partido arquitetônico

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PARTIDO ARQUITETÔNICO Professor Alfredo Coelho Entre todos os aspectos componentes de um projeto de Arquitetura, o conforto térmico e acústico bem como a funcionalidade são itens de extrema importância. O conforto térmico leva em conta aspectos naturais como ventilação e iluminação, aspectos estes que são obtidos tirando-se proveito da situação e condições topográficas do terreno. Já a funcionalidade depende muito da articulação das peças (salas, quartos, cozinha etc. e ou outros elementos, quando é o caso) os quais devem estar racionalmente distribuídas atendendo a um fluxograma que contemple os três setores (social, íntimo e serviço) sem atropelos e misturas; tudo isso de modo a atender às necessidades do cliente. O Arquiteto ao conceber um projeto, este deverá ser capaz de traduzir as expectativas do cliente em relação a diversos atributos, muitas vezes subjetivos como, por exemplo, conforto, requinte e beleza, que são atributos únicos inerentes a cada pessoa. Cada um apresenta conceitos diferentes para entender e aceitar os conceitos de conforto, requinte e beleza. Um adulto e uma criança têm interesses bem diferentes e veem as coisas mais diferentes ainda, assim como acontece com o homem e uma mulher, os quais ainda sofrem influências pela classe social, níveis culturais, formação, assim como outros condicionantes que advém das necessidades de cada um. O gosto é uma questão de várias sugestões, tudo influencia e, cabe ao arquiteto está comprometido com o interesse do cliente; e esse é o desafio: conseguir compreender os seus desejos e atender as suas necessidades e expectativas de morar ou mesmo de empreender, se for o caso. O arquiteto deve agregar valor ao seu projeto, isto é, deve atender a todos os atenuantes visando sempre um menor custo, mas sem agredir o acabamento e bom gosto. O arquiteto ao atender aos “horripilantes” Códigos de Obras não deve sacrificar as suas ideias e a funcionalidade do projeto, não deve por em cheque o bom funcionamento entre as peças, e dispor de artifícios que venham, num futuro próximo, prejudicar e macular o seu trabalho. O arquiteto entes de tudo deve ser um “sertanejo”, segundo Euclides da Cunha: “ um forte ”. Um arquiteto comprometido com o seu cliente; comprometido com os códigos reguladores e a ética, jamais se dá por vencido e entregue a interesses vil. Ele segue em frente à procura de melhores soluções. A maior arma do arquiteto chama-se: PARTIDO ARQUITETÔNICO. É com essa arma que o arquiteto consegue êxito em seu labor, segundo Lucio Costa [ 1] : ... “enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais - não é ainda arquitetura; mas quando - popular ou erudita - aquele que a ideou para e hesita ante a simples escolha de um espaçamento de pilar ou de relação entre altura e largura de um vão e se detém na procura obstinada da justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei e se demora atento ao jogo de materiais ao seu valor expressivo - quando tudo isso vai a pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas também àquela intenção superior que seleciona,

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PARTIDO ARQUITETNICOProfessor Alfredo CoelhoEntre todos os aspectos componentes de um projeto de Arquitetura, o conforto trmico e acstico bem como a funcionalidade so itens de extrema importncia. O conforto trmico leva em conta aspectos naturais como ventilao e iluminao, aspectos estes que so obtidos tirando-se proveito da situao e condies topogrficas do terreno. J a funcionalidade depende muito da articulao das peas (salas, quartos, cozinha etc. e ou outros elementos, quando o caso) os quais devem estar racionalmente distribudas atendendo a um fluxograma que contemple os trs setores (social, ntimo e servio) sem atropelos e misturas; tudo isso de modo a atender s necessidades do cliente.O Arquiteto ao conceber um projeto, este dever ser capaz de traduzir as expectativas do cliente em relao a diversos atributos, muitas vezes subjetivos como, por exemplo, conforto, requinte e beleza, que so atributos nicos inerentes a cada pessoa. Cada um apresenta conceitos diferentes para entender e aceitar os conceitos de conforto, requinte e beleza. Um adulto e uma criana tm interesses bem diferentes e veem as coisas mais diferentes ainda, assim como acontece com o homem e uma mulher, os quais ainda sofrem influncias pela classe social, nveis culturais, formao, assim como outros condicionantes que advm das necessidades de cada um. O gosto uma questo de vrias sugestes, tudo influencia e, cabe ao arquiteto est comprometido com o interesse do cliente; e esse o desafio: conseguir compreender os seus desejos e atender as suas necessidades e expectativas de morar ou mesmo de empreender, se for o caso.O arquiteto deve agregar valor ao seu projeto, isto , deve atender a todos os atenuantes visando sempre um menor custo, mas sem agredir o acabamento e bom gosto. O arquiteto ao atender aos horripilantes Cdigos de Obras no deve sacrificar as suas ideias e a funcionalidade do projeto, no deve por em cheque o bom funcionamento entre as peas, e dispor de artifcios que venham, num futuro prximo, prejudicar e macular o seu trabalho. O arquiteto entes de tudo deve ser um sertanejo, segundo Euclides da Cunha: um forte. Um arquiteto comprometido com o seu cliente; comprometido com os cdigos reguladores e a tica, jamais se d por vencido e entregue a interesses vil. Ele segue em frente procura de melhores solues.A maior arma do arquiteto chama-se: PARTIDO ARQUITETNICO. com essa arma que o arquiteto consegue xito em seu labor, segundoLucio Costa[1]:... enquanto satisfaz apenas s exigncias tcnicas e funcionais - no ainda arquitetura; mas quando - popular ou erudita - aquele que a ideou para e hesita ante a simples escolha de um espaamento de pilar ou de relao entre altura e largura de um vo e se detm na procura obstinada da justa medida entre cheios e vazios, na fixao dos volumes e subordinao deles a uma lei e se demora atento ao jogo de materiais ao seu valor expressivo - quando tudo isso vai a pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos tcnicos e funcionais, mas tambm quela inteno superior que seleciona, coordena e orienta em determinados sentido toda essa massa confusa e contraditria de detalhes, transmitindo assim ao conjunto ritmo, expresso, unidade e clareza - o que confere obra o seu carter de permanncia. Isto sim arquitetura".Sempre que o arquiteto se depara com um projeto, ele se depara com um terreno, se depara com um cliente que tem as suas necessidades, ele se depara com um cdigo de obras e principalmente, se depara com a fruio de suas ideias, e a existe o perigo de as ideias flurem na direo de uma contradio entre as tcnicas a e funcionalidade e com essa contradio no chegar a um ritmo, a uma expresso a uma unidade e a uma clareza o que no qualificaria o seu projeto como ARQUITETURA. por isso que o partido arquitetnico deve ser bem estudado e analisado em todos os seus parmetros.O Partido Arquitetnico um conjunto de diretrizes e parmetros que so levados em conta na realizao de um projeto arquitetnico e ou urbanstico.Os parmetros sempre esto combinados e nunca um nico parmetro produzir um partido. Quanto maior o nmero de parmetros seguidos, melhor caracterizado ficar o PARTIDO ARQUITETNICO.10 PARMETROS QUE DETERMINAM UM PARTIDO ARQUITETNICO1.Terreno:Quanto ao terreno levam-se em conta os elementos de topografia:Altimetria e planimetria, rea, entorno e sua paisagem, localizao, acessos e implantao.2.Finalidade:As finalidades podem ser vrias:Residencial, uni e pluridomiciliar, comercial, pblica de edificaes, de equipamento ou urbanstica.3.Implantao:O parmetro implantao oriundo do parmetro terreno depende muito da geografia do terreno:Orientao, insolao, prevalncia de luz natural, prevalncia do meio ambiente existente.4.Programa:Os programas esto muitos atrelados a finalidades, so determinados pelo cliente ou consequncia da finalidade especfica do projeto.Setorizao e distribuio dos cmodos, arranjos horizontais ou arranjos verticais simples ou adaptados.5.Conceitos:Os conceitos so elementos tericos vindos de influncias histricas e de estilos arquitetnicos frutos de leituras e pesquisas.Linhas seguidas pelo arquiteto, tendncias clssicas, tendncias modernas ou tendncias contemporneas.6.Legislao:Estes parmetros esto relacionados a questes regulamentadoras.Planos diretores, cdigo de obras, leis de uso do solo e leis ambientais.7.Elementos construtivos:Este parmetro depende muito dos parmetros programa e conceito.Nele so levados em conta os materiais e o tipo de estrutura frutos do estilo arquitetnico adotado.8.Forma e volume:

Este parmetro mais um que est associado aos parmetros programa e conceito.Aqui se observa a proporo entre cheios e vazios, as vistas, movimentao volumtrica e linhas.

9.Flexibilidade:

Um projeto arquitetnico deve conter condio de alteraes e remanejamento a qualquer momento que se torne necessrio.

10.Viabilidade:

Est sujeita aos critrios de viabilidade econmica, viabilidade tcnica e construtiva, est de acordo com as legislaes e em respeito ao meio ambiente.

[1]Lcio Maral Ferreira Ribeiro Lima Costa, Arquiteto e Urbanista graduado em 1924 pela Escola Nacional de Belas Artes Rio de Janeiro. o responsvel pelo Plano Piloto de Braslia e o dono da ideia da cidade se desenvolver segundo a forma de um avio no Planalto Central. Lucio Costa nasceu em 1902, na cidade de Tullon Frana, (filho de pais brasileiros) e morreu no Rio de Janeiro - Brasil em 1998.