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Quando a visão não se faz presente na comunicação, é preciso sentir a informação. Conheça o trabalho de Dominique Adam Renata Maneschy conta como é diagramar para o jornal Folha de São Paulo Saiba como utilizar imagens de bancos A diagramação no jornalismo impresso a dádiva do impresso Diagramação do sentir A comunicação Faltou imagem para a reportagem, e agora? Edição N º 01 | 2014

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Essa é a primeira edição da Past-up! Essa publicação esta recheada de novas ideias no jornalismo impresso. Boa leitura.

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Quando a visão não se faz presente na comunicação, é preciso sentir a informação.

Conheça o trabalho de Dominique Adam

Renata Maneschy conta como é diagramar para o jornal Folha de São Paulo

Saiba como utilizar imagens de bancos

A diagramação no jornalismo impresso

a dádiva do impressoDiagramação

do sentirA comunicação

Faltou imagempara a reportagem, e agora?

Edição N º 01 | 2014

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EditorialPaixão por diagramação

Diagramação, depois que a descobri nunca mais olhei qualquer material jornalístico, principalmente impresso, com o mesmos olhos. A cada revista, jornal, livro, ou até infor-mativo que leio, não consigo apreciar só o texto. Aprecio também, ou não, a apresenta-ção visual que um texto expõe aos leitores. Estranho? No começo... mas depois percebi que para uma jornalista é normal, ou essencial. Hoje o jornalista em meio a tantos re-cursos tecnológicos, quando publica um texto em um veículo impresso, precisa imaginar como vai conquistar o leitor, pois em muitas situações, manchetes impactantes não sedu-zem o suficiente para despertar interesse de leitura.

Descobri que isso é um problema: na faculdade de jornalismo aprende-se pouco so-bre diagramação. Na maioria das vezes, o jornalista sai da faculdade sabendo o básico de TV, rádio, web, e como escrever textos para cada meio de comunicação. Mas na hora de publicar o texto em jornal impresso ou revista, surge o problema, como apresentar a notícia de forma atrativa para o leitor? Alguns podem dizer que existe um setor que cuida só desta parte visual, a famosa equipe de design. Porém, nem sempre um jornalista inicia a carreira profissional em um grande veículo, que possui uma equipe enorme. Pensando nessa dificuldade inicial nasceu a Past-up.

A missão da Past-up é mostrar nas matérias a importância da diagramação, das cores e imagens quando aliadas ao texto jornalístico. E o principal, mostrar ao leitor como se faz uma diagramação. Na primeira edição, a Past-up está abrindo as páginas para as novas ideias... Com um olhar para uma diagramação que se sente na seção Perfil com Domi-nique Adam. Uma entrevista exclusiva com a diagramadora da Folha de São Paulo, Renata Maneschy vencedora de três prêmios Esso, na seção Mercado. E, claro, muitas dicas, separamos sites de imagens e de tipografias. Na seção Deu certo, encotra-se à análise de capas dos jornais brasileiros que nos protestos de junho de 2013, burlaram o manuais de diagramação e fizeram diferente.

Seja bem vindo a Past-up!

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Sum

áriodo sentir

A comunicação

4Tipografia retro

Faltou imagempara a reportagem, e agora?

a dádiva do impressoDiagramação

as vozes das ruasAs capas que reproduziram

e novas ideiasDiagramação, impressão, revistas

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31Past-up Edição Nº 01

Redação: Letícia FerreiraDiagamação e Projeto Gráfico: Letícia FerreiraOrientador: Dr. Guilherme CarvalhoDistribuição ISSUU

A revista Past-up é uma publicação independente realizada em um Trabalho de Conclusão de Curso no Centro Universitário Uninter.

Rua Saldanha Marinho, 131 – Centro – cep 80410 150 – Curitiba/[email protected]/pages/Past-up

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Já parou para pensar como o mundo da comunicação é vi-sual? Recebemos mensagens que são fundamentadas em cores e formas que encantam e seduzem os olhos. Porém, quando não se tem a visão, como compreender essas mensagens? Os cegos ainda não recebem a atenção necessária ou melhor, não são com-preendidos pelos profissionais da comunicação. Há muitos estudos sobre formas de se sentir a informação, porém, as experiências desenvolvidas, quando colocadas em prática não funcionam efeti-vamente. »

Quando o visão não se faz presente na comunicação, é preciso sentir a informação.

do sentirA comunicação

Acervo PessoalStockxchng

Texto: Letícia FerreiraFotos: acervo pessoal de Dominque Adam

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Nesse universo de estudo encontra-se a designer gráfica Dominique Adam (27 anos, de Curitiba). Formada na Universi-dade Federal do Paraná (UFPR), ela conseguiu fazer com que alunos do Instituto de Cegos do Paraná compreendessem a mensagem de um livro. Após o sucesso da pesquisa, Dominique conseguiu fazer várias exposi-ções do seu trabalho no Brasil e na Alemanha.

Hoje ela está concluindo a tese de mestrado que dá continuida-de ao estudo da comunicação do sentir. Seu trabalho consiste em representar imagens digitalmen-te adaptadas para os cegos, pois quando impressas, apresentam formas em alto relevo, visando a compreensão tátil. »

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Um projeto diferente

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6 Past-up: Como você iniciou esse projeto?Dominique: Eu estava com grande dificuldade de definir

meu tema de TCC na área de design gráfico. Queria fazer algo diferente que não fosse só um livro bonitinho com uma identidade visual legal. No início pensava em mexer muito com cor, só que tinha ideia de cor e relevo, mas como fazer isso? Pensei em adaptar um livro Flicts do Ziraldo, sobre cores, formas e poesias. Eu queria adaptar esse livro para os cegos. Mas, esse ele não possuía nenhuma ilustração, era composto de formas geométricas texto e uma cor cha-pada. Então um professor indicou O livro negro das cores de autoria das artistas venezuelanas Menena Cottin (escritora) e Rosana Faría (ilustradora), e resolvi testá-lo com pessoas cegas. Fui ao Instituto de Cegos Paranaense, testei, porém o livro não cumpriu sua finalidade.

“Visualmente o livro era lindo, todo preto, com o texto em braile, com acaba-

mento nas páginas em verniz. Mas, na prática, não funciona. Lia o texto

para os alunos, entregava o livro para que eles percebessem

as imagens, mas não con-seguiam sentir. Então

percebi a maior falha do livro; as ilustrações não foram feitas para

os cegos, elas foram desen-volvidas para uma pessoa que conse-

gue ver. O livro foi pensado para ser atrativo visualmente e não para ser compreendido por pessoas que sentem a mensagem”. »

Livro negro das cores, adaptação de Dominique

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Mas o que atrapalhava a compreensão dos alunos, qual era a maior falha do livro?O livro foi adaptado com base em

uma visão errônea, pois o mundo deles é diferente do nosso. Não basta somen-te adaptar uma imagem, sem testá-la. As ilustrações continham muitas linhas sobrepostas e isso gera uma dificuldade muito grande de compreensão para quem é cego. A única ilustração compreendida foi a página que falava da chuva. E, den-tro dessa dificuldade de compreensão da mensagem desse livro, decidi adaptá-lo para ele se tornar funcional para os ce-gos. Então, desenvolvi uma sequência de dez imagens, nas quais fiz quatro versões de cada. Sempre uma delas sendo mais complexa (com mais linhas), até chegar a última mais simplificada (com menos linhas). Fui testando essa sequência com um aluno do Instituto, analisando quais ele conseguia interpretar. Estas foram as que defini para o livro. As mais simples foram as escolhidas para serem utilizadas no livro, porém houve casos em que o contexto que o aluno possuía influenciava demais na compreensão. Por exemplo, o desenho do morango sem o cabinho su-perior, para o aluno era uma melancia. Só com o cabinho que ele conseguia identi-ficar o desenho da fruta. Ou seja, tudo depende do repertório tátil do cego. »

Veja mais trabalhos de Dominique: http://domiadam.wix.com/dominiqueadam#!sobre/c46c

Acervo PessoalAcervo Pessoal

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8 E esses desenhos, fez como a marcação deles?Primeiro eu testei vários tipos de papéis,

para tentar passar o relevo de uma forma fácil de percepção. O papel que se adaptou melhor foi o vegetal de alta gramatura de 300 gramas. Para fazer a marcação, utilizei uma caneta sem tinta. Eu imprimi os desenhos, os virava ao contrário sobre o papel vegetal e contornava os desenhos. Alguns estão até furadinhos, pois fiz a mão. Não havia como ter muita precisão nos traços. Contudo, consegui fazer com que o relevo transpassasse a página e se tornasse perceptível.

O que você aprendeu com essa pesquisa? Foi bastante rico fazer essa pesquisa, pois fiz tudo, desde a pesquisa até o desen-

volvimento do produto. Com o decorrer do projeto, comecei a participar da rotina deles, ir em algumas aulas de arte. Tudo para compreender melhor o mundo deles, ou seja, tentar conhecer melhor para quem eu estava fazendo esse livro. Para nós, é muito fácil reconhecer um relevo, pois temos um repertório visual. Se eu vendar seus olhos e pedir para você reconhecer um relevo, talvez você não consiga reconhecê-lo, pois sua experti-se é visual e não tátil. Não adianta simplesmente colocar uma imagem em relevo e não testar com eles. Apesar de os cegos terem a expertise tátil, a mensagem deve ser com-posta de um relevo simples, que eles consigam identificar. Os alunos com quem testei os desenhos têm experiências em desenho, pois tinham aulas de artes. Eles conseguiam desenhar, sentiam o que desenhavam, então foi mais fácil para esses alunos reconhece-rem a linha em relevo, pois possuíam um repertório sobre desenho. »

Acervo Pessoal

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E o texto em braile, como você desenvolveu?A parte em braile, eu consegui desenvolver com

umas das professoras do Instituto dos Cegos. Ela digi-tou em uma máquina braile, pois eu não tinha a máqui-na, e mesmo que possui-se não iria conseguir digitar o braile corretamente. Não é simplesmente colocar cada letrinha em braile. A linguagem em braile possui uma codificação diferente. O livro ficou até menor que o original, pois adequei o tamanho dele ao tamanho de folha de papel que se encaixava à máquina. O processo resultou em protótipo bem rústico, que consegue passar a ideia do que precisa ser, para

conseguir ser acessível ou compreensível.

Como foi o processo de juntar todo o material para transformar em livro?Foi bem complicado, tive vários problemas. A encadernação foi difícil.

Encontrar o papel certo em alta gramatura, foi exaustivo. Juntar tudo foi um desafio. Na escola os alunos usam mais papel sulfite em alta gramatura, que é o mais fácil de se encontrar. No projeto queria aliar também o olfato. Que-ria fazer com que cada página possuísse um cheiro da mensagem. Pesquisei muito e era possível fazer, porém estendia muito minha pesquisa e possuía pouco tempo para entregá-la. Eu fiz tudo sozinha, às vezes aconteceu de ir ao Instituto de Cegos e as crianças não comparecerem à aula, pois havia ocorrido algum problema. E voltava para casa sem respostas para a pesquisa, ou, às vezes, eu apresentava o material e dava tudo errado, tudo que havia planejado não dava certo, tinha que modificar e mudar do zero minha pesqui-sa. Mas tudo isso foi um aprendizado. Valeu muito a pena apesar de todas as dificuldades, pois foi uma questão de descoberta, pois na minha família não tem ninguém cego e hoje, graças a essa pesquisa, eu tenho amigos cegos e conheço um pouco desse universo. »

Acervo Pessoal

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10Quando você viu seu trabalho concluído e que os alunos do instituto conseguiram compreender a mensagem, o que você sentiu?Nossa, foi uma gratificação muito

grande e muito bonita. Porque eu per-cebi como é diferente planejar os mate-riais gráficos para cegos. Na faculdade aprendemos a planejar um material lindo, super descolado e colorido, só que ele não é acessível para todos. Mas você quer que aquela informação chegue a todos, não quer excluir ninguém. Só que a informação que aprendemos a produzir na faculdade não está preparada para ser compreendida por todos. Ou seja, você automaticamente faz uma peneira no público e isso acontece todos os dias sem você perceber. Acredito que muitos profissionais da área de comunicação humana sabem dessa exclusão. Porém, não conseguem reverter essa situação, pois não sabem como construir a men-sagem para que ela consiga atingir aos deficientes visuais também. Essa foi a minha proposta: utilizar do design e a diagramação para atingir esse público e assim cumprir o meu papel na sociedade, de levar uma mensa-gem compreensível a todos. »

Acervo Pessoal

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Depois da sua banca de TCC a sua pesquisa ganhou novas proporções, como isso ocorreu?Depois que apresentei o projeto na defe-

sa de TCC, que por sinal foi muito bem rece-bido pela banca, fui indicada para mestrado de Design de Sistema de Informação. Es-crevi vários artigos para revistas. Apresentei o projeto em um congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Natal (na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN), no Maranhão (na Universidade Federal do Ma-ranhão UFMA). »

exposição na Alemanha, no museu MAAK - Kölner Design Preis 2012 – (Köln – Alemanha), na área de imagem como veículo de acesso à informação em objetos de aprendizagem para deficientes visuais.

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E agora, que rumos está tomando sua pesquisa?Bom, essa adaptação

foi só uma brecha para desenvolver novas pesqui-sas. Nessa área falta muita coisa. Quando se fala em material impresso para pessoas cegas pensamos no braile, mas será que ele transmite toda a informação? Nós, quando lemos uma matéria em jornal, assimilamos o texto e a foto, um complementa o outro. No mundo do cegos a lógica é a mesma. Mas como representar uma foto em um material impresso para eles? É a partir dessa premissa que estou desenvolvendo a minha tese de mestrado, mas não para material impresso e sim para material digital. »

Quando você apresentava o seu trabalho nos congressos, como as pessoas reagiam?Era engraçado, porque as pessoas não compreendiam como eu havia desen-

volvido o trabalho. Elas pensam que os cegos são burros, que eles têm um déficit mental. Porém, eles são pessoas normais. A única coisa diferente é que eles não enxergam. Os cegos podem compreender qualquer coisa que você propor. O que vai definir a compreensão ou não é a forma pela qual você apresenta isso pra ele. Fui muito elogiada por vários ícones da pesquisa em designer, tanto que acabei escre-vendo minha pesquisa no prêmio Bom Designer de 2012 e ganhei em primeiro lugar na categoria de Design gráfico. E a partir dessa premiação, fui convidada a repre-sentar a UFPR em uma exposição na Alemanha e meu trabalho foi exposto no MAAK - Kölner Design Preis 2012 – (Köln – Alemanha), na área de imagem como veículo de acesso à informação em objetos de aprendizagem para deficientes visuais. Foi bem complicado enviar um trabalho para a Alemanha, mas deu certo. Fiz um ban-ner, enviei e foi exposto em um museu. E isso me gerou uma gratificação enorme, pois meu esforço valeu a pena.

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Como você está pensando em desenvolver essas imagens?Bom meu objeto de estudo está voltado

para a aprendizagem, um artigo em um site que fale sobre anatomia humana, contendo vá-rias imagens sobre o corpo humano. Mostran-do, por exemplo, como acontece a circulação de sangue no coração, onde temos veias e ar-térias, nas quais as veias são azuis e as artérias são vermelhas, mas como representar isso para os cegos? Eles não sabem a diferença da cor. Todo mundo aprende biologia vendo a imagem, para os cegos a descrição da imagem nesse caso não é suficiente para a compreensão. Até que ponto a descrição é suficiente? Então, entra meu projeto, como representar essa imagem de forma simples, com poucos traços.... exis-tem normas do Instituto de Saúde Ocular (ISO) e o Consórcio World Wide Web (W3C), só que essas normas são muitos superficiais e genéri-cas. Elas não dizem as espessuras de linhas, ou se as linhas podem ser pontilhas para se refe-rirem a algo específico. Quando você vai alfa-betizar uma criança que enxerga as editoras seguem várias normas do Ministério da Edu-cação (MEC), mas quando você vai alfabeti-zar uma criança cega, não existem normas, são utilizados vários tipos de materiais, que funcionam, mas se os professores tivessem um padrão para imprimir os desenhos em

relevo seria mais fácil. É esse o meu objetivo; tentar alcançar um padrão de linhas aplicado na plataforma on-line e quando impresso apre-sente relevo.

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Contato de Dominique Adam https://www.facebook.com/dominique.adam.7?fref=ts

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fonte GiGi Times

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Nas revistas, campanhas publicitárias, nos cartazes de ruas, nos outdoors... elas estão em tudo... As fontes tipográficas retrôs estão em alta. Essa nova tendência, que também recebe o nome de vintage, esta sendo bem aceita pelo público, pois a dois anos ela só cresce. Hoje, na maioria dos sites de compra de fontes, existe um grupo específico só para elas.

Esse novo estilo tipográfico, que na verda-de não é novo, é uma reciclagem de tendên-cias americanas tipográficas da década de 30, está fazendo muito sucesso. Essas fontes que dão um ar de inovação onde são aplicadas, foram lidas por nossos avós, em anúncios publicitários, jornais, produtos, etc. »

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Reprodução

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Tipografia retroElas são finas, espessas, com ou sem serifa,

saiba como usar as famílias tipográficas vintages

Texto e fotos: Letícia Ferreira

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Algumas revistas estão adaptando a tipo-grafia para essa tendência vintage. A revista ABC Design ( http://abcdesign.com.br/ ), está testando os tipos em uma nova proposta de projeto gráfico. O resultado visual foi muito bom, combinou com o tema da revista que é design gráfico. A revista usa uma composição de tipos mais espessos nos títulos, e na mas-sa de texto uma fonte mais fininha, que pro-porciona uma leitura leve.

Dicas de aplicação: Não sobrecarregue a sua página - pode abusar dos tipos mais espessos (grossos), com curvas ou serifa, mas não utilize o tempo todo, compense com uma fonte mais fina.

Cuidado com a legibilidade - tipos muito finos ou com estilo manuscrito procure preenche-los com cores escuras, ou colocá-los sobre fundos de cores vibrantes. Nunca coloque tipos finos preenchidos com cores claras em tons pastéis, pois isso com-promete a legibilidade.

Sites de fontes vintage free:

http://www.1001fonts.com/vintage-fonts.html

http://www.demilked.com/free-retro-fonts/

http://www.dafont.com/theme.php?cat=115

http://www.urbanfonts.com/fonts/retro-fonts.htm

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Revista ABC Design Edição 44 e 45.

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Escolher um jornal na ban-ca se tornou um desafio para os leitores. Além de manchetes que chamam à atenção, indignam e fazem pensar, a apresentação visual está cada vez mais atrativa e ousada nos jornais. Esse traba-lho visual é resultado da diagra-mação. Com a queda de venda dos jornais impressos, devido ao crescimento da internet, não são medidos esforços para conquis-tar os leitores. A disposição das imagens, a tipologia e ilustrações, conseguem dar vida ao texto. Hoje, graças aos novos recursos visuais, é possível fazer uma lei-tura prévia do conteúdo, somente com a apresentação visual de uma página. »

A jornalista e designer Renata Maneschy, conta detalhes da diagramação do jornal Folha de são Paulo

a dádiva do impressoDiagramação

Diagramação da seção Mercado do jornal Folha de São Palo, no dia 28 de fevereiro de 2014.

Texto: Letícia FerreiraFotos: Acervo Pessoal de Renata Maneschy

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A diagramação hoje, se tornou a dádiva do impresso, pois é dos fatores está ajudando os veículos de comunicação impressos a con-correr com os atrativos da internet. Ou seja, os jornais estão apos-tando em reportagens mais detalhadas e reflexivas casadas com uma diagramação que é atrativa e reflexiva.

E pensando nessa nova realidade dos jornais que a Past-up foi em busca dos diagramadores do maior jornal do país, a Folha de São Paulo. E para falar sobre diagramação nos jornais, nada melhor que a vencedora de quatro prêmios Esso de criação gráfica e Top 100 no ranking de jornalista mais premiado de todos os tempos do site Jor-nalistas & Cia. A jornalista e designer Renata Maneschy ( https://www.facebook.com/ManeschyDesign ), de 38 anos, conta como é trabalhar com diagramação hoje, no maior jornal do país:

Quanto tempo trabalha na folha?Trabalho na folha desde janeiro desse ano, mas já ti-

nha trabalhado aqui em 2001/2002.

Como é diagramar para o maior jornal do país?O trabalho em si é como diagramar qual-

quer outro jornal, mas a diferença é o desafio dos temas, a pressão de fazer sempre algo com um grau de exigência mais elevado. Todo mundo espera um nível de qualidade excepcio-nal do maior jornal do país. »

“o diagramador tem a função de fazer a ligação entre o conteúdo e o leitor”

Jornalista e designer Renata Maneschy, recebendo o Prêmio Esso de criação gráfica de 2004.

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18 Quais são os recursos que os diagramadores utilizam na diagramação da Folha impressa?Quanto aos recursos. Todo tipo de recurso gráfico

pode ser utilizado na diagramação da Folha, depende da matéria e dos elementos. O importante é que res-peite as regras do projeto gráfico, principalmente, no que diz respeito a tipografia.

Quais são os programas utilizados?Nós usamos o indesign inte-

grado com o Jazbox que permite uma união entre diagramação das páginas e os textos produzi-dos pelos repórteres. »

Ao fundo, digramação da seção comida em 26 de fevreiro de 2014, ao lado diagramação da seção Ilustrada em 9 de fevereiro de 2014.

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Como você vê o mercado de veículos impressos? Acha que o fim do jornal impresso está próximo?Acho que houve uma queda nos últimos

anos, mas acredito que no Brasil o fim do jornal impresso ainda está longe de acontecer. Ainda existem muitos leitores que fazem questão da leitura no papel.

Quais são as técnicas utilizadas na diagramação da Folha impressa para chamar atenção do leitor?

Acho que em primeiro lugar um projeto gráfico bem definido ajuda bastante. O leitor bate o olho e sabe qual jornal ele está vendo.

Depois entra um comprometimento com o conteúdo, com a história que está sendo con-tada. E uma incansável busca por um maneira diferente de contar essa história visualmente, seja pelo uso da infografia, da ilustração, da fotografia... Uma ousadia gráfica comprometi-da com o conteúdo é o que resume bem. »

Diagramação da seção Mundo do jornal Folha de São Palo, no dia 9 de fevereiro de 2014.

Diagramação da seção Mundo do jornal Folha de São Palo, no dia 14 de abril de 2014.

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20 Na sua opinião, qual a melhor diagramação feita na capa e melhor página no jornal impresso que fora publicada na Folha? Poderia enviar um JPG ou um PDF dela?Que pergunta difícil. Já foram feitos tantos trabalhos le-

gais aqui. Esse ano mesmo a Folha ganhou vários prêmios SND e Malofiej. Ficaria difícil dizer apenas um. »

A esquerda diagramação da seção Mundo do jornal Folha de São Palo, no dia 23 de Março de 2014, a direira seção Mundo no dia 26 de fevereiro.

Page 21: Past up n1

Como você vê a profissão de diagramador no jornalismo?Eu acho que o diagramador tem a função de

fazer a ligação entre o conteúdo e o leitor, uma vez que é responsável pela organização das notí-cias nas páginas. Mas muito além disso, ele é ca-paz de também se comunicar com o leitor contan-do uma história visualmente, nos casos de páginas e cadernos especiais.

A esquerda diagramação da seção Cotidiano do jornal Folha de São Palo, no dia 2 de abril de 2014.Abaixo Renata no Prêmio Esso 2009.

Page 22: Past up n1

22 Faltou imagemQuando ocorre a falta de uma boa imagem para ilustrar uma matéria, é preciso recorrer ao bancos de imagens. Confira as

dicas de bancos e os critérios dos mais populares.

para a reportagem, e agora?

Ao escrever uma reportagem, nem sempre se consegue imagens para ilustrá-la. O problema pode ocorrer pelo tempo curto de elaboração do texto ou por falta até de equipamento adequado para pro-duzir uma foto, ou até possui uma foto, porém ela está em baixa qualidade. Nessas situações é que mui-tos jornalistas, diagramadores e iconógrafos recorrem aos bancos de imagens. Mas como funcionam esses bancos?

Em primeiro lugar, ao usar ima-gens de um banco, o diagramador deve sempre ler o manual de uso. Mesmo que uma imagem seja livre de restrições, deve-se garan-tir que o uso da imagem caia nas diretrizes do acordo de licenciamento da imagem do site. As diretrizes para cada banco de imagem são diferentes, então tenha sempre certeza das regras de uso antes até de procurar as imagens. Algumas galerias até restringem suas imagens para uso pessoal e sem fins lucrativos. Mas no geral, há três tipos de fotografias disponí-veis nos bancos de imagem: gratuitas, com direitos controlados e com direitos licenciados. »

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Texto: Letícia FerreiraFotos: Reprodução

Page 23: Past up n1

Bancos pagos:Para baixar imagens de um

banco, você primeiro irá se cadastrar e quando se trada de bancos de imagens pagas, irá cadastrar dados do seu cartão crédito também. A maioria dos bancos pagos são estrangeiros, (fique atento a esse detalhe, pois os valores das imagens são calculados em Dólares ou Euros). Mas há bancos pagos nacionais como o Stockbrazil, o qual facilita a busca de imagens de cidades brasileiras, e na efetuação do pagamento que acontece com base no Real. »

http://www.stockbrazil.com.br/

http://www.shutterstock.com/

http://www.stockphotos.com.br/http://pt.dreamstime.com

Page 24: Past up n1

24 Bancos freeExistem muitos bancos de imagens

gratuitas, abastecidos por fotógrafos que estão iniciando a carreira, que utilizam as galerias para divulgar o trabalho. Um dos bancos free mais utilizados mundialmente é Sock.XCHNG. Ele possui mais de 400 mil imagens de alta qualidade enviada por usuários, e todos os dias são acres-centadas novas imagens. Para garan-tir a qualidade e a relevância do banco de imagens, os moderadores do site verificam cada envio antes de disponi-bilizá-lo. Ao fazer o download de ima-gens do Sock.XCHNG assegure-se de que a imagem pode ser utilizada para a aplicação que necessita, verificando o status de restrição de cada imagem. A maioria das imagens contidas no banco de dados é livre de restrições, isto é, podem ser utilizadas em traba-lhos pessoais e comerciais. »

http://www.freeimages.com

http://www.morguefile.com

http://www.rgbstock.com

http://www.freepixels.com

Page 25: Past up n1

Uma ajuda nas buscasUma das grandes novida-

des na busca de imagens é o Freepik, ele é um site de bus-ca de fotos de alta qualidade de vetores, ícones, ilustra-ções e arquivos PSD. O Freepik realiza uma busca em vários sites free do tema procurado. Para usar não precisa se cadas-trar, mas para obter as imagens que ele apresenta em pesquisa, você deve se atentar as regras dos bancos para que ele irá lhe direcionar.

Atenção com os Royalties e os Direitos Licenciados:Royalties: O termo refere-se aos deta-

lhes do acordo de licenciamentos de ima-gens. Uma licença de imagens com direi-tos controlados é concedida por meio do pagamento antecipado. Esse pagamento que funciona como um contrato, concede o direito de você utilizar a imagens em outros veículos (ou materiais), sem pagar taxas adicionais.

Direitos licenciados: Normalmente foto-grafias que têm seus direitos licenciados são mais caras. No valor da licença calcula-se quantas pessoas verão as imagens e quan-tas vezes ela será publicada. Os bancos em que é comum solicitar licenciamento são Corbis e Getty Images.

http://br.freepik.com

http://www.corbisimages.com

http://www.gettyimages.pt

Page 26: Past up n1

26Nos protestos nacionais de junho de 2013, as capas dos jornais brasileiros também expressaram as vozes das

ruas de por meio da diagramação.

as vozes das ruasAs capas que reproduziram

Há momentos na história em que os jor-

nais divulgam notícias que marcam, que me-

recem um cuidado visual especial, a altura do que

representam. É nesses momentos, que a diagrama-

ção dos veículos impressos mostram a sua importância na construção das notícias. E nos

possibilita analisar e conhecer novas ideias de diagramação,

pois nesses casos é possível fugir dos manuais de marca ou regras tipográficas.

Em junho de 2013, tornou-se um mês inesquecível. Protestos popula-res brasileiros, tomaram as ruas das principais cidades brasileiras, e os diagramadores dos principais jornais do Brasil se dedicaram para produzir capas diferenciadas, expressando um momento histórico de grande impor-tância política. »

Capa do jornal Comércio de Franca (SP)

Texto: Letícia FerreiraFotos: Divulgação

Page 27: Past up n1

Burlando os manuaisSabe-se que as capas dos jornais

sempre procuram manter uma identidade padrão com o logo em evidência, porém nessa ocasião em especial, os diagrama-dores se libertaram de regras e manuais de logomarcas e soltaram a imaginação. A Past-up separou uma seleção das ca-pas mais diferentes para analisarmos os recursos em diagramação utilizados.

A capa em forma de um cartazO Comércio da Franca (SP), Estado de

Minas (MG) e o Pioneiro (RS), ousaram na inovação, criaram uma espécie de cartaz, arremetendo aos cartazes utilizados nos protestos. O Comércio de Franca colocou até uma bandeira do Brasil no logo para demonstrar o patriotismo, além do ele-mento das mãos os diagramadores dos três jornais inovaram nas fontes. »

Capa do jornal Estado de Minas (MG)

Capa do jornal Pioneiro (RS)

Page 28: Past up n1

28 Essas imagens de cartazes foram pegas de bancos, e adaptadas para o tamanho da capa, encontramos uma semelhante no banco de imagens Shuttestock. A tipografia que simula escritas a mão com tinta, po-dem ser encontradas semelhantes no site DaFonte.

Composição fotográficaOs diagramadores do jornal Zero Hora

(RS) colocaram uma foto no logo. Esse recuso visual, tem se tornado comum em diversos jornais nacionais e internacio-nais. A ideia da foto na logo é sempre transmitir um movimento, ou seja, ela obrigatoriamente de deve ser recor-tada, por este motivo a imagem deve estar completa. O Zero Hora utilizou um conjunto de fotogra-fias para ilustrar a capa. »

Imagem e fontes semelhantes as que foram usadas nas capas que reconstuíram os cartazes usados nas manifestações

Capa do jornal Zero Hora (RS)

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https://www.youtube.com/watch?v=YqecdeUGaGc

Reconstruindo

Recurso semelhante mas com uma disposição completamente dife-rente, foi feito na composição de capa da Gazeta do Povo (PR). Os diagra-madores paranaenses conservaram as fontes padrão do jornal, mas utilizaram sobreposição de traços com as cores na-cionais sobre a chamada da capa. A sobre-posição das linhas tem objetivo de transmi-tir a ideia de rosto pintado, característica dos manifestantes que se caracterizavam para sair nas ruas.

Capa do jornal Gazeta do Povo (PR)

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A capa dentro da notíciaO Jornal de Santa Catarina e

Diário Catarinense (SC), abusa-ram de uma boa foto. Mas com a ideia de que o jornal faz parte do fato. Esse efeito foi possível gra-ças a mudança de cor no logo dos jornais. No Diário Catarinense os diagramadores conseguiram colocar um prédio em primeiro plano sobre a letra "D" do logo.

Capa do jornal Jornal de Santa Catarina (SC)

Capa do jornal Diário Catarinense (SC)

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Nesta primeira edição, a Past-up selecionou alguns livros com conteúdos indispensáveis para suas publicações impressas. Para quem está querendo aprender sobre princípios de diagra-mação, o livro Diagramação: O planejamento visual gráfico na comunicação impressa, é per-feito. O autor Rafael Souza Silva, traz o histórico da diagramação e explica noções de tipografia e posicionamento textual.

e novas ideiasDiagramação, impressão, revistas

E se além de noções de diagramação, você precisa saber como funciona a impres-são e cores de veículos de comunicação im-pressos, indicamos o livro Produção Gráfica: a arte e técnica da mídia, de Antônio Celso Collaro. Neste livro você encontrará informa-ções sobre paleta de cores, tipografia, tipos de papel e impressão. »

Texto: Letícia FerreiraFotos: Reprodução

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32Mas se seu interesse for revistas,

recomendamos um livro que foi lan-çado em 2013, A arte de editas revis-tas. A autora Fatima Ali constrói passo a passo o formato revista, apresen-tando noções de editorial, missão, tipografia, fotografia, texto, plane-jamento e histórico das revistas. Ou seja, é quase um almanaque sobre revistas.

Separamos também outro lançamento de 2013, 100 ideais que mudaram o design gráfico. O livro é uma adaptação de Steven Heller e Véronique Venne, que reúne 100 ideias sobre design gráfico. A obra é ótima para se inspirar com ideias novas. Em cada página o leitor se depara com uma ideia gráfica diferente, que pode utilizar nos seus materiais.

Conhece algum livro ou artigo que pode ajudar na diagramação? Envie sua suges-

tão para o e-mail

[email protected]

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