Uma analise do filme "Para Sempre Alice" com a maravilhosa atriz Julianne Moore em uma das suas melhores atuaes no cinema pelo qual concorre ao Oscar 2015 como melhor atriz,confesso que estou em dvida e torcendo pra ela ou Rosamund Pike (Garota Exemplar)que tambm d um show de interpretao ganharem a estatueta Dourada.Abaixo a Anlise feito pela Psicloga Patricia Simone Santos.O OLHAR DA PSICOLOGIAFilme sobre Alzheimer no novidade, o tema j foi debatido em outras pelculas. O que h de novo nessa verso? Alm de retratar a doena precoce, em sua verso rara, hereditria, que atinge pessoas em fases mais precoces da vida, o filme nos faz refletir sobre outros aspectos: processo de perda, adoecimento inesperado e relaes familiares. Acompanhar a jornada de Alice no nada fcil. Tocante, emocionante, dramtico, o filme nos faz refletir sobre muitos aspectos, seja sobre o Alzheimer, sobre valores ou qualquer outra doena, que pode ser inesperada e atingir toda a famlia. Existe tambm um aspecto informativo no filme. Por exemplo, minha me tinha o hbito de fazer palavras cruzadas. Ela dizia que isso ajudava a exercitar a memria e evitar algumas demncias. Se existe um aspecto positivo nisso, no tem qualquer relao com a capacidade cognitiva, como pode fazer crer. Talvez, ajude no exerccio da repetio, como uma gravao que firma sua marca, tornando mais difcil perd-la. No filme, quando o marido pergunta a respeito da preocupao com deteriorao acelerada da memria, o mdico diz: Cada caso diferente, casos familiares podem evoluir bem rpido. E, nas pessoas com alto grau de instruo, as coisas podem ser ainda mais aceleradas. Elas sustentam processos mentais por mais tempo, e isso atrasa o diagnstico. Ele afirma, assim, que as pessoas mais inteligentes, ao contrrio do que possa ser esperado, podem ser as que mais se comprometem com o processo. Dentre os interessantes informativos, h tambm a viso do doente. Na cena em que a filha caula pergunta como estar assim, Alice esclarece: No sempre a mesma coisa, tem dias bons e dias ruins. E nos dias bons, quase sou uma pessoa normal. E nos ruins, no consigo me encontrar. Eu sempre fui muito guiada por meu intelecto, pelo meu modo de falar, articulao. E agora, vejo as palavras na minha frente e no consigo me expressar. No sei quem sou, no sei o que mais vou esquecer.Em famlia sempre muito difcil enfrentar os casos de doenas, que sempre so inesperadas. A famlia precisa se reconfigurar diante das mudanas impostas pela doena. Nesses momentos, cada qual reage de forma diferente, alguns membros familiares enfrentam a situao, se adaptando s mudanas como possvel e outros fogem da situao. No se trata de julgar a reao como positiva ou negativa, o mais importante perceber que cada um reage como possvel. Algumas caractersticas, como o tipo de vnculo construdo, o gnero ou a ciclo de vida individual podem contribuir de forma positiva ou negativa neste comportamento. O fato que no fcil para ningum, ser surpreendido com mudanas significativas em suas rotinas que podem fugir ao controle. O quadro diagnstico de Alzheimer, como tantos outros, trar prejuzos significativos no ambiente familiar. A doena se torna familiar. Assim como outras doenas, o enfermo mobilizar seu entorno em funo da progresso de sua afeco. Em um momento da fita, Alice afirma que preferiria ter Cncer, pois assim seria algo visvel, mobilizando a solidariedade e reconhecimento a sua volta. Sua enfermidade traz como consequncia a perda de si mesma, da prpria identidade, que no pode ser reconhecida nem por si, nem pelo outro. Se por um lado, a memria lhe prega peas, tornando difcil prpria identificao, por outro, as pessoas do seu habitat esperam se relacionar com uma pessoa que no mais existe. Em diferentes momentos, Alice sinaliza a importncia de viver o momento presente, principalmente quando a memria remanescente (aquela que ainda resta - a mais antiga a ltima a desaparecer) comea a ser perdida. O processo de luto comea muito antes da perda fsica do paciente, que apresenta perdas progressivas de memria, da mais complexa at a mais simples. Em seu discurso, j com sua memria bastante comprometida, Alice sinaliza a memria como o conjunto de experincias que constri nossa identidade. Ela diz: Eu no estou sofrendo, eu estou lutando, lutando para fazer parte das coisas. Para me manter ligada a pessoa que eu era. Eu digo a mim mesma: Viva o momento. tudo o que posso fazer. Viver no momento. Somos tocados em diversos momentos da fita, que nos faz refletir sobre o valor do temos. De fato, o ser humano tem o hbito de valorizar o que no tem e no dar valor ao que vive ou tem no momento presente. O melhor presente o agora, mas existe uma tendncia a lamentao pelo que ainda no temos ou o que um dia perdemos. Nossas afeces psicolgicas tem direta ligao com esse aspecto, pois quando nossa energia est investida no futuro, algum sintoma de ansiedade nos acompanha. Por outro lado, se nossa energia estiver investida naquilo que no mais existe, no tempo que j passou, os sintomas da depresso podero nos acometer. E o presente, que o nico momento que existe, como habit-lo em sua plenitude? Freud registrou que a falta e o desejo so semelhantes, pois preciso no ter para desejar. bom sonhar em preencher qualquer vazio o que desejamos, entretanto, olhar a falta como um momento paralisante se perder no espao e no tempo, e, perder a nica coisa que temos, o momento presente!! Em nossa viso de mundo, - como prega a abordagem gestltica - preciso apurar nossos sentidos (recuperar nossos sentidos), para que o mundo adquira sentido no nico momento possvel, O AGORA, um PRESENTE que deve ser apreciado. Esta parece ser a melhor mensagem de PARA SEMPRE ALICE. Confira!