paralelos da engenharia 15

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O autor, Engenheiro, por 40 anos viajou pelo mundo implantando projetos, procurou conhecer os costumes locais, as comidas típicas, as famílias e como vivem as pessoas comuns daquele local. Entre projetos e obras, passou por situações raras, inusitadas, cômicas, trágicas e pitorescas e resolveu escrever estes contos vividos. É um livro diferente, de leitura fácil, que nos leva a lugares interessantes, nos transporta no tempo e no espaço, nos faz sonhar. Uma obra de geografia, história e de sociologia, dedicado a todos os viajantes, mas que todos os amantes da leitura deveriam ler.

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Paralelos da Engenhariaenquanto trabalhava pelo mundo

São Paulo – 2015

Hirosi Murakami

Paralelos da Engenhariaenquanto trabalhava pelo mundo

Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Camila C. Morais

Revisão Cristiane Martini

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________

M944p

Murakami, Hirosi Paralelos da engenharia : enquanto trabalhava pelo mundo / Hirosi Mu-rakami. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0370-1

1. Conto brasileiro. I. Título.

15-22158 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

________________________________________________________________27/04/2015 05/05/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos de coração e de consciência.

Ao meu pai e à minha mãe, saudosos, que me deram uma rígida educação oriental, trabalharam duramente na lavoura, sob o Sol escaldante da região de Pereira Barreto, ao noroeste do Estado de São Paulo.

Durante a noite, sem luz elétrica e sob as luzes de milhões de estrelas, falando com elas, decidiram me en-viar para a cidade de São Paulo para estudar, primeiro numa escola técnica para garantir uma profissão e depois na Faculdade de Engenharia.

Aos meus irmãos e irmãs mais velhos que me per-mitiram sair de casa aos 15 anos para estudar, sacrifican-do-se no trabalho duro da lavoura, de Sol a Sol, de Do-mingo a Domingo, sob os olhares punitivos dos católicos que passavam pela estrada, bradando frases como “esses

ateus trabalhando aos domingos, um verdadeiro pecado”; como se fôssemos ateus e não tivéssemos uma religião forte como Budismo.

À minha querida e amada esposa Fumie, pela paci-ência e compreensão.

Aos meus filhos Celso, Carina e Dimas, que ficavam ansiosamente esperando pelo meu retorno das minhas constantes ausências.

A todos aqueles que me permitiram conhecer o mundo e as pessoas, sob outra visão.

Hirosi

PREFÁCIO

Hirosi Murakami iniciou sua carreira como en-genheiro em 1º de fevereiro de 1970, sendo trainee na Inbraphil, holding do grupo Philips no Brasil.

Antes, como técnico formado pela Escola Técnica Getúlio Vargas (ETGV), trabalhara na Siemens e nas duas Empresas de Energia, a Companhia Paulista de Força e Luz( CPFL ) e a Light.

Nascido de uma família pobre de lavradores do interior paulista, local chamado Pereira Barreto, 10 irmãos. O pai dele percebeu que não poderia usar os filhos na mão de obra de cultivo, como todos os lavradores faziam na época, já que no campo não havia perspectivas de um futuro melhor para eles.

Romântico por natureza, o pai contou que veio do Japão sozinho, agregado a uma família. Todas as noites, falava com as estrelas e um dia uma delas indicou que o único caminho que existia era o do estudo.

Colocou os filhos na escola pública e dizia que a escola é gratuita, o adquirir conhecimento é gratuito, por que não aproveitar?

Mandou o filho Hirosi, de 15 anos, estudar em Es-cola Técnica, em São Paulo, a fim de assegurar uma pro-fissão, caso não pudesse dar continuidade aos estudos, mas com o tempo tudo foi se resolvendo.

Hirosi formou-se pela Faculdade de Engenharia In-dustrial da PUC no curso de elétrica. Como trainee da holding, passou por todos os complexos industriais exis-tentes da Philips no Brasil para focar-se na empresa e não no produto.

Dentro do programa de treinamento havia reuniões mensais para apresentação das empresas do grupo.

Em agosto daquele ano, Wallace e eu fomos desig-nados pela Diretoria a apresentar a INTARCO, a um grupo de 10 jovens engenheiros.

O Brasil e a América Latina estavam em franca in-dustrialização e precisávamos de jovens que se interes-sassem em seguir a carreira na área de implantação in-dustrial, pois a Philips estava investindo fortemente em consolidação das fábricas existentes e em novos empreen-dimentos, sendo previstos nada menos que 32 complexos industriais no Brasil e nos países da América Latina.

Influenciado pela nossa palestra, pelas atividades que desenvolvíamos em transformar os ativos financeiros em projetos físicos, e também por falarmos que a primei-ra providência de um funcionário novo na INTARCO era tirar passaporte, um jovem engenheiro mostrou mui-to interesse em participar do nosso grupo.

Logo foi transferido para a Intarco sem que o pro-grama de treinamento fosse concluído.

Por 40 anos ele se dedicou de corpo e alma a fazer projetos, acompanhar a implantação física e dar suporte pós-implantação.

Durante este período, o Brasil e a América Latina sofreram transformações constantes, tendo o Brasil mu-dado de moeda por cinco vezes.

Em 1991, por circunstâncias da vida, após o projeto Overhead Value Analisis (OVA), quando a Philips focou o mercado com os produtos que ela fabricava, desinteressan-do-se por negócios paralelos que não fossem do seu core bu-siness, um grupo de seis sócios comprou a INTARCO, entre eles o engenheiro Hirosi, dando continuidade à empresa.

Nestas quatro décadas, entre projetos e obras, o meu amigo Hirosi participou de 825 empreendimentos, no Brasil e na América Latina, coletou fragmentos da vida, passou por situações raras, inusitadas, cômicas e trágicas.

Visitou com frequência países da Europa como Ho-landa, Alemanha, Bélgica, Áustria, Inglaterra; da Ásia, como Japão, Taiwan, Indonésia; regiões dos Estados Uni-dos como Rhode Island, Carolina do Norte, Massachussets, Flórida, Louisiana e Texas, em busca de tecnologia, sempre se atualizando e inovando a fim de aplicar nos projetos.

Visitou países da América Latina, como México, Costa Rica, El Salvador, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai dan-do suporte técnico para as fábricas da Philips.

Este é um livro diferente, nasceu das trocas de e-mails entre amigos saudosistas da INTARCO, contando os cau-

sos, coordenado pelo engenheiro Roberto Benotti, que tam-bém trabalhara na empresa como Project Manager.

Não é um livro de Engenharia pura ou aplicada, mas de Engenharia vista do lado pitoresco, que poderia ser intitulado Causos da Engenharia, Joias da Engenharia ou 40 anos de contos vividos. É um livro de História, de Ge-ografia e de Sociologia. Todos os engenheiros e viajantes deveriam ler.

Aos viajantes, um conselho: fotografem, filmem, de-senhem e registrem tudo para posterior.

By Nelson Coslovsky (*)

(*) Nelson Coslovsky, engenheiro civil, trabalhou na INTARCO como Project Manager, gerenciando gran-des projetos, por longos anos, é um grande incentivador das escritas deste livro, participando de alguns causos.

SúMARIO

Breve histórico da Intarco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13Trainee na Philips, antes da Intarco . . . . . . . . . . . . . . . 15Encontro com o futuro homem mais rico do Brasil . . . 19Um pedaço do Brasil no Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Espetáculo de luz e som I, museu do Ipiranga, 1972 . . . 31Espetáculo de luz e som II, museu do Ipiranga, 1972 . . 37Romário, Ronaldo e PSV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40Tourada em Bogotá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Você trocaria a sua mãe? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Dica para viajantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52Uma história de amor em meio à guerra . . . . . . . . . . . . 55Manizales, Colombia - parte I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Manizales, Colômbia - parte II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

O hotel de Bogotá e os militares . . . . . . . . . . . . . . . . 71Medellin, a eterna primavera . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74As termas de Popayan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88Homem pequeno, automóvel grande . . . . . . . . . . . . 93Gálaxie do Wallace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96Chevette branco do Hirosi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99Alfa giulia doJosé Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .102Virando nome de rua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105Paulo, “off the beam” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107Dr Martinelli, o homem poderoso de Ribeirão . . . . .110A carreira de Moisés . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115Queda livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118As pessoas ainda tomam água . . . . . . . . . . . . . . . . . .122Do corpo fechado, não sai alma . . . . . . . . . . . . . . . .126O ritual de Pachamanca no Peru . . . . . . . . . . . . . . .130Peru, Cordilheira dos Andes, altitude 4.843m . . . . .135Deus é boliviano? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .140Você já verificou atrás do vaso sanitário? . . . . . . . . . .144Companheiros de jornada: de 1970 a 2009 . . . . . . .149

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BREVE HISTÓRICO DA INTARCO

A Inbraphil - Indústrias Brasileiras Reunidas Philips em 1967 tinha uma divisão de serviços de Engenharia e Arquitetura, a Building & Engineering Division Latin America – BEDLA - localizada na Av. Prestes Maia, cen-tro da Capital do Estado de São Paulo.

Como definido no próprio nome, a BEDLA cuidava “apenas” do patrimônio e das obras da Philips, na épo-ca, em consolidação e franco desenvolvimento por toda América Latina.

Seu corpo técnico passou a ser conhecido e reconhe-cido por outras empresas, principalmente multinacionais, interessadas nos projetos e supervisão confiáveis de investi-mentos na infraestrutura de suas atividades no Brasil.

Essa oportunidade de atividade autossuportada com a ampliação do know-how do time de profissionais da divisão BE-DLA através da prestação de serviços a terceiros, foi percebida e

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aceita pela direção da Philips, e, sob o comando do Sr. Wolthuys esta antiga Divisão passou a ter personalidade jurídica.

Ao Sr. Wolthuys coube a honra de escolher o nome: Intarco Arquitetura e Engenharia.

Porém, o Conselho Regional de Engenharia e Ar-quitetura (CREA) não aceitou essa razão social porque o uso das palavras Arquitetura, Engenharia e Agronomia são prerrogativas de empresas cujos diretores são profissionais com registro profissional naquele Conselho e não era o caso.

Chegou-se a pensar em registrar como diretores o Sacay, o Elman, o Nelson e eu. Mas a ideia não vingou.

Os holandeses escolheram o nome Companhia de Planejamentos Técnicos Intarco, mais tarde mudando para INTARCO – Projetos e Consultoria.

Adotou-se a sigla INTARCO em analogia ao grupo similar da Philips holandesa, a INTernational ARchitects & COnsultants.

Era o dia 19 de abril, dia do Índio, do ano de 1969.Local: um edifício moderno e confortável, na Av. Pau-

lista esquina com a rua Augusta, área nobre de São Paulo.Ampliando seu horizonte para além das fronteiras

da Philips, nascia a INTARCO com suas divisões ASSO-CIADAS e TERCEIROS.

Desde então, durante 40 anos, realizou nada menos que 825 projetos de grande e médio porte, transforman-do a paisagem do Brasil e da América Latina, contribuin-do para melhorar a vida das pessoas através da Engenha-ria e da Arquitetura.

By José Carlos Martinho

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TRAINEE NA PHILIPS, ANTES DA INTARCO

Antes da INTARCO, fui Engenheiro Trainee na Inbraphil, Indústrias brasileiras Philips do Brasil, holding do grupo, Departamento - Técnica de Eficiência e Or-ganização (TEO) que cuidava do Planejamento e Pro-gramação da Produção (PPP) e análise da eficiência de processos produtivos dentro das fábricas.

Ingressei na Inbraphil no dia 1º de fevereiro de 1970, a duração do treinamento seria de um ano. Nesse período fazíamos rodízio nas fábricas, visitando e conhe-cendo a empresa, conhecendo os produtos, os processos produtivos e participando de palestras sobre as atividades da Philips brasileira.

Lembro-me de dois grandes acontecimentos do ano 70.