parÂmetros parasitolÓgicos e desempenho … · meu muitíssimo obrigado por ter acredito em mim e...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL
PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E DESEMPENHO
PRODUTIVO DE OVINOS NATURALMENTE
INFECTADOS COM NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS
MANTIDOS EM DIFERENTES PASTAGENS TROPICAIS
ALBERTO LUIZ FREIRE DE ANDRADE JUNIOR
MACAÍBA/RN – BRASIL
Agosto/2013
1
ALBERTO LUIZ FREIRE DE ANDRADE JÚNIOR
PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E DESEMPENHO
PRODUTIVO DE OVINOS NATURALMENTE
INFECTADOS COM NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS
MANTIDOS EM DIFERENTES PASTAGENS TROPICAIS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,
Campus de Macaíba, como parte da
exigência para a obtenção do título de Mestre
em Produção Animal.
Orientadora: Profa. Dra. Lilian Giotto Zaros
MACAÍBA/RN – BRASIL
Agosto/2013
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Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Andrade Júnior, Alberto Luiz Freire de.
Parâmetros parasitológicos e desempenho produtivo de ovinos
naturalmente infectados com nematoides gastrintestinais mantidos
em diferentes pastagens tropicais / Alberto Luiz Freire De Andrade
Júnior. - Macaíba, 2013.
83f: il.
Orientadora: Profa. Dra. Lilian Giotto Zaros.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em
Produção Animal.
1. Controle parasitário - Dissertação. 2. Helmintos - Dissertação.
3. Contaminação ambiental - Dissertação. I. Zaros, Lilian Giotto. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE01 CDU 616.34-008.89
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ALBERTO LUIZ FREIRE DE ANDRADE JÚNIOR
PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E DESEMPENHO
PRODUTIVO DE OVINOS NATURALMENTE
INFECTADOS COM NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS
MANTIDOS EM DIFERENTES PASTAGENS TROPICAIS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,
Campus de Macaíba, como parte da
exigência para a obtenção do título de Mestre
em Produção Animal.
APROVADA EM _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Profa. Dra. Lilian Giotto Zaros (UFRN)
Orientadora
_____________________________________________________
Prof. Dr. Luiz da Silva Vieira (EMBRAPA)
1º Co-Orientador
_____________________________________________________
Prof. Dr. Gelson dos Santos Difante (UFRN)
2º Co-Orientador
_____________________________________________________
Profa. Dra. Silvia Maria Mendes Ahid (UFERSA)
Membro Externa
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Aos animais,
que inocentemente e inconscientemente, nos dão (e nos deram)
sua vida para o desenvolvimento das pesquisas.
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AGRADECIMENTOS
Difícil não começar a agradecer por algo que acontece em nossas vidas, senão a
Deus. A Ele que permitiu que tudo isto acontecesse, que o sonho se concretizasse, que as
graças fossem alcançadas, que tudo ocorresse de forma reta. Agradeço primeiro a Deus e
tenho agradecido desde o dia que soube que fui aprovado no Mestrado. E agora não
poderia ser diferente, já que ao final, sei que foi Ele quem me deu forças, companhia,
discernimento, paciência e sabedoria para escrever, estudar, entender e ao final, defender
minha Dissertação. A Deus, meu obrigado.
Em segundo lugar não posso deixar de agradecer a minha família que me apoiou,
me encorajou, me incentivou a cursar uma pós-graduação e me ajudou sempre no que foi
possível para que tudo se encaminhasse e meus estudos não fossem cessados. A meu pai,
minha mãe, meu irmão, meus avós, tios e primos, meu muito obrigado.
Em seguida não posso deixar de agradecer a uma pessoa que, se não fosse sua
humildade, cooperação, incentivo, sabedoria e uns puxões de orelha de vez em quando,
tenho certeza de que nada disso seria real hoje. A minha orientadora, Lilian Giotto Zaros,
meu muitíssimo obrigado por ter acredito em mim e confiado que seria capaz de tamanho
feito.
Não posso esquecer jamais de uma “equipe-bala” que chegou e se formou para
mostrar que o trabalho em grupo existe e que dele podemos tirar verdadeiras amizades,
independentemente das diferenças. No início éramos apenas três anônimos, mas que com o
tempo e o aumento das atividades, o grupo foi aumentando, aumentando e hoje passamos
dos 10 membros que até do anonimato saíram. Aos “Amigos do Projeto”, meu mais
sincero obrigado, porque sem vocês nada do que temos hoje existiria. Obrigado por todo o
apoio, pela cooperação, risadas, músicas no laboratório (para a alegria de todos e a raiva de
uma), lanches dentro e fora do laboratório (que a “profe” não saiba), resenhas no
Facebook, montagens nas fotos das nossas visitas do projeto de extensão, açaís marcados e
não tomados (alguns), abates com cuscuz (sem pimentão, por favor), salsichas com
molhos, malassadas e picados. Todos já tem um lugar muito especial na minha vida.
Obrigado a Renata, Fernanda, Patrícia, Aline, Luiz, Raí, Dani, Larissa, minha galega
preferida e tão louca quanto eu, Arienne, e, mais uma vez, a professora Lilian. Que esse
nosso exemplo de grupo possa se perpetuar em todo e qualquer grupo de estudo que seja
montado ao longo das nossas vidas acadêmicas.
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Obrigado também ao meu co-orientador, professor Luiz da Silva Vieira, que me
ajuda desde a graduação, fazendo o possível para cooperar com seus orientandos. Sempre
preocupado, atento às necessidades dos alunos, ensinando aos seus orientandos como um
pai ensina aos seus filhos. Não posso deixar de agradecer também ao meu segundo co-
orientador, professor Gelson Difante, ainda coordenador do GEFOR, e também a toda sua
equipe de trabalho deste grupo, que concordou em participar da nossa pesquisa, nos
cedendo o espaço e os animais para tal. Além disso, obrigado por ser esta pessoa sensível
que és, sempre preocupado com os alunos, seja dentro da UFRN ou fora dela, nos
Congressos da vida. Ainda em especial a todos os professores do PPGPA, que nos
formaram e abriram nossas mentes (ou afunilaram), e principalmente ao professor Luís
Henrique, pela cooperação na análise estatística do trabalho. Obrigado a vocês.
Devo agradecer também a UFRN e ao PPGPA, que me proporcionaram a obtenção
do título de Mestre, a Capes, pela ajuda financeira durante esses dois anos que me mantive
na pós-graduação, e também ao CNPq pelo financiamento do projeto original.
Obrigado também aos pós-graduandos da turma de 2011. Embora fôssemos poucos,
mas éramos essenciais ali, naquele momento, fazendo e deixando marcas nas paredes do
prédio do PPGPA. Obrigado pessoal.
Não posso esquecer de agradecer a Dona Helena, que veio de Sobral-CE,
especialmente para nos ajudar a fazer a necropsia dos animais. Sua participação foi
essencial para que todo nosso trabalho desse certo no final. Obrigado.
Tenho que agradecer ainda a professora Naisandra e a toda sua equipe do
Laboratório de Histologia da UFRN pela confecção das lâminas histológicas. Obrigado.
A quem não posso deixar de agradecer também são às professoras Elizeth
Terezinha, Viviane Medeiros e Silvia Ahid. Cada uma, num momento diferente, me ajudou
muito para meu crescimento acadêmico. E espero que continuem contribuindo. A vocês,
obrigado.
Às amigas da graduação que sempre se fizeram presentes neste período, Kácia,
Patrícia e Renata, seja de forma presencial, seja de forma textual ou apenas em
pensamentos. Obrigado, meninas.
Aos amigos que me acompanharam até aqui e que foram importantes em algum
momento desta caminhada. A galera da Igreja, aos meninos do grupo do Facebook, a
galera do colégio... Todos de alguma forma contribuíram para a minha formação,
principalmente nos momentos mais complicados e/ou nos mais estressantes, bastava ir
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falar com algum deles para que o alívio chegasse e a mente voltasse a funcionar de forma
correta. O problema era não deixar se empolgar demais nas conversas.
A todos que direta e indiretamente me ajudaram e colaboraram para mais esta etapa
em minha vida, meu muito obrigado!
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“Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu
não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus
olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos
necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no
mundo...
Assim, o principezinho cativou a raposa.
Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar… a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar.
E acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. É simples o
segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. Os homens
esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
(Trecho de “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry)
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PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E DESEMPENHO PRODUTIVO DE
OVINOS NATURALMENTE INFECTADOS COM NEMATOIDES
GASTRINTESTINAIS MANTIDOS EM DIFERENTES PASTAGENS TROPICAIS
Andrade Júnior, Alberto Luiz Freire de. Parâmetros parasitológicos e desempenho
produtivo de ovinos naturalmente infectados com nematoides gastrintestinais mantidos em
diferentes pastagens tropicais. 2013. (83p.) Dissertação (Mestrado em Produção Animal:
Caracterização, Conservação e Melhoramento Genético de Recursos Locais) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2013.
RESUMO: O controle dos nematoides gastrintestinais de pequenos ruminantes usualmente
é feito pela administração de anti-helmínticos. Porém, devido ao aparecimento cada vez
mais crescente da resistência parasitária a estas drogas, busca-se um controle alternativo e
eficaz para as parasitoses. Uma das alternativas está no manejo das pastagens, já que estas
são as fontes de infecção dos animais pelas larvas infectantes L3 dos helmintos. Assim, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de ovinos frente às infecções naturais por
nematoides gastrintestinais mantidos em pastagens de Panicum maximum cv. Massai e cv.
Aruana, e Brachiaria brizantha cv. Piatã e cv. Marandu. O experimento foi realizado de
Maio a Agosto/2011, com 48 ovinos machos, mestiços SRD x Santa Inês, naturalmente
infectados por nematoides gastrintestinais e mantidos em quatro diferentes cultivares de
gramíneas forrageiras tropicais naturalmente contaminadas por ovos e larvas de
nematoides gastrintestinais. Semanalmente, os animais foram caracterizados
fenotipicamente através de exames parasitológicos (ovos por grama de fezes – OPG e
coprocultura), exames hematológicos (volume globular – VG, e contagem de eosinófilos
sanguíneos), pelo método Famacha© para avaliar a coloração da mucosa ocular, e pelas
medidas de escore de condição corporal e ganho de peso. Nas pastagens foi feita a
recuperação das larvas infectantes, a fim de determinar a quantidade de L3 presentes no
pasto. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados com duas
repetições, e antes da entrada dos animais nos piquetes, os mesmos foram vermifugados. O
período experimental foi finalizado quando os animais atingiram 32,0 kg de peso vivo, e
em seguida foram abatidos e realizada a necrópsia para recuperação e identificação dos
parasitos do abomaso, intestino delgado e intestino grosso. Os resultados obtidos foram
submetidos a análise de variância, teste t e teste de Tukey. Os animais mantidos nas
pastagens de capim Marandu apresentaram menores contagens de OPG, maior
porcentagem de volume globular e maior média de peso; os que permaneceram na
pastagem Piatã apresentaram menores contagens de eosinófilos por microlitro de sangue. O
Famacha de maior prevalência foi o Famacha 2 e o escore de condição corporal oscilou
entre os índices 2 e 3. Os resultados das coproculturas e a recuperação das larvas nas
pastagens evidenciou presença de larvas de Trichostrongylus sp., bem como na necropsia
este também foi o parasito de maior prevalência. Portanto, pode-se concluir que a cultivar
forrageira influencia na carga parasitária dos ovinos; o Famacha, juntamente com o OPG e
VG constituem indicadores importantes para serem utilizados no controle das verminoses
gastrintestinais; o Trichostrongylus sp. foi o parasito de maior prevalência nos ovinos no
período chuvoso.
PALAVRAS-CHAVE: Controle parasitário, helmintos, Marandu, Trichostrongylus sp.,
contaminação ambiental, verminose
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PARASITOLOGICAL PARAMETERS AND PRODUCTIVE PERFORMANCE OF
SHEEP NATURALLY INFECTED WITH GASTROINTESTINAL NEMATODES
IN DIFFERENT TROPICAL PASTURES
Andrade Júnior, Alberto Luiz Freire de. Parasitological parameters and productive
performance of sheep naturally infected with gastrointestinal nematodes in different
tropical pastures. 2013. (83p.) Dissertação (Mestrado em Produção Animal:
Caracterização, Conservação e Melhoramento Genético de Recursos Locais) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2013.
ABSTRACT: The control of gastrointestinal nematodes of small ruminants is usually done
with anthelmintics. However, due to the emergence of ever-increasing parasite resistance
to these drugs, looking up an alternative control parasites. One of this is sought in pasture
management, as these are the sources of animals’ infection by L3 infective larvae of
helminths. The aim of this study was to evaluate the performance of sheep to natural
infections by gastrointestinal nematodes grazing Panicum maximum cv. Massai and cv.
Aruana, and Brachiaria brizantha cv. Piatã and cv. Marandu. The work was conducted
from May to August-2011 with 48 male sheeps SRD versus Santa Inês breed. The animals
were naturally infected with gastrointestinal nematodes, and maintained in four different
cultivars of tropical forage grasses, naturally contaminated with eggs and larvae of
gastrointestinal nematodes. Each week the animals were phenotypically characterized by
parasitological examinations (eggs per gram of feces - EPG, and feces culture),
hematological (packed cell volume – PCV, and blood eosinophil count) method to evaluate
the Famacha© colorof ocular mucosa, and the measures of body condition score and
weight. In pastures was made the recovery of infective larvae in order to determine the
quantity of L3 present in the pasture. The experimental design was a randomized
completed block with two replications and before the entry of animals in the paddocks,
they have been wormed. The experiment was ended when the animals reached 32.0 kg
liveweight, and then were slaughtered and autopsies performed for the recovery and
identify parasites of the abomasum, small intestine and large intestine. Results were
subjected to analysis of variance, t test and Tukey's test. The animals kept on pastures of
Marandu grass had lower EPG counts, higher percentage of packed cell volume and higher
average weight; those who remained in the Piatã pasture had lower eosinophil counts per
microliter of blood. About the Famacha©, the highest prevalence was Famacha 2, and the
body condition score ranged between 2 and 3. The results of feces cultures and recovery of
larvae on pastures showed the presence of larvae of Trichostrongylus sp., and at the
necropsy too. This way, it was concluded that the grass cultivars influences the sheep
parasite load; the Famacha, together with EPG and packed cell volume are important
indicators for use in controlling gastrointestinal nematode infections. The Trichostrongylus
sp. was the most prevalent parasite in sheep during the rainy season.
KEYWORDS: Parasitological control, helminths, Marandu, Trichostrongylus sp.,
environmental contamination, worms
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Animais experimentais .............................................................................. 39
Figura 2 Distribuição das chuvas na área experimental ao longo do ano de 2011 .. 40
Figura 3 Cartão Famacha© usado para diagnóstico de anemia pela coloração da
conjuntiva ocular ....................................................................................... 43
Figura 4 Palpação da apófise espinhosa .................................................................. 44
Figura 5 Palpação da apófise transversa .................................................................. 44
Figura 6 Distribuição da contagem de OPG (ovos/g) de ovinos mantidos em
diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas
experimentais ............................................................................................ 47
Figura 7 Imagens de microscópio óptico das larvas dos nematoides
gastrintestinais recuperadas na coprocultura (aumento de 10x e 40x). A,
B e C) Larva, região anterior e região posterior de Haemonchus sp.,
respectivamente; D, E e F) Larva, região anterior e região posterior de
Trichostrongylus sp., respectivamente; G, H e I) Larva, região anterior e
região posterior de Strongyloides papillosus, respectivamente; J, K e L)
Larva, região anterior e região posterior de Oesophagostomum sp.,
respectivamente ......................................................................................... 48
Figura 8 Distribuição vertical de larvas infectantes no perfil da pastagem ............. 53
Figura 9 Distribuição do volume globular (VG) (%) de ovinos mantidos em
diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas
experimentais ............................................................................................ 55
Figura 10 Distribuição da contagem de eosinófilos (células/µL) de ovinos
mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas
experimentais ............................................................................................ 56
Figura 11 Distribuição da observação do Famacha© em ovinos mantidos em
diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas
experimentais ............................................................................................ 57
Figura 12 Porcentagem de observações do Famacha© nos ovinos mantidos em
diferentes pastagens de gramíneas tropicais, durante o período
experimental .............................................................................................. 58
Figura 13 Distribuição do peso (kg) de ovinos mantidos em diferentes tipos de
pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais ............................ 59
Figura 14 Distribuição da observação do escore de condição corporal (ECC) em
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13
semanas experimentais .............................................................................. 60
Figura 15 Porcentagem do índice de escore de condição corporal (ECC)
observado nos ovinos ao longo do experimento, mantidos em diferentes
pastagens tropicais ..................................................................................... 61
Figura 16A Imagens de microscópio óptico dos nematoides gastrintestinais
recuperados na necropsia. A) Região anterior do Haemonchus contortus
12
(setas indicam as papilas cervicais); B) Região anterior do
Trichostrongylus sp. (seta indica o sulco excretor); C) Região anterior
da Cooperia sp. (Seta indica a expansão cuticular cefálica e a cutícula
estriada); D) Região anterior do Oesophagostomum sp.; E) Região
posterior de um macho de H. contortus, com detalhe para os espículos;
F) Ganchos espiculares presentes nos machos dos H. contortus; G)
Região posterior e espículos de um macho de Trichostrongylus sp.; H)
Região posterior e espículos de um macho de Cooperia sp.; I) Região
posterior e espículos de um macho de Oesophagostomum sp. ................. 66
Figura 16B Imagens de microscópio óptico dos nematoides gastrintestinais
recuperados na necropsia (cont.). J) Ovojetor e apêndice vulvar tipo
lisa de H. contortus; K) Ovojetor e apêndice vulvar tipo linguiforme
de H. contortus; L) Ovojetor e apêndice vulvar tipo botão de H.
contortus; M) Ovojetor da fêmea de Trichostrongylus sp.; N)
Ovojetor da fêmea de Cooperia sp.; O) Ovojetor da fêmea de
Oesophagostomum sp. ............................................................................... 67
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Valor nutritivo das lâminas foliares de forrageiras tropicais .................... 28
Tabela 2 Média da variável fenotípica OPG (ovos por grama de fezes), analisada
em ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais ............... 46
Tabela 3 Porcentagem das larvas dos parasitos recuperados nas coproculturas dos
ovinos mestiços Santa Inês mantidos em diferentes pastagens tropicais .. 48
Tabela 4 Quantidade total de larvas recuperadas das pastagens por gênero dos
parasitos ..................................................................................................... 50
Tabela 5 Total de larvas recuperadas por altura de coleta ....................................... 51
Tabela 6 Total de larvas recuperadas na metade superior das pastagens nos
momentos pré-pastejo e pós-pastejo ......................................................... 52
Tabela 7 Total de larvas recuperadas na metade inferior das pastagens nos
momentos pré-pastejo e pós-pastejo ......................................................... 53
Tabela 8 Média das variáveis fenotípicas volume globular (VG) e contagem de
eosinófilos, analisadas em ovinos mantidos em diferentes tipos de
pastagens tropicais ..................................................................................... 54
Tabela 9 Frequência de observações do grau Famacha© de identificação de
anemia em ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais,
durante 13 semanas experimentais ............................................................ 58
Tabela 10 Média da variável fenotípica peso (kg), analisada em ovinos mantidos
em diferentes tipos de pastagens tropicais ................................................ 58
Tabela 11 Frequência de observações do escore de condição corporal (ECC) em
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais ..................... 61
Tabela 12 Carga parasitária de nematoides gastrintestinais recuperados de ovinos
mestiços Santa Inês, naturalmente infectados e mantidos em diferentes
tipos de pastagens tropicais ....................................................................... 62
Tabela 13 Número e sexo das espécies e a relação macho:fêmea de nematoides
gastrintestinais identificados em exemplares de no mínimo 100
parasitos/animal/órgão, de ovinos mestiços Santa Inês mantidos em
diferentes pastagens tropicais .................................................................... 63
Tabela 14 Comprimento total médio dos nematoides (µm), dos espículos e
ganchos espiculares (menor e maior) (µm) nos machos e de ovojetor
das fêmeas (µm) recuperados na necropsia dos ovinos mestiços Santa
Inês mantidos em diferentes pastagens tropicais ....................................... 65
Tabela 15 Porcentagem do tipo de apêndice vulvar das fêmeas de Haemonchus
contortus recuperadas na necropsia de ovinos mestiços Santa Inês
mantidos em diferentes pastagens tropicais .............................................. 68
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 16
CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................... 18
1 IMPORTÂNCIA DA OVINOCULTURA ...................................................... 19
2 HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS ...................................................... 19
3 CICLO BIOLÓGICO DOS NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS DE
OVINOS ............................................................................................................. 21
4 MÉTODOS DE CONTROLE DAS PARASITOSES QUE ACOMETEM
OS PEQUENOS RUMINANTES ................................................................... 22
4.1 Tratamento Anti-Helmíntico .............................................................................. 22
4.2 Método Famacha© ............................................................................................. 23
4.3 Manejo e Rotação de Pastagens .......................................................................... 25
5 CARACTERIZAÇÃO DAS GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS .................... 27
5.1 Capim Aruana (Panicum maximum Jacq. cv. Aruana) ....................................... 28
5.2 Capim Marandu (Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf. cv. Marandu) ............ 28
5.3 Capim Massai (Panicum maximum Jacq e P. infestum BRA-7102 cv. Massai) 29
5.4 Capim Piatã (Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã) ............................................ 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO II – PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E DESEMPENHO
PRODUTIVO DE OVINOS NATURALMENTE INFECTADOS
COM NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS MANTIDOS EM
DIFERENTES PASTAGENS TROPICAIS ....................................... 35
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 36
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 38
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 38
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 38
3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 39
3.1 Local de Execução .............................................................................................. 39
3.2 Animais Experimentais ....................................................................................... 39
3.3 Área e Delineamento Experimental .................................................................... 40
3.4 Manejo dos Animais ........................................................................................... 40
3.5 Avaliação do Nível de Infecção dos Animais ..................................................... 41
3.5.1 Exames Parasitológicos ...................................................................................... 41
3.5.2 Exames Hematológicos ...................................................................................... 42
3.5.3 Método Famacha© ............................................................................................. 42
3.5.4 Pesagem e Avaliação da Condição Corporal ...................................................... 43
3.6 Recuperação de Larvas Infectantes (L3) da Pastagem ....................................... 44
15
3.7 Necropsia para Recuperação dos Nematoides Gastrintestinais .......................... 44
3.8 Contagem e Identificação das Espécies de Nematoides Gastrintestinais ........... 45
3.9 Análise dos Resultados ....................................................................................... 45
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 46
4.1 Parâmetros Parasitológicos ................................................................................. 46
4.1.1 Recuperação de Larvas Infectantes (L3) na Coprocultura.................................. 47
4.1.2. Recuperação de Larvas na Pastagem .................................................................. 50
4.2 Parâmetros Hematológicos ................................................................................. 54
4.3 Parâmetros Produtivos ........................................................................................ 58
4.4 Contagem e Identificação dos Nematoides Gastrintestinais ............................... 61
5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
ANEXO 1 – Média da contagem de ovos por grama de fezes (OPG) (ovos/g) de
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13
semanas experimentais............................................................................ 78
ANEXO 2 – Média do volume globular (VG) (%) de ovinos mantidos em
diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas
experimentais .......................................................................................... 79
ANEXO 3 – Média da contagem de eosinófilos (células/µL) de ovinos mantidos
em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas
experimentais .......................................................................................... 80
ANEXO 4 – Média de observações do Famacha© de identificação de anemia em
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13
semanas experimentais............................................................................ 81
ANEXO 5 – Média do peso (kg) de ovinos mantidos em diferentes tipos de
pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais ......................... 82
ANEXO 6 – Média de observações do escore de condição corporal (ECC) em
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13
semanas experimentais............................................................................ 83
16
INTRODUÇÃO GERAL
A ovinocultura é uma atividade pecuária desenvolvida em todo o mundo,
principalmente nas regiões tropicais, onde os ovinos apresentam boa adaptabilidade. No
Brasil, o maior rebanho ovino é encontrado na região Nordeste, concentrado quase que
totalmente em pequenas propriedades, sem uso de técnicas e tecnologias que venham a
desenvolver positivamente as criações. Algumas deficiências no manejo são encontradas
nessas propriedades, principalmente com relação ao manejo sanitário das criações, sendo
as doenças parasitárias um dos principais entraves para o desenvolvimento da criação de
ovinos.
As infecções parasitárias nos pequenos ruminantes são caracterizadas como mistas,
ou seja, várias espécies de parasitos agem num mesmo hospedeiro, num mesmo órgão, ou
em órgãos diferentes. O helminto de maior importância para a ovinocultura é o
Haemonchus contortus, de hábito hematófago e habitante do abomaso, podendo levar seus
hospedeiros a um grau de anemia irreversível. Ainda no abomaso, o Trichostrongylus axei,
no intestino delgado, o T. colubriformis, Strongyloides papillosus e Cooperia sp., e no
intestino grosso o Oesophagostomum sp. e o Trichuris sp., são as demais espécies de
parasitos que contribuem para os prejuízos na produção animal.
Tradicionalmente, o controle destes e de outros parasitos é feito baseado no uso de
anti-helmínticos, que além de deixarem resíduos na carne, leite e no ambiente, com seu uso
indiscriminado causam o aparecimento da resistência parasitária aos princípios ativos dos
vermífugos. Assim, a crescente demanda por níveis reduzidos de drogas nos produtos de
origem animal e no ambiente, bem como a possibilidade do desenvolvimento de resistência
aos compostos anti-helmínticos, tem levado à necessidade da utilização de estratégias que
promovam o uso mínimo de compostos químicos na produção animal.
Atualmente, o uso do método Famacha© tem colaborado para o controle alternativo
das helmintoses, sendo utilizado em muitas propriedades rurais para auxiliar na decisão de
quais animais receberão as doses de vermífugos para o tratamento, e ainda na seleção de
animais resistentes às verminoses. Outra vantagem do uso deste método é a seleção de
animais resistentes às parasitoses, atualmente tornando-se também uma estratégia no
controle das helmintoses, principalmente em grandes fazendas, mas ainda está longe de
chegar aos pequenos produtores. Além desses, pode-se destacar o a utilização de pastagens
que favoreçam uma menor infecção parasitária, uma vez que algumas espécies forrageiras
17
proporcionam uma maior cobertura do solo, que, no período chuvoso do ano, formam um
microclima favorável para o desenvolvimento e eclosão dos ovos, devido à alta umidade e
temperatura que são encontradas nos países de clima tropical. As gramíneas de
crescimento cespitoso, por exemplo, favorecem a incidência dos raios solares no solo, o
que provoca a dessecação das cíbalas e impedindo o desenvolvimento dos ovos.
Portanto, como a pastagem é uma importante fonte de contaminação parasitária, e
consequentemente, pode influenciar na resposta do hospedeiro frente às infecções
gastrintestinais, torna-se imprescindível conhecer o comportamento migratório das larvas
infectantes de nematoides gastrintestinais em diferentes espécies forrageiras, o que poderá
contribuir para a compreensão das características morfológicas da planta que interferem
nesta atividade, bem como recomendar o tipo de cultivar que possibilitará aos animais uma
menor infecção parasitária.
18
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
19
1 IMPORTÂNCIA DA OVINOCULTURA
A ovinocultura é uma atividade pecuária amplamente desenvolvida em todo o
mundo, principalmente nas regiões tropicais, onde os ovinos apresentaram boa adaptação.
No Brasil não foi diferente, principalmente na região Nordeste do país, que, segundo dados
dos IBGE (2011), detêm 57,2% da produção nacional, concentrados quase que totalmente
em pequenas propriedades e que ainda mantém a tradicional criação empírica, sem uso de
novas técnicas e tecnologias para o melhor desenvolvimento da criação. Porém, devido às
exigências do mercado internacional para a criação racional de animais de produção, este
setor produtivo experimenta algumas modificações, ainda que lentamente, tais como:
investimentos em infraestrutura produtiva nos estabelecimentos, instalação de frigoríficos e
matadouros legalizados e que sigam o abate humanitário, melhorias em assistência técnica,
entre outros.
Assim, em razão de sua importância econômica e social, a ovinocultura requer
medidas de manejo adequadas para que possa superar os desafios existentes, desenvolver-
se e consolidar-se como atividade produtiva de mercado (MACIEL et al., 2006). Um dos
principais entraves da criação de ovinos é a saúde animal, principalmente quanto às
doenças parasitárias, que podem causar anemia, perda de peso e diminuição do potencial
produtivo e reprodutivo, impactando diretamente a produção animal.
2 HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS
Parasitismo é a associação entre vegetais ou animais, com caráter obrigatório ou não,
de natureza trófica ou ecológica. Tratam-se de organismos que vivem em associação com
outros, dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o
organismo hospedeiro. Os parasitos podem classificar-se segundo o local do organismo em
que se situam: ectoparasitas (pele e aberturas naturais) e endoparasitas (interior do
organismo).
No caso das endoparasitoses, especificamente das helmintoses, os animais quando
parasitados podem apresentar sintomas como pelos arrepiados e sem brilho,
emagrecimento e diarreia. Porém, na maioria das vezes essas apresentam-se de maneira
silenciosa, ou seja, os animais abrigam os parasitos mas não mostram sinais característicos,
20
mas mesmo assim ingerem menos alimentos do que deveriam e como consequência,
prejudicam os índices zootécnicos importantes para a produção animal (CHARLES, 1994).
Os responsáveis pelas helmintoses em pequenos ruminantes pertencem aos filos
Plathelmintes (“corpo achatado”) e Nemathelmintes (“corpo redondo”). O filo
Plathelmintes tem duas classes de particular interesse: a classe Trematodae a classe
Cestoda. O filo Nemathelmintes possui uma classe de grande importância, a classe
Nematoda, que inclui parasitas gastrintestinais e pulmonares. Geralmente as infecções são
mistas, causando um somatório de efeitos patogênicos de cada uma das espécies que
parasitam os animais.
A elevada ocorrência, associada à grande patogenicidade, faz do Haemonchus
contortus, a principal espécie endoparasita de ovinos no Brasil (AMARANTE, 2004). Este
helminto parasita o abomaso, sendo hematófago, tanto na fase adulta quando na L4 (larva
de quarto estágio). Cada helminto adulto remove do hospedeiro cerca de 0,05 mL de
sangue por dia, devido à ingestão e extravasamento de sangue das lesões. Um animal
parasitado com 5000 parasitos pode perder cerca de 250 ml de sangue por dia com
consequente diminuição considerável do volume globular, muitas vezes progressiva, o que
pode levar à morte do hospedeiro (BOWMAN et al., 2003). No caso de infecções crônicas
observa-se anemia, edema submandibular, anorexia progressiva, perda de peso,
hipoproteinemia, e em alguns casos, diarreia. Os animais portadores de carga parasitária
muito elevada (hemoncose aguda) podem ir a óbito em poucos dias com acentuado quadro
de anemia e desidratação (BASSETO et al., 2009), o que é relativamente comum em
pequenos ruminantes.
Outro nematoide de importância para a produção animal é o Trichostrongylus sp.
Considerado de baixa patogenicidade, pode ser encontrado também no abomaso ou no
intestino delgado, sendo comum em ovinos. Este parasito penetra na mucosa abaixo do
epitélio do órgão, lesando-a e provocando a exsudação de proteínas séricas. Embora não
seja hematófago, pode levar a um quadro de anemia e diarreia em infecções maciças, ou
mesmo a uma redução nos níveis de aminoácidos (URQUHART et al., 1998).
Ainda no intestino delgado, outro nematoide de ocorrência comum entre as criações
de ovinos é a Cooperia spp., cuja sintomatologia consiste em perda de apetite e baixos
ganhos de peso. Infecções por Strongyloides papillosus são bastante comuns em animais
muito jovens, desde o nascimento até os 4 meses de idade, e em fêmeas gestantes e recém-
paridas. Parasito do intestino delgado, promove erosão da mucosa intestinal, traduzindo-se
21
clinicamente por anorexia, perda de peso e diarreia. Ocasionalmente, o hospedeiro pode
apresentar anemia (URQUHART et al., 1998).
Oesophagostomum sp., assim como o parasito anterior, também não é hematófago,
porém, tem por habitat o intestino grosso. Depois de ingerida pelo hospedeiro, a L3 (larva
de terceiro estágio ou larva infectante) ao chegar no final do intestino delgado e início do
intestino grosso, penetra profundamente na mucosa, atingindo a “muscularis mucosae”,
formando nódulos em cujo interior evolui para L4. Os sintomas observados são diarreia
intensa de coloração esverdeada ou mesmo com estrias de sangue, apatia e anorexia
(URQUHART et al., 1998). É, portanto, considerado altamente patogênico, sobretudo para
ovinos jovens, em que a presença de 200 a 300 parasitos adultos pode ocasionar uma
infecção severa (UENO e GONÇALVES, 1998).
Portanto, para um controle parasitário eficiente é necessário que se conheça o efeito
do parasito no hospedeiro, levando-se em consideração a influência desses no metabolismo
e na resposta imunológica do hospedeiro e os efeitos da nutrição no parasitismo, bem como
as condições ambientais onde estes ruminantes são criados.
3 CICLO BIOLÓGICO DOS NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS DE
OVINOS
Os nematoides da família Trichostrongylidae apresentam ciclo exógeno direto, ou
seja, tem início fora do hospedeiro e termina no estabelecimento da infecção, com o
hospedeiro infectado eliminando ovos morulados junto com as fezes.
No ambiente há o desenvolvimento da larva de primeiro estágio e sua subsequente
eclosão e desenvolvimento em larvas de segundo e terceiro estágios. Dependendo de
diversos aspectos ambientais esse desenvolvimento pode variar de cinco dias a várias
semanas (BOWMAN et al., 2003).
A eclosão das larvas dos tricostrongilídeos é controlada por fatores como temperatura,
umidade e pela própria larva que secreta enzimas que digerem a membrana interna
impermeável do ovo. Dessa maneira a larva de primeiro estágio L1, capaz de absorver água do
ambiente, dilata-se e rompe as demais camadas do ovo, iniciando-se a fase pré-parasitária de
vida livre, caracterizada por três estágios larvais (URQUHART et al., 1998).
Os dois primeiros estágios larvais, L1 e L2 usualmente nutrem-se de bactérias do
meio. Entretanto, a larva de terceiro estágio L3 apresenta cutícula remanescente de seu
22
segundo estágio, o que confere maior proteção contra alterações ambientais, mas que
também impede a larva de se alimentar, tornando a sua sobrevivência dependente de
nutrientes acumulados em estágios anteriores (VLASSOF et al., 2001).
Os ovinos se infectam ao ingerir forragens contaminadas com formas infectantes
(larvas de terceiro estágio ou L3). As L3 desembainham-se e ao atingir seu habitat
definitivo (abomaso ou intestino delgado) sofrem duas novas mudas e posteriormente
diferenciam-se em machos ou fêmeas parasitos adultos. Entre as mudas, tanto na fase pré-
parasitária quanto parasitária, as larvas apresentam um curto período de letargia. De duas a
três semanas após a ingestão da L3 ocorre o completo desenvolvimento dos helmintos
(exceto Nematodirus, cujo período é de quatro semanas), e após esse período inicia-se a
eliminação de ovos nas fezes do hospedeiro (ECHEVARRIA, 1996).
O período pré-patente pode ser mais longo em decorrência do fenômeno de
hipobiose apresentada por L3 ou L4 dentro do hospedeiro. Dependendo da espécie do
parasito, ocorre retardo na emersão dessas larvas da mucosa, que pode ser de semanas ou
meses (RADOSTITS et al., 2002).
4 MÉTODOS DE CONTROLE DAS PARASITOSES QUE ACOMETEM OS
PEQUENOS RUMINANTES
A profilaxia e o controle devem contemplar um conjunto de ações que combinem os
tratamentos anti-helmínticos estratégicos com práticas de pastejo que limitem os riscos de
infecção. De início, para lidar com um surto de estrongilidose num rebanho, deve-se
identificar a fonte de infecção e separar os animais. Devem-se também segregar os animais
que apresentem anemia, diarreia, fraqueza ou depressão, para facilitar a terapêutica e impedir
o progresso da infecção (BOWMAN, 2003).
4.1 Tratamento Anti-Helmíntico
O controle dos nematoides tradicionalmente é feito baseado no uso de anti-
helmínticos, de forma frequente e em muitos casos, indiscriminado, o que atualmente tem
levado ao desenvolvimento da resistência parasitária aos diversos princípios ativos
(MOLENTO, 2004; TERRIL e MILLER, 2005). Relatos de resistência anti-helmíntica em
23
nematoides já foram registrados em diferentes regiões do mundo (AMARANTE et al.,
1992; VIEIRA et al., 1992; MELO et al., 2003; COELHO et al., 2010).
Adicionalmente, o uso dessas drogas possibilita o risco de consumo pela população
humana de resíduos que são encontrados na carne e no leite desses animais, e ainda nas
fezes que são usadas como adubo nas plantações e hortas, contaminando também o meio
ambiente. Assim, a crescente demanda por níveis reduzidos de drogas nos produtos de
origem animal e no ambiente, bem como a possibilidade do desenvolvimento de resistência
aos compostos anti-helmínticos, tem levado à necessidade da utilização de estratégias que
promovam o uso mínimo de compostos químicos na produção animal (SONSTEGARD e
GASBARRE, 2001). Uma forma de reduzir o uso de fármacos em pequenos ruminantes é a
utilização de suplementos nutricionais para aumentar a resiliência e manter a
produtividade, que normalmente decresce durante infecções subclínicas. Animais adultos,
bem-nutridos, possuem uma resistência e resiliência consideráveis.
4.2 Método Famacha©
O método Famacha© é um recurso importante no controle da população de
Haemonchus contortus, por ser este o principal parasito hematófago dos pequenos
ruminantes, e sua vantagem mais significativa é a redução do número de tratamentos
aplicados, o que auxilia na diminuição do desenvolvimento da resistência a anti-
helmínticos (CHAGAS et al., 2007). Entretanto, as infecções parasitárias naturais são
mistas, ou seja, há mais de uma espécie de parasito num mesmo hospedeiro. Assim, o
método Famacha© é eficiente para controle de apenas uma espécie de parasito, mas não
para as demais, como Trichostrongylus colubriformis, Strongyloides papillosus e
Oesophagostomum sp.
A distribuição da população parasitária nas espécies animais não segue uma
distribuição normal, pois apenas uma pequena parte, cerca de 15% dos animais do rebanho
abrigam em torno de 70% da população de parasitos (ANDERSON, 1987). A maioria dos
animais é capaz de suportar infecções por nematoides gastrintestinais sem que haja danos.
Na África do Sul, Malan et al. (2001) verificaram que apenas 17% de ovelhas secas, 29%
das gestantes e 55% das lactantes necessitaram de tratamento. Diante disso, um bom
controle parasitário deve ser eficaz se somente aqueles indivíduos que albergam elevada
carga parasitária são tratados (WALLER, 1999). Desta forma persistirá no ambiente uma
24
população de parasitos sensível aos anti-helmínticos (população refugia). Os tratamentos
seletivos devem ser de maior interesse para diminuir a rapidez da resistência anti-
helmíntica (HOSTE et al., 2002a). A aplicação seletiva de anti-helmíntico para reduzir o
desenvolvimento da resistência em populações de parasitos tem sido relatada em equinos
(KRECEK et al., 1994) e em pequenos ruminantes (HOSTE et al., 2002b; HOSTE et al.,
2002c). Na África do Sul, o método Famacha©, baseado nos sinais de anemia clínica, foi
desenvolvido para ovinos por Van Wyk et al. (1997). Esta estratégia pode ajudar a
diminuir o uso de anti-helmínticos e os resíduos de produtos químicos no leite, carne e
ambiente, além disso, pode selecionar os melhores animais para reprodução e abate e
consequentemente aumentar os lucros da fazenda e ajudar os produtores a certificar seus
produtos como orgânicos (MOLENTO, 2002).
Segundo Bath et al. (2001) os fatores que contribuíram para a idealização do
método Famacha© foram: H. contortus é geralmente o maior causador de doenças nos
ovinos nas áreas de verão chuvoso, particularmente em áreas tropicais e subtropicais;
aumento do aparecimento de parasitos resistentes; a maioria dos ovinos (especialmente os
adultos) é capaz de suportar uma elevada carga parasitária e a resistência ou a resiliência
dos animais têm mostrado serem herdáveis. No sistema, os animais incapazes de enfrentar
um desafio parasitário podem ser alvo de atenção especial, sem que haja a necessidade de
tratar todo o rebanho. Os mesmos podem ser retirados do rebanho quando identificados ou
tratados repetidamente.
O princípio do método é baseado na constituição celular do sangue, onde a
proporção de células vermelhas determina se o animal está saudável ou doente. Os
resultados do método Famacha© indicam que existe uma correlação significativa entre as
cinco categorias definidas pelo método e o volume globular dos animais, assim
classificados: categoria 1 (hematócrito-Ht: >27%); 2 (Ht: 23-27%); 3 (Ht: 18-22%); 4 (Ht:
13-17%) e 5 (Ht<13%) (BATH et al., 2001).
As principais vantagens do sistema são: aplicação simples, pouco oneroso e fácil de
ser ensinado, inclusive a pessoas iletradas. O sistema apresenta um modo prático para
identificar ovinos e caprinos resistentes a hemoncose. Logo, através do método, torna-se
possível tratar somente os animais que sofrem de parasitismo severo deixando aqueles que
não apresentam anemia clínica sem tratamento. Desta forma a pressão de seleção para a
resistência aos anti-helmínticos será menos intensa e os custos com medicamentos
inferiores (VAN WYK et al., 1997; VATTA et al., 2001). O processo de inspeção da
25
mucosa ocular é rápido e pode ser integrado com outras atividades de manejo (vacinação,
pesagem, contagem etc) e consequentemente outros problemas podem facilmente ser
identificados. No entanto, o método controla apenas helmintos hematófagos havendo a
necessidade de se implantar outros métodos de controle para outros parasitos. Entre outras
limitações, pode-se destacar: existência de outras causas de anemia (parasitos externos,
hemoparasitos, infecções e deficiências nutricionais) podendo gerar confusão (VAN WYK
et al., 1997); outras condições podem fazer a membrana da mucosa ocular parecer mais
vermelha que o esperado, mascarando a anemia, e entre elas podemos citar altas
temperaturas, irritação ou doença ocular e falha circulatória (BATH et al., 2001).
Rodríguez (2006) recomenda também que o uso do Famacha© deve ser combinado a
outras práticas, como a contagem de ovos por gramas de fezes (OPG) e uma análise de
redução de ovos.
4.3 Manejo e Rotação de Pastagens
Sendo o Brasil um país que dispõe de grandes áreas de pastagens para os animais, as
forrageiras constituem a principal fonte de nutrientes dos ruminantes, principalmente quando
bem manejadas. Estudos epidemiológicos realizados na região semiárida do Nordeste
brasileiro têm demonstrado que, no período chuvoso, quando as condições ambientais são
favoráveis para o desenvolvimento do parasito, as pastagens estão com alta população de
larvas infectantes, enquanto no período seco, quando as condições são desfavoráveis, eles
permanecem no trato gastrintestinal dos animais, muitas vezes sem que estes manifestem
sintomas clínicos. De acordo com o NRC (1985), ovelhas devem ingerir 3% de matéria seca
em relação ao peso vivo e considerando ser o custo nutricional destes animais de 50% a 60%
do seu custo total, torna-se justificável a maximização do uso das forragens, sobretudo sob
pastejo.
Borba et al. (1993) afirmaram que, em um rebanho de ovinos, menos de 5% da
população parasitária encontra-se no trato gastrintestinal dos animais, enquanto o restante
(mais de 95%) encontra-se nas pastagens. O impacto das espécies forrageiras sobre a
epidemiologia de nematoides deve ser elucidado, já que estudos indicam diferenças entre
espécies forrageiras no que diz respeito à carga parasitária adquirida e perdas produtivas
quando estas são pastejadas por ovinos (NIEZEN et al., 1996). As condições climáticas e o
microclima da pastagem tem grande influência no desenvolvimento e na sobrevivência dos
26
estádios de vida livre no ambiente, e podem favorecer ou não a migração das L3 das fezes
para o capim, a fim de que sejam ingeridas pelo hospedeiro, infectando-os. O microclima
na pastagem varia em função do porte e da morfologia das diferentes espécies forrageiras
(AMARANTE, 2009).
O uso de pastos formados por gramíneas forrageiras de crescimento cespitoso
(ereto), como as do gênero Panicum, podem contribuir para a dessecação das larvas e dos
ovos de helmintos, pelo fato de haver uma maior penetração dos raios solares na base da
planta e no solo (CHAGAS e VERÍSSIMO, 2008). Entretanto, estudos mostram que as
maiores quantidades de larvas infectantes de Haemonchus contortus (CARNEIRO E
AMARANTE, 2008; AMARANTE, 2009), e Trichostrongylus colubriformis (ROCHA et
al., 2007, 2008) foram recuperadas quando as fezes foram depositadas em capim aruana
(Panicum maximum).
Em Curitiba, sob temperatura média de 22°C e precipitação mensal de 324 mm,
Dittrich et al. (2004) avaliaram por um mês a migração de L3 de nematoides de ovinos em
duas forrageiras, Tifton 85 (Cynodon sp.) e Paspalum (Paspalum paniculatum), submetidas
a várias alturas no momento da contaminação e não observaram influência da altura da
forrageira (13-18 cm, 27-34 cm, 49 cm e 65-69 cm) na quantidade de larvas recuperadas na
planta inteira. A maior concentração de L3 ocorreu na metade inferior das gramíneas.
Em Nova Odessa, SP, Costa et al. (2007) avaliaram o desempenho e a infecção
parasitária de três raças de ovinos, submetidos a pastejo rotacionado em duas cultivares de
Panicum maximum, cv. Aruana e cv. Tanzânia, durante o período seco e chuvoso do ano.
No período seco, não foi observada diferença na carga parasitária e desempenho dos
animais quando pastejaram as diferentes cultivares independente da altura. No período
chuvoso, o capim-aruana apresentou maior teor de proteína bruta (11,2% PB) que o capim
tanzânia (8,7% PB). Essa maior concentração proteica no capim aruana pode ter favorecido
o sistema imunológico dos animais, que responderam com menor infecção parasitária e
maior volume globular, do que os animais que pastejaram o capim tanzânia.
Portanto, como a pastagem é uma importante fonte de contaminação parasitária, e
consequentemente, pode influenciar na resposta do hospedeiro frente às infecções
gastrintestinais, torna-se imprescindível conhecer o comportamento migratório das larvas
infectantes de nematoides gastrintestinais em diferentes espécies forrageiras, o que poderá
contribuir para a compreensão das características morfológicas da planta que interferem
27
nesta atividade, bem como possibilitar a recomendação da cultivar que melhor suporta os
efeitos do parasitismo.
O método de pastejo rotativo é uma prática interessante do ponto de vista
agrostológico e zootécnico, pois permite otimizar as áreas destinadas ao pastejo dos
animais. Além disso, é frequentemente referida como uma forma de diminuir as
populações de larvas de nematoides nas pastagens, o que nem sempre é verdade. As
pastagens utilizadas em esquema de pastejo rotativo geralmente permanecem em descanso,
sem animais, por períodos que variam de 30 a 40 dias. Este período de descanso, em
muitas situações, é muito curto para permitir redução significativa da contaminação da
pastagem, já que os parasitos necessitam de vários dias para se desenvolverem no ambiente
(de ovo até larva infectante, L3). Além disso, as larvas infectantes podem sobreviver
durante várias semanas ou até mesmo vários meses no ambiente. Por essa razão, o pastejo
rotativo resulta com frequência no contrário do que se esperaria em termos de
descontaminação. Como esse tipo de pastejo permite aumentar o número de animais em
uma área, pode ocorrer, na verdade, aumento da contaminação. Portanto, a vigilância em
relação à verminose deverá ser redobrada quando esses sistemas de pastejo são
empregados (AMARANTE, 2005).
5 CARACTERIZAÇÃO DAS GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS
Na produção ovina em pastagens, a tomada de decisão na escolha da planta
forrageira adequada às condições de clima e solo do local, além do manejo que lhe será
imposto, deve ser criteriosa, pois a área implantada deve ter uma longa vida útil. Os
pesquisadores da área de forragicultura vêm trabalhando incessantemente na seleção de
genótipos tolerantes as adversidades ambientais e com características agronômicas
favoráveis para a produção animal. Não existe “o melhor capim”. Cada planta forrageira
apresenta certas qualidades e limitações, as quais devem ser comparadas para seleção no
ecossistema desejado, considerando os fatores abióticos e bióticos (QUADROS, 2006). Na
Tabela 1 encontra-se a análise bromatológica de algumas gramíneas forrageiras tropicais
utilizadas para ovinos.
28
Tabela 1 – Valor nutritivo das lâminas foliares de forrageiras tropicais.
% Aruana Marandu Massai Piatã
MS 23.6b ± 3.2 24.5
ab ± 5.7
30.7
a ± 3.9
27.3
ab ± 2.0
PB 16.2a ± 1.5
15.0
a ± 3.3
9.7
b ± 2.3
12.0
b ± 1.2
MM 8.6a ± 0.3
7.7
ab ± 0.9
7.8
ab ± 0.6
7.1
b ± 0.7
FDN 70.7ab
± 3.3 61.8c ± 4.2
74.4
a ± 2.1
65.6
bc± 29.0
FDA 36.9b ± 2.5
31.9
c ± 3.9
41.6
a ± 2.9
33.1
bc± 2.7
MS (matéria seca), PB (proteína bruta), MM (matéria mineral), FDN (fibra em detergente neutro), FDA
(fibra em detergente ácido). Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de
Tukey (P>0,05)
Fonte: Emerenciano Neto, 2011.
5.1 Capim Aruana (Panicum maximum Jacq. cv. Aruana)
O Panicum maximum Jacq. cv. Aruana caracteriza-se como gramínea cespitosa de
porte médio (70 cm a 90 cm de altura), apresenta grande quantidade de colmos finos e
tenros, favorecendo o consumo pelos animais (CUNHA et al., 1999). Possui folhas
estreitas, de cor verde-escura, e as panículas das inflorescências são pequenas. Suporta alta
intensidade de pastejo, apresenta intensa capacidade de rebrotação, através de gemas
basilares, com elevado número de perfilhos e menor índice de área foliar e maior relação
haste/folha (SILVEIRA et al., 2010).
5.2 Capim Marandu (Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf. cv. Marandu)
Adaptada a regiões com precipitações anuais de 800 mm, a Brachiaria brizantha
cv. Marandu é uma gramínea forrageira perene de 1,5 a 2,5 m de altura, de folhas largas de
cor verde-escura, cobertas de tricomas na face adaxial, com colmos iniciais prostrados, e
perfilhos predominantemente eretos (MEIRELLES e MOCHIUTTI, 1999; GONÇALVES
et al., 2003). Por apresentar hábito de crescimento cespitoso, forma touceiras de até 1,0 m
de diâmetro e pode ser consorciado com leguminosas forrageiras como Stylosanthes
guanensis. Recomenda-se retirar os animais da pastagem quando as plantas forem
rebaixadas entre 25 e 30 cm de altura (EMBRAPA, 2004, 2008). As pastagens de capim
marandu quando bem formadas e manejadas, permitem lotações que variam entre 1 UA
(Unidade Animal) no período seco, até 3 UA/ha no período chuvoso (MEIRELLES e
MOCHIUTTI, 1999).
29
5.3 Capim Massai (Panicum maximum Jacq e P. infestum BRA-7102 cv. Massai)
A cultivar Massai apresenta crescimento em forma de touceiras, podendo atingir
altura média de 1,50 m sob crescimento livre; possui ciclo vegetativo perene. As
inflorescências apresentam ramificações primárias, curtas, sem ramificações secundárias.
O capim-massai apresenta ainda grande velocidade de estabelecimento e de rebrotação
(EMBRAPA, 2008), elevada quantidade de folhas, que possui mais nutrientes que os
caules, e estes possuem diâmetro pequeno, o que contribui para um menor porcentual de
lignina da planta (NASCIMENTO et al., 2002).
5.4 Capim Piatã (Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã)
A cultivar Piatã possui hábito de crescimento ereto, com a formação de touceiras
que variam de 0,85 m a 1,10 m de altura. Os colmos são finos, verdes e as bainhas foliares
têm poucos pelos claros e apresenta perfilhamento aéreo. Suas folhas medem até 45 cm de
comprimento e 1,8 cm de largura. Não há pelos na lâmina foliar, que se mostra áspera na
face superior e tem bordas serrilhadas e cortantes. O capim Piatã apresenta ampla
adaptação e elevada produtividade, compatível com os valores observados para outras
cultivares, representa uma boa alternativa para diversificação das pastagens brasileiras
(ANDRADE e ASSIS, 2010).
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO II
PARÂMETROS PARASITOLÓGICOS E DESEMPENHO PRODUTIVO DE
OVINOS NATURALMENTE INFECTADOS COM NEMATOIDES
GASTRINTESTINAIS MANTIDOS EM DIFERENTES PASTAGENS TROPICAIS
PARASITOLOGICAL PARAMETERS AND PRODUCTIVE PERFORMANCE OF SHEEP
NATURALLY INFECTED WITH GASTROINTESTINAL NEMATODES IN DIFFERENT
TROPICAL PASTURES
36
1 INTRODUÇÃO
Os ovinos apresentam boa adaptação nas regiões tropicais de todo o mundo, e no
Brasil a região Nordeste detém, segundo o IBGE (2011), 57,24% da produção nacional,
concentrados principalmente nas pequenas propriedades, que não usam de tecnologias para
combater as dificuldades encontradas na criação. Logo, em razão de sua importância
econômica e social, a ovinocultura requer medidas de manejo adequadas para que possa
superar os desafios existentes (MACIEL et al., 2006).
Um dos principais entraves para a criação destes animais são as infecções
parasitárias, que podem causar anemia, perda de peso e diminuição do potencial produtivo
e reprodutivo, o que pode afetar diretamente a produção animal. O parasito de maior
importância para os pequenos ruminantes é o Haemonchus contortus, dada sua atividade
hematófaga e alta prevalência em todo território nacional (AMARANTE, 2004), mas estas
infecções são caracterizadas como mistas e assim temos outros helmintos, como o
Trichostrongylus sp., Cooperia sp., Strongyloides papillosus e Oesophagostomum sp. que
também causam danos a criação de ovinos (UENO & GONÇALVES, 1998; UQUHART et
al., 1998; BASSETO et al., 2009).
Tradicionalmente faz-se o controle dos nematoides baseado no uso de anti-
helmínticos, de forma frequente e em muitos casos, indiscriminado, o que leva, atualmente,
ao desenvolvimento da resistência parasitária aos diversos princípios ativos (AMARANTE
et al., 1992; VIEIRA et al., 1992; MELO et al., 2003; MOLENTO, 2004; TERRIL e
MILLER, 2005; COELHO et al., 2010). Além disso, o uso dessas drogas possibilita a
deposição de resíduos na carne, no leite e nas fezes que contaminam o meio ambiente. Os
programas profiláticos direcionados para as gastroenterites parasitárias são relativamente
dispendiosos, mas são imprescindíveis nas propriedades onde o empreendimento depende
de uma espécie animal (CAMPELLO, 2005). Portanto, a crescente demanda por níveis
reduzidos de drogas nos produtos de origem animal e no ambiente tem levado à
necessidade da utilização de estratégias que promovam o uso mínimo de compostos
químicos na produção animal (BEH e MADDOX, 1996; GASBARRE, 1997;
SONSTEGARD e GASBARRE, 2001).
Uma das formas de controle das verminoses em ovinos é com o uso do Método
Famacha©, desenvolvido por Van Wky et al. (1997), que tem como objetivo identificar
clinicamente animais que apresentem diferentes graus de anemia, frente à infecção pelo H.
37
contortus. No método Famacha© um menor número de animais é medicado e também em
menor frequência, pois só recebem tratamento anti-helmíntico aqueles que apresentam
anemia clínica (VIEIRA et al., 2007). Além disso, a estimativa do estado nutricional dos
ruminantes por meio da avaliação visual e/ou tátil do escore de condição corporal (ECC)
informa ao avaliador o estado nutricional dos animais, e embora seja uma medida
subjetiva, baseada na classificação dos animais em função da cobertura muscular e da
massa de gordura, representa uma ferramenta importante de manejo (MACHADO et al.,
2008).
Outra alternativa é o método de pastejo rotativo. O uso de pastos formados por
gramíneas forrageiras de crescimento cespitoso, como as do gênero Panicum podem
contribuir para a dessecação das larvas e dos ovos de helmintos (CHAGAS E
VERÍSSIMO, 2008). Entretanto, estudos mostram que as maiores quantidades de larvas
infectantes de H. contortus (CARNEIRO e AMARANTE, 2008; AMARANTE, 2009) e
Trichostrongylus colubriformis (ROCHA et al., 2007, 2008, 2012) foram recuperadas
quando as fezes foram depositadas em capim aruana (Panicum maximum cv. Aruana),
quando comparados com cultivares de braquiária. Costa et al. (2007) afirmaram que
quando os capins possuem uma quantidade maior de proteína bruta (PB), mais favorecido
estará o sistema imunológico dos animais.
Como a pastagem é uma importante fonte de contaminação parasitária e pode
influenciar na desempenho produtivo do hospedeiro frente às infecções gastrintestinais,
torna-se imprescindível conhecer o comportamento migratório das larvas infectantes de
nematoides gastrintestinais nas diferentes espécies forrageiras, o que poderá contribuir para
a compreensão das características morfológicas da planta que interferem nesta atividade,
bem como possibilitar a recomendação da cultivar que melhor suporta os efeitos do
parasitismo. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta de ovinos naturalmente
infectados por nematoides gastrintestinais mantidos em pastagens de Panicum maximum
cv. Massai e cv. Aruana e Brachiaria brizantha cv. Piatã e cv. Marandu.
38
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar a resposta de ovinos naturalmente infectados por nematoides
gastrintestinais mantidos em pastagens de Panicum maximum cv. Massai e cv. Aruana e
Brachiaria brizantha cv. Piatã e cv. Marandu.
2.2 Objetivos Específicos
- Avaliar a resposta de ovinos à infecção por nematoides gastrintestinais em
diferentes gramíneas forrageiras tropicais utilizando marcadores fenotípicos
(contagem de OPG, volume globular, contagem dos eosinófilos sanguíneos,
Famacha©, peso e escore corporal);
- Identificar os gêneros dos nematoides presentes nas fezes dos animais;
- Identificar e quantificar as espécies de nematoides presentes nos animais;
- Avaliar a frequência das larvas infectantes nas cultivares de gramíneas
forrageiras tropicais;
- Correlacionar os parâmetros fenotípicos (parasitológicos, hematológicos e de
produção) à cultivar utilizada.
39
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local de Execução
O experimento foi conduzido na área experimental do GEFOR – Grupo de Estudos
em Forragicultura, situado na Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias,
Campus de Macaíba da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
As análises parasitológicas, hematológicas e contagem e identificação dos
nematoides gastrintestinais foram realizadas em Laboratório no Centro de Biociências da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
3.2 Animais Experimentais
Foram utilizados 48 ovinos machos, com idade aproximada de 6 meses a 1 ano,
mestiços ½ sangue Santa Inês e ½ sem raça definida (SRD) (Figura 1), naturalmente
infectados por nematoides gastrintestinais e mantidos em quatro cultivares de gramíneas
forrageiras tropicais naturalmente contaminadas por ovos e larvas de nematoides
gastrintestinais.
Figura1 – Animais experimentais.
Fonte: Acervo pessoal.
40
3.3 Área e Delineamento Experimental
A área experimental total utilizada para o pastejo dos animais foi de 2,88 ha,
subdividido em dois blocos de 1,44 ha, com quatro módulos de 0,36 ha para cada cultivar
(1- Panicum maximum cv. Aruana; 2- Panicum maximum cv. Massai, 3- Brachiaria
brizantha cv. Piatã e 4- Brachiaria brizantha cv. Marandu), que foram subdivididos em
seis piquetes de igual área (0,06 ha). Em cada um dos piquetes havia uma praça de
alimentação com bebedouro e saleiro com livre acesso dos animais, sendo constantemente
monitorados quanto ao fornecimento de água e sal mineral durante todo o experimento. O
período de avaliação foi de Maio a Agosto de 2011, época de concentração das chuvas na
região (Figura 2).
Figura 2 – Distribuição das chuvas na área experimental ao longo do ano de 2011.
Fonte: Emerenciano Neto, 2011.
3.4 Manejo dos Animais
Antes da entrada dos animais nas unidades experimentais, os mesmos foram
vermifugados com composto antiparasitário de amplo espectro com selênio e cobalto, que
é uma combinação de Ivermectina, Albendazol e Levamisol, fabricado pela Argenta
Manufacturing Ltda – Nova Zelândia, e monitorados pela contagem de ovos por grama de
fezes (OPG), até que esta se apresentou nula (OPG=zero) para então, iniciar-se o período
experimental.
Os animais foram distribuídos nos piquetes com dossel forrageiro de 50 cm de
altura e submetidos ao método de pastejo de lotação rotativa, sendo transferidos para outro
piquete quando o dossel forrageiro atingisse uma altura de 25 cm pós-pastejo. No pré e no
198
128
76
207
269 281
163
18 44
0 7 0 0
50
100
150
200
250
300
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pre
cip
itaçã
o
(mm
)
41
pós-pastejo, amostras das pastagens foram coletadas para a identificação e contagem das
larvas infectantes (L3) de nematoides.
Semanalmente, amostras de fezes e sangue foram coletadas para avaliar a infecção
dos animais (exames parasitológicos e hematológicos). Imediatamente após a coleta de
sangue e fezes, os animais foram avaliados quanto ao desempenho produtivo, sendo
submetidos à avaliação de escore corporal e pesagem e ao método Famacha© para
identificar o grau de anemia dos animais.
O período experimental teve seu final determinado quando os animais atingiram o
peso médio de 32,0 kg, o que totalizou 13 semanas ou 91 dias. Em seguida, uma
amostragem dos animais experimentais (n=20; n=5 por tratamento) foram abatidos para a
recuperação dos nematoides gastrintestinais.
3.5 Avaliação do Nível de Infecção dos Animais
A avaliação da infecção dos animais foi realizada por meio dos exames
parasitológicos, que abrangeram a contagem de OPG e a identificação das larvas (L3) dos
nematoides gastrintestinais pela coprocultura; das análises hematológicas, que
compreenderam a determinação da porcentagem de volume globular e a contagem do
número de eosinófilos sanguíneos e da avaliação da coloração da mucosa ocular para
determinar o grau de anemia causado por Haemonchus sp., utilizando-se o método
Famacha©. Em adição, foi realizada análise de desempenho produtivo, que abrangeu as
medidas de escore da condição corporal e ganho de peso.
3.5.1 Exames Parasitológicos
Para a realização dos exames parasitológicos foram colhidas fezes de cada animal
diretamente da ampola retal, e colocadas em sacos plásticos individuais, devidamente
identificados e transportados ao Laboratório no Centro de Biociências da UFRN. Em cada
uma das amostras foi feita a contagem de OPG de acordo com a técnica descrita por
Gordon e Whitlock (1939) modificada por Ueno e Gonçalves (1998), em que dois gramas
de fezes foram colocados em Becker pequeno, macerados e adicionados 58 mL de solução
saturada de açúcar (1 kg de açúcar; 2 litros de água). Com o auxílio de tamís de 100
malhas/polegada, foi realizada a filtragem, preencheu-se a câmara de McMaster®
e logo
42
em seguida procedeu-se a leitura em microscópio óptico (em objetiva de 10x) para a
contagem dos ovos.
As culturas de larvas foram realizadas de acordo com o método de Roberts e
O’Sullivan (1950), que consiste em macerar um pool de amostras de fezes, adicionar água
para umedecer e armazenar essa mistura por um período de sete dias, proporcionando assim
temperatura e umidade adequada para que as larvas atingissem o estágio infectante (L3). No
sétimo dia adicionou-se água até formar um menisco na borda, emborcando-o em uma placa
de Petri. Em seguida, completou-se o volume com água e o frasco foi inclinado para facilitar
a migração das larvas para a lateral da placa. Após três horas de descanso, as larvas foram
recuperadas, e uma gota da amostra (aproximadamente 0,1 mL) foi colocada em lâmina para
a contagem das larvas. Nesse procedimento foi adicionado lugol para promover a paralisação
das larvas. Em seguida realizou-se a identificação dos gêneros dos parasitos existentes, tendo
como base as características morfológicas descritas por Keith (1953).
3.5.2 Exames Hematológicos
O sangue foi coletado por vinipulturada veia jugular dos animais em tubos
vacutainer® de 5 mL com EDTA. Para a determinação do volume globular o sangue foi
colocado em capilares de vidro e alocados em centrífuga para micro-hematócrito por 10
minutos com rotação de 15.000 Xg. Após a centrifugação, procedeu-se a leitura com o
auxílio do cartão de micro-hematócrito (JAIN, 1993).
Para a identificação e contagem dos eosinófilos sanguíneos foi seguido o
procedimento descrito por Dawkins et al. (1989), adicionando-se 180µL de solução
Carpentier (formol 3%; eosina amarelada 2%) a 20µL de sangue e colocadas em câmara de
Newbauer® para a realização das contagens de eosinófilos em microscópio óptico com o
aumento de 10x. Os resultados das contagens foram expressos em número de células/µL.
3.5.3 Método Famacha©
O método Famacha© foi realizado segundo procedimento descrito por Van Wyk et
al. (1997). Os animais foram examinados sob luz natural através da exposição da
conjuntiva ocular. A pálpebra superior foi levemente pressionada e a inferior puxada para
baixo, de forma que fosse exposta apenas a conjuntiva, evitando-se a exposição da
43
membrana da terceira pálpebra. A coloração foi observada na parte medial da conjuntiva
inferior. O diagnóstico foi realizado utilizando o cartão Famacha (Figura 3), ou seja,
comparando as diferentes tonalidades da conjuntiva, representados pelos números 1, 2, 3, 4
e 5, que corresponde às cores vermelho robusto, vermelho rosado, rosa, branco e branco
pálido respectivamente, indicando se havia ou não necessidade de tratamento com anti-
helmíntico.
Figura 3 – Cartão Famacha© usado para diagnóstico de anemia pela coloração da
conjuntiva ocular.
Fonte: http://mdsheepgoat.blogspot.com.br/2012/05/two-parasite-workshops-in-maryland.html
3.5.4 Pesagem e Avaliação da Condição Corporal
Os animais foram pesados semanalmente e o ganho de peso foi estimado pela
diferença entre o peso final e o peso no início do período experimental.
O escore da condição corporal foi realizado por meio da palpação da região dorso-
lombar da coluna vertebral, verificando a quantidade de gordura e músculo encontrada no
ângulo formado pelos processos espinho (Figura 4) e transverso (Figura 5) das vértebras.
Dessa forma, foram atribuídos valores de 1 a 5, que representam: (1) animal caquético; (2)
magro; (3) médio; (4) gordo e (5) obeso.
44
Figura 4. Palpação da apófise espinhosa Figura 5. Palpação da apófise transversa
Fonte: Barros et al. (2006) Fonte: Barros et al. (2006)
3.6 Recuperação de Larvas Infectantes (L3) da Pastagem
A recuperação das larvas infectantes (L3) nas pastagens foi realizada em dois
momentos: (1) no pré-pastejo, quando os animais foram colocados nos piquetes e (2) no
pós-pastejo, quando os animais saíram dos piquetes. Esses momentos aconteceram quando
o dossel forrageiro atingiu 50 e 25 cm, respectivamente.
Em cada ponto de amostragem foram cortadas duas subamostras. Um quadrado de
ferro medindo 0,5 m² e com 20 cm de altura foi lançado ao acaso no pasto em cinco pontos
diferentes (centro e extremidades da área), e o capim que ficou dentro do quadrado cortado
em duas partes: Metade Superior (parte alta do capim) e Metade Inferior (parte baixa junto
ao solo) e colocadas em sacos plásticos identificados. No laboratório as amostras foram
processadas de acordo com os procedimentos descritos por Rocha et al. (2007), que
consiste em cada amostra ser pesada, cortada em pedaços de aproximadamente 10 cm,
retirado 100 g e colocado em gaze, e em seguida num balde com cinco litros de água e
deixada em repouso por 18h. Após este tempo, o capim foi retirado e o líquido deixado em
repouso por mais 6h.
O sobrenadante foi sifonado, deixando um precipitado de 300 mL e colocado num
cálice de sedimentação por 24h. Após completar o tempo, foram coletados 15 mL do
sedimento em um tubo de ensaio e posto na geladeira por mais 24h. Depois de retirado o
sobrenadante, deixou-se apenas 3mL e todas as larvas infectantes presentes no conteúdo
foram identificadas e contadas de acordo com as características morfológicas descritas por
Keith (1953).
3.7 Necropsia para Recuperação dos Nematoides Gastrintestinais
Dos 48 animais experimentais foi feito uma amostragem, composta por 20 animais,
que atingiram o peso de 32,0 kg, selecionados para o abate. Durante a necropsia, o
45
abomaso, o intestino delgado e o intestino grosso foram removidos, abertos e seus
conteúdos transferidos para recipientes graduados. Os órgãos foram limpos em água
corrente com o auxílio de peneiras de 80 e 140 micras, e em seguida seu conteúdo
novamente transferido para um novo recipiente. Uma alíquota de 20% do abomaso e do
intestino delgado, e 100% do conteúdo do intestino grosso foi preservada em formalina 5%
para posterior contagem e identificação dos gêneros e espécies presentes (UENO E
GONÇALVES, 1998).
3.8 Contagem e Identificação das Espécies de Nematoides Gastrintestinais
O conteúdo obtido e conservado durante o abate foi colocado em pequenas
quantidades em uma placa de Petri e adicionado água e com o auxílio de microscópio
estereoscópio os parasitos presentes no material foram capturados, contados e conservados
em solução AFA para posterior identificação.
A identificação foi realizada segundo procedimento descrito por Ueno e Gonçalves
(1998), baseado no comprimento dos espículos e ganchos espiculares dos machos e tipo e
comprimento do ovojetor das fêmeas. As medidas foram obtidas com o auxílio de uma
ocular micrométrica acoplada ao microscópio, utilizando-se objetiva de 40x para o gancho
espicular e objetiva de 10x para as demais estruturas.
3.9 Análise dos Resultados
As diferenças fenotípicas significativas entre os grupos de animais quanto a cultivar
utilizada foram obtidas pela análise de variância usando o programa SAS (Analysis
Systems Institute, 2003). Os dados de contagem de OPG e eosinófilos, por não possuírem
uma distribuição normal foram transformados em log (x + 1) antes das análises. Para
realizar a análise de comparação de médias foi feito o Teste t, analisando as médias uma a
uma. Para inferir se houve diferença significativa, as dados foram avaliados quanto o teste
de Tukey, a um nível de significância de 5%.
46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Parâmetros Parasitológicos
Os animais mantidos nas pastagens de massai, aruana e marandu apresentaram as
maiores médias de OPG (993,30, 886,23 e 723,72 ovos/g, respectivamente; P>0,05),
diferindo dos animais mantidos em pastagem de piatã, que apresentaram valor médio de
530,19 ovos/g, porém não significativo estatisticamente (P>0,05). Pode-se inferir que nesta
última cultivar houve um menor depósito de ovos de nematoides gastrintestinais, havendo,
assim, uma menor contaminação do pasto por larvas infectantes (L3). Além disso,
possivelmente os animais que permaneceram nesta cultivar podem ter adquirido resistência
à infecção parasitária, eliminando uma quantidade menor de ovos (Tabela 2).
Tabela 2 – Média da variável fenotípica OPG (ovos por grama de fezes) analisada em
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais.
Variável Fenotípica Pastagens
Aruana Marandu Massai Piatã
OPG (ovos/g) 886,23a
723,72 a
993,30 a
530,19 a
Obs.: Letras iguais na mesma linha indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
Quando se considera o comportamento da contagem de OPG ao longo do período
experimental (a cada sete dias, durante 91 dias) (Figura 6), pode-se observar que os
animais mantidos na pastagem de Massai apresentaram médias de OPG superiores na 3ª e
4ª semanas de coleta, quando comparados com aqueles mantidos nas pastagens Marandu,
Aruana e Piatã. Animais mantidos em pastagem de Piatã apresentaram baixas médias de
OPG ao longo do período experimental, aumentando a partir da 8ª semana. Já os animais
mantidos em pastagem de Aruana só vieram a apresentar valores máximos de OPG a partir
da 10ª semana experimental, e após esse período, permaneceram elevados.
47
Figura 6 – Distribuição da contagem de OPG (ovos/g) de ovinos mantidos em diferentes
tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais.
Fonte: Dados do próprio autor.
Relacionando os valores médios das contagens de OPG com a pluviosidade média
do período experimental (Figura 2), pode-se inferir que este aumento da eliminação de
ovos pelos animais dos grupos das cultivares Piatã e Aruana, que ocorreu a partir da 9ª
semana (mês de Julho), se deu pelo aumento da pluviosidade naquele momento, o que
aumentou também a umidade na pastagem, favorecendo a formação de um microclima
favorável ao desenvolvimento das larvas e eclosão dos ovos. Da mesma forma, a partir da
12ª semana (mês de Agosto) houve um decréscimo na contagem de OPG de todos os
animais, o que pode ser explicado por alguns fatores, tais como a diminuição das chuvas
naquele período; uma recuperação do sistema imunológico, que possibilitou combater a
infecção parasitária; e também ao período pré-patente dos parasitos, que é o período que
decorre entre a penetração do agente etiológico no hospedeiro e o aparecimento dos
primeiros sintomas da infecção.
4.1.1 Recuperação de Larvas Infectantes (L3) na Coprocultura
Pode-se observar que a maioria das larvas encontradas nos animais mantidos nas
pastagens aruana, piatã e massai foram do gênero Trichostrongylus sp., seguidas de
Haemonchus sp., Strongyloides papillosus e Oesophagostomum sp., exceto naqueles
mantidos na pastagem marandu, onde houve o predomínio de larvas de S. papillosus,
seguidas de Trichostrongylus sp., Haemonchus sp., e Oesophagostomum sp (Tabela 3,
Figura 7). Parasitos do gênero Trichostongylus sp., que podem habitar o abomaso ou o
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OP
G (
ov
os/
g)
Semanas Experimentais
Piatã Massai Marandu Aruana
48
intestino delgado dos hospedeiros, não causam anemia, pois não possuem o hábito
hematófago. Portanto, as variáveis volume globular (VG) e Famacha são verdadeiramente
eficientes para o controle parasitário quando a população de Haemonchus sp. se encontrar
alta.
Tabela 3 – Porcentagem das larvas dos parasitos recuperados na coproculturas dos ovinos
mestiços Santa Inês mantidos em diferentes pastagens tropicais.
Espécie de Nematoides Frequência das Larvas de Nematoides/Pastagem (%)
Piatã Massai Marandu Aruana
Haemonchus sp. 21,94 39,09 16,62 42,55
Trichostrongyls sp. 37,20 51,45 34,05 43,18
Oesophagostomum sp. 18,32 1,64 5,75 5,00
Strongyloides papillosus 22,54 7,82 43,58 9,27
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Figura 7 – Imagens de microscópio óptico das larvas dos nematoides gastrintestinais
recuperadas na coprocultura (aumento de 10x e 40x). A, B e C) Larva, região anterior e
região posterior de Haemonchus sp., respectivamente; D, E e F) Larva, região anterior e
região posterior de Trichostrongylus sp., respectivamente; G, H e I) Larva, região anterior
e região posterior de Strongyloides papillosus, respectivamente; J, K e L) Larva, região
anterior e região posterior de Oesophagostomum sp., respectivamente.
A
B C
D E F
49
Fonte: Acervo do próprio autor
Resultados semelhantes foram encontrados por Cavele et al.(2009), Nogueira et al.
(2009) e Duarte et al. (2010) em estudo com borregos e matrizes ovinas, e por Nogueira et
al. (2011), que estudaram o desempenho de cordeiros mestiços mantidos em pastagem de
capim aruana, na Bahia. O T. colubriformis, parasito do intestino delgado, pode provocar
redução no apetite, distúrbios na digestão e na absorção dos nutrientes, com consequente
redução na conversão alimentar. Já o H. contortus, que é um parasito hematófago e o T.
axei, que juntos parasitam o abomaso, podem causar ao hospedeiro perda de peso, anemia
e hipoproteinemia, com consequente redução na produtividade (BASSETO et al., 2009;
PINTO et al., 2009).
Charles (1995) já registrava, no Sertão Pernambucano, H. contortus,
Trichostrongylus sp., Cooperia sp., O. radiatum, S. papillosus e Trichuris sp. parasitando
ovinos deslanados, resultado também encontrado por Coelho et al. (2012). Neves (2010)
em estudo com ovinos mestiços Santa Inês em Sobral/CE, observou prevalência de larvas
infectantes de Haemonchus sp., seguidos por Trichostrongylus sp. e Oesophagostomum
sp., resultado também encontrado por Almeida et al. (2005) em estudo com ovinos,
caprinos e bovinos, por Basseto et al. (2009) trabalhando com dois grupos de ovelhas
resistentes e susceptíveis às verminoses, e por Fernandes et al. (2004), que estudaram o
efeito do pastejo rotacionado e alternado de ovelhas com bovinos adultos no controle das
G H I
J K L
50
parasitoses. Já Abrão et al. (2010), em estudo com borregas mestiças Santa Inês, recuperou
larvas de Haemonchus sp. com maior prevalência, seguido por larvas de Cooperia sp. e
Trichostrongylus sp.
4.1.2 Recuperação de Larvas na Pastagem
A cultivar Massai propiciou as maiores quantidades de larvas recuperadas, seguida de
Marandu e Aruana (Tabela 4). Na pastagem Piatã não foi possível recuperar nenhuma larva
infectante de helmintos. Este fato ocorreu talvez pelo momento da coleta, em que a
incidência de raios solares era alta, o que forçou as larvas a se abrigarem mais rapidamente
para que não sofressem as consequências da exposição solar contínua (dessecação e morte,
por exemplo).
Com relação ao total dos gêneros recuperados, as larvas de Trichostrongylus sp.
foram as mais presentes (375 larvas L3), seguida de Haemonchus sp. (265 larvas L3),
Strongyloides papillosus (238 larvas L3) e Oesophagostomum sp. (68 larvas L3). Esses
resultados podem explicar os resultados encontrados nas coproculturas (Tabela 3), porém,
aqui observa-se uma quantidade maior de larvas de Haemonchus do que nas coproculturas.
Tabela 4 – Quantidade total de larvas recuperadas das pastagens por gênero dos parasitos.
Pastagens
Espécies de parasitos recuperados
Total Haemonchus Trichostrongylus
Strongyloides
papillosus Oesophagostomum
Piatã 0 B 0
C 0
C 0
C 0
Massai 210 A 195
A 111
A 38
A 554
Marandu 46 B 128
AB 79
AB 23
AB 276
Aruana 9 B 52
BC 48
BC 7
BC 116
Total 265 375 238 68
Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Gazda et al. (2012), porém
diferentes dos encontrados por Oliveira et al. (2009), que observou prevalência de larvas
de Haemonchus sp. no capim marandu. Estes resultados também diferem dos encontrados
por Rocha et al. (2008), que mostraram que o capim aruana, em comparação a braquiária e
ao Coast-cross foi o que forneceu condições edafo-climáticas ideais para o
desenvolvimento de larvas de T. colubriformis.
51
As maiores quantidades de larvas foram recuperadas no pré-pastejo e menores no
pós-pastejo (646 larvas L3 e 300 larvas L3, respectivamente) (Tabela 5).
Tabela 5 – Total de larvas recuperadas por altura de coleta.
Pastagens Altura de Coleta da Pastagem
PRE MS PRE MI POS MS POS MI
Piatã 0B 0
B 0
B 0
B
Massai 393 A 125
A 0
B 36
B
Marandu 29 B 96
A 28
A 123
A
Aruana 3B 0
B 0
B 113
A
Total de larvas
recuperadas 425 221 28 272
Total de larvas no
Pré-pastejo e
no Pós-pastejo
646 300
PRE = Pré-pastejo; POS = Pós-pastejo; MS = Metade Superior; MI = Metade Inferior.
Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Esta redução na quantidade de larvas recuperadas pode ser explicada tanto pela
ingestão das mesmas pelos animais, como também pelo fato de, na saída do pasto, a altura
do capim estar reduzida e a incidência de raios solares no local e no solo ser mais intenso,
fazendo com que as fezes ressequem mais rapidamente, inviabilizando o desenvolvimento
das larvas dos parasitos, como afirma Gupta (1961), que uma temperatura entre 5º C a 30º
C seria o ideal para o desenvolvimento das larvas, mas acima de 35º C pode ser letal.
Entretanto, Santos et al. (2012) afirmam que em um clima chuvoso, acompanhado de
umidade relativa alta e altas temperaturas aparentemente favorece a migração larval. As
condições de umidade e luminosidade não tem diferença na migração das larvas
infectantes, portanto não há um determinado horário em que os ovinos em pastejo estejam
mais predispostos à infecção (SILVA, 2008).
Na Tabela 6 pode-se observar a quantidade de larvas recuperadas apenas na metade
superior dos capins, comprovando que o capim massai propiciou uma maior quantidade de
larvas, no momento do pré-pastejo, enquanto que no momento do pós-pastejo, nenhuma
larva foi encontrada, fato que também pode ser explicado pela altura da planta estar abaixo
do que quando foi coletada na entrada.
52
Tabela 6 – Total de larvas recuperadas na metade superior das pastagens nos momentos
pré-pastejo e pós-pastejo.
Pastagens
Pré-pastejo
Haemonchus Trichostrongylus Strongyloides
papillosus Oesophagostomum
Piatã 0B 0
B 0
B 0
B
Massai 197 A 119
A 50
A 27
A
Marandu 4B 12
B 9
B 4
B
Aruana 1B 1
B 0
B 1
B
Total 202 132 59 32
Pastagens
Pós-pastejo
Haemonchus Trichostrongylus Strongyloides
papillosus Oesophagostomum
Piatã 0B 0
B 0
B 0
B
Massai 0B 0
B 0
B 0
B
Marandu 4A 13
A 8
A 3
A
Aruana 0B 0
B 0
B 0
B
Total 4 13 8 3
Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
A cultivar Massai mais uma vez apresentou uma frequência maior de larvas
infectantes (P<0,05). Um fato interessante é que essa pastagem propiciou a recuperação de
maiores quantidades de larvas L3 na metade superior das plantas, enquanto que na metade
inferior (Tabela 7), Marandu e Aruana apresentaram uma quantidade maior de larvas,
principalmente no pós-pastejo. Além disso, observa-se que na metade superior recuperou-
se uma maior quantidade de larvas de Haemonchus, enquanto que na metade inferior
houve uma recuperação maior de larvas de Trichostrongylus.
Resultados contrários foram encontrados por Amarante e Barbosa (1998) e Basseto et
al. (2009), ao trabalharem com ovelhas resistentes e susceptíveis às verminoses
gastrintestinais na região de Botucatu/SP. Uma maior quantidade de larvas L3 de
Haemonchus sp. foi encontrada, seguida de Trichostrongylus sp. e de Oesophagostomum sp.
Rocha et al. (2007), trabalhando com braquiária e capim Aruana, verificaram que a
presença de larvas L3 na pastagem de braquiária foi maior nos estratos baixos, próximos
ao solo, enquanto que no pasto de Aruana, as maiores quantidades de larvas L3
recuperadas foram no ápice das plantas.
53
Tabela 7 – Total de larvas recuperadas na metade inferior das pastagens nos momentos
pré-pastejo e pós-pastejo.
Pastagens
Pré-pastejo
Haemonchus Trichostrongylus Strongyloides
papillosus Oesophagostomum
Piatã 0B 0
B 0
B 0
B
Massai 11 A 57
A 51
A 6
A
Marandu 11 A 48
A 27
A 10
A
Aruana 0B 0
B 0
B 0
B
Total 22 105 78 16
Pastagens
Pós-pastejo
Haemonchus Trichostrongylus Strongyloides
papillosus Oesophagostomum
Piatã 0B 0
B 0
B 0
B
Massai 2B 19
B 10
B 5
A
Marandu 27 A 55
A 35
A 6
A
Aruana 8B 51
A 48
A 6
A
Total 37 125 93 17 Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
De acordo com Vlassof (1982), a maior concentração de larvas infectantes está
localizada nos estratos inferiores das pastagens (Figura 8). O autor observou que até 80%
das larvas infectantes L3 estiveram localizadas nos primeiros 5 cm do pasto.
Figura 8 – Distribuição vertical de larvas infectantes no perfil da pastagem
Fonte: Vlassof, 1982.
54
4.2 Parâmetros Hematológicos
Quando se avalia a porcentagem de volume globular (VG), observa-se que não
houve diferença significativa (P>0,05) entre os animais mantidos nas diferentes cultivares
forrageiras. O volume globular acompanhou inversamente o comportamento da contagem
de OPG, mostrando-se maior nos animais mantidos na pastagem marandu (25,79%),
embora sem apresentar diferença significativa (P>0,05) (Tabela 8).
A contagem de eosinófilos, células de defesa do organismo, indicadores de infecção
parasitária, apresentou maior média nos animais mantidos em pastagem de aruana (939,02
células/µL), o que indica um maior nível de infecção quando comparado aos animais
mantidos nas pastagens massai, marandu e piatã (873,79, 862,58 e 736,69 células/µL,
respectivamente), e também que o sistema imunológico dos animais que permaneceram na
cultivar Aruana estava mais fortalecido, havendo uma maior quantidade de células de
defesa (Tabela 8).
Tabela 8 – Média das variáveis fenotípicas volume globular (VG) e contagem de
eosinófilos, analisadas em ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais.
Variáveis Fenotípicas Pastagens
Aruana Marandu Massai Piatã
VG (%) 25,70 a
25,79 a
25,56 a
25,52 a
Eosinófilos (células/µL) 939,02 a
862,58 a
873,79 a
736,69 a
Obs.: Letras iguais na mesma linha indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
Com relação ao volume globular, quando se observa a dos ovinos durante todo
período experimental (Figura 9), destaca-se que as médias permaneceram, na maior parte
do tempo, entre 25% e 30%, o que, segundo Molento e Severo (2004) e Rocha et al. (2005)
são os valores considerados ideais para os ovinos, sem caracterizar um quadro de anemia.
Porém, pode-se destacar que na 10ª semana do experimento, os ovinos mantidos nas
pastagens de Piatã e Aruana apresentaram porcentagem de volume globular inferior a dos
animais mantidos nas demais pastagens, mas se recuperando nas semanas seguintes. Este
acontecimento pode ser explicado observando-se as figuras 6 e 7, quando percebemos que
houve uma relação inversa entre OPG e VG, ou seja, à medida que a média de OPG
aumentou, a média de VG diminuiu.
55
Figura 9 – Distribuição do volume globular (VG) (%) de ovinos mantidos em diferentes
tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais.
Fonte: Dados do próprio autor.
Resultados semelhantes foram encontrados por Basseto et al. (2009), que afirmaram
que ovelhas resistentes a nematoides gastrintestinais apresentaram menores médias de
OPG e maiores valores de VG, possivelmente devido a ação espoliativa produzida pelos
parasitos. Da mesma forma Bricarello et al. (2004), em estudo com ovinos de raças
diferentes, observaram que à medida que a contagem de ovos nas fezes aumentava,
diminuía o volume globular.
Analisando a Figura 10 pode-se observar que a contagem média de eosinófilos
manteve-se entre 500 a 1500 células/µL, indicando que os animais estavam suportando a
infecção parasitária. A contagem de eosinófilos dos animais seguiu uma distribuição
uniforme em todo o período experimental, com exceção da 6ª semana, em que houve um
aumento na contagem das células dos animais que pastejavam capim massai, mas se
igualando aos outros grupos na semana seguinte, e depois a partir da 10ª semana, em que
foram observados valores mais altos de eosinófilos para os animais mantidos em pastagem
de marandu e aruana e valores mais baixos para os animais mantidos em pastagem de piatã
e massai. Pode-se observar ainda que na 13ª semana houve um aumento da contagem das
células de defesa em todos os animais, com destaque para os do grupo da cultivar Massai,
que apresentou a maior média nesta semana.
15,00
17,00
19,00
21,00
23,00
25,00
27,00
29,00
31,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Vo
lum
e G
lob
ula
r (%
)
Semanas Experimentais
Piatã Massai Marandu Aruana
56
Figura 10 – Distribuição da contagem de eosinófilos (células/µL) de ovinos mantidos em
diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais.
Fonte: Dados do próprio autor.
Analisando os valores de OPG, VG e contagem de eosinófilos juntos, observa-se
uma relação inversa entre todas essas variáveis. Na 6ª semana experimental houve uma
redução na contagem de OPG (Figura 6) e um aumento na porcentagem de volume
globular (Figura 9), o que pode explicar o aumento também na contagem de eosinófilos
(Figura 10). Na 10ª semana pode ser observado que houve um aumento na contagem de
OPG e uma diminuição na porcentagem de células sanguíneos, diminuindo o volume
globular. Observando juntamente com os valores da contagem de eosinófilos, neste
momento houve um aumento para os animais em capim aruana e marandu e diminuição
para os animais em piatã e massai, o que podemos julgar que o sistema imunológico dos
animais mantidos nestas últimas cultivares não estava fortalecido para tentar diminuir a
infecção parasitária.
Durante todo o período experimental o rebanho apresentou Famacha© com média
2, resultado também observado por Cavele et al. (2009) e Pinto et al. (2009), inferindo-se
que os animais apresentaram nenhuma anemia ou anemia leve, e que os mesmos foram
pouco infectados ou que suportaram a hemoncose. As observações oscilaram entre o
Famacha 1 e 3 (Figura 11), o que não caracteriza um quadro de anemia, assim como
também foi observado por Abrão et al. (2010) em estudo com borregas mestiças Santa
Inês.
0,00
500,00
1000,00
1500,00
2000,00
2500,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Eo
sin
ófi
los
(célu
las/
µL
)
Semanas Experimentais
Piatã Massai Marandu Aruana
57
Figura 11 – Distribuição da observação do Famacha© em ovinos mantidos em diferentes
tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais.
Fonte: Dados do próprio autor.
O Famacha 2 foi o mais observado nos animais mantidos nas pastagens de piatã,
massai e aruana, e o Famacha 1 nos animais mantidos na pastagem de marandu (Tabela 9,
Figura 12). Os animais mantidos em pastagem de massai, que apresentaram a maior média
de OPG, foram também os que apresentaram maior frequência de Famacha 5.
Molento et al. (2004) afirma que o método Famacha© pode ser utilizado no Brasil
com o objetivo de racionalizar o uso dos compostos antiparasitários, preservando sua
eficácia por períodos prolongados. Van Wyk (2008) ressalta ainda que este método pode
fornecer informações importantes para o manejo sanitário adequado dos animais,
indicando inclusive a eficiência da droga usada na vermifugação. Já Nogueira et al. (2011)
frisa que o monitoramento e o controle dos parasitos gastrintestinais realizado apenas pelo
método Famacha© não é eficiente para a redução da contagem de OPG, mas reduz a
quantidade de doses administradas no rebanho. Isso porque o Famacha informa apenas o
grau de anemia em que o animal se encontra e a necessidade de haver vermifugação ou
não. Seguindo a cartela do Famacha, um animal que apresenta grau de anemia 1 ou 2 não
necessita ser vermifugado. Porém, caso esteja parasitado, continuará eliminando ovos nas
fezes. Se o diagnóstico indicar Famacha 3, 4 ou 5 há necessidade de vermifugação, o que
então espera-se que reduza a contagem de ovos nas fezes.
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Fa
ma
cha
Semanas Experimentais
Piatã Massai Marandu Aruana
58
Tabela 9 – Frequência de observações do grau Famacha de identificação de anemia em
ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais durante 13 semanas
experimentais.
Pastagens Frequência de observações do Famacha (%)
Famacha 1 Famacha 2 Famacha 3 Famacha 4 Famacha 5
Piatã 21,15 32,05 25,00 14,10 7,69
Massai 20,92 35,95 17,65 13,73 11,76
Marandu 30,97 29,68 22,58 12,90 3,87
Aruana 23,68 38,82 19,74 10,53 7,24
Figura 12 – Porcentagem de observações do Famacha nos ovinos mantidos em diferentes
pastagens de gramíneas tropicais, durante o período experimental.
Fonte: Dados do próprio autor.
4.3 Parâmetros Produtivos
Com relação ao peso médio dos animais experimentais, aqueles mantidos nas
cultivares Aruana e Marandu apresentaram os maiores pesos médios (27,96 e 27,57 kg,
respectivamente), sendo estes os capins que propiciaram um melhor desenvolvimento
ponderal aos animais, com os melhores valores de volume globular e contagem de
eosinófilos sanguíneos alta (Tabela 10).
Tabela 10 – Média da variável fenotípica Peso (kg) analisada em ovinos mantidos em
diferentes tipos de pastagens tropicais.
Variáveis Fenotípicas Pastagens
Aruana Marandu Massai Piatã
Peso (kg) 27,96 a
27,57 a
26,94 a
25,69 b
Obs.: Letras iguais na mesma linha indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Piatã Massai Marandu Aruana
Famacha 5
Famacha 4
Famacha 3
Famacha 2
Famacha 1
59
Animais pouco parasitados ou resistentes, ou ainda resilientes às infecções
parasitárias tendem a ter seu desenvolvimento ponderal melhor do que os animais
altamente infectados ou susceptíveis aos nematoides gastrintestinais. Animais anêmicos
não desenvolvem musculatura, pois não tem a quantidade de proteína sanguínea necessária
para esse aumento, bem como não conseguem engordar, não havendo, assim, a terminação
de carcaça necessário para a venda do produto final da produção de ovinos. As infecções
parasitárias podem contribuir para o aumento da anemia dos animais, principalmente se o
principal parasito for o H. contortus. Entretanto, a quantidade de proteína na dieta também
influencia no desenvolvimento ponderal dos animais.
A Tabela 1 mostra a análise bromatológica das cultivares usadas no experimento.
Observando a quantidade de proteína bruta (PB) na dieta oferecida, por pastagem, que era
o único alimento disponível para os animais, percebemos que o capim aruana e marandu
ofertaram as maiores quantidades de PB, fato que explica o maior ganho de peso diário dos
animais mantidos nestas cultivares (Figura 13), resultado semelhante ao encontrado por
Vieira et al. (2008). Além disso, a proteína é um importante componente para a dieta
animal, principalmente para animais de corte, pois ela participa também da formação dos
tecidos musculares, compostos bioquímicos e sistema imune.
Figura 13 – Distribuição do peso (kg) de ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens
tropicais, durante 13 semanas experimentais.
Fonte: Dados do próprio autor.
Observando o comportamento da variável peso dos animais experimentais ao longo
dos 91 dias de pesquisa, percebe-se que o peso médio dos animais mantidos em pastagem
de aruana e marandu permaneceu sempre superior ao peso médio dos animais mantidos em
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
32,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Pes
o (
kg
)
Semanas Experimentais
Piatã Massai Marandu Aruana
60
pastagem piatã e massai. Na 3ª e 12ª semanas houve uma redução no peso médio dos
animais pertencentes ao grupo da cultivar Massai (Figura 13), fato que pode ser explicado
analisando a contagem média de OPG (Figura 6) em que nestas mesmas semanas houve
um pico de eliminação de ovos pelos animais deste grupo, fato este relacionado ao melhor
ou pior desenvolvimento ponderal dos animais de produção. Este resultado corrobora com
o afirmado por Pegoraro et al. (2008), que quanto maior a oferta de forragem, maior
também será a infecção parasitária dos animais, o que também pode ser comprovado pelos
estudos realizados por Fernandes et al. (2004) e Souza et al. (2005), que mostraram que
ovinos mantidos em sistema de pastejo apresentaram altas contagens de ovos por grama de
fezes. Isso ocorre devido a maior deposição de ovos nas fezes, que encontrando o
microclima adequado oferecido pela forragem para seu desenvolvimento e eclosão das
larvas dos helmintos, acaba por aumentar a quantidade de larvas infectantes no local,
deixando os animais mais propícios a contaminação parasitária.
O escore de condição corporal dos ovinos oscilou entre o escore 2 e 3, ou seja, de
animais magros a animais intermediários, com boa conformação de carcaça, o que pode ser
melhor observado na Figura 14, em que vemos claramente a faixa de oscilação deste índice
ao longo do período experimental, resultado que diferiu do encontrado em Minas Gerais
por Abrão et al. (2010), que verificou oscilação do ECC de 2 a 5.
Figura 14 –Distribuição da observação do escore de condição corporal (ECC) em ovinos
mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais, durante 13 semanas experimentais.
Fonte: Dados do próprio autor.
As maiores frequências de ECC (Tabela 11, Figura 15) estão nos escores 2,0, 2,5 e
3,0, o que para animais ½ sangue Santa Inês x ½ sangue SRD, ou seja, que não são
especializados para produção de carne, pode ser considerado como satisfatório, uma vez
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Esc
ore
de
Co
nd
içã
o C
orp
ora
l
(EC
C)
Semanas Experimentais
Piatã Massai Marandu Aruana
61
também que estes animais não estavam recebendo nenhuma suplementação proteica. O
ECC 5 não foi observado em nenhum momento durante o experimento e o ECC 4,5 foi
observado apenas em dois grupos de animais: os que permaneceram nas pastagens massai
e marandu.
Tabela 11 – Frequência de observações do escore de condição corporal (ECC) em ovinos
mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais.
Pastagens Frequência de observações do Escore de Condição Corporal (%)
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Piatã 16,03 21,15 14,74 25,00 17,95 3,85 1,28 0,00 0,00
Massai 5,88 5,23 26,80 24,18 28,10 7,84 1,31 0,65 0,00
Marandu 4,52 18,06 21,29 25,16 17,42 8,39 3,87 1,29 0,00
Aruana 3,95 18,42 19,74 32,24 17,76 6,58 1,32 0,00 0,00
Figura 15 – Porcentagem do índice de escore de condição corporal (ECC) observado nos
ovinos ao longo do experimento, mantidos em diferentes pastagens tropicais.
Fonte: Dados do próprio autor.
4.4 Contagem e Identificação dos Nematoides Gastrintestinais
As maiores populações de parasitos gastrintestinais recuperados dos animais
durante a necropsia foram do gênero Trichostrongylus sp., o que pode ser explicado pelos
resultados das coproculturas e da recuperação das larvas nas pastagens, espécies T.
colubriformis (parasitos do intestino delgado) e T. axei (parasitos de abomaso), e seguida
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Aruana Marandu Massai Piatã
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
62
de Oesophagostomum sp., parasitos do intestino grosso, Haemonchus sp., do abomaso,
Strongyloides papillosus e Cooperia sp., ambos parasitas do intestino delgado (Tabela 12).
A quantidade total de parasitos recuperados na necropsia foi maior nos animais
mantidos na pastagem de marandu, quando comparado aos animais mantidos nas pastagens
de aruana, massai e piatã (1426 parasitos; 1088 parasitos; 1053 parasitos; 939 parasitos,
respectivamente).
Tabela 12 – Carga parasitária de nematoides gastrintestinais recuperados de ovinos
mestiços Santa Inês, naturalmente infectados e mantidos em diferentes tipos de pastagens
tropicais.
Pastagens Espécies de Parasitos
Total Hae. Trica. Tricc. Stg. Coo. Oes.
Piatã 183 B 03
B 426
A 03
B 00
B 324
A 939
Massai 15 BC
52 A 462
A 03
B 01
B 520
A 1053
Marandu 449 A 46
A 618
A 08
B 11
A 294
A 1426
Aruana 04 C 58
A 512
A 22
A 11
A 481
A 1088
Total 651 159 2018 36 23 1619
Hae. = Haemonchus; Trica. = Trichostrongylus axei; Tricc. = T. colubriformis; Stg. = Strongyloides
papillosus; Coo. = Cooperia sp.; Oes. = Oesophagostomum.
Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
A presença de T. axei nos ovinos contrapõe-se ao que afirmam Amarante et al.
(1997) e Fernandes et al. (2004), ao justificar que este parasito apresenta alta adaptação ao
parasitismo em bovinos, não sendo tão comumente encontrado em ovinos.
Na necropsia dos animais que foram mantidos em pastagem de Massai não foi
possível recuperar nenhum exemplar macho da espécie H. contortus, apenas 14 exemplares
fêmeas e um exemplar imaturo em estágio L4 (Tabela 13).
63
Tabela 13 – Número e sexo das espécies e a relação macho:fêmea de nematoides
gastrintestinais identificados em exemplares de no mínimo 100 parasitos/animal/órgão, de
ovinos mestiços Santa Inês mantidos em diferentes pastagens tropicais.
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Piatã
Macho Fêmea Imaturo Proporção M:F
Haemonchus contortus 83 94 1 53,1
Trichostrongyls axei 0 3 0 -
Trichostrongylus colubriformis 47 103 1 68,7
Strongyloides papillosus - 2 1 -
Cooperia sp. 0 0 0 -
Oesophagostomum sp. 37 61 86 62,2
Total 167 263 89 -
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Massai
Macho Fêmea Imaturo Proporção M:F
Haemonchus contortus 0 14 1 -
Trichostrongyls axei 20 25 0 55,6
Trichostrongylus colubriformis 144 229 15 61,4
Strongyloides papillosus - 0 3 -
Cooperia sp. 0 0 1 -
Oesophagostomum sp. 165 214 0 56,5
Total 329 482 20 -
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Marandu
Macho Fêmea Imaturo Proporção M:F
Haemonchus contortus 18 9 100 33,3
Trichostrongyls axei 14 31 1 68,9
Trichostrongylus colubriformis 149 188 15 55,8
Strongyloides papillosus - 5 3 -
Cooperia sp. 6 4 1 40,0
Oesophagostomum sp. 115 129 0 52,9
Total 302 366 120 -
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Aruana
Macho Fêmea Imaturo Proporção M:F
Haemonchus contortus 1 1 2 50,0
Trichostrongyls axei 20 37 1 64,9
Trichostrongylus colubriformis 109 150 1 57,9
Strongyloides papillosus - 20 2 -
Cooperia sp. 6 3 2 33,3
Oesophagostomum sp. 123 129 0 51,2
Total 259 340 8 -
64
Na necropsia dos animais que foram mantidos em pastagem de marandu foi
recuperado uma grande quantidade de H. contortus imaturos, o que nos leva a inferir que o
sistema imunológico dos animais deste grupo estava preparado para combater a infecção
por este parasito, não permitindo o desenvolvimento das larvas deste nematoide no órgão
hospedado. A espécie Trichostrongylus axei esteve presente em todos os animais
necropsiados, porém, nos animais mantidos em pastagem de Piatã, só foi possível
recuperar três exemplares fêmeas e nenhum macho.
Trichostrongylus colubriformis foi o parasito com maior prevalência em todos os
animais necropsiados, e a quantidade de fêmeas foi sempre superior a quantidade de
machos. Espécimes de Strongyloides papillosus foram mais prevalentes nos animais
mantidos em pastagem de Aruana, mas também esteve presente em todos os animais, ao
contrário dos nematoides do gênero Cooperia sp., que não foram recuperados na necropsia
dos animais mantidos em pastagem de Piatã. Nematoides do gênero Oesophagostomum sp.
também foram recuperados em todos os animais, também com quantidade de fêmeas maior
que a dos machos. Porém, nos animais do grupo da cultivar Piatã foi recuperada uma
quantidade maior de parasitos imaturos deste gênero. Os resultados encontrados nas
necropsias desta pesquisa foram semelhantes aos encontrados por Souza et al. (2012).
Ueno e Gonçalves (1998) estimam que a carga patogênica de machos corresponde a 70%
do número de fêmeas. Porém, neste estudo, para nenhum gênero de nematoide recuperado
foi encontrado essa porcentagem de 70%.
As médias do comprimento total do corpo, espículo maior e menor, gancho maior e
menor e ovojetor foram semelhantes para todos os nematoides recuperados, sendo as
fêmeas de todos os gêneros maiores que os machos (Tabela 14, Figuras 16A e 16B).
65
Tabela 14 – Comprimento total médio dos nematoides (µm), dos espículos e ganchos
espiculares (menor e maior) (µm) nos machos e de ovojetor das fêmeas (µm) recuperados
na necropsia dos ovinos mestiços Santa Inês mantidos em diferentes pastagens tropicais.
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Piatã
Macho Fêmea Espículo Gancho espicular Ovojetor
Haemonchus contortus 12760 17053 388 e 398 20 e 36 493
Trichostrongyls axei - 6753 - - 420
Trichostrongylus colubriformis 5233 6359 142 e 149 - 445
Strongyloides papillosus - 5625 - - 375
Cooperia sp. - - - - -
Oesophagostomum sp. 13692 18075 188 e 192 - 155
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Massai
Macho Fêmea Espículo Gancho espicular Ovojetor
Haemonchus contortus - 16875 - - 529
Trichostrongyls axei 5398 6335 145 e 154 - 442
Trichostrongylus colubriformis 4820 6058 142 e 151 - 429
Strongyloides papillosus - - - - -
Cooperia sp. - - - - -
Oesophagostomum sp. 13978 17675 205 e 247 - 160
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Marandu
Macho Fêmea Espículo Gancho espicular Ovojetor
Haemonchus contortus 8644 15151 368 e 376 19 e 36 494
Trichostrongyls axei 5651 6584 148 e 157 - 449
Trichostrongylus colubriformis 4822 5967 140 e 149 - 438
Strongyloides papillosus - 5986 - - 408
Cooperia sp. 4983 6475 140 e 145 - 285
Oesophagostomum sp. 13785 16595 196 e 200 - 159
Espécie de Nematoides Grupo mantido em pasto de Aruana
Macho Fêmea Espículo Gancho espicular Ovojetor
Haemonchus contortus 12580 15060 380 e 390 20 e 35 600
Trichostrongyls axei 4796 6143 132 e 141 - 444
Trichostrongylus colubriformis 4714 5872 139 e 147 - 423
Strongyloides papillosus - 6038 - - 418
Cooperia sp. 5628 7280 138 e 143 - 267
Oesophagostomum sp. 13042 15606 198 e 203 - 154
66
Figura 16A – Imagens de microscópio óptico dos nematoides gastrintestinais recuperados
na necropsia. A) Região anterior do Haemonchus contortus (setas indicam as papilas
cervicais); B) Região anterior do Trichostrongylus sp. (seta indica o sulco excretor); C)
Região anterior da Cooperia sp. (Seta indica a expansão cuticular cefálica e a cutícula
estriada); D) Região anterior do Oesophagostomum sp.; E) Região posterior de um macho
de H. contortus, com detalhe para os espículos; F) Ganchos espiculares presentes nos
machos dos H. contortus; G) Região posterior e espículos de um macho de
Trichostrongylus sp.; H) Região posterior e espículos de um macho de Cooperia sp.; I)
Região posterior e espículos de um macho de Oesophagostomum sp.
Fonte: Acervo do próprio autor
A B
C
D
E F
G H I
67
Figura 16B – Imagens de microscópio óptico dos nematoides gastrintestinais recuperados
na necropsia (cont.). J) Ovojetor e apêndice vulvar tipo lisa de H. contortus; K) Ovojetor e
apêndice vulvar tipo linguiforme de H. contortus; L) Ovojetor e apêndice vulvar tipo botão
de H. contortus; M) Ovojetor da fêmea de Trichostrongylus sp.; N) Ovojetor da fêmea de
Cooperia sp.; O) Ovojetor da fêmea de Oesophagostomum sp.
Fonte: Acervo do próprio autor
Os maiores e menores exemplares de H. contortus encontrados na necropsia foram
dos animais mantidos em pastagem de Piatã e Marandu, respectivamente. Os maiores
exemplares de T. axei foram recuperados na necropsia dos animais que foram mantidos nas
pastagens de Marandu, enquanto os menores foram recuperadas nos animais das pastagens
de Aruana, que também apresentaram os menores exemplares de T. colubriformis, e os
maiores ficaram a cargo dos animais mantidos na pastagem piatã.
Os animais mantidos em pastagem de Piatã apresentaram os maiores exemplares de
T. colubriformis e menores de Strogyloides papillosus, enquanto que os animais mantidos
J K L
M
N
O
68
em pastagem de Aruana apresentaram na necropsia os menores exemplares de
Trichostrongylus sp., mas os maiores de Strongyloides papillosus e de Cooperia sp. Os
parasitos do gênero Oesophagostomum sp. foram menores nos animais mantidos em
pastagem de Aruana e maiores nos animais mantidos em pastagem de Massai. Com relação
ao tipo do apêndice vulvar das fêmeas de H. contortus que foram recuperadas na necropsia,
podemos observar na Tabela 15 os resultados encontrados.
Tabela 15 – Porcentagem do tipo de apêndice vulvar das fêmeas de Haemonchus
contortus recuperadas na necropsia de ovinos mestiços Santa Inês mantidos em diferentes
pastagens tropicais.
Pastagens Tipo de Apêndice Vulvar (%)
Total Linguiforme Lisa Botão
Piatã 32,0 44,6 23,4 100,0
Massai 28,6 57,1 14,3 100,0
Marandu 55,6 22,2 22,2 100,0
Aruana 0,0 100,0 0,0 100,0
Média 29,0 56,0 15,0
Araújo e Rodrigues (2002) trabalhando com ovinos no Estado da Paraíba
encontraram medidas de comprimento do espículo entre 383 e 478 µm, medidas maiores às
encontradas neste estudo. Da mesma forma, as medidas dos espículos e dos ganchos
espiculares dos Haemonchus contortus observadas por Zaros et al. (2009), em experimento
com ovinos mestiços Somalis no Estado do Ceará, foram maiores do que as deste estudo
(401 e 418 µm para os espículos; 22 e 42 µm para os ganchos espiculares). Já as medidas
dos espículos dos Trichostrongylus colubriformis encontrados por estes autores foram
menores do que as encontradas neste estudo (133 e 146 µm).
O apêndice vulvar lisa foi o mais frequente (56,0%), seguido do linguiforme
(29,0%) e do botão (15,0%). Os resultados encontrados neste estudo se assemelham
parcialmente aos encontrados por Neves (2012), trabalhando com dois grupos de ovinos
Santa Inês resistentes e susceptíveis às parasitoses gastrintestinais, no Ceará. No grupo
resistente predominou o apêndice vulvar tipo linguiforme (55,47%), seguido de liso e
botão; enquanto que no grupo dos animais susceptíveis predominou o tipo liso (48,95%),
seguido do linguiforme e botão, resultado também encontrado por Araújo e Rodrigues
(2002), na Paraíba e por Zaros et al. (2009) também em estudo com ovinos resistentes e
susceptíveis às helmintoses no Ceará. Entretanto, Coutinho (2012), neste mesmo Estado,
mas trabalhando com caprinos resistentes e suscetíveis às parasitoses gastrintestinais,
69
encontrou prevalência do apêndice vulvar tipo linguiforme para ambos os grupos (47,0%
para o grupo resistente e 49% para o grupo susceptível), seguido do tipo lisa e botão.
Como essa característica é bastante variável em todos os estudos realizados e em
diferentes localizações, não pode ser considerado como um marcador fenotípico para
avaliação de parasitoses. Assim, novas pesquisas devem ser desenvolvidas para tentar
elucidar esta variação e como ela pode influenciar na carga parasitária.
70
5 CONCLUSÃO
De acordo com a caracterização fenotípica realizada no rebanho experimental,
pôde-se notar que a cultivar tem influência na carga parasitária dos animais, seja de forma
positiva ou negativa, a depender de suas características agronômicas de propiciar ou não a
formação de um microclima adequado ao desenvolvimento e eclosão das larvas dos
nematoides gastrintestinais.
As cultivares marandu e aruana foram as que forneceram melhores condições
nutricionais aos animais experimentais, fazendo com que estes conseguissem suportar
melhor as infecções parasitárias sem causar prejuízos à produção animal, sendo estas as
pastagens mais indicadas para a produção de ovinos no período chuvoso.
No estudo observou-se que houve prevalência de parasitismo por helmintos das
espécies Trichostrongylus sp., Haemonchus sp., Strongyloides papillosus,
Oesophagostomum sp. e Cooperia sp.
71
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77
ANEXOS
ANEXO 1 – Média da contagem de ovos por grama de fezes (OPG) (ovos/g) de ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais
durante 13 semanas experimentais.
Pastagens Contagem de OPG (ovos/g) durante as semanas experimentais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Piatã 0,00
C
16,67
C
81,82
C
58,33
C
275,00
D
283,33
C
150,00
C
345,45
C
888,89
A
890,91
B
2290,91
A
1211,11
C
400,00
C
Massai 100,00
A
208,33
A
1725,00
A
2258,33
A
1500,00
B
491,67
B
425,00
A
908,33
A
354,55
B
783,33
C
1375,00
B
1933,33
C
850,00
C
Marandu 8,33
B
66,67
B
50,00
C
283,33
B
2145,45
A
536,36
A
250,00
B
600,00
B
263,64
C
572,73
D
1181,82
C
1950,00
B
1500,00
B
Aruana 0,00
C
9,09
C
445,45
B
459,09
B
300,00
C
118,18
D
122,22
C
327,27
B
650,00
B
2400,00
A
2254,55
A
2681,82
A
1753,30
A
Obs.: Letras iguais na mesma coluna indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
79
ANEXO 2 – Média do volume globular (VG) (%) de ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais durante 13 semanas
experimentais.
Pastagens Volume Globular (%) durante as semanas experimentais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Piatã 28,50
A
28,15
B
27,88
B
28,04
A
28,29
B
26,23
A
23,17
A
25,00
B
26,92
B
18,67
A
21,63
B
23,88
A
25,88
B
Massai 27,68
A
27,41
B
26,73
B
25,86
B
26,27
B
26,64
A
24,38
A
25,15
B
27,23
B
23,13
A
22,00
B
24,46
A
25,77
C
Marandu 27,17
A
26,63
C
27,13
C
27,04
B
25,79
C
26,29
A
25,46
A
26,79
A
28,64
A
23,71
A
21,25
B
23,58
A
26,00
B
Aruana 27,15
A
28,92
A
27,96
A
26,92
B
28,54
A
25,88
B
23,60
A
23,13
C
22,64
B
20,17
A
23,27
A
26,42
A
27,58
A
Obs.: Letras iguais na mesma coluna indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
80
ANEXO 3 – Média da contagem de eosinófilos (células/µL) de ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais durante 13 semanas
experimentais.
Pastagens Contagem de Eosinófilos (células/µL) ) durante as semanas experimentais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Piatã 120,83
A
167,50
B
1583,33
A
643,75
B
827,08
AB
1237,50
B
870,83
A
577,08
AC
835,42
C
658,33
B
589,58
B
491,67
D
879,17
D
Massai 118,18
B
125,00
B
1488,64
A
940,91
A
1050,00
A
1909,09
A
729,17
A
540,00
B
837,50
C
629,17
C
566,67
B
514,58
C
1972,73
A
Marandu 106,25
A
118,75
B
1247,92
B
489,58
B
652,08
C
1093,75
B
610,42
C
412,50
C
1118,18
A
1164,58
A
1185,42
A
1214,58
B
1820,83
B
Aruana 75,00
C
314,58
A
1808,33
A
425,00
B
1029,17
B
837,50
C
760,00
B
745,83
A
1002,27
B
1319,44
A
1172,92
A
1264,58
A
1379,17
C
Obs.: Letras iguais na mesma coluna indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
81
ANEXO 4 – Média de observações do Famacha© de identificação de anemia em ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais
durante 13 semanas experimentais.
Pastagens Famacha durante as semanas experimentais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Piatã 2,4
A
2,1
AB
2,8
AB
1,9
A
2,8
B
1,9
A
2,1
A
2,3
A
2,9
A
2,9
A
3,3
A
2,5
A
3,3
A
Massai 2,7
B
3,0
A
2,9
AB
3,2
A
3,0
A
2,3
A
1,8
A
2,2
A
2,3
A
2,1
B
2,8
A
2,9
A
2,4
B
Marandu 2,8
A
2,5
A
2,3
A
2,5
A
2,7
AB
2,2
A
1,9
B
1,4
B
2,1
B
2,1
A
2,8
A
2,4
A
2,1
B
Aruana 2,3
AB
1,8
B
2,8
B
3,2
A
2,3
AB
2,0
A
2,1
AB
2,0
B
2,9
A
2,7
B
2,6
A
2,2
A
2,3
B
Obs.: Letras iguais na mesma coluna indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
82
ANEXO 5 – Média do peso (kg) de ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais durante 13 semanas experimentais.
Pastagens Peso (kg) durante as semanas experimentais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Piatã 24,07
C
24,07
B
24,81
B
24,52
C
25,33
C
24,99
B
25,98
C
26,19
B
26,52
C
26,70
B
27,38
B
26,10
B
26,88
B
Massai 24,93
B
25,02
A
20,50
A
24,92
A
25,51
AB
26,11
A
26,94
AB
27,93
A
27,92
A
28,62
A
29,49
A
25,50
A
28,99
A
Marandu 24,30
AC
25,32
B
26,13
AB
26,83
BC
26,43
BC
27,03
AB
27,19
BC
27,81
B
27,81
B
29,28
A
29,70
B
29,63
B
29,77
A
Aruana 25,45
AB
26,65
A
25,95
A
27,38
AB
26,48
AB
26,91
A
28,19
A
27,35
A
28,24
AB
29,28
A
30,52
A
29,90
A
31,30
A
Obs.: Letras iguais na mesma coluna indicam não haver diferença significativa (P>0,05).
83
ANEXO 6 – Média de observações do escore de condição corporal (ECC) em ovinos mantidos em diferentes tipos de pastagens tropicais
durante 13 semanas experimentais.
Pastagens Escore de Condição Corporal durante as semanas experimentais
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Piatã 2,375
AB
2,250
A
2,458
A
2,292
A
2,708
AB
2,042
A
2,542
B
2,167
A
2,083
B
1,792
A
1,750
BC
1,708
A
1,417
AB
Massai 2,833
A
2,625
A
2,667
A
2,583
A
2,667
A
2,208
A
2,792
A
2,545
A
2,545
AC
2,208
A
2,042
B
2,583
A
1,864
AB
Marandu 2,417
B
2,625
A
2,625
A
3,000
A
2,708
B
2,208
A
2,292
A
2,542
A
2,500
AB
2,042
A
1,792
C
2,333
B
2,125
A
Aruana 2,500
AB
2,792
A
2,417
A
2,500
A
2,625
A
2,417
A
2,650
A
2,333
A
2,000
C
1,958
A
2,136
A
2,042
B
1,958
B