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Julho/Dezembro 2004 68 VICTOR GOMIDE Para ler mais Livros que têm a morte como tema são sugestões para quem não tem medo de partir dessa para melhor ara quem ainda não estiver apavorado, morrendo de medo do capeta, tinhoso, sete-pele, de alguma alma penada, de partir dessa para melhor, subir no telhado ou abotoar o paletó depois de tantas matérias sobre a morte, aí vão algumas sugestões de livros que tratam do assunto através do humor, do suspense e da mitologia. Boa leitura. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis – Como o nome já indi- ca, é uma autobiografia. O interessante é que o autor está morto. E toda a retros- pectiva, que começa a partir de sua morte e avalia sua vida, desde travessuras da infância, romances, até a morte da mãe e sua bri- lhante, porém fracassada, invenção que aliviaria a melancólica humanidade: um remédio anti- hipocondríaco que levaria seu nome na emba- lagem. Com a categoria de sempre, Machado de Assis mantém afiados o cinismo e a ironia que lhe são característicos neste clássi- co da literatura. Assassinato no Expresso do Oriente, de Agatha Christie – Pouco depois da meia-noite, uma tempestade de neve pára o Expresso do Oriente nos trilhos. O luxuoso trem está sur- preendentemente cheio para essa época do ano. Mas, na manhã seguinte, há um pas- s a g e i ro a menos. Um milionário americano é encontrado morto em sua cabine, com doze facadas, e a porta estava trancada por dentro. Pistas falsas são colocadas no caminho do carismático, sagaz e bigodudo detetive – belga, é bom que se diga – Hercule Poirot para tentar desviá-lo da ver- dade. Como sempre, ele desvenda o mistério, num dramático e surpreendente desenlace. A dama do crime acer- ta a mão num de seus maiores sucessos, que está na 16ª edição, pela editora Nova Fronteira. Assassinato no Expresso do Oriente tem uma atmosfera tensa e faz o leitor viajar junto com os passageiros na angústia de poder estar no mesmo trem de um assassino ainda desconhecido. Qualquer um pode ser o próximo, inclusive você. Ilíada: a guerra de Tróia, Menelaos Stephanides – O grego consegue, em 248 páginas, apresentar a batalha que foi considerada a maior de todos os tempos: a guerra de Tróia. Apesar da preocupação com a didática, Me- nelaos transmite com habilidade ele- mentos essenciais para o perfeito entendimento da trama, que se origi- nou numa disputa de vaidades entre deusas gregas, se concretizou através da disputa de Páris e Menelau pela mais bela de todas as mulheres: Helena, a única filha de Zeus com uma mortal, e terminou numa legítima tragédia grega. O significado da morte na mitologia grega, as relações entre deuses e mortais e outros conceitos mitológicos são explicados com leveza e simplicidade. Uma ótima opção para quem quer conhecer melhor o assunto. O livro, que está na 3ª edição, faz parte da coleção Mitologia Helênica, da editora Odysseus.

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Julho/Dezembro 200468

VICTOR GOMIDE

Para ler maisLivros que têm a morte como tema são sugestões para

quem não tem medo de partir dessa para melhor

ara quem ainda não estiver apavorado, morrendo de medo do capeta, tinhoso, sete-pele,de alguma alma penada, de partir dessa para melhor, subir no telhado ou abotoar o

paletó depois de tantas matérias sobre a morte, aí vão algumas sugestões de livros que tratamdo assunto através do humor, do suspense e da mitologia. Boa leitura.

Memórias póstumas deBrás Cubas, de Machado deAssis – Como o nome já indi-ca, é uma autobiografia. Ointeressante é que o autorestá morto. E toda a retros-pectiva, que começa a partirde sua morte e avalia suavida, desde travessuras dainfância, romances, até am o rte da mãe e sua bri-

lhante, porém fracassada, invenção que aliviaria amelancólica humanidade: um remédio anti-hipocondríaco que levaria seu nome na emba-lagem. Com a categoria de sempre, Machado deAssis mantém afiados o cinismo e a ironia que lhe

são característicos neste clássi-co da literatura.

Assassinato no Expresso do Oriente, de Agatha Christie – Pouco depois da meia-noite,uma tempestade de neve pára o Expresso do Oriente nos trilhos. O luxuoso trem está sur-p reendentemente cheio para essa época do ano. Mas, na manhã seguinte, há um pas-s a g e i ro a menos. Um milionário americano é encontrado morto em sua cabine, com dozefacadas, e a porta estava trancada por dentro. Pistas falsas são colocadas no caminho do

carismático, sagaz e bigodudo detetive – belga, é bom que se diga – Hercule Poirot para tentar desviá-lo da ver-dade. Como sempre, ele desvenda o mistério, num dramático e surpreendente desenlace. A dama do crime acer-ta a mão num de seus maiores sucessos, que está na 16ª edição, pela editora Nova Fronteira. Assassinato noE x p resso do Oriente tem uma atmosfera tensa e faz o leitor viajar junto com os passageiros na angústia de poderestar no mesmo trem de um assassino ainda desconhecido. Qualquer um pode ser o próximo, inclusive você.

Ilíada: a guerra de Tr ó i a, MenelaosStephanides – O grego consegue, em248 páginas, apresentar a batalhaque foi considerada a maior de todosos tempos: a guerra de Tróia. Apesarda preocupação com a didática, Me-nelaos transmite com habilidade ele-mentos essenciais para o perf e i t oentendimento da trama, que se origi-nou numa disputa de vaidades entre deusas gregas, sec o n c retizou através da disputa de Páris e Menelau pelamais bela de todas as mulheres: Helena, a única filhade Zeus com uma mortal, e terminou numa legítimatragédia gre g a. O significado da morte na mitologia grega, asrelações entre deuses e mortais e outros conceitosmitológicos são explicados com leveza e simplicidade.Uma ótima opção para quem quer conhecer melhoro assunto. O livro, que está na 3ª edição, faz parte dacoleção Mitologia Helênica, da editora Odysseus.