participaÇÃo dos pais no cotidiano da...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA
PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO COTIDIANO DA ESCOLA
ESTADUAL MANOEL ALVES GRANDE1
Vanuza Maria Costa Rodrigues
Campos Lindos – TO, dezembro/2011
1- Relatório analítico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em coordenação pedagógica,
como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Coordenação Pedagógica, sob a
orientação da professora Thania Maria F. Aires Dourado.
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RESUMO
Este trabalho resulta da execução do projeto de intervenção desenvolvido na Escola
Estadual Manoel Alves Grande com o objetivo de envolver os pais nos processos
pedagógicos da escola. Partiu da necessidade de sensibilizar os pais da importância de
participar do dia a dia da escola acompanhando de perto as atividades desenvolvidas por
seus filhos. Para a realização deste trabalho foram aplicados questionários com os pais
com o intuito de conhecer e aproximar a realidade escolar da vivência cotidiana do
discente, bem como se programou ações que trouxeram os pais para dentro da escola
tornando-os parceiros no desenvolvimento da aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: família, escola, aluno, processos pedagógicos.
1. INTRODUÇÃO
Vivemos uma realidade onde não é possível pensarmos em educação sem o
envolvimento da família nesse processo. A escola sozinha não educa e a família sem a
escola não é capaz de proporcionar aos seus membros uma educação que os qualifique
como cidadãos capazes de conquistar seu espaço na sociedade globalizada que vivemos.
Neste propósito realizou-se este trabalho com o objetivo de envolver um maior
número de pais nas práticas pedagógicas da Escola Estadual Manoel Alves Grande, pois
se entende que no interior da escola não se pode fazer educação significativa sem esta
parceria entre família e escola. Dessa forma buscou-se primeiramente analisar os fatores
que influenciam nessa relação para a partir daí, buscar-se compreender o porquê da
baixa participação dos pais nas reuniões pedagógicas da escola. Procurou-se também
compreender os motivos pelos quais as tarefas dos filhos iam e voltavam sem serem
feitas. Por outro lado tínhamos também a certeza de que a escola deveria assumir uma
postura mais democrática e aberta para que pudéssemos vencer o estigma da rotulação
para com nossos alunos e pais de alunos quando atribuíamos a eles a responsabilidade
pelos maus resultados e quando muito raramente conseguíamos trazê-los pra dentro da
escola, esses ainda eram constrangidos com as cobranças que recebiam a cerca do
comportamento e do baixo rendimento de seus filhos.
Partindo dessa realidade propôs-se este projeto de intervenção na Escola Estadual
Manoel Alves Grande e iniciou-se a execução de ações juntamente com toda a equipe
escolar, que ao ser chamada para a ação não mediu esforços para o engajamento ciente
de que os bons resultados desse projeto serão colhidos por todos.
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Escola e família são instituições sociais muito presentes na vida escolar do
aluno, de forma que só se pode pensar em sucesso educativo se pensarmos também em
trabalho conjunto. Este tem sido um dos desafios da educação. Educar é sem dúvida um
papel que recai sobre a família e a escola. Por isso, quanto mais estreita for essa relação,
melhor será o resultado. Pais e professores têm objetivos comuns e precisam ser o mais
cordiais, coerentes e responsáveis nesse processo.
De acordo com Dessen e Polonia (2007), no seu artigo A família e a escola
como contextos de desenvolvimento humano, elas descrevem a família como a primeira
mediadora entre homem e cultura, a família constitui a unidade dinâmica das relações
de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais,
históricas e culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem humana.
Para compreendermos melhor a importância dessa interação entre escola e
família, procurou-se através de questionários conhecer um pouco mais sobre as
condições sócio econômicas das famílias dos nossos alunos, o nível de instrução e a
opinião que têm da escola onde seus filhos estudam aliando ao papel da escola
estabelecer critérios para receber os pais com afetividade, sem o estigma de que eles não
vêm para ajudar e sim para criticar. Para tanto é preciso que a escola assuma
definitivamente uma postura democrática, capaz de ouvir, e principalmente capaz de
construir novos conhecimentos com base na coletividade. Foram distribuídos 130
questionário entre os alunos das turmas do diurno da escola. Dos 130 questionários
enviados para os pais quatro foram extraviados, tendo um retorno de 126 respondidos, o
que corresponde a aproximadamente 15% do total de pais da escola.
Nesta perspectiva, buscou-se inferir sobre os conceitos de gestão democrática, pois num
ambiente onde não houver abertura aos aspectos democráticos, provavelmente haverá
pouca ou nenhuma participação da comunidade escolar. Hora (1994), que estuda a
gestão democrática nas escolas afirma que:
A possibilidade de uma ação administrativa na perspectiva de construção
coletiva exige a participação de toda a comunidade escolar nas decisões do
processo educativo, o que resultará na democratização das relações que se
desenvolvem na escola, contribuindo para o aperfeiçoamento administrativo
pedagógico. (HORA, 1994, p. 49).
Para tanto, torna-se necessário que a comunidade escolar esteja articulada de
forma a atender as chamadas que o processo educativo requer. Esta articulação deve ser
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promovida pela escola, pois, nem sempre os pais estão preparados para ter a iniciativa
de procurar a escola dos filhos e fazer críticas ou dar sugestões. De acordo com
COSER, (2009):
Apesar do conhecimento disponível sobre a importância e as características
do envolvimento parental para o melhor rendimento escolar, a aplicação
deste é pouco observada na prática presente tanto em situações escolares
quanto domésticas, em relação á promoção da aprendizagem. (COSER,
2009,p. ).
Quando falamos na necessidade de estreita relação entre família e escola,
falamos principalmente na possibilidade de compartilhar critérios educativos para que
possam minimizar as possíveis diferenças entre os dois ambientes. A escola é o
ambiente de convívio coletivo e todos que estão presentes nela buscam um interesse
comum: Aprendizagem e prática dos saberes. (Hora, 1994).
Dessa forma, percebe-se que a escola busca ampliar os conhecimentos que já
foram adquiridos no espaço familiar, pois a família é o principal suporte da escola em
relação ao desenvolvimento educacional dos discentes. O convívio escolar sem duvida é
uma troca de experiências, onde exige uma adequação de vida em grupos, pois é
necessário que os membros compreendam e respeitem cada fator que envolve o outro,
facilitando a vida em comum. Para que isso aconteça cabe á família e a escola
direcionar ações e diretrizes onde sejam cumpridas por ambas as partes, pois a partir de
um planejamento é que se pode concretizar o trabalho esperado. Nesse sentido o PPP da
Escola Estadual Manoel Alves Grande contempla ações que viabilizam essa parceria,
pois somente com um PPP articulado onde todos os agentes sejam conscientes da
importância do seu papel como membro da equipe escolar é que o trabalho realmente
poderá ser produtivo.
De acordo com Hora (1994, p. 87) a comunidade escolar é constituída por todos
os pais, professores, direção, merendeiras, pessoal de apoio e técnicos da escola e se
constitui na instancia máxima de decisão.
É importante ressaltar o que Silva fala sobre a participação da comunidade
escolar, segundo ele: “Diversas experiências mostram-nos que, participando a
comunidade da gestão escolar, o trabalho realizado torna-se menos estafante para a
equipe de direção e há maiores possibilidades de que se consiga mais organização e
melhor qualidade nas atividades desenvolvidas.” (SILVA, p.04)
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Assim podemos ver que é urgente a necessidade de termos uma gestão
democrática capaz de envolver os demais membros da comunidade escolar nos processos
educacionais de forma participativa, Demo apud Silva, diz que:
A própria comunidade é quem deve abrir espaços para que sua participação
torne-se, a cada dia, mais efetiva. “Dizer que não participamos porque nos
impedem, não seria propriamente o problema, mas precisamente o ponto de
partida. Caso contrário, montaríamos a miragem assistencialista, segundo a
qual somente participamos se nos concederem a possibilidade” (DEMO,
1999, p. 19).
Nessa perspectiva, é preciso que a escola tenha uma organização coletiva para
que possa assim receber esta comunidade consciente da necessidade da sua atuação.
Afinal o que precisamos realmente é estabelecer esta parceria entre a escola e a família,
pois é certo que havendo um interesse comum os resultados serão bem mais
satisfatórios.
Embasado nesta concepção, realizou-se esta pesquisa-ação na Escola Estadual
Manoel Alves grande junto aos pais dos alunos, professores e gestores da escola, e junto
aos alunos de 1º ao 5º ano e do 6º ao 9º e do Ensino Médio Regular. O objetivo deste
projeto foi envolver um maior número de pais nos processos pedagógicos da escola,
criando espaços para que se concretize esta participação, desenvolvemos ações
buscando entender quais fatores interferem na relação entre a escola-família. Para tanto,
aplicamos um questionário aos pais onde pudemos observar o perfil socioeconômico
das famílias de nossos alunos, perceber que importância eles dão á educação escolar de
seus filhos e de que forma eles vêem a escola de seus filhos. O resultado foi satisfatório
uma vez que a partir da consolidação dos dados compreendeu-se que não basta apenas
cobrar dos pais é preciso que a escola também cumpra o seu papel no sentido de
democratizar suas ações para que possa ter os pais presentes escola. A aplicação do
questionário junto aos pais foi orientada para a busca de conhecimento sobre a família
dos nossos alunos e a partir de então realizamos palestras para os pais sobre temáticas
como a importância da participação deles na vida escolar dos seus filhos, valores da
família; realizamos uma oficina onde os pais puderam conhecer o PPP da escola, sua
proposta pedagógica, bem como sugerir ações para o PPP com participação deles;
realizamos reuniões diversificadas e dinâmicas, mudando o horário do diurno para o
noturno, oferecendo lanche, sorteio de prêmios e mensagens em slides, além de
organização e cumprimento de horário; promovemos momentos de formação
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continuada com os professores e equipe pedagógica enfocando a importância da
autoestima elevada.
Todas as ações foram registradas através de fotos, relatórios e atas e ao final de cada
ação realizada a equipe gestora se reunia para analisar se o resultado foi satisfatório e o
que deveria ser mudado.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA
A Escola Estadual Manoel Alves Grande criada em 1979, localizada em Campos
Lindos, TO, pertencente a rede estadual de ensino público, atendendo atualmente a
963 alunos matriculados nas séries iniciais (1º ao 5ºano), séries finais (6º ao 9º ano)
do Ensino Fundamental regular Educação de Jovens adultos, Ensino Médio regular
e Educação de Jovens adultos, com nota no Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica - IDEB no ano 2009, de 2,5 para o 9º ano do Ensino Fundamental.
2. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A Escola Estadual Manoel Alves Grande conta atualmente com um total de
963 alunos o que dá uma média em torno de 650 famílias, visto que muitos têm
entre duas e três crianças, com casos de famílias que têm até seis crianças que
estudam na escola, os dados obtidos por meio do questionário apontam para:
2.1 Perfil socioeconômico dos alunos da Escola Estadual Manoel Grande
Com base nas informações fornecidas pelos pais no questionário aplicado na
escola, 22% deles nunca frequentaram a escola, 49, 2% não concluíram o ensino
fundamental, apenas 18,2% dos pais entrevistados concluíram o Ensino
Fundamental, somente 6,3% possuem E.M. completo, enquanto apenas 2,3% dos
pais possuem ensino superior.
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Figura 01 – Grau de instrução dos pais
Em relação à moradia 16,4%, possuem casa própria, destes 38% moram em sua
própria residência própria e 45,2% vivem em chácaras, conforme figura 02. Ainda
de acordo com o instrumento de coletas de dados aplicado 51,5% não possui renda
fixa, ao passo que 19 % vivem com menos de um salário mínimo, 12 % vivem com
dois salários mínimos, 15% vivem com mais de dois salários mínimos.
Figura 02 – Condições de moradia
Figura 03 – Renda familiar
Sobre o numero de pessoas nas famílias entrevistadas, 6,3% são compostas por
apenas duas pessoas, enquanto 33,3% são formadas por menos de cinco pessoas, ao
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passo que 52,3% acima de cinco pessoas; em 16,6% das famílias entrevistadas
apenas dois membros freqüentam a escola; por outro lado em 83,3%, mais de duas
pessoas da família estudam.
Figura 04 – Número de pessoas na família
Figura 05 – Número de pessoas que estudaram na família
Os resultados apontam para uma maioria de famílias dos alunos pertencentes à
classe desfavorecida economicamente, com baixo nível de escolaridade, sendo que a
maioria mora em chácaras, sítios e assentamentos de terra. Nesse contexto pode-se
compreender melhor o porquê de muitas vezes a criança não realizar as tarefas de casa.
Assim, deve-se analisar a fala de Rosely Sayão e Julio Gropa Aquino (2004), no artigo
“A escola, a família e suas fronteiras” que abordam a questão da tarefa de casa não
como uma responsabilidade da família que nem sempre está estruturada para isso e sim
dos professores segundo eles, porque o professor não acompanha o aluno passo a passo,
nem explica o motivo e a finalidade das tarefas. (SAYÃO, 2004). Entretanto não se
busca aqui identificar quem são os culpados pelo fracasso mas encontrar junto a um
trabalho coletivo e de parceria entre a escola e a famílias dos alunos estratégias que
possam incluir todos independente da classe social que ocupam. Portanto para que
possamos encontrar esses caminhos é preciso que se reveja também a postura da escola
em relação ao que esperam da família, não delegando a eles responsabilidades suas ou
trazendo para si responsabilidades que são da família. Ainda de acordo com Sayão e
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Aquino a escola imagina que pode se estruturar, para seus alunos, de forma que
compense a falta da família. Como se isso fosse possível... Não é, e ponto final...
querendo ser família a escola deixa de ser escola.
2.2 Relacionamento da família dos alunos com a Escola
Questionados sobre a importância que dão a educação de seus filhos, 28,5%
consideram importante o suficiente, 71,4% disseram que a educação de seus filhos tem
significado satisfatório.
Figura 06 – Importância da educação escolar dos filhos
Sobre a participação do seu filho na escola, 42,4 dos pais vêem como boa, 16,6
consideram excelente e cerca de 40% julgam que a participação dos seus filhos na
escola é insatisfatória, ao mesmo tempo 17,4% dos pais raramente frequentam a escola,
28,5% participam apenas das reuniões e 53,9% só comparecem na escola quando são
convocados.
Figura 07 – Avaliação dos pais quanto a participação dos filhos na escola
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Figura 08 – Freqüência dos pais na escola
Em relação ao acompanhamento nas tarefas de casa 19,8% dos pais auxiliam
sempre que é necessário, enquanto 69,8% responderam que não acompanham,
justificando que não tem conhecimento suficiente para auxiliar, e 10,3% raramente
acompanha.
Figura 09 – Acompanhamento dos pais nas tarefas dos filhos
Percebe-se assim que os professores não estão exagerando quando relatam que a
maioria dos seus alunos volta à escola sem trazer a tarefa de casa feita. Durante a
execução do Projeto de Intervenção foram estabelecidos diálogos com professores onde
foram registradas as seguintes falas: “o para casa é um complemento das atividades
trabalhadas na aula e servem para consolidar a aprendizagem do aluno e para
desenvolver nele desde cedo, o hábito de estudar em casa.” (Professora 1). A professora
2 colocou que o para casa deve sempre contemplar habilidades que seu aluno necessita,
porém não se pode cobrar do aluno aquilo que ele ainda não domina. Já a professora 3
na sua fala em uma das palestras ministradas por ela, mesmo que a família não entenda
o para casa da criança para ajudá-la a fazer, mas que estabeleçam horários para a criança
cumprir como: hora de almoçar, descansar, fazer tarefas e brincar. Nesse sentido pode-
se entender a fala de Coser (2009):
É importante ainda programar e fixar horários de estudo,
dentro da rotina da criança e da casa, identificando os
períodos de melhor rendimento do filho e de maior
tranquilidade no local selecionado para estudar. É indicado
não definir horários que a criança esteja cansada, com fome
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Raramente frequenta Participo apenas dasreuniões
Vou apenas quando souchamado
Quanto a participação dos pais na escola
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Auxilio sempre queprecisa
Não acompanho por nãoter conhecimento
suficiente
Raramente acompanho
Quanto ao acompanhamento dos pais nas tarefas de casa
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ou que ocorram coisas que ela deseja muito e que estará
deixando por causa do estudo. (como por exemplo , assistir
desenho ou programa que ela mais gosta). O estudar tem que
ser algo agradável e não associado com perdas de privilégios
ou castigo. Para todos esses aspectos é importante identificar
as alternativas e a escolher as melhores. (COSER, 2009, p. 5-
6).
Ainda de acordo com a opinião dos pais 22,2% deles consideram que a escola
oferece oportunidades para que eles frequentem a escola, 9,5% afirmaram que a escola
deve propor mais sugestões a comunidade, 18,2% responderam que a escola os convida
para participarem da tomada de decisões na escola, ao passo que 50% dos entrevistados
concordam que a escola deve melhorar nas atitudes tomadas sem o conhecimento dos
pais.
Figura 10 – Avaliação que os pais fazem da escola
Buscou-se também conhecer a opinião dos pais sobre se consideram que sua
participação pode influenciar no rendimento dos filhos onde 35,7 disseram que com
certeza as idéias seriam colocadas em discussão, 19,8 que seria bom, pois estariam
conhecendo o que e onde a escola pretende chegar, todavia 44,4% pensam que não
contribuiriam porque não entendem do contexto.
Figura 11 – Participação dos pais e melhoria no rendimento do aluno
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Concerteza as idéias serãocolocadas para discussão
Com isso conheço o que eonde a escola pretende
alcançar
Nem tanto, pois acho queisso é apenas para quem
entende do contexto
Quanto ao que considera que sua partipação pode influenciar na maioria dos trabalhos administrativos
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Perguntado a opinião deles sobre o que poderia ser feito para melhorar sua
participação em relação a escola 25,3 responderam que a escola deveria promover
reuniões mensais, 42% que os pais deveriam ser inseridos como amigos da escola, 3,9%
que a escola deveria reunir os pais bimestralmente para discutir o Projeto político
Pedagógico enquanto 28,5% acham que a escola deve determinar as datas para visita
dos pais a escola para que não atrapalhe o trabalho pedagógico.
Figura 12 – Sugestões para melhoria na participação dos pais na escola
Após a aplicação do questionário, reuniu-se com a equipe pedagógica para
analisar os resultados; A partir de então iniciamos a realização das palestras para os pais
tendo como tema a importância da participação deles para pleno desenvolvimento da
vida escolar de seus filhos, tendo como palestrante a professora e Orientadora
Educacional. Foram distribuídos inicialmente 100 convites para a palestra,
contemplando as turmas de 4“A”, 5“A”, 6“A” e 6“B”; das 100 cadeiras dispostas para o
assento dos pais, um total de 15 cadeiras ficaram vazias.
Após o início da execução do projeto, a postura da escola e da família mudou.
Os professores e demais funcionários foram fundamentais para o sucesso do projeto.
Após ter sido apresentado a equipe este ganhou adesão de 100 % dos servidores que
empenharam-se em todas as ações propostas desde a organização das reuniões que
passaram a ser realizadas em horário mais flexível com uma pauta que contemplava
sempre uma mensagem em slides que chamava atenção dos pais para a importância que
eles representam para a escola. Foram feitos sorteios de brindes nas reuniões,
premiamos a mães dos alunos campeões de livros lidos e para casa feito. As palestras
também receberam uma atenção especial, pois o convite aos pais foi feito pelos filhos
que se empenharam em trazer seus pais para dentro da sua escola, não para ser cobrado
mas, para sentirem o quanto a equipe escolar, professores, alunos e demais funcionários
sentem-se felizes em tê-los do nosso lado.
01020304050
Promover reuniõesmensais
Inserir os pais comoamigos da escola
Reunir-se bimestralmentepara discutir o projeto
pedagógico
Determinar datas paravisitas dos pais na escola
Quanto a sua opinião sobre o que poderia ser feito para melhorar a participação dos pais em relação a escola
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Dessa forma, finalizamos o projeto reunindo novamente com a equipe para
avaliar os resultados. Percebeu-se que a escola abriu um espaço mais democrático onde
a comunidade aos poucos vai passando a fazer parte da tomada de decisões e dos
processos de aprendizagem a medida que uma mãe de cada sala foi eleita como
madrinha da turma e a cada quinze dias vêm até a escola, conversa com os alunos,
distribui balas e incentivam aqueles que não estão tão bem a melhorarem sempre para
fazerem seus pais felizes. È claro que quando citamos o sucesso das ações do projeto
não estamos falando de cem por cento de sucesso, pois também tivemos resistências.
Mas, ficamos felizes porque se até pouco tempo numa turma de trinta alunos só
compareciam uns cinco ou seis pais quando eram chamados pra reunião, hoje
comparecem em torno de sessenta por cento. Ainda não são todos, mas, já é a maioria.
Tratando-se do rendimento dos alunos tem sido crescente, pois mesmo os pais que não
conseguem ajudar seus filhos a fazerem a tarefa, aprenderam nas palestras que foram
ministradas pela orientadora que é preciso que haja parceria também entre as famílias e
entre os vizinhos.
3. CONCLUSÃO
Ao término da execução do Projeto de Intervenção ficou evidente a importância
de escola e família se aliarem na educação de nossas crianças e jovens. Cabe a escola o
dever de proporcionar aprendizagem significativa e de qualidade a nossos alunos e a
família o dever não só de matricular seus filhos na escola, mas o de acompanhar
cotidianamente a vivencia dessa criança na escola.
Assim a Escola propôs uma nova forma de interagir com os pais, convidando-os
a virem mais vezes, e fazendo com que eles percebessem que a escola trabalha para
estar cada vez mais estreitando a relação existente entre ambos. Não foi fácil, pois
estava enraizada a idéia de que pais dentro da escola só serviam para incomodar, ou a de
que a escola é que se virasse, afinal os professores ganham é para isso. Estas eram
algumas das frases ouvidas quando se falava em acompanhamento dos pais a seus filhos
na escola.
Contudo, após realizarmos as ações que foram planejadas no Projeto de
Intervenção percebe-se que os objetivos propostos foram alcançados, pois é visível que
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agora os pais sentem-se mais a vontade para freqüentar a escola, e que esta por sua vez,
tem procurado cumprir seu papel de entidade democrática de gestão pública.
O Conselho de classe passou a contar com a participação de pais e alunos
representantes das turmas, professores e demais componentes da equipe gestora
participando de forma construtiva desse importante processo da educação escolar. Outra
evidencia de que não foi em vão o esforço da equipe, trata da forma dos professores
receberem os pais que vem visitar a escola, pedir informações sobre o desempenho do
seu filho. Já não há mais tantas rotulações negativas, percebe-se que os docentes estão
mais tranqüilos para falarem sobre suas dificuldades com os pais, sem atribuir-lhes a
culpabilidade pelo fracasso, mas sugerindo formas do pai estar dando sua contribuição
com a aprendizagem de seu filho. Trabalha-se dia a dia para crescermos como uma
instituição onde a participação democrática da comunidade alcance um novo patamar e
que realmente venha contribuir com o processo do ensino-aprendizagem da escola, onde
se busca constantemente por um ensino de qualidade para nossa clientela.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSER, Daniela Secolim. A importância da família na vida escolar dos filhos.
Texto baseado na dissertação para mestrado. Universidade Federal de São Carlos, 2009
acessado em: 05/03/2011, disponível em:
<http://www.neteducacao.com.br/portal_novo/?pg=artigo&cod=807>
DEMO, Pedro. Participação é conquista: noções de política social participativa. São
Paulo, Cortez, 1999. In: DIAZ BORDENAVE, Juan. O que é participação. 8 ed. São
Paulo, Brasiliense, 1994. - (Coleção primeiros passos, 95).
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da costa. A família e a escola como
contextos de desenvolvimento humano. Universidade de Brasília, Distrito Federal,
s/d.
HORA, Dinair Leal. Gestão democrática na escola: artes e ofícios de participação
coletiva. Campinas, SP: Papirus, 1994.
SAYÃO, Rosely; AQUINO, Júlio Groppa. A família a escola e suas fronteiras. In Em
defesa da escola. Campinas-SP: Papirus, 2004.
SILVA, Nilson Robson Guedes. A participação da comunidade na gestão escolar:
dádiva ou conquista? - Doutorado em Educação - Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, s/d; acessado em 01/03/2011, disponível em:
<http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/reduc/article/viewFile/195/192>
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ANEXO A – IDENTIFICAÇÃO DOS PROFESSORES QUE DERAM
DEPOIMENTO
Professora 1 – Lucimar Maria Dos Santos – Professora do 1° ano do Ensino
Fundamental de nove anos da Escola Estadual Manoel Alves Grande em Campos
Lindos; Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Integrada de Osasco- SP.
Professora 2 - Mariza Aparecida dos Santos de Sousa – Professora do 4° ano do Ensino
Fundamental de nove anos da Escola Estadual Manoel Alves Grande em Campos
Lindos – TO; Licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do Tocantins –
UNITINS/EDUCON.
Professora 3 – Mirella Costa Corado – Professora do 5° ano do Ensino Fundamental de
nove anos, com complementação de carga horária com disciplinas de Arte e Filosofia no
Ensino Médio regular, licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do
Tocantins/UNITIN, especialista em Orientação Educacional pela Faculdade de
Tecnologia Equipe Darwin.