participacao do advogado no jecrim

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1 A PARTICIPAÇÃO DO ADVOGADO E O JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS : 1.1 COMPETÊNCIA: A competência do Juizado Especial Criminal é o processamento, julgamento e execução relacionados às infrações de menor potencial ofensivo (art. 60). O art. 61 da Lei nº 9.099/95 estabelecia que o conceito de infração de menor potencial ofensivo englobava as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima igual ou inferior a 01 (um) ano, excetuando os casos em que a lei prevê procedimento especial. Com o advento da Lei 10.259/2001, mais precisamente no parágrafo único do seu art. 2º, tal conceito foi ampliado, abrangendo todos os crimes a que a lei comina abstratamente pena máxima igual ou inferior a 02 (dois) anos, não excetuando as infrações sujeitas a procedimento especial. 1.2 PRINCÍPIOS INFORMATIVOS: O art. 62 da Lei nº 9.099/95 traça regras mestras para o entendimento acerca do procedimento no Juizado Especial Criminal: Lei nº 9.099/95, art. 62: “O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação da pena não privativa de liberdade.”

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Page 1: Participacao Do Advogado No JECrim

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A PARTICIPAÇÃO DO ADVOGADO E O JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 1.1 COMPETÊNCIA: A competência do Juizado Especial Criminal é o processamento, julgamento e execução relacionados às infrações de menor potencial ofensivo (art. 60).

O art. 61 da Lei nº 9.099/95 estabelecia que o conceito de infração de menor potencial ofensivo englobava as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima igual ou inferior a 01 (um) ano, excetuando os casos em que a lei prevê procedimento especial.

Com o advento da Lei nº 10.259/2001, mais

precisamente no parágrafo único do seu art. 2º, tal conceito foi ampliado, abrangendo todos os crimes a que a lei comina abstratamente pena máxima igual ou inferior a 02 (dois) anos, não excetuando as infrações sujeitas a procedimento especial. 1.2 PRINCÍPIOS INFORMATIVOS:

O art. 62 da Lei nº 9.099/95 traça regras mestras para o entendimento acerca do procedimento no Juizado Especial Criminal:

Lei nº 9.099/95, art. 62: “O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação da pena não privativa de liberdade.”

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ORALIDADE: Os atos processuais devem, preferencialmente, ter a forma oral (v.g. denúncia – art. 77) INFORMALIDADE: Não há necessidade de fórmulas inúteis, vige a instrumentalidade das formas, bastando que o ato processual atinja sua finalidade. ECONOMIA PROCESSUAL: Evita-se a repetição de atos iguais ou semelhantes (ex: substituição do Inquérito Policial pelo Termo Circunstanciado de Infração Penal). CELERIDADE: O processo deve ser o mais rápido possível (ex: o art. 81, §1º, determina que todas as provas serão produzidas na audiência de instrução). 2. PARTICIPAÇÃO NA OCASIÃO DA LAVRATURA DO TERMO CIRCUNSTANCIADO DE INFRAÇÃO PENAL (TCIP):

O que contem o TCIP? a) Qualificação e endereços (residencial e do trabalho) do

autor do fato e da vítima, e respectivos telefones. b) A narrativa do fato e suas circunstâncias,

especificando-se data, hora e local de sua ocorrência e as versões, em síntese, das partes envolvidas.

c) A relação dos instrumentos da infração e dos bens

(apreendidos ou não). d) O rol de testemunhas, com a qualificação e indicação

dos endereços em que poderão ser localizadas. e) A lista dos exames periciais requisitados. f) Croqui na hipótese de acidente de trânsito. g) Outros dados que a autoridade policial entender

relevantes sobre os fatos.

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h) Assinatura das partes presentes à lavratura do termo. i) Nos casos de previsão legal, a representação do

ofendido (quando possível). j) A data e horário da audiência preliminar e a intimação

das partes. Participação do Advogado: O advogado pode acompanhar a lavratura do TCIP,

orientando previamente o cliente sobre a forma e conteúdo do ato realizado. 3. AUDIÊNCIA PRELIMINAR:

Consoante se infere da interpretação do art. 72 da Lei nº 9.099/95 (“na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade”) é necessária a presença do advogado, tanto representando a parte vítima quanto a infratora.

Na prática, considerando a baixa renda da maior parcela das pessoas que se valem do Juizado Especial Criminal, as quais não possuem renda suficiente para arcar com a contratação de um advogado, e considerando ser pequeno o contingente de defensores públicos e dativos, em grande parcela dos casos tem-se dispensado a necessidade de patrocínio por advogado.

Assim, incumbe ao juiz avaliar se, pelo fato de a pessoa

estar em desigualdade de condições técnicas em relação ao pólo adverso, é necessária a suspensão da audiência a fim de que a parte promova a contratação de um advogado ou lhe seja nomeado um advogado dativo para o ato.

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Nos casos em que há transação criminal, a fim de evitar

a argüição futura de quaisquer nulidades, têm-se entendido como prudente que sempre ocorra a nomeação de defensor ao infrator (“autor dos fatos”).

3.1 COMO PODE ATUAR O ADVOGADO NA AUDIÊNCIA PRELIMINAR - FASE DE COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS:

O “espírito” do Juizado Especial Criminal é precipuamente o da conciliação. Assim, sempre devem ser envidados esforços para o alcance da composição entre as partes.

A composição é vantajosa para todas as partes. Para o infrator, que terá declarada extinta a sua

punibilidade quanto aos fatos criminosos praticados (art. 74, parágrafo único), percebendo que a vítima lhe dera uma nova oportunidade de prosseguir a vida sem sofrer sanção por parte do Poder Público.

Para a vítima, que não precisará buscar a Justiça Cível

em um procedimento de conhecimento para ter a reparação pelo dano sofrido, eis que a composição é reduzida a escrito, restando homologada por sentença, e constitui-se em título executivo judicial (Art. 74, caput).

E para o Poder Judiciário, que ganha celeridade na

prestação jurisdicional, além de alcançar o objetivo de apaziguar as partes.

Portanto, o advogado tem importante papel em auxiliar

na composição entre as partes, seja externando de maneira clara a pretensão do cliente, seja reduzindo a animosidade entre as partes, seja criando propostas para a solução da questão que o destino lhes apresentara.

A composição dos danos civis no Juizado Especial

Criminal é tão prestigiada que inclusive nos crimes de ação

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penal com natureza pública incondicionada em que se identifique uma vítima subsidiária, tem-se admitido que a composição entre o infrator e a vítima subsidiária tornaria o fato penalmente irrelevante, fulminando a justa causa para a adoção do procedimento penal. Essa é a orientação do Enunciado 45 do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais).

“Nas infrações de menor potencial ofensivo de ação penal pública incondicionada, a composição civil implicará na rejeição da denúncia e/ou arquivamento por falta de justa causa”.

Deve também o advogado orientar seu cliente,

auxiliando-o a decidir o que crê ser o melhor caminho a ser adotado. No caso de ser advogado da vítima, deve orientar quando é interessante a composição, ou quando é interessante levar o feito adiante (mediante oferecimento de representação ou queixa-crime).

No caso de ser advogado do infrator, igualmente, deve

orientar quando é interessante a realização do acordo, quando deve aceitar a transação penal ou a suspensão condicional do processo pelo art. 89 da Lei nº 9.099/95 (quando for o caso), ou quando deva levar o feito adiante até ulterior sentença de mérito transitada em julgado.

3.2 COMO PODE ATUAR O ADVOGADO NA AUDIÊNCIA PRELIMINAR - FASE DE TRANSAÇÃO PENAL:

Sendo infrutífera a proposta conciliatória, ou incabível (pela natureza da infração – pública incondicionada), não sendo o caso de arquivamento, estando cumpridas condições de procedibilidade (quando for o caso, v.g. representação), e preenchendo o infrator os requisitos objetivos e subjetivos à obtenção do benefício (art. 76, §2º), o membro do Ministério Público apresentará proposta de transação penal (aplicação de medida restritiva de direitos), ex vi do art. 76.

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O mesmo ocorrerá quando for crime de ação penal privada, porém, a vítima (querelante) pode oferecer a proposta de transação penal (tem-se entendido que para viabilizar o alcance da fase de transação penal nos crimes de natureza privada, é necessário o oferecimento da queixa-crime, pois só então haverá justa causa e legitimidade para a persecução em juízo). Caso a vítima não apresente pode o Ministério Público ofertá-la.

E se o Ministério Público não ofertar? R: Nesse caso há

cisão na jurisprudência. Há decisões que tem permitido ao juiz oferecer a transação penal de ofício, notadamente no Estado do Rio Grande do Sul.

Por outro lado, há decisões no sentido de que se deva

aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, remetendo-se os autos ao Procurador-Geral de Justiça, sendo esta a posição atualmente adotada pelo STJ.

CRIMINAL. RESP. LEI 9.099/95. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 89. ACUSADO CONDENADO EM OUTRO PROCESSO. CONCESSÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ SINGULAR. IMPOSSIBILIDADE. PROPOSTA NÃO REALIZADA PELO MINISTERIO PÚBLICO. ANALOGIA AO ART. 28 DO CPP. RECURSO PROVIDO. “I - O fato de o paciente ter sido condenado em outro feito criminal contraria o art. 89 da Lei n.º 9.099/95, que prevê a inaplicabilidade da suspensão condicional do processo ao acusado que esteja sendo processado ou tenha sido condenado por outro delito. II - É prerrogativa exclusiva do Ministério Público a iniciativa para a proposta de suspensão condicional do processo, sendo descabida a sua realização, em tese, pelo julgador. III - Divergindo o Juiz e o Representante do Parquet, quanto à proposição da benesse legal, os autos devem ser encaminhados ao Procurador-Geral de Justiça, por aplicação analógica do art. 28 do Diploma Processual Penal. IV – Recurso que merece ser provido, para cassar a decisão recorrida e determinar o prosseguimento do feito. V -

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Recurso provido, nos termos do voto do relator.” (STJ – 5ª Turma - RESP nº 331106/SP - Rel. Min. Gilson Dipp – DJU de 22/04/2003 – pág.00253)

Na fase de transação penal, o advogado deve atuar

orientando o seu cliente a respeito dos benefícios (não constará de certidões de antecedentes, terá extinta a punibilidade sem sujeitar-se ao constrangimento próprio do processo criminal, não gerará efeitos civis, não acarretará a reincidência) e das conseqüências (no prazo de cinco anos não terá direito ao mesmo benefício e, em caso de descumprimento, há decisões no sentido de converter a medida em prisão – o que será adiante abordado de maneira mais específica), auxiliando-o a optar pela aceitação ou rejeição da proposta.

Outra forma de atuação é realmente negociando os

termos da medida, como por exemplo pleiteando a redução e parcelamento do valor da prestação pecuniária; a redução do número de horas da prestação de serviços e qual a entidade em que será executado o trabalho; etc...

4. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO:

Oferecida a denúncia, será designada audiência de Instrução e Julgamento, a qual seguirá o rito delineado no art. 81.

Lei nº 9.099/95, art. 81: “Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.”

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1º Passo – NOVA TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO 2º Passo – RESPOSTA À ACUSAÇÃO: O defensor do denunciado deverá responder à acusação. Tal resposta pode ser de maneira oral, assim que o juiz lhe concede a palavra a tanto. Ou pode ser apresentada de maneira escrita, no mesmo momento, ao que o magistrado deverá analisá-la de plano. O que é comum?

Na prática, muitos advogados que chegam à audiência despreparados sequer tinham ciência de que teriam que apresentar a defesa prévia no ato, motivo pelo qual acabam optando pela defesa prévia lacunosa, tal qual apresentado no procedimento comum ordinário (“MM. Juiz, que os fatos não ocorreram da maneira narrada na denúncia/queixa, o que se provará no decorrer da Instrução Criminal”).

Por outro lado, bons advogados, que conhecem

realmente o procedimento, apresentam-se à audiência com a resposta à acusação de maneira escrita, devidamente fundamentada na lei, jurisprudência e doutrina.

O que pode ser alegado?

A resposta à acusação (também chamada de defesa prévia, defesa preliminar ou alegações preliminares) pode conter diversos tipos de alegações, tais como: a) Ataque aos aspectos formais da denúncia, quando ela não preencha os requisitos do art. 41 do CPP (exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, qualificação do denunciado, classificação do crime). b) Ocorrência das hipóteses do art. 43 do CPP (atipicidade do fato imputado, extinção da punibilidade pela prescrição ou outra causa, ilegitimidade do pólo ativo ante a

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falta de condição de procedibilidade exigida pela lei para o exercício da ação penal. c) Falta de Justa Causa (quando se tratar de crime material em que não se tenha procedido a exames e laudos necessários à sua caracterização). O que deve conter? A resposta à acusação deve conter o rol de testemunhas, a não ser que não hajam testemunhas a serem inquiridas em interesse da defesa. Atenção! Ou as testemunhas comparecem ao ato independentemente de prévia notificação. Ou deve ser apresentado em juízo requerimento para notificação, no mínimo 05 (cinco) dias antes da realização da audiência de Instrução e Julgamento.

Art. 78 §1º: “Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo 5 (cinco) dias antes de sua realização.”

Assim, se não comparecem ao ato as testemunhas; e não houve requerimento para notificação; ou se o requerimento não ocorreu no prazo de cinco dias anteriores à audiência, preclui a possibilidade de inquirir as testemunhas faltosas. 3º Passo – RECEBIMENTO DA DENÚNCIA: O juiz, analisando a denúncia em seus aspectos formais, bem como analisando a resposta à acusação, deverá receber ou rejeitar a denúncia.

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Se receber, prossegue a audiência. Não cabe recurso. Se não receber, o Ministério Público pode apresentar recurso de Apelação (art. 82), no prazo de 10 (dez) dias. 4º Passo – PROPOSTA DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: Caso o acusado não esteja sendo processado criminalmente ou não tenha sido condenado por outro crime (se foi condenado por contravenção, pode ser beneficiado) e estando preenchidos os requisitos que autorizariam o SURSIS (art. 77 do CPB), possui direito ao benefício da Suspensão Condicional do Processo Pelo art. 89 da Lei nº 9.099/95. A suspensão pode ser pelo prazo de 02 a 04 anos. Possui algumas condições:

a) condições legais (incisos do §1º): - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo

(por exemplo pela pobreza, na acepção jurídica do termo); - proibição de freqüentar determinados lugares (bares,

prostíbulos, etc); - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem

autorização do juiz; - comparecimento mensal em juízo para informar e

justificar suas atividades. b) condições judiciais (fundamento no §2º), por exemplo: - proibição de porte de instrumentos capazes de ofender; - prestação de serviços à comunidade; - prestação pecuniária, etc.

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Benefícios da aceitação:

- Após expirado o prazo de suspensão, sem revogação, terá extinta a punibilidade (§5º).

- Não constará para fins de antecedentes.

Como o advogado pode atuar: O advogado pode orientar o cliente acerca da conveniência ou não da aceitação diante do caso concreto. Pode, principalmente, auxiliar o cliente negociando as condições da suspensão e o prazo. Por exemplo pode solicitar que seja aplicado o prazo mínimo de suspensão (02 anos), pode negociar o número de horas da prestação de serviços, o valor e o parcelamento da prestação pecuniária, etc. Até mesmo com relação à condição legal do comparecimento mensal tem havido flexibilidade, no sentido de que em alguns locais se aceita que tal comparecimento ocorra de maneira bimestral ou até mesmo trimestral. 5º Passo – INSTRUÇÃO PROCESSUAL (RITO SUMARÍSSIMO1): O advogado, durante a instrução, pode atuar somente elaborando reperguntas. 6º Passo – ALEGAÇÕES FINAIS: A lei prevê que ocorram de maneira oral (art. 81 – “debates orais”).

1 1º inquirição da vítima e testemunhas arroladas na denúncia ou queixa; 2º inquirição das testemunhas de defesa; 3º interrogatório do denunciado.

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O comum é que a defesa e o Ministério Público acordem, solicitando ao juiz prazo para apresentação de alegações finais por escrito (memoriais). O que será analisado em sede de alegações finais?

Principalmente a análise da prova coligida aos autos.

7º Passo – SENTENÇA: A grande peculiaridade da sentença é a de que é facultado ao juiz a elaboração do relatório (relembrando que a sentença é formada de relatório, fundamentação e dispositivo), conforme dispõe o §3º do art. 81. 5. RECURSOS:

5.1 – Apelação:

Da sentença cabe Recurso de Apelação (art. 82). Prazo: 10 dias (§1º). Forma: Deve obrigatoriamente ser escrita. O recorrido oferecerá suas contra-razões também no

prazo de 10 dias. Quem é o órgão julgador? O órgão julgador é uma turma composta por 03 juízes

em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado (art. 82 caput)

No Estado do Paraná, atualmente, há a Turma Recursal

Única dos Juizados Especiais, a qual funciona no Tribunal de Justiça e julga os recursos oriundos dos Juizados Especiais de todo o Estado.

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5.2 – Embargos de Declaração: Previsto no art. 83, é cabível de sentença ou acórdão, quando houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. Prazo: 05 dias (§ 1º)

Forma: Escrita ou oral. Atenção! Quando opostos contra sentença, suspendem

o prazo para a apelação. 5.3 – Erros Materiais: Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício pelo juiz (§ 3º). Assim, havendo erro material na sentença, nada obsta que a parte apresente mera petição dirigida ao juiz com a finalidade de que verifique e corrija o equívoco. 6. QUESTÕES INTERESSANTES: 6.1 CRIMES DE TRÂNSITO: A embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) possui pena máxima abstratamente cominada de 03 anos. Portanto, o correto é que seja instaurado inquérito policial para a sua apuração, tramitando perante a Justiça Comum. Entretanto, é cabível a transação penal, por força do art. 291 parágrafo único da Lei nº 9.503/97 (CTB). 6.2 FALTA DE HABILITAÇÃO:

Art. 309 do CTB – Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou habilitação, ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano.

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Pena – detenção de 06 (seis) meses a 1 (um) ano, ou multa.

E, quando não há perigo de dano?

1ª Corrente – não há crime, mas mera infração

administrativa de trânsito, pois o art.32 da LCP foi derrogado – abolitio criminis. Adotada pelo STF.

RECURSO ESPECIAL. CONTRAVENÇÃO PENAL. DIREÇÃO DE VEÍCULO SEM HABILITAÇÃO. ART. 32, LCP. ART. 309, DA LEI 9.503/97 (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO). DERROGAÇÃO PARCIAL DO ART. 32 DA LEI CONTRAVENCIONAL. ABOLITIO CRIMINIS. “O Plenário do Col. Supremo Tribunal Federal proclamou, por unanimidade de votos, que o novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97), ao regular inteiramente o direito penal de trânsito nas vias terrestres do território nacional, derrogou parcialmente o citado art. 32 da LCP, remanescendo o dispositivo apenas na parte em que se refere a embarcação a motor em águas públicas.” (STF, Pleno, RHC 80.362/SP, j. 14.02.2001, Rel. Min. Ilmar Galvão, noticiado no Informativo-STF nº 217)

Assim, a conduta de dirigir automóvel sem Carteira de Habilitação ou permissão para dirigir configura apenas a infração administrativa prevista no art. 162, I, do CTB, sancionada com multa e apreensão do veículo.

2ª Corrente – aplica-se o art.32 da LCP, que subsiste para as infrações de perigo abstrato. É a mais adotada nos juízos de 1º grau e nas Turmas Recursais pátrias. 6.3 JUSTIÇA MILITAR:

Consoante determina o art.90-A da Lei nº 9.099/95 (acrescentado pela Lei nº 9.839/99), as disposições não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

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HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. CRIMES MILITARES DE LESÃO CORPORAL CULPOSA E ABANDONO DE POSTO. LEI N 9099/95. EXIGÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO PARA O PRIMEIRO CRIME (ART.88 E 91) E POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE SURSIS PROCESSUAL (ART.89) PARA O SEGUNDO. DIREITO INTERTEMPORAL: ADVENTO DA LEI N 9839/99 EXCLUINDO A APLICAÇÃO DA LEI N. 9.099 DO ÂMBITO DA JUSTIÇA MILITAR. (STF – HC 79988/PR – DJU 28/04/2000)

6.4 LAVRATURA DO TCIP PELA POLÍCIA MILITAR:

Majoritariamente, entende-se como cabível a lavratura de TCIP pela Polícia Militar, o que encontra fundamento tanto nos princípios orientadores do Juizado Especial Criminal, quanto no elevado volume de ocorrências que necessitam de célere atendimento, bem como no próprio art. 69 da Lei nº 9.099/95 (o qual não distingue autoridade policial como sendo civil ou militar, tratando apenas do gênero).

Art. 69 – A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Nesse sentido, têm sido os posicionamentos adotados no

país: XXVII – Encontro Nacional do Colégio de

Desembargadores Corregedores Gerais da Justiça – Conclusão contida na Carta de São Luís:

“A ‘autoridade policial’, na melhor interpretação do art.69 da lei n 9.099/95, é também o policial de rua, o policial militar, não constituindo,

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portanto, atribuição exclusiva da polícia judiciária a lavratura de ‘Termos Circunstanciados’. O combate à criminalidade e à impunidade exigem atuação dinâmica de todos os órgão envolvidos em Segurança Pública.”

Código de Normas da Corregedoria da Justiça do Estado

do Paraná: SEÇÃO 2 INQUÉRITO POLICIAL E TERMO CIRCUNSTANCIADO 18.2.1 – A autoridade policial, civil ou militar, que tomar conhecimento da ocorrência, lavrará termo circunstanciado, comunicando-se com a secretaria do juizado especial para agendamento da audiência preliminar, com intimação imediata dos envolvidos.

Superior Tribunal de Justiça:

HABEAS CORPUS N. 7.1999/PR (REG 98.00196625-0) RELATOR: EXMO.SR.MINISTRO VICENTE LEAL IMPETRANTES: ELIAS MATTAR ASSAD E OUTRO IMPETRADO : GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ PACIENTE: MARCIUS DE PAULA XAVIER GOMES PENAL. PROCESSUAL PENAL. LEI N. 9.099/95. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. TERMO CIRCUNSTANCIADO E NOTIFICAÇÃO PARA AUDIÊNCIA. ATUAÇÃO DE POLICIAL MILITAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA. Nos casos de prática de infração penal de menor potencial ofensivo, a providência prevista no art.69, da Lei n. 9.099/95, é da competência da autoridade policial, não consubstanciando, todavia, ilegalidade a circunstância de utilizar o Estado

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o contingente da Polícia Militar, em face da deficiência dos quadros da Polícia Civil.Habeas Corpus denegado.

Questão comumente suscitada ocorre na hipótese do

crime previsto no art. 16 da Lei nº 6.368/76. A corrente que entende não ser cabível a lavratura do TCIP pela Polícia Militar alega que nessa hipótese mostra-se toda a incompetência da Polícia Militar para tal ato, à medida em que não poderá requisitar ao órgão competente o necessário exame toxicológico (ato que é privativo dos Juízes e dos Delegados de Polícia Civil).

Entretanto, na prática a solução para tal impasse é

simples, aliás, são três. A primeira, é a de que as substâncias apreendidas

sejam identificadas pelo número do TCIP a que corresponde e encaminhadas imediatamente à Secretaria do Juizado Especial Criminal, ocasião em que o magistrado supervisor requisitará a realização do exame.

A segunda, é a de que apenas nessas hipóteses a Polícia

Militar se abstenha de lavrar o TCIP, encaminhando o “infrator” à Polícia Civil.

E, a terceira, é a de que a Secretaria de Estado

responsável pelo órgão que realiza os exames determine (por portaria, norma administrativa, etc.) que sejam aceitas requisições oriundas de Policiais Militares. 6.5 O DESCUMPRIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL:

Vislumbra-se quatro atitudes possíveis:

1ª) Alguns juízos apenas homologam a transação penal após o seu integral cumprimento. Assim, havendo descumprimento, o Ministério Público oferece denúncia e prossegue-se o procedimento. É o posicionamento mais adotado.

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PENAL E PROCESSUAL PENAL – DESCUMPRIMENTO DE ACORDO FIRMADO EM TRANSAÇÃO PENAL – HOMOLOGAÇÃO CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE MULTA AVENÇADA – POSSIBILIDADE DE OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. “Consoante entendimento desta Corte, é possível o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, quando descumprido acordo de transação penal, cuja homologação estava condicionada ao efetivo pagamento de multa avençada. Recurso desprovido.” (STJ – 5ª Turma – RHC nº 11392/SP – Rel. Min.Jorge Scartezzini – DJU de 26/08/2002 – pág. 00249)

2ª) Nada de efetivo é realizado. Busca-se realizar

diversas audiências de justificativa até que ocorra a prescrição da pretensão executória da medida.

3ª) Conversão em prisão. Fundamento: artigo 85 da Lei nº 9.099/95.

Posição do STF:

HABEAS CORPUS – PACIENTE ACUSADO DOS CRIMES DOS ARTS. 129 E 147 DO CÓDIGO PENAL – CONSTRANGIMENTO ILEGAL QUE CONSISTIRIA NA CONVERSÃO, EM PRISÃO, DA PENA DE DOAR CERTA QUANTIDADE DE ALIMENTO À CASA DA CRIANÇA, RESULTANTE DE TRANSAÇÃO, QUE NÃO FOI CUMPRIDA – ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL – “Conversão que, se mantida, valeria pela possibilidade de privar-se da liberdade de locomoção quem não foi condenado, em processo regular, sob as garantias do contraditório e da ampla defesa, como exigido nos incs. LIV, LV e LVII do art. 5º da Constituição Federal. Habeas corpus deferido.” (STF – HC 80164 – 1ª T. – Rel. Min. Ilmar Galvão – DJU 07.12.2000 – p. 00005)

Posição da Turma Recursal no Estado do Paraná – têm admitido:

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HABEAS CORPUS. TRANSAÇÃO PENAL. CONVERSÃO EM PENA DE PRISÃO. CUMPRIMENTO QUASE INTEGRAL DA PENA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO FAVOR DO REI. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. “Embora deva ser prestigiado o entendimento de que o descumprimento da transação penal possa ser convertida em pena de prisão, no caso em tela, a ré chegou a cumprir quase que integralmente a pena, devendo portanto ser aplicado o princípio do favor do rei, declarando-se extinta a sua punibilidade, em face do cumprimento da pena. Ordem de habeas corpus concedida. DECISÃO: Em face do exposto, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal Única dos Juizados Especial Criminal do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conceder em definitivo a ordem de habeas corpus, extinguindo-se a punibilidade, em face do cumprimento da pena.” (Turma Recursal Única dos Juizados Especiais, Rel. Juiz Jucimar Novochadlo, HC 2003.0001631-8, j. 01.03.2004)

4ª) Opinião pessoal. Pode ser entendido como título executivo judicial. Assim, torna-se possível executar a transação penal junto à Justiça Cível, utilizando-se da execução por quantia certa contra devedor solvente ou da execução de obrigação de fazer, por exemplo. A competência para a propositura da demanda seria concorrente entre a Entidade Beneficiada e o Ministério Público.

6.6 PRISÃO PREVENTIVA NO JECRIM:

O art. 313 do CPP dispõe que a prisão preventiva somente é admitida nos crimes dolosos I) punidos com reclusão; II) punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não oferecer ou não indicar elementos para esclarecê-la; ou III) se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado.

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Pois bem, a elevada maioria dos crimes de competência do Juizado Especial Criminal estão sujeitas a apenamento com detenção. Portanto, pode ser decretada prisão preventiva na hipótese de que o réu já tenha sido condenado por outro crime doloso ou que seja vadio (não apresente prova de trabalho lícito e honesto) ou que haja dúvidas sobre a sua identidade.

É comum acontecer prisão preventiva em caso de crime

de ameaça, previsto no art. 147 do CPB, nos quais a ameaça é de elevada gravidade e haja indícios de que venha ela a se concretizar. Nesse caso está presente o fundamento da Garantia da Ordem Pública, pois não seria lógico que o Poder Público ficasse inerte, aguardando o acontecimento de crime de maior gravidade para então agir.

6.7 CRIMES ELEITORAIS:

Aos crimes eleitorais cuja pena abstratamente cominada seja igual ou inferior a 02 anos, adota-se o procedimento da Lei nº 9.099/95. Entretanto, a competência para o processamento não é do Juizado Especial Criminal, mas sim da Justiça Eleitoral.

PENAL. PROCESSUAL PENAL. CONFLITO NEGATIVO. BOCA DE URNA. CRIME PREVISTO NO ART. 39, § 5º, DA LEI 9.504/97. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. – “A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crimes eleitorais. O crime do art. 39, § 5º, da Lei 9.504/97- propaganda eleitoral irregular - se integra na competência da justiça eleitoral. Conflito conhecido. Competência da Justiça Eleitoral.” (STJ – 3ª Seção – CC nº 37527/SC – Rel.Vicente Leal – DJU de 10/03/2003 – pág. 00086)

6.8 CONCURSO DE CRIMES: Em havendo concurso de crimes (formal, material ou continuidade delitiva), nos quais a soma das penas máximas

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ultrapasse 02 anos ou em que a soma das penas mínimas ultrapasse 01 ano, a jurisprudência cinde-se. Há uma parcela, que predomina no STJ que entende não ser cabível a transação penal e a suspensão condicional do processo pelo art. 89, respectivamente, sendo de se aplicar a Súmula nº 243 do STJ. Portanto, segundo esse entendimento deve ocorrer o procedimento normal perante a Justiça Comum até final sentença.

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95. FURTO. CONTINUIDADE DELITIVA.SÚMULA 243/STJ. “Não se aplica o sursis processual nas infrações cometidas em continuidade delitiva se, com a incidência da majorante, ultrapassar a pena mínima de 1 (um) ano. (Precedentes).Writ denegado.” (STJ – 5ª Turma – HC nº 24188/SP – Rel. Félix Fischer – DJU de 22/04/2003 – pág.00243) Sumula 243 do STJ: “O benefício da suspensão condicional do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.”

Entretanto, há oposição, que entende que para a concessão de tais benefícios se deva considerar os crimes isoladamente para fins de aferição da sua pertinência. Tal interpretação decorre de analogia ao art. 119 do CPB, que trata sobre a extinção da punibilidade, e possui o seguinte texto:

CPB, art. 119: “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

6.9 COMPETÊNCIA:

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- Casos em que ocorra conexão ou concurso entre crimes de competência da Justiça Comum e do Juizado Especial Criminal, há duas correntes. Uma de que seria de se considerar, por analogia, a súm. 243 do STJ, bem como interpretar a contrario sensu o art. 79 do CPP, prevalecendo a competência da Justiça Comum. Outra, de que o caso é de competência material (em razão da matéria), ou seja, trata-se de competência absoluta e, por conseguinte, seria de se cindir o feito, tramitando os crimes isoladamente perante o juízo competente. - Casos em que ocorra conexão ou concurso entre crimes de competência do Tribunal do Júri e do Juizado Especial Criminal, aplica-se a regra contida no art. 78 inciso I do CPP, prevalecendo a do júri.

6.10 CITAÇÃO POR EDITAL:

Não há citação por edital no procedimento do Juizado Especial Criminal. Assim, no caso de que não seja o denunciado localizado para intimação pessoal adota-se o procedimento previsto no parágrafo único do art. 66 da Lei nº 9.099/95, ou seja, remete-se o feito à Justiça Comum, onde será então procedida a citação via edital.

“Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.”

Ayrton Marques Júnior Conciliador

Acadêmico de Curso de Direito da Faculdade de Direito de Curitiba.