paracambi a filha da floresta

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Z João Baptista de Freitas Maria Alice de Rezende Ilustrações A memória de uma cidade através de sua fauna e flora Paracambi A Filha da Floresta

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Page 1: Paracambi A Filha da Floresta

ZJoão Baptista de Freitas

Maria Alice de RezendeIlustrações

A memória de uma cidade através de sua fauna e flora

ParacambiA Filha da Floresta

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Page 3: Paracambi A Filha da Floresta

João Baptista de Freitas

ParacambiA Filha da Floresta

A memória de uma cidade através de sua fauna e flora

Maria Alice de Rezende Ilustrações e descrições botânicas

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A ilustração botânica é uma forma de representação da natureza difundida universalmente, um modo de arte que é ciência, uma demonstração, acima de tudo, de amor e respeito ao meio ambiente. As primeiras ilustrações botânicas no Brasil foram feitas entre os longín-quos anos de 1637 e 1644, com o surgimento da Botânica e da Zoologia, que nasceram em meio às missões científicas organizadas para explorar as riquezas do Brasil.

Ao observar uma planta atentamente, pode-se ver diferentes detalhes de folhas, pétalas e ramos, lisos ou ásperos, cobertos por suaves pêlos ou mesmo ornados por espinhos. Em relação às cores, é possível notar sutis variações, como um branco que pode ter tons de verde, amarelo ou rosa. As variações são infinitas e nenhum desses pequenos detalhes escapa aos olhos do ilustrador botânico. Às vezes, perde-se tempo tentando desvendar uma enorme quantidade de diminutas folhas ou estames até se compreender toda uma compli-cada estrutura.

É importante estudar, profundamente, as características da espécie para a realização de um trabalho de boa qualidade artística. Há que se ter, ao mesmo tempo, fidelidade à planta retratada. O trabalho de ilustração apóia o texto descritivo e tem como função detalhar as características da planta. Daí, a importância da fidelidade na representação.

O ilustrador tem um compromisso com a realidade, pois seu trabalho é um documento im-portante. Em determinados casos, esse será o único registro de uma planta. Na impossibi-lidade de ter a espécie viva para observar, o pesquisador contará apenas com a ilustração para fazer sua análise.

A aquarela é uma das técnicas mais utilizadas na ilustração botânica, devido à sua fácil utilização. Soma-se a isso, o pouco peso do material, o que facilita as longas caminhadas em campo à procura de novas espécies. A ilustração deve conter o maior número de infor-mações possíveis, ou seja, detalhar todos os estágios de desenvolvimento: botões, flores abertas, murchando, frutos verdes, maduros e semente.

O processo de ilustração de uma só planta pode durar algumas semanas ou vários meses, atividade que requer extrema dedicação e paciência. Porém, cada vez que se termina uma prancha, além da satisfação por vê-la pronta, sabe-se que com ela um momento efêmero e de raro talento foi eternizado.

As ilustrações botânicas possibilitam às pessoas a oportunidade de admirar a beleza dos in-finitos mistérios da natureza, capturada através do trabalho preciso e dedicado do ilustrador botânico.

Paracambi, A filha da Floresta A memória de uma cidade através de sua fauna e flora Copyright © 2007DS Comunicação e ImprensaTodos os direitos reservados e protegidos pela lei 5.988 de 14/12/73. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser re-produzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânic-os, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Editoração Eletrônica DS Comunicação e Imprensa Edição e revisão Daniella Sholl e Marco Senna (DS Comunicação) Projeto Gráfico Emanuel Soledade (DS Comunicação)

Impressão e acabamento Gráfica xxxx

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SumárioCapítulo 01 Os mágicos cantores das matas ............................................................................................................... 1

Capítulo 02 A saga do Curió .................................................................................................................. 1

Capítulo 03 Glórias de antes, sonhos de agora ........................................................................................................... 1

Capítulo 04 Viagem ao túnel do tempo .................................................................................................................. 1

Capítulo 05 O despertar de uma região .................................................................................................................. 1

Capítulo 06 O louvável gesto da bendita viúva ........................................................................................................... 1

Capítulo 07 Do anonimato à fama, um salto histórico ................................................................................................. 1

Capítulo 08 E o apito do trem acorda o povoado .................................................................................................. 1

Capítulo 09 Um inglês no trilho do progresso ......................................................................................................... 1

Capítulo 10 Prodígios do recanto encantado .......................................................................................................... 1

Capítulo 11 De avòs a netos, um só destino .................................................................................................................. 1

Capítulo 12 Lembranças de quem viu ou ouviu .................................................................................................. 1

Capítulo 13 Uma princesa na história de Paracambi .............................................................................................. 1

Capítulo 14 saudade dos anos dourados .................................................................................................................. 1

Capítulo 15 De castelo do silêncio, a templo do saber ......................................................................................... 1

Capítulo 16 A escola que realiza o sonho de Villa-Lobos ........................................................................................... 1 Glossário .................................................................................................................. 1

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Houve um tempo em que, num lugar dedimensões desconhecidas, o homem que nele vivia chamava a natureza de mãe de tudo o que sua vista podia alcançar: céu, chão, mar, rios, pedras, plantas e animais. Filho dileto, tinha por

ela um sagrado respeito. Mesmo consciente de que era superior aos demais seres com os quais dividia

espaço, não agia com arrogância. Suas regras de comportamento provinham de uma sabedoria milenar.

Por exemplo: na hora de comer, não se deixava dominar pela gula, ou desperdício. Tirava, da farta mesa posta à sua

disposição, apenas o que julgava suficiente para matar a fome.

Na verdade, aquele era um mundo fantástico.Tinha as cores do arco-íris emuitas outras mais. Suas florestas exibiam verdes de reluzentes matizes e, como se não bastasse, eram enfeitadas de flores e aves brancas, vermelhas, azuis, amarelas. No chão, uma incrível variedade de bichos de pêlos pardos, cinzas, negros, pintados. E o povo de pele marrom que por ali circulava via tudo com mágica lucidez. Na representação de seu universo, ele recorria a seres vivos, astros, objetos, transformando-os em personagens encantados, repositórios de segredos ou portadores de mensagens.

Sol, lua, estrelas, árvores, botos, cobras, pedras, enfim, um elencoincontável da Terra e do Céu era requisitado para povoar suas lendas.

Ah, sim, e também os magníficos pássaros, músicos afinadosresponsáveis pela sinfonia da floresta. Mas um dia, aquele cenário sem grandes males foi invadido por gente estranha, vinda do mar em imensas canoas. Aconteceu, então, o que hoje poderíamos chamar de um gigantesco arrastão: árvores de troncos vermelhos, abatidas com sofreguidão; bichos devorados com apetite feroz; aves e homens da mata, capturados. A intimidade e o equilíbrio do lugar, chamado por seus habitantes de Pindorama, foram

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violados, num processo que perdura até hoje.

A extensão dos danos é imensurável. Pindorama ganhou sucessivosnomes. O último, Brasil, persiste há 500 anos. Mas o que restou ainda

desperta admiração. Sobre as lendas, repassadas de geração ageração, várias saíram das matas para as páginas de livros,

telas de cinema e da televisão. Uma foi mais longe:viajou o mundo, há 45 anos, nas antenas de umsatélite. Ela fala de um pássaro misterioso, o

uirapuru, de voz semelhante ao som do flautim.Mas nem por isso ele se tornou a grande estrela da selva

brasileira. Um concurso de popularidade certamente mostraria, à sua frente, cantores fabulosos como o bicudo, o azulão e o supremo, o idolatrado curió. Principalmente o de canto conhecido como Paracambi.

PINDORAMA Terra das Palmeiras, na língua Tupi

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As Bromélias

Quase todas originárias das Américas, principalmente das florestas tropicais, as bromélias pertencem a uma família botânica (Bromeliácea) bastante numerosa. São aproximadamente 1.200 espécies distribuídas em 60 gêneros. O ananás, que produz o abacaxi, e um dos gêneros mais conhecidos.

Ao contrário do que algumas pessoas imaginam, as bromélias não são parasitas. Há espécies que se apóiam em troncos e galhos de outras plantas para obter mais luz e ventilação. São chamadas de epífitas. Quando se fixam em pedras, ganham o nome de rupícolas.

Com tamanhos e formas variadas, absorvem água pelas raízes ou através de escamas que revestem suas folhas. Às vezes, a raiz serve apenas para sustentar a planta. Muitas espécies desenvolvem, com suas folhas, reservatórios (tanques) que acumulam água, poeira e folhas. Decomposta, a mistura é usada pela planta como nutriente.

Os tanques cumprem, também, uma delicada missão: formam minúsculos ambientes onde se limentam e crescem pequenos animais e algas. As bromélias ocorrem com grande freqüência na Mata Atlântica.

Aechmea nudicaulis lindl.

Bromélia herbácea comum no Sudeste brasileiro. Apóia-se em galhos e troncos das matas, etambém em árvores existentes em ruas e parques das cidades. Propaga-se por sementes (muitoapreciadas pelos pássaros) e brotos que nascem da planta principal. Inflorescência de grandesbrácteas vermelhas e flores que vão do amarelo pálido ao vermelho.

A planta desta ilustração foi encontrada em uma árvore do bairro Boqueirão, em Paracambi. Podeser vista na mata atrás da antiga Fábrica Brasil Industrial, na alameda de acesso ao prédio e nosoitis da Praça Cara Nova, no centro da cidade.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / BROMÉLIAS

BrácteasFolhas modificadas situadas abaixo de uma flor

HerbáceaPlanta desprovida de caule lenhoso

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Vriesea ensiformis (Vell.) BEE

Bromélia herbácea que vive em árvores, pedras e no solo. O nome ensiformis vem do latim ensis (espada), formis (forma). Ou seja, suas folhas têm forma de espada. Espécie com brácteas vermelhase flores de cor amarela que se abrem uma por vez.

A planta desta ilustração encontra-se no tronco de uma árvore às margens do reservatório chamado pelos antigos moradores de Caixinha D’água. Ocorre em grande quantidade nas matas de Paracambi.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / BROMÉLIAS

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Plumagem discreta, o furtivo uirapuru canta apenas 15 dias por ano. Cadaexibição não dura mais que 5 minutos.

Há até quem afirme que João Gilberto, o astro da Bossa Nova, inspirou-se nele.

Graças a esses estranhos hábitos, opassarinho teve sua voz gravada, em 1962, pelo

engenheiro brasileiro Johan Dalgas Frisch. Difundida através do Realy, então o mais famoso satélite a girar em torno daTerra, a singela melodia deslumbrou pessoas comuns ecelebridades de vários cantos do planeta.

Até John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, ouviu e se emocionou com os “floreios do

flautista de asas”, segundo expressão de um locutor de rádio da época. Dizem que Kennedy chegou a

manifestar o desejo de ganhar uma pena da cauda dopássaro, um poderoso amuleto contra azares da vida. Se conseguiu, não funcionou: pouco tempo depois foi morto a tiros, quando desfilava de carro na

cidade americana de Dallas.

Anos mais tarde, o tricampeão mundial de futebol Rivelino apareceu na capa de um disco compacto, com a foto e

a gravação da voz de seu curió de estimação. Sucesso total.A repercussão interna foi igual a do histórico feito do passarinho

amazônico: milhares de pessoas compraram o disco paraensinar boa melodia aos curiós que mantinham presos. Era

a consagração do canto Paracambi, um dos três maispreciosos, dentre as 128 variedades que o pássaroapresenta em estado silvestre. Ou melhor, livre.

Os moradores de Paracambi, um recanto ecológicosituado numa área onde a Baixada Fluminense e a

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Billbergia pyramidalis (Sims.) Lindl

Bromélia herbácea que pode ocorrer em árvores, pedra e no solo. O nome pyramidalis refere-seà inflorescência de forma piramidal de brácteas e flores rosadas ou avermelhadas. A planta destailustração encontra-se sobre grandes pedras nas matas atrás da antiga Fábrica Brasil Industrial.

Pode ser vista, em grande quantidade, nas margens da Caixinha D’água, nas proximidades do lugar chamado Poço do Firmino. E também na mata, sobre pedras, atrás do Boqueirão. Repetidos incêndios provocados por criadores de cavalo, para combater carrapatos, têm causado a diminuição do número de exemplares na área.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / BROMÉLIAS

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Serra do Mar se encontram, exultaram. Palco de fatos marcantes na época colonial e na fase do Império, a cidade vivia momentos

de ostracismo e de preocupação com o futuro, decorrentes doesvaziamento econômico do município. Havia, inclusive, o medo

de que ela pudesse virar cidade-dormitório. E vem o filho de suasmatas e ganha, naquele clima sombrio, status de pássaro lendário.

Era, sim, motivo de orgulho.

Pobre curió. Foi de herói a mártir em poucas décadas. Caçado à exaustão, quase sumiu de seu berço. Mas Paracambi reagiu: em 2002 a prefeiturado município adquiriu uma área com mais de mil hectares de mata etransformou-a em reserva ecológica, como parte de um projeto de resgateda origem da cidade, marcada por um estreito vínculo com a natureza.Uma comovente demonstração de gratidão de um povo por tudo o quea floresta significou para o lugar. E o curió virou símbolo dessa buscade raízes. Sumido, dá sinais de que não morreu. Conheça, nas próximaspáginas, a história de Paracambi.

NA MATA DE PARACAMBI

Passam velozes rolinhas, planam soberbos gaviões,Cantam ousados sanhaços, abusados sabiás.

Maitacas soltam gritos, bem-te-vis não calam o bico,Juriti geme tristonha.

E E o curió, cadê? Fugiu, morreu?Caçador arrependido anuncia boas-novas:

Seguidos sem trégua ou dó, os poucos que resistiram Criaram truque matreiro. Saíram ligeiros de cena, Fazem-se de surdos-mudos, encheram os ouvidos de penas, Calaram de vez o gogó.

O PARquE DO CuRIó

O Parque Municipal Curió de Paracambi recebeu este nome em homenagem ao curió originário das matas do município. Considerado Unidade de Conservação de Proteção Integral, segundo modelo proposto pelo Ibama, o Parque é um dos quatro fragmentos florestais integrantes do Corredor Ecológico Tinguá-Bocaina. Corredores ecológicos são trechos que interligam matas vizinhas, com a função de favorecer a circulação natural de animais e a disseminação de plantas.

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As Orquídeas

As orquídeas pertencem à família Orchidaceae. Não são parasitas e geralmente usam os troncos dasárvores apenas como apoio para buscar luz e ventilação. Definida como a maior de todas as famílias botânicas dentre as monocotiledôneas, com números de espécie estimados em 20000 e 250000 e 850gêneros, sem levar em consideração os híbridos e variedades produzidas pelo homem.

Nas regiões tropicais úmidas, são geralmente epífitas, com raízes cobertas por um tecido esponjoso chamado velame. Em lugares muito úmidos podem absorver água e nutrientes pelos poros das folhas, deixando as raízes apenas com a função de sustentá-las nos pontos em que crescem.

Nas regiões de clima temperado, nas florestas tropicais ou campos rupestres, podem ser terrestres,com raízes subterrâneas bem desenvolvidas. As inflorescências apresentam de uma a uma centena de flores, geralmente com três sépalas e três pétalas, com uma delas diferenciada, chamada labelo.

Nas orquídeas os grãos de pólen ficam agrupados em massas chamadas polínias. Pesadas demais, essas mas-sas não podem ser levadas pelo vento. Para compensar, apresentam cores e aromas variados com o objetivo de atrair polinizadores. Algumas vão mais além: usam cor e forma parecidas com fêmeas de insetos.

Atraídos, os machos levam os grãos de pólen para outras flores. O fruto é uma cápsula que, ao secar, se abre liberando sementes pequeninas e leves. As espécies de Vanilla são as únicas que possuem frutoscarnosos e grandes sementes, usados para a fabricação de baunilha.

Oncidium sarcodes.

Orquídea de flores com labelo, pétalas e sépalas amarelas e manchas em tom marrom. Sua hastefloral pode dar várias flores, tornando-se comprida, e demorando vários meses para se desenvolver e começarem. a se abrir os pequenos botões. Tem folhas verde-escuras, de brilho intensoe cresce sobre troncos.

O exemplar reproduzido na aquarela foi encontrado sobre um fino galho caído em uma trilha na mata, no lugar conhecido como Subida do Lazareto que, no passado, foi ponto de acesso ao local para onde eram levadas as pessoas portadoras de hanseníase.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / ORquÍDEAS

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Cattleya forbesii.

A Cattleya forbesii é uma bifoliada, que apresenta pseudobulbos com até 20 cm de comprimento, e folhas de aproximadamente 12 cm de comprimento. Dá flores (geralmente de duas a quatro) no período de outubro a dezembro. Mas pode, também, florescer quase todo o ano.

Espécie conhecida desde 1790, é encontrada em regiões alagadiças e próximas a rios, como Cabo Frio e no Sudeste de São Paulo. Em Paracambi, a planta ilustrada foi encontrada em uma árvore nas matas atrás do açude, no bairro da Cascata; também ocorre em árvores às margens da nascente no local conhecido como Caixinha D’água.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / ORquÍDEAS

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Paracambi, como Pindorama, tem nome indígena. Mas há controvérsias sobre o seusignificado. Sem discussões acaloradas, o mais aceito é Ribeirão dos Macacos. Colada em montanhas

que despejam água em uma vasta área de terras baixas, ao que tudo indica, a região era, à

época da descoberta do Brasil, rica em fauna e flora. Seguramente, bem mais do que agora. Nascido, assim, em berço verde,

o município foi ajudado pela mãe natureza em diversas ocasiões.

O que ninguém poderia supor é que aquele ponto à margem de um rio era um desses recantos fadados a serem palco de acontecimentos de relevân-

cia para a região e, também, para a história do país. Algumas razões dessa predestinação hoje são explicáveis. Outras, segundo mo-

radores, nem tanto: “Ficam por conta dessa força misteriosa, imaginária, chamada destino”.

Quando Paracambi ainda não passava de um povoado, vários fatos ali ocorridos fizeram tremer o ego de moradores de cidades influentes e poderosas. Um, foi a chegada da estrada de

ferrro, em 1861, apenas 36 anos após a inauguração, na Inglaterra, da primeira fábrica de trem do mundo. E bem antes de São Paulo

construir sua primeira via férrea.

Em curto período, mais eventos de impacto: a família imperial esteve no lugar por duas vezes. A primeira, em 1879; depois, em 1885, para conhecer as novas instalações da Fábrica Brasil Industrial, implantada em 1870. A conquista da indústria, então, foi um sucesso: “Um lugarzinho de nada – pode ter exclamado algum

figurão despeitado – ganha o trem, a visita de D. Pedro II e, de quebra, a primeira grande fábrica de tecidos de algodão do país!”.

Boca maldita. A fábrica pegou fogo em 1883, o que justificou a

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Tricocentrum fuscum.

Herbácea epífita. Planta pequena de flores brancas com manchas vermelho-amarronzadas, e folhas verde-claras. Raramente é vista com frutos. O exemplar da ilustração foi encontrado em um galho caído do jambeiro da Praça Castelo Branco, no Bairro da Fábrica.

É comum nas mangueiras que ficam no trecho abaixo da casa da antiga gerência, na entrada da fá-brica. Parece gostar de lugares úmidos e de muita sombra.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / ORquÍDEAS

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segunda ida do imperador ao lugar.

“É pouco ou quer mais?”, indaga um irônico morador, orgulhoso conhecedor da história do município. Segundo ele, pelo passado singular, a cidade tinha tudo para ser,

hoje, bem mais rica. Mas em decorrência, principalmente, de crises econômicas que afetaram centenas de outros

municípios, houve um momento em que Paracambi quase parou no tempo. Aliás, seus habitantes revelam um surpreendente grau de

informação a respeito da fase de glória do lugar; otimistas, acham que, assim como nem tudo foi perdido, dias melhores virão. Sem

espantar a paz, o mais valioso bem que a cidade conservou.

RECANTO TRANqÜILO

Pesquisa feita pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciênciae a Cultura, sobre a violência nas cidades brasileiras, confirmou o que os moradores de Paracambiimaginavam: a cidade ficou fora do indesejável ranking nacional das 556 mais. Referente ao

período entre 2002 e 2005, o trabalho levantou a taxa de homicídios nas populações e, também, a de assassinatos de jovens com idades entre 15 e 25 anos. Dos 13 municípios integrantes da região

em que está situado, Paracambi é o único que não aparece na lista.

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As Heliconias

Pertencem à família Heliconiaceae. São conhecidas popularmente como Caeté. Possuem folhas que às vezes alcançam três metros de altura e se parecem com as das bananeiras. Frágeis, podem ser derrubadas pelo vento, quando não estão protegidas por outras plantas. Sua inflorescência geralmente é grande evistosa, razão pela qual é cultivada como planta ornamental. Faz sucesso no exterior por sua belezatropical. Originárias da América do Sul, América Central, Ilhas do Pacífico e Indonésia.

Heliconia Angusta (Lindl)

Apresenta brácteas avermelhadas e pequenas flores brancas. A planta da aquarela foi encontradaà margem de uma trilha na mata atrás da antiga fábrica de tecidos, mas pode ser vista em outrospontos, como São José, Saudoso e subida da serra para o município de Paulo de Frontin.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / HELÍCONiAS

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Quando Pero Vaz de Caminha, em maio de 1500, deu ênfase, em sua célebre carta, à beleza do

cenárioe ao aspecto saudável dos nativos da terradescoberta pela esquadra de Cabral, talveznão estivesse querendo mostrar ao rei dePortugal apenas sua veia poética, seu lado de homem letrado. De fato, a carta, bem-escrita,

acabou sendo reconhecida, com mérito, comoo primeiro documento da literatura brasileira.

Para muitos, o principal propósito do escrivão tinhaa ver com um fato decepcionante: ao vasculharem

barrancos e riachos da região onde desembarcaram, seus companheiros de viagem não encontraram qualquer vestígio de existência de ouro ou pedras preciosas. E todos que viviam aqueles dias eufóricos em Porto Seguro – do comandante Cabral ao mais rude marujo - sabiam que a notícia teria o efeitode um gigantesco tonel de água fria na cabeça de

D. Manuel. E que sua corte, solidária, verteria lágrimas de frustração.

Em síntese (com o devido respeito à figura do notável escrivão), Caminha talvez tenha valorizado o esplendor das matas, das montanhas e a salubridade do clima como

um esperto (e lírico) recurso literário para aplacar possíveis arroubos de fúria de Sua Majestade.

O conhecido afago, tão praticado no Brasil de hoje. Daí, talvez fosse possível especular: não teria sido o português Caminha o inspirador, ou mesmo o precursor do criativo – e hoje deturpado -- jeitinho brasileiro?

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Heliconia spatho circinatha

Brácteas amarelas-avermelhadas, com flores brancas. A planta da ilustração foi encontrada na mata do bairro da Cascata, na subida para a o Sítio Timbaú, onde ocorre às margens da cachoeira. Pode ser vista, também, nas matas de São José, Saudoso e subida da serra.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / HELÍCONEAS

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Vejam: ao monarca pouco importava se havia água em profusão ou se as terras da suposta Ilha de Santa Cruz pare-ciam férteis, comoinformava a carta. Naqueles tem-pos de conquistas, nenhum país em busca de novas colônias tinha, como objetivo imediato, plantar alguma coisa. A meta era simplesmente colher, sem grandesgastos ou esforços, preciosidades não-perecíveis e de alta cotação nomercado internacional. Fossem especiarias ou, melhor ainda, metais dourados, prateados e minerais cintilantes, como os ambicionados diamantes. Tudo em fartura, para abarrotar os cofres da Coroa.

Perguntarão (e com inteira razão) os pacientes leitores deste trabalho: “E daí, o que isso têm a ver com Paracambi?”. Os fatos acima mencionados, afora algumas interpretações e comentários, são do conhecimento de todos. Mas, por favor, tenham a generosidade de ler, pouco mais à frente, outros acontecimentos ligados à história inicial do Brasil. Que, afinal, refletiram-se na região em que nasceu a pequenina Estação de Macacos.

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As palmeiras

Palmeira é o nome comum das espécies da família Arecaceae, antes conhecida como Palmae ou Palmaceae. O coqueiro é um dos mais populares representantes dessa família, que possui cerca de 205 gêneros e 2.500 espécies, distribuídas pelo mundo todo, principalmente nas regiões tropicaise subtropicais.

As palmeiras são plantas perenes (que duram muito) com caule tipicamente cilíndrico, sem ramificação que alcance grandes alturas. Possuem porte arbório, porém não são consideradas árvores. O açaí, fruto muito conhecido no Brasil, principalmente na Região Norte, é produto de uma palmeira da qual se extrai, também, o mais consumido palmito em conserva do país. Inflorescências geralmente grandes, envolvidas por brácteas em forma de canoa. As flores são pequenas.

Syagrus romanzoffiana (Cham.)Glassman

É conhecido por vários nomes: jerivá, coqueiro-jerivá, jeribá, coco-babão, baba-de-boi, coco-de-cachorro. De caule solitário, grosso, quase liso, de 7 à 15 metros de altura, folhas verdes, brilhantes, arqueadas e pendentes. Inflorescência de amarelo-pálido a alaranjado. Frutos arredondados ou ovalados, amarelos ou alaranjados, de dois a três centímetros.

Ocorre no Sul da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul,e Rio de Janeiro. Planta muito cultivada para paisagismo. Dá frutos durante o verão e as sementes germinam entre três e seis meses. A polpa que cobre os coquinhos – doce e gosmenta, daí o nome babão - é apreciada pelas crianças.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / PALMEIRAS

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Geonoma rodeiensis.

Palmeira de tamanho pequeno podendo chegar a quatro metros. Possui folhas com pinas fundidas parcialmente, formando segmentos arqueados. Nasce geralmente em grupos dentro da mata ou sub-bosque. Tem caule fino e arqueado. Seus frutos, pequenos, são verdes quando jovens, tornando-se roxos ou vinho quando maduros.

A planta da ilustração foi encontrada dentro da mata, na parte de encosta ao lado do reservatório que abastece a Fábrica. Não foi observada em nenhum outro trecho. A espécie foi descrita pelo botânico e ilustrador Barbosa Rodrigues, que na juventude morou em Paulo de Frontin.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / PALMEIRAS

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Não se sabe se D. Manuel deu chilique, viroua mesa, dissepalavrões. Mas que a má notíciamagoou, magoou. Profundamente decepcionado com a descoberta de que na nova terra não havia metal precioso à vista, ele nem prestou muita atenção quando lhe disseram que, em compensação, nas matas do litoral floresciam, a perder de vista, árvores de onde se extraía uma substância vermelha ótima para tingir tecidos.

E o país lindo e trigueiro - assim descritopor Ary Barroso séculos mais tarde, e talvez também inspirado em Caminha - foi punido com 30 anos de abandono. Só não se pode falar em solidão porque nele viviam, alémde náufragos de navios piratas que já seaventuravam pela costa brasileira e degredados abandonados pelas embarcações portuguesas, cerca de cinco milhões de índios. Bem mais do que os atuais 300 mil.

Claro que, passados os primeiros momentos, Portugal descobriu que, sem necessidadede plantar e podendo usar mão-de-obrabarata para abater as tais árvores, até queexplorá-las seria bom negócio para a Coroa. E, por acaso, ótimo também para osingênuos índios que, deslumbrados, abatiam tora atrás de tora em troca de miçangas,

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canivetes e – maravilha das maravilhas – machados. Os quais passarama usar, com surpreendente eficácia e em ritmo olímpico, para empreender uma derrubada colossal.

A Coroa só despertou depois que a notícia da eficácia da tinta vegetalatraiu a cobiça de países interessados em riquezas alheias. Àquela altura, franceses e holandeses já haviam se transformado em íntimos parceirosdos nativos da terra das palmeiras: suas embarcações atracavam, ao feitiode todos os conquistadores de então, com um punhado de quinquilhariase zarpavam, em poucos dias, abarrotadas de madeira.

Românticos, os franceses se extasiavam diante da exuberância da naturezae, não resistindo a tamanhos encantos levavam, também, papagaios, araras, micos e - à base de muita conversa e poder de persuasão - até índios. Que, aliás, causavam sensação nas reuniões da deslumbrada corte parisiense. Um delírio tropical.

Era demais para os gloriosos navegadores portugueses: em 1530,Martim Afonso de Souza atracou no Brasil trazendo aspirantes a colonos,cana-de-açúcar para formar lavouras, sementes de cereais e planos deocupar o país antes que ele caísse nas mãos de navegadores rivais. Norastro de Martim Afonso, dezenove anos mais tarde chegou Tomé de Souza, ostentando o título de primeiro governador-geral do Brasil.

Aí sim, começa o capítulo da história que daria início à transformação da região onde despontou Paracambi. Com Tomé de Souza, vieram os padres jesuítas, com a missão de catequizar os índios, transformá-los em trabalhadores, formar lavouras, fundar escolas e, assim, auxiliar no projeto de colonização do Brasil. Habilidosos, ágeis, criaram aldeamentos e fazendas em vastas áreas do país, uma das quais abrangia terras onde hoje estão Itaguaí Vassouras, Nova Iguaçu, Paracambi e outros municípios vizinhos.

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Os Cactos

Da família das cactáceas, com aproximadamente 84 gêneros e 2.000 espécies. O termo ‘cacto’ foiusado cerca de 300 anos antes de Cristo pelo grego Teofrastus, em seu trabalho Historia Plantarum,e foi associado a plantas com fortes espinhos. A maioria dos cactos respira pelo caule.

A planta pode ter a forma globosa (redondos), colunar (compridos), ou achatada, como as palmas.Os espinhos servem para protegê-la contra predadores. Cresce com facilidade em terrenos pobrese secos, e se reproduzem por sementes ou por estacas.

Algumas espécies chegam a alcançar até 20 metros de altura e outras que não passam de alguns centímetros. A maior parte da estrutura dos cactos (92%) é composta por água. Por isso são chamados de plantas suculentas. Porém, nem todas as suculentas são cactos.

Todos os cactos florescem, mas alguns só dão flores após os 80 anos. Quando expostos a muita umidade geralmente apodrecem. No Brasil há cactos dos mais variados tipos, no litoral e nas e florestas, no solo, ou nos troncos de árvores.

Os cactos são comuns nos desertos das Américas e nos sertões brasileiros. O mandacaru (Cereus peruvianus) é simbólico na Região Nordeste, e a palma é muito comum, simbólica e usada como substituta da água; ou como alimento para o gado nos períodos de seca, já que não tem espinhos. No Rio de Janeiro, algumas espécies, como o coroa-de-frade, estão desaparecendo, em decorrência da degradação das restingas.

Rhipsalis lindiberguiana.

E conhecido como cacto macarrão. Epífita de até 10 metros de comprimento, pêndula, com flores que vão do amarelo ao rosa. Vive nos troncos das árvores, formando grandes touceiras, como vastas cabeleiras verdes, ocorrem com freqüência sobre os troncos das mangueiras.

Seu fruto é verde quando jovem ficando branco, leitoso e meio transparente quando maduro. Muito freqüente em árvores na mata e nas cidades, Muitos nem percebem suas flores, pois são bem pequeninas. A planta aquarelada foi encontrada em um tronco dentro da mata, acima do refeitório da antiga fábrica de tecidos Brasil Industrial.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / CACTOS

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Com experiência adquirida em colôniasespanholas, os jesuítas realizaram umtrabalho que, no início, entusiasmou a

corte. Até porque as capitanias hereditárias, distribuídas em 1534, quatro anos após a vinda

de Martim Afonso de Souza, não iam bem. Alguns dos aquinhoados com “os lotes” – na realidade

gigantescos latifúndios – sequer tomaram posse deles.Provavelmente pressentindo, com razão, que não passavam de um imensopresente de grego. Ou seja, um descomunal e pesado fardo.

Em 1555, seis anos depois da chegada de Tomé de Souza, já se achandocom direitos adquiridos após sucessivas invasões os franceses fundaram oForte Coligny, na Baía de Guanabara. Além de ousados, ao escolherem o lugar provaram ser, mesmo, adoradores das belezas naturais do Brasil. E foram além: anunciaram, com exagero e estardalhaço, a criação da França Antártica, uma rude paliçada com frente voltada para o Pão de Açúcar.

Os anos seguintes foram de enfrentamentos entre osportugueses, apoiados pelos índios Temiminós,liderados por Araribóia; e os franceses, auxiliados pelos Tamoios. A batalha final aconteceu em 1567, dois anos após a fundação do Rio de Janeiro porEstácio de Sá. Vitoriosos, os portuguesespremiaram, com terras, dois aliados pela heróica participação no episódio da expulsão dos franceses: Araribóia, que recebeu áreas onde hoje fica Niterói; e Cristóvão Monteiro, agraciado com um lote da Capitania de São Vicente que abrangia uma extensa área que incluía o território agora pertencente ao Estado do Rio de Janeiro.

Araribóia, que segundo as más línguas não sabia nadar, teve tempo de curtir, talvez sentado na praia, mas longe das ondas, a paisagem do Rio do ponto em que ela é

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Epiphillum phillanthus (Linnaeus) Hawort.var.Phillanthus

Também chamado de Flor-de-baile, rabo-de-arara, rabo-de-jacaré, ou dama-da-noite. Suas floressão noturnas e se abrem com agradável perfume, apenas por algumas horas, até serem polinizadas. Erva articulada, Epífita, ereta, com o passar do tempo pende devido ao peso de seus ramos. O troncoprincipal cilíndrico, delgado.

A planta é verde-escura, com margem avermelhada, bordas dentadas, com nervura bem visível. Botões amarelados, de cremes a branca. O fruto é uma baga ovada, com sulcoslongitudinais, como costelas e cor é roxo-claro, passando a pink, com costelas verdes na base.A polpa, adocicada, é muito apreciada por pássaros. As sementes são pretas, brilhantes.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / CACTuS

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Annona squamosa

Ceiba speciosa

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considerada uma das mais belas – ou seja, do lado direito da entrada da Baía. Mas o outro herói, o novo donatário de São Vicente, não

tirou bom proveito do presente: consta que, ainda em 1567, sua viúva doou aos jesuítas a parte que lhe coube daquele malfadado latifúndio.

Não se sabe se os dinâmicos padres jáhaviam se instalado nas áreas próximas

ao Rio, ou se o fizeram a partir do gestoda bendita senhora. Mas o fato é que, anos antes

ou anos depois, eles passaram a explorar as terras baixas ligadas, em vários pontos, à Baía. Se foi por obra e graça da doação, então louvada seja a viúva, pois os laboriosos padres sacudiram a região da Baixada Fluminense e terras circunvizinhas.

Metódicos, quando se subdividiam para buscar novos espaços, levavamtudo o que de útil podiam carregar: ferramentas, burros, bois, galinhas, sementes, e um número considerável de índios catequizados, muitos dos quais prontos para assumir tarefas como o cultivo de lavouras e criação de gado.A julgar pelo que está em alguns livros, pode-se dizer que a mão-de-obra por eles utilizada era dócil. Há quem afirme que os índios ganhavam partedo que colhiam. Outros questionam o próprio processo de catequização. Mas essa é uma discussão que não cabe aqui.

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Tabebuia chrysotricha

Eugenia brasiliensis

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As Árvores

A palavra árvore significa uma planta lenhosa, com ramos secundários e de grande porte, altura mínimade 6m (uma sequóia pode chegar a 100m de altura), que forma ramos acima do nível do solo, diferente das palmeiras que não possuem ramos secundários e não são lenhosas, e dos arbustos, que são de menor porte em relação a árvore e se ramificam desde o solo. Algumas árvores podem viver milhares de anos. Um dos cartões postais de Paracambi, são as belas e velhas árvores de oitis que formam a alameda da Avenida dos Operários.

Annona squamosa

Da família das Anonáceas, tem como nomes populares, pinha, fruta-do-conde, araticum e condessa.Árvore de até 6 m. de altura, de crescimento rápido, com flores e frutos durante quase todo o ano,se propaga através de sementes que produz em abundância. Seu fruto é verde quando jovem e vai ficando amarelo a medida que amadurece, é alimento para os pássaros e sagüis, que brigam entre sipor seus frutos.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / ÁRVORES

Ceiba speciosa

Da família das Bombacácea, também conhecida por paineira, árvore da paina, ou paina de seda.Espécie brasileira, de até 30 metros de altura, com grandes flores rosadas, que se destacam dentroda mata quando florida. De folhas compostas digitadas, tronco espinhento (na verdade estes não são espinhos, mas acúleos que caem com facilidade) verde quando jovem, e cinzento quando adulto.

Os frutos são grandes cápsulas recheadas de paina. Quando maduros, abrem-se soltando flocos que, levadas pelo vento, carregam sementes negras que darão origem a novas mudas. Antigamente, a paina eram coletada e usada para rechear colchões e travesseiros. A espécie aquarelada foi encontrada à margem da estrada no bairro da Capinheira.

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Há registros de que em 1685 já existia, naregião da Baixada, um aldeamento dos jesuítas com o nome de São Francisco Xavier de Taguaí, que continuou habitado mesmo depois que os

padres se mudaram para um ponto mais próximo do mar, na área hoje ocupada pelo bairro carioca de

Santa Cruz. O povoado que deu origem a Paracambi fica perto de onde existiu o núcleo. Tanto que, até

1960, quando se tornou município, Paracambi pertencia a Itaguaí, conhecida, no passado, como aldeia de Taguaí.

Em dois séculos de presença no Brasil, os jesuítas prosperaram tanto quepraticamente tornaram-se independentes da Igreja e da Coroa portuguesa.Em várias regiões entraram em atritos com colonos que, por não terem condições de comprar escravos vindos da África, insistiam em capturar índios. Os padres eram contrários a isso. As divergências agravaram-se e Portugal, jáinsatisfeito com as freqüentes e explícitas manifestações de autonomia dosmissionários, deu ordens para que fossem expulsos. Certamente, um dos mentores da idéia, o Marquês de Pombal, figura poderosa na corte de Lisboa, não se fez de rogado: em 1754, mandou executar, semdemora, o castigo, talvez antes mesmo de qualquer repercussão externa. Cinco anos depois, os bens dos jesuítas foram revertidos à Coroa. Inclusive o latifúndio

que abrangia trechos da Serra do Mar e da Baixada. As terras ganharam novo nome: Fazenda Imperial. Em várias pontos foram surgindo,

nas décadas seguintes, por meio da venda ou dearrendamento de lotes, prósperas áreas de

cultivo de lavouras e criação de gado.

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PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / ÁRVORES

Tabebuia chrysotricha

Família das bignoniáceas. Árvore de até 10 m de altura, com flores amarelas, que caem com facilidade com o vento, durando, às vezes, apenas um dia. Folhas verde-escuro indumentadas. Frutos em forma de favas, verdes quando jovens, e castanhos quando maduros,. Abrem-se liberando muitas sementes brancas e palhosas que são espalhadas pelo vendo. Ao cair no chão podem germinar.

O exemplar aquarelado foi encontrado no Bairro Boqueirão. É comum nas matas da Cascata, São José e Saudoso, inclusive nas cores roxa e branca.

Eugenia brasiliensis

Família das mirtáceas. Conhecida como grumixama, cumbixaba, grumixaba, ibapoiroiti, ou cereja do Brasil.

Árvore de até 6 metros de altura, de crescimento, casca lisa e fina com folhas opostas que medem de 4 a 20cm de comprimento por 2 a 10cm de largura. Produz de quatro a seis flores brancas, agrupadas na base das folhas. Seus frutos são arredondados de cor roxo-escura, avermelhada ou amarelos, contendo uma semente. Os frutos apresentam sabor ácido. Existem duas variedades: uma de frutos grandes e polpa vermelha e outra de frutos pequenos e polpa branca. Muito apreciados por pássaros e sagüis. A planta reproduzida na aquarela foi encontrada na mata atrás da Fábrica. Ocorre, também,nas matas da Cascata e São José.

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Dumortiera hirsuta (Sw.) Nees

Sematophyllum subsimplex (Hedw.) Mitt.

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Quando D. João VI chegou ao Rio de Janeiro, em 1808, a sede da fazenda de Santa Cruz tornou-se mais famosa ainda: o príncipe regente fez dela um de seus locais preferidos para passeios. O entusiasmo da família imperial era tão grande que D. Pedro I teria escolhido o lugar para passar sua lua-de-mel. Ali perto, a fazenda Ribeirão dos Macacos virara passagem obrigatória de tropas que traziam produtos de Minas Gerais, através da Serra do Mar. O Brasil enterrara, há tempos, o ciclo da cana, que tinha o Nordeste como o maior produtor.

O palco da vez era o Vale do Paraíba, onde o café encontraria clima propício para desencadear novo ciclo de riqueza, tendo como marco 1825. Quatro anos depois da partida de D. João VI e três após Pedro I proclamar a Independência do Brasil, Vassouras, Paulo de Frontin e Mendes, vizinhas do povoado, viviam momentos de euforia. O cantinho estratégico ao pé da Serra do Mar refletia isso: por ele desfilavam, rumo ao Rio, sacas e mais sacas do ouro negro.Três décadas à frente, ele começaria a experimentar, também, longos anos de glória.

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Não é difícil imaginar a emoção que os moradoresdo povoado sentiram, ao ouvirem, pela primeira vez, o apito do trem anunciando sua chegada à estação. E antecipando a vinda de coisas inesperadas. E nem se

pode dizer que, em 1861, o transporte era uma novidade na região: a pouca distância dali, Belém (hoje Japeri),

já estava ligada ao Rio por uma via férrea que entrara emfuncionamento três anos antes.

De qualquer forma, o trem era uma conquista recentíssima no Brasil: a primeiraestrada de ferro fora inaugurada em 1854, entre Porto Estrela, em Mauá (hojedistrito de Magé), e Raiz da Serra, em Petrópolis. Ao ordenar a sua construção,D. Pedro II acabou - mesmo que sem querer – unindo o útil ao agradável. Passava a contar, então, com um meio mais rápido e confortável de chegar a Petrópolis, a queridinha da família imperial.

O monarca ia do Rio a Porto Estrela de embarcação; e de lá ao pé da serra na “luxuosa” Baronesa, nome dado à maria-fumaça fabricada na Inglaterra em 1852. O resto do caminho tinha que ser feito de carruagem. Logo depois, no entanto, o tempo de

viagem encurtaria mais ainda: a estrada de ferro foi estendida ao topo da serra. Na verdade, a região onde hoje fica Petrópolis foi “descoberta” por D Pedro I,

durante viagem à Serra dos Órgãos, em 1822. Encantado, comprou uma fazenda lá em cima. Oitenta anos antes, o histórico Caminho

Novo já passava por lá. Assim, não se pode negar: antes de ser um excelente local de veraneio, o lugar era considerado ponto estratégico de ligação com o interior do país.

D. Pedro II ainda deu outro empurrão para ajudar a desenvolver a região: determinou, por decreto, em 1843 (11 anos

antes da via férrea ser aberta), o assentamento de uma “povoação” e a construção de um palácio. E assim, plantada em terras nobres, nasceu Petrópolis. E a Serra dos Órgãos começou a

ser transposta por trem.

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As Briófitas

As briófitas compreendem as hepáticas, antóceros e musgos. São plantas pequenas, que vivem sobrerochas, solo, troncos ou ramos de árvores, em locais úmidos porque necessitam de água para a fecundação. Estão amplamente distribuídas no mundo, ocorrendo desde o Ártico até às áreas tropicais, mas não é encontrada no ambiente marinho. São criptógamas (plantas sem flores), avasculares (sem sistema de condução) e não apresentam controle sobre a perda de água. Estão entre as mais antigas plantas terrestres (300 milhões de anos), sendo o segundo maior grupo de plantas terrestres (cerca de 15.000 espécies). Ciclo de Vida O ciclo de vida é caracterizado pela alternância de duas gerações (gametofítica e esporofítica) queapresentam forma, função e número cromossômico distintos. A geração livre e dominante é a gametofítica (produtora de gametas), enquanto a esporofítica (produtora de esporos) é dependente do gametófito, permanecendo aderida a este e retirando dele os nutrientes. Hepáticas

As hepáticas são plantas pequenas, folhosas ou talosas, que habitam os ecossistemas terrestres, como as outras briófitas. Receberam esta denominação devido à semelhança morfológica com o fígado.

Dumortiera hirsuta (Sw.) Nees

Hepática talosa, cresce prostrada sobre o solo ou pedras próximo à água, formando extensos tapetes. Talo de coloração verde-clara a verde-escura, plano, apresentando quilha bem delimitada pelo tufo de rizóides ventral, sem poros e com escamas ventrais reduzidas ou ausentes. Arquegônio e anterídio num disco elevado por um pedúnculo.

Musgos

Os musgos diferem das hepáticas e antóceros pelo gametófito, que é composto de um eixo com algumas ramificações (caulídio) e estrutura parecida com pequenas folhas chamadas de filídios, dispostos em espiral; e pelo esporófito, que apresenta seta firme que eleva a cápsula composta por dentes, com a função de regular a dispersão dos esporos.

Sematophyllum subsimplex (Hedw.) Mitt.

Plantas delicadas, com coloração verde-clara a verde acinzentada, crescendo em tapetes, sobre base do tronco de árvores e superfície rochosa. Seta alongada, lisa, avermelhada.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / BRIóFITAS

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Pistia stratiotes

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Trichomanes rupestre (Raddi) Bosch, Ned.

A simpática Baronesa, ao que tudoindica, desembarcou no porto doRio com selinho de nova. Ou, no

mínimo, pouco rodada. Entraraem circulação dois anos após ser

construída, como foi dito, poringleses. Sim, os pioneiros da Revolução

Industrial, desencadeada no início do Século XVIII com a invenção de notáveis máquinas, como alocomotiva, e a reinvenção ou adaptação de outras.

Foi assim que em 1785 os ingleses lançaram um imenso e moderno tear mecânico tocado por energia a vapor. A Inglaterra era dona da chave do sucesso: possuía imensas reser-vas de carvão mineral para gerar energia e de jazidas de minério de ferro para obter metal e construir máquinas. Em 1823, eles fundaram a primeira fábrica de tecidos do mundo.

Durante anos, a tecelagem inglesa utilizava lã, mas depois, com amecanização, as indústriaspassaram a usar algodão importado. Permitam (mais uma vez) insistir: predestinado recanto. Sim, ele estava no caminho dos ingleses.A Estrada de Ferro D. Pedro II, que estendera, a partir de Belém (Japeri), um ramal até o povoado, fora planejada por um engenheiro inglês.

Coincidência, ou um

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emaranhado de interesses, não importa: foi o mesmo engenheiro quemrecebeu, poucos anos mais tarde, a incumbência de realizar estudos para o empreendimento que se tornaria a glória, o orgulho e a base da sustentação econômica do lugar e de parte de uma região: uma moderníssima fábrica de tecidos de algodão com 400 teares e capacidade de empregar muita gente.

Certamente, o técnico conhecia a posição estratégica de Ribeirão dos Macacos. E também seu potencial em matéria de recursos naturais: matas para alimentar, com carvão vegetal, as caldeiras do trem e, também, as de uma fábrica. Efartura de quedas d’água para gerar energia hidráulica e mover turbinas.

Ao que tudo indica, ao criar a estrada de ferro ligando o Rio à Baixada,D. Pedro II tinha em mente a mesma idéia aplicada na Serra dos Órgãos:a transposição de montanhas para atingir outras regiões. Não mais em lombode burros, carros de boi ou carruagens. No caso, a meta era atravessara Serra do Mar usando a descomunal força do trem.

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As Pteridófitas

As Pteridófitas compreendem as samambaias, avencas e plantas afins, são terrestres, aquáticas ou epífitas. Estima-se que no mundo exitam perto de 12 mil espécies, das quais cerca de 3.250 ocorrem nas Américas e 30% podem ser encontradas no Brasil. O termo ‘‘samambaia” tem sua origem no tupi-guarani, sendo usado apenas no Brasil. Formam um grupo vegetal com vasos condutores de água e nutrientes, que não produzem sementes. Seu ciclo de vida é dividido em duas fases distintas e independentes. As plantas que conhecemos com folhas, caule e raiz constituem a fase de maior duração e se reproduzem por esporos. Eles estão contidos em estruturas arredondadas (esporângios) que reunidos formam os soros, geralmente amarelados ou castanhos, localizados na face de baixo ou na margem das folhas. Os esporos não são sementes, e sim uma estrutura de reprodução unicelular. Espalhados pelo vento, os esporos caem no solo e germinam dando origem ao protalo (gametófito), uma estrutura membranácea de poucos centímetros de tamanho que produz gametas. Esta constitui a segunda fase de vida das pteridófitas, que é curta e dará origem a uma nova planta.

Trichomanes rupestre (Raddi) Bosch, Ned.

Possui folhas com mais de 10cm de comprimento; pecíolos curtos; lâmina, verde clara. Ocorresobre pedras em áreas úmidas e sombreadas, próximas a cursos d’água, entre 200 e 500m de altitude. Distribui-se do Sul do México a América do Sul no, Brasil do Amazonas,ao Rio Grande do Sul.

Araceaes

Família botânica composta por 109 gêneros e cerca de 4000 espécies. É comum nos trópicos das Américas, mas se distribui também nas regiões temperadas européias. Dentre as mais conhecidas estão os antúrios, o copo-de-leite, o inhame, o comigo-ninguém-pode, a jibóia e costela-de-adão. A maior inflorescência do mundo pertence a uma arácea, o Amorphophallus titanum, conhecido como flor-de-cadáver ou gigante-fétida. São plantas terrestres ou epífitas, raramente aquáticas como a Pistia stratiotes, conhecida como erva-de-santa luzia.

Pistia stratiotes

Família das Aráceas. Tem como nomes populares, alface-d’água, mururé, pajé, Santa Luzia, flor-d’água, golfo, lentilha-d’água, repolhinho-d’água. Planta aquática flutuante muito rústica, de folhas verde-claras, aveludadas e macias de até 20 centímetros. De multiplicação rápida, gosta de lugares com sol e calor, e de águas limpas, o que a torna um bom indicativo de ausência de poluíção. Multiplica-se por mudas que saem da planta mãe e por sementes que resistem à inundação e à seca, pois podem ficar dormentes durante um longo tempo, nascendo rapidamente após a volta das chuvas. Esta planta era muito freqüente nos açudes de Paracambi, mas agora quase não é vista.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / PTERIDóFITAS / ARACEAES

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Bisavós, avós, pais, filhos, enfim, gerações passaram pela Brasil Industrial desde que ela entrou emfuncionamento. Segundo José Ferreira da Cunha,isso permitiu que moradores de Paracambi conhecessem,

desde pequenos, histórias de épocas remotas sobre a fábrica e o impacto que ela causou na região.

José conta, com detalhes, que o primeiro prédio construído pela fábrica, na década de 70 do século XIX, pegou fogo e que o segundo (e atual) foi

erguido mais próximo da encosta onde é captada a água geradora da força motriz que tocava as turbinas. “A fábrica era o coração da cidade. Gerava emprego, produzia tecido, sustentava a economia e atraía ou fortalecia outros empreendimentos. Enchia a gente de

orgulho. Mas ali dentro – ele aponta o belo prédio de tijolos maciços expostos – houve também

momentos de tristeza, de dor”.

Muito pequeno, o ex-operário não conheceu o pai, um espanhol que trabalhou, como construtor, em obras

de ampliação da fábrica e morreu logo depois que José nasceu. Ele foi criado pelo

padrasto, um operário que teve metade de um dos braços “engolido” pela máquina de

cordas, a mais traiçoeira dentre todas as instaladas na fábrica. Horrorizado, viu um jovem perder, em 1978, os dedos no momento

em que foi tentar limpar uma peça com fama de devoradora de mãos. “Eu quem

tive que catar as pontas dos dedos presas entre as garras da fera”, conta.

Outro ex-operário da Brasil Industrial, Leonam Glória Oliveira, 76 anos,

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O abençoado recanto de pé de serra dormiu verde e acordou envolto na aura dourada do progresso. Do momento em que o primeiro apito do trem emocionou os moradores do lugar,

aos dias em que apitos mais insistentes passaram a anunciar a presença de um outro ícone da revolução industrial - a

fábrica de tecidos de algodão - transcorreu uma década. Convenhamos, um pulo de nada que virou um belo sonho.

Ou melhor, uma linda realidade.

Passados os primeiros anos de sua entrada em funcionamento, a máquina de rodas de ferro que, no início, transportava principalmente mercadorias do campo para a cidade, começou a despejar, na Estação de Macacos, teares, turbinas, peças de ferro e aço importadas da Europa para a construção da fábrica. Espantoso: o pedacinho encantado convivia com o meio rural e a era industrial na maior intimidade. Não demorou muito e o trenzinho caipira estava trazendo, também, fardos dealgodão vindos de São Paulo e Pernambuco; levando tecidos para os grandes centros consumidores e transportando um outro símbolo da Revolução Industrial: operários. A Companhia Têxtil Brasil Industrial comprara a Fazenda Ribeirão dos Macacos (o povoado era uma extensão da fazenda) e adaptou casas, olarias, galpões, senzalas para instalar sua administração, abrigar operários e oficinas. A sede, recuperada, passou a hospedar um grupo de menores.

Surpreendente: o casarão onde certamente viveu um senhor de escravos virou uma escolinha destinada a formar mão-de-obra infantil para trabalhar, com remuneração, na fábrica. O povoado, sem saber, estava lançando no Brasil outra novidade: o operário-mirim. Numa época em que as pessoas nasciam sem grandes perspectivas de encontrar trabalho, menor na faixa dos 14 anos de idade ter direito a ensino básico e formação profissional era garantia de emprego.

- Foi assim até tempos recentes – conta José Ferreira da Cunha, 75 anos, que começou a trabalhar na Brasil Industrial no dia 14 de janeiro de 1946 e lápermaneceu por mais de 50 anos. Quando entrou, havia centenas de operários.E a fábrica funcionava a todo vapor.

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A área hoje ocupada pelo prédio da antigaCompanhia Brasil Industrial foi aberta no braço:não havia máquinas. Escravos e outros trabalhadores usaram pás, enxadões e picaretas para derrubarbarrancos, afastar a borda da mata e aplainar o

solo. Em meados de 1940, o operário-mirim Leonam conversou, várias vezes, com quatro homens fortes,

negros, que costumavam sentar, nos fins de tarde, em uma mureta na entrada da fábrica.

- Eles trabalharam, por muitos anos, no transporte de cargas entre a estaçãoe a fábrica. Passaram parte da vida carregando, nas costas, enormes fardosde mantimentos. Idosos, gostavam de rememorar casos, coisas que presenciaram ou então ouviram dos pais e avós. Inclusive sobre a construção do prédio. Certamente, eram descendentes de escravos.

Os tijolos do prédio principal – com um amplo subsolo, três pavimentos,torres e dezenas de janelas - foram trazidos de Madri. Pequenos, maciços,expostos, embelezam até hoje a parte externa da antiga fábrica. Um projetoimpressionante: além da imponência de suas linhas, é cercado por umaimensa área verde, tendo ao fundo um pedaço da Mata Atlântica.

A construção de casas para operários, ainda no século XIX, foi outro fatonovo num país de economia e costumes predominantemente rurais, que

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confirma o costume da fábrica de capacitar jovens para o trabalho. “Um dia, o Dr. Antônio Botelho Junqueira, diretor da companhia de 1928 a 1955, mandou me chamar em casa para trabalhar. Ele não gostava de ver criança na rua”.

Leonam começou no início da década de 40. O pai e a mãe já eram operáriosda Brasil Industrial. Tinham saído de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, com emprego garantido e trazendo filhos e um genro.“Doutor Junqueira tinha olheiros para procurar família grande, pois sabia que assim poderiapreparar jovens e, ao mesmo tempo, assegurar a permanência das pessoas no lugar. Ele mandava operários de sua confiança viajar ao Espírito Santo e Minas Gerais com essa missão. Meu pai fez várias viagens assim. Garantia casa eemprego, e a promessa era cumprida sem falha”, recorda Leonam.

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As mesmas mãos que assinaram a Lei Áurea, pondo fim à escravidão no Brasil, autorizaram o funcionamento da Companhia Têxtil Brasil Industrial, marco do início da expansão das grandes

fábricas de tecidos no país. Além deixar seu nome num alvará que acabou virando documento histórico, a

Princesa Isabel teria honrado o povoado com sua presença, por ocasião das duas visitas que a família imperial fez ao lugar.

Outros documentos, sem o timbre da nobreza, iriam marcar, ao longo das décadas seguintes, a chegada de mais empresas de porte. Na década de 50, a Companhia Siderúrgica Lanari se instalou na então Para-camby. Mas Rio e São Paulo haviam se transformado em poderosos pólos industriais e atraíam, cada vez mais, investimentos. O cenário econômico era outro e o lugar, que no passado parecia ter a força de um ímã para atrair o progresso, dava sinais de que perdia fôlego.

A Brasil Industrial mudara de donos: o diretor Antonio Botelho Junqueira, que ficaria na memória de uma geração inteira de operários, inclusive na dos que ainda vivem e conheceram a fase áurea da companhia, estava indo embora. O poder agora passara às mãos do grupo Othon Bezerra de Mello. A Baixada Fluminense ganhava novas características: estava deixando de ser produtora de laranja, abandonara outras lavouras e passava, cada vez mais, a ser fornecedora de mão-de-obra para a capital do país, o Rio de Janeiro.

No ano em que Brasília se tornou a capital do Brasil (1960), Para-camby conquistou sua emancipação

política-administrativa. Unindo-se à vizinha (e quase gêmea) Tairetá, sétimo distrito de Vassouras, virou Paracambi, sem hífen e y. Na verdade, pelo seu passado, o antigo povoado merecia o título de município desde que o país adotara esse forma de divisão territorial.

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apenas ensaiava seu ingresso na era industrial. Os trabalhadores pagavam um aluguel simbólico. Os imóveis, construídos com tijolos produzidos na região, mais tarde foram adquiridos pelos operários. A Brasil Industrial impulsionavao comércio, a lavoura e também as olarias.

Em meio a tanto movimento, aconteceu de tudo, inclusive o aparecimento de aventureiros, visionários e pessoas fadadas a provocar tragédias. Consta que em 1886 um francês fundou uma fábrica de dinamite que teria explodido e mandado para o ar paredes e gente. Não satisfeito, abriu uma fábrica de cerveja. No dia da inauguração, a bebida intoxicou dezenas de convidados.

Houve um período em que a Fazenda do Sabugo tornou-se poderosa: depois de fornecer tijolos para as indústrias locais, passou a exportá-los. O povoadoganhara, em 1911, ao conquistar a condição de terceiro distrito de Itaguaí, o nome de Para-camby. Sabugos começou a exportar, também, caixas de laranja para a Argentina.Tudo no trenzinho que parava em Japeri para fazer a baldeação de passageiros e cargas. “O Ribeirão dos Macacos ficava amarelo, de tanta laranja que caía das áreas próximas a sua margem e rolava para o seu leito”, relembra Leonam Glória Oliveira.

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Os anos 60 já não seriam tão dourados para a laureada Paracambi. E nas décadas seguintes foram ganhando tons sombrios. O fantasma do desemprego pairava no ar. Pelo porte da companhia, a imponência do prédio e a fama nacional conquistada logo depois de entrar em funcionamento,

a Brasil Industrial sempre fôra o centro das atenções, osímbolo do sucesso. Agora, era motivo de preocupações.

Na verdade, desde os tempos em que ainda era um povoado, Paracambi contava com outra fábrica, a Tecelagem Santa Luísa, instalada em 1891. A companhia, bem menor que a pioneira, produzia sacos de aniagem. Em 1924, foi incorporada por outra indústria, a Fábrica de Tecidos Maria Cândida. O lugar havia seacostumado a conviver com empreendimentos importantes.

Em 1980, a Companhia São Pedro de Alcântara, com sede em Petrópolis, com-prou a Brasil Industrial. A saída de operários em busca de emprego em fábricas do Rio de Janeiro se acentuava cada vez. José Ferreira da Cunha e Leonam Glória Oliveira, colegas de trabalho desde a adolescência, acompanharam esse processo com dor no coração. “Os filhos, as pessoas mais novas, iam tentar a vida no Rio, na fábrica Nova América, em Bangu, mas os velhos ficavam”, conta Leonam.

José Ferreira saiu quando muitas máquinas já haviam sido levadas do prédio. Uma semana antes, assistiu à palestra que lançou a pá de cal nos ânimos debilitados dos operários. “O clima era de melancolia quando o Dr. Hermano Pinto Neto, representante da companhia, enumerou os obstáculos enfrentados. Ele destacou, como exemplo, o caso de uma matéria prima sintética usada na produção de um pano viscoso. O custo do metro para a fábrica era muito superior ao do rolo que a China colocava no mercado brasileiro”.

Do glorioso prédio de onde, por mais de um século, saíram toneladas de tecidos, José Ferreira, Leonam e outros antigos operários viram peças inteiras serem transportadas diretamente para ferros-velhos, como coisas inúteis, máquinas imprestáveis. Era o fim dos tempos de euforia e o início da fase de incertezas.

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O cenário, apesar deslumbrante aos olhos de visitantes, era deprimente para quem chegou a ver o prédio com as janelas abertas, salas dominadas pelo som dos ruídos de máquinas, vozes dos operári-os e pátios movimentados. Fechado, envolto por um silêncio assustador, muitos que vivenciaram, ali, a época de certeza de trabalho, evitavam olhar para aquele cenário desolador.

Segundo um morador, algumas crianças chegaram a inventar uma brincadeira ingênua, mas que soava como uma canção de martírio aos ouvidos de antigos operários que costumavam passear no bosque em frente ao prédio. “Os meninos gritavam e o eco, que é o reflexo da solidão, repicava por todos os cantos”. Mas se havia sensação de agonia, havia também o sonho de que ao menos o prédio pudesse ser utilizado em benefício da cidade. A esperança venceu: a inauguração, em 2002, pela prefeitura do município, de um centro de ensino na antiga sede da fábrica mexeu com a auto-estima da população. De fábrica do progresso, a palácio do eco e templo do saber foram fases extremas: de estabilidade, incertezas e, por fim, de fim de pesadelo.

Nos tempos de glória, a fábrica atraiu pessoas de diferentes partes do país, que chegavam em busca de emprego. No de incertezas, saiu quem pôde. Nos últimos anos, o trem de Paracambi, que no passado transportava operários, passou a trazer e levar estudantes. A Fábrica do Conhecimento, como é chamada agora, mantém convênio com os governos Federal e Estadual e tem metas surpreendentes. E também é palco de cenas emocionantes.

No prédio funcionam três centros de educação (Cetep, Cederj e Cefet), o Instituto Superior Tecnológico (IST), uma escola de

música, um planetário, um espaço de Ciências e outro para qualificação profissional da população de baixa renda. No

IST, um grupo de alunos escreveu um livro com depoimentos de moradores sobre a história da cidade.

Alguns desses estudantes são de fora, o que revela um aspecto marcante no Centro de Ensino: o espírito de integração.

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São plantas que possuem caule incapaz de se sustentar em posição ereta. Possuem caules maleáveis, crescem rapidamente sobre as árvores para alcançar a luz no topo das árvores. Podem ser escandentes, quando se enrola e prende-se a outra planta, pode apresentar gavinhas ou possuir raízes grampiformes pra se prender. Ou apenas apoiar seus ramos em outra planta. As mais comuns e populares são: Uvas, maracujás, chuchu e jibóia.

Cresce apoiando-se e emaranhando-se em outra planta ou substrato, pois não possui órgão de fixação. São chamadas de aéreos trepadores, quando a planta não possui estrutura de fixação, como as gavinhas do maracujá e do chuchu, ou raízes como da hera, ou espinhos que a ajudam a se fixar.

Sapindáceae

Paullinia Meliifolia Juss.

As Sapindáceas possuem distribuição cosmopolita e incluem cerca de 140 gêneros e 1600 espécies. No Brasil há cerca de 24 gêneros e 400 espécies. Podem ser árvores, arbustos, ou trepadeiras (lianas). Com fruto variável, em forma de cápsula, baga ou drupa (semente única). Uma das principais e mais conhecidas espécies da família é o guaraná.

PLANTAS DAS MATAS DE PARACAMBI / LIANAS / CIPóS E TREPADEIRAS

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Pois saibam que o célebre Villa-Lobos provavelmente ficaria arrepiado se ouvisse, saindo pelas janelas do enorme subsolo da antiga fábrica de tecidos de Paracambi, sons de piano, violão, flautas e outros instrumentos; encantar-se-ia com as vozes de crianças, adolescentes e avós reunidas num coral. E não disfarçaria o orgulho, ao ver que a escola de música ali instalada leva seu nome, conta com 500 alunos e ainda por cima tem uma simpática e competente banda.

- Aqui não há preconceito de idade, cor e condição social – diz Rosimara Fonseca Silva, moradora de Nova Iguaçu que sempre quis estudar música, mas não pôde por falta de condições financeiras. Durante anos, ela trabalhou em casa, como bordadeira. Com a inau-guração da Escola de Música Villa-Lobos, passou a ir, uma vez por semana, a Paracambi.

O curso que freqüenta, de teoria e canto, tem duração de dois anos. Mas a entusiasmada avó Rosimara não quer parar: decidiu fazer canto e percussão. Uma forma de realizar o que desejou desde menina e, ao mesmo tempo, um jeitinho de protelar a convivência com pessoas que jamais imaginara conhecer.

Thereza Bottoni dos Santos, cinco netos, trabalhou 40 anos como professora. Hoje estuda teclado na Villa-Lobos. Como Rosimara, também integra o coral. O mesmo onde canta Bruno Fernandes Pinto, 17 anos, que aprendeu piano ainda criança e toca violão há 12 anos.O jovem, que não mora em Paracambi e entrou para a Villa-Lobos, não tem dificuldade em dividir voz e espaço com alunos de idades diferentes: “Aqui, todos respiram música”.

Um espaço assim, livre de preconceitos e impregnado de notas musicais, é a síntese perfeita do que o magistral regente deve ter imaginado para o Brasil, ao por em prática, há quase 80 anos, seu ideal de tornar a música um sonho ao alcance de todos.

Ultimamente, aos sons de vozes e instrumentos que saem da escola de música e chegam aos jardins da antiga fábrica tem se juntado, vez ou outra, o canto de um velho conhecido dos ex-operários que ainda freqüentam o lugar: um pássaro de cabeça e pescoço pretos e corpo cor de vinho. Tímido, ele fica escondido na copa de uma mangueira. Para muitos, sua presença, embora discreta, indica que em breve a cidade terá, também, um afinado coral formado por descendentes de seu idolatrado (e quase extinto) tenor alado, o curió paracambi.

Consagrado no exterior como compositor e regente, Heitor Villa-Lobos voltou ao Brasil, depois de morar na França e nos Estados Unidos, para realizar um antigo sonho: tornar a música aberta à participação

de diferentes camadas da população brasileira. Determinado, como todo idealista, chegou a reunir, em

São Paulo, em 1931, 12 mil pessoas no que chamou de concentração orfeônica. Mais tarde, bateu seu inusitado recorde: regeu corais com até 40 mil vozes no Rio e criou, em 1942, o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.

Autor, dentre outras obras, das Bachianas Brasileiras e, em outro ciclo, de 14 com-posições reunidas sob o título de Choros, o maestro não se dedicava apenas a projetos grandiosos. Percorreu, a partir de 1905, o interior do país, visitou vilas e povoados para conhecer manifestações folclóricas e - de coração e talento de tamanhos iguais - enxergou beleza e criatividade nos cantadores e nos anônimos tocadores de flauta de bambu e outros instrumentos rústicos. Enfim, coisas que olhos comuns não valorizavam.

Ao morrer, em 1959, já havia recebido inúmeras homenagens e conquistara status de gênio da música, sobretudo por sua capacidade de mesclar o clássico e o popular com rara originalidade. Certamente devia esperar que seu ideal não ficasse apenas no plano do reconhecimento, geraria sementes. Ou seja, que sua obra musical e os projetos que executou continuariam inspirando iniciativas, revelando talentos e abrindo espaços para pessoas que apenas desejam fazer da música um meio de conquista da paz, da convivência cordial, da alegria de viver.

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Maria Alice de Rezende (ilustrações e descrições botânicas)

Graduada em Artes Plástica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria Alice trab-alha como ilustradora do Projeto Cores-Conservação Das Orquídeas Em Risco De Extinção, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), e do Projeto Ilustração em Aquarela da Flora do Parque Curió, em Paracambi. Produz ilustrações em nanquim para publicações científicas no JBRJ, e tem experiência na área de artes, com ênfase em desenho e aquarela, atuando prin-cipalmente nos seguintes temas: ilustração botânica, apoio à pesquisa, arte/ciência.

Maria Alice ganhou importantes prêmios em reconhecimento ao seu trabalho, como a bolsa de estudo da Fundação Botânica Margaret Mee para aperfeiçoamento em ilustração botânica no Royal Botanic Garden, na Inglaterra, em 2004, e foi agraciada com menções honrosas em concursos e gincanas de artes. Quatro de suas aquarelas estão em ex-posição permanente no Bromeliário Burle Max (JBRJ), enquanto outras obras da ilustra-dora já foram exibidas em países como Japão e Inglaterra.

João Baptista de Freitas (texto histórico)

João Baptista começou sua carreira na Tribuna da Imprensa, em 1964. Foi correspon-dente do Jornal do Brasil na Amazônia, onde permaneceu por sete anos, sendo um dos primeiros jornalistas a escrever sobre ecologia no Brasil, nos idos dos anos 60. Seu trabalho pioneiro recebeu o reconhecimento do Governo do Estado, na década de 80, quando João ganhou um prêmio pela série de reportagens em que abordou o problema da poluição do Rio Paraíba do Sul. Suas matérias desencadearam um processo de con-scientização sobre a necessidade de se cuidar melhor da natureza.

Por conta de suas andanças como jornalista, João conheceu povos indígenas como os Tu-canos, Macus, Apurinãs, Ticunas, Sateré-Maués, Ianomâmis, Waimiris-Atroaris, Xavantes, Bororos e Guaranis. Ele esteve por três vezes na África, a fim de retratar os parques nacionais, com sua exuberante fauna e flora. Trabalhou, também, como redator e editor do Jornal O Dia. Além da arte de escrever, João descobriu uma nova faceta do seu tal-ento: a pintura. Reproduz nas suas telas, preferencialmente, as mais variadas espécies de pássaros, uma de suas grandes paixões.

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Bibliografia Luizi-ponzo, Andréa Pereira Glossarium polyglottum bryologiae - versão brasileira do Glossário briológico / Andréa Pereira luizi-Ponzo, coodenadora...[et al.]. - Juiz de Fora: Ed. UF JF, 2006 Henrique, Anaíze Borges Botânica 1 v. 1 / Anaíze Borges Henrique. Rio de Janeiro; Fundação CECIERJ. 2005

Souza, Vinícius Castro Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II / Vinícius Castro Souza, Harri Lorenzi .=. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2005 Leme, Elton M. C. Nidullarium Bromelliads of the Atlantic Forest . Hamburg Donnelley Gráfica Editora for GMT Editores 2000.

Mee, Margaret, 1909-1988 Bromélias brasileiras / São Paulo: Instituto de Botânica de São Paulo, 1999. Mee, Margaret 1909-1988 Margaret Mee´s Amazon . Antique Collector´s Club in association with The Royal Botanic Gardens Kew, 2004. Rodrigues, João Barbosa, 1842-1901 Sertum palmarum brasiliensium, ou, relation dês palmiers nouveaux du Bresil; decouverts, décrits et dessirés d´aprés Nature / par J. Barbosa Rodrigues. Rio de Janeiro. Expressão e Cultura 1989.

Glossário de termos técnicos presentes na obra

Arquegônio-gametângio ou órgão sexual feminino. Uma estrutura multicelular, em forma de garrafa.Anterídio- gametângio ou órgão sexual masculino; estrutura globosa a largamente cilíndrica, que contém o anterozóide (célula reprodutora masculina, dotada de movimento)Bráctea- folha modificada, em geral colorida e com aspecto intermediário entre folha e pétala.Bifoliada- com duas folhas. Botânica-ciência que estuda os vegetais.Cálice- estrutura em forma de taça, geralmente verdes ou da mesma cor das pétalas.Corola- o conjunto completo de pétalas de uma flor.Espécie- grupo de indivíduos que têm características comuns e se podem cruzar, para procria-ção.Epífita- que se apóiam em troncos, galhos ou cipós.Esporo- unidade reprodutiva, usualmente, pequeno, esférico e geralmente unicelular.Esporófito- geração diplóide produtora de esporos.Família- conjunto de tipos com as mesmas características básicas.Gameta-célula reprodutiva.Gametófito- geração sexual produtora de gametas.Inflorescência-agrupamento de flores num eixo comum a elas; antúrios e lírios produzem inflorescências.Gênero- conjunto de espécies com caracteres comuns. Divisão de família botânica ou zo-oloógica.Hepática- um termo para plantas da divisão Hepatophyta.Herbácea- que tem certas características de erva; que desenvolve pouco ou nenhum tecido lenhoso.Labelo- membrana mediana da corola de uma orquídea, diferente das outra pétalas em cor e forma.Parasita- (vegetal) que se nutre da seiva do outro.Pecíolo- haste de ligação entre a lâmina da folha e o ponto em que ela se insere no caule ou ramo; cabo da folha.Perene- que duram muito.Pólen- pó muito fino, elemento fecundante da flor.Pseudobulbo- porção do caule das orquídeas epífitas que assume que assume aspecto bul-boso no desenvolvimento.Rizóide- estrutura filamentosa semelhante a uma raiz que tem a função de absorção e fixação.Rupestre- relativo a rocha, que cresce sobre os rochedos.Rupículas- que vive nos rochedos.Sépala- cada uma das peças do cálice.Ventral- (de filídios) a superfície acima ou superior. Texto sobre Ceiba speciosa- Texto de Maria Alice de Rezende- Revisão Dr ª Elsie Flanklin

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