETAPA 2: RESULTADOS QUALITATIVOS – O PRESENTE E A MEMÓRIA: O DIREITO NA VOZ DO IDOSO
86
A voz do idoso 88 Símbolos do bem: o tempo do idoso 90 A educação e a linguagem dos netos 95 Percepção sobre a pesquisa 97 CONCLUSÕES E SUGESTÕES: DIRETRIZES PARA AÇÕES 100 REFERÊNCIAS 109
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MENSAGENS DE ATORES E INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO-GOVERNAMENTAIS
ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE (OPAS) ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
A Organização Pan-Americana da Saúde trabalha com os países das
Américas para melhorar a saúde e a qualidade de vida de suas populações.
Fundada em 1902, é uma organização internacional de saúde pública. Atua como
escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas e é a
agência especializada em saúde do sistema interamericano. A OPAS oferece
cooperação técnica em saúde a seus países-membros; trabalha para combater
doenças transmissíveis e crônicas não transmissíveis, e fortalece os sistemas de
saúde e impulsiona decisões baseadas em evidências para melhorar a saúde das
pessoas e promove saúde como a força motriz do desenvolvimento sustentável.
Para a OPAS/OMS, o processo de certificação do município de Pato Branco
foi um caminho trilhado de empoderamento e mobilização de diferentes atores, entre
eles sociedade civil, Representante do Legislativo Federal que se tornaram indutores
desse trabalho, com total engajamento do Prefeito acompanhado das secretarias
municipais na organização, planejamento e execução de ações voltadas a atender
as necessidades das pessoas idosas o que tornou um exemplo de modelo a ser
seguido por outros municípios.
A OPAS/OMS com seu rol de assessor técnico, participou da certificação
com a função de apoiador ativo na condução da articulação intersetorial, elaborador
de documentos técnicos para a implementação e monitoramento do programa
Cidades e Comunidades Amigáveis a Pessoa idosa. Esse trabalho articulado com os
gestores locais e a sociedade civil teve por objetivo de desenvolver a região sul do
país como um modelo de planejamento e organização da política pública voltada a
pessoa idosa com forte compromisso entre os parceiros.
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O processo de certificação e implementação do programa Cidades e
Comunidades Amigáveis a Pessoa Idosa esteve sob a condução da Dra. Haydee
Padilla, Coordenadora da Unidade Técnica Família, Gênero e Curso de Vida, com o
apoio técnico da consultora Dra. Karla Lisboa Ramos.
Brasília, DF, 09 de julho de 2019
Dra. Haydee Padilla
(Coordenadora da Unidade Técnica Família, Gênero e Curso de Vida)
Dra. Karla Lisboa Ramos
(Apoio Técnico)
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DEPUTADA FEDERAL LEANDRE DAL PONTE
Desde o início do seu mandato na Câmara Federal, a deputada federal
Leandre definiu como uma das prioridades levar a saúde mais perto das pessoas,
com atenção especial às consequências do envelhecimento da população e ações
concretas para melhorar a vida da população idosa no Brasil.
Nesta caminhada a deputada conheceu o Programa Cidade Amiga do Idoso,
da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem como um dos objetivos preparar
os municípios e garantir ambientes que acolham as alterações físicas e sociais
decorrentes do envelhecimento.
Assim, a Deputada Leandre e sua equipe começaram a difundir a proposta de
envelhecimento ativo em vários municípios do Paraná. Foram realizadas dezenas de
palestras e ações para chamar a atenção da sociedade para o tema. A ideia sempre
foi levar o programa da OMS ao conhecimento de lideranças locais. E, a partir daí,
deixar na mão de cada agente local a responsabilidade pelas ações em prol das
pessoas idosas daquela localidade.
Ao longo do nosso primeiro mandato, vários modelos de gestão foram
experimentados. Até que, em Pato Branco, os clubes de Rotary viraram parceiros do
projeto. E a ideia de unir o “Cidade Amiga do Idoso” aos clubes de serviço deu tão
certo que o município de Pato Branco, em pouco mais de um ano e meio de
trabalho, foi o terceiro do Brasil e primeiro do Paraná a receber o certificado da OMS
como Cidade Amiga do Idoso. Entre as ações que chamaram a atenção da OMS
estão: a mobilização social através da Comunidade Rotariana, a promoção de
políticas públicas que garantem a qualidade de vida para os idosos, como
acessibilidade em vias públicas e edificações, além de acesso à cultura, lazer, e
atividades de promoção à saúde.
O modelo de gestão do Programa em Pato Branco, além do Rotary, conta
com apoio fundamental da Administração Municipal, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), e Conselho Municipal do Idoso. A certificação de Pato
Branco levou a OMS a validar o modelo de gestão de Pato Branco. Assim, este
mesmo modelo pode ser implantado em qualquer município.
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A ideia de envolver a sociedade civil organizada a fundo no programa foi tão
revolucionária, que a deputada foi convidada a apresentar o modelo de Pato Branco
no seminário internacional “Ciudades Amigables com las Personas Mayores”, que
aconteceu no Chile no mês de novembro de 2018.
Brasília, DF, 10 de julho de 2019
Leandre Dal Ponte – Deputada Federal
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CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DO IDOSO DE PATO
BRANCO – CMDI
O Conselho Municipal em Defesa dos Direitos do Idoso foi criado em 1997,
através da Lei Municipal Nº 1.655, havendo algumas alterações pela Lei nº 3.494 de
15 de dezembro de 2010. É órgão paritário com função consultiva, deliberativa,
controladora e fiscalizadora da política de defesa dos direitos do idoso. Tem por
finalidade congregar e conjugar e esforços dos órgãos públicos, entidades provadas
e grupos organizados, que tenham em seus objetivos o atendimento de pessoas
idosas estabelecendo as diretrizes e a definição da Política Municipal dos Direitos do
Idoso, no Município de Pato Branco, Estado do Paraná.
Compete a este Conselho promover uma política global para o idoso no
município, visando eliminar as discriminações que atingem o idoso, possibilitando a
sua integração e promoção como cidadão em todos os aspectos da vida econômica,
social, política e cultural; bem como celebrar convênio com os órgãos da
administração municipal, que se refere ao planejamento e execução das ações
inerentes dos ao idoso; desenvolver estudos, debates e pesquisas relativas à
condição do idoso, desenvolvendo projetos que promovam a participação destes em
todos os setores da atividade social. Assim, cumprir e zelar pelo cumprimento das
normas constitucionais e legais referentes ao idoso, sobretudo a Lei Federal nº
8.842, de 04 de julho de 1994, a Lei Federal nº 10.741 de 1º de outubro de 2003
referente ao Estatuto do Idoso e Leis pertinentes de caráter estadual e municipal,
denunciando à autoridade competente e ao Ministério Publico o descumprimento de
qualquer uma delas.
O CMID é composto por 16 membros e respectivos suplentes, nomeados pelo
prefeito do Município com mandato de 2 (dois) anos de duração. Conta em sua
organização, com uma diretoria executiva composta por: Presidente, Vice-
Presidente, 1º Secretário, 2º Secretário, 1º Coordenador de Recursos Financeiros e
2º Coordenador de Recursos Financeiros, sendo estes os responsáveis no
cumprimento dos objetivos e ações que competem ao CMID, dentre elas Aprovação
do Plano Municipal da Pessoa Idosa da Cidade de Pato Branco – PR 2018/2021;
realização da VII Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Pato
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Branco no dia 22 de novembro de 2018, acompanhado do Comitê da Cidade
Amigável com a Pessoa Idosa e a Secretaria de Assistência Social, objetivando
proporcionar a participação dos idosos do município, mobilizando a dos grupos de
idosos do município; participação na solenidade de entrega da Certificação, ao
Município de Pato Branco, no Programa Cidade e Comunidades Amigáveis com a
Pessoa Idosa, dia 19 de julho de 2018, com a UTFPR e Comissão Rotária;
realização do XII DIATIVO 2019, evento realizado pelo CMID e Secretaria de
Assistência Social, Secretaria de Esporte e Lazer, apoio Comissão Cidade Amiga do
Idoso, UTFPR, Comissão Rotária e Secretaria de Saúde.
Pato Branco, 11 de julho de 2019
Conceição de Maria Barroso Ritizmann
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SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE PATO BRANCO
A Política de Assistência Social no Município de Pato Branco é desenvolvida
pela Secretaria de Assistência Social – SMAS, cujas diretrizes e princípios estão
estabelecidos pela Lei Municipal nº 4.166 de 10 de outubro de 2013 e a existência
da regulamentação do SUAS em nosso Município, através da Lei nº 4.742 de 29 de
fevereiro de 2016 que preconiza as competências da Secretaria de Assistência
Social.
O Sistema Único de Assistência Social – SUAS, seguindo as diretivas da
Constituição de 1988 e da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS de 1993, é um
sistema público não-contributivo, descentralizado e participativo que tem como
função primordial a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo
da proteção social brasileira (NOB/05). Sua implantação tem sido realizada num
amplo processo democrático que requer a afirmação da política como estatal e
afiançadora de direitos, em resposta às necessidades sociais, e estratégicas no
enfrentamento das desigualdades que atingem a maioria da população.
Como política de proteção social de caráter não contributivo, a Secretaria
Municipal de Assistência Social tem com competência organizar e coordenar o
Sistema Único de Assistência Social-SUAS. O Plano Municipal de Assistência
Social; SINASE; Plano Decenal dos Diretos da Criança e do Adolescente, Plano
Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa e o Plano de Ação Cidade Amiga da Pessoa
Idosa, são instrumentos impulsionadores que permitem aos trabalhadores da
respectiva Política novas práticas interventivas e que para sua consolidação
necessita de um aparato institucional capaz de atender as demandas e
necessidades surgidas no decorrer dos quatro anos.
Nesse sentido, o Município de Pato Branco, tem intensificado suas ações,
baseadas nos eixos da proteção social; vigilância socioassistencial e garantia dos
direitos sociais. Contudo, o respectivo documento retrata os serviços, benefícios,
ações de maneira sintética, com vistas ao aprimoramento dos serviços destinados à
23
população pato-branquense, sob o prisma da construção de projetos individuais e
coletivos que impulsione a superação das fragilidades sociais.
Embora tenhamos no Brasil, boas legislações que asseguram o direito dos
idosos, infelizmente o tema tem sido tratado na sociedade de forma muito tímida,
precisamos evoluir na divulgação e na implementação do que já está previsto em
Lei. Acredito que as cidades de todo o mundo irão se comprometendo, cada vez
mais, com a pessoa idosa, através de políticas públicas, serviços, ambientes,
tecnologia e estruturas que oportunizem a participação dos idosos na sociedade,
com segurança, qualidade de vida e bem-estar, criando uma situação positiva para o
alongamento da vida.
Pato Branco está entre as quatro cidades brasileiras e a primeira do Paraná,
que foram reconhecidas com a certificação internacional do Programa Cidades e
Comunidades Amigáveis com a Pessoa Idosa concedida pela Organização
Panamericana de Saúde(OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e
muitos municípios estão aderindo à Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa,
programas esses, que estão buscando o fortalecimento de políticas públicas e
preparando as cidades para oferecerem uma estrutura compatível com o ritmo
acelerado do envelhecimento, com bons planos de ação.
Pato Branco tem um aspecto importante e diferenciado dos demais
municípios que compõem a Rede Mundial, por ter como indutor do programa os
clubes de Rotary e a Universidade. Esta articulação para o desenvolvimento de
plano para a cidade voltada a pessoa idosa, seguindo os eixos do Guia Global das
Cidades e Comunidades Amigáveis com a Pessoa Idosa, vem preparar a cidade
mediante a perspectiva nacional para 2050, quando se estima um aumento
considerável de idosos.
Estamos trabalhando com os 8 eixos do Guia Global e frente as novas facetas
do envelhecimento. A família, a sociedade, e o poder público tem a responsabilidade
de intervir para a construção de uma longevidade ativa. E algumas das áreas são a
saúde, educação, a cultura, esporte e lazer e cidadania, com e para a velhice. Áreas
estas que são fundamentais para que os idosos tenham a possibilidade de adquirir
conhecimento sobre o mundo, sobre os outros e de si mesmo, ainda interagir e
modificar o ambiente em que vivem.
24
A vontade para que tudo isso aconteça, por parte da atual gestão municipal,
da família rotária e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, esta fazendo
com que Pato Branco, seja reconhecida como um modelo para o Brasil.
Porém a vivência e experiência profissional, também como profissional
Assistente Social, nos alerta principalmente para o abandono dos idosos por parte
da família, negligência e a violência emocional e financeira.
Esse maravilhoso projeto vem encantando a todos, trazendo vontade e
queremos nos tornar referência para o Brasil e quem sabe para o mundo.
“Temos a certeza de que o Programa Cidade Amiga do Idoso em nosso
Município é a inovação para o campo das políticas públicas voltados para a pessoa
idosa. Estamos unidos nessa trajetória de esforços institucionais que contemplem as
necessidades deste público, com foco na defesa e na garantia de direitos previstos
nas legislações vigentes”, conclui a Secretária de Assistência Social.
Pato Branco, 11 de julho de 2019
Anne Cristine Gomes da Silva Cavali
Albina Zenaide Veigas Geron
Anuska Gudoski
Carlos Henrique Galvan Gnoatto
Caroline Soeiro
Fernanda Merlo
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SECRETARIA MUNICIPAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DE PATO BRANCO
A Prefeitura de Pato Branco criou em 2013 a Secretaria Municipal de Ciência,
Tecnologia e Inovação – SMCTI. Esta secretaria, única no estado do Paraná, tem a
missão de "Elaborar, programar e gerir a política municipal de Ciência, Tecnologia e
Inovação. Promover e estimular a articulação institucional intersecretarias do
município com o universo acadêmico, instituições de pesquisa, empresas, entidades
públicas e privadas, e com a sociedade civil organizada". E, dentre as principais
incumbências da SMCTI, está a administração do Parque Tecnológico de Pato
Branco.
Pato Branco é uma cidade com reconhecida longevidade, principalmente
graças aos bons indicadores de qualidade de vida. É importante, entretanto, manter
a qualidade de vida na Terceira Idade. Para tanto, são necessárias iniciativas e
políticas locais. Para nossa secretaria, serve de forte apoio aos programas que
possuímos, como o curso de informática Melhor Idade Conectada e outros que
pretendemos incluir, até mesmo em nossa Feira Inventum, a ser realizada em
novembro de 2019. Assim, a certificação vem embasar e fortalecer as formas de
apoio não somente aos idosos, mas a toda a comunidade.
Nossa instituição foi responsável por viabilizar os recursos tecnológicos
necessários para a realização do Protocolo de Pesquisa Pato Branco – Cidade
Amiga da Pessoa Idosa, assim como auxiliar o processo de análise destes dados.
Pessoas (e cargos) que participaram do processo e sua importância:
Geri Natalino Dutra – Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação
Johnny Rockembach Kraemer – Chefe do Departamento de Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação: Responsável pelo desenvolvimento da plataforma utilizada na captação de respostas da Protocolo de Pesquisa Pato Branco – Cidade Amiga da Pessoa.
Pato Branco, 10 de julho de 2019
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Geri Natalino Dutra Johnny Rockembach Kraemer
SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE E
LAZER
Com relação à participação da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEL),
como membro do Conselho do Idoso e representante do mesmo junto ao Comitê Gestor
do Programa Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa, temos por informar
que durante os trabalhos realizados nos anos de 2018 e 2019, tanto na definição dos
indicadores do plano de ação, aplicação do questionário do perfil e na realização das
atividades alusivas a pessoa idosa, tais como Dia Ativo; identificamos o potencial da
inserção e necessidade da aumenta oferta das atividades da área de esporte, lazer e
atividade física, objetivando a busca da longevidade do público atendido. Nas atividades
relacionadas buscamos preservar o histórico de atividades físicas dos participantes,
levando a inserção de novos conceitos e práticas esportivas que trouxessem a
satisfação dos mesmos.
Para que os objetivos propostos no Plano de Ação sejam alcançados, precisamos
incentivar o uso dos espaços públicos ofertando atividades a pessoa idosa, respeitando
limites físicos, emocionais e de deslocamento a fim de que mantenham a regularidade
na participação e melhorem ou busquem uma melhor condição física. Com relação as
corridas e caminhadas de rua e em parques, prevaleceu a participação dos mesmos em
todos os eventos percebendo um aumento significativo no número de participantes.
Pato Branco, 11 de julho de 2019
Paulo Vicente Stefani Rony Slavieiro
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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
Serviços de Saúde na Cidade Amiga do Idoso:
Os serviços de saúde e de apoio são vitais para os idosos manterem sua
saúde e independência na comunidade. Faz-se imprescindível à dignidade do idoso
a disponibilidade suficiente de cuidados de boa qualidade, adequados e acessíveis
para que os mesmos tenham acesso a um sistema de saúde, onde possam ser
devidamente acolhidos e ter suas queixas atendidas de forma gratuita, haja vista
que renda insuficiente, na maioria dos casos, os afasta da atenção adequada que
devem destinar à sua saúde.
Assim, nossa Secretaria vem estruturando-se para oferecer uma gama
variada de serviços, que se iniciam com a atenção primária (médicos, dentistas,
equipe de NASF), além de toda a rede de suporte com unidades especializadas na
parte de psiquiatria, apoio sorológico, centro de reabilitação, rede de atenção em
urgência e emergência, com SAMU, hospitalar e especialidades.
Na relação de serviços importantes prestados estão o rastreamento
preventivo, a atividade física e reabilitadora, a educação sobre prevenção de lesões,
a orientação nutricional, as terapias voltadas para a saúde mental, além das visitas
domiciliares realizadas pelas equipes.
Nossos serviços de saúde estão bem distribuídos pela cidade. Temos 84% de
cobertura de Unidade Básica e 100% de cobertura de atenção primária, o que
garante o acesso fácil e qualificado em toda a rede de atendimento. Os prédios onde
se localizam os serviços oferecem segurança e são totalmente acessíveis às
pessoas portadoras de deficiência física. Informações claras e acessíveis sobre os
serviços são oferecidas aos idosos. A prestação de serviços é coordenada caso a
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caso e com um mínimo de burocracia. O pessoal administrativo e de serviços trata
os idosos com respeito e sensibilidade.
Da mesma forma, o planejamento para situações de emergência inclui os
idosos, considerando-se suas necessidades e capacidades na preparação e na
resposta a essas situações.
Desta feita, entendemos que muito temos contribuído para a qualificação dos
nossos serviços, atendendo ao compromisso social assumido de respeito e
dignidade aos usuários da melhor idade.
Embora os indicadores pactuados sejam específicos, pela abrangência do
projeto e considerando as ações da Secretaria de Saúde, todos os servidores estão
envolvidos na Rede de Atenção à Pessoa Idosa.
Pato Branco, 12 de julho de 2019
Márcia Fernandes de Carvalho
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COMISSÃO ROTÁRIA DE PATO BRANCO
O Rotary é um clube de serviços, cujo lema para a gestão 2019/2020 é: “o
Rotary Conecta o Mundo”. Em Pato Branco-PR há 8 clubes, representados na
Comissão Rotária.
A Certificação de Pato Branco pela OMS, através do Programa Cidades e
Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa é um marco na história da cidade, do qual
o Rotary tem a alegria e a satisfação de fazer parte. Para o Rotary essa participação
tem um a importância ímpar, porque temos como objetivo melhorar o mundo através
dos nossos projetos e ações. E esse programa caiu muito bem em nossas mãos. A
Comissão Rotaria é formada por:
Ivan Orlandini – Presidente
Albino Peiter Aline Ferrarezi Mantovan Santo
Almir Mendes Ribeiro Bruna Zancanaro
Cleverson Fioreli Danilo Roberto Ferreira Terres
Elaine Kurtz Inez Betiato
Izabelle Ribas Amadori Marcia G. Andreata
Nemora Dalla Líbera Sara Cattani
Rosangela Maria Cherobin
Martinelo
Volmar Luiz Klin
Valmir Dallacosta
Pato Branco, 10 de julho de 2019
Ivan Orlandini
Danilo Roberto Ferreira Terres
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COMITÊ GESTOR DO PROGRAMA CIDADES E COMUNIDADES AMIGÁVEIS À
PESSOA IDOSA
Como forma de monitoramento e avaliação, o Prefeito de Pato Branco, pelo
Decreto Municipal Nº 8.336, de 8 de junho de 2018, instituiu o Comitê Gestor do
Programa Cidades e Comunidades Amigáveis com a Pessoa Idosa, seguindo
diretrizes da Organização Mundial da Saúde. Sua função consistirá em contribuir
para a efetivação de políticas públicas, programas, ações e serviços destinados à
população idosa, principalmente a mais vulnerável, com foco no envelhecimento
longevo e saudável. O Comitê é composto por representantes de cada secretaria do
poder executivo, do Conselho Municipal da Pessoa Idosa, da sociedade Civil,
através do Rotary Clube, da comunidade acadêmica e da Pastoral da Pessoa Idosa.
Instituição Titular Suplente
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico
Clovis Grezele Fernanda Bonatto
Secretaria de Assistência Social
Anne Cristine Gomes da Silva Cavali
Caroline Soeiro
Secretaria Municipal de Administração e Finanças
Rosangela Angeli Teixeira
Mariza Fernanda Medeiros Vieira
Secretaria Municipal de Agricultura
Benigno Kozelinski Ivete Roldo
Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação
Lúcio Paulo Nunes Nelito Antonio Zanmaria
Secretaria Municipal de Educação e Cultura
Natan Bertol Clotilde Terezinha Amadigi Meier
Secretaria Municipal de Engenharia e Obras
Frederico Demaio Pimpão
Nadiessa Peretto de Almeida Grezele
Secretaria Municipal de Esportes e Lazer
Eliane Giacomel Osvaldo Massafera Junior
Secretaria Municipal de Meio Ambiente
Nelson Bertani Antônio Cezar Soares
Secretaria Municipal de Planejamento Urbano
Emerson Michellin Silmara Brambila Strassburger
Secretaria Municipal de Saúde
Márcia Fernandes de Carvalho
Terezinha Martinichen Furlaneto
Conselho Municipal dos Rony Marcelo Slavieiro Helena de Fátima Soares
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Direitos do Idoso Ribas
Representante da Comunidade Acadêmica – UTFPR
Maria de Lourdes Bernartt
Marcia Rozane Balbinotti de Lourenço
Representante da Pastoral Idosa
Clarice Dalla Corte Clara Mariluz Barczyszyn
Representante da Sociedade Civil – Rotary Club
Danilo Roberto Ferreira Terres
Almir Mendes Ribeiro
Pato Branco, 09 de julho de 2019
Anne Cristine Gomes da Silva Cavali
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UTFPR CAMPUS PATO BRANCO
A comunidade acadêmica da UTFPR campus Pato Branco sente-se honrada
pela oportunidade de participar e colaborar com o projeto “Cidade Amiga do Idoso”.
Entendemos que atitudes como essa dignificam a sociedade e valorizam nossas
ações, tornando-nos mais solidários, colaborativos e engajados na busca de uma
sociedade mais justa e inclusiva, que valoriza o ser humano. Ser amigo(a) dos
idosos é facilitar a mobilidade, garantir acesso aos cuidados com a saúde, moradia
e, principalmente, lutar para que os idosos tenham uma renda digna na sua
aposentadoria. Por esse motivo, agradecemos a todas as entidades e pessoas que,
verdadeiramente, estão engajadas nessa luta. Obrigado por oportunizar a
participação da UTFPR nesse projeto.
Pato Branco, 11 de julho de 2019
Dr. Idemir Citadin
(Diretor-Geral do campus Pato Branco)
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DIRETORIA DE RELAÇÕES COMUNITÁRIAS E
EMPRESARIAIS UTFPR CAMPUS PATO BRANCO
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Pato Branco, tem o
privilégio de fazer parte deste importante projeto do município de Pato Branco. Seu
principal papel foi de realizar o diagnóstico dos diversos eixos que a certificação
“Cidade Amiga da Pessoa Idosa” aborda e contribuir com informação técnica capaz
de subsidiar os gestores municipais com informações que permitam que suas
decisões tenham um impacto social ainda mais positivo.
A equipe realizou esta atividade por meio de pesquisa científica, aprovada no
Comitê de Ética da instituição, em que professores, técnico-administrativos e alunos
da UTFPR-PB foram a campo coletar as informações junto aos idosos do nosso
município.
Além disso, a equipe da UTFPR esteve envolvida em diversas atividades
promovidas pela Prefeitura Municipal, pelo Rotary e pela Deputada Federal Leandre
Dal Ponte contribuindo com conhecimento técnico, participação no Conselho
Municipal do Idoso e na organização de eventos que levaram à sociedade e,
principalmente aos idosos, a informação de que Pato Branco está comprometida
com um planejamento que visa desenvolver melhores condições referentes à
qualidade de vida de sua população. Mas, para chegar neste resultado percorreu um
longo caminho de pesquisa, em que os protocolos da OMS foram estudados e
adequados para a realidade brasileira, resultando em um produto tão relevante
quanto este relatório de diagnóstico.
A Diretoria de Relações Empresariais e Comunitárias tem por este projeto um
carinho especial por permitir que, dentro das atribuições de uma Universidade, foi
possível alcançar um público tão distinto quanto o dos idosos. Ter envolvido,
principalmente, os alunos neste processo contribuiu também para sua formação,
entregando para a sociedade um cidadão mais consciente dos desafios e
oportunidades que esta pesquisa revelou.
Para finalizar, importante dizer que a UTFPR tem em seu nome o foco na
tecnologia, representado, principalmente por seus vários cursos de engenharia. Se
forem considerados os 13 campi, a UTFPR é o maior formador de engenheiros do
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Brasil. Por isso, fazer parte de um projeto de cunho social tem ainda mais
importância, porque reforça no aluno uma consciência mais humanitária, em que a
tecnologia existe para auxiliar o homem, neste caso, os idosos, a viverem cada vez
mais e melhor.
Pato Branco, 11 de julho de 2019
Dr. Neimar Follmann
(Diretor de Relações Empresariais e Comunitárias – UTFPR-PB)
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EQUIPE DE PESQUISA DA UTFPR CAMPUS
PATO BRANCO
A Equipe de Pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR carreia consigo a historicidade desta instituição “anciã”, uma vez que, do alto
de seus 110 anos, esta passou por várias mudanças até a sua constituição atual.
Sua trajetória tem início com a criação das Escolas de Aprendizes Artífices, em
várias capitais do país, pelo então presidente, Nilo Peçanha, em 23 de setembro de
1909, dentre elas, Curitiba, cuja escola foi inaugurada em 16 de janeiro de 1910. Em
1937 passou a denominar-se Liceu Industrial do Paraná; em 1943 Escola Técnica
de Curitiba; em 1959 Escola Técnica Federal do Paraná; em 1978, Centro
Federal de Educação Tecnológica do Paraná (CEFET-PR). Em 1990, por
intermédio do Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Técnico, expandiu-se
para o interior do Paraná, onde implantou unidades, dentre essas a Unidade
Descentralizada de Pato Branco. Em 2005, tornou-se a Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), sendo a primeira especializada do Brasil, hoje, com
13 campus, distribuídos nas cidades de Apucarana, Campo Mourão, Cornélio
Procópio, Curitiba, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Guarapuava,
Londrina, Medianeira, Pato Branco, Ponta Grossa, Santa Helena e Toledo.
Dada a sua historicidade, a instituição atua no ensino, na pesquisa e na
extensão. Na atualidade, oferta cursos técnicos de nível médio, cursos de graduação
(tecnologias, engenharias, bacharelados e licenciaturas), cursos de especialização e
programas de mestrado e doutorado. Desenvolve inúmeras pesquisas no âmbito de
seus cursos de graduação e pós-graduação, bem como oferece à sua comunidade
interna e externa um grande número de programas, projetos e atividades de
extensão.
Ao se pensar na extensão como meio pelo qual a universidade transforma a
sociedade, pode-se voltar alguns anos na história da instituição e verificar que desde
a sua fundação em 1909, a UTFPR já possuía na sua essência, a preocupação em
realizar atividades que trouxessem melhorias para a sociedade. Com a instalação da
Escola de Aprendizes Artífices, por meio do Decreto 7.566, de 23 de setembro de
1909, a intenção era ensinar uma profissão aos “desprovidos de fortuna”.
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A função social da universidade é proporcionar a transformação da sociedade,
ou seja, a melhoria na vida dos cidadãos sem, contudo, caracterizá-la com a
prestação de serviços assistencialistas. O essencial é integrar teoria e prática, ou
seja, ensino e pesquisa e democratizá-los, efetivando o processo de troca de
saberes.
Atualmente, quando se vivencia profundas mudanças econômicas, políticas,
culturais, tecnológicas e sociais, espera-se da universidade, atitudes de participação
ativa na transformação da sociedade e na formação cidadã de sua comunidade
interna, sendo que a extensão se configura como o meio pelo qual a universidade
vai integrar suas atividades de ensino e pesquisa na busca da ampliação de sua
responsabilidade social. Pensando nisso, a instituição integrou-se ao processo de
certificação do município de Pato Branco no Programa Cidades e Comunidades
Amigáveis à Pessoa Idosa (OMS/OPAS), desde a origem.
A preocupação da universidade com o envelhecimento da população deve
estar no dia a dia de seus servidores e alunos pois são ações dessa natureza que
demonstram a sensibilidade e o compromisso da instituição para com as demandas
da comunidade. Além do mais, poder promover ações de conscientização sobre
assunto tão relevante quanto o significado da velhice, bem como seus patrimônios
culturais, suas mudanças de comportamento e promover formas de tornar esse
processo melhor, oportunizando aos idosos atividades que incentivem a autonomia e
a independência fazem com que a comunidade acadêmica amplie seu conhecimento
e se modifique.
A partir das experiências que estão sendo consolidadas por meio do Programa
Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa (OMS/OPAS), alunos e
servidores podem articular o ensino e a pesquisa desenvolvidos na instituição com
foco na responsabilidade social e cidadania, tornando a UTFPR modelo, não só de
ensino tecnológico, mas de uma universidade preocupada com a transformação da
sociedade.
Pato Branco, 10 de julho de 2019.
Marcia Rosane Balbinotti de Lourenço
Maria de Lourdes Bernartt
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RESUMO
Este relatório contém descrição detalhada das atividades realizadas no município de Pato Branco, no período que corresponde a setembro/2017 a julho/2019, em relação ao desenvolvimento da Pesquisa Diagnóstica elaborada e executada por Equipe de Pesquisa da UTFPR campus Pato Branco por intermédio do Projeto de Pesquisa e Extensão “Pato Branco – Cidade Amiga do Idoso: primeiro diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus cidadãos”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP)/UTFPR. Apresenta também o processo de certificação do Município de Pato Branco, região sudoeste do Paraná, no Programa Cidades e Comunidades Amigáveis á Pessoa Idosa, da OMS. A pesquisa objetivou levantar principais necessidades e sugestões da população idosa no município, em relação a seu bem-estar. A pesquisa caracterizou-se como de campo exploratória, com abordagem quali-quantitativa. A população alvo foi composta por pessoas idosas, com idade igual ou superior a 60 anos e, por cuidadores de pessoas idosas, vinculados a entidades públicas e privadas destinadas ao atendimento dessa população, por responsáveis por serviços de atendimentos a idosos e por profissionais que atuam em órgãos municipais públicos. A coleta de dados foi realizada em entidades que atendem pessoas idosas e em órgãos públicos, no município de Pato Branco-PR, mediante visitas agendadas com os seus responsáveis. Para a coleta de dados foram utilizados três instrumentos: questionário estruturado e roteiro de discussão de grupo focal – adaptados do Protocolo de Vancouver, adotado pela Organização Mundial de Saúde – e entrevista em profundidade. Para o tratamento estatístico dos dados quantitativos utilizou-se da estatística descritiva, tabulação de dados e tratamento dos dados pelo software PowerBI e para a análise dos dados, obtidos por meio dos grupos focais, foi utilizado o método da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009). Os resultados demonstram que o perfil sociodemográfico da população estudada quanto à escolaridade: a maior porcentagem possui Ensino Fundamental, está entre 65 a 75 anos de idade, ganha de 2 a 5 salários-mínimos. Quanto ao questionário, dentre os nove eixos abordados, Apoio Comunitário e Serviços de Saúde (eixo 4) foi considerado pela população estudada como o mais importante, seguido por: Espaços Exteriores e Edifícios (eixo 2), Habitação e Moradia (eixo 1), Transportes (eixo 3), Respeito e Inclusão Social (eixo 5), Protagonismo Local (eixo 9), Comunicação e Informação (eixo 7), Participação Cívica e Emprego (eixo 6) e Oportunidades de Aprendizagem (eixo 8).
Palavras –chave: Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa. Certificação. Município de Pato Branco. Pessoas idosas. Pesquisa diagnóstica.
Equipe Central de Pesquisa – UTFPR Campus Pato Branco
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ABSTRACT
The present report contains a detailed description of the activities developed by the
members of the Research and Extension Project ‘Age-friendly cities: first diagnose for
healthy aging” held at the Federal University of Technology-PB in the city of Pato
Branco, south-west Paraná. The research group carried out diagnostic surveys, which
had been previously approved by the Institutional Review Board, from the months of
September 2017 to July 2019. Moreover, this report presents the certification process
of the city of Pato Branco in the World Health Organization Global Network for Age-
friendly Cities and Communities. The main objective of this study was to identify the
main needs and suggestions in terms of well-being from the older population of the
city. An exploratory research design was used,to produce quantitative and qualitative
data. The target population of the research was adults ageing 60 years old or more,
older adults’ caregivers with affiliation to public and private institutions, and
professionals working in public health services in the city. Upon scheduled visits, data
collection took place in facilities that offered services for older people as well as in
public institutions of Pato Branco. Three instruments were used for data collection: a
structured questionnaire, a focus group discussion script (adapted from the OMS
Vancouver Protocol) and in-depth interviews. Statistical analyses were obtained from
PowerBI and the results from focus group discussions were analyzed based on
Bardin’s Content Analysis (2009). Results show that the respondents’ socio-
demographic profile had the following characteristics: primary education, ranging from
65 to75 years of age, monthly income between 2 and 5 times the national minimum
wage. In relation to the results obtained from the questionnaire, among the nine topics
addressed, ‘Health and Wellness’ was considered the most important, followed by
‘Outdoor Spaces and Buildings’, ‘Housing’, ‘Transportation and Streets’, ‘Social
Participation and Inclusion’, ‘Community Information’, ‘Volunteering and Civil
Engagement’, and ‘Education Opportunities’.
Keywords: Age-friendly cities and communities; certification; city of Pato
Branco; older adults; diagnostic research.
Elaborado por: Ana Paula Petriu Ferreira Engelbert (CALEM-UTFPR Campus
Pato Branco)
39
RESUMEN
Este informe contiene una descripción detallada de las actividades realizadas en el
municipio de Pato Branco, en el período comprendido entre septiembre / 2017 y julio
/ 2019, en relación con el desarrollo de la Investigación-Diagnóstico elaborada y
ejecutada por el Equipo de Investigación de UTFPR Campus Pato Branco a través
del Proyecto de Investigación y Extensión "Pato Branco: Ciudad Amistosa de los
Ancianos: primer diagnóstico para el envejecimiento activo de sus ciudadanos ",
aprobado por el Comité de Ética en Investigación con Seres Humanos (CEP) /
UTFPR. También presenta el proceso de certificación del Municipio de Pato Branco,
al suroeste de Paraná, en el Programa de Ciudades y Comunidades Amigas de la
persona mayor, OMS. La investigación tuvo como objetivo conocer las principales
necesidades y sugerencias de la población anciana en el municipio, en relación con
su bienestar. La investigación se caracterizó como de campo exploratorio, con un
enfoque cualitativo-cuantitativo. La poblacion meta fui compuesta por personas
mayores, con 60 años o más, por cuidadores de ancianos vinculados a entidades
públicas y privadas destinadas al cuidado de esta población, responsables de los
servicios de atención a personas mayores y profesionales que trabajan en
organismos públicos municipales. La recolección de datos se realizó en entidades
que atienden a personas mayores y en organismos públicos, en el municipio de Pato
Branco-PR, a través de visitas programadas con los responsables. Se utilizaron tres
instrumentos para recopilar datos: un cuestionario estructurado y un guión de
discusión de grupos focales - adaptado del Protocolo de Vancouver, adoptado por la
Organización Mundial de la Salud - y una entrevista en profundidad. Para el
tratamiento estadístico de los datos cuantitativos se utilizó estadística descriptiva,
tabulación de datos y el procesamiento de datos por el software PowerBI y para el
análisis de datos, obtenidos a través de grupos focales, se utilizó el método de
análisis de contenido (BARDIN, 2009). Los resultados demuestran que el perfil
sociodemográfico de la población estudiada con respecto a la escolarización: el
mayor porcentaje estudió la primera parte de la educación básica, tiene entre los 65
y los 75 años, gana de 2 a 5 salarios mínimos. Respecto al cuestionario, entre los
nueve ejes analizados, Apoyo Comunitario y Servicios de Salud (Eje 4) fue
considerado por la población estudiada como la más importante, seguida de
Espacios al aire libre y edificios (eje 2), Viviendas (eje 1), Transportes (eje 3),
Respeto e Inclusión Social (eje 5), Protagonismo local (eje 9), comunicación e
información (eje 7), Participación cívica y empleo (eje 6) y oportunidades de
aprendizaje (eje 8).
Palabras-clave: Ciudades y comunidades amigables a las personas
mayores. Certificación Condado de Pato Branco. Personas mayores.
Investigación-diagnóstico.
Elaborado por: Denise Teiss (CALEM-UTFPR Campus Pato Branco)
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FICHA TÉCNICA DO PROJETO DE PESQUISA
Título do Projeto: Pato Branco – Cidade Amiga do Idoso: primeiro diagnóstico para
o envelhecimento ativo de seus cidadãos.
Parecer Conselho de Ética na Pesquisa (CEP): 2.703.483
Instituição: UTFPR Campus Pato Branco
Endereço: Via do Conhecimento km 01 – CEP 85.503 – 930, Pato Branco – PR
Coordenação Geral: Maria de Lourdes Bernartt
Diretoria Coordenadora: Diretoria de Relações Comunitárias e Empresariais –
DIREC
Apoio: Departamento Acadêmico de Ciências Humanas (DAHUM)
EQUIPE CENTRAL DE PESQUISA - UTFPR CAMPUS PATO BRANCO
Instituição/Pesquisadores/Áreas do Conhecimento/ Titulação
UTFPR CAMPUS PATO BRANCO
Aruanã Antonio dos Passos - História/Doutorado
Carolina Rodrigues da Silva – História/Mestranda
Claudineia Lucion Savi – Pedagogia/Mestrado
Elaiz Buffon – Geografia/Mestre/Doutoranda
Franciele Clara Peloso – Pedagogia/Doutorado
Giliane Schmitz - Psicologia/Doutoranda
Janecler Aparecida Amorin Colombo – Matemática/Doutorado
Marcia Andrea dos Santos – Linguística/Doutorado
Marcia Balbinotti de Lourenço – Letras/Tecnologia/Mestrado
Maria de Lourdes Bernartt/Linguística/Educação/Doutorado
Neimar Follmann – Administração/Doutorado
Raiana Ralita Ruaro Tavares – Arquitetura e Urbanismo/Mestre
Sérgio Luiz Ribas Pessa – Arquitetura e Urbanismo/Doutorado
Suelyn Maria Longhi de Oliveira – Arquitetura Urbanismo/Fisioterapia/ Doutoranda
Vilmar da Silva – Assistente Social/Mestre.
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES DA PESQUISA
1. API DO BAIRRO BONATTO
2. API DO BAIRRO CRISTO REI
3. API DO BAIRRO PLANALTO
4. API DO BAIRRO SÃO CRISTÓVÃO
5. API DO BAIRRO SÃO LUÍS
6. API NOVO HORIZONTE
7. API DO SÃO ROQUE DO CHOPIM
8. CENTRO DIA
9. CEU DAS ARTES
10. CONSELHO MUNICIPAL DA PESSOA IDOSA
11. CRAS SÃO JOÃO
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12. CRAS SUDOESTE
13. GRUPO VIDA PLENA – COMUNIDADE CRISTÃ
14. LAR DOS IDOSOS SÃO VICENTE DE PAULO
15. PASTORAL DA PESSOA IDOSA
16. UNATI/FADEP
17. UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE PASSO DA ILHA
18. UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE INDEPENDÊNCIA
19. UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE FAZENDA DA BARRA
20. UNIMED
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APRESENTAÇÃO
“Para que a velhice não seja uma irrisória paródia de nossa existência anterior, só há uma solução – é continuar a perseguir fins que deem um sentido à nossa vida: dedicação a indivíduos, a coletividades, a causas, trabalho social ou político, intelectual, criador”. (BEAUVOIR, 2018, p. 560-1).
Este documento intitulado “Pato Branco – Cidade Amiga do Idoso: primeiro
diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus cidadãos (Relatório Final)” assume
um caráter expositivo e descritivo contemplando a pesquisa diagnóstica coordenada
por Equipe Central de Pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR campus Pato Branco, realizada no Município de Pato Branco-PR, como um
dos requisitos para o processo de certificação internacional deste na Rede Global de
Cidades e Comunidades Amigas dos Idosos (Global Network for Age-friendly Cities
and Communities), da Organização Mundial da Saúde (OMS)/Organização Pan
Americana da Saúde (OMS/OPAS).
A título de esclarecimento, ressalta-se que a pesquisa diagnóstica ocorreu
após a certificação do município na Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas
dos Idosos/OMS, porque, assim foi sugerida pela OPAS/OMS, uma vez que o
Município de Pato Branco-PR já apresentava à época ações em prol das pessoas
idosas, bem como políticas públicas voltadas a essa população, o que lhe conferiu,
pois, a referida certificação. Pela robustez e densidade desta pesquisa, pode-se
dizer que foi realizada e analisada com celeridade, pois os dados foram coletados de
agosto a dezembro de 2018 e a análise de fevereiro a maio de 2019, e junho e julho
reservados para o relatório final.
A Equipe Central de Pesquisa da UTFPR campus Pato Branco esteve
envolvida nesse processo desempenhando Diversas atividades desde julho de 2017
a julho de 2019. Com efeito, o envolvimento continua, uma vez que a UTFPR
campus Pato Branco participa do Comitê Gestor do Programa Cidades e
Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa e do Conselho Municipal dos Direitos da
Pessoa Idosa.
Para essa certificação internacional, vários atores foram protagonistas do
processo, dentre eles, em especial, as pessoas idosas de Pato Branco e seus
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cuidadores, as instituições que atuam com pessoas idosas no município, a Prefeitura
Municipal de Pato Branco-PR, suas Secretarias e Departamentos Municipais, o
Conselho Municipal dos Direitos do Idoso, a Comissão Rotária de Pato Branco, a
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR – campus Pato Branco, a
sociedade civil e a comunidade em geral. Em vista disso, as trajetórias, tanto para a
certificação quanto para a realização da pesquisa diagnóstica, compuseram-se por
várias etapas abrangendo desde a sensibilização e o envolvimento da sociedade
pato-branquense até a execução da pesquisa diagnóstica e a apresentação do
relatório final, as quais congregaram parcerias fundamentais como as pessoas
idosas residentes no município, líderes de instituições que atuam com pessoas
idosas, poder público municipal e federal, entidades como os clubes de Rotary,
Conselho e associações de idosos, entidades filantrópicas e entidades privadas.
Em razão da necessidade de “escuta” junto à população idosa figurar como
uma das recomendações para a certificação do município de Pato Branco-PR, a
UTFPR campus Pato Branco, ao ser convidada pela Comissão Rotária, Secretaria
de Assistência Social e pela Assessora Parlamentar, Jovelina Chaves, integrou-se,
com afinco, a essa tarefa mediante a elaboração e execução de uma pesquisa
diagnóstica, realizada em instituições que atuam com pessoas idosas em nosso
município, por intermédio de “escutas” junto a três grupos: a) pessoas idosas e
cuidadores de pessoas idosas; b) responsáveis por instituições que atuam com essa
população, c) representantes de secretarias e departamentos municipais.
Assim, em meados de 2018, a Equipe Central de Pesquisa da UTFPR
campus Pato Branco elaborou um projeto para a pesquisa diagnóstica, caracterizado
como de pesquisa e de extensão, intitulando-o “Pato Branco – Cidade Amiga do
Idoso: primeiro diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus cidadãos”. O
projeto obteve a aprovação do Comitê de Ética da UTFPR, pelo Parecer n.º
2.703.483, em 09/06/2018. Tendo por base o texto do Guia Global Cidade Amiga da
Pessoa Idosa (OMS, 2008) e o Documento Técnico Estratégia Brasil Amigo da
Pessoa Idosa (MDS, 2018) o principal objetivo da pesquisa consistiu em realizar um
diagnóstico sobre necessidades e condições materiais de vida da população idosa
do município de Pato Branco-PR, em relação a nove eixos, como: 1) Espaços
abertos e prédios; 2) Transporte; Moradia; 3) Participação social; 4) Respeito e
inclusão social; 5) Participação cívica e emprego; 6) Comunicação e informação; 7)
44
Apoio comunitário e serviços de saúde; 8) Oportunidades de aprendizagem; e, 9)
Protagonismo local.
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe interdisciplinar e
interinstitucional, composta por cerca de 75 pessoas, sendo professores, técnico-
administrativos, alunos de graduação (Departamento de Humanas, Departamento de
Educação, Núcleo de Acompanhamento Psicopedagógico e Assistência Estudantil,
Cursos de Administração, Ciências Contábeis, Licenciaturas em Letras, e
Matemática, e Química) e estudantes e professores de cursos de pós-graduação
(Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR), em
Engenharia de Produção (PPGPS), e em Letras (PPGL) da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Pato Branco, e da Faculdade de
Pato Branco (FADEP) professores e alunos dos Cursos de Educação Física,
Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia e Pedagogia, além de colaboradores da
Comissão Rotária de Pato Branco, Pastoral da Pessoa Idosa, Prefeitura Municipal,
Interact Club, Sebrae e voluntários da sociedade civil.
É mister destacar que a referida pesquisa foi realizada e coordenada por
Equipe Central de Pesquisa, da UTFPR Campus Pato Branco, composta pra tal,
sem ônus para as instituições demandantes da pesquisa diagnóstica. Houve
subsídios, por parte da Prefeitura Municipal de Pato Branco, representada pela
Secretaria Municipal de Assistência Social, e pela Comissão Rotária, para: a)
realização de oficina sobre análise de dados, com consultor externo; b) translado de
alguns componentes de equipes até o local de coleta de dados; c) lanche para os
componentes das equipes, em momentos de coleta de dados.
Ressalta-se, ainda, que, no âmbito da UTFPR, os pesquisadores, participantes
do projeto, dedicaram carga considerável de seu trabalho tanto para a elaboração do
projeto, quanto para a sua coordenação e execução (treinamentos, coleta de dados),
bem como para a elaboração do relatório final. Também dispuseram de espaços
para reuniões e atividades: no Departamento de Humanidades – salas de
professores e sala de reuniões, com acesso à Internet (Wi-fi) e projetores multimídia.
Ainda, os pesquisadores puderam contar com a estrutura de veículos disponíveis
pela instituição para viagens, relacionadas à coleta de dados e à participação em
atividades inerentes à pesquisa.
Nesse sentido, vale ressaltar o expressivo apoio da UTFPR campus Pato
Branco, das Diretorias Geral (DIRGE), Graduação (DIRGRAD), Pesquisa e Pós-
45
Graduação (DIRPPG), e, em especial, da Diretoria de Relações Comunitárias e
Empresariais (DIREC) e do Departamento de Extensão (DEPEX), e Departamento
Acadêmico de Ciências Humanas (DAHUM), externo da Organização Pan
Americana de Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), bem
como expressivamente pela Comissão Rotária de Pato Branco e Prefeitura
Municipal de Pato Branco, mais diretamente, por intermédio das secretarias
municipais: Assistência Social, Ciência, Tecnologia e Inovação, Saúde, e Esporte e
Lazer; ainda recebeu apoio do Conselho Municipal dos Direitos dos Idosos, das
pessoas idosas e das instituições que atuam com pessoas idosas em Pato Branco.
Em face do exposto, o presente consiste, pois, no Relatório Final da Pesquisa
Diagnóstica resultante do Projeto de Pesquisa e Extensão “Pato Branco – Cidade
Amiga do Idoso: primeiro diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus
cidadãos”, elaborado e executado por Equipe de Pesquisa da UTFPR campus Pato
Branco, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
(CEP) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, no período que
compreende fevereiro/2018 a julho/2019. Por essa razão, por cumprir com todas as
exigências deste Comitê, os dados coletados foram citados anonimamente, com
proteção à integridade moral e pessoal dos participantes, bem como de seus autores
(Lei de Direitos Autorais2).
Assim, este documento apresenta as trajetórias do processo de certificação
internacional do Município de Pato Branco no Programa Cidades e Comunidades
Amigáveis à Pessoa Idosa (OMS/OPAS) e da pesquisa diagnóstica, resultados
quantitativos e qualitativos, conclusões e sugestões.
Os resultados do referido projeto poderão proporcionar benefícios sociais, a
curto prazo, mediante a devolutiva do diagnóstico final, no qual a população idosa e
demais participantes, através das suas experiências, manifestaram suas opiniões e
percepções sobre a qualidade dos serviços oferecidos pelo município contribuindo
como ferramenta para subsidiar os gestores municipais na avaliação de adequações
a serem realizadas no município para a melhoria da qualidade de vida, fornecendo
elementos essenciais a serem considerados para adaptar ações e políticas
direcionadas à população idosa.
Quanto aos benefícios acadêmicos, espera-se que o desenvolvimento do
projeto possa contribuir para o fortalecimento das relações entre universidade e 2 Brasil. Lei 9610/98, Regula os direitos autorais e dá outras providências. 1998.
46
comunidade, bem como fomentar o debate e a produção científica sobre o
envelhecimento ativo, seja na graduação, como na Pós-Graduação. Além disso,
poderá motivar ações de ensino, pesquisa e extensão direcionadas a esse público,
no âmbito da UTFPR e da comunidade local e regional.
Esperamos ter contribuído nesse processo, e, em especial, com a população
idosa de Pato Branco-PR, bem como para o poder público, além do programa
mundial da OMS/OPAS que deu origem a essa iniciativa e fecundou nossos
esforços.
Desejamos a todos profícua e inspiradora leitura!
Equipe Central de Pesquisa
Dra. Maria de Lourdes Bernartt Dr. Aruanã Antonio dos Passos
M.ª Suelyn Maria Longhi de Oliveira
47
INTRODUZINDO A TEMÁTICA – O MUNICÍPIO DE PATO BRANCO NA REDE GLOBAL DE CIDADES E COMUNIDADES AMIGAS DOS IDOSOS/OMS
“(…) Não basta, portanto, descrever de maneira analítica
os diversos aspectos da velhice: cada um deles reage
sobre todos os outros e é afetado por eles; é no
momento indefinido dessa circularidade que é preciso
apreendê-la”. (BEAUVOIR, 2018, p. 13).
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007), no documento “Para que as
cidades sejam mais amigáveis aos idosos: O guia da OMS”, ressalta que mais da
metade da população mundial passou a viver em centros urbanos, a partir de 2007,
e, estima-se que, a partir de 2030, aproximadamente três em cada cinco habitantes
passarão a residir em cidades. O fato a se prestar atenção diz respeito a: ao mesmo
tempo em que os centros urbanos crescem aceleradamente, eleva-se rapidamente o
número de pessoas idosas: a população de cerca de 600 milhões de pessoas na
faixa etária de 60 anos ou mais vai dobrar, chegando a 1,2 bilhão em 2025. Tais
tendências ocorrem em um ritmo muito mais rápido nos países em desenvolvimento,
destaca a OMS (2007, p. 1).
O Município de Pato Branco, localizado na região sudoeste do Paraná, desde
12 de junho de 2018, integra-se à Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas
dos Idosos/OMS, tornando-se o primeiro do Paraná e o terceiro na região Sul, com
Porto Alegre, Veranópolis e Esteio, no estado do Rio Grande do Sul.
A origem da Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas dos
Idosos/OMS remonta a junho de 2005, quando a OMS lançou o projeto Cidade
Amiga do Idoso, no XVIII Congresso da Associação Internacional de Gerontologia e
Geriatria (IAGG), realizado no Rio de Janeiro, Brasil. E, em 2006, quando
desencadeou uma pesquisa diagnóstica, envolvendo 33 cidades de 22 países,
ouvindo aproximadamente 1.500 pessoas idosas a respeito de aspectos positivos e
obstáculos que encontrassem em suas cidades, em relação a oito eixos, quais
sejam: 1. Habitação/Moradia, 2. espaços exteriores e edifícios; 3. Transporte; 4.
Apoio comunitário e serviços de saúde; 5. Participação social; 6. Participação cívica
e emprego; 7. Comunicação e informação; e 8. Oportunidades de aprendizagem.
Tendo em vista que, nesta pesquisa, os idosos definem o que é ser “amigo do
idoso”, os resultados dessa investigação demonstraram que os aspectos
48
considerados mais relevantes para as pessoas idosas foram: ter acesso aos
transportes públicos, aos espaços ao ar livre e aos edifícios, assim como dispor de
habitação adaptada, integrada numa comunidade social, e de serviços sociais,
especialmente médicos (URIC, 2010).3
Estes estudos revelaram a necessidade de se favorecer a participação das
pessoas idosas, de forma ativa, na vida social, lutando contra a discriminação em
relação à idade e por oportunidades de participação como cidadãos e de emprego
(URIC, 2010).
A partir dessa investigação, a OMS traçou as principais características de
uma cidade amiga do idoso e organizou uma listagem para conferência de cada um
dos oito quesitos identificados (OMS, 2007, p. 2), condensadas no Guia Global das
Cidades Amigas do Idoso4 que, por seu turno, tem a finalidade de auxiliar gestores
municipais, órgãos governamentais, organizações acadêmicas e de voluntários,
setor privado e grupos de cidadãos, sob a ótica das pessoas idosas se analisarem e
identificarem onde e como as cidades podem se tornar mais amigáveis aos idosos.
Nessa tarefa, a população idosa deve ser envolvida como parceira, em todas as
etapas.
O termo foi cunhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007, p. 1),
ao definir que: “Uma cidade amiga do idoso adapta suas estruturas e serviços para
que sejam acessíveis e includentes de pessoas idosas, com diferentes
necessidades e capacidades.” Ainda, segundo Kalache, à época, Diretor Programa
Envelhecimento e Curso de Vida da OMS, “Uma cidade amiga do idoso estimula o
envelhecimento ativo ao otimizar oportunidades para saúde, participação e
segurança, a fim de aumentar a qualidade de vida das pessoas à medida que
envelhecem” (OMS, 2007, p. 2).
Ao analisar os aspectos positivos e negativos das cidades, os idosos podem
apontar as características amigáveis de sua cidade, o que denota a sua própria
experiência e expectativa. Eles podem realizar sugestões para alterações e podem
participar na criação, implementação e execução de projetos e programas de
3 Cf: https://www.unric.org/pt/envelhecimento/28604-rede-mundial-de-cidades-amigas-das-pessoas-idosas 4 O Guia Global das Cidades Amigas do Idoso foi lançado no Dia Internacional do Idoso, em 1º de outubro de
2007 (OMS, 2007, p. 1), disponível, http://www.who.int/ ageing/en.
49
melhorias, de modo que, “… nas fases de acompanhamento de ações locais os
idosos deverão estar envolvidos” (OMS, 2007, p. 3).
Com efeito, em face desse cenário, com a preocupação voltada para o
progressivo envelhecimento mundial e defendendo o envelhecimento ativo, a OMS
lança esta Rede Global, em 2010, na qual encontram-se mais de 450 cidades e 37
países, dentre elas, a nossa cidade de Pato Branco, no Estado do Paraná, Região
Sul do Brasil, conforme se pode verificar, na Figura 1, abaixo:
Figura 1: Rede Global para Cidades e Comunidades Amigas do Idoso (OMS) com a localização das quatro cidades do Sul do Brasil
Fonte: https://extranet.who.int/agefriendlyworld/who-network/.
Atualmente, esse conjunto de cidades têm aderido à “Global Network of Age-
friendly Cities and Communities”, da OMS, formando a “Rede Global de Cidades e
Comunidades Amigas Idoso”. Para a adesão, compete às cidades implementar um
processo de diagnóstico, planejamento, implantação e monitoramento de ações para
tornar as cidades mais amigáveis às pessoas idosas, e, consequentemente, uma
cidade amigável a todos (OMS, 2009).
O diagnóstico e o monitoramento das ações devem ocorrer baseados no
desenvolvimento de indicadores partindo do conceito de envelhecimento ativo, e
mediante quatro fases (WHO, 2011; Pinheiro, 2014, p. 60), a saber:
Fase 1: Planejamento (até o 2. Ano): Envolvimento dos idosos, avaliação da cidade, Plano de Ação, Identificação de indicadores;
50
Fase 2: Implementação (3º ao 5º ano): Implementação do Plano de Ação; Monitoramento através de indicadores.
Fase 3: Avaliação do progresso (fim do 5.º ano): Medir o progresso; Identificar sucessos e lacunas; Apresentar relatório de progresso
Fase 4: Melhoria contínua.
Qual é o cenário de Pato Branco no que se refere à população idosa e em
que corresponde ao contexto global, a ponto de chamar a atenção da OPAS/OMS,
gestores e sociedade em geral?
Na contemporaneidade, Pato Branco figura na região Sudoeste do Paraná,
denominado como capital desta região. A região Sudoeste do Paraná foi constituída,
até a década de 1930, por pequenos núcleos populacionais de colonos e produtores
rurais, além das populações tradicionais: negros, caboclos e indígenas, além de
Argentinos e Paraguaios que exploram a erva mate. A partir da década de 1940 se
intensificam as levas populacionais que partiram, principalmente, do Oeste de Santa
Catarina e do Norte e Oeste do Rio Grande do Sul. Esse contingente populacional
era formado em sua maior parte por imigrantes europeus alemães e italianos, mas
também haviam, em menor número, polacos, ucranianos e outras etnias em menor
número.
O Município de Pato Branco, um dos polos regionais de desenvolvimento
humano, saúde e educação foi formalmente reconhecido em 1951 pelo então
governador do Estado do Paraná, Bento Munhoz da Rocha Neto, através da Lei
Estadual n.º 790, de 14/11/1951. Até então, Pato Branco era distrito da cidade de
Clevelândia. Após a emancipação a cidade recebeu novas levas populacionais e
teve um crescimento demográfico progressivo. Nas décadas de 1960 e 1970 os
indicadores econômicos evoluíram, confirmando a vocação do município para o
comércio, setor de saúde, educação e produtor agrícola.
Segunda dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a
população estimada do município em 2018 é de 81.893 habitantes. Os dados do
último censo indicam 72.370 habitantes (IBGE/Censo-2010), sendo 34.984 homens
e 37.386 mulheres. A população que reside na área urbana é de 68.091 e da área
rural 4.279. O Município possui 45 bairros e 34 comunidades rurais, sendo que a
densidade demográfica é de 134,25 habitantes por quilômetro quadrado.
51
A partir de dados de 2010, até então os mais recentes, do Atlas de
Desenvolvimento Humano (elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Fundação João Pinheiro e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Pato
Branco possui um Índice de Desenvolvimento Humano alto (0,782). O dado
relevante que merece destaque é o da longevidade (IDHM), que, segundo o Atlas
aponta esse quesito como o item mais elevado na composição do índice geral. A
longevidade chega a número de 0,845, seguida pelo índice de Renda per capita da
população geral, marcando 0,778, e do índice sobre a Educação na população total
do município, com índice de 0,728 (Dados disponíveis na homepage do Altas para
consulta: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/pato%20branco_pr).
Segundo dados do IBGE e do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município
(PMPI – 2017) a população idosa do município teve um crescimento de 4,9% em
média ao ano, entre os anos 2000 e 2010 (PMPI, 2017, p. 20). Os principais
indicadores que merecem atenção estabelecem uma população idosa de 4.242
idosos na faixa etária de 60 a 69 anos e de 2.944 com mais de 70 anos. Desse total,
3.180 são do sexo masculino e 4.006 do sexo feminino (PMPI, 2017, p. 21-28). Da
população total de idosos (7.186), 5.029 recebem benefício da Previdência Social,
710 recebem algum benefício de caráter assistencial, 1992 realizam alguma
atividade laboral formal e/ou informal. Em torno dos indicadores de educação, sabe-
se que 5.321 não possuem instrução e/ou ensino fundamental incompleto, 754
possuem ensino médio completo e/ou superior incompleto e 129 com superior
completo (PMPI, 2017, p. 34).
Como aponta o Atlas do Desenvolvimento Humano já citado, a evolução da
Longevidade tem os seguintes marcos: em 1991, a Esperança de vida ao nascer era
de 67,90 anos e o IDHM era de 0,715. Em 2000 passou para 73,17 anos e IDHM de
0,803, e por fim, o último dado de 2010 apontou IDHM de 0, 845 e 75,72 anos de
idade. Os indicativos são claros da melhoria da qualidade e expectativa de vida, do
aumento da população com idade superior a 60 anos no Município, acompanhando
a tendência mundial de crescimento da população de idosos. Abaixo, a figura 2
localiza o município de Pato Branco em relação ao país e estado.
52
Figura 2: Mapa de Localização Pato Branco – PR
Fonte: Equipe Central de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco – Adaptado do IBGE
(2010) e Google Maps (2018).
Esse cenário repercute em resultados de um estudo sobre “As 40 melhores
pequenas cidades para envelhecer” divulgado pela Exame.com.5. Segundo a
reportagem, das 348 cidades brasileiras com 50 mil e 100 mil habitantes, 40 delas
se destacam por oferecer boas condições de vida para pessoas acima de 60 anos,
conforme aponta o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, elaborado
pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, em parceria com a FGV. Esses
municípios foram classificados a partir de sete variáveis: Indicadores Gerais;
Cuidados de Saúde; Bem-Estar; Finanças; Habitação; Educação e Trabalho e
5 Disponível em https://exame.abril.com.br/brasil/as-40-melhores-pequenas-cidades-para-envelhecer/
53
Cultura e Engajamento, que receberam pesos com base nas principais
necessidades da população na terceira idade. Pato Branco ocupa a 11ª posição
entre os 5.570 municípios brasileiros, alcançando o 1º lugar no Paraná. Data: 05 de
maio de 2017.
Esse cenário corroborou para que, em 19 de julho de 2018, Pato Branco
fosse reconhecida pela Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) e
Organização Mundial da Saúde (OMS) como “Cidade Amiga do Idoso”, uma vez
que, nesse período, já apresentava as condições necessárias para tal, quais sejam:
políticas públicas e ações municipais voltadas para a população idosa, como
atividades socioeducativas, recreativas e esportivas realizadas em espaços públicos,
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Convivência para
Idosos, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Área de
Convivência Largo da Liberdade, Academias da Terceira Idade – ATI e Centro
Esportivo Unificado (CEU das Artes); Associações para idosos; ações educativas
oferecidas por turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), educação
continuada do idoso, ofertado pela Universidade da Terceira Idade (UNATI), sediada
na Faculdade de Pato Branco (FADEP), bem como oficinas profissionalizantes,
dentre outros; na prestação de serviço de acolhimento institucional para idosos,
conta com o Lar dos Idosos São Vicente de Paulo; Centro de Referência
Especializado em Assistência Social, Núcleo de Atenção à Saúde da Família
(NASF), profissionais da Saúde da Família, demonstrando a vinculação de projetos,
programas e serviços às diversas políticas municipais, as quais enfatizam a defesa
dos direitos, estimulando a participação cidadã e melhorando a qualidade de vida
dos idosos.
Conta também com o Conselho Municipal dos Direitos do Idoso de Pato
Branco, o qual colaborou diretamente na criação, implementação e execução de
políticas públicas que atendem às necessidades e demandas dos idosos,
necessárias ao processo de certificação, quais sejam: Fundo Municipal do Idoso,
Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco (2018-2021), Plano
de Ação do Programa Cidade Amiga do Idoso do Município de Pato Branco, assim
como secretarias e departamentos ágeis e competentes, a exemplo da Secretaria
Municipal de Assistência Social que coordenou o processo de certificação
internacional na sua íntegra.
54
Para a obtenção dessa certificação, percorreu-se trajetórias com intensa
movimentação da sociedade pato-branquense, como um todo, que, em uníssono,
agregou-se em prol dessa causa.
E essa movimentação se encontra relatada neste documento, em duas
partes, a saber: na Parte I: O Processo de Certificação Internacional do Município de
Pato Branco-PR na Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas dos
Idosos/OMS, explana-se a dinâmica empreendida pelos atores municipais para a
certificação do município na referida Rede Global, da OMS; na Parte II O Processo
Da Pesquisa “Pato Branco – Cidade Amiga do Idoso: Primeiro Diagnóstico para o
Envelhecimento Ativo de seus Cidadãos” (2018/2019), descreve-se a trajetória da
pesquisa diagnóstica, desde a constituição do Projeto de Pesquisa e Extensão,
passando pelos procedimentos de coleta dedados, apresentação dos resultados e
de sugestões, até a apresentação desse documento – relatório final.
PARTE I: O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL DO MUNICÍPIO
DE PATO BRANCO-PR NA REDE GLOBAL DE CIDADES E COMUNIDADES
AMIGAS DOS IDOSOS/OMS
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para a certificação
internacional de um município na Rede Global Cidades e Comunidades Amigáveis à
Pessoa Idosa é necessário que este apresente e se cumpram determinadas
exigências, dentre as quais, algumas delas delinearemos, na sequência.
O município de Pato Branco, localizado na região sudoeste do Paraná, obteve
a certificação internacional nesta Rede, em 19 de junho de 2018, em razão de se
considerar que já apresentava condições exigidas para tal, sendo que a pesquisa
diagnóstica já estava em andamento. Com efeito, passa-se a relatar algumas das
etapas percorridas para se atingir esse intento.
Para a obtenção da referida certificação atribuída pela OMS, os atores
municipais necessitaram trilhar um longo percurso, permeado por ações específicas
voltadas para tal objetivo.
Para melhor compreensão desse processo apresenta-se as trajetórias
percorridas pelos envolvidos diretamente – munícipes e suas organizações
governamentais e não-governamentais, no período que compreende 2017 a 2019.
55
1.1 TRAJETÓRIAS DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL DO
MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR (2017-2019)
Muitos foram os atores pertencentes a organizações, instituições públicas,
privadas e da sociedade civil envolvidos no processo de certificação internacional do
Município de Pato Branco no Programa Cidades e Comunidades Amigáveis à
Pessoa Idosa (OMS/OPAS), quais sejam: Prefeitura Municipal de Pato Branco,
Secretarias e Departamentos Municipais, Comissão Rotária de Pato Branco,
Conselho Municipal dos Direitos do Idoso, Comitê Gestor, UTFPR campus Pato
Branco e representantes da sociedade civil. É mister destacar que o processo de
certificação no referido município esteve sob a coordenação da Secretaria Municipal
de Assistência Social, com a coordenação técnica da OPAS/OMS, além de
assessoria técnica parlamentar.
As ações expostas nesta seção, organizadas em Etapas 1 a 4, pela Equipe
Central de Pesquisa, embasam-se em registros compartilhados pela Comissão
Rotária de Pato Branco, pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Pato
Branco, Comitê Gestor do Programa Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa
Idosa.
ETAPA 1: MOVIMENTOS DE SENSIBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE PATO-
BRANQUENSE
Período: Março de 2017 a julho 2019.
Dentre as principais etapas para a certificação internacional do município
realizaram-se diversas ações e intervenções de sensibilização da comunidade pato-
branquense, como se mostram, na sequência.
Em Pato Branco-PR, a proposta de certificação do município, no Programa
Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa (OMS/OPAS), originou-se a
partir de uma visita ao Lar dos Idosos São Vicente de Paulo por rotarianos do Clube
Vila Nova de Pato Branco – Baldoino Rech, Clovis Simionato, Danilo Terres,
Giovana Orlandini, Jair dos Santos, Mari Kuchinski dos Santos e Adrione Pasa,
acompanhados pela Deputada Federal Leandre Dal Ponte e seu assessor
56
parlamentar Ito de Oliveira, quando se mencionou, pela primeira vez, a expressão
“Cidade Amiga do Idoso”. Data: 18 de março de 2017.
Na sequência, o Rotary Club Vila Nova de Pato Branco aprova, em reunião, o
Programa “Cidade Amiga do Idoso” a ser proposto para o Município de Pato Branco-
PR. Data: 20/03/2017.
Em reunião, cinco clubes de Rotary de Pato Branco assumem conjuntamente
o Projeto “Cidade Amiga do Idoso” a ser proposto para o Município de Pato Branco-
PR, elegendo-se uma Comissão Rotária, formada por: Ivan Orlandini (Presidente),
Vagner Viganó (Vice-Presidente), Patrícia Belé (Secretária). A partir desse período,
os trâmites para dar seguimento ao referido Projeto foram assumidos pela Comissão
Rotária, com assessoria técnica designada pela Deputada Federal, Leandre Dal
Ponte. Data: 28/03/2017.
Reunião de sensibilização, junto à comunidade rotária, com a participação de
todos os Clubes, foi conduzida por Jovelina Chaves da Silva Santos, Assessora
Parlamentar e Assessora Técnica do Programa Cidade Amiga do Idoso, que
apresentou, além do Estatuto da Pessoa Idosa, dados e informações sobre a pessoa
idosa no Brasil e em outros países, problemas, demandas, impactos na motivação
de engajamento ao programa. Data: 23 de maio de 2017. Dando continuidade a esse processo de sensibilização, a Comissão Rotária e
a Assessora Jovelina Chaves da Silva Santos participaram da primeira reunião com
o Prefeito de Pato Branco, Augustinho Zucchi, apresentando-lhe a importância de
Pato Branco tornar-se “cidade amiga da pessoa idosa”, mediante um programa de
melhoria da qualidade de vida para essa população e, consequentemente, para
todas as idades. O Prefeito declarou total apoio ao programa. Data: 21 de junho de
2017. Ainda, os rotarianos realizaram um fórum de sensibilização para apresentar o
Programa às instituições públicas e privadas e não-governamentais, e à
comunidade, em geral, convidando-o(a)s para se integrarem. Data: 27 de julho de
2017. Em 2018, como atividade fundamental voltada à população idosa de Pato
Branco, realizou-se a VII Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de
Pato Branco-PR, organizada pelo Conselho Municipal dos Direitos do Idoso e
coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, com a participação da
sociedade civil, secretarias municipais, legislativo municipal, instituições públicas de
57
atendimento ao idoso, associações comunitárias, grupos de idosos, instituições de
ensino. Nesta ocasião, a Equipe de Pesquisa da UTFPR participou dos quatro
Grupos, divididos por eixos, para a coleta de dados qualitativos. Data: 22/11/2018.
Local: Largo da Liberdade.
Dentre as demais ações de sensibilização, registrou-se o “Dia Ativo
Municipal”, promovido pelas Secretarias Municipais de Assistência Social, Esporte e
Lazer e Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa com apoio da Secretaria
Municipal de Saúde, Comissão Rotária e UTFPR Campus Pato Branco. Data:
28/06/2019.
Essas mobilizações e intervenções da/na sociedade civil, organizações
governamentais e não-governamentais e parlamentares demonstram os esforços
conjuntos da sociedade pato-branquense para a consolidação do processo de
certificação e permanência do município na Rede Global da OMS.
ETAPA 2: LANÇAMENTO DO “PROJETO CIDADE AMIGA DO IDOSO”, NO
MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR E ADESÃO DA UTFPR.
Período: Agosto a setembro de 2017.
O lançamento oficial do “Projeto Cidade Amiga do Idoso”, ocorreu em ato
solene, no Teatro Municipal Naura Rigon, cujo evento contou com a presença de
representantes de grupos de idosos, lideranças políticas, membros da comunidade
rotária, bem como representantes de instituições de ensino superior e
representantes da maioria das entidades pato-branquenses. Conforme a
programação oficial, a palestra com a Prof.ª Ina Voelcker, Gerontóloga alemã
(Mestre em Políticas Públicas e Envelhecimento, no King’s College) objetivou
sensibilizar os participantes para a importância do olhar para o mundo, também
sobre a ótica do idoso. Na ocasião, anunciou-se como uma das etapas do processo
de certificação internacional a realização de uma pesquisa qualitativa e quantitativa
para se obter “um diagnóstico da percepção dos idosos com relação a cidade e suas
principais necessidades”. Representando a UTFPR, estiveram presentes a servidora
Marcia Rosane Balbinotti de Lourenço e a mestranda Suelyn Maria Longhi de
Oliveira (PPGPS). Data: 24 de agosto de 2017.
No mês vindouro, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR –
campus Pato Branco, por intermédio da Diretoria de Relações Empresariais e
58
Comunitárias (DIREC), sob responsabilidade do professor Neimar Follmann,
oficializa junto aos parceiros, Comissão Rotária e Secretaria Municipal de
Assistência Social, a sua participação para acompanhar as ações do processo de
certificação e desenvolver a pesquisa diagnóstica junto à população idosa do
município, como uma das exigências para a certificação do Município na Rede
Global de Cidades e Comunidades Amigas dos Idosos (Global Network for Age-
friendly Cities and Communities, OMS). Data: 21 de setembro de 2017.
O Projeto “Projeto Cidade Amiga do Idoso” foi lançado também na UTFPR
Campus Pato Branco, integrando as parcerias, as comunidades internas e externa
na ocasião foram abordados os temas: “Pessoa Idosa, Longevidade e
Acessibilidade”, pela Leandre Dal Ponte, Deputada Federal e Engenheira Civil; “Os
Desafios da Acessibilidade”, por Sergio Yassuo Yamawaki, Presidente Comissão
Acessibilidade CREA-PR, com a mediação do Arquiteto, Glauco Zandoná Gabaldo.
Data: 04/12/2017. Local Anfiteatro da UTFPR.
Também se percebe que, nesse período, a movimentação dos atores para o
lançamento do “Projeto Cidade Amiga do Idoso” e a adesão da UTFPR campus Pato
Branco, como instituição responsável pelo desenvolvimento e execução de pesquisa
diagnóstica.
ETAPA 3: A CERTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO-PR NA REDE
GLOBAL DE CIDADES E COMUNIDADES AMIGAS DOS IDOSOS/OMS
Período: Setembro de 2017 a Junho de 2018.
Somando-se às demais exigências para a certificação no referido Programa,
são pré-requisitos a existência de políticas públicas municipais, como: Fundo
Municipal da Pessoa Idosa, Plano Municipal da Pessoa Idosa e Plano de Ação do
Município. Em vista disso, estes foram efetivados em Pato Branco.
O Fundo Municipal dos Direitos do Idoso foi regulamentado pelo Prefeito,
Augustinho Zucchi, com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social e sob
o gerenciamento e fiscalização do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso. Data:
setembro de 2017.
A criação do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco
envolveu todas as parcerias – secretarias e departamentos municipais, Comissão
Rotária e Equipe de Pesquisa da UTFPR, as quais participaram de reuniões de
59
orientações com a Dra. Haydee Padilha, Coordenadora da Unidade Técnica Família,
Gênero e Curso de Vida, com o apoio técnico da consultora Dra. Karla Lisboa
Ramos (OPAS/OMS). Data: 16 e 17 de outubro de 2017.
Nesse período, destaca-se a assinatura do Termo de Compromisso entre a
Prefeitura Municipal (assinado pelo Prefeito Augustinho Zucchi) e a Organização
Mundial da Saúde (OMS/OPAS), como uma das exigências para a certificação
internacional de Pato Branco no Programa Cidades e Comunidades Amigáveis à
Pessoa Idosa. Data: 17 de outubro de 2017.
O Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco (2018-
2021), aprovado pela Resolução 003/2017, do Conselho Municipal dos Direitos da
Pessoa Idosa, foi coordenado pelo poder público municipal, com a participação de
entidades e associações da pessoa idosa, sociedade civil e representantes da
Equipe de Pesquisa da UTFPR, campus Pato Branco. Este documento é orientado
por eixos que compõem o Estatuto do Idoso Lei n.º 10.741, de 1º de Outubro de
2003, a saber: Direito à Saúde, Educação, Cultura, Esporte e Lazer,
Profissionalização e Trabalho, Assistência Social, Habitação e Urbanismo,
Transporte, além de ações transversais, considerando-se que estas permeiam os
demais eixos abordados, conforme exposto na Figura 3. As ações planejadas para
este Plano Municipal da Pessoa Idosa foram desenvolvidas a partir de indicadores
municipais com base em dados do IBGE (2010), Registro Mensal de Atendimentos –
RMA do MDS, CadÚnico, e prontuários municipais de secretarias que desenvolvem
ações voltadas a população idosa.
O referido Plano Municipal da Pessoa Idosa de Pato Branco agrega um plano
de ação Intersetorial, compreendendo os anos de 2018-2021, com vistas ao alcance
de metas capazes de transformar a realidade que se apresenta na atualidade. Data:
23/10/2017.
60
Figura 3: Eixos Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco (2018-2021)
Fonte: Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco (2018-2021) (2017, p. 44)
Também se destacam as diversas reuniões voltadas para a elaboração e a
revisão do Plano de Ação do Programa Cidade Amiga do Idoso do Município de
Pato Branco (2018-2021), pautado nos Eixos do Plano Municipal da Pessoa Idosa
do Município de Pato Branco (2018-2021), correspondendo aos Eixos do Guia
Global (OMS, 2008), no qual destacam-se aspectos, como: Objetivos, ações,
atividades específicas das ações, metas, prazos, executores, parceiros, indicadores
de resultados. Data: Dezembro de 2017.
Este documento consiste em um Plano de Ações de quatro (4) anos com
acompanhamento e monitoramento do Comitê Gestor do Programa Cidades e
Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa, o que deverá ser constante, de forma que
seja analisado e revisto a cada ano, a contar do ano de 2018, sendo que, em 2021,
realizar-se-á, pelo Conselho Municipal dos Direitos dos Idosos, CMDI, uma avaliação
geral, em relação a execução do referido documento, analisando-se quais ações
foram desenvolvidas, contemplando as lacunas ainda existentes na Política da
Pessoa Idosa.
O Município de Pato Branco passou a fazer parte da Rede Global de Cidades
e Comunidades Amigas dos Idosos (Global Network for Age-friendly Cities and
Communities), coordenada pelo Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida
61
(ALC), na Sede da OMS: https://extranet.who.int/agefriendlyworld/network/pato-
branco/ mediante a submissão de documentos requisitados pela OMS. Data:
fevereiro de 2018.
Neste período, como mais uma das ações de sensibilização da comunidade
pato-branquense foi promovido o 1º “Encontro Cidade Amiga do Idoso”, com
atividades de recreação, lazer, jogos lúdicos, roda de chimarrão, entre outras
atrações, pela Prefeitura Municipal, coordenado pelas Secretarias de Assistência
Social, Saúde, Esporte e Lazer, com o apoio da Comissão Rotária e Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Data: 07/04/2018. Local: Largo da
Liberdade.
Em razão dos preparativos do cerimonial para a certificação internacional do
município na referida Rede Global mencionada, acima, diversas reuniões foram
realizadas com a participação de todas instituições parceiras. Datas: 31/05, 08/06,
13/06.
Um dia antes da cerimônia de certificação de Pato Branco, os parceiros –
Comissão Rotária, Secretaria de Assistência Social e Equipe Central de Pesquisa da
UTFPR –, com a presença da Dra. Haydee Padilla, Coordenadora da Unidade
Técnica da Família, Gênero e Curso de Vida da OPAS/OMS no Brasil da consultora
externa Dra. Karla Lisboa Ramos OPAS, foram convidados pela comunidade
beltronense a participar de reunião na Associação dos Municípios do Sudoeste do
Paraná (AMSOP/Francisco Beltrão) para partilhar esta experiência vivenciada por
Pato Branco. Data: 18/06/2018.
Após quinze (15) meses, a ideia de tornar Pato Branco em “Cidade amiga do
idoso”, materializa-se. O município recebe a certificação internacional no Programa
Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa, concedida pela Organização
Pan-americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
representadas pela coordenadora da Unidade de Família, Gênero e Curso de Vida
da OPAS/OMS no Brasil, Dra. Haydee Padilla. Data: 19/06/2018. Local: Largo da
Liberdade.
Com isso, Pato Branco tornou-se a terceira (3ª) cidade do Brasil e a primeira
(1.ª) do Paraná a obter essa certificação, formando o grupo de quatro municípios no
País, a saber: Veranópolis, Porto Alegre e Esteio (que foi a quarta cidade), estas
localizadas no Estado do Rio Grande do Sul.
62
ETAPA 04: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO: COMITÊ
GESTOR
Período: Junho/2018 a Julho/2019
Para o monitoramento e avaliação do referido processo foi instituído o Comitê
Gestor do Programa Cidade e Comunidades Amigáveis com a Pessoa Idosa, pelo
Decreto Municipal n.º 8.336, de 8 de junho de 2018. Data: 08/06/2018.
Em seguida, para dar efetividade ao referido decreto, realizou-se reunião com
as parcerias envolvidas, coordenada pela Secretaria de Assistência Social, visando
a composição do Comitê Gestor Cidade Amiga. Data: 15/06/2018.
Em vista disso, desde então, os membros do Comitê Gestor reúnem-se
mensalmente visando dar efetividade ao monitoramento e à avaliação das ações do
Plano de Ação do Programa Cidade Amiga do Idoso do Município de Pato Branco.
Para tanto, em meados de 2019, como estratégia de acompanhamento e
monitoramento foram formadas subcomissões, as quais realizaram visitas in loco,
bem como reuniões nas secretarias municipais levantando informações sobre as
ações realizadas por estas. A sistematização desse trabalho está disponível no
documento “Acompanhamento e Monitoramento das Ações, Atividades e Metas
Constantes no Plano de Ação Cidade Amiga da Pessoa Idosa”, de maio de 2019.
Neste documento salienta-se que, pelo menos, uma vez ao ano, compete ao
Comitê Gestor a tarefa de compilar e organizar as informações coletadas. Destaca
também que, em 2019, em especial, após a conclusão do monitoramento, poderão
ser inclusas novas metas, excluídas e/ou alteradas a partir: a) do resultado da
pesquisa desenvolvida pela UTFPR, b) das propostas apresentadas na Conferência
Municipal dos Direitos do Idoso (22/11/2018) e, c) ainda das informações relativas às
ações constantes no Plano de Ação.
63
PARTE II: O PROCESSO DA PESQUISA DIAGNÓSTICA “PATO BRANCO –
CIDADE AMIGA DO IDOSO: PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARA O
ENVELHECIMENTO ATIVO DE SEUS CIDADÃOS” (2018/2019)
2.1. TRAJETÓRIAS DA PESQUISA DIAGNÓSTICA
Período: Fevereiro de 2018 a Julho de 2019.
Em 21/09/17, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR –
campus Pato Branco oficializa a sua participação no Projeto “Cidade Amiga do
Idoso”, por intermédio da Diretoria de Relações Comunitárias e Empresariais
(DIREC), com missão técnica e científica, no que tange às ações da Prefeitura
Municipal de Pato Branco para a certificação do município no Programa Cidades e
Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa (OMS/OPAS), além disso, assume o
compromisso de, em 2018, coordenar a aplicação de pesquisa diagnóstica para
sondar e diagnosticar demandas das pessoas idosas do município sobre melhorias
na sua qualidade de vida, em todos os aspectos, bem como sobre necessidades e
melhorias na infraestrutura de serviços municipais.
Para isso, a Diretoria mencionada, acima, propôs a composição de uma
Equipe de Pesquisa, convidando alguns pesquisadores da instituição. Estes
propuseram o caráter multidisciplinar e interinstitucional à equipe, formada por
professores, técnicos administrativos e acadêmicos voluntários da UTFPR Campus
Pato Branco, professores e acadêmicos da Faculdade de Pato Branco,
representantes da Comissão Rotária, representantes da Prefeitura Municipal,
representantes da Faculdade de Pato Branco (FADEP), representantes da Pastoral
da Pessoa Idosa, representantes da comunidade civil, dispostos a participar desta
ação, pela sensibilização, interação e comprometimento com a temática da pessoa
idosa.
Os componentes organizaram-se em Equipe Central de Pesquisa da UTFPR
(15 pessoas), com mais cinco (05) líderes colaboradores (Comissão Rotária, FADEP
e Pastoral da Pessoa Idosa), totalizando vinte (20) líderes de Equipes. Foram
compostas 20 Equipes de Pesquisa (com dois a cinco componentes cada uma),
contabilizando cerca de 75 pessoas envolvidas na coleta de dados.
Em vista disso, diversas foram as etapas desenvolvidas pelas Equipes na
elaboração e execução da referida pesquisa, as quais são demonstradas, a seguir.
64
ETAPA 1: PROJETO DE PESQUISA E APROVAÇÃO NO CEP/UTFPR
Período: Fevereiro a junho de 2018
Para a execução da pesquisa diagnóstica, solicitada pela Prefeitura Municipal
e OMS/OPAS, várias ações foram demandadas aos membros da Equipe Central,
quais sejam:
1) Reuniões de leitura e estudos de projetos e pesquisas, dessa natureza, já
executados no Brasil e no exterior (fevereiro/março);
2) Reuniões com representante do Comitê de Ética em Pesquisa (UTFPR) para
verificar as exigências de apresentação e execução do projeto ao CEP, bem
como reuniões para orientação sobre as normas de tal projeto junto a este
órgão (fevereiro/março/abril);
3) Reuniões com representantes das parcerias – Secretaria Municipal de
Assistência Social, Comissão Rotária, Assessora Parlamentar, dentre outros,
com a seguinte Pauta: tipologia do projeto, problema, objetivos e abrangência
da população a ser investigada (março);
4) Seleção da amostragem, da população a ser investigada e das instituições
participantes (março);
5) Organização da documentação exigida pelo CEP para a submissão do Projeto
(março/abril);
6) Visitas a instituições/entidades que atuam com pessoas idosas em Pato
Branco para convite, exposição da pesquisa diagnóstica e coleta de
assinaturas dos participantes internos e externos, em documentos exigidos
pelo CEP (abril);
7) Reuniões para orientações a membros da equipe sobre cadastro do currículo
na Plataforma Brasil (abril);
8) Apresentação do Projeto de Pesquisa, caracterizado como pesquisa e
extensão, às instituições parceiras: Secretaria Municipal de Assistência Social,
Comissão Rotária, Assessora Parlamentar, e comunidade interna e externa
(abril/maio/junho);
65
9) Submissão do Projeto “Pato Branco – Cidade Amiga do Idoso: primeiro
diagnóstico para o envelhecimento ativo de seus cidadãos” ao CEP-UTFPR
(maio).
10) Aprovação do Projeto pelo CEP-UTFPR, Parecer n.º 2.703.483, e
comunicação do resultado às parcerias (junho/2018).
ETAPA 2: PLANEJAMENTO PARA A COLETA DE DADOS QUANTI-
QUALITATIVOS
Período: Maio a agosto de 2018.
Várias foram as demandas de planejamento e treinamento das Equipes de
Pesquisa realizadas pela Equipe Central, a saber:
1) Planejamento/metodologia para as sessões de treinamento das Equipes
para a coleta de dados a campo (maio);
2) Elaboração de texto de orientação sobre Boas Práticas e Ética na Pesquisa
com Seres Humanos (maio);
3) Primeira Oficina para a Coleta de Dados: Ferramenta Epi Info (maio);
4) Reuniões com chefias da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e
Inovação de Pato Branco para o desenvolvimento de aplicativo online para
a coleta de dados quantitativos (maio/junho/julho);
5) Testagens do instrumento de coleta de dados – questionário estruturado,
com amostragem de 06, 30 e 103 pessoas idosas, não participantes da
pesquisa oficial (abril/maio);
6) Sessão Pública – Exame de Qualificação da primeira Dissertação
abordando a temática: Ergonomia Dos Espaços Públicos Urbanos:
Adequação do Município de Pato Branco à População Idosa, da mestranda:
Suelyn Maria Longhi de Oliveira (PPGEPS) (maio);
7) Reunião da Equipe da UTFPR e Comissão Rotária com a professora
Ornella Bertuol e professores da Faculdade de Pato Branco – FADEP da
Área da Saúde para convite aos interessados na participação da coleta de
dados do projeto de pesquisa diagnóstica (junho);
66
8) Convite aos líderes de instituições que atuam com idosos, em Pato Branco,
para participarem de reunião na UTFPR Campus Pato Branco para o
conhecimento da pesquisa diagnóstica (junho);
9) Reuniões com as Equipes de Pesquisa para o conhecimento dos seus
locais de pesquisa a campo (junho);
10) Oficinas de Treinamento com as Equipes de Pesquisa para a coleta de dados
quantitativos e Boas Práticas e Ética na Pesquisa (junho/julho/agosto);
11) Reunião com a participação de líderes das instituições que atuam com
idosos, em Pato Branco, para apresentação do Projeto e convite às
instituições para a sua participação, com a presença de todas as parcerias
(julho);
12) Oficinas de Treinamento para as Equipes de Pesquisa para uso do
aplicativo para a coleta de dados quantitativos (agosto).
ETAPA 3: PESQUISA A CAMPO: A COLETA DE DADOS QUANTI-
QUALITATIVOS
Período: Agosto a dezembro de 2018.
A etapa de coleta de dados demandou diversas ações, como:
1) Visitas de cortesia pelas Equipes de Pesquisa às instituições que atuam
com idosos, em Pato Branco, para convidar as pessoas idosas para
participarem da pesquisa diagnóstica e levar ao seu conhecimento a
importância da referida pesquisa (julho/agosto);
2) Agendamento das Equipes de Pesquisa com as instituições que atuam com
idosos, em Pato Branco, para a coleta de dados quantitativos (julho/agosto);
3) Coleta de dados quantitativos junto à população idosa do Município de
Pato Branco, em especial, em instituições selecionadas que atuam com
idosos, em Pato Branco, mediante aplicativo online para dispositivos
móveis, com 598 pessoas idosas (setembro/outubro/novembro/dezembro);
4) Acompanhamento por membros da Equipe Central da devolutiva dos
questionários na base de dados da Secretaria Municipal de Ciência,
Tecnologia e Inovação, com o apoio técnico de Johnny Rockembach
Kraemer (setembro/dezembro);
67
5) Alteração quanto às respostas livres para questões obrigatórias no
questionário, com o apoio técnico Secretaria Municipal de Ciência,
Tecnologia e Inovação (setembro);
6) Oficinas de Treinamento para a coleta de dados qualitativos junto à
população idosa de Pato Branco-PR (novembro);
7) Coleta de dados qualitativos por parte das Equipes de Pesquisa durante a
VII Conferencia Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Pato Branco-PR,
com 350 participantes (22/11/2018).
8) Finalização da pesquisa de campo quantitativa pelas Equipes de Pesquisa
(dezembro);
9) Emissão de declarações de participação na Pesquisa, pelo Departamento
de Extensão, da UTFPR Campus Pato Branco (novembro/dezembro).
ETAPA 4: RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA DIAGNÓSTICA
Período: Fevereiro/julho/2019.
1) Reuniões de representantes da Equipe Central na Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Inovação, com Johnny Rockembach Kraemer para contato
com os dados quantitativos coletados por parte da Equipe Central
(dezembro de 2017 a fevereiro/março/abril de 2018);
2) Reuniões por parte da Equipe Central para: a) Tratamento dos dados
quantitativos e qualitativos; b) Elaboração do Relatório Final por parte da
Equipe Central; c) Organização da apresentação do Relatório; d)
Elaboração e ajustes finais do texto do relatório (março/julho).
3) Apresentação do Relatório Final de Pesquisa, na UTFPR Campus Pato
Branco, às parcerias e à população idosa (12/07/2019);
4) Apresentação do Relatório Final de Pesquisa ao Comitê Gestor, às
Secretarias Municipais, à Câmara Municipal e nas instituições participantes
da pesquisa (Julho/agosto/2019).
5) Entrega oficial do texto do Relatório Final da Pesquisa Diagnóstica
(Julho/2019).
68
2.2. PERCURSOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA DIAGNÓSTICA PARA
“ESCUTAS” JUNTO À POPULAÇÃO IDOSA (2018)
Período: Agosto a dezembro de 2018
ETAPA 1: BASES CONCEITUAIS E TEÓRICO-METODOLÓGICAS
Além dos documentos técnicos norteadores, a saber: “Active Ageing: a policy
framework” (Documento de 2002 da OMS), “Envelhecimento Ativo: uma política de
saúde” (OMS, 2005), “Guia Global” (OMS, 2008), “Relatório Mundial de
Envelhecimento e Saúde” (OMS, 2015), utilizamos, além da Análise de Conteúdo de
Bardin (2016), os referenciais metodológicos da História Oral e suas técnicas de
escuta e coleta de dados. Dentre os estudos que apoiaram nossa ação de pesquisa
em campo, destacamos: “A voz do passado” (1992) de Paul Thompson, “Memória e
História” (1990) de Jacques Le Goff, “Manual de História Oral” (2000) de José Carlos
Sebe Bom Meihy, “A memória, a história, o esquecimento” (2007) de Paul Ricoeur,
“La gestion des passion politiques” (1983) de Pierre Ansart, “A Política e a felicidade”
(2000) de Remo Bodei e Luigi Franco Pizzolato, “Memória e Identidade” (2018) de
Joel Candau, “A velhice” (2018) de Simone de Beauvoir, “Memória e Sociedade”
(1994) de Ecléa Bosi, “A memória coletiva” (2013) de Maurice Halbwachs, “Matéria e
memória” (1999) de Henri Bergson, “Usos & abusos da História Oral” de Marieta
Ferreira e Janaína Amado, “O desafio biográfico” de François Dosse, além de Pierre
Nora (1993) e sua discussão sobre os lugares de memória.
Não cabe no espaço deste relatório uma longa discussão teórica sobre estes
autores e obras, mas é fundamental demarcar alguns elementos e conceitos
norteadores da nossa discussão teórico-metodológica que constituem o escopo
geral de nosso trabalho de campo. Os principais conceitos norteadores foram o de
“memória”, “identidade” e “histórias de vida”. Assim, é fundamental distinguir a
“História” da “memória”. De modo sintético, a memória é viva, já a História é o saber
que, inclusive, pode se ocupar da memória como matéria de seu ofício. Segundo
Paul Ricouer em diálogo com os estudos pioneiros de Bergson e Halbwachs,
delimita a memória e relaciona a memória individual a memória coletiva. Na sua
reflexão a memória tem uma tripla dimensão: se refere “a si, aos próximos, aos
outros” (RICOEUR, 2007, p.142). Ou seja, a memória não é atributo, apenas
69
individual, mas carrega consigo o espaço da alteridade, portanto, parte integrante
das identidades individuais e coletivas.
Essa perspectiva, de redimensionamento teórico da memória coaduna com o
esforço de Pierre Ansart, para o qual as experiências coletivas sociais soreram um
processo de exclusão do ideário político contemporâneo. Segundo Ansart: “La
science potitiviste choisit d’eliminer de son observation ces expérienres quotidiennes
pour ne retenir de La ‘réalité’ politique que ce qui peut faire l’objet d’une traduction
rationalisante”6 (ANSART, 1983, p. 7). O ponto central é a crítica aos estudos das
ciências sociais que negligenciaram por muito tempo o papel dos sentimento e das
sensibilidades nos processos políticos e nas instituições políticas. Para tanto, Ansart
ressalta o fato de que: “As emoções, os sentimentos, as paixões encontram-se
presentes nas instituições, nas decisões, nos fatos políticos e fazem parte da
experiência cotidiana” (ANSART, 2001, p.146).
Por fim, é importante ressaltar que a velhice é, não penas uma questão social
de nosso tempo, mas também um espaço diacrônico de abertura de horizontes de
expectativas, para utilizar a expressão de Reinhart Koselleck (2006). Em outras
palavras, o tempo vivido e narrado pelos idosos articula a constituição de uma
comunidade e suas relações com o tempo passado, elemento estruturante de sua
identidade, e futuro, elemento estruturante de projetos políticos e políticas públicas.
ETAPA 2: PROBLEMÁTICA, TIPOLOGIA DA PESQUISA, OBJETIVOS
Período: Fevereiro a abril de 2018.
A Equipe Central de Pesquisa atribuiu ao Projeto de Pesquisa o título “Pato
Branco – Cidade Amiga do Idoso: primeiro diagnóstico para o envelhecimento ativo
de seus cidadãos”, em razão de seu propósito principal.
Pela sua propositura e objetivos, caracterizou-se como pesquisa de campo
exploratório-descritiva e de inovação tecnológica, sob abordagem quali-quantitativa.
Sobre esse tipo de pesquisa, Triviños (2009) auxilia-nos a argumentar que as
pesquisas exploratório-descritivas possibilitam que o pesquisador perceba o
fenômeno estudado em toda sua complexidade, de maneira a dar visibilidade a um
6 Tradução livre: “A Ciência Positivista elimina seu observador destas experiências de retenção a partir da “realidade” que afirmaria a política como uma tradução realista”. In: ANSART, 1983, p.7.
70
fator social, elevar a experiência do pesquisador e permitir a descrição dos fatos e
fenômenos de uma determinada realidade.
No que tange à abordagem qualitativa, esta, por sua vez, possibilitou uma
aproximação entre sujeito e o objeto, o que propiciou captar os motivos, as
intenções, os projetos dos atores, a partir dos quais as ações, as estruturas e as
relações tornam-se significativas. Em vista disso, destaca Minayo (2010), mergulha-
se no universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos
valores e das atitudes da população pesquisada.
O objetivo geral da pesquisa consistiu em realizar um diagnóstico sobre
necessidades e condições materiais de vida da população idosa do município de
Pato Branco-PR, em relação a oito eixos constantes no Guia Global (OMS, 2008) e
um nono eixo (o último) proposto pelo Documento Técnico “Estratégia Brasil Amigo
da Pessoa Idosa” (MDS, 2018): 1) Espaços abertos e prédios; 2) Transporte;
Moradia; 3) Participação social; 4) Respeito e inclusão social; 5) Participação cívica
e emprego; 6) Comunicação e informação; 7) Apoio comunitário e serviços de
saúde; 8) Oportunidades de aprendizagem; 9) Protagonismo local.
Para tanto, estabeleceram-se como objetivos específicos: 1) identificar
características gerais dos idosos, relacionadas a: gênero, etnia, estado conjugal,
idade, escolaridade, situação financeira, composição familiar e ocupação; 2)
identificar necessidades e condições materiais de vida da população idosa e
cuidadores de idosos, de profissionais de instituições prestadoras de serviços de
atendimento a idosos e profissionais de órgãos públicos do município.
ETAPA 3: SELEÇÃO DA AMOSTRAGEM: CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E
EXCLUSÃO
A Equipe Central, após vários momentos de diálogos e estudos de outros
projetos e relatórios semelhantes, delimitou a amostragem da população a ser
pesquisada, conforme segue, em razão de limitações estruturais dos membros da
Equipe em realizar a pesquisa em bairros e domicílios.
Inicialmente, a amostra foi definida por, pelo menos: a) 10%7 da população
7 O referido valor foi calculado pelo nível de confiabilidade de 95%, com margem de 4% de erro, conforme α de Cronbach.
71
total de idosos (ou cuidadores) residentes no município de Pato Branco-PR,
totalizando setecentas e quarenta e oito (748) pessoas, conforme estimativa
populacional do IBGE (2010), atendidas por instituições prestadoras de serviços de
atendimento a idosos; b) pelo menos vinte (20) profissionais responsáveis por
instituições prestadoras de serviços de atendimento a idosos; c) pelos menos
quatorze (14) profissionais responsáveis por secretarias e departamentos
municipais8.
Quanto aos critérios de exclusão e inclusão, os participantes foram assim
selecionados: a) Idosos e idosas maiores de 60 anos e/ou seus cuidadores maiores
de 18 anos, vinculados a uma das vinte (20) entidades municipais que atuam com
esse público. Excluíram-se idosos acometidos por doenças infectocontagiosas e
idosos encarcerados; b) Profissionais, de ambos os sexos, responsáveis por
instituições prestadoras de serviços de atendimento a idosos. Não se aplicam
critérios de exclusão para esse grupo; c) Profissionais, de ambos os sexos, que
atuam nos órgãos públicos mencionados anteriormente. Não se aplicaram critérios
de exclusão para esse grupo.
No que se refere ao recrutamento, os participantes foram assim convidados:
a) As pessoas idosas e seus cuidadores foram convidados diretamente nas
entidades que os atendem. Ressalta-se que esse público participa semanalmente
de atividades oferecidas pelas intuições supramencionadas. O transporte dessas
pessoas foi feito pela própria Prefeitura Municipal; b) Os profissionais, de ambos os
sexos, responsáveis por instituições prestadoras de serviços de atendimento a
idosos foram convidados da mesma forma que os idosos e cuidadores tendo em
vista que esses profissionais coordenam as atividades semanais nas suas
respectivas instituições; c) Os profissionais, de ambos os sexos, que atuam nos
órgãos públicos mencionados foram visitados em seus respectivos locais de
trabalho. Na ocasião fez-se o convite para a sua participação na pesquisa.
8 Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Secretaria Municipal de Administração e Finanças,
Secretaria Municipal de Agricultura, Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Secretaria Municipal de Engenharia e Obras, Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, Secretaria Municipal de Saúde, Departamento Municipal de Comunicação Social, Departamento Municipal de Cultura, Departamento Municipal de Trânsito.
72
ETAPA 4: INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a elaboração de instrumentos de coleta de dados, observando-se as
demais pesquisas dessa natureza, notou-se que a base das questões foram
orientadas pelo Guia Global (OMS, 2008), especialmente, o Protocolo de
Vancouver, desenvolvido e validado em trinta e três cidades (33) de vinte e dois (22)
países ao redor do mundo, entre 2006 e 2007 (WHO, 2007).
Assim, para a coleta de dados, contemplou-se protocolos de pesquisa,
como já apontados acima, quais sejam: o Guia Global (OMS, 2008) e o Documento
Técnico Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa (MDS, 2018), utilizando-se três
instrumentos: questionário estruturado (em duas seções: questões
sociodemográficas e questões por eixos); roteiro de entrevista por grupo focal e
entrevista em profundidade. As alternativas específicas para o questionário,
contavam com cinco respostas (escolhas) possíveis: “Importantíssimo”, “Muito
Importante”, “Importante”, “Não é Importante”, “Não sei Dizer”.
Ressalta-se que, em todas as ocasiões de coleta de dados, foram
apresentados os Termos de “Consentimento Livre e Esclarecido” e o “Termo de
Consentimento de Uso de Voz e Imagem”, aos que aceitaram participar de forma
voluntária e anônima, foi-lhes esclarecido a importância de sua participação para a
pesquisa e para o município de Pato Branco, com vistas a desenvolver ações para
estimular o envelhecimento ativo, oportunizando melhoria na saúde, segurança,
qualidade de vida priorizando diferentes necessidades e capacidades dessa
população.
ETAPA 5: TESTAGEM DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a testagem do instrumento de coleta de dados quantitativo, foi aplicada
uma amostral inicial do questionário, impressa, a um grupo aleatório com 10
pessoas idosas (com 60 anos ou mais), por cinco (5) especialistas da Equipe Central
de Pesquisa da UTFPR, de forma a levantar e apontar as dificuldades encontradas e
aspectos positivos e negativos deste instrumento, bem como tabular seus resultados
estatísticos. Os resultados demonstraram dificuldades quanto à compreensão de
73
questões, número excessivo de questões, tempo excessivo gasto na aplicação do
instrumento (cerca de 1 h 30 min a 2 h).
A partir disso, procedeu-se à revisão do instrumento, e nova aplicação do
questionário, impresso, por parte da Equipe Central de Pesquisa, com uma
amostragem de cerca de 30 pessoas idosas. Basicamente chegou-se às
dificuldades semelhantes, e em especial, apontou-se dificuldades quanto à
compreensão das alternativas. Assim, procedeu-se à nova revisão do instrumento.
E, diante disso, para viabilizar a coleta de dados quantitativos, com o apoio
técnico da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, de Pato Branco,
desenvolveu-se um Aplicativo para dispositivos móveis, a partir da ferramenta
KoBoTollbox9, utilizado na coleta e armazenamento desses questionários.
ETAPA 6: OFICINAS DE BOAS PRÁTICAS E ÉTICA NA PESQUISA
Período: junho a agosto de 2018.
Foram realizadas dez (10) oficinas com as equipes de coleta de dados. As
oficinas contemplaram fundamentos da ética e das boas práticas de pesquisa, com
atenção especial ao público-alvo da pesquisa: os idosos. Em todas as oficinas os
participantes puderam manipular o aplicativo KoBoCollect e compreender seu
funcionamento, além de se qualificarem para o trabalho de campo, incluído aí as
técnicas de escuta e entrevista oral junto aos sujeitos da pesquisa.
ETAPA 7: PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS QUANTITATIVOS
Esta pesquisa possui um corte transversal, razão pela qual os resultados
estão sujeitos ao efeito de causalidade reversa e limita o acompanhamento da
amostra pesquisada, bem como ao tempo em que ela foi aplicada, baseia-se na
escuta e na percepção da pessoa idosa junto ao município, baseada em nove eixos
pesquisados.
9 A ferramenta foi desenvolvida pela Harvard Humanitarian Initiative. Trata-se de um conjunto de ferramentas de código aberto para coleta e análise de dados em emergenciais e humanitárias, além de outros ambientes desafiadores que foram criados para resolver essa lacuna, é financiado por doações (PHAM, 2018).
74
Os sujeitos do estudo em questão, compreendeu idosos de ambos os sexos
com idade igual ou superior a 60 anos10 e/ou cuidadores de idosos, profissionais
responsáveis por instituições prestadoras de serviços de atendimento a pessoas
idosas e profissionais de órgãos públicos do município.
Nesse sentido, contabilizamos quinhentos e noventa e oito (598)
participantes na pesquisa quantitativa, sendo validados11 quinhentos e noventa e
três (593) questionários para tabulação e tratamento dos dados, e, trezentos e
cinquenta (350) na pesquisa qualitativa, por meio de grupo focal, durante a
Conferência Municipal da Pessoa Idosa (em 22 de novembro de 2018), totalizando
um número de novecentos e quarenta e oito (948) participantes divididos entre
pessoas idosas, líderes de instituições que atendem pessoas idosas, e, o poder
público, representado em secretarias e departamentos do município de Pato Branco-
PR.
O referido valor da amostragem, 10% da população total de pessoas idosas,
foi calculado considerando-se dados do censo do IBGE (2010) e a amostra mínima
de quinhentas e noventa (590) calculada conforme Barbetta (2006), Figura 4, a qual
considera, conforme α de Cronbach, um nível de confiabilidade de 95% e um erro
amostral de 4%.
Figura 4: Fórmula para Cálculo de Amostra
Fonte: BARBETTA (2006).
Considerou-se como critério de inclusão de pessoas idosas e/ou seus
cuidadores maiores de dezoito (18) anos, vinculados a uma das vinte (20)
instituições que atuam com esse público, além de profissionais de instituições
10 A OMS, na década de 1980, considerou a pessoa idosa, sob o ponto de vista cronológico, como aquele indivíduo que possui 65 anos ou mais de idade em países desenvolvidos, enquanto que, em países em desenvolvimento, prevalece a idade de 60 anos ou mais (OMS, 1984). 11 Somente foram validados os questionários integralmente respondidos.
75
públicas e privadas. Excluíram-se pessoas idosas acometidas por doenças
infectocontagiosas e pessoas idosas encarceradas.
Diante disso, as pessoas idosas e seus cuidadores foram convidados e
entrevistados diretamente nas entidades que os atendem, bem como os
profissionais, de ambos os sexos, responsáveis por instituições prestadoras de
serviços de atendimento a idosos e os profissionais que atuam nos órgãos públicos
mencionados foram visitados em seus respectivos locais de trabalho.
Para todos os participantes não houve riscos envolvidos na pesquisa,
considerando-se riscos e prejuízos mínimos, tendo em vista que não foram
realizados procedimentos que envolvam movimentação diferente do habitual nas
entidades visitadas. Como destacamos acima, no projeto aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEP), da UTFPR, em junho de
2018.
Conforme já mencionado, para a coleta de dados foram utilizados três
instrumentos: questionário estruturado (sociodemográfico e questões abordando
nove eixos temáticos); grupo focal e entrevista em profundidade.
O questionário estruturado foi adaptado do Protocolo de Vancouver (Guia
Global/OMS, 2008). Este instrumento se estrutura em duas partes. A primeira
contém questões de caráter sociodemográfico; a segunda contém questões sobre
nove eixos temáticos: espaços abertos e prédios; transporte; moradia; participação
social; respeito e inclusão social; participação cívica e emprego; comunicação e
informação e apoio comunitário e serviços de saúde, educação continuada, com
alternativas específicas de única escolha, utilizando escala de 5 variáveis, sendo
essas: Importantíssimo (4); Muito importante (3); Importante (2); Não é importante
(1); Não sei dizer (0).
Os questionários foram aplicados nas instituições elencadas, acima, pelas
equipes de pesquisa, com uso de aplicativo móvel KoBoToolbox, versão v1.14.0a,
versão gratuita, com 57 questões fechadas, com opções de única ou múltiplas
escolha, agrupadas em eixos temáticos baseados no Guia Global Cidade Amiga dos
Idosos (OMS, 2008) e nos eixos do referido documento do MDS (2018).
Para a aplicação do questionário foram agendadas visitas às vinte (20)
instituições participantes da pesquisa, ocasião em que os sujeitos foram convidados
a participar da pesquisa e informados pormenorizadamente dos objetivos e de todos
76
os procedimentos de coleta de dados (questionário, grupo focal e entrevista), bem
como dos demais aspectos da ética na pesquisa envolvendo seres humanos.
O preenchimento do questionário foi feito por membro da equipe de pesquisa,
o qual foi preparado especificamente para essa finalidade. Os participantes foram
inquiridos apenas em relação aos itens do questionário. No caso de o idoso não
apresentar condições para responder, a resposta poderia ser dada por eventual
cuidador. O tempo estimado para preenchimento do questionário foi de vinte (20) a
vinte e cinco (25) minutos.
ETAPA 8: PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS QUALITATIVOS
A coleta de dados qualitativos compreendeu dois momentos:
1) Em sessões de grupo focal com pessoas idosas e cuidadores e os
responsáveis pelas instituições de atendimento a esse público, coordenadas por
membros da Secretaria Municipal de Assistência Social, com mediadores, relatores
e observadores das equipes de pesquisa da UTFPR Campus Pato Branco,
preparados para tal, em 22 de novembro de 2018, durante a VII Conferência
Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. As sessões de grupo focal foram gravadas
em áudio e vídeo, bem como foram tomadas imagens fotográficas, mediante a
apresentação e assinatura dos Termos e aceite das pessoas. Após a realização do
Grupo Focal, foram realizadas as transcrições decorrentes.
2) Entrevista em profundidade, com roteiro semiestruturado destinada a
profissionais dos órgãos públicos mencionados neste projeto, abordando também
questões relacionadas aos nove eixos. Para a realização da entrevista foram
agendadas visitas com representantes de órgãos públicos municipais, ocasião em
que os profissionais foram convidados a participar da pesquisa e informado dos
objetivos e dos procedimentos de coleta de dados. Em média, esta sessão teve a
duração de sessenta (60) minutos.
77
2.3. RESULTADOS QUANTI-QUALITATIVOS
Período de Análise: maio a julho de 2019.
ETAPA 1. QUESTIONÁRIO: QUESTÕES SÓCIO DEMOGRÁFICAS E QUESTÕES
POR EIXOS
A coleta de dados quantitativos, cujos resultados encontram-se, na
sequência, ocorreu nos meses de agosto a dezembro de 2018, em instituições que
atendem pessoas idosas, no município de Pato Branco-PR, mediante visitas
agendadas, previamente, pelos Líderes de Equipes de Pesquisa, da UTFPR
Campus Pato Branco, com os responsáveis pelas instituições, e nos períodos em
que o público-alvo estaria em atividade.
Os dados coletados referem-se aos participantes: pessoas idosas atendidas
por instituições, cuidadores de pessoas idosas, líderes de instituições que atendem
pessoas idosas, representantes de poder público municipal.
Em razão de essa forma de coleta demandar contato direto do pesquisador
com a população pesquisada, as Equipes de Pesquisa foram preparadas mediante
Oficinas de Treinamento sobre Ética e boas práticas da pesquisa, conforme já
relatado. É mister destacar que durante todo o período de coleta de dados, não
houve relato de quaisquer situações adversas ou situações de constrangimento ou
situação de mal-estar de algum participante.
Os dados coletados foram tabulados e tratados pelo software livre PowerBI,
desenvolvido pela Microsoft, sendo uma coleção de serviços de software, aplicativos
e conectores que trabalham juntos para transformar fontes de dados não
relacionadas em informações coerentes, visualmente envolventes e interativas.
Os resultados demonstrados, a seguir, originaram-se do questionário
estruturado em duas seções: questões sociodemográficas e por eixos. No que se
refere às questões sociodemográficas, as variáveis consideradas foram: sexo,
escolaridade, idade e renda, e essas foram correlacionados aos nove eixos,
especificados, a seguir.
Já as questões por eixos, objetivaram “escutar” as opiniões das pessoas
idosas, participantes da pesquisa no que tange aos nove eixos, a saber:
78
1. Habitação / Moradia (GG12)/ Moradia (MDS13)
2. Espaços exteriores e edifícios/ Ambiente físico (GG) Ambiente físico (MDS)
3. Transportes (GG/MDS)
4. Apoio Comunitário e serviços de saúde (GG)/ Apoio e Saúde (MDS)
5. Participação Social (GG)/ Respeito e Inclusão Social (MDS)
6. Participação cívica e emprego (GG)/ Oportunidades para Participação (MDS)
7. Comunicação e informação (GG/MDS)
8. Oportunidades de aprendizagem (MDS) / Oportunidades para aprender (GG)
9. Protagonismo local (MDS)
Os dados coletados no questionário foram tabulados com o apoio do software
livre PowerBi, o qual permitiu relações entre variáveis sociodemográficas e os 9
eixos mencionados. Para a tabulação e o tratamento dos dados, considerou-se uma
escala de 5 importâncias, presentes nas questões estruturadas do questionário,
considerando-se por ordem crescente, escala “0”: “Não Sei Responder”, “1”: “Não é
Importante”, “2”: “Importante”, “3”: “Muito Importante” e “4”: “Importantíssimo”.
Sendo assim, os resultados evidenciam as manifestações das pessoas
idosas, bem como de líderes de instituições que atuam com pessoas idosas e o
poder público do município, no que tange aos nove eixos da pesquisa. Os resultados
estão apresentados na forma de gráficos, conforme seguem. Os gráficos de 1 a 5
demostram as variáveis relevantes dos dados sociodemográficos apontadas pela
pesquisa: escolaridade, idade, fonte de renda, relacionando os bairros e
comunidades rurais com a amostra pesquisada.
12 GG – Guia Global (OMS, 2008). 13 MDS – Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa-Documento Técnico (MDS, 2018)
79
]
Gráfico 1: Localização das Regiões com Maior População Idosa no Município
Centro
São Cristovao
La Salle
Alvorada
Novo Horizonte
Pinheirinho
Brasília
Santo antônio
Vila Isabel
Parzianello
Bortot
Sambugaro
Jardim Primavera
Pinheiros
Sudeste
São Roque
Anchieta
Aeroporto
Amadori
Jardim das Américas
Veneza
São Luiz
Parque do Som
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
796549
199197194187187
147140140138130
11910193929189888785
7675
6660585854545049474543403830302423191412109
nº de Idosos
nº de Idosos
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018). Adaptado de IBGE (2010)
O gráfico 1 mostra a relação de pessoas idosas, participantes da pesquisa,
por bairro no Município de Pato Branco-PR, a saber: no Centro vive o maior número
de pessoas idosas, seguido pelo Bairro São Cristóvão, localizado na Zona Sul do
município, Bairro La Salle, na Zona Leste, Bairros Alvorada, Novo Horizonte e
Pinheirinho, localizados na Zona Sul, seguidos por demais bairros com
representatividade de pessoas idosas no município.
80
Gráfico 2: Grau de Escolaridade
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O gráfico 2 relaciona o nível de escolaridade do número de participantes,
sendo que 337 destes, 56,83% possuem o Ensino Fundamental; 112 ou 18,89%
possuem Ensino Médio, 10,12% não são alfabetizados, e 84 pessoas, 14,12%
possuem ensino tecnológico, superior, especialização, mestrado ou doutorado.
Gráfico 3: Idade dos Participantes
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O gráfico 3 evidencia a idade dos participantes na pesquisa quantitativa,
sendo que 32,71% (194 pessoas) se concentram na faixa etária entre 65 e 75 anos.
81
Gráfico 4: Fonte de Renda
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O gráfico 4 evidencia que a fonte de renda dos participantes se encontra em
47,05% (279 pessoas) com renda de 2 a 5 salários-mínimos, 40,13% (238 pessoas)
com renda de até 1 salário-mínimo, 9,78% (58 pessoas) e, com renda de mais de 5
salários-mínimos 18 pessoas (3,05%).
Gráfico 5: Bairros e Comunidades Rurais com Maior Amostra Pesquisada
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O Gráfico 5 mostra os bairros e comunidades rurais com maior
amostragem de participantes pesquisados, sendo que 17 foram os bairros ou
comunidades com maior número de pessoas idosas levantado na pesquisa. O
Centro concentrou 100 pessoas (16,86%), o Bairro Santa Terezinha com 63
(10,62%), Bairros Cristo Rei, Santo Antônio e São João com 24 participantes
(4,04%) cada, os Bairros Planalto, La Salle e Anchieta, Industrial, São Cristóvão,
Alvorada 16 pessoas (2,70%) e os Bairros Fraron, Menino Deus, Gralha Azul e
Trevo da Guarani com média de 12 entrevistados (2,02%).
82
Gráfico 6: Proporção de Importâncias por Idade
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O Gráfico 6 mostra a relação de respostas de importâncias por idade dos
entrevistados, confirmando que, entre 60 a 80 anos, as respostas “Importantíssimo”
e “Muito importante” são mais representativas na relação com o número de
respostas dos participantes da amostragem.
Gráfico 7: Escolaridade x Escalas de Importância
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O Gráfico 7 mostra o número de resposta por importância relacionada ao
grau de escolaridade geral dos eixos, sendo que dentre os participantes, aqueles
com Ensino Fundamental atribuíram maiores valores, 146 consideraram
“Importantíssimo”, 109 “Muito Importante, 81 consideraram importantes as variáveis
83
dos eixos pesquisadas,” e 1 considerou “não é importante”, seguindo como tabela
anexa ao gráfico as respostas por grau de escolaridade.
Gráfico 8: Sexo e Escala de Importâncias
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O Gráfico 8 mostra que a maioria dos participantes é do sexo feminino,
63,07%, e, em ambos os sexos, o maior número de respostas em relação a
variáveis foi “Importantíssimo”, sendo representada por 29,68% nas mulheres e
14,16% nos homens que participaram da pesquisa.
Gráfico 9: Síntese dos Eixos
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O Gráfico 9 mostra os graus de importância por eixo, considerando-se
todos os eixos pesquisados e todas as escalas, sendo que o eixo com maior
84
número de respostas “Importantíssimo” foi o eixo 4: Apoio Comunitário e Serviços de
Saúde.
Gráfico 10: Síntese de Respostas por Escalas
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
O Gráfico 10 mostra a síntese de resultados pela escala de importâncias,
sendo que 43,84% consideraram as variáveis pesquisadas como “Importantíssimo”,
32,20% como “Muito Importante”, 22,09% como “Importante” e 1,87% consideraram
como “Não é Importante” ou “Não Sei”.
Gráfico 11: Número de Repostas por Importância por Eixo Pesquisado
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
85
O Gráfico 11 mostra a síntese por eixo de porcentagens de respostas como
Importantíssimo (4), Muito Importante (3), Importante (2), Não é Importante (1), Não
Sei Dizer (0), considerando-se os nove eixos abordados, o maior número de
respostas obtidas foram:
1.º Apoio Comunitário e serviços de saúde (eixo IV): Obteve o maior
número de respostas “Importantíssimo” (43,44%); 23,71% consideraram “Muito
Importante”, 30,92% como IMPORTANTE e, para menos de 2% “Não é Importante”
e “Não Sei Dizer”.
2.º Espaços Exteriores e Edifícios (eixo II): Obteve respostas, como:
Importantíssimo (35,86%), 28,56% das respostas como Muito Importante, 29,60%
das respostas como IMPORTANTE e, menos de 6% com resposta como Não é
Importante e Não Sei Dizer.
3.º Habitação e Moradia (eixo I): Obteve as respostas: Importantíssimo
(35,10%), 28,76% das respostas como Muito Importante, 28,86% das respostas
como IMPORTANTE e, menos de 8% com resposta como Não é Importante e Não
Sei Dizer.
4.º Transportes (eixo III): Recebeu respostas de Importantíssimo (34,05%),
30,26% das respostas como Muito Importante, 29,04% das respostas como
IMPORTANTE e, menos de 7% com resposta como Não é Importante e Não Sei
Dizer.
5.º Respeito e Inclusão Social (eixo V): Foi considerado Importantíssimo
para (33,25%), 31,74% das respostas como Muito Importante, 30,42% das respostas
como IMPORTANTE e, menos de 5% com resposta como não é importante e não sei
dizer.
6.º Protagonismo Local (eixo IX): Obteve respostas de Importantíssimo em
(28,25%), 36,51% das respostas como Muito Importante, 26,98% das respostas
como IMPORTANTE e, menos de 8% com resposta como Não é Importante e Não
Sei Dizer.
7.º Comunicação e Informação (eixo VII): Foi considerado como
Importantíssimo para (27,45%), 39,38% das respostas como Muito Importante,
25,63% das respostas como IMPORTANTE e, menos de 8% com resposta como
Não é Importante e Não Sei Dizer.
86
8.º Participação Cívica E Emprego (eixo VI): Importantíssimo para
(23,22%), 40,67% das respostas como Muito Importante, 26,22% das respostas
como IMPORTANTE e, menos de 10% com resposta como Não é Importante e Não
Sei Dizer.
9.º Oportunidades de Aprendizagem (eixo VIII): Obteve respostas de
Importantíssimo para (26,68%), apresenta 38,20% das respostas como Muito
Importante, 24,64% das respostas como importante e, 9,19% com resposta não é
importante e menos de 2% não sei dizer
Os resultados demonstram, pelo perfil sociodemográfico da população
participante da amostragem: a maioria encontra-se na faixa etária entre 65 a 75,
quanto à escolaridade, o Ensino Fundamental, correspondeu à maior
porcentagem, ganha de 2 a 5 salários-mínimos.
Quanto às respostas obtidas nos 9 eixos, Apoio Comunitário e Serviços de
Saúde (eixo IV) foi considerado pela população estudada como o mais importante,
seguido por Espaços Exteriores e Edifícios (eixo II), Habitação Moradia (eixo I),
Transportes (eixo III), Respeito e Inclusão Social (eixo V), Protagonismo Local (eixo
IX), Comunicação e Informação (eixo VII), Participação Cívica e Emprego (eixo VI) e
Oportunidades de Aprendizagem (eixo VIII).
Em síntese, as respostas por eixo e por escala de importância quanto à
amostra pesquisada, considerando a escala de 5 importâncias, sendo a 4
“Importantíssimo” como a principal demanda da população estudada é relevante
para o direcionamento de ações que pautam planos e políticas públicas para a
população idosa do município.
ETAPA 3: RESULTADOS QUALITATIVOS – O PRESENTE E A MEMÓRIA: O
DIREITO NA VOZ DO IDOSO
A coleta de dados qualitativos compreendeu dois momentos, conforme já
mencionado no item “Procedimentos Metodológicos”: Grupo Focal e Entrevista em
Profundidade, a saber:
1) Em sessões de Grupo Focal com pessoas idosas e cuidadores e os
responsáveis pelas instituições de atendimento a esse público, conduzidas por
membros da Secretaria Municipal de Assistência Social, com mediadores, relatores
e observadores das equipes de pesquisa, preparados para tal, em 22 de novembro
87
de 2018, durante a VII Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. As
sessões de grupo focal foram gravadas em áudio e vídeo, bem como foram
tomadas imagens fotográficas, mediante a apresentação e assinatura dos Termos e
aceite das pessoas. Após a realização do Grupo Focal, foram realizadas as
transcrições decorrentes.
2) Entrevista em profundidade, com roteiro semiestruturado destinada a
profissionais dos órgãos públicos mencionados neste projeto, abordando também
questões relacionadas aos nove eixos: espaços abertos e prédios; transporte;
moradia; participação social; respeito e inclusão social; participação cívica e
emprego; comunicação e informação e apoio comunitário e serviços de saúde,
educação continuada e protagonismo local. O roteiro continha perguntas principais,
possibilitando às questões serem complementadas por outras, inerentes às
circunstâncias momentâneas à entrevista de forma a permitir o aparecimento de
informações de maneira mais livre, permitindo que as entrevistadas fossem mais
espontâneas e a interação acontecesse.
Para a realização da entrevista foram agendadas visitas a órgãos públicos
municipais, ocasião em que os profissionais serão convidados a participar da
pesquisa e serão informados pormenorizadamente dos objetivos e de todos os
procedimentos de coleta de dados (questionário, grupo focal e entrevista), bem
como de os demais aspectos da ética na pesquisa envolvendo seres humanos. Uma
vez que o profissional tenha concordado e respondido às questões do questionário,
procedeu-se a entrevista, a qual foi gravada em áudio. Estimou-se um tempo 90
minutos para os dois procedimentos.
Os dados qualitativos obtidos nas sessões de grupo focal e entrevista foram
organizados e tratados de acordo com os procedimentos usuais da Análise de
Conteúdo, conforme Bardin (2016), que pressupõe como ponto de partida uma
organização em fases: a organização da análise; a exploração do material com a
codificação de resultados; as categorizações; as inferências; e, por fim, a
interpretação das informações coletadas.
88
A voz do idoso:
“Quem conheceu a cidade em 1950, hoje, é outra Pato Branco. Há mais de 60 anos Pato Branco
apresentava condições básicas de infraestrutura. Hoje – a cidade é limpa, possui arborização, flores;
possui planejamento urbano. A cidade está num processo de franco desenvolvimento”.
FREI POLICARPO.
As coletas de dados realizadas em grupos focais trouxeram as vozes das
pessoas idosas em sua amplitude, revelando anseios, memórias, histórias o
presente e o passado, encontros, tempos e, às vezes, angústias. É importante
destacar que os recursos à memória precisam de um conjunto de cuidados
metodológicos. Conforme José Carlos Sebe Bom Meihy (2000, p. 94), “memórias
são lembranças organizadas segundo uma lógica subjetiva que seleciona e articula
elementos que nem sempre correspondem a fatos concretos, objetivos e materiais”.
Nessa perspectiva, um conjunto de temas motivados aparecem nas
entrevistas realizadas com a população idosa, sendo que esses temas emergem
numa relação de lembrança e memória, ou seja, o tempo é o elemento que organiza
julgamentos de valor e critérios de opinião dos idosos consultados. Dessa forma, a
imediatez da necessidade, do tempo que não espera, tanto para o lazer como para
os cuidados com a manutenção da saúde (citamos alguns depoimentos significativos
na sequência que surgiram nos grupos focais).
“… a gente vai no posto e não tem geriatra, daí é a cidade do idoso, mas não tem um médico para nós. Posso falar mais?
“A gente não sabe nem o que falar, porque a gente nunca teve nada disso…”
O lazer das pessoas idosas são momentos importantes de encontros nos
grupos de terceira idade, em que realizam várias atividades como jogos, conversas,
danças, viagens a passeio.
“Então, o que eu pedia, é isso, alguém que a gente possa ir lá e dizer, não tem geriatra no posto, não tem um ônibus pra gente ir viajar”.
89
Os idosos apresentam a necessidade de sentirem-se amparados pelo poder
público, um lugar, uma pessoa, um ponto onde se possa recorrer, solicitar algo, ser
ouvido, uma porta aberta e ouvidos as suas demandas.
“Ninguém dá ouvido pra gente, não… o povo mesmo é difícil”.
Além de lugares específicos para atendimento no poder público, suas falas
demonstram a necessidade de visibilidade e respeito à pessoa idosa, ao seu tempo,
que já não é mais o mesmo. Espaços adequados para a espera e específicos. Suas
demandas apresentam-se num aqui e agora, imediato, não há tempo para a espera.
Além de médicos especializados para atender ao idoso também é necessário que os
medicamentos sejam disponibilizados e os atendentes sejam respeitosos. Sabe-se
que em muitas repartições públicas brasileiras os servidores nem sempre atendem
adequadamente aos cidadãos, os idosos percebem e sinalizam essa necessidade.
Quando da realização das reuniões para a pesquisa foi possível perceber sua
necessidade de conversar, contar sua história, ser ouvido. Pois, mesmo sendo as
perguntas, de certa forma, fechadas, eles queriam registrar, naquele momento, parte
de suas histórias.
A visão sobre o Estado, o poder público é uma visão até então negativa. Uma
certa desconfiança permeia as vozes, talvez já cansadas de não ecoarem. Percebe-
se que nunca ou talvez poucas vezes se deu atenção ao tema do idoso. Quando
interpelados havia o receio de falar, um será que é permitido?
“Essa reunião vai ser colocada numa reunião com o prefeito, para trazer melhoria?”
Posso falar mais?
A necessidade do amparo, atenção. Há a necessidade de um olhar diferente
às necessidades da pessoa idosa. Há percepção de que o tempo, a idade, a
mobilidade reduzida dificulta a vida do idoso, causando sofrimento.
“Também tinha o médico da família, que ia na família, ia ver como tava o idoso, e eu tô sozinha. Meu marido faleceu, eu tô sozinha. Então, por que não passa um dia alguém pra ver… “ô pessoa como você tá? Como você se sente aqui?” … por que não é fácil, é complicado quando a gente fica velho”.
Espera-se um olhar diferenciado, um atendimento humanizado, não se quer
“favores”, mas direitos, respeito a história vivida e ao que se fez, a sua história
90
enquanto estava em suas atividades laborais porque “…eu fui muito voluntária,
sempre fui voluntária, sempre”… “Eu sou pobre, mas fui voluntária, nunca
ganhei nada de ninguém”. Essa última fala remete a um imaginário embrenhado
na cultura política brasileira de que se oferece pelo poder público é “dado” e não que
o poder público gerencia o dinheiro público que deve ser investido no bem-estar da
população, em saúde, moradia, educação.
As repartições e servidores públicos, muitas vezes, endossam essa visão e
reforçam esse estereótipo do que é público como forma de “coisa dada” e se é
“dado” não se exige qualidade. O público e privado na cultura política, do Brasil, tem
sido ponto de embates teóricos em diferentes campos, na Antropologia, na
Sociologia, na Educação. É necessário que sejam alteradas as significações e as
vozes do que é público, uma vez que, para grande parte dos brasileiros, o que é
público “é de ninguém”, portanto, não precisa cuidar. Os idosos inseridos nessa
cultura têm a percepção de que necessitar da “coisa pública”, talvez seja recorrer a
uma terra de ninguém. Há uma visão bastante negativa em relação aos espaços
coletivos, o público, uma vez que compreendido culturalmente como “não pago” e se
“não pago” não há o merecimento de qualidade.
“...Eu sou antiga daqui. É 42 anos que moro aqui. Não tinha nem rua ali no teatro, quando eu vim morar aqui. Não tinha nada. A gente, eu não ganho nenhum remédio... tem que pagar tudo. Pagar médico, se tu quer médico do idoso, quer o médico da faringe é 300 real (sic.)”
“Muitos idosos sabem os direitos que tem, contudo não se tem uma resposta para seus direitos, gostariam de ter uma ouvidoria um local que o idoso fosse ouvido”.
“Priorizar os idosos nas filas de saúde. Não tem respeito”.
Símbolos do bem: o tempo do idoso.
Como aponta Bom Meihy, a memória possui sua própria forma de ordenação
do tempo e dos acontecimentos. Assim: “é fundamental lembrar que, além dos
fatores culturais que interferem na organização mnemônica, dois outros elementos
devem ser considerados: a capacidade biológica das pessoas e os acontecimentos
consideradas marcos na trajetória individual, social ou coletiva. Velhice, debilidade
91
física, circunstâncias traumáticas afetam diretamente as narrativas que se calça, na
memória” (BOM MEIHY, 2000, p. 94).
Com as capacidades físicas reduzidas há necessidades de adequação de
espaços públicos e privados para uso da pessoa idosa. Especialmente as vias
públicas devem sofrer adequações para que a pessoa idosa e com mobilidade
reduzida possa locomover-se com segurança. Além de sinais visuais também sinais
sonoros podem auxiliar para uma mobilidade segura. Os idosos falam sobre a
necessidade da sinalização para o pedestre, uma vez que nas vias públicas atuais
os semáforos não são sincronizados para uma travessia segura do pedestre,
especialmente, os pedestres que levam um tempo maior para a travessia da via,
como os idosos.
“Uma coisa assim. Vou falar uma coisa que nós precisamos, sabe, na rua para a gente atravessar a rua, a Tocantins. Eu moro lá. É… Tá difícil né! Então, se tivesse aquela, aquela… do idoso, aquela… do idoso não! Do pedestre para atravessar”.
“A sinalização”. “A sinalização, aquela… Como é que se diz?”
“Moderador: A faixa?”
“Não! A faixa já tem. Mas que nem só tem só em uma esquina, Ali em Pato Branco, que tem é… aquele sinalzinho do pedestre”.
Em outras falas os idosos também realçam a necessidade de educar o
motorista para as percepções em relação ao tempo do idoso. Necessidades de
campanhas educativas também são percepções dos agentes públicos envolvidos
no Projeto Cidade Amiga da Pessoa Idosa. Esse tema também foi abordado na VII
Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada em 22 de novembro
de 2018, onde foram reunidos noventa e quatro idosos e mais de vinte
representantes da sociedade civil, sendo organizações não governamentais, entes
públicos como secretaria de ação social e membros do legislativo, associações,
além de instituições de ensino públicas e privadas que participam do projeto.
Quando da realização da conferência os idosos foram ouvidos em relação às
necessidades apontadas pelos eixos que norteiam aos Direitos e Qualidade de vida
em relação aos idosos, parte de um Projeto Mundial, lançado pela Organização
Mundial da Saúde – OMS, realizada em várias cidades em âmbito mundial e em
92
algumas cidades no Brasil. A OMS certifica municípios que levam em consideração
esses eixos para a promoção de bem-estar e saúde da população das pessoas
idosas. Durante a Conferência algumas demandas sugeridas também coadunam
com as apresentadas em grupos focais, conversas dirigidas com grupos de idosos
a respeito das suas vivências, necessidades e demandas. No Eixo Direitos
Fundamentais na Construção e Efetivação de políticas públicas, foram registradas
diretrizes que fazem ecoar a voz dos idosos:
Diretriz 1 Eixo 1: Ampliar a oferta de atendimento especializado na saúde, por meio da contratação de profissionais geriatras e gerontólogos e capacitar os trabalhadores da saúde para o atendimento da pessoa idosa, priorizando seu atendimento na área da saúde.
Diretriz 2 Eixo 1: Promover ações de educação no trânsito, por meio de campanhas midiáticas, bem como melhorar a acessibilidade e mobilidade para o idoso nas vias urbanas e espaços públicos.
“Isso! A Tocantins devia ter. Não só um, vários, porque ali é difícil a gente atravessar. É perigoso alguém…
“Acontecem acidentes diariamente. Atropelam!” “Atropela a gente. Por que abriu uma… tem três, tem três pistas que fez ne?! Abre uma, fecha outra, abre a outra, fecha a outra, aí é difícil”.
“Quase não dá tempo pra gente atravessar”.
“Não dá tempo. Então se tivesse aquele bonequinho de pedestre, aí seria mais fácil nós…”
Moderador: E o pessoal não espera, também!?
“Não respeitam. Eles atropelam!”
“Esse carro que tá indo que para e faz sinal para você passar, e o outro vindo aqui que vem a toda e te atropela”.
“Melhoramento das “calçada” no centro para os idosos poder andar com confiança. Banheiro mais decente lá no parque do Alvorecer”.
“Nos pontos de ônibus, um banquinho pros idosos sentarem”.
93
Em relação à adoção de medidas de melhoria e adaptação da cidade de Pato
Branco às necessidades da população idosa e aos eixos norteadores do Guia Global
(OMS, 2008), para a implementação de políticas públicas para efetivação de direitos
para essa população específica, foram realizadas também entrevistas com
servidores do poder público, em cargos de secretarias, das quais destacamos os
relatos convergentes com os depoimentos dos idosos, neste caso aqui exposto,
Secretaria de Planejamento Urbano e Secretaria de Assistência Social. Essas duas
secretarias estão articuladas às atividades do Projeto Cidade Amiga da Pessoa
Idosa e têm participado de ações e discussões visando estabelecer em conjunto
com as outras instituições parceiras: Universidades, Associações, ONGs, poder
público (legislativo e executivo) diretrizes e ações futuras a serem desenvolvidas.
A voz do serviço público também apresenta preocupações e demandas que
vão desde a realização de campanhas educativas para o trânsito seguro como
também de ações educativas para o respeito à mobilidade nos passeios das vias
públicas, que por ora são de responsabilidade dos proprietários de imóveis e em
grande parte dos casos estão em condições desfavoráveis aos pedestres, podendo
ocasionar quedas ou acidentes. A partir das discussões propiciadas pelo Projeto as
Secretarias estão repensando seus planos diretores e incluindo demandas dos eixos
para adequação da cidade à acessibilidade não somente ao idoso como também
aos portadores de necessidades específicas. Quando a sociedade civil se une em
torno de temas relevantes como o direito, segurança, saúde, o acesso à mobilidade
também têm espaço bastante relevante e o poder público precisa estar atento a
estas vozes.
“É, na verdade nós estamos vendo toda a adaptação da Cidade do planejamento da cidade em cima da cidade do idoso, então nós vamos ver questão de civilidade, questão de atendimento, tudo isso a Secretaria de Planejamento Urbano está tentando alterar no Plano Diretor para já agilizar para a Cidade do Idoso”.
“… porque a questão da acessibilidade nós temos um problema seriíssimo com questão de topografia do município, a questão da cultura da população, porque você faz cobra do sistema de calçadas pra calçada ficar livre pro idoso e até pro próprio portador de necessidades e as pessoas não tem essa noção, elas colocam obstáculos no meio e não querem saber, principalmente comerciantes, então nós vamos ter que, além de fazer um plano de abrangência na questão de projetos, na
94
questão de execução, nós vamos ter que fazer um plano na questão de cultural de, incentivar a população a ajudar, inclusive, é, como é que eu vou te dizer, é questão de, é, da cultura né, passar pra população uma forma que ela entenda que um dia ela vai “tá” idosa e vai precisar desse sistema, do mesmo sistema pra ela, então a gente tá implantando e uma coisa que a prefeitura vai ter que fazer é, ela vai ter que aumentar a fiscalização da Prefeitura em cima disso, hoje nossa fiscalização é deficitária”.
“… então a gente tá batendo bastante nessa tecla, mas estamos fazendo a revisão do Plano Diretor já baseado em cima disso também pra ajudar e a questão da acessibilidade, então a prioridade seriam os ônibus, bombeiros, ambulância, então, tentar fazer uma cidade que a pessoa idosa futuramente, tenha uma vida, uma qualidade de vida”.
Se ir e vir é um direito fundamental na Constituição brasileira, cabe à
sociedade civil a cobrança dos entes públicos para que esse direito seja respeitado
e consolidado. À pessoa idosa o tempo se faz outro, as percepções tornam-se
amenas, ora são os olhos ou ouvidos, ora são as musculaturas mais frágeis e lentas.
Os tempos do tempo que a pós-modernidade talvez não veja, ou inviabilize por não
ser o tempo do capital, da produção, do lucro, da mais-valia, do produto. O tempo do
idoso é tempo do acaso, não está aos olhos de uma sociedade sedenta, conectada,
tecnológica, em que conversar, contar causos, ouvir histórias ou tomar chimarrão
sejam “tempo perdido”. Vive-se um presente como se a velhice nunca nos fosse
achegar. A presença daquele que representa a origem, o passado, a sabedoria, em
algumas sociedades tradicionais como as indígenas, é de grande valia e valor. Os
anciões são considerados os sábios, a memória, as riquezas culturais a serem
preservadas. Já em nossas sociedades ocidentalizadas, os anciões buscam
reapreender a linguagem em busca de um lugar no mundo moderno ou um espaço
no tempo do outro. Seria esse um descompasso do tempo? As marcas do tempo,
novas subjetividades, novas necessidades de inserção no tempo, pelo tempo do
outro, o neto.
“… a gente nunca teve essas regalias, a gente não sabe nada, somos ‘uns coitado’ (sic.), nascido lá costa do rio Guaporã- RS, longe de tudo, longe, que a gente nem conhecia das coias. Então é meio complicado também, a gente nem sabe o que responder para as pessoas. Estudo a gente não podia estudar, então… é complicado”.
“A gente ia na missa a cavalo, é tudo diferente”.
95
A educação e a linguagem dos netos:
Em outro momento de discussão em um grupo focal sobre o Eixo 2:
Educação assegurando direitos e emancipação humana os idosos falaram sobre
as questões ligadas à educação. A partir do relato dos mediadores pode-se
interpretar que existe um certo receio com o uso da língua portuguesa. O s
mediadores conversam com os idosos perguntando sobre o que eles gostariam de
aprender, se eles gostariam de fazer algum curso. Em suas falas pedem para
aprender mais o português e aparece a palavra falar corretamente o que nos impõe
um significado que eles, os idosos, sofrem algum tipo de preconceito linguístico, pelo
uso de sua variedade, talvez estigmatizada no seio familiar, em instituições ou nas
relações intergeracionais com os netos.
“... os idosos ficaram mais à vontade para responder e começaram a discutir o tema. Surgiram algumas indagações, do tipo: necessidade de aprender português, aprimorar o conhecimento da própria língua, como falar as palavras corretamente. Muitos relatam que tem dificuldades de enxergar e outros de ouvir, o que pode ser um empecilho na hora de aprender”.
“Outra indagação que foi mencionada diz respeito a oferta de cursos de oratória, eles sentem a necessidade de se expressar e falar, mas as vezes não tem desenvoltura para que isso ocorra”.
Essa necessidade do curso de oratória pode nos levar a possíveis
interpretações: “Nós, idosos não somos ouvidos do jeito que falamos”, ou “Nós,
idosos queremos ser ouvidos” ou “Só é ouvido quem fala de determinada maneira”,
“Nós temos uma fala que não é adequada”. Quando se pensa em oratória já nos
vem à mente o poder da palavra, “Nós, idosos queremos ter o poder da palavra”.
Talvez essa palavra queira se dirigir ao direito do idoso, ao poder público, ao neto ou
apenas ser palavra ouvida, ter responsividade, ecoar, fazer ouvir. No mesmo relato
sobre o tema educação os idosos respondendo as indagações da equipe mediadora
do grupo focal levantam a necessidade de aprender uma nova linguagem, aprender
a linguagem dos netos.
96
“...ou seja, eles querem conviver mais com os netos mas não se sentem confortáveis, uma vez que estes não tem a mesma forma de linguagem, gestos e gírias. Sentem necessidade de serem mais “descolados” como forma de serem aceitos pelos netos. Ainda em relação aos netos, sentem a necessidade de interação entre escola e netos, que eles aprendam a ouvir os conselhos, que tenham limites e saibam respeitar.
Se por um aspecto a tecnologia abrevia as distâncias mundiais, no tempo e
no espaço virtual, por outro abre lacunas no tempo real, no tempo vivido do aqui e
agora. Talvez esse seja o tempo percebido, tempo de uma inadequação, um estar
fora desse tempo. Então, o idoso se esforça para fazer parte de um tempo que ainda
não conhecia, para estar presente, pois o presente apresenta-se virtual, nos jogos
eletrônicos, dispositivos móveis, computadores e redes sociais. Já não são mais as
palavras apenas da nossa língua portuguesa, são outras linguagens, são gírias, são
outras formas de agir no mundo que talvez lhe deixem à margem. Vê-se os idosos
em busca de um lugar, talvez perdido, talvez ressignificado, talvez, um lugar mais
protagonista, um ser novamente percebido, valorizado.
Em um tempo em que a maioria dos professores queixam-se pela ausência
dos pais nas escolas e pelo esvaziamento do desejo de aprender, são os avós que,
na percepção do tempo, querem se aproximar da escola, pois percebem que a
relação da família/escola sofreu alterações significativas. Seria o trabalho e a vida
agitada em torno das atividades laborais que causam essa desconexão entre pais e
filhos, netos e avós? Seria o tempo da exigência e eficiência, meritocracia, metas?!
Onde ouvir conselhos não é algo “descolado”.
No dicionário da pessoa idosa aparecem com recorrência as palavras: limites,
conselhos, respeito, ouvir, direitos, nós, perigo, saúde, tempo, espaço. Talvez
aprendamos um pouco a partir dessa escuta a pessoa idosa, talvez possamos
redirecionar políticas públicas, estabelecer metas, programas, objetivos; Talvez
possamos perceber que a escola tem um grande aliado na educação de suas
crianças e que as crianças, as famílias precisam aprender a olhar para seus idosos,
perceber suas angústias, viver seu tempo, ampliar seus espaços.
Na VII Conferência dos Direitos da Pessoa Idosa, o Eixo 2: Educação:
assegurando direitos e emancipação humana foram definidas diretrizes que
ecoam as vozes dos idosos anteriormente descritas.
97
Diretriz 1 – Eixo2: Efetivar e oportunizar aos idosos a realização de oficinas/cursos para aperfeiçoamento da própria língua e outras que sejam de interesse deles. Também curso de oratória. Adaptação de recursos, material adaptado para a realidade dos idosos (como por exemplo, dificuldade de enxergar e ouvir).
Diretriz 2 – Eixo2: Incluir tema transversal (por exemplo, disciplinas referentes ao idoso em todos os níveis de ensino). Aproximar mais o idoso da escola, da criança, para que eles tenham interação. Atividades intergeracionais de forma a aproximar as gerações. “Entender a língua dos netos”.
Diretriz 3 – Eixo 2:Capacitação para equipes multidisciplinares das políticas públicas municipais para trabalhar com a pessoa idosa.
Procura-se produzir um caminho para novas ações, implementações. As
escutas e registros apresentaram ricas contribuições para construção de políticas
públicas direcionadas aos idosos.
Percepção sobre a pesquisa:
Em muitas falas se pode perceber que os idosos tinham um certo receio,
como: será verídico mesmo? Será que eles estão perguntando essas coisas com
finalidade de ajudar? Será que vão mesmo fazer algo por nós? Um ar de
desconfiança em relação ao outro que ali se apresentava, naquele momento talvez
aos olhos deles, um representante do poder público, ou de uma autarquia de poder.
Essa desconfiança perpassa a significação quase generalizada sobre questões
políticas como relacionadas a um ou outro nome político-partidário. De quem seria a
pesquisa, com que finalidade a pesquisa está sendo feita? Ela tem cunho político-
partidário? Até o momento inicial da pesquisa essas eram dúvidas correntes aos
sujeitos participantes que aos poucos foram dissipando suas dúvidas e confiando na
equipe de mediadores que ali estavam para coletar um diagnóstico da realidade
vivida e um registro fiel sobre suas necessidades.
“Que importante esta pesquisa, a resposta quase precisava ser tudo importantíssimo…”
“… alegria e satisfação em responder a uma pesquisa dessas…”
98
“… precisa pagar?”
“… estou respondendo certo?”
“… será que é uma verdade tudo isso que eles querem fazer?”
“… hoje em dia precisa precaução em dar o documento de cpf…”
“…antigamente tirava a foto pro documento com cigarro na boca lá em (risos)…”
“…rádio só com notícia de morte e roubo assustando o idoso…”
“…já teve uma central de informações com o sr. era só ligar que ele te informava tudo da cidade, principalmente os números de telefone que sabia de cabeça”.
Estes excertos e análises apontam apenas para alguns aspectos qualitativos
observados durante a execução da pesquisa e a expectativa dos idosos. Além disso,
apontam para outras ações pautadas em seus resultados pelo poder público.
“Então vai ter um novo momento, para que isto venha ser avaliado e refeito então o plano municipal da pessoa amiga do idoso. E para tudo isso só para complementar, nos criamos assim, foi uma grande evolução isso tudo quando eu falo está dentro da assistência social porque o conselho municipal de direitos da pessoa idosa está dentro da política de assistência e porque o prefeito optou para que ela fosse a referência, a mobilizadora dentro do poder público, por isso está dentro da assistência social este trabalho, porém não é da Assistência né, é um conjunto, todas as políticas têm que estar em conjunto e a sociedade civil organizada tá. Poderia estar dentro de outra secretaria como exemplo a própria saúde”.
Neste primeiro momento, várias entidades públicas e privadas reuniram-se
para coletar informações e percepções da pessoa idosa para construir a partir delas,
em conjunto com elas e para elas diretrizes de ações para uma vivência mais
humanitária, com maior qualidade de vida, respeito e dignidade. Os próximos passos
serão organizar políticas públicas que priorizam o atendimento as demandas
levantadas pela pesquisa. A experiência da servidora pública à frente do Projeto
ressalta alguns aspectos positivos na realização do Projeto “Pato Branco: Cidade
Amiga da Pessoa Idosa…” no município, e também alguns aspectos a serem
melhorados para a realidade brasileira.
99
“…a questão dos eixos foi tudo muito bem colocado. Os eixos estão de acordo, nós colocamos inclusive, sugerimos um eixo a mais que são as ações que foram incluídas, as ações transversais. Então nós sentimentos essa necessidade que perpassassem os demais eixos abordados pela OMS e fosse incluindo então as ações transversais. Essa necessidade que a gente vê em comparar com o que vem da OMS, e uma coisa que eu vejo uma certa dificuldade, não sei se posso colocar isso, que senti, é a realidade do próprio Guia Global, então ele está muito voltado para outras realidades, não à realidade do Brasil. Então várias situações a gente verificou o próprio clima, várias questões, cultura, linguagem então não tem um Guia Brasileiro, eu vejo que isso é um desafio aí para todos, para que a gente crie esse Guia aqui em nível de Brasil”.
Somente após percorrer certo caminho é que se percebe se a caminhada
está levando ao objetivo final, ao rumo que se esperava. Ao percorrer o caminho e
ao vivenciar a sua realidade, aprendizados e experiências vão-nos ensinando,
observações, reflexões, audições, discussões, monólogos e diálogos,
responsividade às nossas falas, ou às falas mudas, a práxis. No caminhar é que se
faz o caminho e nessa experiência de pesquisa com a pessoa idosa apreende-se
melhor o seu universo, as suas expectativas, necessidades, angústias, o seu tempo.
Aprende-se que para a pessoa idosa o tempo, o espaço e o outro precisam se
equilibrar e esse equilíbrio está muitas vezes na mão do outro, que nem sempre o
espera, nem sempre o escutar, nem sempre o atende, nem sempre o respeita, nem
sempre o vê, nem sempre o entende. As entidades públicas, privadas e associações
ao unirem-se para ouvir e registrar tais experiências com as pessoas idosas
produzem história, história que muda a realidade, que mudam vidas, que faz sentido.
100
CONCLUSÕES E SUGESTÕES: DIRETRIZES PARA AÇÕES
A referida pesquisa diagnóstica foi realizada pela Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – UTFPR campus Pato Branco, sob a responsabilidade da
Diretoria de Relações Empresariais e Comunitárias (DIREC), mediante a
constituição de uma Equipe Central de Pesquisa, formada por servidores
professores e técnico-administrativos e estudantes de graduação e pós-graduação,
além de demais colaboradores de diversas instituições, como Prefeitura Municipal,
por intermédio de suas secretarias, Comissão Rotária, Pastoral da Pessoa Idosa,
FADEP, Interact Club, Sebrae, e colaboradores da sociedade civil, os quais
participaram com afinco, de forma voluntária, das ações desenvolvidas, nos anos de
2017 e 2018, em prol dessa investigação, como uma das atividades do Programa
Cidade Amiga da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco-PR.
O principal objetivo da pesquisa consistiu em se realizar um diagnóstico sobre
necessidades e condições materiais de vida da população idosa do município de
Pato Branco-PR, em relação a: Espaços abertos e prédios; Transporte; Moradia;
Participação social; Respeito e inclusão social; Participação cívica e emprego;
Comunicação e informação; Apoio comunitário e serviços de saúde; Oportunidades
de Aprendizagem e Protagonismo local.
Nessa pesquisa, conforme mencionado foram levados em consideração, na
metodologia para a coleta de dados quantitativos, eixos embasados no Guia Global
(OMS, 2008) e MDS (2018), quais sejam: Eixo I: Habitação/Moradia (GG)/Moradia
(MDS); Eixo II: Espaços exteriores e edifícios/Ambiente Físico (GG)/Ambiente Físico
(MDS); Eixo III: Transporte (GG,MDS); Eixo IV: Apoio comunitário e serviços de
saúde (GG)/Apoio e Saúde(MDS); Eixo V: Participação social (GG)/ Respeito e
inclusão social (MDS); Eixo VI: Participação cívica e emprego (GG)/Oportunidades
para participação (MDS); Eixo VII: Comunicação e informação (GG/MDS) Eixo VIII:
Oportunidades de aprendizagem (GG)/Oportunidades para aprender (MDS); Eixo IX:
Protagonismo local (MDS), e na pesquisa qualitativa os eixos da VII Conferência
Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Pato Branco: Eixo 01: Direitos
101
Fundamentais na Construção/Efetivação das Políticas Públicas. Subeixos: Saúde,
Assistência Social, Previdência, Moradia, Transporte, Cultura, Esporte e Lazer; Eixo 2:
Educação: assegurando direitos e emancipação humana; Eixo 3: Enfrentamento da
Violação dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa; Eixo 4: Os Conselhos de Direitos:
seu papel na efetivação do controle social na geração e implementação das políticas
públicas.
Estes, num esforço de síntese, foram correlacionados aos eixos do Plano
Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco – PR (2018/ 2021), a saber:
Eixo I: Assistência Social; Eixo II: Saúde; Eixo III: Educação; Eixo IV: Trabalho; Eixo
V: Habitação e Urbanismo; Eixo VI: Transporte; Eixo VII: Ações Transversais.
Em vista disso, o estudo realizado com a população idosa do município e
seus cuidadores, líderes de instituições que atendem pessoas idosas e
representantes de secretarias municipais, envolvendo a pesquisa quantitativa e
qualitativa, demonstrou que, para a população de 948 pessoas pesquisadas, a maior
importância foi atribuída ao eixo 4 Apoio Comunitário e Serviços de Saúde
(GG/MDS), com 42,70% de respostas consideradas escala 4 (Importantíssimo) e,
também como uma das respostas mais recorrentes na pesquisa qualitativa,
considerando-se as variáveis como: permanência de programas e campanhas de
saúde, postos de saúdes preparados para o atendimento a pessoa idosa (gestão e
prioridade), permanência e melhoria dos serviços domiciliares de saúde, existência
de especialidades em diversas áreas da saúde, disponibilidade de remédios de uso
contínuo, cumprimento de política de atendimento espacial, da pessoa idosa, acesso
a informações e atividades voltadas ao público idoso.
Pelos resultados obtidos, tanto na pesquisa quantitativa, quanto na qualitativa
os participantes da pesquisa consideraram:
• O eixo IV Saúde (Apoio comunitário e serviços de saúde
(GG/MDS) é de grau Importantíssimo (4), com variáveis
apontadas como: mais médicos especialistas, mais medicamentos
disponibilizados a pessoa idosa e continuidade na atenção
domiciliar.
• O eixo I: Habitação e moradia e o eixo II: Espaços exteriores e
edifícios (GG/MDS), obtiveram o 2º e 3º graus de importância,
respectivamente, com variáveis mais levantadas como:
acessibilidade, banheiros disponíveis, calçadas em boas
102
condições, facilidades em financiamentos para moradia própria,
além de aumento de bancos em lugares públicos.
• O eixo III: Transporte (GG/MDS) obteve o 4º grau de importância
dentre os eixos pesquisados, sendo que as variáveis que
aparecem como as principais demandas nesse eixo, foram:
motoristas atenciosos, disponibilidade de pontos de ônibus com
bancos e cobertos, faixas elevadas, semáforos com sinais
sonoros e com maior tempo para passagens de pedestres.
• O eixo V: Respeito e inclusão social (GG/MDS) obteve a 5º
pontuação em importância pela população pesquisada, sendo
que variáveis mais relevantes apontadas, foram: implementação
de políticas de igualdade de direitos entre homens e mulheres, a
valorização e garantia de políticas para as pessoas idosas, bem
como a permanência de atividades de cultura, educação e de
lazer.
• O eixo IX Protagonismo local e o eixo VII Comunicação e
informação (GG/MDS) obtiveram o 6º e 7º graus de
importância, respectivamente, sendo que as variáveis mais
apontadas, foram: necessidade de central de informação,
i n f o r m a t i v o s c o m letras grandes, bem como o
envolvimento das pessoas idosas em diversos setores da
comunidade e a permanência da participação da pessoa idosa no
Conselho Municipal da Pessoa Idosa.
• O eixo VI: Participação cívica e trabalho (GG/MDS) obteve o 8º
em grau de importância na amostra pesquisada, considerando-se
as variáveis mais relevantes, como: criação de políticas de
incentivo a contratação e permanência de pessoas idosas no
trabalho, vagas conforme necessidade, e, a existência de cursos e
treinamentos conforme capacidade individuais.
• O eixo VIII: Oportunidades de aprendizagem (GG/MDS) obteve a
9º classificação em importância para os pesquisados, como
variáveis representativas foram apontadas: oferta de cursos de
primeiros socorros e defesa pessoal, leitura, contação de histórias
103
e jardinagem, bem como cursos de equipamentos eletrônicos são
os mais importantes para o público pesquisado.
Diante disso, se “uma cidade amiga do
idoso estimula o envelhecimento ativo ao
otimizar oportunidades para saúde,
participação e segurança, para aumentar a
qualidade de vida à medida que as pessoas
envelhecem” (GUIA GLOBAL, 2008, p. 7),
portanto, como diretrizes para ações do
município de Pato Branco para as pessoas
idosas, a Tabela 1, sintetiza os resultados
encontrados nessa pesquisa, correlacionando-
os com os eixos do Plano Municipal da
Pessoa Idosa do Município de Pato Branco
– PR (2018-2021):
Diante disso, o detalhamento dos resultados encontrados na pesquisa, por
eixos, correlacionados aos eixos do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município
de Pato Branco – PR (2018-2021), foram demonstrados, abaixo, na Tabela 1, com
as principais variáveis que apontaram as diretrizes para a demanda da população
estudada.
104
Tabela 1: Eixos GG/MDS, eixos do Plano Municipal das Pessoa Idosa do Município de Pato Branco-PR e variáveis apontadas na pesquisa quantitativa
Eixos GG/ MDS Eixos do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco – PR (2018-2021):
Variáveis mais apontadas pela população pesquisada
IV. Apoio comunitário e
serviços de saúde
II. Saúde 1. Médicos especialistas;
2. Medicamentos disponíveis;
3. Atenção domiciliar
II. Espaços exteriores e edifícios I. Habitação e moradia
V. Habitação e urbanismo
Acessibilidade;
Banheiros disponíveis e acessíveis;
Calçadas em boas condições;
Facilidades em financiamentos para moradia própria;
Aumento de bancos em lugares públicos
III. Transporte VI. Transporte 1. Motoristas atenciosos;
2. Disponibilidade de pontos de ônibus com bancos e cobertos; 3. Faixas elevadas;
4. Semáforos com sinais sonoros e com maior tempo para passagens.
V. Respeito e inclusão social
I. Assistência social 1. Implementação de políticas de igualdade de direitos entre homens e mulheres;
2. Valorização e garantia de políticas para as pessoas idosas;
3. Permanência de atividades
de cultura, educação e de lazer.
105
IX. Protagonismo local
VII. Comunicação e informação
VII. Ações Transversais 6) Central de informação e letras grandes; 7) Envolvimento das pessoas idosas em diversos setores da comunidade; 8) Permanência da participação da pessoa idosa no conselho municipal da pessoa idosa.
VI. Participação cívica e emprego
IV Trabalho 9 ) Criação de políticas de incentivo a contratação e permanência de pessoas idosas no trabalho; 10) Vagas conforme necessidade; 11) Existência de cursos e treinamentos conforme capacidade individuais.
VIII. Oportunidades de aprendizagem
III. Educação (13)Cursos de primeiros socorros e defesa pessoal; (14)Leitura, contação de histórias e jardinagem;
(15)Cursos de equipamentos eletrônicos.
106
Fonte: Equipe de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018). Os dados da pesquisa qualitativa, conforme já relatado anteriormente,
foram obtidos mediante coleta realizada por Grupo Focal durante a VII Conferência
Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Pato Branco, em 22 de novembro
de 2018. A Tabela 2, relaciona os eixos da pesquisa qualitativa aos eixos do Plano
Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco – PR (2018-2021): com
variáveis apontadas pela população pesquisada nesse relatório com a finalidade de
reforçar as diretrizes para as ações representadas.
Tabela 2: Eixos da VII Conferência Municipal Pessoa Idosa, Eixos do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco – PR e variáveis apontadas na pesquisa qualitativa
Eixos da VII Conferência Municipal Pessoa
Idosa
Eixos do Plano Municipal da Pessoa Idosa do Município de Pato Branco – PR (2018-2021):
Variáveis apontadas pela população pesquisada
Eixo 1: Direitos Fundamentais na Construção/efetivação das políticas públicas: subeixos: saúde, assistência social, previdência, moradia, transporte, cultura, esporte e lazer.
II. Saúde
VI. Transporte
V. Habitação e Urbanismo
VII. Ações Transversais
1.Médicos especialistas para população idosa
2. Educação no trânsito
3. Acessibilidade e mobilidade para a pessoa idosa.
Eixo 2: Educação: assegurando direitos e
emancipação humana
III Educação 1.Oficinas/cursos para aperfeiçoamento da própria
língua, oratória material adaptado para as pessoas idosas
2.Capacitação para equipes multidisciplinares das políticas públicas municipais para trabalhar com a pessoa
idosa.
107
Eixo 3: Enfrentamento da violação dos direitos humanos da pessoa Idosa
I Assistência social
1. Ampliação de vagas e construção de mais
Centros de Convivência;
2. Campanhas de conscientização para a População; 3. Cursos de capacitação para os profissionais da rede de atendimento e para
cuidadores.
IV Trabalho
1. Captar recursos para
Eixo 4: Os Conselhos implementação de projetos
de Direitos: seu papel voltados à pessoa idosa.
na efetivação do 2. Ampliar o controle
controle social na social sobre decisões
geração e públicas
implementação das 3. Campanhas de
políticas públicas. conscientização e
fiscalização para
cumprimento dos direitos
das pessoas idosas.
Fonte: Equipe Central de Pesquisa UTFPR campus Pato Branco (2018).
Conforme já demonstrado, é possível observar que, pelos dados levantados, e
sintetizados nas Tabelas 1 e 2, o eixo Saúde é o aspecto considerado
importantíssimo pela maioria expressiva dos participantes, tanto na pesquisa
quantitativa quanto na qualitativa, ou seja, tanto no levantamento pelo questionário
quanto nas entrevistas, com diversas variáveis apontadas pela população
pesquisada.
Em suma, pelos dados explanados, o perfil da população idosa de Pato
Branco, caracteriza-se, como: faixa etária entre 65 e 75 anos, com escolaridade até
o Ensino Fundamental, com 2 a 5 salários-mínimos, e considera o apoio
comunitário e os serviços de saúde (1.º) como importantíssimos, seguido por
habitação e moradia, espaços exteriores e edifícios (2.º e 3.º), transporte (4.º),
respeito e inclusão social (5.º), protagonismo local e comunicação e
informação (6.º e 7.º), participação cívica e emprego (8.º) e Oportunidades de
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aprendizagem (9.º), cada um com variáveis a serem consideradas.
A pesquisa, por seu turno, demonstrou que a relevância desse trabalho
consiste, pois, em fornecer subsídios para a melhoraria das políticas públicas
voltadas a pessoa idosa, sejam elas nos eixos apontados, como saúde, assistência
social, moradia, transporte, respeito e inclusão social, protagonismo da pessoa
idosa, nos espaços urbanos e rurais, comunicação/informação, participação cívica e
emprego, educação, além de contribuir para a valorização da pessoa idosa, tanto
na prevenção e planejamento quanto na atenção ao envelhecimento, no intuito de
tornar essas ações mais efetivas, por parte das políticas públicas municipais.
Por fim, pode-se inferir que a percepção das pessoas idosas, em relação à
sua cidade, projetaram a necessidade de maior atenção da população e dos
gestores municipais quanto ao processo de envelhecimento, bem como quanto à
capacitação de gestores municipais que atuam com pessoas idosas, o
fortalecimento dos conselhos e associações das pessoas idosas, além da
necessidade de melhorias nas políticas públicas municipais de atenção a essa
população e da necessidade de um planejamento urbano capaz de promover a
qualidade de vida e longevidade da sua população, contemplando todas as idades.
Por fim, a partir desse diagnóstico, levando-se em consideração a realidade
de regiões diferenciadas no contexto brasileiro, considerando-se particularidades
como clima, cultura e linguagem, sugere-se a elaboração, ou mesmo uma
adaptação, de um “Guia Brasileiro”, o qual emerge como uma lacuna apontada
nessa pesquisa e um desafio para os pesquisadores, bem como a replicação, em
outros municípios, do Protocolo, com devidos ajustes, criado para Pesquisa
diagnóstica da população em envelhecimento no Brasil.
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